domingo, 6 de abril de 2025

2ª PARTE - GENTE , CULTURA, INFRA-ESTRUTURA. O ESTADO DE SP

 

GENTE E CULTURA


São Paulo Sociedade Anônima é um filme brasileiro de 1965, um drama dirigido por Luiz Sergio Person. Em novembro de 2015 o filme entrou na lista feita pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos.[

A história acontece no momento da euforia desenvolvimentista provocada pela instalação de indústrias automobilísticas estrangeiras no Brasil, no final dos anos 50. Conta a história de Carlos, um jovem da classe média paulistana, que ingressa numa grande empresa. Logo depois, ele aceita um cargo numa fábrica de auto-peças, da qual torna-se gerente, e cujo patrão é sonegador de impostos e tem várias amantes. A certa altura, ele é um chefe de família que trabalha muito, ganha bem, mas vive insatisfeito. Sem um projeto de vida ou perspectivas para mudar a condição que rejeita, só lhe resta fugir. 

A fuga do protagonista poderia ter acontecido de forma trágica, como por exemplo um suicídio, como sugere uma das imagens acima, na qual ele olha para o vale do Anhangabaú e talvez tenha pensado em se jogar dali, interrompendo a sua agonia. Necessário se faz lembrar que o ator Walmor chagas, na vida real e na sua velhice, deu fim à sua vida.  

Mas o personagem , no momento desespero, esgotamento ou tédio, busca a praia e o mar como refúgio.  São Vicente foi o cenário dessa escolha onde o drama tem outros desdobramentos. 

Em trajes veranistas ele passeia de lancha no Mar Pequeno e, hospedado no moderno e novíssimo Edifício Grajaú, uma onda de concreto com vista para o oceano (praia do Itararé), a Baía de São Vicente e a famosa Ilha Porchat. Tudo isso em 1965, quando a cidade ainda era um pequeno paraíso praiano. 

Esse mesmo cenário já havia sido explorado três anos antes pelo também cienasta Amácio Mazzaropi, na comédia " O vendedor de linguiça"", mostrando a fuga veranista de populares paulistanos apertados numa carroceria de um velho caminhão.  



Walmor Chagas numa gravada na travessias da praia dos Milionários para a o Itararé. 


Darlene Glória numa lacha sob a Ponte Pênsil. 


O casal de protagonistas correndo em frente ao Edifício Marahu.


Cenas vicentinas do filme "São Paulo Sociedade Anônima" (Luis Sérgio Person´) , de 1965.


Mazzaropi. O Vendedor de Linguiça. 1962.



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CAPITAL DA VERTIGEM E DA SOLIDÃO





A Capital da Solidão. De todos os paradoxos de São Paulo, um dos maiores é o que oferece o cotejo de seu presente com o seu passado. A metrópole vertiginosa e trepidante de hoje nasceu distante, fora do alcance dos navios portugueses, escondida pela serra do Mar - uma barreira que foi obstáculo, mas também desafio a vencer, definindo a personalidade desta São Paulo. Numa narrativa envolvente e reveladora, o leitor é convidado a conhecer momentos cruciais da trajetória da cidade que, por mais de uma ocasião, esteve ameaçada de penosos retrocessos, senão de extinção, por motivo do abandono dos moradores, da precariedade de recursos e do que por vezes pareceu uma irremediável falta de futuro.
O destino de São Paulo, ao longo dos três primeiros séculos de existência, foi de isolamento e de solidão. Em 1872, os primeiros sinais de prosperidade começavam a visitá-la, por conta da riqueza trazida pelo café, mais ainda assim a população de pouco mais de 30 mil habitantes a situava numa rabeira com relação às demais capitais brasileiras. Em 1890 já tinha dobrado de tamanho. O momento em que finalmente engrena é súbito como uma explosão - na passagem do século XIX para o XX, a cidade se transformou num aglomerado de gente vinda de diferentes partes do mundo e começou a virar a São Paulo que se conhece hoje. Após reconstituir em A capital da solidão a história de São Paulo das origens a 1900, o jornalista Roberto Pompeu de Toledo narra em A capital da vertigem sua arrancada rumo à modernidade. Eis uma cidade que deixa a condição de vila e se torna a maior metrópole do país. É a capital da vertigem: vertigem artística, industrial, demográfica, social e urbanística.
Neste painel que vai do início do século XX a 1954 - quando a cidade completa quatrocentos anos -, aparecem personagens como Oswald e Mário de Andrade, Monteiro Lobato, Washington Luís, Prestes Maia, e Francisco Matarazzo, e surgem episódios que vão da Semana de Arte Moderna de 1922 à epidemia de gripe espanhola, da Revolução de 1924 à chegada do futebol ao país.


Fonte: Resenhas do site da Amazon, fornecida pela editora das duas obras.

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ALGUÉM NA MULTIDÃO


Um pequeno tumulto tomou conta do viaduto do chá naquela manhã de 1968. Alguém ia se precipitar para a morte no vale do Anhangabaú. Mesmo com pressa, os curiosos paravam ali para ver o desfecho da cena, alguns criticando, outros pedindo que o infeliz desistisse e muitos em silêncio. Foi quando, de repente, surgiu um jovem alto, de paletó e gravata, e dirigiu-se ao suicida com um sorriso acolhedor, porém com olhar firme, e disse confiante e com a mão estendida: "Meu amigo, vamos tomar um café"? Alguns segundos de tensão e incerteza e logo veio a resposta: "Vamos, sim". E saíram calmamente conversando enquanto a multidão foi se dispensando lentamente. O jovem que ofereceu o café era Jacques André Conchon, fundador do CVV, Centro de Valorização da Vida. E o novo amigo dele era só alguém que precisava falar sobre coisas da vida.



CVV- CENTRO DE VALORIZAÇÃO DA VIDA




2012: Livro Biográfico  comemorativo dos 50 anos da ONG


Centro de Valorização da Vida (CVV) é uma associação civil sem fins lucrativos brasileira, de caráter filantrópico, fundada em 1 de março de 1962 na cidade de São Paulo. Reconhecida como de Utilidade Pública Federal em 1973, é mantenedora e responsável pelo Programa CVV de Valorização da Vida e Prevenção ao Suicídio, desenvolvido pelos Postos do CVV em todo o país, de onde presta serviço voluntário, sigiloso e gratuito de apoio emocional, com atendimento presencial, via chat e, principalmente pelo telefone 188, com chamada gratuita e anônima. Em 1977 iniciou sua expansão para outras cidades do país, mantendo hoje seus serviços em quase todas as capitais e diversas cidades do interior. São mais de 120 postos e cerca de 3 400 voluntários que se revezam para o atendimento 24 horas por dia, nos 365 dias. A história do CVV está registrada no livro "Como Vai Você — CVV, 50 anos ouvindo pessoas", da Editora Aliança.

No dia 10 de março de 2017, o Ministério da Saúde firmou uma parceria com o CVV, permitindo que as ligações se tornassem gratuitas. A instituição é mantida com as contribuições dos próprios voluntários e por doações de pessoas e segmentos da sociedade. Tem personalidade jurídica e não está vinculada com qualquer religião, governo ou partido político.

Programa CVV. Atualmente o CVV cria e apoia iniciativas de ajuda emocional e prevenção do suicídio por meio de novos programas e atividades comunitárias. CRC — Caminho de Renovação Contínua (grupos de encontro de ajuda emocional); Escola de Valorização da Vida (autoconhecimento); GASS — Grupos de Apoio aos Sobreviventes do Suicídio (familiares e amigos enlutados, ajuda emocional mútua); Estação Amizade (palestras para jovens e adolescentes; e rodas de conversa sobre convívio e problemas emocionais).

Saúde Mental — O CVV Francisca Júlia é uma comunidade terapêutica instalada em São José dos Campos com a finalidade de amparar pessoas com crise suicidas e outros transtornos mentais. São leitos, ambulatórios e centros de convívio mantidos pelo CVV e conveniados com o SUS.

No Brasil, o CVV é reconhecido como serviço de utilidade pública pelo Ministério da Saúde, pertencendo às organizações do terceiro setor. Nos primórdios, o Programa CVV recebeu influência dos Samaritanos Internacionais, grupo fundado pelo Reverendo Chad Varah, em 1953, na Inglaterra.

Posto do CVV na rua Abolição 411, funcionando desde o final dos anos 1960. Nos primeiros anos teve vários endereços|: uma sala da FESSP, na rua Maria Paula e depois num apartamento num prédio residencial vizinho; na rua Francisca Miquelina, também num prédio de apartamentos; numa casa na rua Japurá e final na rua Abolição. A sede administrativa na rua Genebra, 168, funciona desde 1972. CVV-50 Anos ouvindo pessoas.  Foto: Fernando Bispo da Silva. 




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"A agitação permanente de uma cidade que não dorme é admirável e prova da sua amplitude em todos os aspectos. Porém essa grandiosidade tem um lado obscuro de dor moral que incomoda muita gente que vive numa metrópole: a solidão e o risco permanente de suicídio. Para enfrentar o problema e aliviar o sofrimento emocional, que põe em risco milhares de habitantes, surgiu em 1961 um grupo de voluntários treinados para acolher e ouvir as pessoas que sofrem de solidão e ideação suicida. O serviço de prevenção hoje está em quase todas as grandes cidades do Brasil, tem mais de 3 mil voluntários e recebe cerca de quatro milhões de chamadas por ano. É o CVV, Centro de Valorização da Vida, que atende pelo número 188. Um trabalho que começou há de 60 anos com apenas 17 voluntários
Em 1982 o jornal o Estado de São Paulo, falando sobre o problema da solidão paulistana, contou uma parte dessa história.

SOLIDÃO

José Maria Mayrink



No Centro de Valorização da Vida (CVV), rua da Abolição, no 411, um empresário tocou a campainha num fim de tarde de trabalho e entrou. "Não sei bem o que estou fazendo aqui”, disse ele se desculpando, mas aceitou o convite do jornalista Valentim Lorenzetti, que estava de plantão.
“Era um executivo muito bem vestido, sem dúvida um homem bem instalado na vida", conta Valentim, que jamais ficou sabendo o seu nome. Ele simplesmente sentou-se diante do plantonista e soluçou durante quinze minutos, sem dizer uma só palavra. Na hora de sair e agradecer, comentou apenas: "Este foi o único lugar onde me deixaram chorar".

Os 120 plantonistas do CVV, que se revezam em turnos de cinco horas de trabalho voluntário, atendem a 500 chamadas por dia. As pessoas costumam falar uma média de trinta minutos e pelo menos 10% delas acabam indo à instituição para um contato pessoal. Os telefonemas são mais numerosos entre 16 e 22 horas, todos os dias, multiplicando-se assombrosamente na época do Natal.

"Todos ligam porque se sentem solitários ou quando se descobrem sozinhos, numa solidão que pode levá-los à beira do suicídio", explica Valentim Lorenzetti, que muitas vezes identifica no recurso ao CVV o último grito da pessoa que se sente abandonada e quer se matar.

O plantonista apenas ouve, frequentemente nem precisa dizer nada. As pessoas que se sentem sós e ligam para outra, mesmo que seja uma desconhecida, têm necessidade de falar, querem só alguém disposto a ouvi-las, não exigindo mais do que isso. Muitas delas são pessoas que, acordadas na solidão da madrugada, não têm mais a quem recorrer. Quando sai do ar o último programa de televisão, elas se lembram do número 34-4141 e começam a conversar, como se estivessem retomando um papo interrompido.

Como as emissoras de rádio e TV costumam divulgar o telefone do CVV no fim da noite, os solitários aproveitam a dica para chamar imediatamente. Ou guardam o endereço para procurá-lo, quando for necessário. Foi o que fez o pernambucano Arnaldo Alves, de vinte e um anos, vigia de obra, que chegou há dez meses a São Paulo. Trabalhando das 18 às 6 horas da manhã, numa construção em Perdizes, ele ainda não precisou de ajuda, mas fez questão de ir conhecer a sede do CVV na rua da Abolição, depois de ouvir o anúncio do rádio.

A madrugada é vazia e dura para Arnaldo, principalmente entre uma e 4 horas, quando não há mais movimento de gente na rua. Sua distração é ouvir música ou conversar com o zelador do prédio em frente, que ficou seu amigo e até o convidou para almoçar em casa num domingo. Se não fosse essa amizade, ele não sabe como seria sua vida em São Paulo.

"Não quero saber de baile, pois não vou arranjar namorada para casar. Casamento é só com moça do Norte."

Arnaldo, que deixou os pais e cinco irmãos no Recife para vir ganhar um salário de Cr$ 40 mil em São Paulo, confessa que algumas vezes costuma sentir alguma coisa parecida com solidão, mas trata de abafá-la com o trabalho.

Cartaz do CVV em 1977, na época associado aos "Samaritans", da Inglaterra. 




Rua das Carmelitas nos anos 1950.  Nessa rua aconteceram as primeiras reuniões de um grupo de jovens que iriam fundar em 1961 a Campanha de Valorização da Vida, para prevenção do suicídio. Eles faziam incursões de auxílio em lugares carentes da periferia e da região central e constataram um elevado numero de tentativas e suicídios. Fora aconselhados a desenvolverem um projeto de pronto-socorro emocional. O grupo passou se reunir na sede FEESP -Federação Espírita do Estado de São Paulo, na rua Maria Paula, onde realizaram um curso preparatório ministrado por amigos médicos, enfermeiros e até advogados. Ali, numa pequena sala , iniciaram o atendimento de apoio através de 17 voluntários. O primeiro plantão foi feito às 16 horas do dia 31 de março de 1962 pela voluntária Misayo Ishioca.

 Antiga sede da FEESP na rua Maria Paula: sala e telefone emprestados para funcionar o primeiro posto do CVV em 1962.



PEIXOTO GOMIDE, FRANCISCA JÚLIA E BATISTA CEPELOS



O Setembro Amarelo é o mês mundial da Prevenção do Suicídio e no Brasil o movimento foi inspirado em dois poetas parnasianos: Francisca Júlia da Silva e Manoel Batista Cepelos, ambos mortos tragicamente ao tirar suas próprias vidas no início do século XX. As duas mortes, com histórias e épocas diferentes, chocaram a sociedade paulistana e o mundo literário brasileiro, porém inspiraram a fundação do CVV- Centro de Valorização da Vida, o primeiro trabalho voluntário preventivo do Brasil, por sua vez também inspirado no formato dos Samaritanos da Inglaterra, com postos de atendimento presencial e telefônico. A lembrança inspiradora desses dois poetas foi uma sugestão de Chico Xavier ao jovem Jacques Conchon, um dos fundadores do CVV que, por acaso, tinha ido à Uberaba acompanhando um amigo que ilustrava as capas dos livros do médium. O amigo teve que voltar a São Paulo, pois tinha esquecido os desenhos de aprovação mais urgente. Jacques permaneceu no hotel e recebeu um recado inesperado do Chico para que fosse até sua casa. Ali lhe foi sugerido fundar um trabalho de prevenção do suicídio e que o mesmo seria feito sob a inspiração dos dois poetas mortos. Meses depois Jacques e um outro amigo, Flávio Focaccio, reunidos numa casa da rua das Carmelitas, formaram um grupo de 17 voluntários e criaram o CVV, que funcionava incialmente numa sala com telefone emprestado pela Federação Espirita de São Paulo-FEESP. Antes organizaram um curso e pediram instruções a dois médicos amigos, que os prepararam para essa primeira fase de atuação, que durou dez anos em forma experimental. Em 1972 fundaram o Hospital Francisca Júlia, para acolher pacientes com transtornos mentais e ideação suicida, quase todos, cerca de 150, oriundos do Manicômio do Juqueri, que estava sendo desmontado. Em 1977 o CVV-Samaritanos (fusão programática com a sigla inglesa), expande seus postos na Grande São Paulo e várias cidades do Brasil, Colômbia, Argentina e Uruguai. Em 2012, já tinha 70 postos e 2.500 voluntários. Na década seguinte esse número saltou para 100 postos, 4.500 voluntários e com 4 milhões de chamadas telefônicas por ano. Vários grupos de prevenção surgiram inspirados no CVV e nos Samaritanos de Londres, atuando também nas comunidades, ofertando amizade e apoio como alívio do sofrimento psíquico e da solidão. Hoje o CVV atende pela linha 188 gratuita.

Fonte: CVV, Como Vai Você. 50 anos ouvindo pessoas. Editora Aliança., 2012.


O senador Peixoto Gomide ( em pé à direta), influente político da República Velha, matou a filha com tiro, atirou na própria cabeça, morrendo logo depois. Essa tragédia ainda provocou o suicídio do poeta Batista Cepellos. 




Visita de aprendizes do CAMP Rio Branco -São Vicente à Pinacoteca de São Paulo. Ao fundo a estátua de Francisca Júlia da Silva -Musa Impassível - feita em Paris por Victor Brecheret. A estátua fazia parte do túmulo da poetisa no Cemitério São Paulo, substituída por uma réplica.

TREINANDO JOVENS NA PREVENÇÃO DO SUICÍDIO

 Histórias cotidianas do sofrimento emocional e busca de apoio entre jovens.

Professor cria Programa Estação Amizade em escola de São Vicente

Apoio emocional trata das questões sentimentais dos jovens; educador é voluntário do CVV há 30 anos.
  
Ouvir os jovens e fazer eles se ouvirem é o trabalho do professor Dalmo Duque dos Santos, da E.E. Margarida Pinho Rodrigues, de São Vicente. Com o Programa Estação Amizade, entre palestras e rodas de conversa, o educador promove uma relação de aproximação e respeito entre os estudantes.

“O programa estação amizade é um programa de prevenção ao suicídio. Um programa de apoio emocional criado especialmente para jovens, que têm dificuldade de se comunicar, de se posicionar, de falar sobre os seus sentimentos, um programa temático que se concentra em questões sentimentais do humano em geral, mas especificamente dos jovens”, explicou o professor.

Para a aluna Sthefany Karoline Goes Santana, as atividades têm um grande impacto na vida dos adolescentes. “Eu acho importante porque a maioria das pessoas que sofrem com depressão e têm tendência suicida, elas não procuram ajuda abertamente. Então, um debate, uma atividade, levam essa pessoa a tomar uma atitude de procurar uma ajuda. Ela se sente acolhida”, disse.

De acordo com o professor, os alunos sempre manifestam confiança, melhoram, inclusive, o desempenho na escola. “Eles melhoram entre si como amigos, eles dão valor a essa questão da amizade e eu acho que esse programa reforça essa ideia de amizade, de confiança entre eles, de fidelidade, esses valores que para eles é muito difícil de entender”, disse. Além dos debates e rodas de conversa, Dalmo é criador do blog minicursocvv.blogspot.com , que concentra informações para propagar a atividade desenvolvida por ele. “O objetivo é que mais pessoas conheçam, participem e articulem essas ações e com o blog eu consigo explicar como realizar a atividade na escola ou em qualquer lugar”, disse.

O educador é voluntário do Centro de Valorização da Vida (CVV) há 30 anos, é autor dos livros “CVV, 50 anos ouvindo pessoas” e Estação Amizade – Dez jovens tentados ao suicídio”, ficção voltada para o público jovem e base do programa de ajuda emocional. Atua como voluntário do CVV desde 1980 e atualmente é membro do Conselho Diretor do Centro de Valorização da Vida.

Fonte: Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. 

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HISTÓRICO DE DOENÇA MENTAL E SUICÍDIOS 




Centro, Bexiga, Carmelitas, Brigadeiro, Genebra, Maria Paula, Francisca Miquelina, Abolição, Japurá. Esses foram os endereços onde funcionaram os primeiros encontros de voluntários e postos de prevenção do suicídio no Brasil. Foi também nesse antigo território rural paulistano, rapidamente mudado pela industrialização e transformado em ruas, que serviu como cenário dos acontecimentos que explicam as causas do surgimento da prevenção em São Paulo: o sofrimento mental, a proliferação do suicídio, o surgimento dos primeiros sanatórios e hospícios e finalmente o serviço de prevenção.

O blogue Histórias Paulistas (de Alexandre Giesbrech) explica como esse nomes de ruas tem ligações familiares entre si, efeito da intenção de imortalizar a memória aristocrática da cidade.

“A Rua Genebra, na pontinha do Bixiga, não leva esse nome em homenagem à segunda cidade mais populosa da Suíça. Seu nome é, na verdade, uma homenagem a Dona Genebra de Barros Leite (1783—1836), esposa do Brigadeiro Luís Antônio de Souza. A honraria foi planejada pela nora de Dona Genebra, Dona Francisca de Paula Souza e Melo, a Baronesa de Limeira. Seu marido, Vicente de Souza Queirós, o Barão de Limeira, era um dos três filhos do Brigadeiro, e o único que não foi homenageado com nome de rua naquele bairro: suas irmãs, Maria Paula e Francisca Miquelina, também são homenageadas em ruas que fazem esquina com a Rua Genebra. A esquina das ruas Genebra e Maria Paula nem sempre foi como é hoje. Até 1954, era como se existissem duas “Ruas Genebra”: uma entre as ruas Aguiar de Barros e a Maria Paula (a parte “de cima”) e outra entre as ruas Maria Paula e Santo Amaro (a parte “de baixo”). A parte de cima terminava na altura da Maria Paula, mas num íngreme barranco de alguns metros de altura. Por causa disso, a parte de baixo era um local mais movimentado e procurado para estabelecimentos comerciais, também pela proximidade ao eterno futuro Paço Municipal”.

A memória dessa parte central de São Paulo também foi registrada por Marcos Rey, pseudônimo do escritor paulistano Edmundo Donato. Em “O Caso do Filho do Encadernador”, Marcos Ray recorda sua infância nessas redondezas, cujo ponto alto da vizinhança era uma mansão nobre que desapareceu no tempo:

“Era na rua Genebra e possuía uma espaçosa área para a qual, como numa construção espanhola, abriam-se portas e janelas. (...) Vizinha, pelos fundos, com frente pela rua paralela, tínhamos nada menos que uma baronesa. Ainda circulavam em São Paulo alguns títulos de nobreza nos anos 30. Provavelmente se tratava de uma aristocracia decadente dos bons tempos do café”

O pai do escritor tinha sido funcionário da editora falida de Monteiro Lobato , de quem comprou algumas máquinas para montar sua própria oficina de encadernação. Ali, no casarão do Bexiga, recebia escritores importantes e também os menos famosos, clientes e amigos inesquecíveis como Menotti Del Picchia, Cassiano Ricardo, Cleomenes Campos, Orígenes Lessa, Paulo Setúbal e Júlio César da Silva. Este último era irmão da poetisa Francisca Júlia da Silva.

“Sem ter alcançado as alturas da irmã, escrevera dois livros de certa repercussão na época, A arte de amar, poesias, e O Diabo existe, contos”.

O bairro tinha o lado simples e já cheio de cortiços.

Marcos Rey recorda-se da chegada dos caríssimos rádios de alto-falantes, “em formato de igrejinha”, tão caros que a lojas empestavam por algum tempo, para que os interessados tomassem gosto depois da longa experiência.

“Mesmo pessoas sem a menor possibilidade financeira faziam solicitações em caráter experimental . Quando pobre dava festa, o aparelho era infalivelmente de experiência. Lembro-me, em minha rua, do rádio que foi retirado no dia da festa. O vizinho que o solicitara, deprimido, tomou veneno. Quase morreu. Cada época tem seu tipo de tragédia”.

Hospital dos Alienados na área central paulista no início do seculo XX


Há 100 anos, se uma pessoa tivesse uma  crise de choro, ansiedade, pânico ou sinais de depressão  poderia ser  internada num hospício e lá passaria o resto da sua vida. Hoje, ao passar por esses transtornos,  essa mesma pessoa ou qualquer um de nós pode ligar para um serviço de prevenção e, na maioria dos casos, é possível interromper esse ciclo vicioso, dar voz aos sentimentos,   compreender melhor o que se passa conosco, assumindo o autocontrole e podendo até mesmo escolher qual o tipo de ajuda e tratamento profissional que melhor atenda às nossas necessidades.  É uma atenção disponibilizada de forma transparente e instantânea, tal qual é o mundo no qual todos vivemos. A  visão de mundo obscura sobre os transtornos mentais , concepção generalizada da loucura, foi durante muitos séculos o tom dominante para definir quem era e quem não era normal. Mesmo aqueles que tinham comportamento divergente do comum e usual, eram punidos com os mesmos métodos de controle da loucura, sendo trancafiados nos manicômios para serem contidos nas suas inclinações consideradas socialmente perigosas. Os julgamentos e as sentenças para esses casos seguiam um padrão de isolamento e confinamento.  Foi então, por motivação humanitária, que os mesmos grupos que se interessam pela prevenção do suicídio também sempre esteve muito próximo e se envolveu de forma crescente com o problema da saúde mental.


SOCORRO AOS SUICÍDAS

No início dos anos 1960 a cidade de São Paulo já tinha ares de metrópole, ocupada por milhares de habitantes que se movimentavam pelas ruas escurecidas pela neblina cinzenta e molhadas pela garoa fina e gelada. Quem se lembra ou conheceu a famosa “pauliceia desvairada” por fotografias antigas dessa época - com transeuntes circulando pelas calçadas, homens de ternos escuros e de chapéu, enquanto as mulheres desfilavam de salto alto, conjuntos e capas de chuva - não vai estranhar essas histórias dos primeiros voluntários da prevenção. Secretamente eles observavam de longe os atendidos que haviam dado a eles algumas informações sobre sua rotina diária. Essa primeira geração de plantonistas agia como se fosse uma agência de detetives, para investigação e intervenção nos planos de autodestruição dos clientes. Isso significava identificar, diagnosticar suas intenções e estudar detalhadamente seus hábitos e rotinas para que tais informações facilitassem a ação salvadora sobre seus planos mórbidos. Se o suicida em potencial tinha gosto pelo futebol, lá estava no estádio um plantonista vigiando seus passos para que não cometesse suicídio antes, durante ou depois da partida. Era uma missão de vigília. Muitas vezes essas abordagens resultavam em problemas graves nas quais os plantonistas externos eram surpreendidos por reações agressivas e vingativas de alguns atendidos, que se sentiam traídos na confiança que haviam depositado no voluntários. Alguns armavam ciladas como acusações de crimes de roubo e de ameaças. A intenção de ajudar de forma diretiva e imediata se transformava em transtornos marcados pela decepção e até dores de cabeça com as autoridades. Nem é preciso dizer que essa fase de abordagens persuasivas, com lances de tensão e aventura, foi sendo gradualmente substituída por outras menos focadas nos problemas dos atendidos e mais voltadas para suas características emocionais. Foi gradual porque fluiu como um amadurecimento de quem aprende com os erros. Isso levou exatamente o tempo de uma década, até que, a partir dos anos 1970, o grupo pioneiro de prevenção resolveu dar uma guinada na forma de atender e ajudar pessoas em sofrimento. Era um novo tempo no qual a neblina e a garoa desapareceriam, a cidade se tornaria mais colorida pela moda pop e pelos outdoors gigantescos; também completamente caótica, ganhando avenidas largas, duplicando a frota de automóveis, a poluição, o barulho de motores e buzinas, linhas de metrô e de habitantes cujo número chagaria à casa dos milhões. A cidade mudou, as pessoas mudaram, o sofrimento mudou sua expressão e prevenção também precisava mudar. E continuou mudando nas década seguintes. (Dalmo Duque- Ouvindo Sentimentos. Roteiros da Prevenção do Suicídio)




PINACOTECA DE ESTADO 


Pinacoteca do Estado de São Paulo, no Parque da Luz é um dos mais importantes museus de arte do Brasil. Ocupa um edifício construído em 1900, no Jardim da Luz, centro de São Paulo, projetado por Ramos de Azevedo e Domiziano Rossi para ser a sede do Liceu de Artes e Ofícios. É o mais antigo museu de arte de São Paulo, fundado em 1905 e regulamentado como museu público estadual desde 1911. Após a reforma conduzida por Paulo Mendes da Rocha na década de 1990, tornou-se uma das mais dinâmicas instituições culturais do país, integrando-se ao circuito internacional de exposições, promovendo eventos culturais diversos e mantendo uma ativa produção bibliográfica.  Administra o espaço denominado Estação Pinacoteca , instalado no antigo edifício do DOPS, no Bom Retiro, onde mantém exposições temporárias de arte contemporânea, a Biblioteca Walter Wey e o Centro de Documentação e Memória da instituição. A Pinacoteca abriga um dos maiores e mais representativos acervos de arte brasileira, com mais dez mil peças abrangendo majoritariamente a história da pintura brasileira dos séculos XIX e XX. Destacam-se também a Coleção Brasiliana, integrada por trabalhos de artistas estrangeiros atuantes no Brasil ou inspirados pela iconografia do país, a Coleção Nemirovsky, com um expressivo conjunto de obras-primas do modernismo brasileiro e, mais recentemente, a Coleção Roger Wright, recebida em comodato no mês de janeiro de 2015.




Retrato de Ramos de Azevedo, por Oscar Pereira da Silva. Acervo da Pinacoteca do Estado.


Em 1895, numa tentativa de salvar o Liceu de Artes e Ofícios, a sociedade indica o influente arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo para assumir sua direção. Ao passo que Leôncio Carvalho tinha fortes ligações com o Império, Ramos de Azevedo era um republicano convicto, participou dos movimentos de renovação do quadro político após a queda da monarquia e possuía relações estreitas com relevantes nomes do novo regime, incluindo Francisco Glicério, ministro do governo do marechal Deodoro da Fonseca. 


Projeto de Ramos de Azevedo e Domiziano Rossi para o Liceu de Artes e Ofícios (1896), cujo edifício abrigou a Pinacoteca em dois períodos: meados da década de 1910-1932, e 1947-presente.


O projeto do edifício ficou a cargo do escritório do próprio Ramos de Azevedo, que o concebeu em colaboração com Domiziano Rossi. Foi idealizado em estilo neorrenascentista, tipologia adequada aos edifícios oficiais, conforme a caracterologia dos acadêmicos atrelados à tradição arquitetônica da Beaux-Arts parisiense, e imaginado com monumentalidade.  O problema da exiguidade do espaço logo se tornou insustentável. Para solucionar a questão, Ramos de Azevedo solicitou ao Presidente do Estado, Jorge Tibiriçá, a doação de um terreno localizado entre as ruas Cantareira, João Teodoro e Jorge Miranda, para a construção de galpões propriamente industriais, aptos a atender a demanda. Em 1919, obteve do Presidente Rodrigues Alves nova doação de terreno, ampliando a área das oficinas para um total de 13 500 m2. Assim, o edifício que fora projetado para abrigar o Liceu progressivamente perdeu a sua função original. A instituição continuaria a manter algumas atividades no prédio do Jardim da Luz até a década de 1930, como, por exemplo, exposições de trabalhos de alunos, mas desde o começo da década de 1910 passou a concentrar a maior parte de suas atividades nos galpões da Rua da Cantareira.



Leitura (1892), de Almeida Júnior. Uma das 26 pinturas transferidas do Museu do Estado que constituíram o acervo-base da Pinacoteca.



Na condição de diretor do Liceu, Ramos de Azevedo também tornou-se responsável pela gestão da pinacoteca, embora a hierarquia administrativa do novo museu só viesse a ser estabelecida na década de 1930. Para receber as obras, o arquiteto projetou adaptações no terceiro andar do edifício, em consonância com os padrões museográficos então vigentes. Instalou uma grande claraboia retangular, com claridade regulada por véus transparentes, evitando que os quadros recebessem iluminação direta das janelas, e mandou revestir as paredes com pintura lisa em tons purpúreos, despidos de ornatos, de forma a destacar as obras. A inauguração do novo museu ocorreu em 24 de dezembro de 1905. Estiveram presentes na solenidade de abertura o presidente da República, Rodrigues Alves, o presidente do Estado, Jorge Tibiriçá, o diplomata Domício da Gama, o Ministro do Interior e Justiça da União José Joaquim Seabra, além de secretários, senadores, deputados, magistrados, membros da elite financeira de São Paulo e os cônsules de Portugal, Espanha, França e Áustria. O discurso de inauguração ficou a cargo de Cardoso de Almeida, que ressaltou a importância da iniciativa para a preservação da memória artística nacional e salientou que a coleção, "embora pequena, tem o alto valor de um estímulo à educação de nossos sentimentos estéticos".


Mudança de endereço e reunião do acervo (1930-1947)





Almeida Júnior (1850-1899). Caipira picando fumo, 1893. Óleo sobre tela, 70 x 50 cm.

A visitação inexpressiva seria em parte compensada pela iniciativa denominada Pinacoteca Circulante. O projeto, levado a cabo até 1971, consistia em percorrer o interior paulista com uma seleção de obras consagradas, exibidas em clubes, salões paroquiais e escolas, visando democratizar o acesso e reforçar o caráter estadual da instituição. Iniciando por São José do Rio Preto, a pinacoteca Circulante realizaria mais de 100 exposições em aproximadamente setenta cidades do interior do estado, atingindo um público total de 300 mil pessoas. Após quase duas décadas de mostras itinerantes, as exposições foram encerradas após uma grande reforma no edifício do Jardim da Luz. Walter Wey, o diretor da pinacoteca à época, justificaria o fim da iniciativa por meio do desgaste causado pelo transporte contínuo das obras mais frágeis.



Uma das salas de exposições da instituição.



Baía de São Vicente, de Benedito Calixto (1905). A retrospectiva do pintor reinaugurou a pinacoteca em 1990.



Interior do edifício-sede com intervenção de Paulo Mendes da Rocha.


Acervo. A pinacoteca do Estado mantém um expressivo e variado acervo de arte brasileira, principalmente dos séculos XIX e XX. Entre as mais de sete mil obras mantidas pela instituição, estão pinturas, esculturas, desenhos, gravuras, fotografias, tapeçarias, objetos de arte decorativa e um seleto conjunto de imaginária do período colonial, capazes de fornecer um amplo panorama da arte nacional.

No segmento referente ao século XIX, certamente o núcleo mais consistente e importante da instituição, é possível entrar em contato com a maior coleção de obras de Almeida Júnior. Entre paisagens, retratos e cenas de interior, sobressaem as célebres obras Caipira Picando Fumo, Saudade e Leitura. As naturezas-mortas de Pedro Alexandrino ocupam uma sala inteira, onde se destacam Cozinha na Roça, Peru Depenado e Aspargos. Há ainda paisagens de Antônio Parreiras e Benedito Calixto, como a Baía de São Vicente; pinturas históricas e cenas de gênero de Oscar Pereira da Silva (Hora de Música e Infância de Giotto), retratos de Bertha Worms e Henrique Bernardelli, a tela Maternidade, de Eliseu Visconti, obras de Castagneto, João Batista da Costa e Pedro Weingärtner, entre muitos outros. A coleção tem especial importância ainda pelo destacado número obras de pintores acadêmicos paulistas.[


Benedito Calixto (1853-1927) Praia do Itararé, s/d (Baía São Vicente)


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A ERA DOS CONSTRUTORES, ENGENHEIROS E ARQUITETOS







O Martinelli (ao fundo) com o Clube Comercial e um dos Palacetes Prates, em 1931.
Edifício Martinelli, São Paulo, 1933. Arquivo Nacional. Fundo Correio da Manhã.


Edifício Martinelli é um prédio localizado no centro da metrópole brasileira de São Paulo. Situa-se no triângulo formado pela Rua São Bento, avenida São João e Rua Líbero Badaró. Devido a sua altura, o local é um mirante, onde é possível observar pontos turísticos próximos, como o Vale do Anhangabaú e a Catedral da Sé. Foi o segundo arranha-céu do Brasil entre 1934 e 1947 (e durante um tempo, o mais alto da América Latina), ultrapassando o Edifício Joseph Gire, conhecido como "A Noite", no Rio de Janeiro, que teve sua construção concluída em apenas dois anos, entre 1927 e 1929. Foi completamente remodelado pelo prefeito Olavo Setúbal, em 1975, e reformado novamente em 1979. Atualmente abriga órgãos municipais, além de lojas no piso térreo.

Projeto e construção. O Edifício Martinelli foi idealizado pelo italiano Giuseppe Martinelli e projetado pelo arquiteto húngaro Vilmos (William) Fillinger (1888-1968), formado na Academia de Belas-Artes de Viena. Sem apoio governamental para terminar a obra, Martinelli foi obrigado a vender uma parte do empreendimento ao Istituto Nazionale di Credito per il Lavoro Italiano all'Estero, instituição do Governo Italiano que recolhia as economias de emigrantes italianos e as depositavam em empresas italianas que operavam no exterior.

Erguido com a técnica construtiva de alvenaria de tijolos e estrutura de concreto, o andar principal é inteiramente revestido por granito vermelho róseo, tornando sua característica marcante. Foi considerado o símbolo arquitetônico mais importante do momento de transição da cidade baixa, ou seja, desde seu início, foi considerado marco do processo de transmutação de uma cidade para uma metrópole, visto que em sua localidade, na época, não havia nenhum outro tipo de construção vertical.

O edifício Martinelli foi, em seu início, portador de diversos produtos vindos da Suíça, tais como elevadores e telefones. A construção foi iniciada em 1924, e foi inaugurada mesmo inacabada, com apenas 12 andares, em 1929. Ainda neste mesmo ano, foi publicado um artigo que nomeava o Edifício A Noite como o maior arranha-céu construído com concreto armado do mundo. Tal questão de disputa entre ambos os edifícios demonstravam o interesse de seus empreendedores sobre o título de maior arranha-céu, que visava enfatizar o poder público e o poder relacionado à imagem de progresso tecnológico da cidade de São Paulo. O projeto arquitetônico foi modificado diversas vezes, aumentando a altura do edifício, com o objetivo de ultrapassar seu concorrente. Os trabalhos foram retomados e seguiram até 1934, finalizando a obra com 30 andares e 105 metros de altura.

A construção do Martinelli gerou grande polêmica, pois, até esse momento, não havia nenhum outro prédio em São Paulo com altura semelhante, e se discutiu a conveniência e segurança de ter edifícios de tal altura na cidade. Para garantir a segurança do prédio, Martinelli encomendou a execução de um palacete na cobertura do prédio, réplica de uma villa italiana, como moradia de sua própria família Martinelli para mostrar à população que o prédio não cairia. Ao ser terminado em 1934, o Edifício Martinelli conseguiu ultrapassar o Edifício A Noite, que já havia sido inaugurado 5 anos antes. Em 1935, o posto de mais alto da América Latina passou a ser do Edifício Kavanagh, levantado em Buenos Aires, que media 120 metros de altura.


O Comendador Martinelli , e o Governador de São Paulo , Júlio Prestes , posam para uma foto no alto do Prédio Martinelli, ainda em construção, em foto do ano de 1929 . No centro da foto , o viaduto do Chá , e o edifício Alexandre Mackenzie , antigo prédio da Light , hoje Shopping Light. / Foto / O Cruzeiro / F./ brasiliana Fotográfica .


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Rino Levi no alto do Edifício Columbus. O arquiteto nasceu em São Paulo em 31 de dezembro de 1901. Filho de pais italianos, estudou arquitetura em Milão e Roma. Foi um dos responsáveis pela transformação da arquitetura da cidade de São Paulo e é um dos expoentes da arquitetura moderna no Brasil. Rino estudou inicialmente na Academia de Brera em Milão, passando para a Escola Superior de Arquitetura em Roma, onde formou-se em 1926. Ainda antes de concluir seus estudos em Roma, Rino Levi envia da Itália uma carta ao jornal Estado de São Paulo (publicada em 15 de outubro de 1925) sob o título “Arquitetura e estética das cidades”, que foi futuramente classificada como uma das primeiras manifestações em torno da arquitetura moderna no Brasil. Foi aluno de Marcello Piacentini em Roma, autor do edifício Matarazzo em São Paulo. Rino Levi faleceu em 29 de setembro de 1965, acompanhando Burle Marx em uma expedição botânica no interior da Bahia, em Morro do Chapéu, mais especificamente no Morrão, ponto turístico que da o nome da cidade. Burle Marx foi um grande amigo e colaborador e participou, como paisagista e como artista plástico, dos seus mais significativos projetos.

Principais obras: Edifício Columbus (1932) - São Paulo (demolido em 1971);Edifício Guarani (1936);Cine Art-Palácio (1936) - Recife; Edifício Porchat (1940);Instituto Sedes Sapientia (1940);Cine Ipiranga (1941);Teatro Cultura Artística (1942);Edifício Prudência (1944);Casa de Rino Levi (1946) - São Paulo; Hospital do Câncer (1947); Edifício Seguradora Brasileira (1948) - Largo da Pólvora
Hospital Cruzada Pró-Infância (1948) - (atual Hospital Pérola Byington), em São Paulo; Casa de Olivo Gomes (1949) - no Parque da Cidade em São José dos Campos; Residência de Milton Guper (1951)
Hospital Israelita Albert Einstein (1958) - São Paulo; Edifício Sul-Americano (1963); Centro Cívico (1965) - atual Paço Municipal de Santo André, São Paulo. Torre do Relógio da Cidade Universitária- USP, em parceria com a a escultora Elisabeth Nobiling. 


Edifício Columbus - ca.1937. foto: Claude Lévi-Strauss. Acervo do Instituto Moreira Salles (IMS) -



Edifício da IBM do Brasil em 1977, localizado no número 1157 da rua Tutóia e a Avenida 23 de maio.
O prédio é projeto do arquiteto Gian Carlo Gasperini e as obras ficaram a cargo da Construtora Loyo S.A. #SPFotos.


CONSTRUÇÃO E REINVENÇÃO DO EDIFÍCIO VIRGÍNIA




Edifício Virgínia. Projeto José Augusto Belucci. O Virginia foi entregue à cidade em 1951 pelas mãos do arquiteto José Augusto Bellucci e do engenheiro Luiz Maiorana. O prédio foi encomendado pela família Matarazzo para servir de renda para Virginia Matarazzo Ippolito. Com 11 pavimentos, dois blocos de apartamentos e quatro lojas no térreo, foi um residencial de alto e médio padrão nas suas primeiras décadas de vida. O declínio da região central a partir da década de 1970 teve um triste efeito sobre o Virginia. O prédio passou de residencial para comercial e aos poucos foi sendo abandonado. Em 2019, fechou as portas e ficou à mercê do tempo .O traço do Virginia traz a assinatura de José Augusto Bellucci, um gênio discreto, que preferiu se manter longe dos holofotes, mas deixou um legado de construções icônicas nas nossas cidades.  Nascido em São Paulo em 1907, Bellucci foi por muito tempo um dos arquitetos preferidos da família Matarazzo. Para eles, projetou casas, móveis, prédios, além de ter tocado uma série de reformas. Dessa época, o Virgínia é seu trabalho mais simbólico, e também o mais conhecido em sua cidade natal. 

Instalações da 12ª Semana de Design de São Paulo no Edifício Virgínia | Foto: Fabiano Sanches


 Mostra “Quanto tempo temos?”, no Edifício Virgínia, durante a 12ª Semana de Design de São Paulo idealizada pela incorporadora Somauma, dedicada ao retrofit de edifícios abandonados ou subutilizados, e responsável pela revitalização do Edifício Virgínia, no centro da capital paulista. O objetivo, segundo Marcelo Falcão, arquiteto e sócio da incorporadora Somauma, é expor uma reflexão sobre como é possível construir um futuro mais justo, democrático e sustentável: "A proposta é fazer com que o Virgínia seja um grito coletivo. Queremos mostrar que por meio do design é possível criar cidades e soluções desejáveis e sustentáveis que atendam a diversas camadas da sociedade. Acreditamos e estamos provando que existe sim um caminho para colaborar e criar melhores soluções para a sociedade, causando o mínimo de impacto no planeta”.

 
Instalações da 12ª Semana de Design de São Paulo no Edifício Virgínia | Foto: Fabiano Sanches.


ARTACHO JURADO




Artacho com Eurlyne Howell, Miss EUA 1958, visitando o Edifício Bretagne, em Higienópolis. 



João Artacho Jurado (São Paulo, 3 de setembro de 1907 – São Paulo, 18 de outubro de 1983) foi um arquiteto autodidata e empresário paulista, proprietário da Construtora e Imobiliária Monções S/A, responsável pela construção de diversos edifícios residenciais - alguns de uso misto - nas cidades de São Paulo e Santos.

Filho dos imigrantes espanhóis Ramón Artacho e Dolores Jurado, ambos naturais dum vilarejo próximo à cidade andaluz de Málaga, João começou a trabalhar na década de 1930 e sua produção se aprofundou nas décadas de 40 e 50. Apesar de não ser arquiteto, Jurado idealizava os prédios e pedia para algum arquiteto assinar as plantas. Artacho não frequentou escolas pois seu pai, que era anarquista, se recusava a deixar seu filho jurar à bandeira, cerimônia obrigatória nas escolas da época.

Projetava suas obras ao som de ópera. Sua arquitetura reflete os sonhos hollywoodianos do pós-guerra em uma mistura de estilos e linguagens: o moderno, o nouveau, o déco e o clássico. Visando à classe média-alta e alta, seus edifícios eram projetados com uma série de serviços e opções de lazer: piscina, terraço com bar na cobertura, onde eram promovidas as festas de inauguração.

Iniciou sua carreira entre a publicidade - projetando placas e letreiros em neon - e as feiras, desenhando estandes inspirados no art déco, de 1930 a 1944, ano em que se tornou construtor. Fundou, junto do irmão Aurélio Artacho Jurado, a construtora Anhanguera - construindo casas e pequenos edifícios - , que depois se tornou Construtora e Imobiliária Monções, em 1946, iniciando suas grandes obras.

Constantemente fiscalizado pelo CREA, nas placas de suas obras seu nome não podia figurar em tamanho maior do que o nome do engenheiro responsável. No entanto, Artacho Jurado dificilmente obedecia à imposição, aumentando a ira de alguns arquitetos, que consideravam ultrajante sua atuação profissional, visto que ele não era arquiteto formado.

O reconhecimento de suas obras foi tardio, uma vez que nunca lhe foi permitido assiná-las. Inicialmente refutado, como kitsch, a partir da década de 1990, já após sua morte, recuperou o prestígio.

CIDADE MONÇÕES


Loteamento Cidade Monções, que fica no bairro do Brooklin Novo, na zona sul da cidade de São Paulo, com construções de todas as casas pelo arquiteto Artacho Jurado - 1945.




"Vista parcial da região central de São Paulo a partir de fotografia tirada do alto do Edifício Viadutos.
No centro da imagem, destaque para o Edifício Planalto, projetado por Artacho Jurado". SP Antiga. 


DAVI LIBESKIND


O arquiteto em foto dos anos 1950


O arquiteto David Libeskind é mais conhecido pela autoria do projeto do Conjunto Nacional, em São Paulo, sua obra máxima. Porém, Libeskind teve uma significativa e diversa produção arquitetônica durante seus anos de atividade na área, além de atuar também como artista plástico e ilustrador gráfico.

David Libeskind nasceu no dia 24 de novembro de 1928, na cidade de Ponta Grossa, Paraná, mas logo mudou-se com a família para Belo Horizonte, em 1929. Desde cedo demonstrou habilidades artísticas ao frequentar cursos de desenho e pintura, o que mais tarde se mostrou importante durante seu trabalho de arquiteto.

Desde a década de 1920, Minas Gerais passava por um movimento de desenvolvimento cultural. Porém, foi apenas na década de 1940 que as ideias modernistas começaram a ser implantadas de forma mais intensa na capital Belo Horizonte. O projeto da Pampulha por Oscar Niemeyer é uma das iniciativas que demonstram o desejo do questionamento dos padrões tradicionais, e que marcou a memória do jovem David Libeskind, residente na capital.

Em 1947, iniciou os estudos em arquitetura na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Durante o curso, foi aluno do professor Sylvio de Vasconcellos, que o convidou para trabalhar no Sphan – Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Pouco tempo após sua formação, em 1952, Libeskind muda-se para São Paulo com duas cartas de recomendação de Vasconcellos, onde tem maior contato com a arquitetura moderna e com arquitetos influentes do IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil.

Durante um momento de grandes transformações na cidade de São Paulo, que havia ganhado o status de metrópole, o ambiente era propício ao desenvolvimento das artes e da cultura. Nesse contexto, em 1955, ainda jovem, Libeskind vence o concurso fechado para o projeto do Conjunto Nacional, que é representativo de um momento de verticalização da cidade e de mudança na relação entre edifício e rua.

Sua produção arquitetônica foi marcada por projetos de habitação unifamiliar, tema recorrente aos arquitetos da década de 1950, num período de crescimento econômico e urbano acentuado, no qual o desenho moderno não só era incentivado como aclamado. Durante esse período, Libeskind teve diversos projetos de residências publicados em revistas internacionais e teve contato com a produção de vários arquitetos, como Oscar Niemeyer, Mies van der Rohe, Richard Neutra e Charles e Ray Eames. 


O CONJUNTO NACIONAL DA PAULISTA


O Conjunto Nacional é um edifício e centro comercial da cidade de São Paulo, Brasil. Ocupa a quadra delimitada pela Avenida Paulista, Rua Augusta, Alameda Santos e Rua Padre João Manuel. O projeto é de autoria do arquiteto David Libeskind e caracteriza-se por ser um dos primeiros grandes edifícios modernos multifuncionais implantados na cidade de São Paulo.

O conjunto começou a ser construído em 1952, após a decisão do empresário judeu argentino José Tjurs de edificar uma grande construção na Avenida Paulista - a qual, até então, possuía caráter predominantemente residencial. Sua intenção era reunir em um mesmo prédio hotel e centro comercial. No final dos anos 1950, como a prefeitura não permitiu a construção do hotel no local, foram executadas algumas modificações no projeto


O Conjunto Nacional em foto dos anos 1950


O complexo caracteriza-se pela mistura de diferentes usos em uma mesma estrutura urbana: verificam-se no Conjunto Nacional os usos residencial, comercial, serviços e lazer. A relação entre os usos coletivos - comércio, lazer - e os usos privados - residências - dá-se pela composição entre duas lâminas: na lâmina horizontal, que ocupa toda a quadra na qual se implanta o edifício -, encontra-se uma galeria comercial e na lâmina vertical, a qual ocupa apenas uma parte da projeção do terreno, encontram-se os apartamentos. As galerias convergem para uma área central, onde uma rampa conduz ao mezanino. Ali, há quatro entradas disponíveis (uma em cada uma das ruas que formam a quadra onde se situa o prédio). A lâmina superior conta com 25 pavimentos, que dispõem de três entradas independentes. A galeria proposta no Conjunto Nacional transformou-se em um paradigma arquitetônico para projetos de edifícios similares na área central de São Paulo durante a década de 1950.

O Conjunto Nacional apresenta restaurantes (entre eles o Grill Hall, o Tenda Paulista, o Súbito e o Restaurante Vien), escritórios e outros tipos de estabelecimentos de comércio e prestação de serviços (como drogarias, casa de câmbio, academia e lojas, além da maior livraria da América Latina em área construída, a Cultura. Abrigou por muitos anos o Cine Astor e o Restaurante Fasano. O Conjunto Nacional apresenta também uma unidade da Caixa Cultural, em que ocorre exposições de arte e apresentações de teatro e dança. Em 2005, a edificação foi tombada pelo Condephaat, o conselho estadual de defesa do patrimônio histórico e arquitetônico.

Décadas de 1950 e 1960.Em 1952, José Tjurs compra a mansão que pertencia à família de Horácio Sabino. Nasceu dos sonhos deste argentino a ideia de criar o Conjunto Nacional. O empresário, que morreu em 1977, teve o seu sonho realizado: transformar a Paulista na Quinta Avenida de São Paulo. Em 1953, Tjurs contratou, para a realização do empreendimento, os arquitetos Salvador Candia e Giancarlo Gasperini. As obras iniciadas pela dupla, porém, acabaram sendo paralisadas, no mesmo ano. Com isso, um novo profissional foi chamado para a realização do desenho arquitetônico. O arquiteto David Libeskind, então com 26 anos, ganha o concurso feito por Tjurs para a elaboração do projeto da construção e um Hotel na paulista, que mais tarde foi impedido pela prefeitura de ser realizado, e passou a ser o autor do projeto do Conjunto Nacional.

Começo da construção do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, no início dos anos 50, obra do arquiteto: David Libeskind. de 1955 a 1962. Fonte - Prédios e Casas de São Paulo/ antonio m. rudolf.



Fachada inferior do edifício. A construção do Conjunto Nacional foi iniciada em 1955 e trouxe para a cidade uma grande novidade na época: uma maravilhosa cúpula geodésica de alumínio, inspirado nos trabalhos do designer e arquiteto Buckminster Fuller e construído pelo engenheiro Hans Eger. A volumetria da cúpula é toda montada por um módulo hexagonal, e é finalizada com apenas uma peça pentagonal no topo, sendo esta feita de concreto.

Foi inaugurado em 1956, como o primeiro shopping center da América Latina, e teve a presença do então presidente da República, Juscelino Kubitschek. Em 1957, o Conjunto Nacional recebeu seu primeiro e ilustre estabelecimento: o sofisticado Restaurante Fasano. Com mesas espalhadas pela ampla calçada da Avenida Paulista, o local fervilhava de gente dia e noite. Em 1958, o Fasano abriu o seu luxuoso restaurante no mezanino, onde realizavam-se os famosos “jantares dançantes”, e o requintado jardim de inverno, logo eleito o melhor e o mais elegante salão de festas da cidade, com capacidade para duas mil pessoas. O Fasano era palco obrigatório dos grandes nomes da música internacional que visitavam São Paulo, como Nat King Cole, Roy Hamilton e Marlene Dietrich. O setor comercial, uma área de 613.545.142 metros quadrados, foi destinado a um centro de compras e serviços, considerado o primeiro shopping center da América Latina e o maior da América do Sul. A inauguração da primeira etapa do Conjunto Nacional, em dezembro de 1958, contou com a presença do então presidente da República, Juscelino Kubitschek, que observa a maquete do edifício, elaborada por José Zanini Caldas.

No início dos anos 1960, o edifício instalou duas escadas rolantes no centro comercial, considerada a terceira construída na cidade. Em 1961 foi inaugurado o Cine Astor, logo eleito o mais luxuoso e o mais moderno cinema da cidade. Ao ficar pronto, no início dos anos 60, no alto do edifício foi instalado o relógio luminoso da Willys, o Fasano foi vendido para a Liquigás em 1963 por causa da situação política do país. Em 1968, devido ao Golpe de 1964, o restaurante e o jardim de inverno foram fechados e o local passou por reformas para ser adaptado e funcionar como escritório. A Confeitaria Fasano permaneceu aberta até 1973. A Livraria Cultura foi transferida para o Conjunto Nacional em 1969.

Décadas de 1970 e 1980. Em 1970, o relógio do Conjunto Nacional passou a exibir a marca da Ford. A marca do Banco Itaú chegou ao alto do edifício em 1975. Em 1992, o relógio passou por uma grande reforma e recebeu um complexo eletrônico de última geração, controlado por computador e, além das horas, passou a marcar também a temperatura da cidade. Em 1975, surgiu o Viena Delicatessen, que depois de um começo modesto nos corredores do Conjunto Nacional, tornou-se uma das maiores redes de fast-food da cidade. No final dos anos 1970, devido a problemas administrativos, o Conjunto Nacional apresentava sinais de decadência e abandono.

Fachada do Cine Arte. Na madrugada do dia 4 de setembro de 1978, por volta das 4h50, um grande incêndio irrompeu no Conjunto Nacional. As chamas foram contidas às 12h30, após a mobilização de cerca de 250 homens do Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo e 750 em operações de apoio. A “Operação Incêndio” interditou a Avenida Paulista e bloqueou parcialmente vias próximas, como Alameda Santos, Rua Augusta, Avenida Brigadeiro Luís Antônio e Rua Vergueiro, desviando 40.000 veículos. Carpetes, acrílicos, forros falsos e paredes divisórias de fácil combustão colaboraram para espalhar o fogo. O prédio mais atingido foi o Horsa 2, no bloco comercial. O Consulado Geral dos Estados Unidos, um dos estabelecimentos afetados pelas chamas, precisou fechar ao público no dia 5 de setembro. Como o incidente ocorreu de madrugada, havia apenas moradores da parte residencial no momento do incêndio. Às 5h30, quando os bombeiros chegaram, todos os moradores já haviam saído do edifício, observando a propagação das chamas do lado de fora. O único problema aconteceu com uma das moradoras, do 20º andar, que estava grávida de nove meses e precisou ser levada às pressas para o hospital.

Em 1984, o grupo imobiliário Savoy comprou o que restava dos bens da Horsa no Conjunto Nacional e passou a administrar o condomínio. No mesmo ano, foi eleita síndica a advogada Vilma Peramezza, iniciando um período de recuperação com a realização de diversas obras de restauração. Em 1987, o Cine Rio deu lugar ao Cine Arte. Em poucos meses tornou-se um dos melhores cinemas da cidade. O trabalho de recuperação do Conjunto Nacional foi iniciado na galeria comercial. A arquiteta Maria Cecília Barbieri Gorski, da Barbieri & Gorski Arquitetos Associados, foi responsável pelo trabalho de restauração e paisagismo do terraço. A Inauguração do Viena ocorreu em 1988, na esquina da Rua Augusta com a Alameda Santos.

Década de 1990 e 2000.Em março de 1992, o programa de Coleta Seletiva foi aprovado e oficializado pelos condôminos em Assembleia Geral Ordinária. O terraço, reinaugurado em junho de 1997, devolveu parte do glamour que caracterizou o Conjunto Nacional nos anos 1950, 1960 e início dos 1970. Em dezembro de 1997 foi lançada a semente da criação do Espaço Cultural Conjunto Nacional, com uma exposição que reuniu vários artistas plásticos consagrados. Com a realização de exposições de arte, o edifício passou a fazer parte do corredor cultural em que se transformou a Avenida Paulista.

Em dezembro de 1998, o jornalista Ângelo Iacocca lança o livro Conjunto Nacional – A Conquista da Paulista. A obra foi elaborada para comemorar os 40 anos de existência do edifício, e conta a história da avenida Paulista mostrando cada etapa de sua transformação, acelerada a partir do surgimento do Conjunto Nacional. A partir de 1999, todo mês de dezembro, as galerias e a fachada do Conjunto Nacional passaram a ser decoradas com adereços elaborados por comunidades carentes utilizando materiais recicláveis. Em dezembro de 1999, foi instalado, no Horsa II, o painel ‘Festa na Avenida Paulista’, pintado pela artista Naif Waldeci de Deus.


Em 2003, o Espaço Cultural Conjunto Nacional organizou a campanha "SOS Cine Arte", com o objetivo de evitar o fechamento do cinema. O livro Conjunto Nacional – A Conquista da Paulista foi ampliado em mais 30 páginas. A obra foi lançada em janeiro de 2004, em comemoração aos 450 anos da cidade de São Paulo. No capítulo sobre ‘Responsabilidade Social e Qualidade de Vida’, o autor relata as várias ações desenvolvidas pelo Conjunto Nacional, voltadas à valorização dos nossos funcionários e comunidade. Em abril de 2005, o Conjunto Nacional foi tombado pelo Condephaat, órgão estadual responsável pelo patrimônio histórico. Em outubro do mesmo ano, o Cine Bombril substituiu as duas salas do antigo Cine Arte. Em setembro de 2010, o cinema tornou-se Cine Livraria Cultura. As duas salas de cinema integram o Circuito Cine Arte de exibição, de Adhemar Oliveira e Leon Cakoff.

Em maio de 2007, a tradicional sede da Livraria Cultura, no Conjunto Nacional, passou a ocupar o espaço em que funcionava o antigo Cine Astor. A nova loja é a maior livraria do país, com 4,3 mil metros quadrados de área distribuídos por três pisos. Em março de 2008, o arquiteto David Libeskind, aos 79 anos, é tema de um livro que leva seu nome – David Libeskind - Ensaio sobre as Residências. Em 2007, o cinema do Conjunto Nacional passou por reformas e foi reaberto ao público, após ser readaptado para uso comercial.

Características.Arquitetura


Detalhe da fachada do edifício.

Domo geodésico do Conjunto Nacional. No início dos anos 1950, José Tjurs planejava idealizar em São Paulo um grande edifício, que deveria reunir em um único espaço um hotel, restaurantes, bares, cinemas, lojas comerciais e de prestação de serviços, além de escritórios e apartamentos residenciais com serviço de hotelaria. Também queria ver a Paulista tornar-se a Quinta Avenida de São Paulo. Mas, para tanto, alguém precisava dar o passo inicial, e esse alguém seria ele. A primeira providência foi comprar a mansão que pertencia à família de Horácio Sabino, que ficava exatamente na esquina da Avenida Paulista com a Rua Augusta. Para concretizar o audacioso empreendimento, Tjurs realizou uma espécie de concurso para a elaboração do projeto, que teve a participação de diversos arquitetos. Para surpresa dos concorrentes, foi escolhido o projeto de David Libeskind, de apenas 26 anos, recém-formado e quase desconhecido.

Ao iniciar as obras, em 1954, Tjurs dava a largada para a futura ocupação comercial da avenida. A lâmina horizontal, concluída em 1958, cobria todo o andar térreo, que formava uma ampla galeria onde se cruzavam quatro amplos corredores que formavam uma praça de 1.600 metros quadrados, com entradas pela Avenida Paulista e pelas ruas Augusta, Padre João Manoel e Alameda Santos.

A construção da torre que abrigaria o Hotel Nacional de São Paulo foi vetada pelas autoridades: não era permitido construir hotéis na Avenida Paulista. Então Tjurs mudou o projeto e reduziu a lâmina vertical para três edifícios de 25 andares: um residencial, o Guayupiá, com apartamentos de 180 a 890 metros quadrados, e dois comerciais: o Horsa I, para pequenos escritórios e consultórios, e o Horsa II, para empresas de grande porte. Em 1962, a lâmina vertical estava pronta, com 120 mil metros quadrados de área construída.

Como José Tjurs havia planejado, o Conjunto Nacional era, de fato, uma cidade dentro da cidade. Depois de concluído, o edifício passou a ser um marco na cidade de São Paulo, que ostentava um novo cartão-postal, e anunciava novos tempos para a Avenida Paulista, dando a largada para a verticalização de toda a região. O edifício também deu início à valorização do metro quadrado dos terrenos das mansões, que com a chegada do poder financeiro, nos anos 1970, alcançaria valores astronômicos, uma tendência que transformaria radicalmente a avenida.


Relógio do Conjunto Nacional.


O relógio do Conjunto Nacional marca a hora e a temperatura da cidade de São Paulo. Está localizado no alto do Edifício Horsa - Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, sendo visível a partir de vários pontos da cidade, num raio de aproximadamente cinco quilômetros de distância. A Willys Overland do Brasil usou como estratégia publicitária em 1962, um luminoso de cor verde com o nome Willys, no alto do Conjunto Nacional. Em 1967, a Ford do Brasil compra a Willys Overland. Em 1970, foi, então, colocado um painel com o nome Ford, e marcando as horas, que era visto em vários pontos da cidade.

No ano de 1975, o Banco Itaú comprou o espaço publicitário, e mais uma vez o nome foi trocado, para Itaú. Em 1992, o relógio, que podia ser visto a mais de cinco quilômetros, foi reformado, passando a ser controlado por computador, regulando a hora e mostrando a temperatura. Tem três faces e pesa 230 toneladas.

Em 2007, a propaganda do Itaú teve que ser retirada devido à Lei Cidade Limpa, implantada pelo prefeito Gilberto Kassab. A princípio, a propaganda não foi retirada quando a lei entrou em vigor pois ela fazia parte de uma lista de exceções, que logo foi extinguida. Em seguida, o Banco Itaú consultou o Condephaat sobre se a propaganda também era tombada. A resposta saiu em maio de 2011: o relógio deve ser preservado, mas a publicidade não. A prefeitura deu um prazo até 18 de julho para que o banco retirasse a publicidade. E, até lá, mandou apagar o relógio. Mas a administração do condomínio não permitiu a retirada do anúncio. O Banco Itaú, que foi multado em R$ 14 milhões pela Prefeitura de São Paulo por desrespeitar a lei, comunicou que continuaria dando manutenção ao relógio e estuda apresentar um recurso administrativo, para manutenção do anúncio. Em 2012, o letreiro foi retirado.

Espaço Cultural


Oficialmente inaugurado em 1997, o Espaço Cultural do Conjunto Nacional tem como proposta ser aberto a diversas tendências artísticas, acessível a todo tipo de manifestação e temáticas da arte contemporânea. O Conjunto também recebe eventos de entidades de assistência social, ONG's, e diversos órgãos que prezam pelos direitos do cidadão. Faz, inclusive, atos de utilidade pública, como campanhas de prevenção de doenças e reciclagem. Quatro vezes no ano ocorre a Feira Criativa. É uma parceria do Conjunto Nacional com o Núcleo de Economia Criativa da Associação Paulista Viva, o qual oferece aos artesãos, o espaço gratuitamente, para comercialização dos produtos com preços accessíveis.

Segurança. O edifício possui monitoramento 24 horas e uma equipe com bombeiros e seguranças, que realizam o atendimento médico de urgência. Os profissionais são periodicamente atualizados por meio de cursos de resgate vertical, técnicas de emergência médica, combate à incêndio, atendimento pré-hospitalar e outras especializações.


Orelhões no interior do Conjunto Nacional, com cúpulas transparentes.

Para monitorar o que acontece nas galerias e demais áreas, o prédio tem câmeras distribuídas em pontos estratégicos. As imagens gravadas pelo circuito interno têm acesso restrito. Semanalmente, um grupo formado por profissionais de diferentes áreas do edifício discute o desenvolvimento de um programa de segurança cidadã, inspirado em experiências realizadas em Bogotá. O Conjunto Nacional possui uma equipe capacitada para utilizar o Desfibrilador automático externo. Os funcionários treinados para dar assistência em casos de parada cardíaca são identificados com um botton do curso Salva Corações, promovido pela Sociedade Brasileira de Cardiologia. Os ramais dos apartamentos têm identificador de chamadas. Nos andares dos edifícios Horsa I e Horsa II, ao lado dos elevadores, há um telefone interno que chama automaticamente a segurança, diretamente ligada aos órgãos públicos competentes.

O fato de estar a 200m do metrô Consolação, ter alta densidade construtiva, ter diversos serviços disponíveis em uma curta distância e ter um pavimento térreo desenhado conectado à área urbana, e assim estimulando o deslocamento a pé, rendeu ao projeto do Conjunto o padrão Prata com 78 pontos (de uma escala que varia de 0 a 100), segundo os critérios do Padrão de Qualidade TOD. 


BANESPÃO



O Ed. Altino Arantes como destaque de uma edição da revista Life nos anos 1950



O Edifício Altino Arantes (também conhecido como Farol Santander, Edifício Banespa ou Banespão) é um dos prédios mais emblemáticos da capital paulista, sendo um dos mais altos arranha-céus brasileiros.

Construído a partir de 1939 pelo interventor federal Ademar Pereira de Barros para sediar o Banco do Estado de São Paulo (que ocupou o prédio até 2001) e inaugurado oito anos depois, em 27 de junho de 1947, também por Ademar de Barros, quando ele já era governador de São Paulo, foi durante mais de uma década o mais alto da cidade, até ser superado pelo Mirante do Vale, em 1960.

O edifício foi inspirado na arquitetura art decó do Empire State Building, em Nova Iorque. Com 35 andares e 161 metros de altura, foi considerada a maior construção de concreto armado do mundo. Em 2000, o prédio foi incorporado ao patrimônio do Grupo Santander, que comprou o Banespa. Em 2014, a construção foi tombada pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico (Condephaat).

O prédio atrai cerca de cinco mil visitantes mensalmente. Sua visita pode ser feita em cinco minutos e o acesso é limitado a grupos pequenos. Do alto do mirante do edifício é possível ter um raio de visão de 360º e que atinge cerca de 40 quilômetros, de onde é possível ver a Serra do Mar, o Pico do Jaraguá, os prédios da Avenida Paulista, além do Vale do Anhangabaú e as principais construções do Centro.

Projeto. Após a sua fundação em 1909, (inicialmente sob o nome de Banco de Crédito Hipotecário e Agrícola do Estado de São Paulo), o Banco do Estado de São Paulo passou por um período de grande expansão e necessitava de uma sede maior para seus negócios. O primeiro local escolhido para tal finalidade ficava na praça Ramos de Azevedo, local um pouco inadequado pois ficava distante do centro bancário da cidade, compreendido pelas ruas São Bento, Rua XV de Novembro, Direita e adjacentes.

Decidida a mudar para a área de mais destaque econômico, a diretoria do banco faz um acordo com a Santa Casa de Misericórdia e compra mais alguns prédios ao redor, que seriam demolidos para dar início a construção do novo edifício-sede na Rua João Brícola. O projeto do novo edifício ficou por conta do engenheiro e arquiteto Plínio Botelho do Amaral, mas foi adaptado pela construtora Camargo & Mesquita pois queriam que o novo prédio fosse semelhante ao Empire State Building, em Nova Iorque.

Construção. As obras tiveram início com o lançamento da pedra fundamental da matriz, em 19 de setembro de 1939. Após quase oito anos, o edifício foi inaugurado em 27 de junho de 1947 já sendo o edifício mais alto de São Paulo, com seus 161,22 metros de altura, título que lhe pertenceu durante quase vinte anos. Durante muito tempo o prédio ficou facilmente identificável devido ao letreiro luminoso que brilhava em seu topo.

Com 161,22 metros de altura, seus 35 andares, 14 elevadores, 900 degraus e 1 119 janelas, em 1948 foi considerado nos anos 40 a maior construção de concreto armado do mundo por uma revista francesa como, pois os demais prédios (incluindo o norte-americano Empire State Building, o maior do mundo na época) eram construções de estrutura metálica ou mistas de metal e concreto.

Nos anos 1950, a torre foi ocupada pela antena retransmissora da TV Tupi. Na década de 1960 teve seu nome mudado para "edifício Altino Arantes", uma homenagem ao primeiro presidente brasileiro do banco, Altino Arantes Marques. Isso porque desde sua fundação, em 1909, até 1919, quando, - na gestão Altino Arantes - o Governo Estadual tornou-se seu acionista majoritário, o banco era controlado por acionistas franceses.


Edifícios do Banco do Brasil (esquerda), Altino Arantes (centro) e Martinelli (direita).


Alterações. Com o passar dos anos o edifício não sofreu muitas alterações externas notáveis, apenas passou por limpezas e reconstituição das fachadas, ganhando também uma nova iluminação. Já na parte interna sofreu diversas alterações que exigiram intervenção do Museu Banespa, quando algumas áreas do edifício foram tombadas, para protegê-las de modificações que pudessem alterar suas características originais.

No prédio funcionou também o Museu Banespa, inaugurado em 1965 e reúne a história do banco desde sua inauguração em 1909 como Banco de Crédito Hipotecário e Agrícola do Estado de São Paulo até os dias atuais, perto de completar 110 anos. O museu possui 993 objetos e mobiliários, 1 003 obras, 98 fotografias assinadas, 66 tapetes orientais e nacionais entre outros itens.

Na década de 1970, o edifício ganhou uma cinta de alumínio em volta de sua torre, onde foi concedido o logotipo do Banco Banespa. Foi também nesse período que o prédio ganhou a bandeira do estado de São Paulo no topo, a qual é trocada frequentemente devido as fortes ventanias que assolam o topo do edifício.[6] Em 1988, um lustre de três metros de altura e 1,5 tonelada foi instalado no hall de entrada do edifício. Tal peça conta como 150 lâmpadas e cerca de dez mil acessórios de cristal.

Venda do Banespa e tombamento. No ano de 2000, o Banespa foi privatizado, sendo vendido ao Banco Santander Central Hispano, ocupando o 2º e 3º andar do edifício. Porém, para evitar represálias, respeitando a tradição do povo paulistano, os novos donos não fizeram nenhuma alteração significativa na fachada do edifício. A partir de sua privatização, passou a abrigar um museu onde encontra-se mais de dois mil objetos que participam da história de quase 100 anos de existência e originou ali o Banco Hipotecário e Agrícola do Estado de São Paulo.

Em 2011, o edifício foi tombado pelo patrimônio histórico de São Paulo. O órgão do patrimônio histórico, Condepraat, preserva integralmente a fachada e o terraço do edifício e os cinco pisos do empreendimento.

Reforma em 2017. Em 2017, o Banco Santander anunciou que estava reformando o prédio. O local será relançado como farol e espaço cultural.[8] Em 25 de janeiro de 2018, no aniversário da cidade de São Paulo, o Banco Santander - proprietário do edifício - inaugurou um centro cultural nominado "Farol Santander" trazendo uma pista de skate no 21° andar, que pode ser alugada hora e uma arena de debates no 8° andar, que comporta até 100 pessoas e receberá, todos os sábados, palestras sobre empreendedorismo e cidades, com os andares 22 e 23 dedicados a exposições temporárias. O prédio tem um mirante e até um apartamento amplo de luxo que pode ser alugado por R$ 3 500 a diária.

A bandeira paulista no topo do edifício. A Torre Banespa é um dos destaques do edifício. Situada no ponto mais alto do prédio, acessível a partir do 34º andar, ela permite uma privilegiada vista panorâmica da cidade, com um alcance de até 40 quilômetros, sendo possível ver outros marcos importantes da cidade, como o Mercado Municipal, a Catedral da Sé, e até mesmo os edifícios Itália, Copan e Hilton.

O Mirante do Vale concluído em 1960, e que apesar de não ser muito conhecido, é o segundo edifício mais alto do Brasil. Além de diversos bairros vizinhos. Isso tudo é possível também pois, apesar de não ser o prédio mais alto, ele está situado no ponto topograficamente mais alto do centro de São Paulo.

No final dos anos 1970 a torre ganhou em volta de sua base uma cinta de alumínio, onde foi fixado o logotipo do banco. E no topo de edifício encontra-se uma bandeira do estado de São Paulo medindo 7,20 metros de largura por 5,40 de altura, sendo trocada mensalmente por conta do desgaste provocado pelos fortes ventos àquela altura. Em 1988, chegou belíssimo saguão do edifício um lustre de cristal, ele possui 13 metros de altura, 10 mil peças de cristal e 1,5 toneladas, feito no formato do edifício

O térreo, acessado pela Rua João Brícola, 24, conta com o hall de entrada, onde os visitantes podem admirar a decoração art decó, o pé direito de 16 metros e um lustre de 13 metros e uma tonelada instalado em 1988. No 2º andar há um túnel onde vários painéis gigantes exibem um vídeo sobre a história do prédio e da cidade de São Paulo. No 3º andar serão reproduzidos os guichês de banco e as salas de atendimento ao público. Através de totens, é possível simular a abertura de uma conta bancária como era feito em 1940. No 5º andar é possível ver os retratos pintados dos presidentes do Banco Agrícola antes de virar Banespa e, depois, Santander. O ambiente ainda tem os antigos móveis como mesas, cadeiras, tapetes usados nas reuniões da diretoria do Banespa, sendo que os móveis de jacarandá foram feitos no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. No 8º andar, a Arena de Economia Criativa será um local dedicado para debater assuntos de empreendedorismo e economia.

A pista de skate localizada no 21.º andar foi idealizada por Robert Dean Silva - ou Bob Burnquist um skatista brasileiro-americano. Os 22º e 23º andares tem 330 m² e estão dedicados a exposições de arte imersiva, sempre com artistas nacionais e internacionais. O 25.º andar tem um loft que funciona como um apartamento com mais de mais de 335 m² e decoração art déco. Qualquer pessoa pode se hospedar no local, a uma diária de cerca de 3 500 reais. No 26.º andar, há um mirante, onde é possível contemplar a cidade a uma altura de 160 metros. O artista paulistano Vik Muniz fotografou o prédio do mirante e com várias paisagens. As fotos foram ampliadas e viraram 6 painéis de 150x200 cm e 1 painel complementar de 100x2015 cm. A instalação lembra uma vista 360º. Junto ao mirante, será inaugurado um café.


OS 50 ANDARES DO EDIFÍCIO PLATINA 220


 


O Platina 220, edifício de uso misto no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo, e o mais alto da cidade, está pronto após 8 anos intensos entre projeto e construção. A arquitetura é da Königsberger Vannucchi Arquitetos Associados, e o empreendimento faz parte do Eixo Platina, uma ampla proposta de urbanização da Porte Engenharia e Urbanismo na região. Em uma única torre com 172 metros de altura e 46 andares, em frente ao Shopping Tatuapé, o Platina 220 reúne variedade de usos: lojas (no térreo), hotel e unidades residenciais (no terço mais baixo da edificação), conjuntos comerciais (na parte intermediária) e lajes corporativas (na parte superior).  A união de todos estes usos almeja atrair mais empresas para a região e, com isso, outros benefícios, como reduzir os deslocamentos dos moradores para outras regiões da capital. “Pela complexidade e diversidade do programa, nós comparamos sua resolução à montagem de um Tangram”, afirma Jorge Königsberger, um dos autores do projeto e sócio fundador do escritório.  A entrada para o edifício acontece a partir da Rua Bom Sucesso, onde o prisma principal ‘pisa’ no térreo. Já na área envoltória da quadra, os espaços para lojas escalonam o projeto para criar duas situações de áreas externas: no espaço público, generosas e arborizadas calçadas perimetrais; na área privativa, acima das lojas, lazer para usuários do edifício.  
Para que fosse atingido este potencial construtivo e de entrega para a cidade, todos os instrumentos e benefícios previstos pelo Novo Plano Diretor de São Paulo de 2014 foram utilizados, garantindo também um edifício positivo ao entorno: uso misto, fachadas ativas, fruição com a rua, dentre outros. Ainda na fase de projeto, o Platina 220 conquistou o selo internacional de sustentabilidade AQUA-HQE, da Fundação Vanzolini.  Texto e imagens: Arch Daily




OS  5 MAIORES ARRANHA-CÉUS DE SAMPA


5️⃣ Lugar - Edifício Altino Arantes (Altura: 161,22 metros)


4️⃣ Lugar - Edifício Itália (Altura: 165 metros)


3️⃣ Lugar - Figueira Altos do Tatuapé (Altura: 168 metros)


2️⃣ Lugar - Mirante do Vale (Altura: 170 metros)


1️⃣ Lugar - Platina 220 (Altura: 172 metros)

Fonte: Curiosidades


JACQUES PILON


Construção em 1938 de prédio residencial no Largo do Paissandú pelo Arquiteto Jacques Pilon .


Jacques Émile Paul Pilon (1905-1962) foi um arquiteto francês que viveu e trabalhou durante décadas em São Paulo (SP). Em 1934, associou-se ao engenheiro civil Francisco Matarazzo Neto, fundando a empresa de projetos e construção Pilon & Matarazzo Ltda. Em 1939, abriu um escritório com os arquitetos alemães Herbert Duschenes e Franz Heep, o italiano Gian Carlo Gasperini e o brasileiro Jerônimo Bonilha Esteves. Projetos como a antiga sede do jornal O Estado de S. Paulo e os Edifícios Paulicéia e São Carlos do Pinhal, ícones da arquitetura paulistana, foram assinados pelos profissionais desse escritório. Arte Fora do Museu.



Fachada da Biblioteca Mário de Andrade voltada para a Avenida da Consolação. Notamos sua imponência perante os edifícios do entorno e sua composição geometrizante (fonte: foto cedida pelo escritório Piratininga Arquitetos Associados, identificada como pertencente ao acervo da BMA. Dados retirados do Projeto Tesouros da Cidade, programa de digitalização do acervo da Biblioteca Mário de Andrade, com o Título de Biblioteca Municipal de São Paulo, número de registro 159F, datado de outubro de 1952, autoria de A. Câmara)


(...) o novo desenho urbano proposto por Prestes Maia e a arquitetura moderna que surgiram nesse período, estabeleceram não somente novas feições urbanas para o centro da cidade, mas também novas funções para os térreos dos edifícios, possibilitando uma intensa relação entre a arquitetura e o espaço urbano, explorando a interação entre o espaço público e o privado, e trazendo uma novata e considerável urbanidade para o centro de São Paulo.

Neste contexto, arquitetos e profissionais da construção civil de origem estrangeira, recém-instalados no país, se beneficiaram desse momento de significativas transformações urbanas e culturais, fazendo-se presentes na construção de uma nova cidade, em novos moldes. Oriundos de diversos países, vieram a São Paulo por diferentes motivos. Ora fugindo de um cenário de perseguições étnicas e raciais e da precariedade da vida entre guerras, ora buscando melhores oportunidades de trabalho. Entre os mais expressivos, destacamos o autor do projeto da Biblioteca Mário de Andrade, objeto central deste artigo: o arquiteto francês Jacques Emile Paul Pilon (1905-1962); profissional que, uma vez aprovado e desejado pela elite paulistana, pôde exercer a sua arquitetura e o seu empreendedorismo em toda a cidade de São Paulo.

Jacques Pilon, desde a sua chegada ao Brasil em 1933, adotou diferentes técnicas e tendências arquitetônicas, demonstrando o seu desenvolvimento como arquiteto e as suas referências projetuais. Entre algumas das notáveis obras em que participou na capital paulista, podemos citar: edifício residencial São Luís, edifício Stella, edifício Edlu, hotel Jaraguá, edifício sede da Aliança Francesa, condomínio Paulicéia e São Carlos do Pinhal e Liceu Pasteur (Casa Santos Dumont). Um dos edifícios mais importantes projetados por Jacques Pilon, contudo, que simboliza o processo de verticalização do centro histórico, as transformações urbanas impulsionadas pelo surto imobiliário e a adoção de propostas arquitetônicas pautadas pela interação entre espaços públicos e privados é a Biblioteca Mário de Andrade.  Laís Silva Amorim e Manoela Rossinetti Rufinoni. Revista Restauro


Acesso / recepção da BMA, na Avenida da Consolação. Podemos notar o polimento das pedras e uma maior permeabilidade do espaço do que seu projeto inicial previa (fonte: acervo pessoal de Laís Silva Amorim, 2018). Revista Restauro. 

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LINA BO BARDI E ANTONIO FIGUEIREDO FERRAZ




Construção do MASP na avenida Paulista em 1963.  Figueiredo Ferraz, à esquerda, dando explicações aos visitantes, foi o engenheiro responsável pela obra, na época considerado o maior  vão em concreto do mundo. Á direita, a arquiteta Lina Bo Bardi, autora do projeto.

No final da década de 1950, o crescente volume do acervo e a ampliação das atividades didáticas do museu demandavam espaços mais amplos e adequados a atividades museológicas regulares. Na tentativa de solucionar o problema, Bardi fez contatos com a Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Ficou acertado que o museu teria um espaço no edifício que a fundação estava erguendo no bairro de Higienópolis, onde seria exposto seu acervo, ao qual se juntariam as obras do fundador da FAAP (hoje reunidas no Museu de Arte Brasileira). As obras do MASP chegaram a ser expostas nas salas da fundação, mas Bardi mostrou-se preocupado com a qualidade de algumas peças a serem incorporadas à coleção. Preferiu romper o acordo, recomeçando a busca por uma nova sede.

Havia então, na avenida Paulista, um terreno no local antes ocupado pelo belvedere Trianon, tradicional ponto de encontro da elite paulistana, projetado por Ramos de Azevedo e demolido em 1951 para dar lugar a um pavilhão, onde fora realizada a primeira Bienal Internacional de São Paulo. O terreno havia sido doado à prefeitura por Joaquim Eugênio de Lima, idealizador e construtor da avenida Paulista, com a condição de que a vista para o centro da cidade fosse preservada, através do vale da avenida Nove de Julho.

Lina Bo Bardi, ciente da situação do terreno e das condições impostas pelo doador, considerava o local ideal para a construção da nova sede. Contou seus planos a Edmundo Monteiro, que, por sua vez, decidiu negociar a concessão do terreno com Ademar de Barros. Ademar era candidato à eleição para a prefeitura de São Paulo. Acertou com Edmundo Monteiro de fazer a sua campanha pelos Diários Associados, de graça, comprometendo-se, caso fosse eleito, a aprovar a concessão do terreno para a construção da nova sede. Eleito, Ademar manteve o acordo, dando início aos trabalhos.

É, para mim, motivo de especial satisfação inaugurar este magnífico Museu de Arte. A sua beleza, simplicidade e a perícia com que foi construído tornam-no mais um impressionante exemplo do espírito de iniciativa dos paulistas. Sinto-me feliz também em pensar que ele abrigará uma coleção de quadros de um dos mais ativos e generosos embaixadores que jamais foram à Corte de St. James: o dr. Assis Chateaubriand. Lembro-me muito bem de seu espírito e estuante personalidade e todos sentimos, profundamente, que ele não esteja mais aqui conosco neste dia. Aos paulistas desejamos, meu marido e eu, felicidades e prosperidade. É com grande prazer que declaro inaugurado este Museu.
Elizabeth II, em seu discurso de inauguração da nova sede do MASP, em 8 de novembro de 1968.
Lina Bo Bardi concebeu arquitetonicamente a atual sede do MASP. Para preservar a vista exigida para o centro da cidade era necessário ou uma edificação subterrânea ou uma suspensa. A arquiteta optou por ambas as alternativas, concebendo um bloco subterrâneo e um elevado, suspenso a oito metros do piso. A construção é considerada única pela sua peculiaridade: o corpo principal pousado sobre quatro pilares laterais, resultando em um vão livre de 74 metros, à época considerado o maior do mundo. A inovação foi viabilizada pelo trabalho do engenheiro José Carlos de Figueiredo Ferraz, que aplicou na obra a sua própria patente de concreto protendido.

O edifício, projetado em 1958, levou dez anos para ser concluído. As obras se estenderam ao longo dos mandatos de Ademar de Barros e Prestes Maia, sendo somente finalizadas durante a gestão de Faria Lima. A nova sede do MASP foi finalmente inaugurada em 8 de novembro de 1968, na presença do príncipe Filipe e da rainha Elizabeth II, da Inglaterra, a quem coube o discurso de inauguração. Lina Bo coordenou a exposição de abertura, intitulada A mão do povo brasileiro, dedicada à cultura popular do país. A arquiteta inovou na forma de expor a coleção permanente, ao utilizar lâminas de cristal temperado amparados por blocos de concreto como suportes para as pinturas. Essa forma de exibição deixou de ser adotada pelo MASP no fim dos anos 1990 e seria retomada somente em dezembro de 2015, durante a gestão de Heitor Martins.


SÃO VICENTE: UM MUSEU À BEIRA DO OCEANO



Projeto de Lina Bo Bardi concebido para São Vicente foi a base da Casa de Vidro e do MASP. Tornou-se um ícone da invenção e considerada uma das 50 melhores imagens de arquitetura do mundo.

Além de edifícios com projetos arquitetônicos arrojados, São Vicente já foi alvo da vanguarda artística paulistana, que se deliciava nas praias, e que inspirava obras que deixariam a cidade imortalizada da história da arte e da cultura. Em 1952 surgiu em São Paulo a ideia do MASP, projeto modernista conjunto de Pietro Maria Bardi e Assis Chateaubriand que seria considerando o primeiro da América Latina nessa categoria. O Museu de Arte de São Paulo funcionou nas instalações dos Diários Associados até que ganhasse sede própria no Parque Trianon, na avenida Paulista. 

Mas o protótipo que deu origem ao mais conhecido museu da Capital foi um projeto elaborado em 1951 pela mesma arquiteta, Lina Bo Bardi. Era o Museu à Beira do Oceano, concebido para ser construído na praia de São Vicente ( não se sabe se seria no Gonzaguinha ou no Itararé). Na época o a cidade era governada pelo prefeito Charles Dantas Forbes, conhecido pelos seus esforços e marca pessoal em transformar São Vicente numa sofisticada estância balneária. O projeto nunca saiu do papel, talvez por falta de recursos ou falta de terreno, já que a construção sobre a faixa de areia dependia da autorização do governo federal. Mesmo assim o projeto de Lina Bo Bardi foi desdobrado como base da nova sede do Museu de Arte de São Paulo, tornando-se objeto permanente de estudos de engenharia e arquitetura em obras especializadas no Brasil e no exterior. 

“Em seus estudos para o Museu à Beira do Oceano (1951), Lina Bo Bardi concebe um paralelepípedo elevado do solo por pórticos transversais, com a face voltada para o mar inteiramente transparente. Nas perspectivas internas a autora utiliza da mesma técnica de foto-colagem de Mies para apresentar a transparência do recinto expositivo em relação à paisagem. Entretanto o desenho de Lina Bo Bardi se mantém fiel à sua formação italiana reproduzindo algumas características da pintura de De Chirico e de Sironi. Comparado ao desenho de Mies, o plano de piso assume uma proporção muito maior em relação às obras expostas e apresenta uma continuidade em perspectiva com o plano horizontal da paisagem. Ao acentuar o vazio, o espaço entre os objetos expostos, Lina recria a suspensão temporal da pintura metafísica. Na exposição representada encontram-se obras antigas e modernas, entre elas a mesma Guernica de Picasso reproduzida com destaque no desenho de Mies. Já comparece um objeto da cultura popular brasileira – uma carranca de barcos do Rio São Francisco, tema que viria a dominar suas preocupações no final daquela década.

Como o Museu à Beira do Oceano não foi construído, a arquiteta teria a oportunidade de experimentar a transparência total no projeto da sua residência, a Casa de Vidro. (...) O projeto do segundo Masp partiu dessa situação, com duas diferenças em relação aos projetos do Museu à Beira do Oceano e da Casa de Vidro. A primeira é a maior intensidade de ocupação da pinacoteca do Masp pelas obras dispostas nos suportes de vidro que a afasta do vazio metafísico sugerido no Museu à Beira do Oceano. A segunda é que o Masp assumiu a continuidade visual e espacial com a cidade, disfarçada na Casa de Vidro pelo enfoque na vegetação”.



BARDI, Lina Bo, Museu à Beira do Oceano, Habitat, São Paulo, n. 8, e BARDI, Lina Bo. Museu de Arte di San Paolo del Brasile, in L’Architettura, Cronache e Storia, Roma, n. 210, abril;1973.




O projeto “Museu à Beira do Oceano”, de Lina Bo Bardi, ilustra a capa da oitava edição da Revista Habitat, lançada em 1952.


Lina publicou um artigo sobre as propostas arquitetônica e educacional que pensou para a construção deste museu na praia de Itararé, em São Vicente.


A edição conta com o texto "Balanços e perspectivas museográficas: o Museu de São Vicente", escrito por P.M. Bardi, que comenta o projeto de Lina:


“Se o Museu de São Vicente lograr êxito nos seus desígnios, isto é, se tornar um organismo através do qual o homem da cidade possa tornar-se aos poucos, contemporâneo de todo o mundo moderno, cada vez mais conscientemente, teremos criado um meio de tornar a cultura um fato verdadeiramente vital e popular”.
O projeto do Museu não se concretizou.


Crédito: Instituto Bardi / Casa de Vidro


ALFAVILLE 



Idealizado pelos engenheiros Yojiro Takaoka e Renato Albuquerque, sócios da empresa Albuquerque Takaoka, é considerado como a primeira tentativa de se criar artificialmente um bairro de grandes proporções no Brasil. É formado por uma série de condomínios fechados de alto padrão, chamados Residenciais, além de um centro industrial e empresarial. Proveniente de um terreno de 500 hectares comprado em 1973, era um empreendimento voltado inicialmente às indústrias não-poluentes. Foi erguido no lugar da antiga Fazenda Tamboré, comprada pela construtora dos herdeiros Almeida Prado.

A implantação deu-se com as vendas de lotes na década de 1970, primeiramente a proprietários e executivos de empresas que ali se instalavam, como a: HP, Sadia, Du Pont e Confab. O projeto original de Takaoka era construir um centro empresarial em torno da sede brasileira da Hewlett Packard, com um núcleo de comércio, mas depois surgiu a ideia de construir casas para os funcionários da HP, depois para funcionários das outras empresas e, finalmente, para quem quer que fosse. "O resultado é que em dez anos fizemos uma minicidade", declarou Takaoka à revista Veja em São Paulo em 1986.

Devido à necessidade de moradia dos executivos dessas empresas houve, em 1975, o lançamento do AlphaVille Residencial.. Assim nascia o embrião do conceito AlphaVille de ocupação ordenada. A instalação de uma multinacional mudou o conceito e até o nome de AlphaVille, que passou de AlphaVille Centro Industrial para AlphaVille Centro Comercial, Industrial e Empresarial. Com o passar do tempo percebeu-se que era mais rentável a venda residencial do que a empresarial, sendo construídos outros Residenciais, designados com números. O primeiro se chamou Residencial 1.

Central de vendas nos anos 1980. 

No início da década de 1980, era possível comprar terrenos no condomínio pelo preço de um carro, mas a valorização em 1986 já tornava essa comparação obsoleta, embora esse aumento não tenha afastado novos moradores, tanto é que imóveis eram comumente vendidos no máximo uma semanas depois de ser listados e apenas no lançamento do Alphaville 10 foram vendidos duzentos dos setecentos lotes colocados à venda. Muita gente dizia que se mudava para lá por causa das crianças. Havia poucas, mas rígidas regras: era proibido instalar casas pré-fabricadas nos terrenos dos condomínios, o que ajudou a afastar a ideia de loteamento de fim de semana, e cada quadra não podia comportar mais de 22 casas, com recuo obrigatório de quatro metros na frente, para o jardim.  Na mesma década o bairro verticaliza-se por causa da grande demanda imobiliária, onde mudaram-se profissionais liberais e altos funcionários de empresas da região, antigos moradores da cidade de São Paulo.
Pedido de emancipação Na década de 1990, Alphaville, juntamente com Tamboré, tentou emancipar-se, criando um novo município com a junção dos dois bairros, mas o processo não obteve êxito e foi arquivado. Legalmente, os dois bairros estão localizados nos município de Barueri e Santana do Parnaíba.



Alfaville em 1975
. "Uma virada significativa aconteceu quando a Hewlett-Packard (HP) manifestou interesse em Alphaville. O encontro entre Albuquerque e o diretor de Patrimônio da HP, apelidado de "Skip," desencadeou uma transformação. Skip propôs uma mudança de foco, passando da indústria primária para armazéns e escritórios, incluindo residenciais para executivos viverem nas proximidades, eliminando deslocamentos para São Paulo. Essa ideia foi apoiada por outras empresas como Babylândia, Banco Real, Carbex, Chuca, Confab, DuPont, ECM, Otto Haensel e Sadia, levando a uma expansão bem-sucedida de residenciais em Alphaville". Grazilella Costa. 50 Anos de evolução e transformação em São Paulo. Folha de Alfaville


Atualmente, Alphaville abriga mais de doze mil residências, 42 edifícios residenciais e 16 comerciais. Totalmente urbanizado e com segurança própria, sendo independente. Possui uma população fixa estimada em 35 mil habitantes e uma flutuante de 200 mil pessoas por dia, formada por quem ali trabalha ou visita o bairro, a passeio ou a negócios. A região conta com cinco hospitais 24 horas e muitas clínicas, seis laboratórios, 16 agências bancárias, oito hotéis e flats, cinema (nos shoppings Tamboré e Iguatemi Alphaville) e quatro supermercados. Inicialmente previa-se chegar ao Alphaville 15, mas o último a ser lançado, ainda no século XX, foi o Alphaville 12 — não há condomínio com o número 7, embora haja um com o número 0. A grande procura imobiliária nos últimos anos anos levou incorporadoras e construtoras a buscar novos terrenos, mais distantes do primeiro centro comercial, favorecendo, desta forma, o aparecimento de novas áreas de serviços e de novos bairros, como o Tamboré, que tem empreendimentos com características semelhantes aos de Alphaville, porém com residenciais lançados a partir da década de 1980, ou como o Bethaville, um bairro planejado, com áreas comerciais, empresariais e residenciais, que se localiza próximo ao novo centro político e administrativo de Barueri e junto à saída para São Paulo pelo Rodoanel Mário Covas. O conjunto de empreendimentos erigidos em torno dos condomínios ficou conhecido como "Centro Comercial" ou "Centro Empresarial" de Alphaville.amboré é um bairro nobre da Zona Oeste da Grande São Paulo, localizado nas cidades brasileiras de Barueri e Santana de Parnaíba.

TAMBORÉ



O bairro surgiu a partir da Fazenda Tamboré, que pertencia às famílias Álvares Penteado e Ulhôa Rodrigues. Na década de 60 foi fundada a Tamboré S/A, que iniciou o planejamento imobiliário.

Lançado pela empresa Tamboré S/A em 1988, o empreendimento Tamboré I surgiu da necessidade de residenciais de alto padrão, impulsionada por Alphaville, bairro vizinho. Ocupando uma área de 1.800.000m², seus lotes eram vendidos a partir de 1.200m². Devido ao sucesso do empreendimento houve a construção dos residenciais Tamboré II e III. Pouco tempo depois foi inaugurado o Shopping Tamboré, destinado à população dos condomínios e das cidades vizinhas.

Iniciou seu processo de verticalização nos anos 2000 Possui um campus da Universidade Paulista, Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Tamboré juntamente com Alphaville tentaram emancipar-se criando um novo município através da junção dos dois bairros na década de 90, mas o processo não obteve êxito e foi arquivado.

GRANJA VIANA



Granja Viana (por vezes grafado como Vianna) é um bairro nobre localizado na Zona Oeste da Grande São Paulo. Possui diversos micro-bairros e condomínios residenciais fechados. O bairro abarca pedaços de diversos municípios, principalmente Cotia, cidade onde ocupa uma área de aproximadamente 50 km² com uma população de 35 mil habitantes,[ e também áreas nobres de Carapicuíba, Embu das Artes, Osasco e Jandira. Sua produção é correspondente a 70% do parque industrial do município de Cotia – e inclui marcas e empresas de grande porte nos ramos de autopeças, alimentação, metalurgia, gráfica, estamparia, informática, serigrafia, químicos, serviços, olaria, horticultura, madeiras, plásticos e outros.

História e geografia. As terras que hoje são consideradas como "Granja Viana" eram pertencentes à Fazenda Carapocuyba que compreendia também áreas de Osasco e Embu das Artes. A fazenda foi posteriormente desmembrada e dividida entre dezenas de proprietários, incluindo Niso Vianna (que manteve o nome da fazenda em sua propriedade); José Giorgi, dono da Fazenda Cabanas (ou Moinho Velho); e a família Junqueira de Aquino, dona da Fazendinha.

O núcleo principal da fazenda veio a ser chamado de Granja Vianna. Seu dono, Niso Vianna, era rotariano e industrial do ramo de fertilizantes. Fundou a Escola Lar Rotary (que em 1982 passou a ser o Colégio Rio Branco) e ajudou na construção da Igreja Santo Antônio (à qual sua esposa, Vanetty Vianna era devota). O nome "Granja" veio após Niso adquirir mais terras, importar gado do exterior e passar a dedicar-se à produção de leite e queijo. Em 26 de julho de 1959, foi fundada a Sociedade Amigos da Vila de Santo Antônio de Carapicuíba, substituída, em 1980, pela Sociedade Amigos do Bairro da Granja Vianna.

Na segunda metade do século XX, a Granja virou um dormitório para famílias paulistanas de alta renda, passando a ter uma série de empreendimentos de alto padrão. Já no século XXI, passou a atrair empresas e mais moradores, tornando-se um distrito de alta densidade, incompatível com sua infraestrutura.

Hoje a Granja Viana conta com opções de cultura e lazer, como o Kartódromo Internacional Granja Viana, o Parque Cemucam (pertencente à cidade de São Paulo) e o Templo budista Zu Lai.


O geógrafo Aziz Ab'Saber, morador do bairro, criticou em 1991 o desenvolvimento do local:

"'[...] o modo simples que os povos antigos do Peabiru tinham de conviver com a Natureza e como os conquistadores portugueses souberam captar, além da conquista sanguinária..., essa singeleza no trato com a floresta, a água e os animais, de sorte que em nossa região, tanto na Caucaia como na Granja Vianna, ainda hoje verificamos esse trato na abertura de espaços para moradia feita por populares, e o mal [sic] trato da corrupção pública e privada que rasga e destrói a malha geológica para abairrar, para adensar gente e empreendimentos em territórios que não aguentam por falta de estrutura natural.
[...] Olha, aqui, na Granja Vianna, os políticos de Cotia permitiram tal adensamento que o abairramento asfixiou socialmente a região, e nem sei se uma separação administrativa poderá, agora..., resolver o caros urbanos instalado!m”



JORGE WILHEIN



Jorge Wilheim. Nascido em Trieste, na Itália, descendente de judeus húngaros, Wilheim se mudou com a família para o Brasil em 1940, aos 11 anos de idade, em meio a II Guerra Mundial. Como urbanista, atuou em obras no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Bahia. Entre 1975 e 1979 foi secretário estadual de economia e planejamento de São Paulo. Em sua gestão fundou as estatais EMTU e a Fundação Procon SP, além de ter criado o Vale-transporte. Na década de 1980 sua empresa de arquitetura e urbanismo foi vencedora do concurso de reforma do Vale do Anhangabaú, supervisionando a implantação do projeto do novo Vale. Morreu em 14 de fevereiro de 2014 devido a complicações após um acidente de carro. Seu corpo foi velado no Hospital Albert Einstein e enterrado no Cemitério Israelita do Butantã. Wilheim era casado e deixou esposa, irmã, dois filhos e netos.[Textos e imagens da Wikipedia]

HOSPITAL DO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL

Revista Acrópole, 1961.







EDUARDO LONGO, A CARA DE SÃO PAULO



Casa Bola na Rua Amauri,  Obra do arquiteto Eduardo Longo. #SPFotos. 



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A CALÇADA DE MIRTHES BERNARDES





Quem criou o “piso paulista”, a tradicional calçada de São Paulo?

O “piso paulista”, como ficou conhecido este calçamento, chegou primeiro à Av. Faria Lima, depois na Av. Amaral Gurgel e até na tradicional esquina da Av. Ipiranga com a Av. São João.

Contornos que representam o mapa do estado de São Paulo, em um formato geométrico que passou a simbolizar a cidade paulistana a partir de suas calçadas. Você sabia que uma artista e arquiteta foi a criadora deste símbolo? Tudo começou em um concurso cultural, em 1965, para a escolha daquele que seria o padrão das calçadas paulistanas. Mirthes Bernardes, na época desenhista da Secretaria de Obras, entrou no concurso, mas não imaginava que logo o seu desenho seria o eleito como ganhador.

Mirthes considerava simples o esboço que tinha feito, e não imaginava que ficaria entre os quatro finalistas. A votação final seria feita após a aplicação dos desenhos nos ladrilhos da Av. Consolação. A criação de Mirthes concorria com um desenho de grãos de café e outro que representava pés caminhando. “Foi uma festa com meus colegas. Concorri e trabalhava com arquitetos. Foi muito legal, fiquei feliz”, disse em entrevista ao blog Perfis Paulistanos.

Mesmo não tendo a pretensão de ganhar o concurso, para a criação Mirthes tinha se inspirado em um símbolo bastante famoso: as ondas do calçadão de Copacabana. Sem copiar a ideia, a inspiração fez com que contornos simples passassem a representar a capital paulistana, assim como havia sido no Rio de Janeiro. E o símbolo não se restringiu apenas ao calçamento da cidade, mas ao longo dos anos chegou aos souvenirs, propagandas e até aos chinelos.


O “piso paulista”, como ficou conhecido este calçamento, chegou primeiro à Av. Faria Lima, depois na Av. Amaral Gurgel e até na tradicional esquina da Av. Ipiranga com a Av. São João. Hoje, entretanto, os tradicionais ladrilhos aos poucos estão sumindo das calçadas paulistanas, sendo substituídos por concreto, cinza, não mais com o símbolo tão tradicional da cidade.

O reconhecimento da artista. Mirthes, mesmo com a representatividade que o desenho ganhou, após ter vencido o concurso não recebeu valores ou direitos pela criação. Os anos se passaram e a artista continuou lutando pelo reconhecimento, mas não disfarça o desapontamento por não ter alcançado este objetivo e por ver a cada dia a substituição dos ladrilhos com seu desenho nas calçadas paulistanas. “Qualquer piso desses que está aí em São Paulo está esculhambado. Vão passando por cima, vão tapando buracos ao invés de restaurar”, disse em entrevista à Folha de S. Paulo.

A arquiteta e artista já passou dos 80 anos e permanece desenvolvendo trabalhos artísticos, com cobre e esmalte. Seu engajamento sempre esteve presente nos trabalhos que desenvolvia, incluindo a Fundação Casa e a Secretaria de Cultura do Estado. Tudo isso em paralelo à arte.

Apesar de não guardar objetos que remetam ao símbolo, a matéria publicada no jornal “Diário da Noite”, seis anos após o concurso, ainda está em uma pasta da artista. A matéria conta a história do concurso e de Mirthes, a ganhadora – história essa que foi adaptada para atualidade através até mesmo de enredo de escola de samba, sendo o tema da Mocidade Alegre, no desfile em 2007, em São Paulo.

Patrimônio Histórico? As calçadas na cidade de São Paulo, conforme a possibilidade de que cada morador e comerciante cuide do seu pedacinho de calçamento, se tornaram desiguais e, na maioria dos exemplos, mal conservadas. A troca do “piso paulista” pela calçada de concreto é justificada pela Prefeitura como um modo de aumentar a drenagem.

O fato de não ser tombado faz com que os ladrilhos possam ser substituídos facilmente, o que leva à defesa por especialistas de que a solução seria a consideração dos ladrilhos como patrimônio histórico, ou que ao menos houvesse a mudança quanto a quem cabe a responsabilidade pelas calçadas, retornando então ao município.

Até que mudanças sejam feitas, o incentivo a que os paulistanos conheçam o trabalho da artista Mirthes Bernardes chegou até a exposição que está em cartaz em exposição “São Paulo Não É Uma Cidade”, no recém-inaugurado SESC 24 de Maio, chamando a atenção do público para o trabalho e a contribuição à cidade.

Fonte: Blog da Arquitetura

OS CLUBES E SUAS ÉPOCAS

Baile de debutantes no Aristocrata, clube fundado no Grajaú no início dos anos 1960

Entre 1821 e 1924 foram fundados cerca de 100 clubes reunindo em suas sedes as mais diversas categorias e segmentos da sociedade brasileira. O primeiro clube a ter as característica dessas agremiações, isto é, registro formal, sede, sócios, diretoria constituída, estatutos e atividades ofertadas de forma aberta ou privativa, foi o clube Sociedade Germânia, no Rio de Janeiros fundado em 20 de agosto de 1821. Em São Paulo essa tendência teve praticamente as mesmas características de formação e organização. Com a mudança de costumes, os espaços e hábitos ocupados e oferecidos pelo clubes foram afetados tendo suas sedes transformadas em novos empreendimentos, geralmente imobiliários.

Esse hábito essencialmente europeu foi amplamente difundido em todos os continentes onde se instalavam os negócios desenvolvidos pela nações industrializadas, quase sempre apoiadas pelo sistema financeiro já bem desenvolvido e em franca expansão na época. O caráter étnico estrangeiro, bem como o regional, foi marcante também na formação dos clubes paulistano e paulistas, funcionando como pontos de referência cultural e das tradições desses grupos, dos mais simples aos mais sofisticadas.  Na medida em que a cidade foi crescendo e atraindo essa diversidade populacional os clubes vão surgindo e se espalhando nos seus respectivos territórios.  

O clube torna-se então a organização social perfeita e privativa para reunir pessoas de interesses afins, substituindo e aprofundando os negócios políticos e econômicos. Nele o entrelaçamento era mais amplo e permitia a participação de familiares. Enquanto a sociedade urbana se caracterizava pela dispersão e isolamento, os clubes, como as igrejas e  estabelecimentos comerciais, funcionavam como pontos agregadores. Mesmo rompendo os limites urbanos, surgindo no campo e na praia, os clubes continuaram sendo referência  de organização mais utilizada pelos grupos, sempre combinando lazer, cultura e negócios. 

Além dos serviços comuns de bar, restaurante, são de beleza para homens e mulheres, os clubes eram também centros esportivos, atraindo aficionados em diversas modalidades, desde o simples jogos de cartas até as grande competições das inúmeras modalidades atléticas, consideradas mais abrangentes aos sócios de todas a idades. 

O contato social promovido pelos clubes era o alimento da civilidade e da cultura dos seus fundadores, difundindo e reforçando hábitos, costumes e também ideias. As reuniões festivas e de lazer, que antes eram restritas aos lares e igrejas, expandiram imensamente com a criação dos clubes , de todos os tamanhos, características e objetivos. Esse fenômeno essencialmente urbano e burguês teve um papel fundamental no desenvolvimento das cidades e seus segmentos. 

São Paulo, 1958: Baile de Debutantes do Clube Atlético Paulistano. 



Muitos clubes tiveram existência efêmera e muitos outros ultrapassaram a marca secular de funcionamento. Os primeiros clubes de São Paulo, por exemplo, tinham ao mesmo tempo suas instalações em pontos centrais da cidades e também áreas periférica, mais próximas da natureza, como foi os caso dos que tinha atividades esportivas aquáticas. 

A maioria dos estádios de futebol, públicos ou privados, surgiram em regiões afastadas do centro por causa da disponibilidade de áreas mais amplas de baixo custo na época da suas fundações. Com o passar dos anos, essas sedes de campo tiveram seus entornos ocupados por bairros e vilas de moradias e também de empresas de grande porte, como as fábricas. 

 Mesmo centenários e atingidos pelas sucessivas mudança de costumes, muitos clubes resistiram ao tempo se renovando e reinventando suas atividades.

Será que os clubes vão resistir à redes sociais digitais?

È possível que sim, pois muitas atividades esportivas e sociais não perderam e nem vão perder suas característica presencial como as festas e práticas esportivas específica e que exigem espaços físicos.


O Ilha Porchat Club na Praia do Itararé em São Vicente nos anos nos anos 1980. O clube fundado por veranistas paulistanos e  do litoral nos anos 1960 e ficou famoso pelo baile "Uma Noite nos Mares do Sul", transmitido pela TV Bandeirantes. Hoje está desativado e pode ser demolido para dar lugar a um empreendimento imobiliário. 


OS CLUBES PAULISTAS MAIS ANTIGOS


Desportistas do Clube de Regatas Tumiarú em foto de de 1925 em São Vicente. Fundado 20 anos antes, sua sede náutica original foi cedida ao governo do estado para a construção da Ponte Pênsil em 1910. Existe até hoje com sede social no centro da cidade e uma sede náutica próxima ao antigo Porto da Naus.


Nessa lista de clubes mais antigos do Brasil encontramos dezenas de agremiações da Capital, interior e litoral. O número que antecede a data de fundação e sua identificação representa a sua posição no ranking nacional de antiguidade:  


4 16/07/1857 CLUBE SEMANAL DE CULTURA ARTÍSTICA / SP

14 12/06/1869 CLUBE XV DE SANTOS / SP

15 17/05/1870 CLUBE CONCÓRDIA / SP

20 14/03/1875 JOCKEY CLUBE DE SÃO PAULO / SP

23 19/09/1877 JOCKEY CLUB CAMPINEIRO / SP

28 01/03/1882 CLUBE ARARAQUARENSE / SP

37 08/09/1885 CLUBE OITO DE SETEMBRO / SP

45  15/08/1889 SANTOS ATLÉTICO CLUBE / SP

47 3/05/1888 CLUBE ATLÉTICO SÃO PAULO / SP

54 03/04/1893 CLUBE REGATAS SANTISTA / SP

62 06/01/1895 CENTRO ESPANHOL E REPATRIAÇÃO DE SANTOS / SP

64 18/04/1895 SOCIEDADE RECREATIVA ESPORTIVA PINHALENSE / SP

72 29/06/1896 CLUBE UNIÃO RECREATIVO / SP

74 05/08/1896 GRÊMIO RECREATIVO DOS EMPREGADOS DA CIA PAULISTA DE ESTRADA DE FERRO-RIO CLARO / SP

75 27/08/1896 CLUBE ATLÉTICO CAMPINAS / SP

78 01/08/1897 CLUBE RECREATIVO ATIBAIANO / SP

80 22/08/1897 SOCIETÁ ITALIANA DE SANTOS / SP

84 24/05/1898 CLUBE INTERNACIONAL DE REGATAS / SP

90 07/09/1899 ESPORTE CLUBE PINHEIROS / SP

91 01/11/1899 CLUBE ESPERIA / SP

98 11/08/1900 ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA PONTE PRETA / SP

99 15/11/1900 GRÊMIO RECREATIVO 

DOS EMPREGADOS DA CIA PAULISTA DE ESTRADA DE FERRO / SP

100 30/11/1900 CLUB ATHLÉTICO PAULISTANO / SP

101 01/01/1901 SÃO PAULO GOLF CLUBE / SP

103 21/04/1901 SOCIEDADE FILARMÔNICA PIETRO MASCAGNI / SP

104 13/05/1901 SOCIEDADE BENEFICENTE CLUBE 13 DE MAIO / SP

109 16/01/1902 SOCIEDADE BENEFICENTE SÍRIA LIBANESA / SP

110 02/02/1902 ASSOCIAÇÃO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO DE TAUBATÉ / SP

113 18/02/1902 GRÊMIO PAULISTA DE JAÚ / SP

12/06/1902 CLUBE DE XADREZ DE SÃO PAULO / SP

123 14/07/1903 CLUBE RECREATIVO SALDANHA DA GAMA / SP

133 19/07/1905 CLUBE RECREATIVO BENEFICENTE DE CONCHAS / SP

Foto dos remadores José Ferreira de Andrade e  e Antônio Rocha, do Clube de Regatas Tumiaru, de São Vicente-SP, publicada em 1938 na capa da revista argentina El Gráfico, quando da sua chegada em Buenos Aires 

134 22/12/1905 CLUBE DE REGATAS TUMIARU / SP

138 10/07/1906 CLUBE ATLÉTICO YPIRANGA / SP

144 01/09/1907 CLUBE ATLÉTICO PIRASSUNUNGUENSE / SP

147 07/09/1908 ESPORTE CLUBE PALMEIRENSE / SP

152 21/01/1909 ASSOCIAÇÃO ROCINHENCE DE FUTEBOL / SP

155 09/05/1909 RIO CLARO FUTEBOL CLUBE / SP

156 15/05/1909 ASSOCIAÇÃO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO DE FRANCA / SP

157 17/05/1909 PAULISTA FUTEBOL CLUBE / SP

159 12/09/1909 CLUBE RECREATIVO DE CRAVINHOS / SP

164 26/04/1910 GRÊMIO LITERÁRIO E RECREATIVO DE BARRETOS / SP

165 13/05/1910 ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA ORLÂNDIA / SP

166 28/08/1910 ASSOCIAÇÃO ESPORTIVA VELO CLUBE RIOCLARENSE / SP

167 01/09/1910 ESPORTE CLUBE NOROESTE / SP

168 01/09/1910 SPORT CLUB CORINTHIANS PAULISTA / SP

169 25/09/1910 ESPORTE CLUBE UNIÃO / SP

173 02/04/1911 GUARANI FUTEBOL CLUBE / SP

174 13/04/1911 CÍRCULO ITALIANO SAN PAOLO / SP

176 30/04/1911 JABOTICABAL ATLÉTICO / SP

179 08/07/1911 RIBEIRÃO PIRES FUTEBOL CLUBE / SP

180 31/07/1911 SOCIEDADE HÍPICA PAULISTA / SP

183 10/10/1911 COMERCIAL FUTEBOL CLUBE / SP

185 14/04/1912 SANTOS FUTEBOL CLUBE / SP

191 13/08/1912 PORTO FERREIRA FUTEBOL CLUBE / SP

204 14/04/1913 CLUBE SÃO JOÃO / SP

205 04/05/1913 TÊNIS CLUBE DE CAMPINAS / SP

211 15/08/1913 ASSOCIAÇÃO ESPORTIVA SÃO JOSÉ / SP

212 18/08/1913 1º DE MAIO FUTEBOL CLUBE / SP

213 21/08/1913 BRASIL FUTEBOL CLUBE / SP

214 04/09/1913 RIO BRANCO ESPORTE CLUBE DE AMERICANA / SP

216 05/10/1913 ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA INTERNACIONAL DE LIMEIRA / SP

220 15/11/1913 ESPORTE CLUBE XV DE NOVEMBRO / SP

225 19/03/1914 RIO PARDO FUTEBOL CLUBE / SP

233 26/07/1914 ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA SÃO PAULO / SP

236 26/08/1914 SOCIEDADE ESPORTIVA PALMEIRAS / SP

237 03/09/1914 CRUZEIRO FUTEBOL CLUBE / SP

240 01/11/1914 ESPORTE CLUBE TAUBATÉ / SP

241 14/11/1914 UNIÃO AGRICOLA BARBARENSE FUTEBOL CLUBE / SP

242 15/11/1914 JABAQUARA ATLETICO CLUBE / SP

266 21/04/1918 ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA BOTUCATUENSE / SP

267 28/04/1918 CLUBE CAMPINEIRO DE REGATAS E NATAÇÃO / SP

269 12/10/1918 BOTAFOGO FUTEBOL CLUBE / SP

270 12/10/1918 CAPIVARIANO FUTEBOL CLUBE / SP

275 01/05/1919 BAURU ATLETICO CLUBE / SP

280 18/09/1919 BATATAIS FUTEBOL CLUBE / SP

283 13/05/1920 RIO PRETO AUTOMOVEL CLUBE / SP

285 14/08/1920 ASSOCIACAO PORTUGUESA DE DESPORTOS / SP

291 22/04/1922 BONFIM RECREATIVO E SOCIAL / SP

292 11/03/1923 BANDEIRANTE ESPORTE CLUBE / SP

293 25/03/1923 SAMPAIO CORRÊA FUTEBOL CLUBE / MA

294 21/04/1923 ASSOCIAÇÃO ATLÉTICA BARRA BONITA / SP

300 12/01/1924 PALMEIRAS FUTEBOL CLUBE / SP

302 20/04/1924 CLUBE ATLÉTICO JUVENTUS / SP

308 26/08/1924 CLUBE ATLÉTICO PARQUE DA MOOCA / SP

309 07/09/1924 CASTANHAL ESPORTE CLUBE / PA

310 15/11/1924 ESPORTE CLUBE XV DE NOVEMBRO / SP

Fonte: Federação Nacional dos Clubes. Atualizado em julho de 2024


O FUTEBOL PAULISTA E SEUS ESTÁDIOS



Charles William Miller (São Paulo, 24 de novembro de 1874 – 30 de junho de 1953) foi um esportista brasileiro, considerado o "pai" do futebol e do rugby no Brasil.


Filho de um pai escocês chamado John d'Silva Miller, que veio ao Brasil para trabalhar na São Paulo Railway Company, e uma mãe brasileira de ascendência inglesa chamada Carlota Antunes Fox, nasceu perto da estação ferroviária da mesma companhia em São Paulo. Aos dez anos, foi estudar na Inglaterra. Desembarcou em Southampton, no sul das ilhas britânicas, e aprendeu a jogar futebol na Bannister Court School. Atuando como jogador, árbitro e dirigente desde o princípio - e mais tarde apenas nas duas últimas funções - foi um entusiasta do desporto em geral, sendo também fundador da Associação Paulista de Tênis, com sede, inicialmente, em Sorocaba.


Hans Nobiling trouxe para o Brasil diversos 'apetrechos' para jogar futebol
Centro Pró-Memoria Hans Nobiling



Sem sombra de dúvidas Charles Miller, ao lado de Hans Nobiling, Arthur Friedenreich, Fritz Essenfelder, Hermann Friese, Oscar Alfredo Cox, Belfort Duarte (entre outros) foi um dos grandes propagadores do futebol no Brasil. Além de ser um dos principais nomes responsáveis pela disseminação do futebol no Brasil, Charles Miller também foi um dos responsáveis por introduzir o polo aquático no Brasil. Neste último esporte, porém, não obteve o mesmo incentivo e apoio que obteve ao difundir o futebol. Assim, perdeu-se o interesse e o foco no polo aquático, que mais tarde viria a ser impulsionado novamente por Flávio Vieira.


Os fundadores da Liga Paulista de Futebol. Da esq. p/ dir.: (Sentados) Antônio Casemiro da Costa, ex-capitão do Internacional; Charles Miller, fundador do São Paulo Athletic; Hans Nobiling, do Germania e Ibañes Salles do Paulistano

Da dir. p/ esq. (Em pé) Hermann Friese,grande jogador do Germania; Artur Friendereich, um dos maiores jogadores do Brasil; Dr. Jessei, do Mackenzie; Leopoldo Villa Real, fundador do Internacional; José Sobral (Gazuza), jogador do Internacional e Paulo Varzea, jornalista
Centro Pró-Memoria Hans Nobiling.


Hans Nobiling ao centro, de bigode, junto com o primeiro time de futebol do Germânia em 1899
Centro Pró-Memoria Hans Nobiling


***

Em 1884 ele foi mandado para uma escola pública em Hampshire, na Inglaterra, onde aprendeu a jogar futebol, rugby e críquete. Enquanto estava nesta escola, jogou por eles contra os times Corinthians Team e o de St. Mary's. Retornou ao Brasil em 18 de fevereiro[ de 1894 para trabalhar na São Paulo Railway (posteriormente Estrada de Ferro Santos-Jundiaí (EFSJ), como seu pai, tornando-se também correspondente da Coroa Britânica e vice-cônsul inglês em 1904. Trouxe na bagagem duas bolas usadas, um par de chuteiras, um livro com as regras do futebol, uma bomba de encher bolas e uniformes usados. No dia 14 de abril de 1895, na Várzea do Carmo, no Brás, em São Paulo, foi realizada a primeira partida de futebol do Brasil, disputada de forma organizada, entre os funcionários da Companhia de Gás de São Paulo (São Paulo Gaz Company) e da Companhia Ferroviária de São Paulo (São Paulo Railway Company) onde o São Paulo Railway, o time de Charles Miller, venceu por 4–2.[6]


Charles Miller no St. Mary's (Southampton F.C.) -1893-94

Miller foi fundamental na montagem do time do São Paulo Athletic Club (SPAC) e a Liga Paulista de Futebol, a primeira liga de futebol no Brasil. Com ele como artilheiro, o SPAC ganhou os três primeiros campeonatos em 1902 de 1903 e 1904. Jogou no clube até 1911, quando ganhou sua última Liga Paulista. Depois disso, no ano seguinte ele se aposentou e começou a atuar como árbitro.

Foi casado com Antonieta Rudge, uma das grandes pianistas brasileiras de prestígio internacional, cuja descendência ficou conhecida como Família Rudge Miller. Esta, no entanto, o abandonou na década de 1920 para viver com o poeta Menotti Del Picchia. Sua biografia foi relatada pela primeira vez pelo historiador John R. Mills, em um livro traz detalhes da carreira, do casamento, do time de coração, dos negócios, da família de Miller.

Títulos: SPAC. Campeonato Paulista: 1902, 1903, 1904, 1911
Artilharia: Charles Miller foi artilheiro do Campeonato Paulista de Futebol em duas ocasiões. No Campeonato Paulista de 1902 e no Campeonato Paulista de 1904 (junto ao companheiro de São Paulo Athletic Herbert Boyes). Campeonato Paulista de 1902: 10 gols.Campeonato Paulista de 1904: 9 gols
Logradouro. Posteriormente, passou a dar nome à praça onde fica o Estádio do Pacaembu, em São Paulo, a Praça Charles Miller.


Estádio  do Pacembú. 
Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, mais conhecido por Estádio do Pacaembu ou simplesmente Pacaembu, é um estádio desportivo localizado na praça Charles Miller, no final da avenida Pacaembu, no bairro do Pacaembu,[na zona central da cidade de São Paulo, no Brasil. Foi inaugurado na década de 1940 com capacidade para 70 mil espectadores e, na época, era considerado o mais moderno estádio da América do Sul. Também abriga o Complexo Esportivo do Pacaembu, que contém estruturas para atividades físicas variadas. Ali também está o Museu do Futebol.  Foi um dos principais palcos da Copa do Mundo de 1950. O estádio foi tombado pelo CONDEPHAAT, em 1998, em virtude de seu estilo Art Déco, característico da época em que foi construído.[Textos e imagens da Wikipedia]

Início da construção do Estádio do Pacaembu no final dos anos 1930

Inauguração do Estádio do Pacaembu, em 27 de abril de 1940. Mídia sob a guarda do Arquivo Nacional.

Vista da Praça Charles Miller  e do Estádio Paulo Machado de Carvalho, popular Pacaembu, em fotografia de meados da década  de 1960. São Paulo Antiga. 

OS ESTÁDIOS CANINDÉ, PARQUE ANTÁRTICA, MOOCA


Antigo estádio da Portuguesa de Desportos no Canindé. 


Novo estádio da Portuguesa. Em 1956, a Portuguesa adquiriu o imóvel no bairro do Canindé, do seu proprietário, Wadih Sadi,[5] um sócio do São Paulo, que comprara o imóvel do próprio clube, que usou o dinheiro nas obras do Estádio do Morumbi. No local havia apenas uma pequena infraestrutura, que incluía um campo para treinos, um pequeno salão, vestiários e outras dependências de treinamento. Para que pudessem ser realizadas partidas oficiais no local e atender às exigências da Federação Paulista de Futebol, foram realizadas várias reformas, levantados alambrados e uma arquibancada provisória de madeira. Estas primeiras arquibancadas acabaram conferindo ao estádio o apelido carinhoso de "Ilha da Madeira" — título que, além de ser alusivo à condição da edificação, também se refere à ilha portuguesa, tendo as suas arquibancadas de madeira existido até 1962. Com tais características, o Canindé recebeu sua primeira partida oficial em 11 de novembro de 1956, quando a Portuguesa venceu um combinado dos rivais Palmeiras e São Paulo por 3 a 2. Nelsinho do São Paulo fez o primeiro gol desta partida no estádio ainda de madeira. Com o nome de Estádio Independência, o Estádio do Canindé foi inaugurado oficialmente em 9 de janeiro de 1972, com a partida Portuguesa 1×3 Benfica.[7] Nessa inauguração oficial o estádio já contou com arquibancadas de concreto, mas sua capacidade ainda era de apenas dez mil espectadores. O árbitro foi Oscar Scolfaro, com gols de Vitor Batista, Jordão, Marinho Peres (pênalti) e Simões (pênalti). A Portuguesa jogou com Aguilera, Deodoro, Marinho Peres, Calegari e Fogueira; Lorico e Dirceu (Luís Américo); Ratinho (Xaxá), Cabinho, Basílio e Piau; o Benfica, com José Henrique, Da Silva, Messias, Rui Rodrigues e Adolfo; Toni e Vitor; Nenê (Artur), Vítor Batista, Jordão e Simões. Em 1979, o presidente Manuel Mendes Gregório rebatizou o estádio com o atual nome de Estádio Dr. Oswaldo Teixeira Duarte, homenageando seu predecessor na presidência do clube.[8] A capacidade total foi ampliada para 28.500 espectadores sentados. Anteriormente à construção deste estádio, porém, foi encomendado ao arquiteto João Batista Vilanova Artigas (que já havia projetado o Estádio do Morumbi na década anterior) um estudo para o estádio-sede do clube, no mesmo local. Este estudo — caracterizado por arquibancadas triangulares e por estar aberto às marginais —, porém, foi descartado em favor do projeto que constitui o atual estádio.[Textos e imagens da Wikipedia]


O Canindé e o rio Tietê na de década de 1940


O Estádio Palestra Itália, também conhecido popularmente como Parque Antarctica, foi o primeiro estádio de futebol pertencente à Sociedade Esportiva Palmeiras, localizado no distrito da Barra Funda, na zona oeste da cidade. No final do século XIX, a Companhia Antarctica Paulista criou o Parque da Antarctica, um espaço de lazer de trezentos mil metros quadrados para seus funcionários, próximo à fábrica, contendo uma vasta área verde (com um pequeno lago, coreto e bosques), parque infantil, restaurantes, choperia e áreas para a prática esportiva (incluindo pistas de atletismo, quadra de tênis e um dos primeiros campos de futebol da cidade). Com a chegada e a expansão do futebol, esse espaço passou a ser cada vez mais requisitado, e a empresa aproveitou a oportunidade ao alugar o campo de futebol para pequenos clubes da cidade no início do século XX. Além de se tornar um dos principais campos para a prática do futebol, o parque era referência para uma série de eventos ao ar livre, como exibições de boxe e até corrida de automóveis. Em julho de 1908, sediou a primeira corrida automobilística disputada na América do Sul, o "Circuito de Itapecerica", que terminou com vitória do paulista Sílvio Penteado. Em 1920, o América afundou-se em problemas financeiros e acabou extinto. Em meio a isso, o Palestra Italia efetuou a compra do terreno, incluindo não apenas o estádio, mas também todas as outras instalações esportivas, pelo valor total de 500 contos de réis, sendo 250 contos à vista e outras duas parcelas anuais de 125 contos cada, além de um contrato perpétuo de venda dos produtos da Companhia Antarctica nas dependências do estádio. Na época, isso chegou a ser chamado de "A Loucura do Século", porque muitos duvidaram que o Palestra pudesse pagar as prestações, já que era um clube ainda com poucos anos de existência e poucos recursos. Realmente, em 1922 o Palestra Italia não tinha condições de pagar a última parcela, e a solução foi vender uma parte do terreno para as Industrias Matarazzo (o terreno onde hoje existe um shopping center). O Estádio Palestra Italia (assim como o atual Allianz Parque, hoje) era considerado um dos estádios mais acessíveis da capital paulista (assim como o Pacaembu). Localizado na Rua Turiaçu, 1840, no bairro da Água Branca (limite entre os bairros da Barra Funda e de Perdizes), no chamado "centro expandido" da cidade de São Paulo, ficava às margens das linhas 7 e 8 do Trem Metropolitano de São Paulo (antigas Estrada de Ferro Santos Jundiaí e Estrada de Ferro Sorocabana, respectivamente) e do Metrô, com as estações Palmeiras–Barra Funda e Água Branca.

Instalações do estádio do Palestra Itália no início do século XX

JUVENTUS DA RUA JAVARI



De Alameda Javry à Rua Javari – o estádio do Juventus na Mooca. O estádio e o clube mais tradicionais da capital paulista.

Orra meu, o começo de tudo! A história começa na fábrica de manufatura de tecidos da Família Crespi e seus dois times de futebol de várzea: o Extra São Paulo F.C., e o Cavalheiro Crespi F.C. Da união dos dois times, surgiu o Cotonifício Rodolfo Crespi F.C. em 20 de abril de 1924, mantendo as cores do Extra e a sede social do Cavalheiro, na Rua dos Trilhos, no antigo nº 42. O dono da fábrica de tecidos, o imigrante italiano Cavalheiro Rodolfo Crespi, em um gesto de profunda gratidão, deu ao clube que carregava o nome de sua família e de sua fábrica, um espaço para que o futebol, que nessa época começava a se popularizar na cidade, pudesse ser jogado em melhores condições. O terreno cedido pelo Cavalheiro, que era usado como cocheira de cavalos, era amplo e estava situado na Alameda Javry, nº 117 – hoje Rua Javari. Naquele momento, mesmo que ainda não existisse, o Clube Atlético Juventus já era um pequeno bebê, dando seus primeiros passos.

O papel do Conde Rodolfo Crespi.. Simplesmente, o nome mais influente do clube, cedeu o espaço para jogo, que hoje é o estádio da Rua Javari. Antes de ser Juventus, o clube levava o nome do Conde, e se o Cotonifício Rodolfo Crespi se tornou Clube Atlético Juventus, foi por influência do Conde. Em uma assembleia realizada buscando melhorias para o clube, para que o futebol se tornasse algo muito mais sério do que já era ali, foi decidido que o nome da agremiação seria mudado, bem como suas cores. O Conde Rodolfo Crespi havia feito uma viagem à sua terra natal, Itália, e lá acompanhou uma partida de futebol entre Juventus e Torino, jogo conhecido como o Clássico de Turim. Encantado com a peleja e com os dois times, ele deu a ideia de homenagear esses dois clubes na nova agremiação que estava para ser criada da zona leste de São Paulo. Juntaram o nome do Juventus Football Club, e as cores grená do Torino Football Club. Nasceu de vez, no dia 19 de fevereiro de 1930, por intermédio do Conde, o Clube Atlético Juventus. Rodolfo Enrico Crespi foi um dos maiores industriários paulistanos do século XX, e o sucesso do italiano em terras tupiniquins rendeu a ele duas honrarias do Rei da Itália na época, Vítor Emanuel II: em 1907 recebeu o título de Cavalheiro pela Ordem de Mérito do Trabalho e em 1928, recebeu o título de Conde. Sua esposa era a Condessa Marina, e eles juntos tiveram quatro filhos: os Condes Raul, Dino e Adriano, e a Condessa Renata. O filho Adriano Crespi seguiu os passos do pai no Juventus, e foi o segundo presidente da história do clube. Todos esses feitos tornaram o Conde Rodolfo Crespi um ídolo do clube e da torcida. Eterno e imortalizado. Além de ter sido o primeiro presente do Juve, ele ganhou o título de Presidente Honorário Perpétuo, e o estádio do time leva o seu nome: Estádio Conde Rodolfo Crespi, o Templo da Rua Javari. PMSP


Há seis décadas, Pelé, com seus 19 anos, surpreendeu cerca de 10 mil espectadores presentes na Rua Javari em um jogo entre Santos e Juventus, pelo Campeonato Paulista de 1959. Naquele 2 de agosto, o Rei do Futebol marcou o considerado gol mais bonito de sua carreira; veja no vídeo acima. Após receber passe de Dorval, o ex-atacante distribuiu quatro chapéis, incluindo um no goleiro Mão de Onça, e, de cabeça, estufou a rede do Moleque Travesso. Era o quarto gol do Peixe na partida, o terceiro de Pelé. Um golaço sem precedentes e que nunca mais foi reproduzido. O tento, apesar de histórico e de ser o preferido do Rei, carece de registros. Corpo e Ação . TV Tribuna-Globo


PARQUE SÃO JORGE E ARENA CORÍNTHIANS




Parque São Jorge, tradicionalmente conhecido como Fazendinha, é a sede social do Sport Club Corinthians Paulista. Está localizado no bairro do Tatuapé, na zona leste de São Paulo. São mais de 158 mil m² de área, que abriga o maior conjunto aquático brasileiro, bosques arborizados, ginásios poliesportivos, playground, quadras, espaços para eventos e completa estrutura para alimentação com restaurante e lanchonetes. Conta ainda com uma academia completa, locais para práticas desportivas e no Memorial com a exposição permanente de diversos materiais para ilustrar a paixão de toda uma nação, utilizando da tecnologia para transmitir a sua história singular. Além do Estádio Alfredo Schürig, utilizado pelas categorias de base de futebol masculino, futebol feminino e para jogos do time do Corinthians Steamrollers de Futebol Americano.


História da Arena Corinthians – Estádio Itaquerão. Por várias décadas, dirigentes do Corinthians prometeram construir um novo estádio para o clube, já que o Estádio do Parque São Jorge (Estádio Alfredo Schürig) tem capacidade inferior a 18 mil espectadores. Uma das primeiras promessas foi anunciada em 1968, pelo então presidente Wadih Helu, de construir um estádio coberto para 135 mil pessoas. Mais tarde, ele afirmou que compraria o Pacaembu. Depois, lançou uma campanha de venda de alguns títulos patrimoniais e de carnê de prêmios com o objetivo de arrecadar recursos para a construção do “Corinthião”. Entre as décadas de 1950 e 1960, o presidente Vicente Matheus sonhava em construir um estádio para mais de 200 mil torcedores. Como o plano exigia uma grande área, Matheus solicitou à Prefeitura Municipal de São Paulo um terreno localizado em Itaquera, na zona leste de São Paulo, que à época era de propriedade da Cohab, e uma projeção de construir o estádio entre três a cinco anos. Em novembro de 1978, o pedido foi atendido pelo então prefeito Olavo Setúbal, que aprovou a concessão de uma área de 197 mil metros quadrados por 90 anos. Em 1988, a concessão foi renovada por 90 anos, com a condição de que qualquer construção feita na área devesse ser revertida para a cidade sem nenhum custo. Sem obter financiamento, o projeto de Matheus acabou sendo arquivado. Ainda na década de 1980, durante a Democracia Corintiana, o plano do presidente Waldemar Pires era cobrir e elevar a capacidade do estádio do Parque São Jorge para 41 mil lugares. O ídolo Sócrates chegou a fazer propaganda do lançamento da pedra fundamental do estádio em anúncio veiculado na Rede Globo. Durante a gestão de Alberto Dualib, novos projetos fracassaram. Em meados da década de 1990, a parceria com o Banco Excel previa a construção de um estádio às margens da Rodovia dos Bandeirantes ou da Ayrton Senna. Pouco depois, outra parceira do clube com a Hicks, Muse, Tate & Furst, que prometeu um estádio na região da Rodovia Raposo Tavares, zona oeste da capital paulista, com capacidade entre 40 e 50 mil lugares, para ser entregue até 2002. Com o novo fracasso, cogitou-se retomar algum projeto em Itaquera ou mesmo demolir o Estádio Alfredo Schurig e construir um novo no mesmo local. Na terceira parceria da gestão Dualib, com a Media Sports Investment, o iraniano Kia Jorabichian almejava comprar o Pacaembu, mas depois prometeu um estádio semelhante ao do Sporting de Lisboa, com capacidade para 55 000 pessoas, shopping center e estrutura para receber shows.

Após a era Dualib, novas ideias foram lançadas. Em 2007, foi formada a ONG Cooperfiel, por torcedores que tentavam arrecadar fundos para construção de um estádio através de doações e vendas de produtos, mas o plano fracassou. Já sob administração de Andrés Sanches, houve conversas para uma concessão do Estádio do Pacaembu em 2009, entre outros projetos.


Em 13 de agosto de 2010, o presidente Sanches revelou em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo um novo projeto para um estádio corintiano. Entre quatro propostas diferentes, venceu o projeto para um estádio em Itaquera, na zona leste de São Paulo, com capacidade para 48 mil torcedores e um orçamento de 350 milhões de reais. Às vésperas da festa do centenário do clube, o projeto do novo estádio foi oficializado. Especula-se que o então presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva, corintiano assumido, tenha tido um papel fundamental ao pressionar a construtora Odebrecht a realizar a obra, embora o clube oficialmente desminta uma grande influência do ex-mandatário nacional.Construção. Após a assinatura do contrato com a construtora Norberto Odebrecht, as obras do novo estádio corintiano começaram oficialmente em 30 de maio de 2011 com a terraplanagem. Com 100 dias de trabalhos completados em 6 de setembro, a promessa era de que as obras da arena fossem concluídas em dezembro de 2013. Em dezembro, a arena recebeu as primeiras vigas de sustentação das arquibancadas. Nesse mesmo período, teve início a realocação de dutos da Petrobras que transportavam nafta e óleo combustível entre Santo André e Guarulhos, que foi um primeiro obstáculo na obra. Sua transposição foi finalizada em abril de 2012. Naquele mesmo mês, com 30% das obras concluídas, foram iniciados os trabalhos de assentamento de degraus da arquibancada superior leste. No início de outubro, as obras ultrapassaram a marca de 50% de conclusão.

Em abril de 2013, com mais de 70% das obras concluídas, o telão gigante passou pelo primeiro teste noturno e foi aprovado. No final de junho, a grama do estádio foi plantada e, dias depois, começou a nascer. Em julho, com mais de 82% das obras concluidas, os vidros da fachada do prédio oeste começam a ser instalados.

Em setembro, a obra atingiu 87% de conclusão, com o início da instalação das primeiras cadeiras na arquibancada inferior leste, a elevação das primeiras estruturas da cobertura e conclusão da demarcação oficial do campo. Em outubro, a arena chegou aos 90% de conclusão, com prédio leste pronto. Ao final de novembro, as obras estavam 95% concluídas quando um guindaste cedeu e acertou parte da arquibancada do estádio.

Após uma visita do secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, foi anunciado que o estádio alcançou 97% das obras concluídas ao fim de janeiro de 2014. Em 15 de abril, o estádio foi entregue simbolicamente ao Corinthians, embora com 98% das obras concluídas.
Conceito Arquitetônico
A Arena Corinthians tem um projeto único se comparado aos grandes estádios do mundo, com uma ideia que foge do lugar-comum. Sem seguir um conceito convencional, a casa alvinegra foi moldada em um formato retangular, que aproxima a torcida do campo de jogo e garante a visibilidade para todos os presentes. A sensação do torcedor é de estar muito perto do que está acontecendo no gramado.

O estádio corinthiano possui quatro setores – Norte, Sul, Leste e Oeste –, com duas grandes arquibancadas laterais. No lado leste, foi construído um enorme painel de LED, com 170 metros de largura e 20 metros de altura. Já no Oeste, há um painel de vidro formado por 1.350 peças, em uma área de 240 metros de comprimento por 30 metros de altura.

Abertura da Copa de 2014. A estimativa de que a abertura da Copa do Mundo FIFA de 2014 traria 30,75 bilhões de reais em 10 anos para o município de São Paulo, estimulou a cidade a sediar o jogo de abertura. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas estimou de 1 bilhão de reais em receita apenas para o jogo de abertura, como os 290 mil turistas são esperados para o evento.

Após o Estádio do Morumbi ser considerado inadequado pela FIFA, o comitê organizador local procurou alternativas e decidiu oferecer a Arena Corinthians para sediar o jogo de abertura da Copa do Mundo; a FIFA aceitou a sugestão e confirmou a decisão em 10 de outubro de 2011. Para sediar a partida de abertura foi necessário realizar modificações no projeto original, o que elevou o custo original de 335 milhões de reais para 1,07 bilhão de reais para atender aos requisitos da FIFA. Os cortes em custos em equipamentos, mobiliário e construção abaixou o preço. Além disso, devido a acordos da FIFA com o Brasil, todas as construções relacionadas com a Copa do Mundo não podem ser tributadas pelo governo federal brasileiro; o preço final acordado foi de 820 milhões de reais.

Um novo contrato foi assinado em 19 de julho de 2011, com a Odebrecht; 400 milhões de reais do total seriam financiados pelo BNDES e o restante de 420 milhões de reais em isenções fiscais concedidos pela cidade. Uma lei de 2007 declarou que esses créditos tributários podem ser usados por qualquer empresa que se estabelecer na região leste da cidade, oferecendo um crédito de sessenta centavos por cada real investido. A nova lei foi aprovada pelo câmara municipal da cidade para lidar especificamente com este estádio e reduzir os incentivos, vinculando a concessão dos créditos para sediar o jogo de abertura da Copa do Mundo e limitando a quantidade total de créditos de 420 milhões de reais.

O contrato de financiamento com o BNDES foi assinado em 29 de novembro de 2013, sob seu programa ProCopas, para as arenas da Copa do Mundo de 2014. A Caixa Econômica Federal é o agente de distribuição dos recursos. O custo estimado de construção não incluía as despesas de instalação das estruturas móveis exclusivas para a Copa do Mundo, que elevariam a capacidade bruta do estádio oficialmente para 67 349 lugares, com assentos disponíveis de 59 955. Em realidade, até poucos meses antes do início da Copa, houve divergências entre dirigentes corintianos e da Fifa sobre quem arcaria com essas despesas.

No dia 12 de junho de 2014, a expectativa e ansiedade do planeta bola chegaram ao fim com o início da Copa do Mundo FIFA Brasil 2014. Com mais de 1 bilhão de pessoas ao redor do mundo, e cerca de 60 mil in loco, a casa da Fiel recebeu a partida inaugural do torneio: Brasil e Croácia. Os croatas saíram na frente, com gol contra de Marcelo, mas os brasileiros viraram, com tentos de Neymar (2) e Oscar, e fecharam o placar em 3 a 1.

Na primeira fase, a Arena Corinthians ainda recebeu outras três partidas: Uruguai 2 x 1 Inglaterra, no dia 19; Holanda 2 x 0 Chile, no dia 23; e Coréia do Sul 0 x 1 Bélgica, no dia 26.

Antes de voltar a receber os jogos do Timão, a Arena Corinthians se despediu da Copa do Mundo FIFA Brasil 2014 ao receber dois jogos épicos. No dia 1º de julho, pelas oitavas de final, a Argentina superou a Suíça no fim do segundo tempo da prorrogação ao anotar 1 a 0 com Di María.

No dia 09, o estádio corinthiano recebeu novamente a Seleção Argentina. Desta vez, na semifinal. Contra a Holanda, os argentinos suaram um pouco mais para vencer nos pênaltis (4 a 2), após empate no tempo normal e na prorrogação em 0 a 0. O recorde de público da Arena Corinthians pertence a este duelo: 63.267 pagantes.

MORUMBI


~Estádio do Morumbi, dois dias antes da inauguração total em 1970 (Arquivo Nacional)


Morumbi é o estádio do São Paulo Futebol Clube. Com capacidade para 66 795 pessoas, o Estádio Cícero Pompeu de Toledo, também conhecido como Estádio do Morumbi, foi inaugurado em 2 de outubro de 1960 ainda inacabado e sua primeira partida foi entre São Paulo Futebol Clube e Sporting Lisboa de Portugal, sendo a partida vencida pelos donos da casa pelo placar de 1 a 0. O gol dessa partida foi marcado pelo jogador Peixinho, que em um cruzamento, mergulhou para cabecear a bola próximo do chão. Desde então essa jogada ficou conhecida no Brasil como "gol de peixinho".  A inauguração total se deu em 25 de janeiro de 1970 em uma partida entre o Tricolor Paulista e o Porto, também de Portugal, que terminou empatada em 1 a 1, com gols de Vieira Nunes para o Porto e Miruca para o São Paulo. A capacidade total do estádio quando inaugurado era de 149 408 pessoas. O São Paulo Futebol Clube, mais conhecido como São Paulo FC ou simplesmente São Paulo, é um clube poliesportivo brasileiro da cidade de São Paulo, capital do estado homônimo. Foi fundado em 25 de janeiro de 1930, tendo interrompido suas atividades em maio de 1935, e as retomado em dezembro do mesmo ano.

Nos primeiros anos de sua existência, o São Paulo utilizou como sede e campo a Chácara da Floresta, (localizada à esquerda da Ponte das Bandeiras, junto ao rio Tietê, na zona central da capital paulista). Daí ser empregado o nome de São Paulo da Floresta quando se fala do primeiro período de existência da agremiação, de janeiro de 1930 até maio de 1935.

Quando o clube foi refundado em dezembro de 1935, não tinha um campo próprio, situação que perdurou até 1938, quando a união com o Estudante Paulista rendeu ao São Paulo a posse do campo da Mooca pertencente à Antárctica. Em 1940, passou a usar o Pacaembu. Em 1944, o São Paulo adquiriu o Canindé, por doze milhões de cruzeiros que passou a ser o seu campo. Mas o Canindé só era utilizado como sede social e local para treinamentos; a área era pequena para a construção de um grande estádio e então surgiram ideias e projetos para a viabilização de uma praça esportiva em algum outro local da cidade.

O sonho de construir um grande estádio começou a se tornar realidade. A ideia inicial era a área onde atualmente encontra-se o Parque do Ibirapuera, na época uma região alagada, mas o então vereador Jânio Quadros impediu que o clube recebesse a área da prefeitura. O local escolhido foi uma área na região do Morumbi, praticamente desabitado, que estava em processo de loteamento imobiliário.

Em 4 de agosto de 1952 o terreno foi doado para a construção do Morumbi pela Imobiliária e Construtora Aricanduva que era de propriedade de Adhemar Pereira de Barros, ex-governador de São Paulo na época. Neste mesmo ano, 1952, o presidente do clube, Cícero Pompeu de Toledo, procurou Laudo Natel, diretor do Bradesco, propondo-lhe que assumisse o clube administrativamente.

Em 1952, o governador do estado de São Paulo era Lucas Nogueira Garcez (31/1/1951 a 31/1/1955). Laudo Natel era diretor do Bradesco, não ex-diretor em 1952, e não tinha nenhum cargo político ou exercia algum, tampouco poderia ser vice-governador. Laudo Natel somente entrou para a política em 1962, dez anos depois, quando então elegeu-se vice-governador em chapa única pelo PR (Partido Republicano) com 1,2 milhão de votos. Tomou posse do cargo em 31 de janeiro 1963, e não era vice de Adhemar, e nunca foi, pois as eleições para governador e vice eram independentes à época. A Imobiliária e Construtora Aricanduva S/A era presidida por João Jorge Saad, genro de Adhemar de Barros e dono da Rádio e Televisão Bandeirantes.

Em 15 de agosto de 1952, Monsenhor Bastos abençoou os terrenos e foi lançada a campanha pró-construção do Morumbi. Foi eleita uma comissão constituída pelo presidente Cícero Pompeu de Toledo e pelos seguintes nomes: Piragibe Nogueira (vice-presidente); Luís Cássio dos Santos (secretário); Amador Aguiar (tesoureiro); Altino de Castro Lima, Carlos Alberto Gomes Cardim, Luís Campos Aranha, Manuel Raimundo Pais de Almeida, Osvaldo Artur Bratke, Roberto Gomes Pedrosa, Roberto Barros Lima, Marcos Gasparian, Paulo Machado de Carvalho e Pedro França Filho Pinto. Iniciava-se então, uma nova fase na vida do São Paulo Futebol Clube.

Parte do dinheiro da venda do Canindé (vendido à Portuguesa de Desportos em 1956) foi revertido em material de construção. Toda a receita do clube também foi investida na construção do estádio, ficando o time num segundo plano. As obras para a construção do novo estádio começaram em 1953.

Em 1956, o clube recebeu concessão de auxílio de dez milhões de cruzeiros, em apólices da dívida pública mediante juros de 8% ao ano, para o prosseguimento das obras do seu estádio. A Prefeitura concedeu auxílio idêntico a todos os grandes clubes da Capital.

O clube fez em 1955, uma campanha uma campanha de venda das cadeiras cativas que restavam pelo interior do estado, com grande aceitação dos torcedores.

No final de 1964, o São Paulo fez um acordo para adquirir a última parte do terreno do Morumbi junto à Imobiliária Aricanduva. O pagamento foi efetuado em março de 1965. A partir disso, foram vendidas setecentas mil unidades do carnê "Paulistão". Foram seis séries distintas de mais cem mil unidades cada, vendidos a cinco cruzeiros cada um. Sobre esse montante, foram devolvidos somente sessenta mil. É nesse ponto que reside a grande "distorção" por parte dos torcedores rivais, pois os carnês eram vendidos para qualquer pessoa ou torcedor, e só pagou o valor e ajudou o São Paulo a construir o estádio e o clube quem quis.

O projeto do estádio do Morumbi teve a criação do arquiteto Vilanova Artigas, um dos principais representantes da "escola paulista" da arquitetura moderna.

Alguns números do Morumbi: para o desenvolvimento do projeto foram necessárias 370 pranchas de papel vegetal; cinco meses foram consumidos nas terraplenagens e escavações, com o movimento de 340 mil metros cúbicos de terra; um córrego foi canalizado; o volume de concreto utilizado é equivalente a construção de 83 edifícios de dez andares; os 280 mil sacos de cimento usados, se colocados lado a lado, cobririam a distância de São Paulo ao Rio de Janeiro; cinquenta mil toneladas de ferro, que daria para circundar a Terra duas vezes e meia.

Num determinado momento, uma troca foi proposta pela prefeitura que ficaria com o Morumbi e o São Paulo, com o Pacaembu. Mas Laudo Natel, apoiado por toda a diretoria, prosseguiu a batalha, após a morte de Cícero Pompeu de Toledo.

Estreia

A partida que inaugurou o estádio aconteceu em 2 de outubro de 1960. O São Paulo venceu o Sporting Clube de Portugal, por 1x0. O árbitro da partida inaugural foi Olten Ayres de Abreu. O primeiro gol do Morumbi foi marcado por Peixinho (Arnaldo Poffo Garcia), aos 12 minutos de jogo, diante de 56 448 pessoas que lotavam o estádio ainda inacabado, pois o objetivo era abrigar 120 mil pessoas, com renda de 7 868 400 cruzeiros, recorde em amistosos na época. Uma informação; o gol marcado por Peixinho foi de cabeça, se jogando quase rente ao chão. Daí nasceu a expressão "gol de peixinho". É citado esse lance, erroneamente, pois faz-se uma analogia com o peixe nadando e o jogador cabeceando, mas o correto "gol de peixinho" é pelo primeiro jogador a marcar no Morumbi e por essa jogada característica.

O São Paulo jogou com: Poy; Ademar, Gildésio e Riberto; Fernando Sátyro e Víctor; Peixinho, Jonas (Paulo), Gino Orlando, Gonçalo (Cláudio) e Canhoteiro; técnico Flávio Costa. O Sporting jogou com: Aníbal; Mário Lino e Hilário; Fernando Mendes, António Morato e David Julius; Hugo Sarmento, Faustino Pinto, Ernesto Figueiredo (Fernando Puglia), Diego Arizaga (Géo) e Juan Seminario; técnico Alfredo González.

O primeiro jogo do São Paulo por uma competição oficial no Morumbi foi no Campeonato Paulista de 1960, contra o Corinthians, não o rival da capital, era o Esporte Clube Corinthians de Presidente Prudente, Clube curiosamente criado por torcedores do Timão maior rival do Tricolor. O São Paulo acabou vencendo a partida por 3 a 0, os gols foram marcados por Dino Sani, Gino Orlando e Gonçalo.
A inauguração total do Morumbi ocorreu em 25 de janeiro de 1970. A partida de comemoração foi entre São Paulo e Porto, de Portugal, e terminou empatada em 1 a 1. Vieira Nunes abriu o placar para a equipe portuguesa, aos 32 minutos de jogo e Miruca empatou para o São Paulo aos 35 minutos do primeiro tempo. O árbitro da partida foi José Favilli Neto e o público foi de 107 069 espectadores presentes (59 924 pagantes). O jogo teve a presença do presidente da República, o general Emílio Garrastazu Médici, e do governador paulista, Abreu Sodré.

O São Paulo jogou com: Picasso; Édson, Jurandir, Roberto Dias e Tenente; Lourival e Gérson; Miruca (José Roberto), Toninho, Téia (Babá) e Paraná (Claudinho); técnico Zezé Moreira. O Porto formou com: Vaz; Acácio, Valdemar, Vieira Nunes e Sucena; Pavão e Rolando; Gomes, Chico (Seninho), Pinto (Ronaldo) e Nóbrega.

Após esta inauguração o Morumbi passou a ser chamado de "o maior estádio particular do mundo", apesar da redução de sua capacidade de 120 para 85 mil espectadores nos anos 1990, por medida de segurança. Entre 1994 e 1996, o estádio passou por uma série de reformas para melhorias na estrutura (que apresentava falhas), foram colocados amortecedor de impacto e para a colocação de assentos nas arquibancadas e nas chamadas "gerais" e teve a capacidade reduzida em 10 mil pessoas. O nome oficial é Estádio Cícero Pompeu de Toledo, em homenagem ao ex-jogador, dirigente e presidente do clube.

A SELEÇÃO PAULISTA


Seleção Paulista - 1955. Em pé: Djalma Santos, Alfredo Ramos, Roberto Belangero, Mauro, Gilmar e Bauer. Agachados: Maurinho, Ipojucan, Álvaro Valente, Vasconcelos, Tite e o massagista Mário Américo.


A Seleção Paulista de Futebol convocava os melhores jogadores dos clubes do estado de São Paulo, para diferentes disputas, destacando-se o Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais. Este certamente teve 29 edições de 1922 a 1962 e mais uma em 1987.
Na história desta competição, a Seleção Paulista ganhou 13 títulos (12 pela CBD e 1 pela FBF), contra 15 do Rio de Janeiro, 1 da Bahia e 1 de Minas Gerais. Foi a campeã da primeira edição e vice da última. A Seleção Carioca foi sua maior rival.

Existia a Seleção Paulista de Novos, a qual fazia alguns jogos amistosos, principalmente contra a Seleção Carioca. Em 22 de junho de 1975, no Maracanã, os paulistas novos venceram os cariocas por 2 a 0, em preliminar do jogo entre as seleções principais.

Além desta, outra era a Seleção Paulista do Interior, que tinha função semelhante.
A Seleção Paulista, desde 1901, fez 383 jogos, sendo 160 jogos em campeonatos, taças ou torneios e 223 amistosos. Contra a Seleção Carioca realizou 134 jogos. Em 1907, pelo tira-teima denominado Taça Brasil, foi campeã sobre esta.

Grandes artilheiros:   Arthur Friedenreich, Feitiço, Petronilho de Brito, Heitor, Neco; Araken Patusca, Luizinho Mesquita, Teleco, De Maria e Servílio

Títulos oficiais: Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais: 13 - 1922, 1923, 1926, 1929, 1933, 1934-FBF, 1936,1941, 1942,1952, 1954, 1956 e 1959.

Taça Brasil: 1907

Torneios amistosos: Torneio João Lira Filho: 1954; Troféu Miguel Arraes: 2007.


CORRIDA DE SÃO SILVESTRE



A Corrida Internacional de São Silvestre é uma corrida de rua realizada anualmente na cidade de São Paulo, Brasil, em 31 de dezembro, dia de São Silvestre (data de morte do Papa da Igreja Católica, canonizado também neste dia, anos depois, no quarto século da Era Cristã) e de onde vem o seu nome.

A corrida, a mais famosa e tradicional do Brasil e a da América do Sul, tem um percurso atual de 15 km pelo centro de São Paulo e é uma corrida mista desde 1975, quando começou a participação oficial das mulheres. Entre 1925, ano de sua criação e 1944, foi disputada apenas por corredores brasileiros.

O maior vencedor da prova — e recordista até a edição de 2019, quando afinal teve sua marca quebrada após 25 anos — é o queniano Paul Tergat com cinco vitórias e, entre as mulheres, a portuguesa Rosa Mota, que com seis vitórias consecutivas nos anos 1980 é a maior vencedora geral. Entre os brasileiros, o título fica com Marílson Gomes dos Santos, com três vitórias.

Alguns dos maiores fundistas da história do atletismo já participaram e venceram a prova. Além de Paul Tergat e Rosa Mota, já correram nas ruas de São Paulo, campeões e medalhistas olímpicos e recordistas mundiais como Franjo Mihalic, Gaston Roelants, Frank Shorter, Carlos Lopes, Arturo Barrios, Ronaldo da Costa, Priscah Jeptoo, Derartu Tulu e a "Locomotiva Humana", o tcheco Emil Zatopek, campeão em 1953. A Corrida Internacional de São Silvestre é transmitida ao vivo pela televisão para o Brasil e para o mundo pela TV Gazeta e pela TV Globo desde 1982.

História. Cásper Líbero, um jornalista e advogado paulista milionário que fez fortuna no início do século XX no setor de imprensa era um apaixonado por esportes, tanto que ele foi o idealizador da Gazeta Esportiva, que havia sido lançada inicialmente como coluna do jornal A Gazeta e posteriormente, em 1947, foi lançada como jornal (4 anos após a morte de Cásper). Em uma viagem que fez a Paris, ficou maravilhado com uma corrida realizada à noite, em que os corredores carregavam tochas ao longo do percurso. Decidido a promover algo semelhante no Brasil, criou uma corrida noturna a ser realizada no último dia do ano de 1925. Estava fundada a Corrida de São Silvestre, que recebeu esse nome em homenagem ao santo do dia.

Em sua primeira edição, de 60 inscritos, 48 compareceram para disputar a prova e apenas 37 foram oficialmente classificados, já que as regras exigiam que todos os corredores cruzassem a linha de chegada no máximo 3 minutos após a chegada do vencedor. O primeiro vencedor foi o atleta fundista l Alfredo Gomes, que completou os 6,2  km do percurso em 33:21. Inicialmente aceitando apenas a participação de brasileiros natos, nos anos seguintes a inscrição foi permitida a estrangeiros morando no Brasil, o que permitiu ao italiano Heitor Blasi, radicado em São Paulo, ser convidado a disputá-la e vencer duas das primeiras edições da prova, em 1927 e 1929. Sem grande experiência na organização deste tipo de evento, as primeiras edições impediam os corredores de beberem qualquer tipo de líquido durante a prova, e os atletas muitas vezes nela competiam com os próprios sapatos que usavam para treino no dia a dia e roupas que acumulavam suor.

Ao contrário de outros eventos desportivos tão ou mais antigos, a Corrida de São Silvestre nunca deixou de realizar-se, nem mesmo durante a Revolução Constitucionalista de 1932 ou a Segunda Guerra Mundial.

Em 1941, atletas do estado de São Paulo perderam a invencibilidade. Desde a inauguração da prova em 1925, apenas atletas paulistas haviam vencido a disputa da São Silvestre. Este domínio só acabou após o mineiro José Tibúrcio dos Santos vencer esta edição, quebrando uma hegemonia paulista de 16 anos.

A partir de 1945, com o fim da guerra, passou a contar com a participação de estrangeiros, mas apenas para corredores convidados provenientes de outros países da América do Sul. O sucesso das duas primeiras edições internacionais, no entanto, levou os organizadores a permitirem a participação de corredores de todo o mundo a partir de 1947. Este ano marcou o início de período de 34 anos durante o qual nenhum brasileiro venceria a prova, o que se encerrou somente quando o garçom pernambucano José João da Silva venceu a edição de 1980, feito que repetiria em 1985.

A primeira transmissão ao vivo da corrida ocorreu no ano de 1948, graças à Rádio Gazeta, que comprou um aparato de frequência modulada. O dispositivo foi instalado em um carro situado na rua com receptação no topo do prédio da emissora. Desde 1945, a ideia estava sendo planejada, mas foi em 1948 que a transmissão via rádio da Corrida de São Silvestre aconteceu.

A corrida permaneceria restrita a homens até 1975, quando as Nações Unidas declararam aquele ano como o Ano Internacional da Mulher. Os organizadores da São Silvestre aproveitaram o momento para realizar a primeira corrida feminina no mesmo ano. Nesse sentido, como uma resposta ao apelo da igualdade entre os gêneros, a organização da prova incluiu as mulheres na disputa. O evento feminino começou já com livre participação internacional, e a primeira mulher a vencê-lo foi a alemã-ocidental Christa Vahlensieck, o que fez duas vezes seguidas.[ A primeira vitória brasileira ocorreria somente vinte anos depois, quando a brasiliense Carmem de Oliveira venceu em 1995.

Além de Paul Tergat e Rosa Mota, outros grandes campeões na história da São Silvestre são o belga Gaston Roelants, recordista mundial e campeão olímpico dos 3 000 m c/ obstáculos em Tóquio 1964 e o equatoriano Rolando Vera, os dois quatro vezes vencedores da prova, sendo que Rolando Vera foi o único a vencê-la por quatro vezes consecutivas entre os homens, nos anos 1980. A queniana Lydia Cheromei a venceu três vezes entre 1999 e 2004.

Já famosa em toda a América Latina e na Europa desde 1953, quando a presença e a vitória do multicampeão olímpico tcheco Emil Zatopek a transformou num evento realmente internacional de ponta,[7] em 1970 a São Silvestre começou a chamar a atenção da imprensa especializada dos Estados Unidos, quando o norte-americano Frank Shorter, futuro campeão olímpico da maratona em Munique 1972, veio ao Brasil e a venceu. A vitória de Frank Shorter provocou uma posterior invasão de corredores americanos na prova, que veria Dana Slater ser bicampeã entre as mulheres em 1978–79 e o fundista Herb Lindsay vencê-la em 1979, ano em que a vitória no masculino e no feminino pertenceu aos Estados Unidos, feito nunca mais repetido. O Brasil repetiria o mesmo feito na edição de 2006, com a vitória de Franck Caldeira no masculino e Lucélia Peres no feminino.

Em 1964, atletas indígenas se inscreveram para a 40ª corrida internacional de São Silvestre. Cinco atletas da Ilha do Bananal formaram uma equipe para competir. Na época, um dos organizadores do evento, Aurélio Bellotti, e o indianista Willy Aureli, visitaram a tribo para dar orientações e explicar o funcionamento e regras da São Silvestre.

Em 1967 a corrida passou a ser uma atração turística. No dia 10 de dezembro, a prova passou a integrar o calendário turístico paulista graças ao Decreto de Oficialização da Corrida Internacional de São Silvestre, que foi assinado pelo então governador de São Paulo, Roberto Costa de Abreu Sodré.

No ano de 1968, O cantor e compositor Jorge Ben Jor tentou correr no pelotão de elite masculino. O brasileiro se inscreveu na XV Preliminar Paulista da Corrida Internacional de São Silvestre. Nessa prova, Jorge Ben estava entre os 700 atletas inscritos, mas havia apenas 250 vagas. O músico não conseguiu garantir o seu lugar.

Até 1988, a corrida era realizada à noite, geralmente iniciando-se às 23h30, de forma que os primeiros classificados cruzavam a linha de chegada por volta da meia-noite, mas o ano de 1989 foi marcado por sensíveis modificações no formato do evento. O objetivo era cumprir as determinações da Federação Internacional de Atletismo — IAAF. O horário de início da corrida foi alterado, passando às 15 horas para mulheres e às 17 horas para homens; a distância a ser percorrida, que variava quase que anualmente (geralmente entre 6,5 e 8,8 km) foi definitivamente fixada em 15 km em 1991, o mínimo exigido pelas regras da Federação. Em 1989, a Corrida Internacional de São Silvestre foi oficialmente reconhecida e incluída no calendário internacional da IAAF.


Tradicional percurso noturno da prova nos anos 1970. 

Em 2003, Marílson Gomes dos Santos conquistou o topo mais alto do pódio pela primeira vez. Essa vitória foi apenas o início, pois em 2005 e 2010 o atleta voltou a vencer, se consagrando como o primeiro corredor do Brasil tricampeão da Corrida de São Silvestre desde o início de sua fase internacional.

Em 2011, pela primeira vez desde sua criação, a São Silvestre teve o tradicional local de chegada alterado. Ao invés da Avenida Paulista, passou a ser no Parque do Ibirapuera. A modificação viu a queniana Priscah Jeptoo, vice-campeã olímpica da maratona em Londres 2012, vencer a prova feminina em 48:48, recorde e a primeira vez que uma mulher completou os 15 km da São Silvestre em menos de 50 minutos. Esta edição também assistiu a uma das maiores tragédias da história da corrida, com a morte do atleta paraolímpico Israel Cruz de Barros, que, disputando a divisão de cadeira de rodas, perdeu o controle na descida da Rua Major Natanael, de acentuado declive, e chocou-se com o muro em volta do Estádio do Pacaembu, morrendo no hospital.

Crescendo e sendo prestigiada através dos anos não apenas por atletas de elite mas também pelos corredores amadores, os números da São Silvestre fazem dela a maior corrida de massas da América do Sul, também em quantidade. Os 48 participantes da edição inicial em 1925 transformaram-se em cerca de 2 mil ainda no fim da década de 1950, mais de 10 mil por edição nos anos 1980, até alcançar um recorde de cerca de 25 mil participantes na edição de 2011.

Desde 2011, todos os campeões masculinos, são de nacionalidade africana, e desde 2007, as campeãs femininas também. Esta hegemonia africana na prova começou em 1992, ano em que o queniano Simon Chemwoyo conquistou o primeiro título à África, desde então, foram 19 vitórias africanas, contra apenas 6 brasileiras. O último brasileiro a vencer a prova foi Marilson, no ano de 2010, e a última mulher foi Lucélia Peres, em 2006.

Além do prestígio nacional e internacional, financeiramente a São Silvestre também compensa para seus campeões: em 2013, o vencedor recebeu R$ 60 mil (US$ 30 mil), o segundo colocado R$ 35 mil (US$ 17 mil) e o terceiro colocado R$ 20 mil (US$ 10 mil).

Pessoas portadoras de deficiências também participam da prova. Há largadas especificas para atletas cadeirantes e outra para portadores de outros tipos de deficiência. Só depois é que largam as elites feminina e masculina e o pelotão geral.

Em 22 de setembro de 2020, a organização resolveu adiar em razão da Pandemia de COVID-19 no Brasil a 96ª edição da corrida inicialmente para 11 de julho de 2021. No entanto, a organização optou por fixar esta edição no último dia de 2021. Entre as mudanças na edição de 2021 está o uso obrigatório de máscaras, a adoção de passaporte vacinal e a realização da corrida sem a presença de público por conta das medidas de segurança contra a COVID-19.

Em 2022, a corrida volta aos seus moldes tradicionais como a presença de público pelas calçadas do trajeto, mas mantendo apenas a regra do passaporte vacinal, adotada em 2021.

Participação feminina. Desde sempre, o conceito de que mulheres são mais frágeis é propagado por toda sociedade, acabando interferindo na participação feminina nas competições esportivas como, por exemplo, nos Jogos Olímpicos. Até que então, em 11 de julho de 1924 (Jogos de Paris) a primeira mulher consegue conquistar a primeira medalha de ouro nas Olimpíadas: Charlotte Cooper. Desde então, as mulheres foram conseguindo conquistar cada vez mais seu espaço nos esportes, inclusive na São Silvestre quando o jornal A Gazeta Esportiva (o jornal era organizador do evento) resolveu acompanhar a mudança e evolução social e incluiu, em 1975, a prova feminina da São Silvestre.

A primeira vencedora foi Christa Vahlensieck, que deu o título para a Alemanha. A primeira vencedora brasileira foi Carmem de Oliveira, somente em 1995, vinte anos após a estreia feminina na maratona. Porém, o maior destaque vai para a portuguesa Rosa Mota, que é recordista de títulos com seis vitórias seguidas nos anos de 1981, 1982, 1983, 1984, 1985 e 1986. A participação de mulheres na São Silvestre aumentou, tendo na 91° edição da corrida, 28,55% finalistas femininas, ou seja 6 645 dos 23 268. Sendo esse número extremamente representativo, pois em 1999 o número era oito vezes menor, tendo apenas 795 mulheres e 10 758 homens.


Percurso. Realizada em grande parte pelo centro da cidade de São Paulo, a São Silvestre já teve vários percursos e distâncias diferentes através das décadas. Um erro comum, mesmo em parte da imprensa, é se referir à São Silvestre como uma maratona (para isso, precisaria ter 42,195 quilômetros). O atual percurso tem 15 km de distância e a seguinte composição:

Largada na Avenida Paulista, nas proximidades da Alameda Ministro Rocha Azevedo; Rua HaddockLobo; Túnel José Roberto Fanganiello Melhem; Avenida Doutor Arnaldo;Rua Major Natanael;
Rua Desembargador Paulo Passalaqua; Avenida Pacaembu; Rua Margarida; Alameda Olga; Rua Tagipuru; Rua Fuad Naufel; Avenida Auro Soares de Moura Andrade; Rua Mário de Andrade;
novamente Avenida Pacaembu em direção à Marginal Tietê; Viaduto Pacaembu;m Av. Dr. Abraão Ribeiro; Av. Marquês de São Vicente; Rua Norma Pieruccini Giannotti; Avenida Rudge; Viaduto Eng. Orlando Murgel; Av. Rio Branco; Av. Duque de Caxias; Avenida São João; Largo do Arouche;
Av. Vieira de Carvalho; Praça da República; Avenida Ipiranga; novamente Av. São João; Largo do Paiçandu; Rua Conselheiro Crispiniano; Praça Ramos de Azevedo; Viaduto do Chá; Rua Líbero Badaró; Largo de São Francisco; Avenida Brigadeiro Luís Antônio; Viaduto Brigadeiro Luiz Antônio; Av. Paulista, com chegada em frente ao prédio da Gazeta Esportiva


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A UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO-USP


A Escola Politécnica foi fundada em 1893 na Capital, 40 anos antes da criação da Universidade de São Paulo.,Os cursos de Engenharia Industrial, Engenharia Agrícola e Engenharia Civil, além do Curso Anexo de Artes Mecânicas foram os primeiros a serem criados. Arquivo Público de São Paulo. Álbum Vistas de São Paulo. Ref.: VS19000000_009


A Universidade de São Paulo (USP) é uma das maiores e uma das mais importantes universidades públicas do Brasil, uma das mais importantes da Ibero-América, da lusofonia e uma das mais prestigiadas em todo o mundo. É uma das quatro grandes universidades públicas mantidas pelo Governo do Estado de São Paulo, juntamente com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Estadual Paulista (UNESP) e a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp). A USP é uma das maiores instituições de ensino superior na América Latina. São 42 unidades de ensino e pesquisa, distribuídos em dez campi: São Paulo (com três campi), Bauru, Lorena, Piracicaba, Pirassununga, Ribeirão Preto, Santos e São Carlos (2 áreas). O campus principal em São Paulo é chamado Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, com uma área de quase 3,7 milhões de metros quadrados. A instituição está envolvida no ensino, pesquisa e extensão universitária em todas as áreas do conhecimento. Somando todos os Campi, a USP possui uma área total de aproximadamente 78 milhões de metros quadrados, 246 cursos de graduação, 229 cursos de pós-graduação, 5,8 mil professores e 93 mil alunos matriculados entre graduação e pós-graduação (2012).

ORIGENS. A USP surgiu da união da recém-criada Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL) com as já existentes Escola Politécnica de São Paulo, Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Faculdade de Medicina, Faculdade de Direito (foto acima) e Faculdade de Farmácia e Odontologia. A FFCL surgiu como o elemento de integração da universidade, reunindo cursos nas diversas áreas do conhecimento. Ainda em 1934, havia sido criada a Escola de Educação Física do Estado de São Paulo, primeira faculdade civil de educação física no Brasil e que viria a ser incorporada pela USP anos depois. Na sequência foi criada a Escola de Engenharia de São Carlos - EESC (1948) e a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto- FMRP (1951) e outras várias unidades foram sendo criadas pela universidade nos anos seguintes, e nos anos 1960 a universidade foi gradualmente transferindo as sedes de suas unidades para a Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, em São Paulo. Além do político Armando de Salles Oliveira, um outro homem de grande importância na fundação da USP foi o jornalista Júlio de Mesquita Filho. A instituição recebeu inúmeros professores estrangeiros nesse período.

Após o revés sofrido por São Paulo na Revolução Constitucionalista de 1932, o estado viu-se ante a necessidade de formar uma nova elite, capaz de contribuir para o aperfeiçoamento das instituições, do governo e da melhoria do país. Com esse objetivo, nasceram duas instituições distintas: em 1933, um grupo de empresários fundou a Escola Livre de Sociologia e Política (ELSP), hoje Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Em 1934, o então interventor de São Paulo, cargo que atualmente corresponde ao de governador, Armando de Salles Oliveira, criou a Universidade de São Paulo (USP). A ELSP assumiu o objetivo de formar elites administrativas para um novo modelo que vinha se configurando em que se notava uma atuação crescente do Estado, enquanto a USP voltou-se a formar professores para as escolas secundárias e especialistas nas ciências básicas. O modelo sociológico norte-americano constituiu o exemplo para ELSP, enquanto que o mundo acadêmico francês foi a principal fonte de inspiração para a USP. Professores estrangeiros tais como Claude Lévi-Strauss, Fernand Braudel, Roger Bastide, Emilio Willems, Donald Pierson, Pierre Monbeig e Herbert Baldus difundiram nas duas instituições novos padrões de ensino e pesquisa, formando as novas gerações de cientistas sociais no Brasil. A aula inaugural da USP em seu segundo ano, deu-se em 11 de março de 1935, no anfiteatro da Faculdade de Medicina, às 21h00 horas.[Textos e imagens da Wikipedia]


A CIDADE UNIVERSITÁRIA



A Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira (CUASO) sedia a Universidade de São Paulo (USP), fazendo parte do campus USP da Capital. Está localizada na zona oeste da cidade de São Paulo, bairro do Butantã.[1] Leva o nome do fundador da universidade, o então interventor do estado, Armando de Salles Oliveira, político liberal paulista. Nela estão localizadas a maioria das unidades de ensino, pesquisa e extensão da Universidade de São Paulo. Encontram-se também os órgãos centrais e administrativos da USP, como a Reitoria, gabinete do reitor, secretarias, superintendências e as pró-reitorias. A Cidade Universitária possui mais de 3,7 milhões de metros quadrados. Também estão sediados na Cidade Universitária: o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC), a Academia de Polícia (Acadepol), o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) e a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM), Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados e uma ETEC do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza.

História. A construção da Cidade Universitária já estava prevista no projeto original da USP na década de 1930. Intelectuais paulistanos basearem-se no modelo alemão de universidade moderna, e uma comissão de estudos reservou a área da antiga Fazenda Butantã para a instalação da universidade.[2] No entanto, por diferentes motivos, sua implementação efetiva foi postergada diversas vezes. Sua ocupação, com a construção de edifícios para diversas unidades, deu-se a partir da segunda metade dos anos 50. A maior parte dos edifícios existentes hoje na Cidade Universitária foram construídos a partir de meados da década de 1960. Desta forma, apresentou-se de forma bastante evidente uma intenção urbanismo funcionalista na constituição de seus espaços e na organização de suas unidades. Apesar de não ter havido um plano original para a Cidade (segundo esta linha de pensamento, pois havia antes dela uma série de outros planos com caráter historicista), os edifícios foram sendo implantados segundo a lógica da arquitetura moderna e do funcionalismo, buscando espaços que se assemelham a superquadras. É possível dizer que parte dos arquitetos ligados a estes projetos buscavam um ideal de cidade diverso daquele encontrado em São Paulo (ou seja, buscavam um desenho aparentemente ordenado em oposição a uma organização urbana informal e desprovida de planejamento). O resultado, porém, foi um bairro dentro de São Paulo com poucas ligações com a cidade que o rodeia e altamente dependente do automóvel. De uma forma geral, os edifícios da Cidade Universitária possuem implantação isolada, apresentando grandes distâncias entre uns e outros. Eventualmente, algumas unidades possuem cercamentos em seu perímetro, mas a permeabilidade é mais comum à maioria das unidades. Junto a elas, normalmente são encontrados grandes bolsões de estacionamento e espaços livres desqualificados, cobertos por vegetação.[Textos e imagens da Wikipedia]


Praça do Relógio na Cidade Universitária- USP entre as zonas Oeste e Sul.  A Torre do Relógio foi inaugurada em 1973 – há exatos 50 anos, portanto. O projeto do arquiteto paulistano Rino Levi, nos anos 1950, foi criado para o estudante contemplar e refletir sobre o seu cotidiano na Universidade de São Paulo. Mas são os 12 desenhos em baixo e alto-relevo desenvolvidos pela escultora vicentina Elizabeth Nobiling que destacam a Torre do Relógio como um dos monumentos marcantes de São Paulo. A professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP foi convidada especialmente por Levi para repensar o tema. Criou seis imagens em cada um dos lados da torre para representar o Mundo da Fantasia e o Mundo da Realidade. A face da Fantasia foi composta de cima para baixo, representando a Poesia; Ciências Sociais; Ciências Econômicas; Música, Dança e Teatro; Artes Plásticas e Arquitetura; e a Filosofia. Já a face da Realidade, também observada de cima para baixo, destaca a Astronomia; Química; Ciências Biológicas; Física; Ciências Geológicas; e Matemática.
Na base circular da torre está a frase do professor Miguel Reale, reitor da USP em 1949 e 1950 e entre 1969 e 1973: “No universo da cultura, o centro está em toda parte”.

CRUSP. O Conjunto Residencial da Universidade de São Paulo é o alojamento estudantil da Cidade Universitária Armando Salles de Oliveira. Atualmente as vagas no alojamento são geridas pela Coordenadoria de Assistência Social da USP que conta com cerca de 1200 vagas para alunos de Graduação e Pós-Graduação.

 

FACULDADE DE DIREITO DE SÃO PAULO



A Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (FDUSP), também conhecida por Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, "São Francisco", "Sanfran" ou, ainda, "Arcadas", em alusão à sua arquitetura, é uma unidade de ensino, pesquisa e extensão da Universidade de São Paulo. Foi criada em 11 de agosto de 1827 juntamente com a Faculdade de Direito do Recife, sendo estas as duas mais antigas faculdades de direito do país. Ao longo de quase dois séculos formou diversas personalidades notórias da história do Brasil. 55 Ministros que compuseram o STF desde a Proclamação da República estudaram o Bacharelado em Direito na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. 13 Presidentes da República, 45 Governadores do Estado de São Paulo e 13 Prefeitos de São Paulo estudaram o curso de graduação na instituição. A Ideia acerca da criação de um curso jurídico no Brasil surgiu em 1822, com José Feliciano Fernandes Pinheiro, o Visconde de São Leopoldo, membro do Parlamento. Até então, os que desejavam estudar direito deveriam deslocar-se até Coimbra, em Portugal. O local onde hoje funciona a Faculdade de Direito era, originalmente, ocupado por um Convento franciscano. O prédio do estilo barroco luso-brasileiro, inaugurado em 17 de setembro de 1647, era feito de taipa, com fundações de 03 metros de profundidade e com paredes que chegavam a 02 metros de espessura em alguns pontos. A Faculdade de Direito, a mais antiga instituição do gênero no Brasil juntamente com a Faculdade de Direito do Recife, deve a sua origem a um decreto imperial assinado em 1827.  Devido a um incêndio ocorrido em 1880, a fachada foi reformulada em 1884. Por conta do incêndio de 1880, foi criado o Corpo de Bombeiros na Cidade de São Paulo, pois se percebeu a expansão da cidade e necessidade da disposição de recursos para o combate a incêndios. Por ocasião dessa reforma da fachada em 1884 foi instalado o relógio que possui até a atualidade em sua fachada, o primeiro relógio da Cidade de São Paulo.

Em 1903, fora fundada aquela que seria considerada a Entidade (administração) estudantil mais tradicional e antiga do Brasil. Chamada de "Centro Acadêmico XI de Agosto", corresponde a um local de representação dos alunos da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Na década de 1930 foi iniciada a construção do novo prédio do antigo Convento de São Francisco, chamado de “Prédio Histórico”, que foi finalizada em 1941. Ricardo Severo foi o autor do projeto de estilo
neocolonial, no qual implementou características do barroco luso-brasileiro à Arquitetura moderna, mesclando a tradição do antigo convento com o aspecto cultural do país. Desde o início, a Faculdade de Direito pertenceu ao Governo central, passando do monárquico ao republicano, e em agosto de 1934 a Faculdade foi incorporada à Universidade de São Paulo por Getúlio Vargas. Com a Revolução Constitucionalista de 1932, alguns alunos da Faculdade de Direito morreram lutando contra a Ditadura de Getúlio Vargas. Assim, ergueram em Homenagem a estes o "Monumento ao Soldado Constitucionalista", situado na área interna do Prédio Histórico. Encontra-se, também, um túmulo, construído em 1842 em homenagem a Julius Frank, um professor de história e geografia fundador de uma sociedade secreta de jovens, Burschenschaft, que teria influenciado, principalmente os jovens, durante muitos anos na história da política brasileira.

Um Túmulo no Pátio da Faculdade de Direito de São Paulo.Johann Julius Gottfried Ludwig Frank, conhecido, no Brasil, por Julius Frank, nasceu na Saxônia em 1809 e se transferiu para o Brasil no final do Primeiro Reinado. Foi sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, e grande incentivador dos movimentos de cunho liberal. Foi um professor alemão do Curso anexo da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, onde lecionou entre os anos de 1834 até sua morte, em 1841. Seu túmulo em estilo neoclássico, encontra-se no pátio interno da Faculdade. Júlio Frank, morreu vitimado por forte pneumonia em 1841.

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A história da faculdade está relacionada ao desenvolvimento de importantes momentos históricos do Brasil. Ela formou alunos notórios que fizeram parte de grandes movimentos políticos, como o movimento abolicionista, de Joaquim Nabuco, José Antônio Pimenta Bueno e Perdigão Malheiro, o movimento republicano, de Prudente de Moraes, Campos Salles e Bernardino José de Campos Júnior, e as campanhas das Diretas Já, de Franco Montoro e Ulysses Guimarães. Emergiram treze presidentes da república desta faculdade, por exemplo, o primeiro presidente civil eleito por meio do voto direto no Brasil, Prudente de Morais, que assumiu o cargo em 1894,[60] e o ex-presidente Michel Temer, empossado após Dilma Rousseff ser destituída do cargo pelo processo de impeachment no dia 31 de agosto de 2016.[61] Fernando Haddad - que ficou em segundo lugar na disputa para a Presidência da República em 2018 - também é egresso do curso de graduação da instituição. Além disso, diversos governadores, prefeitos e outras figuras importantes na história do Brasil formaram-se na Faculdade de Direito da Cidade de São Paulo. Os últimos egressos a serem prefeitos de São Paulo foram Fernando Haddad (Turma 154) e Bruno Covas (Turma 171) e os últimos egressos a serem governadores foram Cláudio Lembo (Turma 127) e Franco Montoro (Turma 107).

O surgimento desta faculdade também trouxe para São Paulo enorme efervescência cultural. Inúmeros escritores de renome e movimentos culturais ali surgiram, tais como: Alphonsus Guimaraens, um dos principais representantes do Simbolismo no Brasil; Álvares de Azevedo, Escritor e poeta ultrarromântico; Castro Alves, poeta e um dos representantes do movimento abolicionista; Hilda Hilst, uma das maiores escritoras da Língua portuguesa contemporânea; José de Alencar, Autor do Livro Iracema e um dos maiores nomes do Romantismo no Brasil; Monteiro Lobato, escritor de obras-infantis como O Sítio do Picapau Amarelo; Oswald de Andrade, representante do movimento modernista e autor do Manifesto Antropófago. O edifício da faculdade também é repleto de obras com significado cultural, "(...) encontram-se agregados elementos dignos de nota, tais como os vitrais da escadaria, produzidos pela Casa Conrado Sorgenicht, e o mobiliário do Salão Nobre e da Sala da Congregação, confeccionado no Liceu de artes e Ofícios de São Paulo (...)".

A Faculdade de Direito de São Paulo foi a primeira entidade a ser incorporada à Universidade de São Paulo na fundação desta, em 1934, e é considerada uma das melhores no ensino jurídico. Em 116 anos de existência, o XI de Agosto sempre foi, e ainda é, um centro de difusão de ideais republicanos e de Igualdade, concretizados na resistência à Ditadura de Getúlio Vargas. Foi palco de diversas conquistas, como o Sufrágio feminino e do Voto secreto, e envolveu-se em várias campanhas, como "O petróleo é nosso!", "Diretas Já!", "Fora Collor" e, mais recentemente, na organização do ato e na leitura da "Carta às brasileiras e aos brasileiros".

Biblioteca

Considerada a primeira Biblioteca pública da cidade de São Paulo, criada em 1825 no Convento de São Francisco, é especializada em Direito e serve ao corpo discente e docente da faculdade, além de poder ser utilizada pelo público em geral para consulta. Dom Manuel da Ressurreição, terceiro Bispo de São Paulo, colocou um acervo de 2 000 exemplares disponibilizados para membros do clero e para os estudantes. Com a fundação da Faculdade de Direito de São Paulo, a biblioteca herda aproximadamente mais 5 000 volumes para sua coleção. Em 1934, a faculdade passa por uma reforma completa, onde a biblioteca passa a localizar-se em suas atuais dependências, ocupando uma considerável parte do primeiro pavimento do prédio do Largo de São Francisco, e, a partir de 1982, esta passa a integrar o Sistemas de Bibliotecas da USP (SIBi), visando atender as necessidades de informação do coletivo da universidade. Ao longo dos anos, a biblioteca passou por uma série de inovações, como a passagem do Serviço de Biblioteca e Documentação para a atual SBD, a disponibilização do acesso ao DEDALUS (Banco de Dados Biográficos da USP pela internet), a instalação de microcomputadores e a criação da homepage do SBD. Atualmente conta com 366 996 volumes, classificados em Livros/Folhetos, Teses, Fascículos de Periódicos, Multimeios, Obras raras e Separatas. É utilizada por aproximadamente 51 194 pessoas que fazem parte da Comunidade USP e também por usuários.

Faculdade de Direito de São Paulo em 1880, foto de Jean Georges Renouleau (1845-1909).


O INSTITUTO BUTANTÃ


Os jardins do Instituto Butantã em 1940





O Instituto Butantan surgiu em 1899 (final do século XIX) para ajudar no combate a um surto de peste bubônica que se propagava no estado de São Paulo a partir do Porto de Santos. Temendo que a doença atingisse a capital, o governo paulista convocou o Instituto Bacteriológico (atual Instituto Adolfo Lutz) para tentar resolver o problema. Seu diretor, Adolfo Lutz, mandou para essa cidade o assistente Vital Brazil. Em pouco tempo ele diagnosticou a doença e, em conjunto com o médico Oswaldo Cruz, criou um plano para controlá-la. De volta à capital, Vital Brazil foi encarregado de chefiar a organização de um laboratório de produção de soro antipestoso, vinculado ao Instituto Bacteriológico. Para albergar este novo serviço e laboratório, o médico Emílio Ribas, diretor sanitarista do estado, sugeriu ao então presidente de São Paulo, Coronel Fernando Prestes de Albuquerque, a desapropriação da fazenda Butantan. A localização da fazenda era ideal, já que ficava bastante afastada do centro da cidade, do outro lado do Rio Pinheiros, em uma época em que não havia pontes para unir as duas margens. Em fevereiro de 1901, esse serviço transformou-se em instituição autônoma, então denominada "Instituto Serumtherapico do Estado de São Paulo", e tendo como primeiro diretor o médico sanitarista Vital Brazil. O nome Butantan, segundo o filólogo Eduardo Navarro, é originário do tupi antigo e quer dizer "terra dura dura", formando o superlativo a partir da duplicação do adjetivo. A nomeação para Instituto Butantan aconteceria na década de 1920: em 1925, a instituição já era chamada assim em documentos oficiais. 


AVENIDA 23 DE MAIO


Vale do Itororó, local onde hoje é a Avenida 23 de Maio, anos 1930. #SPFotos


Avenida 23 de maio na altura do Ibirapuera


Avenida 23 de Maio.  Originalmente conhecida como Avenida Itororó e, depois, Avenida Anhangabaú, é uma das mais movimentadas avenidas do município de São Paulo, sendo o principal corredor de ligação dos bairros da subprefeitura da Vila Mariana à região central da cidade. Faz parte do Corredor Norte-Sul. Recebeu este nome em referência ao dia em que foram mortos os estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (conhecidos pelo acrônimo MMDC), 23 de maio de 1932, evento que se encaixa no contexto da Revolução Constitucionalista de 1932.  Construída sobre o antigo córrego Itororó, que foi canalizado, a avenida consiste numa via expressa em sua totalidade, isto é, não é endereço de nenhum estabelecimento residencial ou comercial, tendo barreiras de contenção em seus lugares, ocupando uma faixa com largura total de oitenta metros, para permitir a arborização dos locais. Três dos viadutos que passam sobre a avenida — Dona Paulina, Condessa de São Joaquim e Pedroso — têm uma estrutura interna, cuja função original, no caso dos dois últimos, seria abrigar futuras estações de metrô, referentes aos antigos projetos da Linha Norte–Sul do Metrô, que correria a céu aberto pelo largo canteiro central da avenida — inicialmente, entretanto, esse canteiro central deveria ser usado como faixa expressa. Essas estruturas, inclusive, contam com escadas que desembocam no que seriam as plataformas laterais das estações. No Dona Paulina, funciona o serviço funerário municipal; já no Condessa de São Joaquim, que já funcionou como albergue, moravam, em 2006, famílias de sem-teto. No Pedroso, ainda funciona um abrigo, mantido desde 1996 pela Comunidade Metodista do Povo de Rua. Já os viadutos construídos na região do Ibirapuera foram definidos pelo jornal O Estado de S. Paulo', em 1969, como tendo "linhas arquitetônicas inéditas e um completo tratamento paisagístico do local".  [Textos e imagens da Wikipedia]



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O CENTRO CULTURAL SÃO PAULO


Centro Cultural São Paulo visto de um viaduto sobre a avenida 23 de maio na altura do Paraíso. 



A história do Centro Cultural São Paulo começa na década de 70, quando o terreno entre a rua Vergueiro e a Avenida 23 de Maio foi cedido para a prefeitura. Fruto das desapropriações ocasionadas pela construção do metrô, a área de aproximadamente 300 mil metros quadrados foi alvo de diversas especulações. Em julho de 1973, na administração de Miguel Colassuono, surgiu o Projeto Vergueiro, cujo objetivo era promover a urbanização do local, onde seriam construídos um complexo de escritórios, hotéis, um shopping center e uma grande biblioteca pública. O prazo para o término das obras era de cinco anos.

Dois anos depois, a administração de Olavo Setúbal cancelou o Projeto Vergueiro, tendo que arcar com a indenização ao consórcio Prounb, que havia vencido a licitação para as obras. Do plano antigo restou somente a construção da biblioteca pública. Para isso, foi instalada uma comissão de estudos que contava com bibliotecários, professores e o arquiteto Aron Cohen. A ideia do grupo era construir uma biblioteca moderna em que o leitor tivesse livre acesso ao material, de forma que o objetivo não seria mais guardar a informação e sim escancará-la para o público. O arquiteto Eurico Prado Lopes venceu a concorrência aberta em 1976, e as obras tiveram início em 1978.

A gestão seguinte, do prefeito Reynaldo de Barros, resolveu reformular o projeto da biblioteca e adaptá-lo ao de um centro cultural multidisciplinar nos moldes dos que estavam surgindo no mundo todo como o Georges Pompidou, fundado em 1977 na cidade de Paris (França). O então secretário municipal de cultura, Mário Chamie, alegava que a localização era ideal para a instalação de uma instituição como essa. Além disso, argumentava-se que a obra era grande demais para abrigar somente uma biblioteca. Ficou decidido, então, que o centro cultural contaria com cinema, teatro, espaço para recitais e concertos, ateliês e áreas de exposições. Os arquitetos Eurico Prado Lopes e Luiz Telles continuaram à frente do projeto.

A concepção do centro cultural foi baseada em extensa pesquisa para entender o que significava o acesso à informação em um país como o Brasil. O edifício foi projetado com o objetivo de facilitar ao máximo o encontro do usuário com aquilo que seria oferecido no centro cultural. Dessa maneira, a arquitetura do prédio não obedeceu a padrões pré-estabelecidos, privilegiando as dimensões amplas e as múltiplas entradas e caminhos.

O arquiteto Eurico Prado Lopes (à esquerda) apresentando a maquete do Centro Cultural São Paulo aos secretários municipais Mário Chamie (cultura) e Paulo Gomes Machado (obras), 1979.


A construção

O Centro Cultural São Paulo começou a ser construído nos últimos anos da ditadura no Brasil. A proposta de valorizar o aspecto multidisciplinar dos espaços e evitar a compartimentação foi alvo de muitas polêmicas. Nas palavras do arquiteto Luiz Telles: “Ficávamos de prontidão, para ver com o que iam implicar. Não que fôssemos subversivos, os outros é que eram retrógrados”. 

O projeto foi amplamente discutido na mídia, pois, além de apresentar conceitos inéditos como integração e multidisciplinaridade, sua construção contou com alguns problemas de ordem técnica, já que apresentava muitas inovações arquitetônicas. Pesquisas e experimentações tiveram que ser realizadas antes que se pudesse chegar ao produto final. Para viabilizar as formas arrojadas pretendidas pelos arquitetos, utilizou-se os mais variados materiais, como vidro, aço, concreto, acrílico, tijolo e tecido.

As estruturas mistas previstas no projeto fizeram com que conceitos tradicionais de execução tivessem que ser modificados, dando lugar a novas técnicas muito específicas, em um processo que beirou o artesanal. Durante a construção do prédio, Emilie Chamie, esposa do então secretário de cultura, Mário Chamie, criou o logotipo da instituição. O desenho é a representação de uma junção de curvas e foi pensado, segundo sua criadora, a partir das estruturas do prédio.

A inauguração

A lei de criação do Centro Cultural São Paulo, promulgada em 6 de maio de 1982, estabelecia que suas funções incluíam: “planejar, promover, incentivar e documentar as criações culturais e artísticas; reunir e organizar uma infra-estrutura de informações sobre o conhecimento humano; desenvolver pesquisas sobre a cultura e a arte brasileiras, fornecendo subsídios para as suas atividades; incentivar a participação da comunidade, com o objetivo de desenvolver a capacidade criativa de seus membros, permitindo a estes o acesso simultâneo a diferentes formas de cultura; e oferecer condições para estudo e pesquisa, nos campos do saber e da cultura, como apoio à educação e ao desenvolvimento científico e tecnológico”.

A inauguração aconteceu no dia 13 de maio de 1982. O prefeito Reynaldo de Barros e o secretário de cultura Mário Chamie receberam um grande público entre convidados, participantes da obra e a população em geral. Após a cerimônia, os presentes percorreram as dependências do edifício, assistiram a espetáculos musicais com o Coral Paulistano e com o pianista João Carlos Martins e puderam apreciar as obras em exibição na Pinacoteca.

Em 1982, São Paulo possuía aproximadamente 8,5 milhões de habitantes, grande parte deles espalhada pela periferia. A intenção do centro cultural que nascia era a de agregar essa população heterogênea, fornecendo um espaço em que todos tivessem acesso aos mais variados gêneros culturais.

Mário Chamie destacou em seu discurso todo o trabalho que a obra demandou, apontando que “durante dois anos, dez meses e um dia pelas manhãs, tardes e madrugadas adentro, trabalhou-se na construção desse espaço”. Segundo Chamie, era necessário abrigar em um só espaço cultura popular e erudita, e todo tipo de manifestação cultural de grupos ou comunidades as mais diversas, para refletir “toda essa igualdade cultural brasileira que é feita justamente das diferenças”. PMSP


Projeto de arquitetura de Eurico Prado Lopes e Luiz Teles.

Escultura de Tomie Otake no Centro Cultural São Paulo, na avenida 23 de Maio. 







ABASTECIMENTO E GASTRONOMIA PAULISTANA



Bairros de Pinheiros e Butantã na Planta da Cidade de S. Paulo Mostrando Todos Os Arrabaldes e Terrenos Arruados (1924)

Pinheiros e São Miguel Paulista são considerados os dois primeiros bairros paulistanos, em função de sua criação relacionada à Vila de São Paulo, inicialmente como aldeamentos, posteriormente convertidos em freguesias e vilas. No início do século XVII, o Caminho de Pinheiros era um dos mais destacados da Vila de São Paulo, por ser o único acesso à aldeia e às terras além do rio, no sentido oeste. Em 1786 iniciou-se a construção de uma estrada ligando Pinheiros aos campos de Santo Amaro, que hoje corresponde à Avenida Brigadeiro Faria Lima. No final do século XIX, essa estrada foi sendo estendida para o sentido oposto até a Lapa, recebendo inicialmente o nome de Estrada da Boiada, hoje correspondente aos trechos designados por Rua Fernão Dias, Rua dos Macunis e Avenida Diógenes Ribeiro de Lima. A progressiva mudança na configuração do bairro, em função do aumento do número de casas e ruas foi documentado nos mapas publicados nos anos seguintes: na primeira década do século XX foi construída a Rua Arco Verde (atual Rua Cardeal Arco-Verde) e instalada, na Rua Teodoro Sampaio, a linha de bonde ligando Pinheiros ao centro de São Paulo: iniciada em 1904, a linha de bonde passava pelo cemitério do Araçá e chegava até o cruzamento da Rua Teodoro Sampaio com a Rua Capote Valente. O Largo de Pinheiros foi contemplado com essa linha de bonde somente em 1909, após drenagem e aterro em toda a área entre os dois pontos.[Textos e imagens da Wikipedia]


Instalações da Cooperativa Agrícola de Cotia (década de 1920) no Largo da Batata, onde os agricultores de Cotia comercializavam batatas e outros produtos agrícolas.

O Mercado de Pinheiros foi inaugurado em 1910 e inicialmente não passava de uma área cercada por arame farpado com pequeno galpão no centro, onde agricultores locais e de Itapecerica da Serra, Carapicuíba, Piedade, M'Boy, mas principalmente de Cotia, comercializavam seus produtos. A área que ficava entre o Mercado de Pinheiros e o Largo de Pinheiros e que, a partir do início do século XX, começou a receber os agricultores de Cotia (predominantemente japoneses) que dirigiam-se à região para comercializar batatas (o principal produto agrícola de Cotia nas primeiras décadas do século XX) e lá estacionavam suas carroças e animais, acabou sendo denominada, por essa razão, de Largo da Batata.

Na década de 1910 o bairro foi ampliado, com a construção do novo bairro operário da Vila Cerqueira César e de um bairro operário entre as atuais ruas Fernão Dias, Padre Carvalho e Ferreira de Araújo, ambos a partir do modelo dos bairros operários da Mooca e do Brás, constituídos de ruas curtas e casas pequenas, com a frente junto à calçada e com as paredes laterais próximas das casas vizinhas, sem espaço frontal ou lateral para jardins, porém com quintal e, eventualmente, edícula nos fundos. Com isso, intensa modificação do perfil do bairro: em 1915 inaugurou-se a iluminação pública e, em 1929, iniciou-se o serviço de água encanada e a pavimentação das ruas com paralelepípedos. Ao mesmo tempo, o espaço entre o bairro de Pinheiros e o centro de São Paulo foi rapidamente urbanizado, passando a ser facilmente percorrido por meio do bonde. O início da construção, em 1922, da BR-2 ou Estrada São Paulo-Paraná (futura Rodovia Raposo Tavares), sobre a antiga Estrada de Cotia ou Estrada de Sorocaba (anteriormente Caminho das Tropas), acelerou o desenvolvimento da região e atraiu os agricultores de Cotia a comercializarem seus produtos no Mercado de Pinheiros, fazendo com que a Cooperativa Agrícola de Cotia instalasse galpões de armazenamento no local que, por essa razão, passou a ser conhecido como Largo da Batata.[Textos e imagens da Wikipedia]

São Paulo - 1906. Bonde de Transporte de Carne Saindo Do Matadouro Municipal De Vila Clementino. Em 1903 Foram Adicionados Dois Carros Motores E Quatro Reboques.Hoje no local funciona a Cinemateca Brasileira, fica no Largo Senador Raul Cardoso, prédio preservado.. Amo SP



Mercado Municipal - SP - 1933. Projetado por Ramos de Azevedo, inaugurado em 25 de janeiro de 1933. SP e suas Histórias. 


Mercado Municipal. O edifício, em estilo eclético, foi projetado em 1925 pelo engenheiro Felisberto Ranzini, funcionário do escritório do renomado arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo, sendo o desenho das fachadas de Felisberto Ranzini. Sua construção se deu entre os anos de 1928 e 1933. Trata-se de um representante da arquitetura da "Metrópole do Café" quando a cidade buscava a valorização de suas áreas centrais, associada a uma ideia de modernidade e adequada com o aquecimento econômico proveniente da produção cafeeira. Por outro lado, a construção do Mercado Municipal também se enquadra à adoção de preceitos higienistas que ocorreram entre o início do século XIX até meados do XX. Inspirados em modelos de cidades europeias, e ainda receosos com surtos epidêmicos ocorridos em diversas cidades brasileiras no período, os arquitetos brasileiros apostaram em novos modelos para a edificação de mercados públicos e outros equipamentos de infraestrutura urbana. A inauguração aconteceu em 1933. Além de sua importância histórica, o "Mercadão" também possui uma enorme importância na gastronomia tradicional da cidade de São Paulo, possuindo grandes variedades de lanches, aperitivos, frutas entre outros. A refeição mais popular do "Mercadão" é o tradicional lanche de mortadela, como também o bolinho e o pastel de bacalhau, além de uma variedade de amendoins, frutas (cristalizadas ou não), queijos e presuntos.[Textos e imagens da Wikipedia]

Construção do mercado  na década de 1920.#SPFotos

Movimento informal no entorno do Mercado Municipal nos anos 1940. Acervo do Instituto Moreira Salles.


Trânsito no entorno do Mercado Municipal nos anos 1947. 



Boxes internos do Mercado 


MERCADO DA LAPA




O Mercado Municipal da Lapa foi idealizado pelo vereador Iapeano Ermano Marchetti, projetado e construído pela Prefeitura do Município de São Paulo, conforme lei 4.162 de 28.12.1951. O prédio de forma triangular foi considerado na época um dos mais modernos e recebeu elogios de engenheiros de outros países da América Latina.

Com uma área construída de 4.840m², foi inaugurado no dia 24 de agosto de 1954, ano em que se comemorava o 4º centenário de São Paulo, justamente no dia do falecimento do então Presidente Getúlio Vargas. Só havia 40 boxes prontos, a maior parte deles ocupados por comerciantes de um extinto mercadinho da Rua Clélia, quase todos imigrantes recém-chegados da Europa, principalmente da Itália.

Os primeiros clientes a aparecerem no Mercado foram os fiéis imigrantes europeus, os quais encontravam grande parte dos produtos vindos da terra natal. Eram vinhos, uísques, bacalhau, peixes, funghis italianos e azeites.

Hoje, o mercado da lapa está muito mais estruturado e moderno, conta com 96 lojas. O consumidor encontra produtos como: bebidas, queijos e vinhos de diversas procedências, tabacaria, ervas medicinais, temperos e especiarias, iguarias, conservas, pescados, frutos do mar, embutidos, carnes exóticas e carnes com cortes especiais. Além também de produtos de decoração, utensílios domésticos, produtos de limpeza, armarinhos, presentes, entre outros. Pode-se curtir momentos agradáveis nas lanchonetes, saboreando o tradicional Pão com Mortadela caprichado ou Pastel de Bacalhau delicioso. É um charmoso ponto de encontro dos paulistanos de diversas gerações.


CEASA E CEAGESP



A Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), ou simplesmente CEAGESP, é uma empresa pública federal brasileira, vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar[2]. É uma das principais empresas estatais de abastecimento, o terceiro maior centro atacadista de alimentos do mundo e o primeiro do Brasil e da América Latina. Com sede em São Paulo, localizada na Avenida Doutor Gastão Vidigal, nº 1.946, opera atualmente em 21 municípios do Estado de São Paulo, conta com duas unidades de negócios distintas e que são complementares: a armazenagem e a entrepostagem. Foi instituída em 31 de maio de 1969, em decorrência da fusão de duas empresas do setor de abastecimento agroalimentar pertencentes ao governo do Estado de São Paulo, a Companhia de Armazéns Gerais do Estado de São Paulo - CAGESP e o Centro Estadual de Abastecimento S/A - CEASA. A empresa opera como agente do sistema de abastecimento agroalimentar na área de agronegócios, atua diretamente nas atividades de armazenagem e entrepostagem, promovendo a guarda e conservação de mercadorias de terceiros em armazéns, silos (grandes depósitos, em forma de cilindro, para guardar produtos agrícolas) e frigoríficos e na instalação de entrepostos para, sob sua administração, permitir o uso remunerado de seus espaços para a comercialização de produtos agrícolas por terceiros. Mantém a maior rede pública de armazéns, silos e graneleiros (locais que recebem ou abrigam mercadorias a granel) do Estado de São Paulo, ao mesmo tempo em que contribui para escoar as safras, que movimentam o comércio atacadista e varejista e barateiam os custos para o consumidor, e tem como compromisso executar a política do abastecimento alimentar no âmbito do sistema nacional.

A CEAGESP surgiu em 31 de maio de 1969, resultado da fusão de duas empresas mantidas pelo governo de São Paulo: o Centro Estadual de Abastecimento (CEASA) e a Companhia de Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (CAGESP); e o novo nome foi escolhido pelo então governador do Estado, Abreu Sodré. Desde o início, a empresa centraliza o abastecimento agroalimentar de boa parte do país e rapidamente consolidou sua atuação nas áreas de comercialização de hortícolas e armazenagem de grãos. Em 1977, quando a companhia ampliou o Mercado Livre do Produtor no entreposto da capital paulista, a comercialização atingiu o recorde de 6,2 mil toneladas de produtos vendidos num só dia, superando o maior mercado do mundo, o Paris-Rungis, na França.Ainda hoje, o Entreposto Terminal São Paulo (ETSP) é considerado o terceiro centro de comercialização atacadista de perecíveis do mundo – depois de Paris e Nova York – e o maior da América Latina, com a movimentação de 250 mil toneladas de frutas, legumes, verduras, pescados e flores a cada mês.

A rede de armazenagem também acompanhou o crescimento da companhia. Em 1970, a Ceagesp construiu os primeiros silos horizontais do país, acoplados a graneleiros. Na época, a rede recebia os estoques reguladores do governo federal, comprados em vários estados e armazenados em cidades do interior de São Paulo. No final dos anos 1970, a empresa iniciou o processo de descentralização, inaugurando em São José do Rio Preto a primeira unidade de comercialização fora da capital. Atualmente, a companhia mantém 11 unidades no interior, próximas a polos de produção e consumo.[9]

Nos anos 1980, a empresa também investiu no atendimento ao consumidor. Criou o primeiro varejão com produtos frescos a preços controlados. Em 1983, vieram os sacolões para vender legumes e verduras por quilo a preço único. Em 1984, surgiram os comboios, que funcionavam como mini-varejões. A partir de 1986, os armazéns da CEAGESP passaram a abrigar açúcar ensacado, por conta da expansão da cultura de cana-de-açúcar que, ao lado da laranja, assumiu a liderança da agricultura paulista.

Na década de 1990, a CEAGESP estava com dívidas de cerca de R$ 180 milhões com o Banespa, e o governo de São Paulo anunciou que leiloaria a companhia na Bolsa de Valores, em 1996. Foi estipulado o valor de venda de 98,9% das ações por cerca de R$ 250 milhões. Foram realizadas duas tentativas de leilão. A primeira tentativa foi cancelada por falta de comprador e a segunda porque o único consórcio interessado na compra informou que não tinha condições de fechar negócio.

Em 1997, a CEAGESP foi federalizada e o patrimônio da Companhia entrou como parte do pagamento da dívida do estado de São Paulo com a União. A companhia foi vinculada ao Ministério da Agricultura, entre 2019 foi transferida e permaneceu vinculada ao Ministério da Economia até o final de 2022, e desde a publicação do Decreto nº 11.338, de 1º de janeiro de 2023, passou a compor a estrutura do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. A CEAGESP foi incluída no Programa Nacional de Desestatização em outubro de 2019, por meio do Decreto nº 10.045/2019.

A CEAGESP mantém a maior rede pública de armazéns do Estado de São Paulo, são 17 unidades ativas situadas próximas aos polos produtivos presentes na capital e no interior de São Paulo. Os serviços prestados na rede armazenadora são: armazenagem; limpeza; secagem; expurgo; classificação vegetal; recepção; ad-valorem; embarque; e serviços complementares. Os principais itens armazenados são: produtos à granel, como grãos, açúcar e pellets; produtos agrícolas em sacos e/ou bags; e produtos industrializados de acordo com a estrutura disponível em cada unidade. Os principais clientes são: pequenos, médios e grandes produtores agrícolas, usinas de açúcar, moinhos, cooperativas agrícolas, importadores, exportadores e órgãos do Governo.


Mercadão de frutas - ETSP.

Outra atividade de grande importância desenvolvida pela Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais (CEAGESP) é a entrepostagem (depósito ou venda de mercadorias), são 13 unidades de entrepostos atacadistas que funcionam como ponto de encontro de produtores e comerciantes presentes na capital e no interior de São Paulo.[As unidades de entrepostagem, também conhecidas popularmente como CEASA, operam como canais de distribuição da produção regional para feiras-livres, supermercados, sacolões, restaurantes e distribuidoras de hortifrutícolas. Ao mesmo tempo em que contribuem para escoar as safras, movimentam o comércio atacadista e varejista e barateiam os custos para o consumidor. As principais atividades desenvolvidas nos entrepostos são: atacado, varejão, feira de flores e pescado. O Entreposto Terminal São Paulo (ETSP), que é a maior central de abastecimento de frutas, legumes, verduras, flores, pescados e diversos (alho, batata, cebola, coco seco e ovos) da América Latina, chegam os mais variados produtos, vindos de 1.495 municípios brasileiros e de 18 países. Os principais clientes são: pequenos, médios e grandes produtores agrícolas, cooperativas agrícolas, importadores, exportadores e órgãos do Governo. Ainda, atendem às pessoas que desejam trabalhar por conta própria como ambulante e carregadores autônomos.

Banco de Alimentos. Criado em 2003, Banco CEAGESP de Alimentos (BCA) tem como principal objetivo receber, selecionar e distribuir diariamente excedentes da comercialização atacadista, em geral oriundos de produtores e comerciantes locais. Esses produtos, por razões variadas, estão fora do padrão para a comercialização, mas em excelente condição para o consumo humano. Os alimentos coletados junto aos comerciantes e distribuídos diretamente aos beneficiários são produtos que mantêm bom estado de conservação e condições de consumo, como a durabilidade e o valor nutritivo, mas que não são comercializados por conta de algum defeito, como um amassado ou mancha na casca, o que torna o seu valor e atração de comercialização menor. O esforço do Banco Ceagesp de Alimentos foi reconhecido com duas premiações muito importantes: o troféu Bronze na competição realizada pela WUWM 2016 (sigla em inglês para União Mundial dos Mercados Atacadistas), na Polônia, que teve como tema “Eficiência na redução da perda e desperdício de alimentos no mercado”.

Eventos. Ao longo do ano, a CEAGESP promove diversos eventos gastronômicos, sendo o principal deles o Festival de Sopas da CEAGESP, que ocorre há mais de cinco décadas consolidando-se como um dos mais tradicionais festivais de inverno na capital paulista.. O festival atrai milhares de pessoas todos os anos e oferece diversas opções de caldos e cremes, como: Sopa de Cebola, Sopa de Rabada com Agrião, Sopa de Bobó de Camarão, Creme de Couve-flor com Roquefort, Sopa de Legumes com Shitaki e Capeletti in Brodo. O cardápio muda ao longo do período do festival, incluindo sempre novos sabores de cremes e caldos.


PRATOS POPULARES 


Jô Soares saboreando um dos  sanduíches mais tradicionais  do centro de SP.

A variedade da comida popular paulistana é encontrada numa grande diversidade de lugares  e situações como os eventos as feiras, os jogos nos estádios e campos improvisados , nas feiras, calçadas, nos restaurantes, botecos, lanchonetes, pontos de ônibus, estações do metrô, praças, prédios comerciais e públicos, shoppings, enfim, onde houver alguma chance da procura pela fome e oferta do que comer. 

Inúmeras publicações e reportagens já listaram os pratos típicos e preferidos em diversas épocas, revelando sempre uma enorme riqueza de culturas, preferências e gostos. 

Claro que sempre alguns desse pratos podem ser muitos mais lembrados e outros até esquecidos mas, no geral, esses são os mais citados e consumidos: 

a coxinha, a esfiha, o quibe e o pastel;

 o pão na chapa com pingado (café com leite);

o churrasquinho de rua, o cachorro-quente, o milho verde;

os sanduiches de pernil e de mortadela, o misto quente e o baurú;

a pizza, o virado à paulista, a feijoada, o picadinho;

o sonho, o brigadeiro, o beijinho, a trufa, a vitamina de frutas e o churro. 

Sempre tem por perto uma sorveteria, um carrinho de pipoca e de algodão doce;

uma bomboniere de guloseimas;

os restaurantes de nacionalidades,

as churrascarias gaúchas com seus fartos rodízios, 

as casas e restaurante do Norte 

as lanchonetes comuns e de redes de hamburgueria; 

as pastelarias;  

e finalmente os queridíssimos cafés  e seus pães de queijo. 

Pronto, falamos tudo. Quase tudo... porque existe na cidade e nos arredores uma imensa diversidade de colônias e redutos de povos estrangeiros e também das comunidades nacionais e estrangeiras, sempre contribuindo para uma constante renovação de hábitos e costumes.

Esquecemos alguma que não poderia ter ficado de fora? 

Então, bom apetite!

ALGUNS DOS MUITOS PONTOS HISTÓRICOS


Avenida Faria, 1973. Os primeiros espaço fast-food da cidade. 




O Gato que Ri, no Largo do Arouche nos anos 1960.

O Gato que Ri é um patrimônio de São Paulo, ainda em pleno funcionamento no largo do Arouche. A cantina foi fundada em 1951 pela italiana Amélia Montanari, a dona Amélia, que, recém-chegada de Vêneto, começou a servir massas caseiras preparadas por ela. Fez-se fama a lasanha verde, que até hoje recebe o incremento de molho à bolonhesa e molho branco intercalados com a massa, feita de espinafre. É histórica a cena do músico Adoniran Barbosa sentado em uma cadeira, em frente à porta do restaurante, na calçada, com uma dose de uísque, a batucar samba na caixinha de fósforo. Ele tinha o costume de levar o nhoque ao sugo para comer com a mulher, Matilde, em casa. A cantina, que nasceu de um pequeno espaço e hoje ocupa um salão espaçoso e alegremente barulhento, mantém um cardápio extenso, que traz, para além das massas, risotos, carnes, peixes, sopas e um galeto desossado com arroz à grega e purê de batata.- Gurmit Guide


O Gigetto chega aos 70 anos
 muito mudado, distante daquele que foi provavelmente o restaurante mais conhecido, animado e badalado, que reunia "toda São Paulo", era ponto habitual de artistas, jornalistas, políticos, intelectuais, boêmios e desgarrados da noite. Mas ainda conserva um pouco da majestade dessa época e faz ainda pratos que podem agradar os saudosistas, como steak Diana (R$ 56), strogonov (R$ 49), miolo de boi à dorê (R$ 40), camarões à grega (R$ 82), camarões à paulista (com azeite e muito alho, R$ 79), filé cordon bleu (empanado e recheado com presunto e queijo, R$ 62), filé de pescada com molho de camarão (R$ 78). Preços meio altos para uma casa relativamente simples. O restaurante nasceu na avenida Rio Branco, mas o seu auge foi na Nestor Pestana. Era uma delícia, um desfilar constante de pessoas interessantes, mulheres bonitas. As contas de algumas mesas nunca fechavam. Os amigos iam chegando, jantando e pagando a sua conta. A mesa continuava até o fim da noite nesse senta levanta. Não era uma cozinha requintada, mas sim cheia de sabor, com algo caseiro, que hoje se perdeu um pouco. Há 39 anos ele foi para a Avahandava, para um grande salão retangular, com lambris de madeira nas paredes e meio frio, sem o calor do casarão. Deixou de lado alguns de seus melhores pratos, como o lombo de porco assado, o rosbife com salada de batatas, o peixe dourado à brasileira com um belíssimo pirão. O galeto assado foi substituído por um frango adulto, que foi o melhor prato da noite (R$ 26) O galeto era melhor, mas o frango estava ótimo. Nos velhos tempos, o cozinheiro colocava o panelão de arroz para prensar o frango na chapa. Camarão à grega empanado e entremeado no espeto com queijo. Empanado um pouco espesso, aparecendo demais. Filé à cubana correto, à milanesa, com banana, palmito, ervilhas, batata palha, R$ 59). Dobradinha à toscana muito boa, saborosa, porém um pouco rija (R$ 22,50). O ponto franco ficou com a massa, um cappelletti gratinado com queijo e calabresa (massa além do ponto, pegando no dente e lingüiça comum). Clientela constante. Muitos casais que demonstram conhecer a casa e os garçons. Serviço cordial. Compensa como garçon Neto há décadas na casa, para ouvir causos dos velhos tempos. Onde: Avanhandava, 63, Centro. Jamil Chade. Estadão. 8 de junho de 2018. 



O “Café dos Artistas” ou simplesmente “Café” era um encontro de artistas e empresários circenses que acontecia no dia de folga da categoria, segunda-feira, num ou em torno de um café. O de São Paulo, já que existiu “cafés” em várias capitais do país, foi sediado inicialmente no Largo do Rosário, atual Praça Antonio Prado, e no início do século XX, passou a acontecer no Largo do Paissandu, chegando a reunir mais de 600 pessoas em torno de vários cafés - Ponto Chic, Juca Pato, 518, entre outros - e ocupando todo quadrilátero que abrange o Largo do Paissandu e a avenida São João, até o cruzamento com a Ipiranga. Era  um lugar de encontros sociais, um marco importante de referência dos artistas, que iam procurar trabalho, e de empresários, agentes culturais e donos de circo de todo Brasil, que procuravam artistas para trabalhar em seus espetáculos. - São Paulo, suas histórias e algo mais.


O Ponto Chic, no largo do Paissandu na década de 70 conhecido pelo seu tradicional sanduíche Bauru, juntamente com o Bar Tamoio (ao lado).Ponto Chic é um bar e lanchonete situado em São Paulo, no Largo do Paiçandu, fundado por Odílio Cecchini e Antônio Milanese, em 24 de março de 1922. Odilio Cecchini fazia parte da diretoria da Sociedade Esportiva Palestra Itália (desde 1942 é a Sociedade Esportiva Palmeiras). Seu sócio Antônio Milanese morreu em combate como voluntário na Revolução Constitucionalista de 1932. O estabelecimento ficava no térreo de um prédio de três andares, tinha mesas e balcão em mármore de Carrara, azulejos e cristais importados. Era frequentado por homens da alta sociedade, muito bem vestidos, que ali discutiam política, arte, economia, esportes. Nos andares superiores havia "Madame Fifi com suas francesas". Por muitos anos, foi um ponto de encontro de torcedores do Palmeiras. Foi no Ponto Chic que Casimiro Pinto Neto, em 1937, criou o sanduíche Bauru, referência à sua cidade natal, o município de Bauru, no estado de São Paulo. A verdadeira receita do Bauru do Ponto Chic é um sanduíche no pão francês com finas fatias de rosbife, tomate em rodelas, picles e uma mistura de 4 tipos de queijos fundidos em banho-maria (queijo prato, estepe, gouda e suíço).

Na foto, o Restaurante Guanabara, quando ainda ficava na Rua Boa Vista, esquina com a Ladeira Porto Geral, anos 1950/60

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Pizzarias e Restaurantes tradicionais da nossa cidade estão fechando e estão permanecendo somente na memória paulistana. Algumas deles ainda resistem, mas respirando a base de aparelhos(ou sem eles, pois estão em falta!)

A mais antiga das pizzarias é a Castelões, no Brás, cujos atuais proprietários atribuem o ano de 1924 como o da abertura da casa. A Speranza foi a primeira pizzaria na cidade a servir a margherita. A casa, fundada em 1958 no Brooklin, mudou-se em 1961 para a região do Bixiga, onde permanece a matriz.
A Pizzaria Bruno  está no mesmo ponto desde 1939. Atualmente, passa por mais uma reforma. Um dos sucessos do menu é a pizza de camarão com catupiry. Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó.
A Monte Verde está no mesmo endereço desde  1956, no Bom retiro. É um dos “culpados” por fazer a pizza de massa fina virar pop.  A primeira unidade da pizzaria Camelo nasceu em 1957, no Jardim Paulista. Era um restaurante árabe antes de começar a servir os discos de massa fina. Hoje a rede está em diferentes cantos da capital.

O texto gostaria de pautar os inúmeros locais de encontros e degustes, mas o cenário está mudando. E pra pior.  A cantina Capuano, restaurante mais antigo em funcionamento contínuo na cidade, encerrou as atividades há pouco mais de duas semanas. Desde 1907 no mesmo endereço, na rua Conselheiro Carrão Bixiga, a casa não resistiu à morte do dono Angelo Luisi.
O Parreirinha, no centro, cuja fachada tinha uma vitrine que exibia rãs em pose de bailarinas, fechou.  O La Paillote, famoso pelo caríssimo camarão à provençal, que deixou o improvável endereço no Ipiranga para agonizar nos Jardins.
O Cacciatore, que servia comida da Itália setentrional em meio às cantinas do Bixiga.  O Gigetto, que projetou o restauranteur Giovanni Bruno numa época em que garçons ascendiam socialmente.  O Massimo e o Antiquarius, o cúmulo do luxo em suas épocas.
O alemão Kakuk, em Santa Cecília, e suas estranhas cabines equipadas com interruptor para chamar o garçom – mais um delicioso purê de ervilhas para acompanhar o eisbein.  O Suntory, cenário de banquetes japoneses.
O Pandoro, que tinha o bar mais charmoso de São Paulo.  A cantina Balilla, no Brás, em que o cliente atravessava a cozinha para chegar ao salão e comer um delicioso capão na brasa ao molho de cebola.
A pizzaria Celeste, instalada em um sobrado decadente na Vila Mariana, que deu origem à Mamma Celeste e ao Babbo Giovanni, este convertido em uma rede de franquias qualquer nota.
A pizzaria Micheluccio, na rua da Consolação, que teve fim semelhante ao da Babbo.  A pizzaria do Edgar, uma lembrança de infância: o dono não admitia juntar mesas e servia só dois sabores de pizza, aliche e mussarela.  Restaurante 1060,  Marinheiro, Giglio, Cantina 1020, Recanto da Mooca, etc...
Outros lugares antigos me transmitem a mesma sensação de fim iminente: Castelões, Star City, Caverna Bugre, PASV, Los Molinos, Gato que Ri, La Casserole, Bolinha, Terraço Itália.  Alguns lugares foram reabertos, mas sem a alma antiga: Bologna, Riviera, Don Curro, Fuentes, Carlino, Acrópoles, Da Giovanni, Bar Léo.
E centenas de outros restaurantes defuntos. Essas casas fecham porque morre a matriarca ou o patriarca, por causa de uma briga familiar, por má gerência. Isto sem falar da pandemia atual!! Com elas, somem fragmentos da nossa história paulistana.  Enfim, fica na memória do paulistano estas doces recordações.  Na foto, o Restaurante Guanabara, quando ainda ficava na Rua Boa Vista, esquina com a Ladeira Porto Geral, anos 1950/60

Fonte: Folha de SP. Créditos: Ramiro Wagner. Memórias Paulistanas


Restaurante popular mantido pela Liga das Senhoras Católicas


Essa história começou em 1920, com a Liga das Mães Católicas, na cidade de São Paulo, cujo objetivo era promover os princípios cristãos e católicos dentro do âmbito familiar. Em 1921, o Arcebispo de São Paulo, D. Duarte Leopoldo e Silva, batiza o grupo de Liga das Senhoras Católicas.

No dia 10 de março de 1923, a Liga das Senhoras Católicas oficializou seu trabalho criando seu primeiro estatuto e registrando a instituição em cartório. No mesmo ano fundou o seu primeiro departamento, o de Auxílio Social. Em 1924, fundou a Escola de Economia Doméstica para educar moças de todas as camadas sociais preparando-as para o futuro.

A entidade também tem forte participação na história do País. Foi a Liga que criou, em 1926, quando nenhuma mulher podia frequentar restaurantes desacompanhadas, um restaurante exclusivo com preço popular para as moças empregadas no comércio, na região central da cidade. 

Durante a Revolução de 1932, a Liga teve uma atuação significativa amparando órfãos, mutilados e viúvas. Momento de atuação decisiva do Dr. Cândido Dores, livre-docente da FMUSP e fundador do lactário da instituição, homenageado em rua de São Paulo. Sua esposa, Aracy Bresser consta entre as fundadoras da instituição, tendo atuado como Diretora do Departamento Social.

Dentre suas participantes, destaca-se Alaíde Borba, vice-presidente e representante social da Liga durante muitos anos, e que ajudou a fundar o Complexo Educacional Educandário Dom Duarte e a Cidade dos Meninos, uma instituição filantrópica responsável por acolher crianças e adolescentes de baixa renda.


 PADARIAS E PANIFICADORAS




PADARIAS ANTIGAS DO BEXIGA

No Bexiga, padarias ultrapassam os 100 anos e chegam à 4ª geração



                  

Adoniram Barbosa em frente a Padaria São Domingos, na rua rua do mesmo nome. Folha de São Paulo.


Gilberto Amendola- Portal Terra, 29 junho de 2019

De manhã, o cheiro do pão italiano quentinho vai impregnando as ruas do Bexiga, na Bela Vista, região central de São Paulo. Clientes locais, gente que veio de longe e até turistas são guiados pelo aroma e pela promessa de uma bela mordida na tradição - que também pode vir recheada com linguiça e provolone. Por lá, há quatro padarias italianas que ultrapassaram os 100 anos: Italianinha (fundada em 1896), 14 de Julho (1897), São Domingos (1913) e Basilicata (1914). Com boa vontade (e desejo de queimar as calorias conquistadas nos próprios estabelecimentos em questão) é até possível fazer um circuito a pé para conhecê-las. Hoje, todas ostentam uma quarta geração de descendentes interessados nas próximas fornadas. A história das padarias centenárias do bairro tem muitos pontos em comum. O primeiro, claro, é a imigração italiana. No início do século 19, diversas famílias recém-chegadas ao País foram morar na região. Na época, trouxeram para a cidade um hábito de sua terra natal - o de fazer pão em casa.  "Na Itália, cada família tinha um forno, girava sua massa e fazia o próprio pão por um mês. Depois, as famílias passavam seu fermento natural para o vizinho, que após produzir o seu pão também repassava o fermento para a próxima família", contou Ângelo Agazio Lorenti, da quarta geração da família que está no comando da Basilicata. O prazer de produção caseira veio antes da comercialização do produto. Como a quantidade produzida era grande, os pães eram compartilhados entre amigos e vizinhos. Depois, a crise econômica e a dificuldade de arrumar trabalho em outras áreas fizeram com que aquilo que era um hobby virasse profissão. Nos primeiros anos, as padarias do Bexiga faziam suas entregas em carroças, usando cavalos para levar os pães de casa em casa.


 À margem do viaduto que dá acesso à Avenida Radial Leste está a Padaria São Domingos. Fundada em 1913 por Domenico Albanese, militar da Guarda Nacional Italiana. No início, Albanese percorria as ruas do bairro entregando pães com um carrocinha. Depois, estabeleceu-se no endereço onde a padaria existe até hoje. Detalhe: por muitos anos, Albanese e a família moraram nesse mesmo sobrado. "Nós estávamos aqui antes do viaduto. Tem na família quem conte que, por pressão e boa influência dos meus avós, a padaria não foi desapropriada na época da construção do viaduto", conta Victor Albanese, 28 anos, da quarta geração. Na São Domingos, os pães saem do mesmo forno desde a inauguração. O espaço também não mudou - continua charmoso e apertado (a expressão mais repetida pelos clientes é 'com licença'). Além dos pães (com destaque para o recheado com calabresa), vale a pena beliscar um cannoli. Um dos clientes históricos da casa foi o músico Adoniran Barbosa (seria de lá o tal torresmo à milanesa cantado pelo compositor?).


A mais antiga delas é a Italianinha, com quase 123 anos, que em seus primórdios se chamava Lucânia (mais conhecida hoje como região da Basilicata), terra natal do fundador, Felipe Poncio. Nos anos 1960, foi comprada por Rafaelli Franciulli e passou a se chamar Italianinha. Naquele período, a padaria era muito maior - e estendia-se até a metade da Rua Rui Barbosa. Com o processo de urbanização do bairro, a Rui Barbosa foi alargada e boa parte da padaria, desapropriada. Hoje, a Italianinha ocupa o que era o depósito da padaria original. "Tenho muitos clientes que me conheceram quando eu era criança", conta Sandra Franciulli, da quarta geração a trabalhar ali. Como as outras padarias centenárias, a Italianinha fabrica pães respeitando o processo de fermentação natural, usando um forno tão velho quanto a própria padaria e uma receita que vem de longe. Além do italiano tradicional, a casa se destaca pelo pão recheado com linguiça calabresa e antepastos como sardela e alichela. O irmão de Sandra, Alexandre Franciulli, é hoje o responsável por outra padaria centenária do bairro, a 14 de Julho. Fundada em 1897 por Rafaelli Franciulli (que anos mais tarde também seria dono da Lucânia/Italianinha). Originalmente, Franciulli trabalhava como mecânico em Santa Maria di Castellabate, na Itália, mas ao chegar ao Brasil notou que quase não existiam automóveis circulando pela cidade. "A saída dele foi abrir uma padaria", contou o neto, Alexandre, da terceira geração. O pai, Wilson Franciulli, foi quem cuidou da padaria por mais tempo - até que perdeu um braço em um acidente de trabalho. Depois do ocorrido, Rafaelli vendeu a padaria - que teve outros donos até ser recomprada pelo próprio Wilson. Hoje, Alexandre é quem toca o lugar e mantém a tradição familiar. Além dos pães italianos, o lugar é conhecido pela porchetta recheada. Ao lado da padaria, Alexandre abriu uma cantina com o mesmo nome.

Por fim, a Basilicata. No início, o espaço que hoje tem um característica sofisticada (com produtos importados e restaurante) era um empório popular (do tipo que vende pasta de dente, vassoura...). O espaço era dividido com uma cocheira - lugar onde ficavam os cavalos usados na entrega dos pães. O lugar também era casa da família e abrigo para pessoas que saíam de sua terra natal para tentar a sorte no Brasil. "Os padeiros e leiteiros tinham a chave de casa e entravam de madrugada para o trabalho. Eles entregavam pães para todos os casarões da Avenida Paulista", conta Lorenti. "Os cavalos eram tão condicionados que, diz a lenda familiar, quando o entregador descia para bater na porta de alguém e entregar o pão, o cavalo já ia sozinho para a próxima residência - porque conhecia o itinerário."



RODÍZIOS E BOTECOS







"A boa ideia foi do empresário Sergio Ricardo Della Crocci, que deu o seu nome à primeira unidade da rede, inaugurada no Pari em 1976, mesmo antes de ser um “grupo”. As previsões deram certo, e dois e dois anos depois, o “Grupo Sérgio” já podia ser chamado realmente de grupo, pois tinha cinco filiais na cidade". VEja SP por Roosevelt Garcia, 22 março de 2017.  


RESTAURANTES RODÍZIOS. Os rodízios surgiram nas grandes cidades como forma de atender a demanda popular pela comida servida de forma personalizada ou “a larte carte”. A primeira experiência mais conhecida desse serviço de atendimento mais rápido e massivo surgiu nas churrascarias em meados dos anos 1970, juntamente com os self-service vegetarianos, ambos em horário comercial de atendimento. A prática logo foi estendida aos fins semana, como forma de lazer e atendimento rápido e rotativo, também logo ampliada para outros cardápios como as pizzas e outras massas, bem como as refeições de origem árabe (quibes e esfihas). Tudo isso coincidiu com as casas de vitaminas e pequenas lanchonetes, cujo consumo foi amplamente ofertado com a chegada no Brasil das grandes de hamburger. O grupo Sérgio, nascido no bairro do Pari foi pioneiro dessa oferta e ampliação. Começou como churrascaria e depois adotou o rodízio de pizza mais popular da cidade, com duração de pouco mais de uma década, surgindo e desparecendo por força da mudança de costumes. 



O Bar das Batidas, tradicional bar da cidade desde a década de 1950, situado no Largo da Batata, aos fundos da Igreja Nossa Senhora do Monte Serrat. O Bar das Batidas foi fundado no ano de 1957, mantido desde então pelos dois irmãos que o fundaram, sendo que o último deles a morrer, Narciso Moreira, dirigiu a casa até o fim da vida, em 2009.


O Bar das Batidas, que ganhou o apelido popular de "Cú do Padre" por estar bem próximo da Igreja Matriz do bairro.



O Restaurante Soberano era um ponto de encontro, escritório informal dos profissionais de cinema da Boca do Lixo. Localizado no número 155 da rua do Triunfo, centro da capital paulista, o estabelecimento era parada obrigatória de técnicos, artistas e diretores de cinema entre as décadas de 1960-1980. Era no boteco de pratos-feitos que se planejavam as produções e se distribuíam empregos. Tudo em meio à agitação da área povoada por malandros, prostitutas, travestis pré-silicone e desocupados, que também frequentavam o lugar. A história do Soberano se confunde com a da produção cinematográfica da Boca do Lixo. A Boca refletia o contexto do cinema marginal nos anos 1960-70, quando chegou a produzir cerca de 60 dos 90 filmes realizados por ano no Brasil. Apesar da intensa produção (boa parte independente das verbas da Embrafilme) e de ter revelado vários profissionais do cinema nacional, uma considerável parcela da filmografia dessa época ainda hoje enfrenta preconceito identificada como uma produção de conteúdo alienante, e de gosto duvidoso e  do contexto da ditadura militar.

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PUBLICIDADE, PROPAGANDA E A POP ART

DALMO DUQUE

Coca-Cola 3 é uma pintura de Andy Warhol  de 1962  A pintura e outras da série mostrando produtos populares industrializados são consideradas pinturas fundadoras do movimento pop art .


Historicamente publicidade e a propaganda sempre estiveram relacionada aos negócios, comerciais ou políticos. 

A informação sobre a oferta de produtos e serviços, bem como dos projetos políticos que dependem da opinião pública (aprovação ou rejeição) sempre dependeu dos serviços especializados de pesquisa, sondagem, de expectativa de realização e consumo. 

Os criadores e organizadores desse trabalho sempre trabalharam em conjunto, embora divididos nos múltiplos segmentos da comunicação. Este é um setor econômicos que cresceu juntamente com a sociedade urbana e sobretudo do surgimento das massas. 

Todos os veículos de comunicação agregam profissionais de múltiplas especializações e funcionalidades. A mídia foi se tornando cada vez\ mais complexa na medida que as demanda de informação e comunicação também se desdobravam em diversas especialidades. 

 Apesar da crescente sofisticação dos meios, as mensagens permaneceram ligadas às suas mais antigas raízes: o ambiente das feiras e e os antigos núcleo de poder ideológico, político ou religiosa. "Bom é o que vende, ruim é o que não vende". Esse é o mais antigo principio da publicidade e da propaganda. No jornalismo o mecanismo é idêntico, com algumas diferenças técnicas e operacionais: notícia boa é a que vende; notícia ruim nasce morta. 

Uma histórica rivalidade entre jornalistas e publicitários, fora da esfera empresarial, mas principalmente entre os trabalhadores desse dois setores , marcou durante muitas décadas o universo da comunicação, com acusações ideológicas mútuas de manipulação e ausência critérios éticos no exercício dessas profissões. O jornalismo se proletarizou rapidamente, enquanto a publicidade e a propaganda ( que essencialmente são idêntica) conservou um certo elitismo financeiro. 

No século XX esses dois segmentos da comunicação funcionaram de forma crescente, integrada e complexa, em função do rápido desenvolvimento tecnológico, sempre em sintonia com as demandas econômicas. 

No Japão, uma sociedade industrial, massivamente demográfica e leitora, os jornais impressos impressos tinham tiragens diárias que chegavam a 8 milhões de exemplares. Esses números são da primeira década desse século. Será que as novas gerações vão manter esse hábito, mesmo porque nesse país a maioria dos casais se recusam a ter filhos. Mais dez mil escolas já foram fechadas nos último dez anos por falta de alunos (BBC News) e um novo hábito de recusa a frequentar salas de aula (fotuko).

Houve historicamente uma Era da Informação e da Comunicação, um longo período de produção e difusão do conhecimento, como conceito e também como produto de valor e consumo. Falava-se muito também numa Era do Conhecimento, que marcaria as primeiras décadas do século XXI. Essas denominações quase sempre estiveram relacionadas ao poder midiáticos dos veículos de comunicação produzidos pela indústria gráfica e eletrônica. 

Com a advento do mundo digital o mundo plano vem sofrendo um estrondoso abalo desagregador. O internet e o universo virtual mudou para sempre todos esses acontecimentos aqui rapidamente relatados. Essa plataforma na qual narramos essas mudanças (o blog) foi um dos primeiros sinais de que as coisas iriam mudar radicalmente. 

Mesmo migrando para o mundo digital, o jornalismo e a publicidade não resistiram aos novos formatos e necessidades de informações. O monóplio do conhecimento, que dava, por exemplo, o status de 4º Poder ao jornalismo, caiu por terra. O mesmo aconteceu com os livros. A TV e o rádio sobrevivem. Até quando não se sabe, mas bem diferentes e mais restritos em sua capacidade de audiência. 

Os costumes mudaram e com eles os hábitos de consumo e a complexidade de interesses. 

A antiga profecia de Andy Warhol finalmente se concretizou e vive a plenitude de sua realização, bem como dos seus danos transformadores.
 

Andy Warhol ( 1928 - 1987) foi um artista visual, diretor de cinema e produtor americano. Uma figura importante no movimento pop art. É considerado um dos artistas mais importantes da segunda metade do século XX. Suas obras exploram a relação entre expressão artística, publicidade e cultura de celebridades e abrangem uma variedade de mídias, incluindo pintura, escultura, fotografia e produção cinematográfica. " No futuro todos serão famosos por quinze minutos"


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 ESPM- ESCOLA SUPERIOR DE DE PROPAGANDA MARKETING



Escola Superior de Propaganda e Marketing-ESPM
 em sua sede nos anos 1980 na rua Rui Barbosa, na Bela Vista. Foi criada em 1951 por Rodolfo Lima Martensen, fruto da percepção de Pietro Maria Bardi, diretor do Masp. Originalmente a ESPM nasceu como Escola de Propaganda do Museu de Arte de São Paulo (Masp), que na época  funcionava  no segundo andar do Edifício Guilherme Guinle, na rua Sete de Abril, centro de São Paulo. A ideia dos criadores da escola era reunir num mesmo espaço a experiência dos mais conceituados profissionais desses dois segmentos da comunicação. 


Reunião dos fundadores da ESPM numa sala emprestada pelo MASP em 1951. Em baixo um cartaz conceitual da nova escola.  Acervo: ESPM



O FEIJÃO E O SONHO DA PUBLICIDADE

DALMO DUQUE

Charles Chaplin em entrevista para Orígenes Lessa. Não perguntem onde nem como. 


Em 1986, já cursando História na PUC das Perdizes, resolvi fazer o curso de verão de Redação Publicitária da ESPM. Era uma oficina ministrada por Ricardo Ramos, escritor pouco conhecido, mas publicitário famoso, pelo menos nesse meio, dono de um amplo e invejável portfólio. 

Os encontros aconteciam aos sábados à tarde na antiga sede da escola, na rua Rui Barbosa, na Bela Vista. Sala cheia de gente curiosa e interessada em ingressar nesse setor, sempre vista como glamuroso e promissor. 

Ricardo Ramos era filho de Graciliano e tinha sotaque nordestino, acentuado pela voz grave e empostada. Sempre sentado e debruçado sobre uma mesa, acendia seus cigarros frequentemente, sem nenhuma preocupação com os não fumantes, muito menos com o pouco tempo que tinha para falar sobre a arte de criar e escrever anúncios. Cada tragada vinha acompanhada do olhar vago para o teto da sala, que facilitava a busca de lembranças e explicações sobre o que estava explicando. 

Terminada sua fala, dividida em longas pausas, todos nós queríamos tecer comentários e mostrar algum conhecimento sobre os temas propostos. Afinal, nossa presença ali tinha função de arrumar emprego em alguma agência ou ser promovido a redator nas empresas que alguns atuavam. Os salários, o prestígio e o glamour em torno dos redatores já era alvo de cobiça e imitação. 

Ricardo achava tudo natural e, com muita paciência e compreensão, nunca fez nada que pudesse questionar, abalar ou destruir os nossos sonhos e fantasias. Quando viu meu portifólio criado especialmente para essa oficina, leu em silêncio cada uma das peças e sorriu com ternura ao concluir cada uma as frases das frases de efeito. Eram anúncios fictícios para o CVV-Centro de Valorização da Vida. Também dava gargalhas, pitecos e provocava as criações dos outros alunos, fazendo comentários lembrando suas experiências com seus antigos colegas de profissão. 

A única coisa que Ricardo não deixava passar , sem a preocupação de ser duro ao desiludir, era sempre lembrar a todos que tudo ali era uma negócio. Lembrava de colegas famosos e bem-sucedidos, sempre mostrando que a ideia básica deles era pagar as contas. O sucesso veio como consequência natural.

Questionado sobre o pai, ele recordava outros nomes da literatura que sobreviveram criando anúncios e redigindo manuais de produtos que ele não tinha a menor ideia de como funcionavam e para que serviam. Liam, se informavam do básico e criavam peças de comunicação impressionantes, cuja linguagem e vocabulários eram rapidamente absorvidos e utilizados pelos técnicos e vendedores desses produtos e serviços. Esses redatores eram profissionais de despertamento de desejos ou falsas necessidades. Só isso. 

A lista deles era enorme e quando seus nomes eram pronunciados durante as aulas, todos ficam em silêncio imaginando como era o dia-a-dia deles nas agências e redações de jornais e revistas. Me perguntava: como eles vieram parar nesse negócio? Isso era muito comum nos países onde a comunicação era negócio antigo  - cultura mais  escolada - e chegou ao Brasil juntamente com seus clientes, geralmente empresas multinacionais que vieram explorar novos mercados e traziam funcionários cuja especialização de vender ideias e sonhos era raro , mas essencial. 

Não tardou descobrir entre nós pessoas com esse perfil. Aliás, Orígenes Lessa, autor de “O feijão e o Sonho” (livro e depois novela da Globo) foi um deles. E o livro é autobiográfico. Este não é um universo comum do trabalho cotidiano. Existem os que que ficam ricos e famosos e também os que apenas pagam suas contas.


RICARDO RAMOS



Ricardo Medeiros Ramos (Palmeira dos Índios, 4 de janeiro de 1929 — São Paulo, 21 de março de 1992) foi um escritor (romancista e ensaísta), advogado e jornalista brasileiro. Ganhou, por três vezes, o Prêmio Jabuti com as respectivas obras Os caminhantes de Santa Luzia (1960), Os desertos (1962) e Matar um homem (1971).

Ricardo Ramos era filho do Graciliano Ramos e de Heloísa de Medeiros Ramos. Viveu uma parte da sua infância em Maceió, num ambiente literário, uma vez que seu pai tinha amizade com importantes autores brasileiros, a exemplo de José Lins do Rego, Rachel de Queiroz, Jorge Amado, Aurélio Buarque de Holanda e Valdemar Cavalcanti. Em 1936, quando Graciliano foi preso, a esposa, Heloísa, viaja para o Rio de Janeiro com as duas filhas menores, deixando Ricardo com o avô materno.

Nos anos 1950, Ricardo Ramos transfere-se para São Paulo, onde permanecerá por mais de trinta anos, trabalhando como publicitário. Faleceu em 1992.

Carreira literária

Em Maceió, Ricardo Ramos conclui o ginásio no colégio dos irmãos maristas. Em 1944, aos 15 anos, volta a morar com o pai, no Rio de Janeiro, iniciando, ali, o curso de direito paralela ao trabalho jornalístico. Nesse período, começa a escrever contos e trabalhar, aos quais “o autor se debruça, com a delicadeza do miniaturista que se notabilizou na arte do conto, sobre a análise dos dramas da alma brasileira” De Graciliano Ramos, o pai, "herdou a concisão e o labor empregado nos textos, além do engajamento em causas sociopolíticas". Em 1954, publica seu primeiro livro “Tempo de espera”, um conjunto de nove volumes. Algumas de suas obras foram traduzidas “para o inglês, espanhol, alemão, russo e japonês. Foi também editor, professor da ESPM e presidente da União Brasileira de Escritores (UBE)”.

ORÍGENES LESSA

Ao centro da mesa, Orígenes aparece tomando posse como primeiro presidente da APP -Associação dos Profissionais de Propaganda. Acervo da APP (Associação dos Profissionais de Propaganda.


Orígenes Themudo Lessa (Lençóis Paulista, 12 de julho de 1903 – Rio de Janeiro, 13 de julho de 1986) foi um jornalista, contista, novelista, romancista e ensaísta brasileiro, um dos imortais da Academia Brasileira de Letras.

Orígenes Themudo Lessa era filho de Vicente Themudo Lessa, historiador, jornalista e pastor presbiteriano pernambucano, e de Henriqueta Pinheiro Themudo Lessa. Em 1906, foi levado pela família para São Luís do Maranhão, onde cresceu até os nove anos, acompanhando a jornada do pai como missionário. Da experiência de sua infância resultou o romance Rua do Sol. Em 1912, voltou para São Paulo. Aos 19 anos, ingressou num seminário protestante, do qual saiu dois anos depois.

Em 1924, transferiu-se para o Rio de Janeiro, separando-se voluntariamente da família e lutando com grandes dificuldades. Para se sustentar, dedicou-se ao magistério. Completou um curso de Educação Física, tornando-se instrutor de ginástica do Instituto de Educação Física da Associação Cristã de Moços. Ingressou no jornalismo, publicando os seus primeiros artigos na seção “Tribuna Social-Operária” de O Imparcial.

Matriculou-se na Escola Dramática do Rio de Janeiro em 1928, dirigida então por Coelho Neto, objetivando o teatro como forma de realizar-se. Saudou Coelho Neto, em nome dos colegas, quando o romancista foi aclamado “Príncipe dos Escritores Brasileiros”. Ainda em 1928, voltou para São Paulo, onde ingressou como tradutor no Departamento de Propaganda da General Motors, ali permanecendo até 1931.

Em 1929, começou a escrever no Diário da Noite de São Paulo e publicou a primeira coleção de contos, O Escritor Proibido, calorosamente recebida por Medeiros e Albuquerque, João Ribeiro, Menotti del Picchia e Sud Mennucci. Seguiram-se a essa coletânea Garçon, Garçonnette, Garçonnière, menção honrosa da Academia Brasileira de Letras, e A Cidade que o Diabo Esqueceu.

Em 1932 participou ativamente na Revolução Constitucionalista, durante a qual foi preso e removido para o Rio de Janeiro. No presídio de Ilha Grande, escreveu Não Há de ser Nada, reportagem sobre a Revolução Constitucionalista, e Ilha Grande, jornal de um prisioneiro de guerra , dois trabalhos que o projetaram nos meios literários. Nesse mesmo ano ingressou como redator na N.Y. Ayer & Son, atividade que exerceu durante mais de quarenta anos em sucessivas agências de publicidade.

Voltou à atividade literária, publicando a coletânea de contos Passa-Três e, a seguir, a novela O Joguete e o romance O Feijão e o Sonho, obra que conquistou o Prêmio Antônio de Alcântara Machado e teve um sucesso extraordinário, inclusive na sua adaptação como novela de televisão.

Em 1942 mudou-se para Nova Iorque para trabalhar no Coordinator of Inter-American Affairs, tendo sido redator na NBC em programas irradiados para o Brasil. Em 1943, de volta ao Rio de Janeiro, reuniu no volume Ok, América as reportagens e entrevistas escritas nos Estados Unidos. Deu continuidade à sua atividade literária, publicando novas coletâneas de contos, novelas e romances. A partir de 1970 dedicou-se também à literatura infanto-juvenil, chegando a publicar, nessa área, quase 40 títulos, que o tornaram um autor conhecido e amado pelas crianças e jovens brasileiros.

Foi casado com a jornalista e cronista Elsie Lessa, sua prima-irmã, com quem teve um filho, o jornalista, cronista e escritor Ivan Lessa. Também foi casado com Edith Thomas, com quem teve outro filho, Rubens Lessa. Na ocasião de sua morte, estava casado com Maria Eduarda Lessa. Foi sepultado em Lençóis Paulista, sua cidade natal.

Sobre sua atuação no universo da publicidade e da propaganda, Elton Laud , no artigo "A propaganda e o sonho", (jornal O Eco, 2023), resumiu sua trajetória  e também como Orígenes tornou-se pioneiro e uma das referências mais citadas nas publicações históricas desse segmento da comunicação:

"Na maior parte do tempo trabalhou na norte-americana J. Walter Thompson, primeira agência internacional de publicidade a se instalar no Brasil, para onde migrou em 1929, depois que a General Motors extinguiu seu departamento de propaganda. Em três épocas distintas, atuou cerca de 22 anos na multinacional, a mais longa delas entre 1943 e 1960. Além da JWT, Orígenes ainda integrou a equipe da N. W. Ayer & Son, outra agência vinda dos Estados Unidos, pela qual teve duas passagens; chefiou o departamento de criação da Eclética, pioneira do país no segmento, fundada em 1914; colaborou brevemente com a também norte-americana McCann Erickson; e encerrou a carreira na JMM Publicidade, empresa genuinamente brasileira, na qual atuou entre 1960 e 1976. Naquele ano, já com 73 de idade, decidiu se aposentar para se dedicar apenas à literatura, de forma especial, ao gênero infantojuvenil. Além de atuar em diversas agências, Orígenes foi o primeiro presidente da APP-Associação dos Profissionais de Propaganda, fundada em 1937. Durante o período em que esteve à frente da entidade, por também ter experiência no jornalismo, acabou assumindo o posto de editor-chefe da revista Propaganda, publicação voltada aos profissionais do setor. Seu reconhecimento dentro da instituição é tão grande que, além de ocupar lugar de destaque na galeria de ex-presidentes, também empresta seu nome à biblioteca do local, inaugurada em sua homenagem em 1999".

 


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O CLUBE DE CRIAÇÃO DE SP E O
ANUÁRIO BRASILEIRO DE PROPAGANDA


O Clube de Criação de São Paulo (CCSP) foi criado em 1975 por publicitários de São Paulo, tendo como primeiro presidente José Zaragoza. Tem o intuito de registrar em seu anuário as peças mais criativas feitas pela publicidade no ano. As categorias são (até 2005): TV e Cinema, Revista, Jornal, Outdoor, Rádio, Internet e Material Promocional/Design. Os prêmios são divididos em Grand Prix (prêmio máximo), Ouro, Prata e Bronze. O júri é eleito pelos sócios do Clube.




Exemplar do 1º Anuário do Clube de Criação de São Paulo ofertado num sebo virtual .



















Clube de Criação divulga foto histórica. 30 de Abril de 2015 . ProMark

No ano em que o Clube de Criação de São Paulo faz 40 anos, o publicitário José Zaragoza apresenta uma foto histórica da primeira diretoria. “Foi para mim um momento histórico que teve muito a ver com a evolução da história da propaganda no Brasil”, conta ele.

Segundo Zaragoza, havia muito de nacionalização de campanhas internacionais e o surgimento do Clube foi uma forma de dar um basta, de mostrar que o Brasil tinha bons profissionais e que tinham uma cultura própria e a necessidade de criar suas propagandas. “Surgia assim o jeito nacional de fazer publicidade, de forma irreverente e ousada e que nos deu tantos prêmios e reconhecimento”, diz José Zaragoza, que oi o primeiro presidente do Clube de Criação de São Paulo.
 


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A ÉPOCA DAS SALAS DE CINEMA 



Em 1906 o imigrante espanhol Domingos Fernando Alonso desembarcou no Brasil, e nesse país o jovem construiu um império, com empreendimentos em muitas áreas, dentre elas o cinema. O empresário tinha mais de uma dezena de salas de cinema, na época da construção do Cine Olido, onde antes existia o Cine Avenida. Depois da demolição do antigo cinema, foi construído um prédio, com o mesmo nome do dono, Domingos Fernando Alonso. No piso térreo do edifício, a Galeria e o Cine Olido foram construídos, sendo este o primeiro cinema localizado dentro de uma galeria. O nome Olido foi escolhido através de uma fusão entre o nome Domingos e o nome da sua esposa, Olivia, daí surgiu o singular nome Olido. Cinelândia era como a região do centro de São Paulo era conhecida, por causa das célebres salas de cinema que existiam no local, dentre elas: Broadway, Ritz e Paissandu. Aproveitando a fama local o Cine Olido foi inaugurado na Avenida São João, número 473; no dia 13 de dezembro de 1957. O filme “Tarde demais para esquecer”, com Cary Grant e Débora Kerr, foi a primeira exibição do cinema, a inauguração também contou com uma orquestra sinfônica que apresentou a música principal do longa. O Cine Olido estreou com inúmeras novidades, em comparação à concorrência. Além de ter sido o primeiro cinema de São Paulo instalado dentro de uma galeria comercial, o que o transformou em um antecessor do conceito que se tornaria forte em todo o Brasil, cinemas em shoppings centers. O pioneirismo também ficou por conta da venda dos ingressos antecipados, com o intuito de evitar filas; e as 800 poltronas numeradas, que proporcionavam a possibilidade dos telespectadores escolherem os seus lugares. O espaço do cinema era muito sofisticado, com um grande salão de entrada revestido de mármore, espelhos de cristal e uma orquestra com piano que se apresentava antes das exibições. O edifício passou por uma demolição tendo sido reconstruído com maiores dimensões em 1970, edifício presente até hoje. Na década de 80, as grandes instituições financeiras mudaram para outras áreas da Cidade de São Paulo e começou a surgir os shoppings  com amplos estacionamentos, pois o automóvel era cada vez mais utilizado pela população. Devido a essa junção de fatores o centro da cidade entrou em declínio, e as salas de cinema, que outrora foram um local da elite, passaram a ser esquecidas pelo público. A empresa que administrava o Cine Olido nessa época de transformação econômica, dividiu a sala que antes tinha 800 lugares, em três salas menores. [Textos e imagens da Wikipedia]






Belas Artes na Rua da  Consolação nos anos 1960



Cine Arte Palácio na estreia do filme Presença de Anita, 1951.



Inauguração do Cine Comodoro em 1959. SP in Foco. 

O Cine Comodoro foi idealizado pelo empresário Paulo Sá Pinto (1912-1991), diretor-presidente das Empresas Cinematográficas Paulista e Sul, proprietária de outras salas importantes na capital paulista, como o já citado cine Marabá, além dos cines Ouro, República, Olido e Ritz. Sá Pinto (acima, em 1960, ao ser condecorado com a medalha Marechal Rondon) nasceu em Minas Gerais, mas se estabeleceu em São Paulo, onde entrou para o ramo das salas de espetáculos e cinemas. Posteriormente, expandiu os seus negócios para o sul do Brasil, nas cidades de Curitiba e Porto Alegre. O empresário chegou a ter o controle de 60 salas de cinema em sete capitais do país. Mas foi em São Paulo que a sua empresa adquiriu maior prestigio e ficou conhecida, quebrando a hegemonia de outro empresário do ramo, Francisco Serrador. Sempre entusiasmado com as novas técnicas cinematográficas vindas de Hollywood, foi por sua iniciativa que foi exibido o primeiro filme em cinemascope (tela panorâmica) no Brasil, "O Manto Sagrado" (The Robe, 1953), no cine República, em São Paulo. Nesta mesma sala, foi apresentado pela primeira vez o Terceira Dimensão (3D), também por iniciativa de Paulo Sá Pinto. História Mundi






Cine Paissandu, 1967 – Localizado no número 62 do Largo do Paissandu, era um dos cinemas de maior capacidade de São Paulo (2.150 cadeiras na sala). A inauguração foi em 19 de dezembro de 1957. A partir de 1973, o Paissandu se dividiu em duas salas. A crise financeira chegou forte e, em 1993, parte do cinema se transformou em um bingo. A proibição do jogo e queda nas bilheterias foi o golpe definitivo para o cinema fechar as portas definitivamente. (Valéria Valeriano)


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JORNAIS E REVISTAS  PAULISTAS E PAULISTANAS



Capa do primeiro exemplar do Correio Paulistano, de 26 de junho de 1854. Fotografia sob guarda do Arquivo Nacional

Lançado em junho de 1854, foi o primeiro jornal diário publicado paulista e o terceiro do Brasil. Teve como fundador o proprietário da Tipografia Imparcial, Joaquim Roberto de Azevedo Marques, e como primeiro redator Pedro Taques de Almeida Alvim.

O jornal nasceu liberal e teve posições avançadas, em sua época. Posteriormente, foi atrelado ao Partido Conservador e, após a criação do Partido Republicano Paulista (PRP), passou a ser seu órgão oficial, em junho de 1890. Durante o período imperial foi um forte formador de opinião pública. Notabilizou-se pela defesa da abolição da escravatura e da causa republicana. Mais tarde, apesar de ser dirigido e sustentado por oligarcas tradicionalistas, foi o único, entre os grandes jornais de São Paulo, a apoiar a Semana de Arte Moderna de 1922, reconhecendo o vanguardismo do movimento modernista - enquanto os demais jornais da época se referiam aos modernistas como "subversores da arte", "espíritos cretinos e débeis" ou "futuristas endiabrados". A presença de Menotti del Picchia na redação - ou Helios como costumava assinar a sua Chronica Social é fundamental para entender o apoio do jornal à Semana. O Correio Paulistano também se posicionou contra o governo Vargas, sendo por isso empastelado por diversas vezes, durante anos.

A sede do jornal, onde operavam seus setores editorial e gráfico, ficava no centro histórico da cidade de São Paulo, na esquina da rua Líbero Badaró com o Largo de São Bento. A sofisticação arquitetônica do prédio, assim como sua localização, era um indicador da prosperidade dos seus proprietários. Por muitos anos, o papel utilizado na impressão de jornais - então importado - era popularmente conhecido como papel CP, sendo a sigla alusiva à abreviatura do Correio Paulistano.

A oligarquia paulista, que dirigia o PRP, transmitia seus ideais através do jornal, foi derrotada na revolução de 1930, o que também afetou o Correio Paulistano. O jornal foi fechado até 1934, por ordem de Getúlio Vargas. As oficinas foram incorporadas ao patrimônio do Estado. Daí em diante, o jornal teve vários proprietários, até ser definitivamente fechado em 1963. Os últimos anos de existência do jornal foram um longo processo de decadência financeira e consequente perda de relevância empresarial e editorial.
Sede do Correio Paulistano em 1901.


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"Viva a República!". Assim o jornal Diário Popular de 16 de novembro de 1889 anunciava, em São Paulo, a implantação da nova forma de governo no Brasil. Na madrugada do dia anterior, no Rio de Janeiro, Marechal Deodoro da Fonseca deixou sua residência, atravessou o Campo de Santana e conclamou os soldados do batalhão, onde hoje se localiza o Palácio Duque de Caxias, a se unirem a ele na deposição da monarquia e na proclamação da república no Brasil. A antiga residência do Marechal atualmente abriga uma exposição permanente sobre o episódio, e está localizada bem próximo à sede do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, onde podemos encontrar diversos documentos sobre os períodos imperial e republicano. Na imagem, capa do Diário Popular. São Paulo, 16 de novembro de 1889. Arquivo Nacional, J 468, n. 1999, p. 1.


Um jornaleiro em São Paulo no ano 1911. Foto da Revista Illustração Paulista. SP e Suas Histórias.






O Estado de S. Paulo,  é um jornal brasileiro publicado na cidade de São Paulo desde 1875. Foi fundado com base nos ideais de um grupo de republicanos, em 4 de janeiro de 1875. Nessa época, o jornal se chamava A Província de São Paulo e foi o pioneiro em venda avulsa no país, fato pelo qual foi ridicularizado pela concorrência (Correio Paulistano, O Ipiranga e Diário de S. Paulo (1865). A venda avulsa foi impulsionada pelo imigrante francês Bernard Gregoire, que saía às ruas montado num cavalo e tocando uma corneta para chamar a atenção do público — e que, décadas depois, viraria o próprio símbolo do jornal — aumentou a tiragem do jornal. Ao final do século XIX, o Estado já era o maior jornal de São Paulo Quando o jornal surgiu, tinha quatro páginas e uma tiragem de 2 025 exemplares. O termo "Província" perdurou até 31 de dezembro de 1889, um mês após o golpe militar que depôs a monarquia e estabeleceu a república no Brasil. Embora tenha apoiado o golpe, o jornal se mostrou independente de qualquer partido político, recusando-se a servir aos interesses do ascendente Partido Republicano Paulista (PRP). Quando o então redator-chefe Francisco Rangel Pestana se afastou para trabalhar no projeto da Constituição, em Petrópolis, o jovem redator Júlio de Mesquita assumiu efetivamente a direção d'O Estado e deu início a uma série de inovações. A agência Havas, então a maior do mundo, foi contratada pelo jornal e deu mais agilidade às notícias internacionais.

Primeira metade do século XX


Redação do jornal em 1927: da esquerda para a direita Júlio de Mesquita Filho, Nestor Rangel Pestana e o correspondente da agência United Press, sr. Comora.

Ao final do século XIX, o Estado já era o maior jornal de São Paulo. Propriedade exclusiva da família Mesquita a partir de 1902, o Estado apoiou a causa aliada na Primeira Guerra Mundial, sofrendo represália da comunidade alemã na cidade, que retira todos os anúncios do jornal. Mesmo assim, Mesquita mantém a posição de seu diário. Em 1924, o Estado foi impedido de circular pela primeira vez, entre os dias 28 de julho e 17 de agosto. A censura veio primeiramente do lado dos revoltosos, quando ocuparam a cidade, e depois do governo federal, após expulsar os rebeldes. Julio Mesquita foi preso e enviado ao Rio de Janeiro, sendo libertado pouco depois. Com a morte do velho diretor em 1927, seu filho Júlio de Mesquita Filho assumiu a redação com o irmão Francisco, este à frente da parte financeira do jornal.

Em 1930, o Estado, ligado ao Partido Democrático, apoiou a candidatura de Getúlio Vargas pela Aliança Liberal. Vargas foi derrotado nas eleições, mas assumiu o poder com a Revolução de 1930, saudada pelo jornal como um marco do fim de um sistema oligárquico. O chamado Grupo Estado assumiu em 1932 a liderança da revolução constitucionalista e, com sua derrota, boa parte da diretoria foi enviada ao exílio — Júlio e Francisco foram para Portugal e lá permaneceram até novembro de 1933, quando Getúlio nomeou Armando de Salles Oliveira, amigo dos diretores, como interventor de São Paulo. Anos depois, com a eclosão do Estado Novo, o jornal manteve a oposição ao regime e, em março de 1940, foi invadido pelo Dops por supostamente armazenar armas. O jornal foi inicialmente fechado e logo depois confiscado pela ditadura, sendo administrado pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) até 6 de dezembro de 1945, quando foi devolvido pelo Supremo Tribunal Federal a seus legítimos proprietários após a deposição de Getúlio. Os números publicados a partir da intervenção são desconsiderados na história do diário.

Logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, o Estado viu enorme progresso, com o aumento da tiragem e de seu prestígio nacional. A administração dos interventores mostrou-se financeiramente eficiente e o periódico gozava de ótima situação financeira. Na década de 1950, foi construída uma nova sede, o edifício da Rua Major Quedinho (que ainda abrigaria o Hotel Jaraguá), e máquinas modernas de impressão foram importadas. Foi a fase em que a editoria de Internacional foi comandada pelo jornalista Giannino Carta e por Ruy Mesquita. O Estado, desse período até a década de 1970, ostentou em sua primeira página quase que exclusivamente o noticiário internacional. Outros produtos do Grupo Estado vieram nessa mesma época, como a Rádio Eldorado (1954), a Edição de Esportes (1964), o Jornal da Tarde (1966) e a Agência Estado (1970).

DITADURA MILITAR

Redação do Estadão em 13 de abril de 1977, assistindo ao então "presidente" Geisel anunciar o seu famoso "pacote de abril".


República Nova e golpe de 1964. Durante a República Nova (1946–1964) o Estado alinhou-se à União Democrática Nacional de Carlos Lacerda e fez oposição a todos os governos, em especial o de João Goulart. Em 1962, o diretor Júlio de Mesquita Filho chegou a escrever o "Roteiro da Revolução". Em 1964, o Estado apoiou a insurreição militar que levou ao Golpe de 64 que instaurou a ditadura militar no Brasil — descrito como "contragolpe" por Ruy Mesquita — e a eleição indireta de Castelo Branco. No dia 1 de abril daquele ano publicou texto de apoio à derrubada de João Goulart. Em 20 de abril de 1968 o jornal sofre um atentado a bomba que acabou por destruir a entrada da sede. A explosão rua Major Quedinho com a Martins Fontes, arrebenta a porta de aço, destrói o saguão, fere o porteiro do jornal e estilhaça os vidros das janelas de todos os prédios num raio de quinhentos metros.

Censura na ditadura militar. Em 13 de dezembro de 1968, a edição do Estado foi apreendida em razão da recusa de Mesquita Filho de excluir da seção "Notas e Informações" o editorial "Instituições em Frangalhos", em que denunciava o fim de qualquer aparência de normalidade democrática. Os jornalistas conseguiram distribuir algumas centenas de exemplares, e repetiram o feito no dia seguinte, desta vez com 84,9 mil edições do Jornal da Tarde. A partir da data, o jornal passou a contar com censores da Polícia Federal em sua redação, ao contrário dos outros grandes jornais brasileiros, que aceitaram se autocensurar. Com a morte de Mesquita Filho, o Estado passou a ser dirigido, em 1969, por Júlio de Mesquita Neto. Nesse período o jornal ganhou visibilidade mundial ao denunciar a censura prévia com a publicação de trechos de Os Lusíadas, de Luís de Camões, no lugar de matérias proibidas pelos censores. Outros poetas, como Gonçalves Dias, Castro Alves, Manuel Bandeira e Cecília Meireles também tiveram obras suas publicadas no lugar de matérias censuradas. Entre 29 de março de 1973 e 3 de janeiro de 1975, o Estado teve 1136 textos cortados — em 655 ocasiões, versos de Os Lusíadas foram colocados no lugar das matérias cortadas. Muitos jornalistas do Estado foram perseguidos, presos e torturados.

A partir de 6 de janeiro de 1969, a censura continuou, mas a distância — os cortes eram ordenados por telefone ou por escrito. Ordens ignoradas eram punidas com a apreensão da edição na saída do prédio. Em 1974, o jornal recebeu o Prêmio Pena de Ouro da Liberdade, conferido pela Federação Internacional de Editores de Jornais. Em 3 de dezembro de 1975, acabou oficialmente a censura ao jornal, com a ascensão de Ernesto Geisel ao poder. A partir da década de 1970 o jornal endividou-se para a construção de sua nova sede na Marginal Tietê (para onde se mudou em 1976 e passou por severa crise financeira, disputando o mercado com o novo padrão de jornalismo.

Jornal da Tarde, ou apenas JT, é um jornal online diário da cidade de São Paulo, Brasil publicado pela SMEdit. O periódico circulou de forma impressa por quase 50 anos. Sua primeira edição circulou em 4 de janeiro de 1966. A última edição da versão impressa, foi em 31 de outubro de 2012. Inicialmente vespertino, passou a ser matutino em 1988, em função da piora no trânsito da cidade, que atrasava a distribuição no começo da tarde. O JT é um dos jornais que apostam na escola do new journalism americano, de Gay Talese e Truman Capote. Surgida em 14 de setembro de 1964, a Edição de Esportes era publicada pelo Grupo Estado nos domingos à noite, como forma de compensar o fato de o jornal O Estado de S. Paulo não circular às segundas-feiras, para cobrir os acontecimentos esportivos do domingo. O jornal apresentou grandes mudanças, como inovação gráfica, uso de máquinas de telefoto e textos diferenciados. Nos textos foram quebrados tabus como a utilização da palavra "gol" (costumava-se escrever "ponto") e marcas de carros que concorriam em Interlagos, o que era até então considerado publicidade. A Edição de Esportes conquistou um Prêmio Esso, em 1965, por uma reportagem sobre o futebol no interior de São Paulo, de autoria de Hamilton de Almeida e Tão Gomes Pinto. Mino Carta, que comandou tanto a Edição de Esportes como o início do JT, disse em 1991 que "era natural que um dia a Edição de Esportes fosse absorvida pelo Jornal da Tarde, o que não ocorreu de imediato". Apesar de ambas as publicações terem convivido por alguns anos, a Edição de Esportes é considerada um "laboratório" para a criação do JT.


Concepção e lançamento. O JT foi concebido e idealizado por Mino Carta, com o auxílio de Murilo Felisberto. Eles foram incumbidos pela família Mesquita, de O Estado de S. Paulo, para criar um novo modelo de jornal no Brasil, diferente do tradicional, buscando inspiração no intenso movimento cultural e nas mudanças de comportamento que ocorriam na segunda metade da década de 1960. Sua primeira manchete, por exemplo, passou longe da política e da economia, assuntos que quase invariavelmente marcavam as manchetes dos outros jornais: "Pelé casa (sic) no Carnaval". Essa manchete representou ainda a primeira vez que um veículo de comunicação publicou o nome da noiva, Rosemere dos Reis Cholbi, até então mantido em segredo pelo jogador, embora a foto mostrada na capa fosse da irmã da noiva, o que só se descobriria no dia seguinte. A política também tinha o seu espaço, mas com um enfoque mais informal que o do Estado, como na manchete publicada em 1966 para "comemorar" a saída de Ademar de Barros do governo do estado: "É um prazer ver este senhor pelas costas".

Apesar do "generoso" orçamento inicial, a empresa previa que o jornal fosse deficitário em seus primeiros anos. O jornal só alcançou sua emancipação econômico-financeira no final de seu décimo-primeiro ano, quando já era o maior vespertino paulista. Essa emancipação permitiu que fosse eliminada a tabela de anúncios conjugados com O Estado de S. Paulo, embora tal tabela acabasse sendo retomada anos mais tarde.

Os jornalistas da redação, em sua maioria muito mais jovens que a média de outras redações, começaram a publicar edições experimentais conhecidas como "número zero" já em dezembro de 1965, um mês antes do lançamento, embora a Edição de Esportes tenha servido como laboratório. A cada edição gerada seguia-se um debate, com correção diária de rumo e de visão, em busca do que seria o produto final, que inicialmente seria baseado no vespertino francês France Soir, mas que progressivamente foi abandonado como modelo. A preocupação, de acordo com o diretor Ruy Mesquita, era "fazer alguma coisa que seria um misto entre um jornal diário e uma revista semanal". O primeiro editorial definiu a nova publicação como de "estilo vibrante, irreverente, de um vespertino moderno que visa a atingir um público diferente daquele que, normalmente, lê apenas os matutinos".

Com nova linguagem gráfica, claramente contrastando com o visual quase padronizado dos jornais da época, muitas vezes eram os próprios editores que cuidavam do desenho das páginas, ao contrário de outros jornais em que essas tarefas eram exclusivas dos diagramadores e diretores de arte. Os repórteres não só tinham permissão, como eram encorajados a escrever textos mais próximos do estilo literário, inclusive na reportagem policial, com narração semelhante a um romance policial. 

A juventude da redação do JT era evidenciada pela diferença em relação à redação do Estado, que ficava do outro lado de um corredor no quinto andar do prédio onde ficava à época o Grupo Estado, na Rua Major Quedinho, no centro de São Paulo. Enquanto a primeira era muito barulhenta, com todos vestindo jeans e alguns até calçando sandálias, na segunda imperava o silêncio e todos, mais velhos ou mais jovens, usavam gravatas. O corredor que dividia as redações era conhecido como "túnel do tempo", e a redação do JT era conhecida do outro lado do corredor como "os meninos do Ruy", em referência ao diretor do jornal, Ruy Mesquita. A fase inicial, considerada por Ruy Mesquita como "a mais brilhante" da história do jornal, encerrou-se em meados dos anos 1970, quando o jornal teve de restringir seus gastos, não pôde mais investir apenas em poucos assuntos importantes e planejar grandes reportagens e perdeu o jeito de revista.

Censura. A primeira briga com o governo veio já no primeiro ano de vida do jornal, que culminou em uma manchete que escancarava uma ameaça de censura, em 23 de dezembro de 1966: "Ditador quer calar a Imprensa". Dois anos depois o governo quis impedir o jornal de publicar matéria sobre a crise no Congresso Nacional que resultaria no AI-5, o que foi rechaçado por telefone pelo diretor Ruy Mesquita, gerando reação da Polícia Federal, que bloqueou a saída do jornal pela Rua Major Quedinho. O jornal seguia sendo impresso, mas os agentes diziam: "Pode rodar, mas distribuir não vai." Pouco depois eles descobriram que o jornal estava nas bancas, e o próprio general Sílvio Corrêa de Andrade, chefe da DPF, saiu para recolher nas bancas os exemplares, que estavam saindo pela Rua Martins Fontes, oposta à Major Quedinho, por outra esteira.

Na década seguinte o jornal sofreu, assim como seus concorrentes, censura na redação, por causa da ditadura militar então em vigor no Brasil. Por iniciativa de Ruy Mesquita, notícias censuradas passaram a ser substituídas por receitas que não funcionavam (não apenas como maneira de protesto, mas também porque nem sempre a receita cabia no espaço deixado pela censura) ou com títulos irônicos (por exemplo, "Aves à passarinho", em referência ao então senador Jarbas Passarinho). O título que fez mais sucesso foi "Lauto Pastel", crítica ao então governador paulista Laudo Natel.

Em junho de 2008 o jornal classificou como censura uma decisão judicial que o impediu por alguns dias de publicar matéria com supostas irregularidades no Conselho Regional de Medicina de São Paulo. Em julho do ano seguinte nova decisão judicial, pedida pelo empresário Fernando Sarney e dada pelo desembargador Dávio Vieira, impediu o Estado de publicar reportagens sobre a Operação Faktor, da Polícia Federal, mais conhecida como "Operação Boi Barrica", o que também foi classificado como censura pelo jornal. A decisão só seria revogada nove anos depois, em novembro de 2018.

Inovações e suplementos. Por decisão de Murilo Felisberto, que substituiu Mino Carta na direção do jornal, o JT foi o primeiro jornal brasileiro a possuir oficialmente um editor de fotografia, Milton Ferraz. Foi ainda o primeiro jornal latino-americano a adotar a ecologia como causa, feito reconhecido pela Comissão das Nações Unidas para o Meio-Ambiente e Desenvolvimento.

Além disso, o jornal criou primeiras páginas consideradas históricas. Numa delas o ex-presidente da República Jânio Quadros aparece numa foto de página inteira visivelmente embriagado e noutra um garoto é mostrado entre lágrimas, também em página inteira, por conta da eliminação da seleção brasileira pela Itália na Copa do Mundo de 1982. Sem usar fotos, mas com caricaturas do político Paulo Maluf, o jornal fez uma série de capas em 1983, em que o nariz de Maluf crescia a cada edição, por causa dos prejuízos da Paulipetro. O jornal ainda publicou capas conceituais, com uma grande imagem sem manchete ou uma em que quatro assuntos eram apresentados com o mesmo destaque e a manchete pedia "ajuda" ao leitor: "Escolha aqui a sua grande manchete". Por esse conceito inovador, o JT passou a ser, segundo o diretor Sandro Vaia, "objeto do desejo dos jornalistas". Suas capas históricas já foram expostas no Masp.

"Seu Bolso". No início o jornal abordava assuntos econômicos geralmente apenas quando se tratavam de aumentos de preços e salários, mas o "Milagre Econômico", a primeira crise do petróleo e a censura então em vigor — que impedia que diversas notícias sobre política fossem publicadas e mutilava outras tantas — foram os principais motivos para a criação de uma seção de Economia, em 1974, chefiada por Celso Ming. Com ele, reportagens especiais sobre temas específicos mereceram destaque, como um encarte especial sobre compra de imóveis, publicado em agosto de 1976. A seção deu um Prêmio Esso ao jornal, com uma matéria de Ming mostrando a falência da Previdência Social.

Em junho de 1981, período de grande instabilidade econômica no País, foi lançada a seção "Seu Dinheiro", sobre finanças pessoais, inicialmente chamada de "Entenda Economia" e publicada em uma página. A seção fora idealizada quando da criação da editoria de Economia, sete anos antes, e mais tarde projetada por Luis Nassif. A arte da primeira página foi idealizada pelo então redator-chefe Fernando Mitre, que definiu a seção como "um divirtão trágico", em oposição à seção "Divirta-se".

A seção circularia às segundas-feiras com orientações financeiras populares, escritas com um didatismo que Ming compararia mais tarde a "ensinar a pescar, em vez de entregar o peixe limpo e enfarinhado".Apesar de conter textos mais longos, a seção só ganharia uma segunda página a partir de fevereiro de 1983 e tornar-se-ia diária a partir de abril de 1987. As principais coberturas deram-se entre 1986 e 1990, com seguidas trocas de moeda no Brasil, e, a partir da última delas, o Plano Collor, em março de 1990, "Seu Dinheiro" tornou-se um suplemento, o que só não ocorreu antes por causa das limitações ao consumo de papel impostas justamente pelas crises econômicas. Não demorou para diversos jornais passarem a ter colunas ou seções similares. O suplemento, que entre os anos 1990 e 2000 foi publicado às terças-feiras em formato tabloide, tornou-se um caderno diário, agora chamado "Seu Bolso", em 2008.

"Divirta-se" e "Caderno de Sábado". Outro suplemento que marcou a história do jornal é o "Divirta-se", publicado como página diária já no primeiro número, com a proposta de descobrir alternativas culturais "para o leitor driblar a rotina". Em 20 de agosto de 1970 a seção passou a ter duas páginas diárias e, mais tarde, passaria a ter mais espaço aos fins de semana, até virar um suplemento semanal, publicado às sextas-feiras, em 7 de junho de 1985, com indicações para o fim de semana. A seção de Variedades, que por períodos na história do jornal foi substituída às sextas-feiras pelo "Divirta-se", foi pioneira em colocar informações sobre filmes exibidos na televisão e sobre o mercado de vídeo. O "Divirta-se" continuou saindo em formato pequeno e grampeado, às sextas-feiras, de 21 de maio de 2004 até o fim do jornal, com ocasionais edições especiais quando de grandes eventos na cidade. O Estadão passou a usar o mesmo nome em seu guia semanal a partir de 19 de março de 2010.

Na segunda metade dos anos 1970 o JT passou a ser publicado em dois cadernos, e o segundo foi batizado de "O seu caderno de Programas e Leituras". Mais tarde a redação pressionou pela economia de palavras, e o título passou a ser "Caderno de Sábado". A iniciativa do caderno, que continha ensaios e textos, foi de Ruy Mesquita, que o considerava "uma publicação das mais importantes na cidade no campo da cultura". Em 10 de março de 1996 pela primeira vez o jornal passou a ter edições aos domingos. Nessa estreia, publicou um caderno chamado "Domingo", que teve vida curta, sendo depois incorporado ao primeiro caderno — depois sumiu.

"Jornal do Carro". Em 4 de agosto de 1982, uma quarta-feira, foi lançado, também por Nassif, o suplemento "Jornal do Carro", sobre veículos, com 16 páginas e o mesmo formato tabloide que mantém até hoje. Foi baseado numa coluna de mesmo nome que o jornal publicava desde o primeiro número. Nessa coluna, em 1967, já tinha sido publicado um "furo", com fotos da primeira limusine brasileira, a Itamaraty Executivo, fabricada pela Willys Overland. As fotos foram conseguidas com o aluguel de um helicóptero, e os seguranças presentes ao evento, numa chácara fechada na Rodovia Anchieta, tentaram esconder o carro com o corpo, alguns até tirando a roupa na esperança de que assim as fotos não fossem publicadas. Publicado inicialmente uma vez por quinzena, passou depois a ser publicado todas as quartas-feiras e, desde os anos 2000, também aos sábados. A partir da edição de 27 de outubro de 2010 passou a circular também com O Estado de S. Paulo.

Já nos primeiros meses o suplemento conquistou seu primeiro prêmio, o Prêmio Abraciclo, setorial, por uma reportagem sobre condução de motos com segurança. A partir de agosto de 1987 o suplemento passou a ter cores nas capas e em eventuais páginas internas, uma inovação para a época, e a ser dividido em cadernos, para separar assuntos e também classificados. Sua tabela de preços, que começou com 34 modelos de automóveis e seis de motocicletas, em um total de três mil cotações, tornou-se referência no mercado. Como o "Jornal do Carro" seguia sendo o suplemento automotivo mais lido em São Paulo, quando o JT deixou de ser publicado ele migrou para o Estado. Segundo estimativas divulgadas pelo jornal, nas primeiras semanas a procura pelo Estado às quartas-feiras teria crescido 400%.

"Edição de Esportes". Às segundas-feiras, a partir de agosto de 2003, foi publicada a "Edição de Esportes", caderno em formato tabloide que abordava a rodada do fim de semana no mundo esportivo (o caderno já tinha sido publicado em formato tabloide na primeira metade da década de 1970). Com numeração separada mantida até 2008, foi colecionado por diversos leitores, que ligavam para a redação procurando números faltantes, inclusive os chamados "números zero", que não foram às bancas.[36] A numeração separada foi mantida até 1 de abril de 2008. A partir do dia seguinte, todas as edições do caderno de esportes do jornal passaram a ser em formato tabloide, e a numeração separada das edições de segunda-feira deixou de fazer sentido.

O caderno era herança direta da Edição de Esportes, que circulava também às segundas-feiras nos anos 1970 e 1980 e é considerada por Paulo Vinicius Coelho "o melhor exemplo de cobertura esportiva" da época. Nesse tempo, o JT "arrasava em vendas às segundas-feiras" e tinha uma cobertura mais completa das rodadas de meio de semana, porque seu horário de fechamento era posterior ao dos outros jornais. Chegou até a instituir o Troféu Jornal da Tarde, a ser entregue à equipe com o ataque mais positivo no Campeonato Paulista nos anos 1980.

Em 1994 e entre 2002 e 2005, o JT conquistou o prêmio anual da Aceesp (Associação de Cronistas Esportivos do Estado de São Paulo) como melhor equipe. O JT também é citado pelo autor José Eduardo de Carvalho como uma das publicações responsáveis por levar o esporte "da cozinha para a sala de estar". A marca "Edição de Esportes" também foi levada para O Estado com o fim do JT, inicialmente dando nome ao caderno de Esportes às segundas, aos sábados e aos domingos. Em 2015, passou a ser publicada apenas às segundas e aos domingos.

Outros suplementos. O Grupo Estado empenhou-se ao longo dos anos 2000 na recuperação de mercado do JT, tentando imprimir-lhe a imagem de um jornal de mais fácil leitura, ágil e defensor do leitor e do cidadão. Em 5 de abril de 2006, o jornal sofreu sua última grande reforma gráfica e passou a dar mais destaque à prestação de serviços. Em sua redação, foi reunida uma equipe de reportagem policial que contava com nomes como Ivan Ventura, Josmar Jozino e Marinês Campos. Nessa reforma gráfica foi reintroduzido um caderno falando de estilo de vida, chamado "Revista JT", que, apesar do nome, não era uma revista, mas um caderno em formato tabloide, grampeado, em papel semelhante ao sulfite. O suplemento era herança do caderno "Modo de Vida", publicado a partir de 1975 em uma página interna e a partir de 1985 como caderno, às quintas-feiras. O próprio "Modo de Vida" já era herança da seção "Viver", que, por sua vez, tivera origem na seção feminina "Agora É que São Elas", publicada desde o segundo mês de vida do jornal. Ao contrário de seus antecessores, o "Revista JT" não durou muito.

Em 2 de abril de 2008, mais uma reforma gráfica, baseada na anterior, teve como grandes novidades o caderno de esportes em formato tabloide ao longo de todos os dias da semana e a mudança de nome do caderno "Seu Dinheiro" que passou a ser diário, sob o nome de "Seu bolso". De acordo com a edição do dia seguinte, as mudanças foram aprovadas pela maioria dos leitores.

O jornal ainda publicava, às quintas-feiras, os cadernos "Link", originalmente "Informática", criado no início dos anos 1990 e rebatizado em meados dos anos 2000, e "Turismo", que estreou em 14 de dezembro de 1989 depois de ser apenas uma página semanal por alguns anos. Ambos os cadernos deixaram de ser publicados nos anos 2010.

Estrutura. Até 1988 o JT fechava às 4 horas, só circulava depois das 10h30 da manhã, não tinha assinaturas e era deficitário. Uma reestruturação da empresa mudou tudo isso, e o jornal saiu do vermelho já no primeiro ano após a mudança, embora o novo fechamento, às 23 horas, tenha feito com que o jornal fosse fechado "na correria". Três anos depois o jornal passou a buscar mercados mais específicos[46], o que geraria diversas mudanças de rumo ao longo das duas décadas seguintes. "O JT se colocando em um segmento do mercado, provavelmente será imbatível", dizia o então diretor-superintendente do Grupo Estado, Francisco Mesquita, em janeiro de 1991, sem especificar a que segmento se referia. "Aliás, ele terá de ser, obrigatoriamente, líder nesse segmento prioritário. Nos outros, ele entrará naturalmente, sem essa preocupação de liderança."

Polêmicas. A tira de quadrinhos Zé do Boné, publicada por décadas pelo jornal, gerou um processo de um advogado que se sentiu ofendido por uma piada em junho de 1980. Em dezembro de 1990 o então governador de São Paulo Orestes Quércia disse que o JT não tinha "autoridade moral" para criticá-lo porque "vive subvencionado pela prostituição", em referência a anúncios de garotas de programa publicados nos classificados do jornal. O episódio motivou um editorial criticando o governador e os "prostitutos da política". Uma entrevista com a atriz Tônia Carrero publicada em 5 de janeiro de 2009 causou a demissão de um repórter. O jornal afirmava que o repórter confirmara à sua chefia que a entrevista havia sido feita dois dias antes da publicação, informação desmentida pela assessoria de imprensa da atriz. Segundo o pedido de desculpas publicado pelo jornal em 9 de janeiro, a matéria fora realizada havia um ano.

Circulação. Em 1986, os dados do IVC informavam que o Jornal da Tarde era o mais vendido nas bancas da Grande São Paulo. O gráfico publicado comparava a venda em bancas do JT com a da Folha de S.Paulo, com o primeiro levando vantagem em todos os meses entre abril de 1985 e março de 1986.Nesse ultimo mês, a circulação dos dois periódicos em bancas disparou, mas a diferença em favor do JT aumentou: 121 mil contra 75 mil, comparados com os 66 mil e 44 mil de fevereiro.

O ano de 1990 foi o melhor da história do JT para Francisco Mesquita em entrevista dada no ano seguinte: naquele ano a publicação era o jornal mais vendido em bancas na Grande São Paulo e tinha uma tiragem média que oscilava entre 120 mil (às terças, quintas, sextas e sábados) e 190 mil (às segundas e quartas). No final dos anos 1990 o periódico passou por uma fase de queda nas vendas e tentou ocupar a lacuna deixada pelos tradicionais jornais populares paulistanos, como o Notícias Populares, extinto no início de 2001. Ao longo de 2007 o jornal viu sua circulação média diária na Grande São Paulo subir 6,8%, passando de 44,5 mil em dezembro de 2006 para 47,5 mil um ano depois. Naquele ano o jornal era o quinto em circulação na região, atrás, pela ordem, de O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, Agora e Diário de S. Paulo. Dois anos depois, o jornal decidiu concentrar as vendas apenas na Grande São Paulo, suspendendo a circulação no interior e em outros estados, a não ser por algumas cidades específicas. Com isso, sua circulação média em janeiro de 2011 foi de 42 775 exemplares, um número inferior ao de quatro anos antes, embora o jornal tenha ultrapassado o Diário, que teve circulação média de 33 761 naquele mês. Em agosto de 2012, a circulação tinha caído, novamente, para 37 778 exemplares, mas mantendo uma venda de mais de cinquenta mil exemplares às quartas-feiras, com a distribuição do "Jornal do Carro".

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Capa da primeira edição da "Folha da Noite" que foi publicada num sábado, 19 de fevereiro de 1921



Um grupo de jornalistas liderado por Olival Costa e Pedro Cunha fundou a Folha em 19 de fevereiro de 1921,com o nome de Folha da Noite. Era um jornal vespertino, com um projeto que pregava textos mais curtos e mais claros, enfoque mais noticioso que opinativo, agilidade e proximidade com os assuntos que afetavam o dia a dia da população paulistana, principalmente os trabalhadores urbanos.
O empreendimento foi bem-sucedido, levando os sócios a comprar uma sede própria, uma rotativa e, em julho de 1925, criar um segundo jornal, agora matutino: a Folha da Manhã. O propósito inicial de Alves de Lima, que assumiu o jornal em 1931, era defender os interesses “da agricultura”, ou seja, dos produtores rurais. Mas eventos importantes levaram o foco noticioso para outros temas: a revolução de 1932 (em que paulistas tentaram recuperar o poder perdido para Getúlio Vargas), a Segunda Guerra Mundial (de 1939 a 1945) e o Estado Novo (ditadura varguista que durou de 1937 a 1945).

Sem familiaridade com a imprensa, Lima trouxe para a direção da empresa o poeta Guilherme de Almeida e entregou a direção editorial a Rubens do Amaral, que formou uma Redação de tendência antigetulista. Hermínio Sachetta, militante trotskista que chegou a ser preso pelo Estado Novo, assumiu a Secretaria de Redação logo depois de deixar a prisão. O governo ditatorial exercia pressão política e econômica sobre a imprensa, concentrando munição em São Paulo contra o matutino O Estado de S. Paulo, que havia patrocinado a revolução de 1932. O diretor do jornal, Júlio de Mesquita Filho, foi preso três vezes e forçado a se exilar, enquanto o Estado ficava sob intervenção do governo varguista, de 1940 a 1945. Com o concorrente calado, a Folha da Manhã sobressaiu como voz de oposição à ditadura. A atitude crítica é um dos motivos apontados para a troca de proprietários da empresa, ocorrida em 1945.

Na terceira mudança de mãos, os jornais foram comprados pelo fazendeiro Alcides Ribeiro Meirelles, o advogado José Nabantino Ramos e o administrador Clóvis Queiroga. Nabantino foi indicado pelo interventor do estado de São Paulo, Fernando Costa, a pedido de Getúlio. Queiroga, por sua vez, representava o conde Francisco Matarazzo Júnior, que era impedido de possuir veículos de comunicação, por ser italiano. Matarazzo financiou a compra de rotativas mais modernas e viu na empreitada uma oportunidade para responder aos ataques que lhe faziam os jornais de Assis Chateaubriand, seu desafeto. Uma das armas idealizadas por ele nessa batalha foi reduzir o preço das Folhas, para sufocar os negócios dos Diários Associados, de Chateaubriand. O tiro, no entanto saiu pela culatra: Nabantino Ramos contabilizou as perdas que a empresa sofreu com essa redução de preço como pagamento pelo financiamento concedido pelo conde e, após alguns meses, declarou a dívida quitada, assumindo a condução editorial dos jornais.



Caminhonete da "Folha da Manhã" usada para distribuir o jornal, no bairro da Vila Prudente, em São Paulo, em 1948.

Advogado, Nabantino Ramos era aficionado por técnicas de gestão e controle, e implantou nas décadas de 1940 e 1950 várias inovações: concursos públicos para contratação, cursos de jornalismo, premiação por desempenho, controle de erros. Redigiu um manual de redação e uma política editorial. Lançou um terceiro jornal, a Folha da Tarde, em 1949, e patrocinou dezenas de campanhas em várias áreas: combate à corrupção e ao crime organizado, defesa de mananciais, melhorias de infraestrutura, obras urbanas, entre outros. Em 1950, todas as Folhas passaram a ser impressas num prédio na Alameda Barão de Campinas, no bairro dos Campos Elísios. Em 1953, todas as instalações dos jornais foram transferidas para lá. No final dos anos 1960, foi construído um segundo prédio, na alameda Barão de Limeira, sede da Folha até hoje. O local também abrigaria as instalações dos jornais Agora São Paulo e Notícias Populares. Apesar da organização empresarial, Nabantino carecia de tino comercial e da flexibilidade necessária para negociar financiamentos e administrar orçamentos. No começo dos anos 1960, a empresa sofria com custos aumentados pelo preço do papel jornal. Os três jornais foram fundidos em um só título, Folha de S.Paulo, em 1960, no início mantendo as três edições. Mas, conforme a situação financeira se deteriorava, as edições vespertinas foram canceladas e o jornal fixou-se como matutino. As dificuldades foram agravadas em 1961, pela vitória de uma greve de jornalistas que paralisou todos os veículos de São Paulo e obteve melhorias de salário e benefícios trabalhistas, o que ampliou ainda mais os custos do jornal. A empresa foi vendida em 13 de agosto de 1962 aos empresários Octavio Frias de Oliveira e Carlos Caldeira Filho. Durante vinte anos (1950-1970), o diretor de arte da Folha foi o chargista Orlando Mattos.


Funcionários fazem a composição a chumbo das páginas do jornal em 1958.


Pluralismo e liderança. Frias e Caldeira, respectivamente presidente e superintendente da empresa, voltaram-se à tarefa prioritária de recuperar o equilíbrio financeiro do jornal. Para dirigir a Redação, Frias nomeou o cientista José Reis, um dos criadores da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Trouxe para integrar a equipe o responsável pela modernização do rival O Estado de S. Paulo, o jornalista Cláudio Abramo, que viria a suceder a Reis e manter, com Frias, uma produtiva convivência profissional que se prolongou por mais de vinte anos. Em 1964 a Folha de S.Paulo apoiou a derrubada do presidente João Goulart e o estabelecimento de um regime de tutela militar temporária, conforme se acreditava - sobre o país. Superada a fase de adversidades econômico-financeiras, a nova gestão passou a se dedicar à modernização industrial e à montagem de uma estrutura de distribuição de exemplares que alicerçou os saltos de circulação que estavam por vir. Foram comprados novos equipamentos e impressoras nos Estados Unidos. Em 1968 a Folha se tornou o primeiro dentre os grandes jornais latino-americanos a ser impresso no sistema "off-set". Em 1971, outro pioneirismo: os moldes de chumbo passavam à história e o jornal adotava a composição "a frio". O jornal crescia em circulação e melhorava sua participação no mercado publicitário.

No final dos anos 1960, Frias chegou a organizar o embrião de uma rede nacional de televisão, congregando à TV Excelsior de São Paulo, líder de audiência cujo controle adquiriu em 1967, mais três emissoras no RJ, MG e RS. Por insistência de Caldeira, porém, os dois sócios abandonaram a empreitada em 1969. O começo da década de 1970 foi turbulento para a história do jornal. Acusado por organizações da luta armada de emprestar carros para a repressão da ditadura, a Folha passou a ser alvo dos guerrilheiros, que interceptaram e queimaram três camionetes de entrega do jornal, duas em setembro e uma em outubro de 1971 e ameaçaram de morte o dono do jornal. Em resposta, Octavio Frias assinou na capa do jornal o editorial “Banditismo”, afirmando que não aceitaria a agressão nem as ameaças. 

O antagonismo entre o jornal e os grupos de esquerda se aprofundou e culminou com o editorial “Presos Políticos?”, publicado em junho de 1972, no qual se questionava a existência de pessoas presas por causa de suas posições políticas. O editorial era também uma resposta ao concorrente O Estado, que defendera tratamento especial aos presos políticos. Dizia: “É sabido que esses criminosos, que o matutino O Estado de S. Paulo qualifica tendenciosamente de presos políticos, mais não são que assaltantes de bancos, sequestradores, ladrões, incendiários e assassinos, agindo, muitas vezes, com maiores requintes de perversidade que os outros, pobres-diabos, marginais da vida, para os quais o órgão em apreço julga legítimas todas as promiscuidades”. O episódio provocou também uma crise interna. Na semana seguinte, os editoriais foram suspensos. No mesmo ano, Cláudio Abramo foi afastado da chefia e a Folha só voltaria a adotar uma atitude política mais independente e afirmativa, em vez da "neutralidade" acrítica que se seguiu ao fim dos editoriais, no final de 1973.
Jorge Luis Borges chega para debate no pátio de reportagem da Folha, em 1984.

A Folha começou a ganhar espaço junto às camadas médias que ascenderam com o "milagre econômico", fixando-se como publicação de grande presença entre jovens e mulheres. Ao mesmo tempo, dedicava-se com desenvoltura crescente a áreas do jornalismo até então pouco exploradas, como o noticiário econômico, esportivo, educacional e de serviços. A Folha apoiou a ideia da abertura política e se colocou a serviço da redemocratização, abriu suas páginas para todas as tendências de opinião e incrementou o teor crítico de suas edições. Frias acreditava firmemente na filosofia editorial de uma publicação isenta e pluralista, capaz de oferecer o mais amplo leque de visões sobre os fatos. Encontrou um colaborador habilitado em Abramo, responsável pela área editorial entre 1965 e 1973, sucedido por Ruy Lopes (1972/73) e Boris Casoy (de 1974 a 1976) e reconduzido a essa função em 1976, onde permaneceu até 1977, quando Casoy, em meio à crise provocada por uma tentativa de golpe militar contra o presidente Ernesto Geisel, foi convidado por Frias a retornar ao cargo. Abramo reformulou o jornal, fez a primeira (1976) de uma série de reformas gráficas que se sucederiam, reuniu colunistas como Jânio de Freitas, Paulo Francis, Tarso de Castro, Glauber Rocha, Flavio Rangel, Alberto Dines, Mino Carta, Osvaldo Peralva, Luiz Alberto Bahia e Fernando Henrique Cardoso. A Folha se transformava num dos principais focos de debate público do país. Ao contrário das expectativas, essa linha editorial foi preservada e desenvolvida durante o período em que Casoy foi editor responsável (1977-1984). Em 1983-84, a Folha foi o baluarte do movimento Diretas-Já, a favor de eleições populares para a Presidência da República, na imprensa.

Pioneirismo. Em 1967, a Folha adotou a impressão offset em cores, usada em larga tiragem pela primeira vez no Brasil. Em 1971, o jornal abandonou a composição gráfica a chumbo e se tornou o primeiro a usar o sistema eletrônico de fotocomposição no Brasil. Em 1983, com a instalação dos primeiros terminais de computador, passou a ter a primeira Redação informatizada da América do Sul.
Em 1984, lançou o primeiro de seus manuais da Redação, que viriam a se tornar obras de referência para estudantes e jornalistas. O livro ganhou novas versões em 1987, 1992, 2001 e 2018. Em 1989, foi o primeiro veículo no país a ter um ombudsman, uma espécie de ouvidor encarregado de receber, investigar e encaminhar as queixas dos leitores e de fazer comentários críticos sobre o jornal e outros meios de comunicação. Desde então, onze jornalistas ocuparam o cargo: Caio Túlio Costa, Mario Vitor Santos, Junia Nogueira de Sá, Marcelo Leite, Renata Lo Prete, Bernardo Ajzenberg, Marcelo Beraba, Mário Magalhães, Carlos Eduardo Lins da Silva, Suzana Singer, Vera Guimarães Martins e Paula Cesarino Costa. Ainda na década de 1980 a Folha também foi pioneira na adoção de infográficos e quadros que explicam detalhes e contexto das principais notícias.


Capa colorida do jornal Cidade Santos, novembro de 1967, do grupo Folha de São Paulo.
  Acervo: Hemeroteca Digital BN.



A COMPANHIA  MELHORAMENTOS DE SP


Em meados da década de 1890, a cidade de São Paulo, com uma população de 100 mil habitantes, ansiava por água, esgoto, iluminação moderna e conforto. A crescente demanda urbana exigia materiais de construção, equipamentos para melhorias urbanísticas e papel. Nesse contexto, foi fundada a empresa Melhoramentos, cujo nome reflete o nobre objetivo de trazer avanços e melhorias para a cidade de São Paulo.

 

A Cia Melhoramentos de São Paulo foi formada pelo Coronel Antônio Proost Rodovalho originalmente em 1877, mas foi constituída formalmente em 12 de setembro de 1890, como fábrica de papel. O Coronel Rodovalho construíra em sua fazenda às margens do Rio Juqueri-Guaçu, dois fornos para produção de cal e contratou Albert Graf como chefe na Construção dos fornos de Cal, um dos primeiros funcionários da Companhia Melhoramentos de São Paulo, logo o local passou a ser conhecido como Caieiras. No mesmo ano, Rodovalho funda a Companhia Cantareira e Esgotos, e obtém contratos oficiais para obras de saneamento e urbanização em São Paulo. Em 1888, a companhia constrói o reservatório da Consolação, em São Paulo. Rodovalho decide produzir papel e, em 1887, inicia-se a construção da fábrica de papel, a cargo da empresa alemã Gebrüder Hemmer.

Em 1894, Otto Weiszflog chega a São Paulo, vindo de Hamburgo, Alemanha, e passa a trabalhar para o também hamburguês M. L. Bühnaeds, no ramo de papelaria, encadernação, livros em branco e importação de papel. Seu irmão, Alfried Weiszflog, chega em 1896. Em 1900 a Companhia Melhoramentos começa a fornecer papel para a “M. L. Bühnaeds & Cia” onde trabalham os irmãos Weiszflog, e Rodovalho deixa a Melhoramentos, após desentendimento com o restante da diretoria sobre uma operação com ações. Em 1905, Otto e Alfried tornam-se donos da Bühnaeds & Cia. e, no ano seguinte, a segunda máquina de papel entra em funcionamento na Melhoramentos.

Em 1908, é inaugurada uma linha férrea ligando a fábrica de Caieiras a São Paulo, e a falta de energia leva a Melhoramentos a começar, em 1912, a plantação de eucaliptos, para fornecer lenha para os fornos de cal e cerâmica, e são construídas uma barragem e uma usina de energia elétrica para movimentar a terceira máquina de papel, que entra em funcionamento em 1913. Nesse mesmo ano, aos 75 anos, morre o Coronel Rodovalho.

A parte editorial teve inicio em 1915, como firma independente, a “Weiszflog Irmãos". Quando o diretor Alfred Weiszflog assumiu o controle da fábrica em 1920, houve a fusão das 2 empresas, com a incorporação da Weiszflog pela Melhoramentos. Weiszflog e Irmãos havia iniciado sua atividade editorial com a publicação de O Patinho Feio, de Hans Christian Andersen, ilustrado por Francisco Richter. Devido às ligações de Andersen com Portugal, o português foi a primeira língua para a qual seus livros foram traduzidos, e essa foi a primeira tradução de Andersen feita no Brasil. O primeiro gerente da Weiszflog, Arnaldo de Oliveira Barreto, deu sequência a essa linha editorial, formando a “Coleção Biblioteca Infantil”.

Em 1928, a produção editorial cresce, chegando nesse mesmo ano a um catálogo de 248 títulos, com 670.000 livros impressos. Em 1929 uma nova máquina de papel é comprada. A produção da Melhoramentos atinge 7.400 toneladas de papel para indústria, impressão, cartões, cartolinas, papel de seda e outros, em 1937. Finalmente, em 1938, é publicado o livro “O Filho do Trovão”, de Barros Ferreira, o primeiro livro a ostentar a indicação “Edições Melhoramentos”.

A máquina de papel V, feita pela alemã Voith, começa a funcionar em 1940 e no ano seguinte o nome da empresa é mudado para “Companhia Melhoramentos de São Paulo, Indústrias de Papel”. A Fazenda Levantina, em Camanducaia (MG) passa a fazer parte da Melhoramentos em 1942, e no ano seguinte inicia-se ali a produção da primeira celulose brasileira. A Melhoramentos foi pioneira no uso de madeira brasileira na fabricação do papel. Em 1946, em Caieiras, obtém-se a produção de celulose a partir de eucalipto, um feito de repercussão mundial.

Em 1960 é inaugurada a “Livraria Melhoramentos” no Largo do Arouche, em São Paulo. Quatro anos depois a empresa adquire a Fazenda Santa Marina, em Bragança Paulista.

Em 1968, quando publicou Meu pé de laranja lima, de José Mauro de Vasconcellos, a Melhoramentos vendeu 1.200.000 exemplares em menos de 10 anos, e mais 3.000.000 em traduções para o exterior o que foi considerado, na época, um fenômeno.

Em 1969 é constituída a Melbar, sociedade entre a Melhoramentos e a empresa americana Dresser Magcobar. A tecnologia de produção de celulose é inovada em 1982, com o início da produção de polpa de celulose do tipo CTMP a partir de eucalipto, inaugurando mundialmente a fabricação de papel higiênico a partir dessa madeira.

Linha literária. A linha de literatura infantil e os livros didáticos são a linha mestra da Melhoramentos. A concentração na literatura infantil vem dos primeiros tempos, quando Weiszflog e Irmãos havia iniciado sua atividade editorial com a publicação de O Patinho Feio.

Outro nome importante do período inicial para a atividade editorial da Melhoramentos foi Manuel Bergström Lourenço Filho, como diretor de ensino no Ceará desde 1922, e cuja “Introdução ao estudo da escola nova” inspirou toda uma geração de reformadores educacionais em todo o Brasil. Manoel foi consultor editorial da melhoramentos durante muitos anos, e a partir de 1926, passou a fazer a revisão de todos os livros infantis da casa.


A WEISZFLOG E A MELHORAMENTOS


Os irmãos Walther, que também veio para o Brasil para trabalhar com os irmãos, Otto e Alfried. Foto: Os irmãos Weiszflog de Guilherme Gaensly, 1904. São Paulo City



Otto Weiszflog. O primogênito da família Weiszflog mostrou-se um homem de negócios dedicado e empreendedor desde cedo. Além de ser fundamental na expansão dos negócios da família no Brasil, Otto também construiu uma vida familiar estável. Em 9 de janeiro de 1899, casou-se com Ana Maria Kuhlmann e tiveram uma família, criando uma descendência que fortaleceu ainda mais os laços da família Weiszflog no Brasil. Faleceu aos 49 anos vítima da epidemia da gripe espanhola. 


Alfried Weiszflog. O irmão do meio era conhecido por sua paixão pela música e pelas artes. Na cidade de São Paulo, organizava encontros musicais em sua casa, reunindo entusiastas da música em um quarteto. Alfried também cultivou interesse por literatura e cultura, o que o aproximou do meio social paulistano. Casou-se com Alice Köcher, em 22 de maio de 1900. Alfried era um homem visionário e sua dedicação aos negócios e à cultura era equilibrada com uma atenção cuidadosa à sua vida familiar. A convivência entre Otto e Alfried era harmoniosa e o apoio mútuo foi crucial para os sucessos alcançados pelos dois irmãos ao longo dos anos. 

Walther Weiszflog. O irmão mais novo da família teve uma participação fundamental na trajetória dos negócios. Walther era conhecido por sua dedicação às artes gráficas e seu interesse em inovação tecnológica. Antes de sua vinda ao Brasil, seu pai, Wilhelm Weiszflog, lhe confiou uma missão importante em Hamburgo: estudar os últimos avanços das artes gráficas. Ele foi enviado às oficinas Klimsch, em Frankfurt, com o objetivo de aprender e adquirir conhecimentos em zincografia, fotolitografia, impressão em baixo-relevo sobre cobre e impressão com gelatina sensível à luz. Além de sua carreira profissional, Walther também contribuiu para a vida cultural da família e da cidade. 


PATINHO FEIO


“Na Alemanha, os Weiszflog almejam dias melhores. Assim dois deles, Otto e Alfried resolvem partir em busca do sucesso. O Brasil é o país escolhido e, dentro do Brasil, o novo Eldorado chama-se São Paulo. Otto chega em 1894. Semanas depois está trabalhando no estabelecimento do conterrâneo Bühnaeds, um negócio no ramo de papelaria, encadernação e importação de papel. Dois anos mais tarde é a vez de Alfried desembarcar no Brasil. Ele chega com um recado do pai, Wilhelm: “Façam alguma coisa que seja única, em que não tenham concorrência”.

Seguindo os conselhos do pai, os irmãos Weiszflog associam-se a Bühnaeds. Em 1905, adoentado e sem forças, Bühnaeds deixa a sociedade e, posteriormente, em 1915, a empresa é comprada pelos irmãos: nasce então a Weiszflog Irmãos – Estabelecimento Gráfico.

“Os serviços da gráfica dos Weiszflog ganha rápido reconhecimento em razão da qualidade superior dos seus produtos. Percebendo isso, o educador Arnaldo de Oliveira Barreto sugere aos Weiszflog que se tornem também editores. A sugestão é aceita. Já na condição de editores, os Weiszflog produzem em 1915 aquele que seria um marco da literatura infantil brasileira. O livro O Patinho Feio, de Hans Christian Andersen, com ilustrações de Franz Richter, é o primeiro no Brasil editado em quatro cores”.

Livro infantil em pequeno formato  O Patinho Feio , por Hans Andersen, da série Biblioteca infantil, Editora Companhia Melhoramentos de São Paulo, década de 30, ilustrado. Anúncio do Leiloeiro Alberto Lopes. 



Um dos clientes dos Weiszflog, que mandava imprimir livros e seu relatório anual era a Companhia Melhoramentos de São Paulo, que passou por sérias dificuldades financeiras, agravadas durante a Primeira Guerra Mundial.

Seus novos donos só veem uma saída: vender a Melhoramentos. Os Weiszflog já produzem, editam e comercializam seus próprios livros; faltava somente a produção do papel e para isso compraram a Companhia Melhoramentos de São Paulo em abril de 1920 e, em dezembro, incorpora a Weiszflog Irmãos – Estabelecimento Gráfico. Surge um slogan que durante muitos anos acompanha os livros da editora: “Do pinheiro ao livro, uma realização Melhoramentos”. Nas mãos dos Weiszflog, a Melhoramentos cresce e aparece”.

Na década de 1910, o estabelecimento gráfico dos Irmãos Weiszflog, que ficava no vale do Anhangabaú foi o embrião da editora e depois da Companhia Melhoramentos. Na foto abaixo o grande prédio e, à direita, a escadaria que ligava o Vale do Anhangabaú à rua Líbero Badaró.



Empresa sediada entre o Vale do Anhangabaú e a Rua Líbero Badaró.


A história conta que os Weiszflog foram magnatas da indústria nacional de derivados de papel, sendo os primeiros fabricantes de papel higiênico e celulose no País. Neste período, Otto Weiszflog já vivia com sua família no belo casarão da Avenida Paulista.  Ele, a esposa Anna Maria Kuhlmann Weiszflog, filha de deputado conhecido à época, e os filhos Jane, Frederico (Fritz), Hilda, Gerda, Wolfang e Annemarie. Wolfang faleceu muito jovem, aos 25 anos, em um acidente no mar do Guarujá. Otto faleceu em 19 de abril de 1919. Em 1922, recebeu uma homenagem da Revista Nacional, que escreveu sobre sua importância como renovador da arte gráfica no Brasil e reorganizador da cartografia brasileira, que podemos apreciar abaixo, na imagem da Carta geral do Estado de São Paulo, publicada pela Weiszflog Irmãos, em 1912.

Voltando aos Weiszflog, um pouco sobre o irmão de Otto, Alfried Theodor, sabemos que nasceu em Hamburgo, Alemanha, em novembro de 1872. Formou-se em Ciências Econômicas e veio para o Brasil em 1896, tornando-se anos depois o presidente da Cia Melhoramentos. Além disso, Alfried foi um dos primeiros diretores da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) em 1928. A história conta que os Weiszflog foram magnatas da indústria nacional de derivados de papel, sendo os primeiros fabricantes de papel higiênico e celulose no País. Alfried morreu em São Paulo, a 05 de setembro de 1942, aos 70 anos.

Os irmãos receberam várias homenagens da cidade. Alfried “virou” praça: a Praça Alfredo Weiszflog fica na Lapa e foi oficializada em novembro de 1950. Otto, Walther e Alfried também “viraram” escola: a Escola Estadual Otto Weiszflog, localizada na Rodovia Presidente Tancredo A. Neves, Km 34, e a E.E. Walther Weiszflog, na Av. dos Estudantes, 360 e a E. E. Alfried Theodor Weisflog, na R. Raimundo dos Réis, 251, todas elas em Caieiras. São Paulo City


O brasão da família Weiszflog

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LICEU DE ARTES E OFÍCIOS



Liceu de Artes e Ofícios. A instituição foi criada em 1873 por um grupo de aristocratas pertencentes à elite cafeeira nacional que pretendia formar mão de obra especializada para uma futura possível industrialização do país, de acordo com os ideais positivistas que pregavam a "dignificação do homem através do trabalho". 

Seu fundador, Carlos Leôncio da Silva Carvalho, era um advogado e Deputado Geral(atualmente corresponde ao posto de Deputado Federal) e com o apoio financeiro da maçonaria paulista e dos cafeicultores, conseguiu tornar real a instituição para divulgação das artes e ofícios focando na formação de mão-de-obra especializada para a lavoura, a indústria e o comércio. 

Com a adoção do nome Lyceu de Artes e Officios, o novo modelo passa a ser exercido e são ministrados cursos de marcenaria, serralheria, gesso, desenho, entre outros, dentro do espírito positivista-burguês das Artes e Ofícios. A prosperidade financeira do Liceu possibilitou a criação de uma sede definitiva. 

Em 1897 o Escritório Técnico Ramos de Azevedo iniciou o projeto do edifício da Praça da Luz, nunca concluído mas entregue em 1900. Este edifício, através de um acordo com o Estado de São Paulo, seria dividido entre o LAOSP e a recém criada Pinacoteca do Estado.

A produção industrial do Liceu prosperou nitidamente nos períodos de Guerras Mundiais, com o aumento do consumo de itens produzidos no país (devido à redução de importações). Neste período, passaram pelo Liceu nomes como Victor Brecheret; Alberto Santos Dumont; Adoniran Barbosa. 

O Liceu se torna o principal divulgador e realizador de obras em estilo Art nouveau da cidade (e do país). A partir dos anos 1950, com a adoção pelo país de um novo modelo de desenvolvimento industrial, os artesãos do Liceu passaram a ser inadequados para as novas atividades de produção. Ocorreu a separação entre a atividade industrial da instituição e sua seção educacional: todo o ideal original de indissociabilidade entre arte e indústria se perdeu a partir daí. [Textos e imagens da Wikipedia]


Oficina dos Ferreiros Artísticos do Liceu de Artes e Ofícios na rua da Cantareira, 1910.


Os 150 anos de história do Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo.

Nasce a Sociedade Propagadora de Instrução Popular com o objetivo de formar gratuitamente o “bom e consciente cidadão” sem distinção de classes. A entidade constituiu-se como projeto educacional de iniciativa particular, assumindo papel importante e suprindo demandas sociais.
Leôncio de Carvalho, fundador.



1874- Iniciam-se, na Rua São José (atual Líbero Badaró), em fevereiro de 1874, as aulas noturnas de Instrução Elementar para adultos, ministradas pelos professores Carlos A. Ferreira, Silveira Caldeira e Antônio Gabriel Frazen. Pouco tempo depois, aulas de Geografia, Cosmografia, Ciências Sociais e História entram na grade.



1882- A escola noturna da Propagadora é ampliada e reorganizada sob o nome de Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. São criados um curso especial de Artes e Ofícios e um curso de Comércio e Agricultura.

1884- É inaugurada a primeira exposição dos trabalhos dos alunos, com a presença da Princesa Isabel e do Conde D’Eu.

1895- O engenheiro e arquiteto Ramos de Azevedo passa a integrar a diretoria do Liceu e elabora um programa de Ensino Técnico voltado prioritariamente ao ramo da construção, com ênfase no desenho.



1897 a 1900- O engenheiro e arquiteto Ramos de Azevedo passa a integrar a diretoria do Liceu e elabora um programa de Ensino Técnico voltado prioritariamente ao ramo da construção, com ênfase no desenho. Com o rápido crescimento do Liceu, há a necessidade de ampliação das oficinas instaladas na Rua da Cantareira, onde o Liceu permanece até hoje.


1907- Com o rápido crescimento do Liceu, há a necessidade de ampliação das oficinas instaladas na Rua da Cantareira, onde o Liceu permanece até hoje.

1921-Construção do Arco do Triunfo – com projeto de Ramos de Azevedo e realizado com mão de obra do Liceu –, construído para homenagear a passagem do presidente da República Epitácio Pessoa pela cidade.



1928-Falece Ramos de Azevedo, o “mestre dos mestres” e grande visionário que, por meio da educação e do ensino das artes e ofícios, no Liceu, moldou a cidade de São Paulo.

1930- A busca da população por instrução reflete o crescimento do Liceu. Entre 1894 e 1933 passam pelas salas de aula da instituição mais de 35 mil alunos, sendo 18.725 nos cursos preliminares e 16.754 nos cursos de artes.



1932- Início da fabricação de hidrômetros para a Repartição de Águas e Esgotos, sob licença da Siemens e com a marca LAO.


1934- Inauguração do Monumento a Ramos de Azevedo, projetado por Galileo Emendabili e construído por subscrição popular, por iniciativa de amigos e colaboradores.

1937- Neste período o Liceu torna-se uma escola-indústria de grande porte, com 1.350 alunos, 22 professores, 10 mestres-gerais, 28 contramestres e 584 operários e aprendizes.



1942- Definitivamente, o Liceu se consolida como escola e indústria renomadas, com mais de 1.500 alunos, 1.200 operários e 350 aprendizes.

1954- Comemora-se o IV Centenário de São Paulo com o protagonismo do Liceu e de um de seus alunos mais proeminentes: Victor Brecheret. O autor do Monumento às Bandeiras funde a grandiosa escultura do Monumento a Duque de Caxias nas oficinas do Liceu.

1955- Na década de 1910, o Liceu é responsável pela construção de grades, portas, portões, refletores, corrimãos e lustres de bronze, portas e janelas, poltronas, cadeiras e tapeçarias do Theatro Municipal de São Paulo. Em 1955, na reforma do teatro, cabe ao Liceu o fornecimento das novas poltronas e cadeiras, todo o trabalho de madeira do palco, decorações e aparelhos de bronze para iluminação.



1968- É inaugurada a sede definitiva do Museu de Arte São Paulo. Para essa obra notável, a arquiteta Lina Bo Bardi encomenda ao Liceu a produção da arrojada estrutura de caixilharia.

1972- O Liceu constrói a sua fábrica no bairro da Água Branca onde são produzidos os hidrômetros. Nesta época o Liceu fornece o equipamento para o mercado interno, além de exportá-lo para Paraguai, Bolívia, Uruguai e Colômbia.




1980- É inaugurado o primeiro centro cultural da cidade, o Centro Cultural do Liceu de Artes e Ofícios. Neste ano, a instituição passa a oferecer cursos livres de Artes Plásticas, Pintura, Tapeçaria, Escultura-entalhe, Escultura de barro, entre outros.

1981- Sintonizado com a evolução do mercado, o Liceu dá início aos cursos de Eletrotécnica e Eletrônica.

1985- O Liceu transfere sua indústria para o município de Osasco. Nesta mesma época, o Liceu desenvolve o design dos quiosques de autoatendimento do Banco24Horas e do Banespa e começa a produzi-los.

1993- Atingida a marca de 633 mil espectadores do espetáculo de som e luz “Arte e Humanismo”, encenado no Centro Cultural. Na celebração dos 120 anos do Liceu, o Grupo Corpo é convidado para apresentar os espetáculos “21” e “Nazareth” no Theatro Municipal de São Paulo.

2002 e 2003- A escola passa a disponibilizar a opção de Ensino Médio regular, sem obrigatoriedade de nível técnico. Um ajuste na LDB permite a existência de curso de nível médio e técnico integrados, similar aos moldes anteriores, o que possibilita ao Liceu ministrar cursos de Eletrônica, Edificações, Mecânica e Telecomunicações.

2003- O Liceu retoma seus cursos livres e de curta duração voltados para a indústria, como Hidráulica, Elaboração de Projetos Sociais, Desenho de Perspectiva e de Gases Combustíveis.

2008- O Liceu inova com o ensino técnico voltado ao terceiro setor por meio dos cursos de Gestão de Negócios Culturais, Produção de Eventos Culturais e Produção Multimídia. É criado o FLIT, Festival de Literatura e Teatro, pelos professores Emmanuel Souza e Paulo Cesar Carraturi, atividade que se mantém até os dias atuais.

2009- São desenvolvidos cursos técnicos em Edificações, Eletrônica e Multimídia para formação de mão de obra especializada nessas profissões.

2014-  O Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo realiza o Dossiê Artístico da Formação das Línguas e o Sarau Literário, pertencentes à área de Códigos, Linguagens e Idiomas.
Um incêndio de grandes proporções destrói o Centro Cultural e parte de seu acervo.

2018- Reinauguração do novo Centro Cultural do Liceu. Um novo prédio é construído unindo elementos da antiga construção com o moderno, tornando-se um espaço admiravelmente singular.



2022-Tem início o funcionamento do laboratório de Programação & Robótica com o objetivo de integrar os alunos às tecnologias de robótica, IOT e inteligência artificial.

2023 -150 anos de sucesso: o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo celebra seus 150 anos de história e sucesso. Ao longo desse tempo, a instituição formou inúmeros profissionais talentosos e cidadãos engajados, que contribuíram e continuam contribuindo para o desenvolvimento da nossa sociedade


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VOLPI

Ateliê de Volpi no Cambuci.


Alfredo Volpi (Lucca, 14 de abril de 1896 — São Paulo, 28 de maio de 1988) foi um pintor ítalo-brasileiro considerado pela crítica como um dos artistas mais importantes da segunda geração do modernismo. Uma das características de suas obras são as bandeirinhas e os casarios. Começou a pintar em 1911, executando murais decorativos. Em seguida, trabalhou com óleo sobre madeira, consagrando-se como mestre utilizador de têmpera sobre tela. Grande colorista, explorou através das formas, composições magníficas de grande impacto visual. Em conjunto com Arcangelo Ianelli e Aldir Mendes de Souza, formou uma tríade de exímios coloristas, foco de livro denominado 3 Coloristas, escrito por Alberto Beuttenmüller (Ed. IOB, julho de 1989). Trabalhou também como pintor decorador em residências da sociedade paulista da época, executando trabalho de decoração artística em paredes e murais junto com Antonio Ponce Paz, pintor e escultor espanhol que logo virou um grande amigo de Volpi. Realizou a primeira exposição individual aos 47 anos de idade, expondo no Salão de Maio e na 1ª. Exposição da Família Artística Paulista, no ano de 1938 na cidade de São Paulo. Na década de 1950 evoluiu para o abstracionismo geométrico, de que é exemplo a série de bandeiras e mastros de festas juninas. Recebeu o prêmio de melhor pintor nacional na segunda Bienal de São Paulo, em 1953. Participou da primeira Exposição de Arte Concreta, entre ao Grupo Santa Helena, porém sempre ia visitar seus amigos que oficialmente participavam como Mario Zanini e Francisco Rebolo, situado na Praça da Sé, em São Paulo. Faziam parte do Grupo Santa Helena os seguintes pintores: Aldo Bonadei, Clóvis Graciano, Fúlvio Penacchi e Ernesto de Fiori que teve grande influência no trabalho de Volpi.

Vista frontal do altar da Capela do Cristo Operário, no alto do Ipiranga em São Paulo.



Volpi, com amigos no workshop do Grupo Santa Helena em São Paulo. Da esquerda para a direita: Francisco Rebolo, Volpi, Paulo Rossi Ossir, Nélson Nóbrega e Mário Zanini. Final da década de 1930. Foto de Olívio Tavares de Araújo .


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OS CIVITA E A EDITORA  ABRIL 



Victor Civita e o filho Roberto Civita em 1990. 



A Editora Abril é uma editora brasileira, sediada na cidade de São Paulo, parte integrante do Grupo Abril. A empresa atualmente publica 18 títulos, com circulação de 188,5 milhões de exemplares, em um universo de quase 28 milhões de leitores e 4,1 milhões de assinaturas, sendo a maior do segmento na América Latina.

História. Entre 1936 e 1938, o italkim César Civita trabalhou como gerente geral na Arnoldo Mondadori Editore da Itália, editora que publicava histórias em quadrinhos da Disney. Civita nasceu em Milão, em 1938. Com o avanço do fascismo, Civita resolve se mudar com a esposa e os três filhos para Nova York em 1941. Em seguida, foi para Buenos Aires, Argentina, onde fundou a Editorial Abril. A editora publica vários títulos de história em quadrinhos de autores como Hugo Pratt, Mario Faustinelli, Alberto Ongaro, Ivo Pavone, Héctor Oesterheld, Alberto Breccia, Dino Battaglia, e Paul Campani, além dos quadrinhos da Disney.

Em 1946, o jornalista Adolfo Aizen, dono da editora brasileira "Grandes Consórcios de Suplementos Nacionais", funda uma nova editora a Editora Brasil-América Ltda (mais conhecida com EBAL), e estabelece uma parceira com Civita para publicar personagens Disney na revista Seleções Coloridas, foi impressa na Argentina - já que além de possuir a licença dos personagens, a editora de Civita possuía uma moderna impressora colorida. No ano seguinte, a editora de Aizen publicaria a revista "O Heroi" (sem acento) por conta própria.

Durante as férias de 1949, Cesar se reencontrou com o irmão Victor na Itália. Preocupado com como o Peronismo poderia prejudicar seu bem-sucedido negócio, Cesar propôs a Victor um novo empreendimento no Brasil. Victor visitou o Editorial Abril na Argentina, e em seguida foi para o Rio de Janeiro e São Paulo, decidindo se mudar para a segunda, enviando uma carta para a esposa e os filhos pedindo para vender tudo e vir para o Brasil. Em maio de 1950, Victor fundou a Editora Primavera. Seu primeiro título é a revista Raio Vermelho, uma revista em quadrinhos com títulos de origem italiana, que não faz muito sucesso.

Em julho, rebatiza sua corporação como Editora Abril. Sua primeira publicação foi a revista em quadrinhos O Pato Donald. Anos depois, esse começo inspirou Civita a parafrasear uma frase de Walt Disney - "Espero que nunca percamos a vista de uma coisa - tudo começou com um rato." - e declarar que "Tudo começou com um pato". A empreitada foi financiada com US$ 500 mil, conseguidas por meio de empréstimos e dois sócios, o grupo Smith de Vasconcelos, e o mineiro filho de italianos Giordano Rossi, que seria seu parceiro nas primeiras décadas da Abril.

Consolidação. Em 1951, a Abril abriu sua primeira gráfica, e em seus primeiros anos, a editora diversificou seu conteúdo e se posicionou como um das mais importantes do país. Em 1952, a Abril lançou a feminina Capricho, que em seu formato inicial, publicava fotonovelas importadas da Itália – apenas em 1981, a editora passou a tratar de temas voltados para adolescentes. No fim da década, a aposta da Editora foi no mundo da moda, com o lançamento do título Manequim, com fotografias fornecidas por agências estrangeiras. Em 1958, Victor convidou seu filho Roberto, então residindo em Tóquio como subchefe da sucursal local da Time, para voltar para o Brasil e trabalhar na Abril. Roberto eventualmente aceitou desde que pudesse criar três revistas, uma financeira nos moldes da Fortune (Exame, criada em 1967), uma semanal informativa nos moldes da Time (Veja, 1968, depois de uma similar mensal em 1965, a Realidade), e uma versão brasileira da Playboy (criada em 1975 com o nome Revista do Homem, recebendo permissão para rebatismo como Playboy três anos depois).

Mas foi na década de 1960 que a empresa fez uma revolução no mercado editorial, ao lançar fascículos semanais. A Editora Abril trouxe para as bancas, dividido em capítulos, assuntos que antes se restringiam em livrarias e bibliotecas. As coleções variavam desde enciclopédias e personalidades da história, até livros e discos temáticos. Neste mesmo período a Abril diversificou seu conteúdo, lançando e fortalecendo suas publicações voltadas para os públicos infantil, feminino, turismo, automóveis e esportes. No início da década, a Abril lançou a revista em quadrinhos Zé Carioca, a primeira com conteúdo totalmente produzido pela Abril e, posteriormente, exportado para outros países. Na mesma época chegou às bancas Claudia, com conteúdo de comportamento feminino e Quatro Rodas, com informações sobre turismo e automóveis. No fim dos anos 1960, outros três lançamentos marcaram a transformação da editora como a mais importante do continente sul-americano. Em 1968, surgiu a semanal Veja, que hoje é maior revista semanal de notícias do Brasil e a terceira mais vendida no mundo. No ano seguinte foi lançada a revista infantil Recreio e, em 1970, Placar, a mais importante publicação esportiva dos últimos 40 anos.

Expandindo os segmentos, a Abril passa a publicar revistas masculinas (Playboy, Vip e Men's Health) e amplia suas publicações voltadas para o público feminino, com Estilo (versão brasileira da americana InStyle), Nova (versão brasileira da americana Cosmopolitan) e Elle (versão brasileira da revista francesa homônima). Nos anos 80, a Abril se consolidou como a líder do mercado e investiu em publicações técnicas e voltadas para ciência e tecnologia. A primeira, em 1981, foi Ciência Ilustrada; em 1983, chega às bancas, o Guia do Estudante; e em 1987, são lançadas a Info e a Superinteressante, até hoje "a líder no segmento"[carece de fontes]. Para conseguir um espaço em nichos específicos, a Abril se associou o filho de Giordano, Ângelo Rossi, para criar em 1986, a Editora Azul, com revistas segmentadas como Contigo!, Boa Forma, Viagem e Turismo, Saúde, AnaMaria, Terra, Set e Bizz. Alguns dos títulos foram absorvidos pela Abril em 1997, quando Rossi vendeu sua parte em troca de trazer certas revistas para sua nova editora, a Peixes.

Em 2010, foi criada a Abril Mídia, um dos pilares do Grupo Abril, que reúne diversas plataformas de comunicação do grupo. Ela é composta pela Editora Abril, Abril Mídia Digital, MTV, Alpha Base e Elemídia. No ano seguinte a Abril investiu em uma entrada no mercado do livro digital com o Iba, um site com livros, jornais e revistas digitais para leitura em tablet, smartphone ou computador. 50 editoras oferecem produtos no site, que incluem 20 publicações da Abril.


Sede editorial e parque gráfico da Abril na Marginal Tietê


Crise. Em 2013, a editora passou por uma reestruturação, que cortou de dez para cinco o número de unidades de negócios, podendo vir a extinguir diversas revistas. Nos dois anos seguintes, a Editora Caras adquiriu diversos títulos da Abril, como Placar e Você S/A; Exame Info e Capricho passaram a ter apenas versões digitais; e vários outros títulos foram extintos, tanto por queda de circulação como custos com royalties no caso das licenciadas Playboy, Men's Health e Women's Health.

Em 7 de dezembro de 2015, a editora anunciou que as revistas Nova Escola e Gestão Escolar, sem fins lucrativos, em acordo foram transferidas para a Fundação Lemann que passou a ser responsável por sua produção. O acordo entrou em vigor em 2016. Após Walter Longo assumir a presidência do Grupo Abril, Giancarlo Civita passou a dedicar-se exclusivamente à presidência da holding Abrilpar.

Em 10 de outubro de 2016, a Editora Abril anunciou que reassumirá os títulos transferidos à Editora Caras nos últimos dois anos, como Arquitetura e Construção, Minha Casa, Placar, Você RH e Você S/A. As duas primeiras integrarão a unidade de revistas femininas, dirigida por Paula Mageste, enquanto Você RH e Você S/A voltarão a fazer parte da redação da Exame, dirigida por André Lahóz. Já a Placar integra a unidade de estilo de vida, sob o comando de Sergio Gwercman.

Em junho de 2018, a editora deixa o edifício Birmann 21, passando para um prédio menor no bairro paulistano do Morumbi. No mês seguinte, ela deixa de publicar histórias em quadrinhos Disney, após 68 anos. No mesmo mês, a família Civita deixou o comando do Grupo Abril. Em agosto, o Grupo pede recuperação judicial, tendo contraído uma dívida de 1,6 bilhão de reais. Em agosto, a editora fechou títulos e fez demissões. Foram mais de 50 jornalistas demitidos e grandes títulos encerrados como: Arquitetura e Construção, Boa Forma, Casa Claudia, Cosmopolitan Nova, Elle e Minha Casa. Em dezembro, o empresário Fábio Carvalho comprou 100% das ações da empresa, por meio do grupo Legion Holdings.


Capa da primeira edição da revista Realidade, em 1966.


Realidade foi uma revista brasileira lançada pela Editora Abril em abril de 1966, que circulou até março de 1976.[1]Apresentava características inovadoras para a época, com matérias em primeira pessoa, fotos que deixavam perceber a existência do fotógrafo e design gráfico pouco tradicional. Destacou-se também por suas grandes reportagens, permitindo que o repórter 'vivesse' a matéria por um mês ou mais, até a publicação. Foi inspirada nas revistas Life, Look e Paris Match, mas com uma pauta mais revolucionária do que elas. A proposta de publicação que valorizava as grandes reportagens foi elaborada pelo diretor editorial Roberto Civita, juntamente com jovens jornalistas da Quatro Rodas, liderados por Paulo Patarra, que fez a seguinte definição sobre a revista: “o inusitado, o violento, o estranho, o impossível, o movimento e o belo são os assuntos de capa”.

Primeira fase. A primeira fase da revista, de 1966 a 1968, foi provavelmente a mais notável, quando os grandes temas do momento, muitas vezes polêmicos, eram abordados em matérias totalmente esmiuçadas, dentro de uma forma de escrita surgida nos Estados Unidos — o New Journalism, de Tom Wolfe, Gay Talese e outros — que combinava eficientemente clareza e objetividade em uma estrutura com foco narrativo, o jornalismo literário. Nesse novo estilo, os jornalistas tinham total liberdade para escrever os textos em primeira pessoa, inserir diálogos com travessões, fazer descrições minuciosas de lugares, feições e objetos. Além disso, era possível alternar o foco da narrativa de observador onipresente para testemunha ou participante dos acontecimentos. Realidade era uma revista que trabalhava com a emoção: investia-se muito no jornalista para que ele conseguisse transmitir em suas reportagens uma ideia real do fato. Nessa primeira fase, a grande reportagem é a principal característica editorial do periódico. Mas em 1968, pouco antes do AI-5, Patarra foi desligado da revista, sem ser demitido da Editora Abril. A Igreja Católica, assim como outros setores da sociedade, pressionou a editora para que não abordasse temas controversos, no que não foi atendida por Patarra. Dezembro de 1968 traria o endurecimento do regime militar. Decretado o AI-5, estabelecia-se a censura prévia. A edição daquele mês marcava o fim do melhor período de Realidade, segundo os autores José Marão e José Hamilton Ribeiro.

Segunda fase. Em 1969, Realidade entra em sua segunda fase, que duraria até meados de 1973. Além das mudanças suscitadas pela instauração do AI-5, essa segunda fase resulta de dissidências internas na redação, muitas também decorrentes da censura. O texto perde o tom de denúncia, embora o formato da reportagem não tenha sofrido mudanças bruscas. Permanecia o estilo literário, a pesquisa de campo e investigação, o valor ilustrativo da imagem. Entretanto, pouco a pouco, a revista foi assumindo o modelo newsmagazine ou revista de informação.

Terceira fase.A partir de outubro de 1973, as capas de Realidade dão uma guinada radical. O periódico abandona a pauta investigativa. Proliferam nas edições seguintes os "como fazer" e os verbos no imperativo, como "saiba", "transforme", "vença" etc. Até a paginação da revista revela semelhanças com Veja à época. Em janeiro de 1976, Realidade vendeu 120 mil exemplares, metade do que fora vendido em sua estreia, dez anos antes. Seu último número seria lançado dois meses depois. Apesar do seu curto período de existência, a revista Realidade é considerada um divisor de águas na imprensa brasileira.


Capa da primeira edição da Revista Veja, lançada em 11 de setembro de 1968


Veja,  revista de distribuição semanal brasileira publicada pela Editora Abril às quartas-feiras. Criada em 1968 pelo jornalista Roberto Civita, a revista trata de temas variados de abrangência nacional e global. Entre os temas tratados com frequência estão questões políticas, econômicas, e culturais. Apesar de não ser o foco da revista, assuntos como tecnologia, ciência, ecologia e religião são abordados em alguns exemplares. São publicadas, eventualmente, edições que tratam de assuntos regionais, como a Veja São Paulo, Veja Rio, Veja Brasília e Veja BH. Com uma tiragem superior a um milhão de cópias, sendo a maioria de assinaturas, a revista Veja é revista de maior circulação do Brasil, segundo dados de 2017.

Quando Roberto Civita, até então residindo em Tóquio como subchefe da sucursal local da Time, foi convidado pelo pai Victor a voltar para o Brasil e trabalhar em sua editora, a Abril, pôs como uma de suas condições criar uma revista semanal informativa nos moldes da Time. A primeira tentativa de fazer tal publicação, em 1965, eventualmente levou a uma mensal iniciada no ano seguinte, Realidade. O sucesso da Realidade, que chegou a 400 mil exemplares por mês, fez os Civita acreditarem na possibilidade da revista semanal. Roberto convidou Mino Carta, então no Jornal da Tarde após trabalhar na Abril como editor da Quatro Rodas, para ser o editor da revista, e ambos visitaram as cinco maiores revistas semanais dos Estados Unidos e Europa estudando a organização de tais publicações. Para recrutar uma equipe, lançaram um anúncio em outras publicações da Abril buscando "homens e mulheres inteligentes e insatisfeitos, que leiam muito, perguntem sempre 'por que' e queiram participar da construção do Brasil de amanhã", recebendo milhares de currículos e eventualmente peneirando os candidatos a uma equipe de cinquenta repórteres.

Em 11 de setembro de 1968, foi lançada a primeira edição da revista, então batizada Veja e Leia. Tendo como manchete de capa "O Grande Duelo no Mundo Comunista", trazia entre outras, as seguintes matérias: "Rebelião na Galáxia Vermelha", "A Romênia Quer Resistir", "Checos Têm Esperanças". Em sua página 20, no editorial, trazia publicado: "VEJA quer ser a grande revista semanal de informação de todos os brasileiros". A tiragem de 700 mil exemplares da primeira edição se esgotou, mas a edição seguinte vendeu só a metade. Logo as vendas eram de apenas 100 mil exemplares, com Veja dando prejuízos financeiros à Abril. Roberto Civita atribuiu a queda ao caráter denso, com matérias longas e pouco ilustradas, que espantariam o leitor comum. A situação piorou com o Ato Institucional Número Cinco em dezembro, que levou a edição número 15 a ser recolhida das bancas pelo regime militar, e todas as edições seguintes a serem forçadas a passarem pelo crivo da Censura. Ao ver seu conteúdo recusado, a redação em protesto substituía as partes cortadas por desenhos de anjos e demônios, e depois pela logomarca da Abril. Um total de 138 textos foram vetados até o relaxamento da Censura em 1976, com 55 sendo sobre política nacional, e 25 a respeito da própria censura. Houve textos que, mesmo não sendo proibidos na íntegra, tiveram a publicação inviabilizada pelos cortes drásticos. Outra edição acabou sendo apreendida pelo Exército em 1971, por revelar um esquema de corrupção que ameaçava o governador do Paraná Haroldo Leon Peres.

O sócio minoritário Giordano Rossi sempre perguntava a Victor Civita se não era melhor encerrar a publicação, mas Civita sempre mantinha que Veja merecia mais uma chance. Eventualmente a salvação da revista foi a criação das assinaturas, até então descartadas por medo da retaliação dos jornaleiros. Roberto teve de negociar com estes, prometendo que as outras publicações da Abril só entrariam no sistema de assinaturas dez anos mais tarde. Quando as assinaturas de Veja foram implantadas em 1975, a revista finalmente alcançou o equilíbrio entre despesas e lucros. Na mesma época, Carta deixou a publicação, que já alcançava 200 mil exemplares semanais.


Em meados da década de 1970, Roberto Civita, que trabalhava na Editora Abril sob seu pai Victor Civita, acertou com a direção da revista Playboy nos Estados Unidos para acertar o começo de uma versão brasileira da publicação. Em seguida conversou com Victor, que sugeriu pedir permissão para a publicação com o ministro da Justiça, Armando Falcão, visto que o governo militar mantinha a imprensa sob censura prévia. Apesar das garantias que os ensaios seriam mais comportados e o conteúdo editorial seria "muito mais intelectual e sofisticado que qualquer revista que circulava no país", Falcão vetou o plano declarando que "não poderia fazer nenhuma revista com o nome PLAYBOY no Brasil, não importava o conteúdo." (a edição norte-americana teve sua venda proibida em 1970) Observando uma brecha, Civita reenviou os planos sob o título A Revista do Homem, conseguindo a aprovação.

A primeira edição de Revista do Homem, comumente abreviada à época como Homem, foi lançada em agosto de 1975, com um casal na capa ( a modelo era a Rosicleide). Embora a estrela do ensaio interno fosse Lívia Mund, o editor Fernando de Barros vetou uma capa com Mund por ela também estampar a Nova daquele mês. Sua substituta foi uma modelo não creditada, conhecida apenas por Rosicleide. Contando também com fotos da americana Valerie Perrine e textos de Vladimir Nabokov, Francis Ford Coppola, Jorge Amado, Paulinho da Viola e Roberto Drummond, a edição inicial de Homem logo se tornou bem-sucedida, vendendo 135 mil exemplares. As fotos eram cortadas ou retocadas para evitar nudez explícita. Para enganar o crivo da Divisão de Censura de Diversões Públicas, a equipe da revista utilizava-se de truques como submeter fotos escandalosas para conseguir que outras fossem aprovadas, ou ensaios de moças vestindo camisetas molhadas. Ao mesmo tempo, nenhuma menção era feita à Playboy americana na primeira edição, não contando nem com a tradicional entrevista - que estrearia na segunda edição, com o ex-agente da CIA Philip Agee, e só veria versão nacional em 1976 com o ex-jogador Didi.

Em contraste ao veto das fotos, assim como outras revistas masculinas da época a publicação uma condição de vanguarda no jornalismo, contando com reportagens inovadoras, algo que o jornalista Gonçalo Júnior explicou com o fato que "na condição de revista de 'mulher pelada', preocupavam-se mais em censurar as fotos do que em censurar matérias e entrevista". Em abril de 1977, com o afrouxamento do regime militar sob a presidência de Ernesto Geisel, Homem conseguiu pela primeira vez estampar na capa o coelhinho que é a logomarca da Playboy americana, e em julho de 1978, a revista pôde estampar seu verdadeiro título nas bancas, com a presença na capa da modelo importada dos americanos Debra Jo Fondren. Durante o período, a Abril disputava o direito do nome A Revista do Homem com a Editora Três, que publicava a concorrente Status e lançou uma publicação também chamada Revista do Homem em 1975 apenas para se aproveitar do título e prejudicar a Abril.

Na década de 1980, o diretor de redação Mário Escobar de Andrade conseguiu tornar a Playboy uma das revistas de maior vendagem no mercado brasileiro, com média de 400 mil exemplares. Além de ensaios com musas da época, conseguiu impor um forte conteúdo editorial, incluindo entrevistas com personalidades elusivas como Fidel Castro. Na década de 90, a revista teve suas edições mais vendidas sob o diretor Ricardo Setti (1994-1999). A sucessora de Setti, Cynthia de Almeida, priorizou um público mais jovem, se espelhando em revistas masculinas como a Maxim, já que o público de 20 a 29 anos respondia a 41% dos consumidores.


Anúncio da Editóra Abril em 1971 nas páginas da suas próprias publicações vendidas em bancas de jornais.

LIVRARIAS PAULISTANAS

UBIRATAN MACHADO




Pequeno Guia Histórico das Livrarias Brasileiras- Ateliê Editorial.


Livraria e Tipografia Correio Paulistano – Em 1854, Azevedo Marques lança em São Paulo o primeiro jornal periódico e terceiro do Brasil, o Correio Paulistano. A população paulista ainda era tímida, mas a cidade começara a dar reflexos na grandiosidade que se tornaria. O Correio Paulistano não possuía convicções políticas, era um jornal independente adotando posições audaciosas em um período monárquico. Foi o incentivador e patrocinador oficial da Semana de Arte Moderna de 1922 e o jornal era escrito por diversos intelectuais como Menot Del Picchia. Seis anos mais tarde, na rua do Rosário, 49 a cidade de São Paulo é contemplada com a primeira livraria do Correio Paulistano (provavelmente junto à tipografia).

Livraria Garraux – São Paulo de 1860. Não tem como descrever a história das livrarias paulistanas sem mencionar o francês Anatole Louis Garraux. Em 70 anos de existência, A Casa Garraux, posteriormente livraria, levou o requinte parisiense para dentro da loja na rua do Rosário, 5 e logo depois para o Largo da Sé, 1 e com endereço definitivo na rua da Imperatriz. Também possuía tipografia e vendia itens de papelaria, vinhos, licores, caixas de biscoitos importados e era fornecedora oficial de artigos para o Governo de São Paulo. Garraux foi o introdutor do envelope de correspondência na cidade de São Paulo. Retornou para a Paris em meados de 1890 onde faleceu em 26 de novembro de 1904. A livraria passou por diversos donos e fechou as portas por ocasião da Revolução de 1930.


Teixeira e Irmão – Em 1876 os irmãos imigrantes portugueses Antônio Maria e José Joaquim Teixeira fundam a Livraria Teixeira, mudando o razão social para Teixeira na década de 20 em homenagem póstuma a José Joaquim. Esta livraria passou por diversos endereços de São Paulo: rua São Bento, Líbero Badaró, avenida São João e definitivamente rua Marconi tornando-se editora como de costume das grandes livrarias da época. Por esta livraria passaram grandes nomes da história brasileira como o jurista Rui Barbosa, o Presidente da República Washington Luis, o Prefeito Prestes Maia além de calorosas tardes de autógrafos de Érico Veríssimo e Mário Lago

Gazeau– Uma mistura de livraria e primeiro sebo da cidade, de 1893. Localizada no Largo da Sé no primeiro prédio de concreto armado da cidade com sete andares. Herdou de uma amiga uma grande biblioteca e começou a negociar estes livros, onde o negócio floresceu chegando a 40 mil livros. José Mindlin era um freqüentador assíduo do Gazeau onde comprou o primeiro livro de Machado de Assis, dedicado a Latino Coelho quando tinha 15 anos. Fechou as portas em 1981.

Italiana – Em 1894, com o crescimento da imigração, as livrarias começaram a acompanhar esse povo, essa nova cultura que foi parar nas prateleiras de livrarias especializadas. Fundado pelo engenheiro italiano Alcebíades Bertolotti, a Livraria Italiana localizava-se na rua Florêncio de Abreu, 4. Foi freqüentada pelos modernistas que sempre estavam em busca das novas tendências europeias.

Magalhães – Tendo como base o precioso café, o Estado de São Paulo era conhecido como a locomotiva do Brasil. O comércio florescia cada vez mais. Inaugurada no início do século XX na rua do Comércio pelo português Pedro Magalhães, chegou a São Paulo e efetivou algumas mudanças, que revolucionaram o comércio livreiro como os descontos tabelados e o envio de livros pelo Correio.

Livraria Leia –1914, a cidade acanhada torna-se cada vez mais importante no cenário brasileiro. Ernesto Masucci funda a livraria Cultura Italiana com sede no Parque Anhangabaú, 7 tendo como exclusividade livros italianos. Seu filho, Folco Masucci assume os negócios onde transformou a livraria em editora chegando a ser a maior importadora de livros italianos, alterando seu nome para Leia – 

Livraria Editora Importadora Americana. Chegou a possuir lojas na rua Sete de abril, 111 e na rua Maria Antônia, 57. No final da década de 50 centralizou as lojas em um único endereço, rua Xavier Toledo 103 e logo para Praça Alfredo Issa, 8. Finalizou as atividades na rua Asdrúbal do Nascimento, 404 no centro.

Saraiva – uma das poucas sobreviventes das livrarias paulistanas, Saraiva começou tímida nas mãos do português Joaquim Inácio da Fonseca Saraiva. Este sonho de fundar uma livraria tornou-se realidade em 1917, como Livraria Acadêmica no Largo do Ouvidor. No mesmo ano entrou no ramo editorial optando apenas na área de direito, que segue até hoje. Em 1944 conselheiro Saraiva, como era conhecido por dar diversos conselhos aos alunos, vem a falecer. Seus três filhos assumem os negócios que passam por uma grande reformulação e ampliação. Em 1968 a livraria muda o nome para Saraiva e de local, agora está instalada na rua José Bonifácio, 203. Começa a investir em filiais por toda São Paulo e em 1995 passa por uma grande transformação com tendências internacionais, com as megastores.

Livraria Saraiva no final dos anos 1960.


Casa Editora O Livro – Em 1919, o livreiro Jacinto Silva era ex-funcionário da Livraria Garnier no Rio de Janeiro e veio tentar a sorte em São Paulo, assumindo a gerência da Livraria Garraux. Um ano depois fundou a livraria e editora O Livro. Jacinto era dinâmico e isso refletia em sua empreendimento. Foram consagrados como freqüentadores Amadeu Amaral, Mário e Oswald de Andrade, Guilherme de Almeida , Emiliano Di Cavalcanti e Zina Aita.

Freitas Bastos – Esta livraria de 1938 foi considerada por muitos anos a principal editora de livros jurídicos do Brasil e da América Latina. Fundou sua sede em um ponto estratégico, na rua XV de novembro, próximo ao Largo São Francisco. Entre os freqüentadores mais ilustres estavam Ulisses Guimarães e Franco Montoro. Encerrou suas atividades em 1996.

Jaraguá – Singular na história das livrarias de São Paulo, esta livraria pertencia à família Mesquita (O Estado de São Paulo) e era oposição ao governo de Getúlio Vargas, reflexo da Revolução Constitucionalista de 1932, onde o jornal não pode circular por um bom tempo. Alfredo Mesquita teve a ideia de fundar uma livraria com as tendências universitárias inglesas, junto com o seu sócio Roberto Meira. A Jaraguá nasceu em 1942 com um diferencial: uma sala de chá que sempre estava cheia de intelectuais como Tarsila do Amaral, Flávio de Carvalho, Anita Malfatti e Caio Prado Júnior. Também vendiam discos garantindo a clientela mais jovem. Foi vendida no final da década de 50.

Siciliano – Outra das poucas livrarias antigas que estão conseguindo sobreviver. Tendo como fundador um descendente de calabreses, Pedro Siciliano, que veio a São Paulo a convite de Assis Chateaubriand para abrir uma distribuidora de jornais e revistas fundando em 1928 a Agência Siciliano. Em 1942 inaugurou-se a Livraria Pedro Siciliano que vendia não só livros, mas também jornais e revistas, um novo seguimento para a época. Siciliano era repleto de novidades, uma delas eram os pocket books importados dos Estados Unidos. As primeiras filiais surgiram em 1954. Em 1999 inaugurou sua primeira megastore em São Paulo e logo se propagou para as cidades como Curitiba e Rio de Janeiro. Em 2008 Livraria Siciliano foi vendida para a Saraiva.

Brasiliense – Fundada em 1943 pelos intelectuais Monteiro Lobato, Caio Prado Júnior, Hermes Lima Arthur Neves e Leandro Dupré. A Editora Brasiliense faz parte da vida de muitos professores e sociólogos espalhados pelo Brasil. Reflexo dessa grandiosidade era a livraria na rua Barão de Itapetininga, 99 referência em São Paulo. Lá se encontravam o Grupo Santa Helena, dentre outros intelectuais das letras. Palco de manifestações, comícios e debates, a Brasiliense foi palco da criação do Partido dos Trabalhadores com o então líder sindical Luis Ignácio Lula da Silva e Eduardo Suplicy em 1978. Chegou a vender cerca de 40 mil livros por mês, sendo a editora que mais vendia livro no Brasil na década de 1980. Em 1997 por problemas administrativos a Brasiliense fecha suas portas e morre o ideal dos seus fundadores.

Nobel –Mais uma livraria sobrevivente. Nobel foi fundada em 1943 pelo italiano Cláudio Milano em homenagem ao prêmio Nobel. Sua sede era um ponto estratégico, Rua da Consolação em frente à biblioteca Mário de Andrade. Começou com encadernação e elaboração de apostilas escolares e mais tarde como distribuidora. Tendo uma base forte nos negócios Nobel resolveu ousar em uma época que o computado não era realidade. Organizar fichários com registro das obras editadas no Brasil facilitando a vida de consulentes. A partir de 1998 a livraria começa a investir em megastores e em pequenos quiosques. Hoje ela possui filiais em Portugal e Espanha.

Ornabi – São Paulo cresceu e os sebos, livrarias e editoras também cresceram. A Ornabi – Organizadora Nacional de Biblioteca foi inaugurada em 1945 por Luis de Oliveira Dias e foi um dos maiores sebos do mundo, localizado na Benjamin Constant, 141, chegando a abrigar 400 mil volumes. Dentre os ilustres freqüentadores está o ex-ministro da Fazenda Delfim Neto, que chegou a declarar que a Ornabi era a melhor livraria do mundo. Encerrou suas atividades em 2008.

Parthenon –Esta livraria nasceu em 1946 tendo como seus donos os bibliófilos José Mindlin e Cláudio Blum. Situava-se na Vila Normandia, próximo a avenida São Luiz. Para montar a livraria, José Mindlin foi para Europa comprar livros mais baratos por conta da crise econômica do pós-guerra. Livraria com cara de biblioteca, logo chamou a atenção dos amantes dos livros por conter muitas raridades, porém ocasionou um grande problema para Mindlin, pois ele gostaria que esses livros fossem incorporados a sua biblioteca. Logo, quando um exemplar era vendido, comunicava ao novo dono que quando fosse desfazer-se do livro, o avisasse para comprar novamente. Passou por diversos endereços perdendo um pouco da sua identidade. Em 1982 a livraria foi vendida e mudou seu nome para Veredas.

Cultura – A maior livraria do Brasil nasceu de forma muito simples, em uma sala na casa da alemã Eva Herz na alameda Lorena. Corria o ano de 1947 e era um serviço de empréstimos de livros para os alemães que vieram a residir em São Paulo. Dois anos depois Eva monta uma pequena livraria na rua Augusta adjunta com uma bomboniere. Logo desistiu dos empréstimos e começou a efetuar compras de obras nacionais e de outras procedências. Em 1969 o filho da fundadora, Pedro Herz instalou-se no Conjunto Nacional na avenida Paulista, onde possui várias sedes específicas. Foi a primeira livraria a organizar cafés filosóficos e vendas pela internet. Abriu filiais em capitais como Recife, Porto Alegre e Brasília e, em 2008, inaugurou a maior loja do país com 4300 metros quadrados no mesmo Conjunto Nacional.

Pioneira –Fundada por Enio Guazzelli em 1948 esta livraria na rua 15 de novembro, 228, 4o andar era especializada em livros importados. Logo surgiram restrições à importação e a livraria começou a trabalhar com livros técnicos, ciências sociais e inglês. Foi distribuidora de pocket books. Em 1951 comprou um prédio na rua Maria Antônia, estando situado em um ponto estratégico: na rua da Faculdade Mackenzie e da Faculdade de Ciências e Letras e Ciências Econômicas da USP, Arquitetura e Serviço Social da PUC sendo freqüentada por vários intelectuais como Sérgio Buarque de Holanda, Florestan Fernandes, e alunos da USP como Fernando Henrique Cardoso. Na década de 1970 entrou em dificuldades financeiras e em 1979 a livraria fechou ficando apenas com a editora.

São Paulo – Era um sebo, mas seu dono, Olinto Moura não considerava assim. Em 1950 esta livraria-sebo localizava-se em uma sala discreta na rua São Bento, 370. Possuía grande prestígio entre os intelectuais.

Mestre Jou – Imigrante chileno, Felipe Mestre Jou abriu a livraria em 1952 na Praça Antônio Prado. Começou a importar livros da Espanha, Inglaterra e França. Traduzia obras facilitando a vida de estudantes universitários e professores. Mestre Jou faleceu em 1980 e seu império foi declinando gradativamente. Em 1983 as portas foram fechadas.

Duas Cidades – Inaugurada em 1954, Duas Cidades possuía sede na Praça das Bandeiras, 40, 13 andar. Fundado e administrado pelo Frei Benevuto a livraria pertencia a Ordem Dominicana. Trabalhava com obras religiosas, principalmente teologia. Em 1957 mudou para rua Bento Freitas, 158 próximo ao curso de letras da USP abrindo espaço para outros temas como sociologia e ciências humanas. Em 1997 com a morte do dono a livraria começou a declinar perdendo espaço para as megastores e a decadência da região central. Finalizou o seu comércio e sua história em 2006.

Alfa – Em 1968 o Brasil passa por uma grande revolução editorial. Verbas, parcerias com universidades e fundações são uma realidade onde as pequenas livrarias começam a ter dificuldades em administrar o seu negócio. A Alfa era um sebo localizado na rua José Bonifácio, 395. Seu dono Alexandre Obelenis, defendia um Decreto Federal de que um livro antigo não poderia sair do país, uma das poucas vozes que aclamava a cultura do livro.

Horus – Em pleno período ditatorial, São Paulo abria as portas para uma livraria diferencial. Em 1970 nasce a Livraria Horus, especializada em esoterismo nacional e internacional. Localizado na rua Bela Cintra, era uma das melhores livrarias do Ocidente e oferecia consultas de tarot e runas. Em 1999 tornou-se uma livraria virtual.

Belas Artes – Livraria pequena, discreta e super badalada. Com essas palavras resumimos o ideal de José Roberto Marinho que em 1981 inaugurou a livraria. Influência no nome ocasionado pelo cinema próximo, na avenida Paulista. Incorporou o estilo cinematográfico organizando debates com atores e diretores. Abriu uma filial no prédio da Secretaria de Cultura com o nome de Livraria Cláudio Abramo. Entrou em crise no início de 2000 com decadência da região central e o fechamento do cinema à época. Foi vendida em 2003 e logo foi fechada em 2006.


MEGALIVRARIAS

Fachada da livraria Ática Shopping Cultural, localizada em Pinheiros. Fabiano Cerchiari/Folha Imagem

MEGASTORE. Ática abre hoje loja com 105 mil títulos
A maior livraria da América Latina possui ainda 107 mil CDs em 8.000 m2 de área; custo é de US$ 25 milhões

Fabiano Cerchiari/Folha Imagem

MARCELO NEGROMONTE
free-lance para a Folha

A maior livraria de livros e CDs da América Latina abre hoje suas portas para o público. O Ática Shopping Cultural, localizado em Pinheiros (zona oeste de São Paulo), possui números superlativos e superiores a qualquer megastore brasileira. Foram investidos US$ 25 milhões para construir o shopping de 8.000 m2. São 300 mil volumes, num total de 105 mil títulos de livros nacionais e estrangeiros, distribuídos por dois dos cinco andares do shopping. 

Há outros dois andares no subsolo para garagem. No primeiro subsolo encontra-se a maioria dos 107 mil CDs, que vão desde ópera e música clássica -cuja seção fica separada das demais- até pagode, rock, MPB, world music, música européia etc.

Para animar o ambiente, um DJ ficará tocando música durante o funcionamento da loja, das 10h à meia-noite, de segunda a sábado, e das 10h às 18h aos domingos. Nesse pavimento, estão distribuídos 132 "listening stations" (fones de ouvido), em que se pode escutar mais de 500 CDs.

"Só isso já faz dela a maior loja de CDs do Brasil", afirma Antonio Nicolau Yuossef, diretor-executivo da Ática, sem computar os 1.300 títulos de videolaser, divididos em clássicos, jazz e filmes.

As comodidades para o consumidor não param por aí. Se o leitor não encontrar o livro que procura, pode acessar os terminais de consultas a catálogos internacionais de livros, com 1,8 milhão de títulos de língua inglesa, e encomendá-lo. Também podem ser encomendados CDs importados de um catálogo com mais de 3 milhões de discos pelo mesmo sistema.

A sessão infanto-juvenil e a destinada a softwares e multimídia, com dois terminais de Internet instalados, ficam no primeiro andar. Em todos os andares de livraria encontram-se poltronas e mesas para leitura. Ainda existem jornais e revistas do mundo inteiro, no térreo, papelaria, no segundo andar, e espaço para eventos, no terceiro piso.

O primeiro evento programado é a leitura de trechos de obras de Raduan Nassar e Chico Buarque, com a presença dos dois no dia 16.

Adaptações. O projeto do Ática Shopping Cultural surgiu com a joint venture da Ática e a editora Scipione, que visava a diversificação dos negócios. No começo, os parâmetros foram a Fnac (rede de livrarias francesa com 193 lojas espalhadas pela Europa, sendo 51 megastores) e a Barnes & Noble (rede de megastores norte-americana).

"Chegou a ser cogitado, na época, um licenciamento de franquias da Fnac para a América do Sul, mas seria impossível devido à falta de adequação dos produtos culturais em relação à sociedade que os consome", disse Yuossef.

Além disso, foi feito um mapeamento das 47 livrarias em São Paulo e 105 editoras brasileiras (que são responsáveis por 75% do catálogo brasileiro). "Nessas livrarias constatamos que não havia 10% da produção brasileira de livros. Aqui estão representadas mais de 1.800 editoras brasileiras. Todos os títulos vivos brasileiros estão no Ática Shopping."

Fnac Pinheiros, instalada na sede anterior da Ática Cultural Shopping. 

Interior da livrai no Conjunto Nacional. 


A Livraria Cultura foi fundada em 1947 por Eva Herz (1911–2001) no centro de São Paulo, mais especificamente na Rua Augusta. Em 1947, Eva Herz, filha de imigrantes judeus da Alemanha, montou um serviço de aluguel de livros chamado Biblioteca Circulante em sua casa na Alameda Lorena, em São Paulo. Os livros eram importados da Europa e sua clientela era principalmente de imigrantes. O serviço se popularizou e a biblioteca circulante passou a emprestar livros de autores brasileiros, bem como a vendê-los. Em 1969, Herz inaugura a loja do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, extinguindo a Biblioteca Circulante. O filho de Eva, Pedro Herz, tornou-se seu sócio na empresa.

Na comemoração de seus 60 anos, em 2007, a Livraria Cultura renovou sua identidade visual e também sua visão como empresa. A unidade da Avenida Paulista foi reinaugurada em 21 de maio de 2007, no espaço antes ocupado pelo histórico Cine Astor, substituindo as quatro lojas menores existentes no Conjunto Nacional. Com o tempo, as quatro lojas reabriram: uma, no final de 2007, abrigando apenas os livros de arte; entre 2008 e 2009, as outras três, em parceria com as editoras Companhia das Letras, Instituto Moreira Salles e Record, em um processo conhecido como varejo customizado. Essa loja customizada foi fechada em 2017.


OS SEBOS LITERÁRIOS

Sebo (alfarrabista). O preço dos livros vendidos em sebos ou alfarrabistas é geralmente mais baixo, com exceção de livros raros, autografados, primeiras edições, os que levam encadernação de luxo, que podem ter um custo maior por seu valor histórico. Estas lojas de livros usados costumam ser bastante frequentadas por curiosos, estudiosos e colecionadores. Alguns sebos disponibilizam uma oferta mais ampla de autores do que as livrarias tradicionais. O livro é o principal produto vendido nessas lojas,entretanto, torna-se comum também a venda de outros produtos usados, geralmente em menor quantidade, tais como LPs, CDs, revistas e artigos de decoração. Etimologias

Sebo:Existem teorias diversas para a origem da palavra "sebo". A mais aceita é a de que o termo provém do fato de que livros usados acabam ficando "ensebados" ou "sebentos", ou seja, engordurados, pelo excesso de manuseio. Alfarrábio: o termo alfarrabista provém de "alfarrábio" ("livro velho, antigo, raro"), cuja origem é o nome do filósofo islâmico Alfarábi (c.870–951; do árabe الفارابي)[3].



LUTO NO MUNDO LITERÁRIO 

MORRE MESSIAS, FUNDADOR DO SEBO MESSIAS.



Na manhã desta quinta-feira, dia 19 de dezembro de 2024, o mundo literário perdeu um de seus grandes defensores: Messias, fundador do renomado Sebo do Messias, faleceu aos 83 anos. Através de 55 anos de perseverança, paixão pelos livros e um compromisso inabalável com a cultura, Messias deixou um legado que permanecerá vivo tanto nas prateleiras do seu sebo quanto nos corações de seus frequentadores.

Localizada na Praça Dr. João Mendes, 140, a Livraria e Sebo do Messias se destacou por seu atendimento diferenciado e pela organização meticulosa de seu acervo, atraindo leitores de todas as idades e classes sociais.

Messias, nascido em Guanhães, Minas Gerais, em 1941, começou sua jornada no mundo dos negócios ainda na adolescência ao negociar objetos, atividade que despertou seu espírito empreendedor. Nos anos 60, após tentar a vida em Belo Horizonte e passar por diversas experiências profissionais, ele finalmente encontrou seu verdadeiro chamado em São Paulo, onde abriu o Sebo do Messias em 1969. Desde então, o local se tornou um patrimônio cultural da cidade, com duas frentes de acervo: a loja física e a virtual, que atualiza um vasto catálogo diariamente.

Messias sempre acreditou que os livros têm o poder de transformar vidas. Ele não apenas vendia produtos, mas propunha experiências. Em suas palavras, "cada livro é um universo que aguarda ser descoberto". Essa filosofia fez do Sebo do Messias um ponto de encontro para leitores, estudantes e amantes da cultura. "Aqui, nós não vendemos apenas livros, nós criamos uma comunidade," ele costumava dizer.

O que torna a partida de Messias ainda mais sentida é a forma como ele tocou vidas. Muitos frequentadores do Sebo do Messias compartilham histórias de como ele teve um impacto positivo em suas vidas, seja por meio da venda de um livro que mudaria sua perspectiva ou pelo acolhimento que oferecia em seu estabelecimento.

O velório ocorrerá no Cemitério Congonhas, na sexta-feira, 20 de dezembro de 2024, a partir das 07h, com sepultamento às 13h, à Rua Ministro Álvaro de Sousa Lima, 101 - Jardim Marajoara.


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O FUTURO DOS LIVROS



O autor do  artigo abaixo falando de um dos seus livros impressos num eventos cultural na Pinacoteca 
de Santos em 2024, cuja atração principal foi uma exposição e doação de livros usados. Dalmo iniciou sua carreira de escritor usando os blogs como plataforma digital antes de torná-los livros físicos. Conseguiu colocar oito livros impressos no mercado editorial num período de  quase 20 anos, com vendas física e também virtuais. Com a aceleração da crise de novos leitores e consumidores físico, voltou a produzir seus livros em blog. Como milhares de escritores espalhados pelo mundo, também está no compasso de espera do mercado editorial. 


A MORTE ANUNCIADA 
                                          

A informação impressa surgiu com o capitalismo, milênios depois da escrita manual. Essa invenção técnica é tradicionalmente atribuída à Guttenberg, criador da impressão escrita pelos tipos em folhas soltas, porém o livro tal como conhecemos hoje  surgiu da solução pragmática de Aldus Manúnzio, editor italiano que juntou as folhas soltas impressas em cadernos costurados e juntados numa peça única em formato octagono, denominada ex-libris. 

Depois de 500 anos dessa revolução gráfica sucessivamente evolutiva em vários aspectos e formatos, o livro foi digitalizado, isto é, deixou de ser plano e tornou-se virtual. Uma empresa famosa de aplicativo gráfico selou o seu nome com um produto chamado Aldus Page-Maker, construtor de páginas digitais para jornais e boletins impressos. Durou pouco, pois a tecnologia rapidamente foi substituída por outros formatos mais avançados. 

Milhões de jornais, livros e revistas passaram a ser publicados na internet, sufocando a indústria gráfica plana, impressa em papel. 

As novas gerações aos foram abandonando o uso de material impresso, acelerado pelos aparelhos celulares e iphones. 

Em pouco tempo o papel impresso tornou lixo massivo para reciclagem. Sobraram apenas os livros marcantes, produtos cultivados por leitores também cada vez mais raros, comercializados nos antigos sebos, estabelecimentos de compra, venda e troca dessas raridades. Eles já existiam como redutos de preciosidade ou mercadoria usadas e mais baratas  do que as livrarias tradicionais, expondo seus estoque em ambientes alternativos e até na calçadas. 

Cena comum nas grandes cidades durante o século XX e início do XXI. Alguns sebos se tornaram grandes redes de trocas e abastecimento. O Messias (foto abaixo) foi o mais conhecido deles no Brasil. Nem o advento da internet conseguiu extinguir essa atividade, que já era marginal muitos antes do fechamento das livrarias.   

Os sebos persistem, mesmo porque as novas gerações enxergam os livros impressos como mercadoria “vintage”, objeto de culto.  Descrente da eficiência do arquivo digital, o escritor Humberto Eco foi um dos grandes defensores da preservação do livros físicos. Tinha uma das maiores bibliotecas particulares do mundo. 

O futuro do livro como mercadorias a gente já sabe, mas qual será o futuro dos sebos? Vão durar até quando?

Dalmo Duque




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RÁDIO E TV


A radiodifusão no Estado de São Paulo surgiu com a fundação da SQIG, Sociedade Educadora Paulista, em novembro de 1923. Vinte dias depois, é criada a Rádio Educadora Paulista. Diante da popularidade, elas lançaram nomes memoráveis na cultura brasileira, como o cantor de samba Adoniran Barbosa e o radialista Vicente Leporace.


Anúncio da Rádio Bandeirantes  sobre o Campeonato Paulista de 1979.

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100 ANOS DO RÁDIO EM SÃO PAULO

SOCIEDADE RÁDIO EDUCADORA PAULISTA  E A PRA-6 RÁDIO GAZETA

ANTONIO ADAMI


E surge o rádio na Paulicéia: SQIG Sociedade Rádio Educadora Paulista

Há muita discussão em torno do rádio e seu uso para a cultura, para as artes, educação, ciência, para o entretenimento e informação, por outro lado, também seu uso para a guerra, para a má política, manipulação das massas, mas essencialmente o rádio é um meio plural, democrático, e que, para o bem ou para o mal, pode ser utilizado para vários interesses. Nessa perspectiva, a primeira década da radiodifusão paulista inicia-se a partir de 30 de novembro de 1923, com a fundação da SQIG – Sociedade Rádio Educadora Paulista e, segundo o documento Radio-difusão Cultural 1937, sua instalação oficial é considerada como sendo em 1925. Entretanto, segundo Pires (2000, p. 36), a primeira irradiação é em fevereiro de 1924 e, em 6 de março de 1924 irradia a primeira audição musical completa com um programa de grande valor artístico, executando Chopin, Haydn, entre outros clássicos. Em sua programação de 20 de agosto de 1924, publicada no jornal O Estado de S. Paulo, aparecem óperas e operetas, intercaladas pela hora oficial e por boletins meteorológicos, fornecidos pelo Observatório Astronômico de São Paulo. A SQIG tem início com uma reunião de confraternização no Clube de Engenharia de São Paulo, sob a presidência do Diretor de Saneamento Rural do Departamento Nacional de Saúde, Dr. Belisário Pena.

Segundo manuscrito deixado por Mauro Pires, citado na dissertação de Mestrado de José Mauro Martins Pires (2000, p. 35-36), a iniciativa de fundação da emissora parte dos engenheiros Leonardo Jones Jr., Otávio Ferraz Sampaio, George Corbisier, Luiz Ferraz de Mesquita e do comerciante Luiz do Amaral César. As primeiras transmissões são feitas por um transmissor Pekam de 10 watts. Em 10 de dezembro de 1923, são aprovados os estatutos da Sociedade Rádio Educadora Paulista, que opera em uma das torres do Palácio das Indústrias, no Parque D. Pedro II. Sobre esta formidável novidade, escrevem Pousa e Yaguana (2013, p. 13):

A incessante motivação do ser humano para a inovação em todas as áreas e campos da ciência tem levado às experimentações, descobrir e aperfeiçoar uma infinidade de inventos. Um deles é a transmissão de informação através de ondas eletromagnéticas. Feito que apareceu vinculado diretamente à evolução da física, graças ao descobrimento da ionosfera, a qual ajuda a propagar os sinais em forma de ondas pelo espaço. A materialização disso é que em 2 de novembro de 1920, em Pittsburg, temos a primeira transmissão oficial, da Rádio K.D.K.A, primeira estação difusora de programação radiofônica programada e contínua (tradução nossa)1 (POUSA E YAGUANA, 2013, p. 13).


Bodas de prata do casal Mauro e Celina Pires, com seus grandes amigos radialistas. Da esquerda para a direita: Dárcio Ferreira, Ivani Ribeiro, o casal Moraes Sarmento, Marilda e Ariowaldo Pires, Elói Teixeira e o casal Italo Izzo. São Paulo, 10 de maio de 1967.


O rádio em São Paulo despontava sob a presidência de Edgard de Souza. Interessante observar que a SQIG tinha o nome fantasia de “Rádio Bandeirantes” (obviamente, não confundido aqui com a PRH-9 Rádio Sociedade Bandeirante de Radiodifusão, que é de 1937). Sobre estes primeiros passos de nascimento do rádio na pauliceia, já havia questionamentos sobre a utilização do rádio, e a sociedade se perguntava quais benefícios este meio traria. Os acadêmicos discutiam o seu uso para a cultura, para as artes, para a educação, para o mercado, para a política, aliás, questões estas que apareceram em todos os países, na Espanha, por exemplo, escreve Sande (2005, p. 23):

A radiodifusão surgiu como uma aplicação prática da radiotelefonia. Para que as primeiras emissoras comerciais se convertessem em um autêntico meio de comunicação, em veículo de transmissão de informação, entretenimento e cultura, foi necessário todo um desenvolvimento tecnológico prévio. Os avanços da ciência conduziram, ao final do séc. XIX, ao maravilhoso descobrimento da transmissão de sinais através das ondas (tradução nossa)2 (SANDE, 2005, p. 23).

O próprio Marconi, neste período de início do rádio, relacionava-o a uma necessidade de comunicação para governos, e de grande escala. O rádio foi pegando força como meio a partir do momento em que a tecnologia evoluiu e pode-se ouvir melhor, músicas, entretenimento de diversos tipos. Sobre isso, escreveu Briggs e Burke (2006, p. 156-157):

Ao voltar da Inglaterra, Marconi queria resultados rápidos. Quando fundou a Wireless Telegraph and Signal Company em 1897, se concentrou principalmente em planejar e vender equipamentos sem fio a clientes comerciais de grande escala e ao governo . Também tinha em mente a realeza: em 1897, cerca de 100 mensagens foram enviadas entre a raínha Vitória, de Osborne House, na ilha de Wight, e o iate real do príncipe de Gales, ao largo de Cowes, onde ele estava de cama, doente. Marconi não via o rádio como um meio de grande difusão. Na verdade nem usou a palavra rádio (BRIGGS E BURKE, 2006, p. 156-157).

Em outro trecho do livro Uma História Social da Mídia, continuando com o papel comercial do rádio visto por Marconi, Briggs e Burk (2006, p. 158), escrevem que Marconi continuou instigando a imaginação tanto dos norte-americanos quanto dos europeus, quando em 1901, enviou uma mensagem por transmissão sem fio a 3.200 quilômetros de distância através do Atlântico, da Terra Nova para a Cornualha.

A empresa Anglo-American Telegraph Company tinha o monopólio da telegrafia na Terra Nova e expulsou a equipe de Marconi da ilha, que na época era independente do Canadá. A publicidade subsequente não precisou ser inventada. Em 1904, a radiotransmissão chegou às manchetes quando foi usada para relatar a prisão do Dr. Crippen, um assassino que fugia da Inglaterra para o Canadá, por mar, com sua amante. Oito anos depois, foi a estação de Marconi el Long Island que captou as mensagens de SOS do Titanic, que afundava, e enviou as notócias para a Casa Branca. O operador foi um homem que mais tarde se tornaria famoso David Sarnoff (1891-1971) (BRIGGS E BURK, 2006, p. 158).

Percebemos então, que realmente o rádio desde o princípio, no início dos anos 1900 até chegar ao Brasil, oficialmente em 1922, e em São Paulo em 1923, sempre teve cunho comercial, mas naqueles anos da “São Paulo antiga” de 1923, os interesses dos empresários de rádio ainda são basicamente culturais e sociais, bem pouco comerciais. Entretanto, já vislumbrando o potencial comercial do rádio, a Educadora é a primeira a transmitir diariamente as cotações da bolsa em diferentes momentos do pregão. A rádio é sustentada pela mensalidade dos sócios, como aliás tantas outras pioneiras, e as transmissões não são contínuas. A escassa programação dos primeiros tempos inclui óperas e concertos, e os aficionados reúnem-se em torno dos poucos aparelhos receptores existentes. Em 1925, as transmissões passam a ser contínuas e a emissora adquire um caráter mais profissional. Desse período, ainda experimental, em uma reportagem especial sobre os 100 anos do rádio, escreve Oliveira (2019, n.p).

Foi em 7 de setembro de 1922, em pleno centenário da independência brasileira. Um discurso do então presidente Epitácio Pessoa e a ópera O Guarani, de Carlos Gomes, inauguraram as transmissões. A novidade deixou os ouvintes incrédulos, como testemunhou, em depoimento histórico, o radialista Renato Murce, falecido em 1987 e um dos pioneiros do rádio brasileiro (OLIVEIRA, 2019, n.p).

Sobre este momento, Oliveira, utilizando a fala de Renato Murce:

E o povo que se juntava na multidão do centenário, uma multidão incalculável, era pior do que São Tomé: estava vendo, ouvindo e não acreditando. Como é na que um aparelhinho pequenino, lá longe, sem nada, sem fios, sem coisa nenhuma, podia ser ouvido a distância. E ficava embasbacado.

Ali na SQIG nascem grandes artistas, técnicos e demais profissionais que entrariam para a história do rádio. Sobre o assunto, segundo José Mauro Martins Pires (2000, p. 41), citando uma fala presente nos documentos de Mauro Pires:

Foi o caso de Nicolau Tuma, o “speaker metralhadora”, que consagraria um modo único de transmitir futebol lance a lance; também o locutor (depois produtor) Raul Duarte, o humorista Gino Cortopassi, conhecido por Zé Fidelis, o “rei dos caipiras” Cornélio Pires, Oduvaldo Vianna, o cantor seresteiro Paraguassú, Walter Forster, o Barão Wilson Fittipaldi, Pilé, Raul Torres (cantor e compositor caipira de grande prestígio, com destaque para “Cavalo zaino”), os radialistas pioneiros maestros Erlon Chaves e Gabriel Migliori, sambista cearense Hélio Sindô, a autora de novelas Ivani Ribeiro, que na época é cantora de programa infantil. Segundo o radialista Mauro Pires, um dos nomes que mais trabalharam pela emissora é o do maestro e compositor Alberto Marino, naquele tempo um modesto músico violinista. Maestro Ítalo Izzo, Osmano Cardoso, cantor e radialista. Segundo o almanaque do rádio de janeiro de 1951, todas as vezes que ele vibrava seu violino, era obrigado a estar de costas para o microfone, senão o som encobria tudo, provocando inclusive a queda da estação (PIRES, 2000, p. 41).

Seja para aqueles que viveram os anos 1920, seja os que conheceram por pesquisas e contatos estes tempos de encantamento do rádio, a enorme surpresa foi quando a Rádio Educadora, já na rua Carlos Sampaio, contrói sua torre de transmissão à nos jardins da sede da emissora e passa a ter um dos mais bem montados estúdios de São Paulo, amplo, todinho atapetado, paredes forradas de celotex, grandes cortinas amortecedoras de som e muitas fotos, dentre elas fotografias de Carlos Gomes, Beethoven, Chopin, Wagner, Brahms etc. Citando documento manuscrito deixado por Mauro Pires [s.d], sobre a programação da Educadora:

A Educadora naqueles primeiros anos irradia os resultados de jogos internacionais realizados na Europa e no Uruguai, para a capital e inte rior do Estado de São Paulo; transmite também em 5 de dezembro, durante a noite, concerto do maestro Heitor Villa-Lobos, no Teatro Municipal; em 30 de junho de 1926 a PRA-6 inaugura modernas instalações, com aparelhos adquiridos da Western Eletric, na nova sede à rua Carlos Sampaio, 5; em 27 de setembro inicia um programa diário dedicado às crianças, apresentado por Tia Brasília, que era uma professora na época, intitulado “Quarto de hora da criança”; em 25 de novembro de 1926, ocorre a inauguração do novo estúdio, com transmissão conjunta com a Rádio Club do Brasil, do Rio de Janeiro, e conta com a participação de Guiomar Novaes e Bidú Sayão. A nova estação transmissora tem 1.000 watts de potência e duas torres de 55 metros cada uma. Trata-se da quinta experiência de transmissão simultânea por estações situadas a longa distância.

Em janeiro de 1929, as emissoras paulistanas mudam os seus indicativos e passam a ser PRs. A Rádio Educadora Paulista passa então de SQIG para PRAE e, em 17 de março, irradia a “Hora Regional”, tendo no comando Cornélio Pires, o “Rei dos caipiras”. O programa tem um grupo de pessoas chamadas de “caipiras legítimos” e apresenta a vida cotidiana do sertão, imitação de pássaros sertanejos, entre outras peculiaridades com este foco. Em 21 de setembro do mesmo ano, Oduvaldo Vianna apresenta palestras sobre o cinema falado. Aliás, Oduvaldo é uma história à parte do rádio paulista.

A Educadora é pioneira no radioteatro

É interessante observar que a Rádio Educadora foi quem lançou de forma pioneira o que seria mais tarde o “Cinema em Casa”, primeiramente na PRF-3 Rádio Difusora de São Paulo, inaugurada em 24 de novembro de 1934 e, posteriormente, com a compra dessa por Assis Chateaubriand, passa a ser transmitido pela mais poderosa emissora de rádio do Estado Paulo, a PRG-2 Rádio Tupi de São Paulo, inaugurada em 3 de setembro de 1937. Não resta dúvida que o programa “Cinema em casa”, criação de Otávio Gabus Mendes e dirigido, após a sua morte, pelo saudoso Walter George Durst, foi o precursor da teledramaturgia no Brasil. Durst foi, sem dúvida, o responsável pelo “andar da carruagem”, do radioteatro para teledramaturgia. Este programa, na mais poderosa emissora de São Paulo, segundo Mário Fanucchi em conversa com este autor, chocava pela forma revolucionária da narrativa. Os diálogos eram enxutos e não faziam concessões; as cenas se sucediam como cortes na montagem cinematográfica; os efeitos sonoros – alguns produzidos na hora e outros, fruto de cuidadosa pesquisa, previamente gravados em discos de acetato – contribuíam para aprimorar a fórmula. O resultado era o total envolvimento do ouvinte que, mesmo se num primeiro instante não entendesse bem algum detalhe da trama, acabava sempre por captar o essencial.

Fizemos este breve relato sobre o “cinema em casa”, pois acreditamos que realmente as primeiras experiências do que seria este programa, surgiram na Rádio Educadora. As palestras sobre cinema, dirigidas por Oduvaldo Vianna, além do conhecimento sobre determinados filmes, fomentava a cultura do que seria um gênero dos mais importantes, o radioteatro. Aproveitamos esta parte do texto para fazermos uma justificativa do porque da utilização desse termo, ou então peça radiofônica, e não radiodrama, é porque estamos seguindo o raciocínio de Sperber (1980, p.125-126), que escreve:

Embora a peça radiofônica contenha elementos dramáticos, épicos e líricos, e esta seja uma de suas características, não se podem levantar restrições contra a sua forma: pois mesmo a tragédia ática poderia ser vista como forma mista de teatro e poesia, de drama e lírica. Uma estética que trabalhe apenas com as categorias de drama, epopeia e lírica não fornece um caminho eficiente para se chegar à peça radiofônica, cuja forma é sui generis. Mas não deve nem pode ser dada aqui uma caracterização satisfatoriamente abrangente da peça radiofônica, e muito menos uma dramaturgia da peça radiofônica. Alguns dos seus traços mais importantes podem, contudo, ser esboçados, por exemplo: a peça radiofônica pode transformar o tempo exterior de uma ação em tempo interior; a peça radiofônica pode unir impulsionar e aprofundar a ação de forma associativa; a ação da peça radiofônica transcorre no palco interior (SPERBER, 1980, p.125-126).

Um aparte para o radialista Nicolau Tuma

É um dos mais brilhantes nomes do rádio brasileiro. É repórter policial no início do rádio, até vencer um concurso para ser locutor na Rádio Educadora Paulista em 1929, aos 18 anos. Tudo começa em 19 de Julho de 1931, quando tem a ideia da narração da primeira partida transmitida integralmente de jogo de futebol. Até então, as transmissões do futebol eram apenas boletins informando os principais lances dos jogos. Antes do jogo começar Tuma vai aos vestiários do campo do Floresta, no bairro da Ponte Grande, para ver e reconhecer os atletas quando da narração de São Paulo e Paraná, pois à época os uniformes não tinham números nas costas. Foi um sucesso amplificado no Vale do Anhangabaú pela Confeitaria Mimi, que pôs alto-falantes para reproduzir a transmissão. Tuma narra com detalhes e muito rápido todo o jogo, e é isso que o torna o “speaker metralhadora”. É difícil falarmos de Nicolau Tuma, dada sua importância para o rádio paulista e brasileiro, pois nunca conseguiremos dar conta, em texto, do trabalho desse pioneiro. Aliás, como disse acima, é o criador da transmissão do futebol como é conhecida hoje “narração em cima do lance”, e também criador do termo radialista, exatamente durante sua passagem pela Educadora. Posteriormente, trabalha também em outras emissoras, inclusive na grande Rádio Record de São Paulo. Segundo ele próprio em entrevista a José Mauro Martins Pires, que tive a honra de orientar, comenta que estando em um congresso de rádio no Rio de Janeiro, quando ele se referiu aos funcionários em rádio como radialistas, foi inquirido a explicar tal termo, pois, segundo este senhor não havia o termo no dicionário de língua portuguesa. Foi então, que Nicolau Tuma justificou dizendo que radi viria de rádio, e alista de idealista, o que retratava bem o profissional de rádio. O termo logo se popularizou.

Nos anos 1940, mais precisamente em 25 de janeiro de 1943, a Rádio Educadora, já decadente, é reinaugurada sob o nome de Rádio Gazeta, com o mesmo prefixo PRA-6 e o slogan “A emissora de elite”. Chega com uma proposta de orientação cultural em sua programação, mantendo um cast fixo de grandes nomes do canto nacional, grande orquestra sob a direção inicial do maestro Souza Lima e a cantora Vera Janacopoulos e, mais tarde, dos maestros Edoardo Di Guarnieri e Armando Abelardi, além de uma excelente jazzband, sob a regência do maestro Totó. Dessa fase de música fina, daí o slogan um pouco forçado, a emissora promoveu expressões como Cortina Lírica, Soirée de Gala e Música dos mestres. Quando começou a inserir na programação a música popular e apresentou os internacionais Ray Ventura e sua orquestra, Eva Garza, El Charro Gil. Entre os brasileiros, destacou-se o auge do reinado do baião, com Luiz Gonzaga.

PRA-6 Educadora e Gazeta

Impossível analisar a Sociedade Rádio Educadora Paulista sem se referir à também grande Rádio Gazeta, pois, herda o prefixo da Educadora quando o proprietário, o empresário Cásper Líbero assume a Educadora. A Rádio Gazeta realmente chega a grande estilo, com prédio próprio na Rua Conceição, mais tarde denominada Av. Cásper Líbero, em homenagem ao fundador da rádio, morto prematuramente alguns meses depois da fundação da Gazeta. Esta ostenta imponente palco-auditório e um grande salão auditório, além de um excelentíssimo restaurante com cardápio e chefs internacionais, que funcionou regularmente até 1965, momento em que o grupo empresarial, rádio e jornais, se muda para a atual sede, na Av. Paulista, 900. Nesse momento a emissora já irradia uma programação mais popular, sob a direção de Ita Ferraz e direção artística de Fernan do Borges. Com a mudança de programação e de localização, a Gazeta passa por reformulações e começa a atingir também um novo público, com alguns programas que marcam época, tais como: “Samburá”, com apresentação de Fernando Borges e Marlene Magaldi, vencedora de um concurso de locução feminina e um outro programa, também de grande sucesso, “A pedida é bossa”, com Mauro Pires.


Elis Regina sendo entrevistada no programa ‘A pedida é bossa’, de 12 de março de 1965. Ao fundo Denis Roberto Martins Pires.

A Gazeta é uma das últimas rádios a se desfazer de sua excepcional discoteca e consolidar nomes, tais como: Elis Regina, Amilton Godoy, Paulinho Nogueira, Claudete Soares, Toquinho, Taiguara, entre outros.

Em conversa com José Mauro Martins Pires, em 2012, ele lembra que na Gazeta trabalhavam vários amigos citados por Mauro Pires, por exemplo, o programador Aguiar, cujo apelido é Dedé, que é o José Ogilvy Aguiar; o programador Aurélio, que é o Aurélio Belotti Filho; o chefe da discoteca Samuel Hiller; o programador Carlos Roberto da Silveira e os auxiliares, Fidelis Jacinto e Sérgio Albertini, que é também um grande tenor. Além disso, a rádio é uma das primeiras a mobilizar a classe estudantil em torno de música, no Teatro de Cultura Artística, no centro de São Paulo, no início da Rua da Consolação, um local com muito da história da comunicação de São Paulo, pois as rádios, os grandes jornais, todos estão naquele entorno. Realmente é muito importante falar da grandeza da Gazeta, do que foi e ainda é na atualidade, agora com muito mais concorrência e segmentação, do que nos anos 1930 e 1940. Tudo isso deve um pouco à experiência adquirida quando da compra da Educadora, mas também, sem dúvida, Cásper Líbero foi e é um desses homens visionários, que estão à frente do seu tempo.

Conclusão

Em São Paulo a radiodifusão inicia-se na SQIG Sociedade Rádio Educado Paulista, em 30 de novembro de 1923. Os dados colhidos se deram através da análise de documentos escritos deixados pelo radialista Mauro Pires, que passou para o seu filho Joé Mauro Martins Pires. Portanto, utilizamos as fontes primárias, memorialistas, escritas e fonte oral. O interessante aí é que antes do livro O Rádio com Sotaque Paulista, ninguém em São Paulo escreveu sobre as emissoras pioneiras, ou então escreveu muito vagamente. Mauro Pires viveu a história do rádio e a documentou em textos escritos. Ele se dá ao trabalho de minuciosamente escrever a história das rádios de São Paulo, capital, litoral e interior do Estado, desde o início nos anos 1920, até os anos 1950. Escreve sobre a abertura de novas emissoras ano a ano, durante quatro décadas, trabalho que não existe antes da publicação do livro citado. Além disso, documentou as programações mais importantes das emissoras, trazendo as grades organizadas por data e os grandes nomes do rádio que estão presentes principalmente na SQIG, nomes como Oduvaldo Viana, Nicolau Tuma, Nhô Totico, Walter George Durst, grandes orquestras, grandes obras, grandes momentos, e tudo isso passa pela pioneira Educadora.

Uma conclusão que chegamos é que quando a Gazeta adquire a Educadora, a impressão é que a Educadora desapareceria, mas ao contrário, a emissora cresce e Cásper Líbero amplia o cast, mantendo o caráter inovador que a emissora tem, portanto naquele momento, muitas outras emissoras já estão no ar em São Paulo, entretanto a Gazeta mantém o prefixo da Educadora e monta programas dos mais importantes da cena musical brasileira, tais como: Cortina Lírica, Soirée de gala e Música de mestres.

Outra questão que nos leva à conclusão a seguir, é o fato de que apesar das rádios terem grande preocupação cultural, artística e educativa, nem a Educadora nem as demais rádios pesquisadas deixam claro a que vieram. A impressão que nos fica é que realmente seus interesses são somente políticos e comerciais. Os empresários percebem rapidamente a grande propensão comercial do meio e sabem utilizá-lo.

Achamos impressionante o fato de José Mauro Pires, apaixonado pelo rádio e com programas importantes em emissoras paulistas, ter deixado documentos escritos tão precisos e de grande valor histórico, pois não havia publicações com dados corretos até 2014, quando do lançamento do livro O Rádio com Sotaque Paulista. Nesse sentido José Mauro Pires é um ícone da história do rádio no Estado, como historiador do meio.

ASTROS DE TODOS OS TEMPOS E ESTILOS



Blota Jr, Zé Bétio, Barros de Alencar, Hélio Ribeiro, Eli Corrêa, Humberto Marçal, Inezita Barroso, Kalil Filho, Vicente Leporace, Fiore Gigliotti, Gil Gomes e Claudete Troiano. 


MULHERES NO RÁDIO


Desde muito tempo, as mulheres tiveram um papel essencial no rádio e em toda sua transmissão, como, por exemplo, as transmissões diurnas passaram a ser caracterizadas como “femininas”, além disso, diversas mulheres foram lançadas no rádio: Carmen Miranda, Dalva de Oliveira, Hebe Camargo, Inezita Barroso, entre outras.

No ano de 1923, no estado do Rio de Janeiro, Maria Beatriz Roquette Pinto foi a primeira mulher radialista e estreou o rádio já nas primeiras transmissões ao exercer diversos cargos em funções. Fundada por seu pai, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro foi seu grande começo.

Com a criação da Rádio Mulher na cidade de São Paulo, em meados dos anos 70, apenas profissionais do sexo feminino tinham espaço na programação. No ano seguinte, foi criado a editoria de futebol e jornalistas como Zuleide Ranieri, Claudete Troiano, Leilah Silveira, foram contratadas.

Desde motorista até a técnica de som, a equipe era feminina. Em 15 de junho, ocorreu a primeira narração esportiva feita por uma mulher: Zuleide Ranieri narrou o amistoso S.E. Palmeiras 2X0 A. Portuguesa de Desportos, no Palestra Itália.

Em entrevista para a rádio Amantes, Claudete Troiano, uma das percussoras femininas no rádio, conta sobre sua participação: “O dono da Rádio Mulher soube que no Salão da Criança tinha uma loirinha lá que narrava jogos e me chamou” disse Claudete. A ideia inicial era que ela fosse repórter da equipe esportiva que em processo de montagem. Logo, houve o interesse da emissora para que ela narrasse jogos de futebol. Para isso, ela teve que se preparar e fez alguns teses. “Antes de estrear, peguei um gravador que era desse tamanho naquela época (faz o gesto com as mãos), fui lá para arquibancada de um jogo do São Paulo com meu gravador e narrando. E assim eu comecei a narrar”.

“Hoje eu reconheço, na época eu não tinha noção, que foi muito importante esse nosso trabalho porque a mulher era colocada como um objeto só decorativo em programas esportivos. A mulher não tinha voz, não tinha vez”, afirmou.

Para a BBC Brasil, a jornalista conta que não existia clima ruim de trabalho. “Não sei se era porque a gente estava tão focada. Já era tão difícil entrar em um campo totalmente ocupado por homens em todos sentidos – por críticos, jogadores, torcedores —, então entre nós foi sempre tudo muito bem”, comenta.

Em entrevista à De Mulher Para o Mundo, Eliana Chuffi, apresentadora e radialista da Rádio Mix falou um pouco sobre a profissão e a representação da mulher no meio.

Eliana Chuffi é atualmente apresentadora da rádio Mix FM na cidade de São Paulo, onde atua há mais de 20 anos, e comenta que sua paixão pelo rádio e por comunicação vem de berço.

“Eu era aquela criança que chorava se a mãe desligava o rádio. Sempre prestei muita atenção na comunicação e nos apresentadores além da programação musical. A primeira vez que me interessei como adulta foi após meu magistério quando estava fazendo estágio de professora e resolvi levar um caderno de anotações anotando a programação. Com 16 anos de idade, pedi um espaço para o diretor. Quando entrei pela primeira vez numa transmissão ao vivo, lembro que meu olho brilhava e tive a certeza que era aquilo que eu queria fazer”, diz Eliana.

“Sempre acreditei no rádio como um dos maiores meios de comunicação da atualidade pois o rádio dispensa a imagem e pode ser carregado para onde você for. Desde o “radinho” de pilha da dona de casa ou até mesmo no rádio de um carro importado. Como é um meio sem imagem, conseguimos realizar diversas outras tarefas escutando o rádio sendo um meio que mais desenvolve a linguagem e a comunicação nos obrigando a descrever tudo o que é visto por nós”, diz a radialista.

Para ela, o rádio traz o papel social fundamental de ser porta-voz. Como, por exemplo, desde um problema de um buraco na rua ou até mesmo as atualizações sobre o estado de uma guerra. “Penso que o rádio tem esse papel na sociedade levando a comunicação com uma rapidez. Como não necessitamos de uma imagem, podemos utilizar nosso próprio celular para transmissão de um boletim informativo”, completa.

LOCUTORA HISTÓRICA



Elizabeth Darcy, nome artístico de Natália Perez de Souza (São Carlos, 2 de dezembro de 1912 – São Paulo, 10 de janeiro de 2010), foi uma atriz e locutora brasileira. Era mãe da falecida atriz Verinha Darcy e Cecilia Maria e também do locutor Silvio Luiz. Começou a sua carreira na antiga TV Paulista, Canal 5, como apresentadora e garota-propaganda. Depois foi para a TV Tupi. Na sua época, ela participou de importantes programas e chegou a ganhar mais de um Troféu Roquette Pinto como a melhor do ano. Deixa 7 netos e 10 bisnetos.

"Elizabeth Darcy, foi uma das primeiras vozes femininas a se tornar locutora no Brasil, além de ter sido mãe de dois talentos da televisão brasileira, a Verinha Darcy , a talentosa intérprete de Pollyana, sucesso de 1912 da antiga TV Tupi São Paulo, que faleceu ainda jovem, em 1979, e do ícone da crônica esportiva, Silvio Luiz. Iniciou sua carreira como locutora em 1931, ao lado do saudoso César Ladeira (58), um dos maiores locutores do Brasil, falecido em 1969. Na época ela ainda usava o seu nome de batismo, Natália, e passou um período longe das rádios, até voltar com a sua voz grave em 1948, com o seu nome artístico. Elizabeth, como gostava de ser chamada após seu retorno, migrou para a TV Paulista, onde não só trabalhou como locutora, como também realizou teleteatros na emissora e em 1958 foi para a TV Tupi ser garota-propaganda de marcas como Walita, Mappin, Bom Bril, Philips e outras. Voz grave sucesso da TV Tupi, Elizabeth recebeu inúmeros prêmios ao longo da carreira, o Troféu Tupiniquim como melhor anunciadora, e a Medalha de Ouro, prêmio do jornal A Gazeta. Também trabalhou na TV Cultura, período em que acumulou prêmios como o de Mais Elegante da TV. Na época, a famosa locutora também se tornou chefe de equipe das garotas propagandas. Elizabeth sofreu um acidente vascular cerebral em 2006, o que a fez se afastar de sua carreira e do público. Faleceu em 2010, aos 97 anos".  Caras. 16 de maio de 2024.



Silvio Luiz, aos 24 anos,  numa entrevista ao vivo com o goleiro Gilmar em 1958

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TV TUPI


"No dia 18 de setembro de 1950, era inaugurada em São Paulo, a TV Tupi, primeira emissora de televisão brasileira, planejada por Assis Chateaubriand. Naquela época, apenas 200 pessoas no país eram proprietárias de aparelhos de televisão, que foram contrabandeados e distribuídos pelo próprio Chateaubriand. Mas a noite de estreia da programação foi assistida por vários curiosos que se aproximaram dos 22 receptores distribuídos em 17 lojas no centro de São Paulo. A imagem acima, que ilustra um desses momentos e cujo autor não foi identificado é provavelmente o registro mais icônica desse momento". Resumo Fotográfico. Fonte: Estadão


A Rede Tupi foi uma rede de televisão aberta brasileira. Sua matriz e geradora, a TV Tupi de São Paulo, inaugurada em 18 de setembro de 1950 pelo jornalista Assis Chateaubriand, foi a primeira emissora de TV a operar no país. Pertencia aos Diários Associados, que na época, detendo vários jornais e rádios, era um dos maiores conglomerados de mídia do Brasil. Outros canais viriam a ser inaugurados pelo grupo em algumas localidades do país, formando futuramente uma das primeiras redes nacionais.

Durante a década de 1950, a Tupi era o canal de maior audiência do Brasil, seguido pela TV Record/TV Rio (Rede das Emissoras Unidas) e pela TV Paulista. A partir da década de 1960, o canal perderia a liderança de audiência para a TV Record e posteriormente o segundo lugar para a TV Excelsior, ocupando então o terceiro lugar. Em 1967, foi superado em audiência pela TV Globo, assumindo o quarto lugar de audiência no restante da década. Durante a década de 1970, devido a extinção da TV Excelsior, passa novamente a ocupar o terceiro lugar, sendo superado pela Rede Globo, em primeiro lugar desde 1969, e pela TV Record, em segundo lugar. Em 1972, havia 64 estações geradoras de televisão no país. A maioria se limitava a retransmitir a programação dos três grandes grupos geradores: Globo, Record e Tupi. Em 18 de julho de 1980, devido a problemas administrativos e financeiros, a Tupi saiu do ar com parte de suas concessões cassadas pelo Governo Federal.

O jornalista Assis Chateaubriand, diretor dos Diários e Emissoras Associados, maior conglomerado de mídia da América Latina,[8] interessou-se por televisão em julho de 1944 durante uma visita de negócios à sede da RCA Victor, em Nova York, da qual havia adquirido equipamentos para a montagem de suas emissoras de rádio. O presidente da RCA David Sarnoff preparou para Chateaubriand uma apresentação de investimentos da empresa em radiodifusão, incluindo alguns modelos de câmeras de televisão. Após ouvir explicações do engenheiro e vice-presidente da RCA Vladimir Zworykin sobre o veículo, que até então nunca havia visto, Chateaubriand rapidamente decidiu criar estações para a Rádio Tupi do Rio de Janeiro e a Rádio Tupi de São Paulo, embora tenha sido aconselhado por Sarnoff de que o Brasil não estava pronto para receber a televisão e que deveria preocupar-se em fortalecer sua rede de rádio.[9] Registrado o pedido de instalação do meio, necessitando esperar pelo fim da Segunda Guerra Mundial para comprar os equipamentos, Chateaubriand retornou ao Brasil e buscou por anunciantes e empresários, que financiaram suas futuras emissoras em troca de contratos de publicidade e arcaram com as despesas de sua montagem. Todos os equipamentos para as estações somaram um investimento de cinco milhões de dólares, equivalentes a 16 milhões de cruzeiros.

Durante o período em que angariava apoio financeiro para a montagem das emissoras, Chateaubriand pediu que técnicos da RCA e da The Marconi Company fossem ao estado de São Paulo para analisar as condições topográficas de transmissão de sinal às cidades de Santos, Jundiaí e Campinas. Apesar de acreditarem que a irradiação seria possível apenas por retransmissoras ou cabos telefônicos, o jornalista insistiu na emissão direta da capital paulista. Em nova viagem aos Estados Unidos para encomendar a aparelhagem, em 1947, aceitou a proposta de adquirir uma versão atualizada de um transmissor, com maior potência, entregue junto ao restante dos equipamentos com atraso após o prazo estipulado pela RCA, ocorrido, segundo Chateaubriand em um artigo para O Jornal em 1963, por uma deflação dos limites financeiros do setor industrial nos bancos do país. Em janeiro de 1949, o engenheiro das rádios associadas Mário Alderighi e seu assistente Jorge Edo viajaram aos EUA e estiveram em Nova York e Burbank para acompanhar o funcionamento da NBC em forma de curso sobre operações de televisão, enquanto engenheiros da RCA foram ao Brasil em fevereiro para planejar a montagem em São Paulo. O contrato de cessão entre os Associados e a RCA, referente à aparelhagem para a capital paulista, foi firmado em maio de 1949, tendo chegado em janeiro de 1950; a do Rio de Janeiro, fechada com a General Electric, desembarcou em outubro de 1949.

A Rádio Tupi do Rio de Janeiro solicitou ao Ministério da Viação e Obras Públicas autorização para operar os dois canais de televisão idealizados por Chateaubriand em janeiro de 1948, porém o ministro Clóvis Pestana, com base em um parecer da Comissão Técnica de Rádio, que considerou o capital social da rádio insuficiente, além de a compra dos equipamentos da RCA ainda não haver sido oficializada, liberou a instalação somente da emissora do Rio. Os Associados então escolheram a Rádio Difusora de São Paulo para ficar responsável pela outorga na cidade, concedida em maio de 1949. Dias após a Rádio Tupi oficializar o pedido, os Associados iniciaram a divulgação de notícias sobre a implantação da televisão no Brasil em seus jornais e revistas, enquanto eram realizados outros esforços de implantação do novo veículo, como o do radialista César Ladeira e sua Rádio Televisão do Brasil S/A, a primeira a receber do governo uma outorga para difundir som e imagem, que não chegou a funcionar devido a impasses em seu financiamento.

Primeiros passos

Atrizes Vida Alves e Geórgia Gomide reproduzindo um beijo em uma cena do teleteatro A Calúnia, de 1963, sendo este o primeiro beijo homoafetivo exibido na TV brasileira. Depois de poucos meses de treinamento, alguns radialistas escolhidos por Assis Chateaubriand, o Chatô, lançaram-se à aventura de fazer TV. Os estúdios eram pequenos, o equipamento precário, mas o nascimento da TV Tupi foi solene. Chateaubriand presidiu a cerimônia que contou com a participação de um cantor mexicano, Frei José Mojica, que entoou "A canção da TV", hino composto pelo poeta Guilherme de Almeida, que contou também com a atriz Lolita Rodrigues, especialmente para a ocasião. Um balé de Lia Marques e declamação da poetisa Rosalina Coelho, nomeada madrinha do "moderno equipamento" fizeram parte do show. A jovem atriz Yara Lins foi convocada especialmente para dizer o prefixo da emissora — PRF-3 — e o de uma série de rádios que transmitiam em cadeia o acontecimento. A seguir entrou a programação na tela dos cinco aparelhos instalados no saguão do prédio dos Diários Associados.

Há muitas histórias a respeito desse dia. Uma delas é que, empolgado, Chateaubriand com problemas na vida pessoal, teria quebrado uma garrafa de champanhe numa das duas câmeras RCA, fazendo com que a TV no Brasil entrasse em cena com apenas metade de sua capacidade, isto é: com apenas uma câmera. Outra é que, acabada a inauguração, a equipe se deu conta de que não havia o que colocar no ar no dia seguinte, pois ninguém havia pensado nisso. O então radialista Cassiano Gabus Mendes que, aos 23 anos, assumiu a direção artística da Tupi, não podia ouvir essas histórias, desmentia quantas vezes fosse preciso. "É tudo invenção do Lima Duarte. Como ele é muito engraçado, as pessoas acabam se convencendo", dizia ele pouco antes de morrer, em 1993. "Chateaubriand era um homem esclarecido, não ia danificar equipamento e tínhamos programação para as três semanas seguintes".

Quando a TV Cultura, canal 2, foi lançada pelos Diários Associados, suas imagens interferiam no canal 3, onde a TV Tupi era sintonizada e vice-versa. Por essa razão, em 1960, a PRF-3 TV Tupi de São Paulo passou a ocupar o canal de número 4, onde ficaria até o fechamento. Isso se explica assim: os canais 2 e 3 são "adjacentes", ou seja, vizinhos, onde termina a frequência de um, ou "espaço" deste, começa a frequência ou espaço do outro. Por essa razão, há a interferência mútua; assim, um interfere no outro. Já entre canais 4 e 5, há um "espaço" de 4 megahertz (os canais do padrão da nossa TV (PAL-M) ocupa um "espaço" de 6 megahertz cada um) desta maneira, pois os canais 4 e 5 não se interferem. Nos primórdios da TV, estava previsto o canal 1, porém antes da sua popularização, os radioamadores ocuparam o "espaço" do canal 1, então para um melhor aproveitamento da faixa 1 ou seja dos canais 1 ao 6, foi feito um arranjo, para um melhor aproveitamento destes canais, sem que ninguém sofresse com interferências.


Às 16h, o bispo auxiliar de São Paulo, dom Paulo Rolim Loureiro abençoou os estúdios e benzeu as câmeras. Chateaubriand fez seu discurso. Na qualidade de madrinha da televisão, a poetisa Rosalina Coelho Lisboa Larragoiti foi a primeira de uma série de convidados a exaltar aquele momento histórico. A solenidade terminou às 18h, com a promessa de um grande show inaugural, às 21h, chamado "TV na Taba". Uma das três câmeras quebrou e o técnico norte-americano Walter Obermiller quis adiar, mas a equipe optou por improvisar. Tendo Dermival Costa Lima na direção artística e Cassiano Gabus Mendes como seu assistente, o espetáculo começou com cerca de uma hora de atraso. A seguir, as atrações que estavam previstas no roteiro de estréia: A atriz-mirim Sonia Maria Dorce, com apenas 5 anos, apareceu vestida de índio, dizendo "Boa noite! Está no ar a televisão do Brasil". Logo, a atriz Yara Lins entra e anuncia o prefixo da emissora. Na sequência, o anfitrião Homero Silva apresentou uma espécie de trailer do que o espectador poderia ver na TV. "Almanaque da TV – 50 Anos de Memória e Informação", Ricardo Xavier (Ed. Objetiva, 2000).

Pioneirismo

Acostumados à improvisação e rapidez do rádio, os pioneiros não tiveram problemas em se adaptar ao moderno veículo e aprenderam muito: ator virava sonoplasta, autor dirigia, diretor entrava em cena. A TV Tupi, dos primeiros anos, era uma verdadeira escola. Dois dias depois da primeira emissão, em 20 de setembro de 1950, estreou o primeiro programa humorístico, chamado Rancho Alegre com Mazzaropi. Aos poucos, outros programas ganharam forma: o primeiro telejornal, a primeira telenovela. Nos primeiros tempos, os atores, acostumados ao rádio, gritavam em cena, assustando os telespectadores. O programa TV de Vanguarda revelou a primeira geração de atores, atrizes e diretores. Foram apresentadas peças, como Hamlet, de Shakespeare, e Crime e Castigo, de Dostoiévski. Alguns programas dos primeiros tempos da TV Tupi tornaram-se campeões de audiência e permanência no ar: Alô Doçura, Sítio do Picapau Amarelo, O Céu é o Limite, comandado por J. Silvestre, e o Clube dos Artistas (que existiu de 1952 a 1980) e o famoso telejornal Repórter Esso (que ficou dezoito anos no ar).

A telenovela foi uma invenção da TV Tupi, que as exibia em capítulo. Foi em 1951, na novela "Sua vida me pertence", que Vida Alves deixou-se beijar pelo galã Walter Forster.

No jornalismo, a emissora repetiu na tela, o sucesso do Repórter Esso, que marcou época no rádio brasileiro a partir de 1941. Os locutores Heron Domingues e Gontijo Teodoro entravam no ar com as últimas noticias nacionais e internacionais ao som de um dos mais famosos prefixos musicais da história do rádio e televisão brasileiros. Se durante a primeira década de sua existência a Tupi foi líder absoluta, nos anos 1960, as emissoras concorrentes aprimoraram sua programação para lutar pela audiência. Em 1968, a novela Beto Rockfeller, de Bráulio Pedroso, revoluciona a linguagem da televisão. A partir da figura de um anti-herói, surge um novo estilo de interpretação, mais natural. A TV Tupi revela mais uma geração de talentos. Também na programação infantil a TV Tupi se destacou com o Clube do Capitão AZA, criado em 1966, onde clássicos do desenho animado como Speed Racer, e séries como Ultraman e Ultraseven foram apresentadas.

A primeira transmissão ao vivo

A TV Tupi de São Paulo estava decidida a transmitir ao vivo a inauguração de Brasília em 21 de abril de 1960 para São Paulo. Nesta época ainda não havia satélites. A criatividade respondeu ao desafio: colocaram três aviões voando em círculos, dois da FAB e um da VASP. As aeronaves estavam distribuídas uniformemente na rota entre Brasília e São Paulo, de modo que uma tinha alcance para transmitir as ondas para outra. Assim, a imagem era captada em Brasília e transmitida para o primeiro avião, que retransmitia para o segundo, para o terceiro, o qual, por fim, retransmitia para a antena principal da TV Tupi em São Paulo, que a retransmitia para a região de alcance.

No final da década de 60, graças aos sistemas de transmissão por micro-ondas, as telecomunicações foram revolucionadas. Isso possibilitava transmissões ao vivo pelas emissoras de TV para todo o país. Um evento histórico transmitido ao vivo pela TV Tupi foi a inauguração oficial em julho de 1970 do sistema de Discagem Direta à Distância (DDD) na cidade de São Paulo, feito em conjunto com a Companhia Telefônica Brasileira e a Embratel.

A formação da rede e a crise


A longa crise dos Diários Associados já havia começado muito antes da morte de Assis Chateaubriand, em 4 de abril de 1968. Abalada por problemas financeiros, mal administrada e sem investimentos, a Tupi perde qualidade e audiência. Na metade da década de 1960, com a chegada do videotape e a expansão das transmissões em micro-ondas, foi formada a Rede de Emissoras Associadas, com as emissoras pertencentes ao conglomerado e parceiras, como a TV Difusora de São Luís, que juntas transmitiram novelas e a Copa do Mundo de 1970.

"Itanhaém, Praia dos Pescadores 1973.  Os atores Carlos Zara,Eva Wilma e a dublê que fazia sua irmã gêmea, na novela Mulheres de Areia, de Ivani Ribeiro."


Em 1972, a Rede Tupi de Televisão começa a ser formada. Houve várias divergências a respeito de qual canal seria a "cabeça da rede": o canal 4 paulistano ou o canal 6 carioca. Houve duas tentativas para que ambas comandassem a Rede Associada. Na primeira, a estação carioca comandaria as emissoras do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, enquanto que a emissora de São Paulo controlaria os canais do Sul e Sudeste. Na segunda, a Tupi paulista ficaria responsável pela produção de telenovelas, e a Tupi do Rio se encarregaria pelos shows e programas de auditório. Mas as duas ideias não vingaram, e a rixa entre as diretorias das duas estações agravaram a situação da Tupi. O único ponto positivo nestas duas tentativas foi que a Tupi foi a primeira rede de TV da América Latina a possuir duas cabeças geradoras de programação. No ano de 1974, foi assinado o decreto que autoriza a TV Tupi a virar "Rede Tupi de TV", decreto que foi lido por Gontijo Teodoro na Rádio Tupi.

As emissoras concorrentes vão ocupando os espaços vazios deixados pela pioneira. Apesar de uma crise se abater, a emissora emplaca sucessos na década como "Mulheres de areia" (1973), "Meu Rico Português" (1975) e "A Viagem" (1975). No fim dos anos 1970, a situação piora. Os salários atrasam cada vez mais. Há dívidas astronômicas junto à Previdência Social. Proliferam muitos escândalos financeiros. Em agosto de 1977, "Éramos Seis", "Cinderela 77" e "Um sol maior" registravam os mais baixos índices de audiência da história do canal. Além da audiência, a publicidade também escapulia para as concorrentes, o caixa se esvaziava, os salários deixavam de ser pagos e a greve era questão de tempo. Em outubro de 1977, com três meses de salários atrasados, os funcionários iniciaram a primeira greve, mas ela é interrompida com o pagamento parcelado dos débitos.

Gravação de A Viagem (1975), sucesso de Ivani Ribeiro que se repetiria na TV Globo nos anos 1990.

O fim

Torre da TV Tupi em São Paulo, inaugurada em 1960 junto ao Edifício Sede das Emissoras Associadas
Os constantes atrasos dos salários mantinham o clima tenso na pioneira. As perspectivas de pagamento dos atrasados eram cada vez mais remotas e as explicações dadas aos funcionários, cada vez mais inconsistentes. Para piorar ainda mais a situação, um incêndio no prédio da emissora em São Paulo, em outubro de 1978, tirou a Tupi do ar por alguns minutos e destruiu os novos equipamentos adquiridos pela emissora no mesmo ano, e que nem chegaram a entrar em funcionamento. Ainda em 1978, iniciou a construção de sua nova antena transmissora, que seria a maior torre de TV da América do Sul (essa torre seria concluída pelo SBT alguns anos depois). No ano seguinte, o elenco de "O Espantalho", de Ivani Ribeiro (exibida pela RecordTV em 1977), processou a Tupi por não pagar os direitos conexos aos atores que trabalharam na trama. Entre 1979 e 1980, nova greve. A crise chegou a Brasília. O então presidente da República, João Figueiredo, se dispôs a receber uma comissão de dirigentes dos sindicatos envolvidos.

Ivani Ribeiro em reportagem de uma revista e de variedade da TV nos anos 1970


A greve durou até o início de fevereiro de 1980, quando a emissora fechou seu departamento de dramaturgia e dispensou os 250 funcionários que trabalhavam nesse setor. Foram interrompidas as novelas "Drácula, Uma História de Amor", que só teve 4 capítulos exibidos, e "Como salvar meu casamento", a 20 episódios de seu desfecho. Além disso, outra trama, "Maria Nazaré", estava em fase de pré-produção e 32 cenas já estavam gravadas na época, mas não chegou a entrar no ar. Para substituir Drácula, uma História de Amor, foi colocada a reprise da novela Éramos Seis, e em substituição à Como Salvar Meu Casamento, foi colocada a reprise de A Viagem. No dia 16 de julho, a Tupi teve 7 de suas 10 concessões declaradas peremptas (termo jurídico que significa "não-renovável") pelo Governo Federal. A decisão foi publicada no Diário Oficial no dia seguinte; ainda no dia 17, os funcionários da Tupi do Rio iniciaram uma vigília que durou 18 horas, comandada pelo apresentador Jorge Perlingeiro, com o objetivo de impedir que o canal fosse fechado. Várias personalidades, como o cantor Agnaldo Timóteo e o humorista Costinha, deram apoio aos funcionários.

A TV Tupi São Paulo foi extinta exatamente 29 anos e dez meses depois de sua inauguração. Também saíram do ar naquele dia a TV Itacolomi de Belo Horizonte, a TV Piratini de Porto Alegre, a TV Ceará de Fortaleza, e a TV Rádio Clube de Recife. A TV Marajoara de Belém havia encerrado suas transmissões pela última vez no dia anterior, e não chegou a retomar suas operações antes dos transmissores serem lacrados pelo DENTEL, às 9h20 da manhã.



O JULGAMENTO


O Julgamento foi uma telenovela brasileira que foi produzida pela Rede Tupi e exibida às 20h, entre 4 de outubro de 1976 a 30 de abril de 1977, tendo 178 capítulos.

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TV PAULISTA E TV GLOBO


Vera Nunes (à frente, mão na cintura), Márcia Real, Antonino Seabra e Luiz Guimarães, entre outros, na gravação da Paixão de Cristo | Acervo pessoal Luiz Guimarães — Foto: Acervo pessoal Luiz Guimarães.



TV Globo São Paulo é uma emissora de televisão brasileira sediada em São Paulo, capital do estado de mesmo nome. Opera no canal 5 (18 UHF digital) e é uma emissora própria e cogeradora da TV Globo juntamente com a TV Globo Rio de Janeiro, sendo responsável por cobrir parte da Região Metropolitana de São Paulo e o município de Ibiúna. Seus estúdios de produção e jornalismo ficam no bairro da Vila Cordeiro, além dos escritórios comerciais e administrativos, localizados no Edifício Jornalista Roberto Marinho, na mesma quadra, e seus transmissores ficam na Torre da Globo, no alto do Edifício Trianon Corporate, no Espigão da Paulista. É a estação de televisão mais antiga em operação no Brasil.

A emissora foi inaugurada em 1952 como TV Paulista, tendo sido a segunda estação de televisão a operar em São Paulo, depois da TV Tupi. Criada pelo deputado federal Oswaldo Ortiz Monteiro em conjunto com três incorporadores, começou exibindo shows e noticiários produzidos em estúdios improvisados de um prédio residencial do bairro Consolação. Em 1955, com dificuldades devido a uma crise, teve parte de suas ações vendidas ao grupo do radialista Victor Costa, em expansão com a compra de emissoras de rádio e televisão pelo Brasil, que aumentou os investimentos na programação e na contratação de artistas.

Após a morte de Costa, em 1959, seu filho Victor Costa Júnior assumiu o controle da TV Paulista, que novamente passou por uma crise, fazendo com que ele vendesse a emissora e outras concessões de rádio e televisão para o jornalista e empresário Roberto Marinho em maio de 1965. A aquisição tornou a estação em filial da TV Globo, do Rio de Janeiro, ao mesmo tempo em que ocorria um processo gradual de mudança para o nome da emissora carioca. Em 1968, com sua sede, anteriormente transferida para o bairro Vila Buarque, atingida por um incêndio, transferiu-se para a Praça Marechal Deodoro, onde passou a produzir, como cogeradora da rede, programas jornalísticos, esportivos e de entretenimento. Em 1999, deslocou-se para o endereço atual.



TV Paulista (1952–1967). A emissora foi inaugurada em 14 de março de 1952 como TV Paulista, em uma cerimônia comandada por Vera Nunes. Foi a segunda estação de televisão a entrar no ar no Brasil e a primeira do país a não pertencer aos Diários Associados de Assis Chateubriand. O primeiro programa exibido pelo canal 5 foi a telenovela Helena (com apenas 10 capítulos), que foi ao ar minutos depois da inauguração. A criada pelo deputado Oswaldo Ortiz Monteiro, que "repassou" o controle da emissora em 1955 à Organização Victor Costa.

A TV Paulista era menor emissora de televisão (em espaço físico) de São Paulo: sua sede era apenas um pequeno apartamento do Edifício Liège, na Rua da Consolação, 2570, e os estúdios eram montados na garagem e num espaço para uma loja no térreo do mesmo prédio. A cozinha era o laboratório de revelação e a redação dos textos e do telejornal eram feitos na sala. Pouco depois, transferiu-se para a Rua das Palmeiras, no bairro de Santa Cecília.

Importantes nomes da televisão brasileira passaram pela emissora, como Hebe Camargo e Silvio Santos. De 1959 a 1961, a estação teve como diretor artístico Mario Brasini que escreveu e dirigiu a telenovela "Laura" e os programas: "A alma das coisas", "Estampas Eucalol", "Teledrama 3 Leões", "Boa noite, Carmela", entre outros. Foi também na TV Paulista que Silvio Santos se lançou como apresentador, com o programa Vamos Brincar de Forca.


Roberto Marinho no início da carreira.


Entre 1957 e 1966, a TV Paulista manteve afiliações de emissoras no interior de São Paulo. Foram afiliadas a TV Santos, entre 1957 e 1960, e a TV Bauru, entre 1960 e 1966. Enfrentando uma grave crise, a TV Paulista foi adquirida por Roberto Marinho em maio de 1965. Em dezembro de 1965, foi nomeado o diretor Roberto Montoro, que deu início à transição.

A programação foi reestruturada para que a emissora pudesse iniciar o processo de integração à TV Globo Rio de Janeiro, e obras foram iniciadas nas instalações. Os prédios foram utilizados para fundar o núcleo de jornalismo da Globo em São Paulo. No primeiro momento, o canal 5 operava como uma espécie de afiliada da emissora carioca.



A sede da Rede Globo  no Brooklin, zona sul da capital paulista. 




TV Globo Paulista / TV Globo São Paulo (1967–presente). Em 24 de março de 1967, o nome TV Paulista foi abandonado e a emissora passou a ser chamada de TV Globo Paulista. Em 24 de março de 1968, após a transição, teve a nomenclatura novamente alterada, desta vez para TV Globo São Paulo.

Após um incêndio no prédio em que estava sediada, em 1969, a TV Globo São Paulo foi transferida para estúdios separados na Praça Marechal Deodoro, 340 e Avenida Angélica, 424, no mesmo bairro, imóvel alugado onde permaneceu durante trinta anos e onde eram produzidos programas como TV Mulher, Balão Mágico, Globo Rural e o Jornal da Globo (esse último a partir de 1993). Em 1970, a TV Globo tinha um escritório Comercial na Rua Canadá, no Jardim América, que mais tarde foi transferido para a Alameda Santos, onde também funcionava a Galeria Arte Global.

Em 29 de janeiro de 1999, a emissora mudou-se para dois novos prédios de médio porte especialmente projetados e construídos para geração de jornalismo e entretenimento, na Avenida Doutor Chucri Zaidan, 46, no bairro da Vila Cordeiro. O jornalismo passou a contar com dois estúdios de 400 m², além da ampla redação sem paredes que passou a ser cenário do Jornal da Globo. O Jornal Hoje também passou a ser produzido em São Paulo (permanecendo em estúdio até julho de 2001). A inauguração contou com a presença de autoridades, incluindo o então presidente da república Fernando Henrique Cardoso, acompanhado pelo então presidente do Congresso Nacional, o deputado federal Antônio Carlos Magalhães, além de ministros de estado e outros convidados.

Em outubro do mesmo ano, estreou o Mais Você, gerado de São Paulo até fevereiro de 2008, quando foi transferido para o Projac no Rio de Janeiro, regressando a São Paulo em fevereiro de 2021. Mais tarde, foi inaugurado o estúdio de shows com 600 m² para a gravação do Programa do Jô e posteriormente do Altas Horas. Em janeiro de 2004, alguns dos programas do Domingão do Faustão passaram a ser gravados em São Paulo, em domingos alternados.

Em 26 de abril de 2007, a emissora inaugurou ao lado dos seus estúdios o Edifício Jornalista Roberto Marinho, transferindo seu setor comercial do antigo escritório localizado na Alameda Santos. O novo edifício abriga no último pavimento um estúdio panorâmico com vista para a Ponte Octávio Frias de Oliveira, que é utilizado desde 12 de maio de 2008 nos telejornais locais da emissora e no Bom Dia Brasil.

Em dezembro de 2021, a Globo passou por uma reestruturação financeira que resultou na venda de suas instalações em São Paulo para a Vinci Partners. O valor da transação foi de R$ 522 milhões. Como parte do acordo, a Globo também estabeleceu um contrato de locação com os novos proprietários. O contrato, com duração inicial de 15 anos e possibilidade de prorrogação por mais 15 anos, estipula um aluguel mensal superior a R$ 4,7 milhões (totalizando R$ 57 milhões anuais). Com isso, a Globo passou a ser uma inquilina em suas antigas instalações, que agora também podem ser alugadas por outros locatários.

Em maio de 2023, a emissora passou por uma reestruturação interna que resultou na demissão de 20 funcionários como parte de uma estratégia para conter despesas e equilibrar suas finanças. As áreas afetadas por essa medida incluíram tecnologia, operações, esportes e jornalismo.

Sinal digital. A TV Globo São Paulo iniciou suas transmissões digitais em 2 de dezembro de 2007, dia do lançamento da televisão digital no Brasil, pelo canal 18 UHF. Para a nova tecnologia, a emissora construiu uma nova torre no alto do Edifício Trianon Corporate, no Espigão da Paulista, que contém uma iluminação especial com um espectro de cores igual ao do logotipo da emissora. Em 11 de novembro de 2013, seus telejornais locais passaram a ser exibidos em alta definição.

Transição para o sinal digital. Com base no decreto federal de transição das emissoras de TV brasileiras do sinal analógico para o digital, a emissora, bem como as demais da Região Metropolitana de São Paulo, cessou suas transmissões pelo canal 05 VHF em 29 de março de 2017, seguindo o cronograma oficial da ANATEL.O sinal foi cortado às 23h59, durante o Big Brother Brasil, e foi substituído pelo aviso do MCTIC e da ANATEL sobre o switch-off.

Controvérsias. No dia 29 de janeiro de 1999, durante a inauguração da nova sede da TV Globo São Paulo, que contou com a presença de toda a cúpula do governo, Marluce Dias da Silva, principal executiva da Rede Globo, criticou duramente o secretário dos direitos humanos, José Gregori, do Governo FHC. Em nenhum momento a Rede Globo consegue pensar na hipótese de qualquer tipo de controle externo ou governamental em relação a programação da TV. — Marluce Silva. A crítica foi feita alguns dias depois que Gregori anunciou que o governo pretendia implantar um modelo de controle de classificação etária nos horários que incluiria até censura à imprensa televisiva, na qual este o modelo proposto no início do segundo governo FHC, desrespeitava claramente a legislação imposta pela Constituição de 1988. Na época FHC foi acusado de querer pressionar redes de TVs brasileiras, com intuito de não exibir notícias negativas sobre o seu governo no aspecto de economia e casos de violência.

Em 2001, os herdeiros do fundador da emissora Oswaldo Ortiz Monteiro tentaram reverter judicialmente a venda da TV Paulista para Roberto Marinho, sob a alegação de que a transferência da emissora para as Organizações Victor Costa nunca teria sido regularizada - ou seja, Victor Costa Junior teria vendido a Roberto Marinho algo que não era legalmente seu. Alegaram ainda que haveriam 673 acionistas minoritários, que juntos detinham 48% do capital da empresa, e que teriam sido lesados - já que Roberto Marinho teria se apropriado de suas ações de modo "irregular" em 1975, declarando-os "mortos" ou "desaparecidos" no recadastramento societário. Após conturbada tramitação judicial, o espólio de Ortiz Monteiro perdeu em todas as instâncias judiciais e no dia 24 de agosto de 2010, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) considerou válida a compra da TV Paulista por Roberto Marinho. A família Ortiz entrou com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF), que no entanto não foi aceito.


TV MULHER, MARCO DA GLOBO PAULISTANA



Apresentado por Marília Gabriela e Ney Gonçalves Dias, 'TV Mulher' estreou na Globo em abril de 1980 ao som de 'Rosa Choque' , música tema da vinheta de abertura do programa.

Por Memória Globo. 29/10/2021. Acervo: Globo.


Estreia.No dia 7 de abril de 1980, Marília Gabriela saudou as telespectadoras de Rio e São Paulo com um programa que pretendia discutir “o que é feminino e feminismo”, em três horas de duração. Ao som da música 'Rosa Choque', composta por Rita Lee e Roberto de Carvalho, a vinheta de abertura do 'TV Mulher' mostrava uma emissora de televisão operada apenas por mulheres.

Dividido em seções curtas, de cinco minutos, o 'TV Mulher' contava na estreia com os quadros: 'Bolsa de Mercadorias', sobre a variação de preços da cesta básica; 'Panela no Fogo', que dava receitas e modo de preparo de pratos diversos; Polícia, editoria com comentários do noticiário policial que dizia respeito à segurança da mulher; 'Serviço de Proteção ao Telespectador', que atendia a denúncias feitas pelo público; Flashback, que contava a história de criação de determinada canção em destaque no momento; 'Comportamento Sexual', com a sexóloga Marta Suplicy; 'Saúde da Criança', com dicas de um pediatra; 'Mulher no Mundo', que dava um giro no globo para mostrar como é a situação das mulheres em outros países; 'Claquete', sobre os bastidores da televisão; 'Estética', com Ala Szerman, falando de beleza, alimentação e exercícios físicos.

Também ganharam espaço os quadros 'O Direito da Mulher', 'O Melhor da TV', 'Clodovil', 'Dicas de Hoje', 'Ponto de Encontro' e 'A Mulher com a Palavra'. O programa era aberto com um editorial lido por Marília Gabriela, que também comentava as notícias do dia, nos principais jornais. De acordo com o coordenador Durval Honório, foi também um dos primeiros programas da Globo em que houve um trabalho conjunto da área comercial e de produção, já que o departamento de jornalismo não tinha verba para sustentar tantas horas no ar, durante a manhã. “Foi o primeiro programa em que foi feito um trabalho em conjunto entre o comercial e produção. Montaram um programa segmentado.”

Interação com o público. Desde a estreia, o 'TV Mulher' pretendia interagir com o público feminino, buscando dar apoio às mulheres brasileiras. Logo nos primeiros meses, a redação do programa em São Paulo passou a receber milhares de cartas de telespectadoras – com críticas, sugestões, dúvidas, elogios. A produção do programa registrou, no primeiro mês de exibição, uma média de 200 telefonemas por dia.

Os assuntos mais solicitados pelas telespectadoras diziam respeito à violência contra a mulher, o pagamento de pensão alimentícia, partilha de bens em caso de divórcio, rotina da mulher nas grandes cidades e problemas no cuidado com a casa. O contato com os telespectadores levou a produção a criar dois novos quadros: Oferta e Procura, sobre emprego; e Depois dos 40, com dicas para a mulher madura.


Plateia do programa 'TV Mulher' — Foto: Madalena Schwartz/Globo

Expansão pelo Brasil. Em setembro de 1981, o 'TV Mulher' começou a ser exibido para Belo Horizonte e Recife. Por conta da expansão, o programa ampliou a cobertura de suas pautas para sair do eixo Rio-São Paulo. Pequenos ajustes foram feitos nos quadros e no cenário.

O período foi marcado pela estreia da jornalista Xênia Bier, com comentários sobre a vida da mulher no trabalho e em casa, no quadro Mulher, Profissão, Esperança. A jornalista também fazia comentários, às segundas, sobre atrações do fim de semana; às quartas, comentava problemas e soluções de relacionamentos afetivos e, às quintas e sextas, ensinava a trabalhar a energia do corpo para ajudar em pequenos problemas do cotidiano. Em março de 1982, o 'TV Mulher' comemorou seu segundo aniversário em grande estilo: uma festa no Teatro Municipal de São Paulo.

A partir de então, o programa passou a se estender até às 13h e estreitou sua relação com o público ao permitir a participação das 30 mulheres da plateia no espetáculo diário. Um novo cenário também foi projetado em comemoração. Na equipe, a novidade foi a astróloga Zora Yonara, que comentaria previsões para os signos do zodíaco.

Prestação de serviço. Em 19 de setembro de 1983, 'TV Mulher' estreou uma linguagem onde os apresentadores interagiam mais com os quadros e colunistas do programa. A orientação também era intensificar a prestação de serviços e garantir a participação das emissoras afiliadas da Globo. Um espaço de 15 minutos foi reservado para que cada praça tivesse a possibilidade de apresentar um tema local no 'TV Mulher'. As vinhetas que separavam os quadros foram substituídas pela circulação dos apresentadores, que agora faziam a ligação entre as atrações.

Ney Gonçalves Dias e Marília Gabriela no programa 'TV Mulher' — Foto: Madalena Schwartz/Globo


Ney Gonçalves Dias e Marília Gabriela passaram a interagir com os diversos quadros, cada vez mais voltados para o público feminino na faixa dos 40 anos de idade. O perfil do público mudou e isso motivou a criação de uma nova abordagem. É o que se pode perceber das observações feitas pelo diretor geral Nilton Travesso, que naquela época usou o quadro Comportamento Sexual, apresentado por Marta Suplicy, para comentar a evolução da mulher brasileira. De acordo com ele, Marta recebia dois tipos de correspondência na fase inicial do programa: as tímidas, que eram cheias de rodeios, e as agressivas, que incluíam xingamentos, censuras aos temas e grosserias. Dois anos depois, as cartas passaram a ser mais corajosas, menos prolixas, e sem protestos. 


 O diretor Nilton Travesso (criador do programa com a primeira equipe da TV Mulher.A composição mais marcante de equipe do TV Mulher é a primeira, com Marília Gabriela, Ney Gonçalves Dias, Ala Szerman, Fanny Abramovich, Xênia Bier, Marta Suplicy e Clodovil Hernandez e com a participação de Zora Yonara. Algumas capitais brasileiras tinham quadros locais.





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TV BANDEIRANTES

Primeiro logo, usado a partir da inauguração da emissora em 1967.


Rede Bandeirantes) é uma rede de televisão comercial aberta brasileira, pertencente ao Grupo Bandeirantes. Entrou no ar no dia 13 de maio de 1967 pelo canal 13 VHF. Seu fundador foi João Jorge Saad, que contou com a ajuda do sogro, o político Ademar de Barros, antigo proprietário da Rádio Bandeirantes. Atualmente, a emissora é presidida por Johnny Saad, filho do fundador. É a quarta maior rede de televisão do país em audiência e faturamento. Seu sinal é distribuído para todo o Brasil por meio das suas emissoras próprias ou afiliadas, televisão por assinatura e no exterior pela Band Internacional.

A emissora foi a primeira do Brasil a produzir toda a sua programação em cores, em 1972, e a primeira a fazer uma transmissão via satélite, sendo a rede pioneira na utilização de um canal exclusivo de satélite para suas transmissões simultâneas no Brasil, em 1982. Em 1990, quando se chamava Bandeirantes, a emissora resolveu mudar o nome para "Ban". Porém, isso não agradou o público e voltaram a se chamar Bandeirantes. Ela só começou a usar o nome "Band", que foi trazido para o vídeo vindo da Rádio Bandeirantes, na cobertura televisiva do carnaval de 1995. Na mesma ocasião, a rede foi a primeira emissora brasileira a inserir seu logotipo no canto do vídeo, a chamada marca d'água.
Ficou bastante conhecida nas décadas de 1980 e 1990 como "o canal do esporte", em razão de haver transmitido os mais variados gêneros esportivos, sob influência do locutor Luciano do Valle, sendo a primeira a transmitir a Fórmula Indy, a NBA, e os campeonatos de futebol italiano e espanhol. As coberturas jornalísticas foram outro reconhecimento da Band, na realização de debates entre candidatos políticos na televisão: foi a segunda a fazer um debate para governador de São Paulo em 1982 e em 1989 foi a primeira a realizar um debate entre os candidatos para Presidente da República.


História. Em 1945, em São Paulo, João Jorge Saad comprou a Rádio Bandeirantes de seu sogro Ademar de Barros, que o então governador de São Paulo havia comprado de seu proprietário anterior, Paulo Machado de Carvalho, dono da Rádio Record e das Emissoras Unidas. Ainda na gestão do presidente Getúlio Vargas, João Saad conseguiu a concessão de um canal de televisão na capital paulista, na década de 1950. Durante o governo Juscelino Kubitschek, a concessão chegou a ser cancelada e entregue a outro empresário. Mas Saad conseguiu, já na época do governo João Goulart, recuperar a TV.  No Morumbi, em 1961, iniciaram as obras do Edifício Radiantes – um prédio especialmente construído com a finalidade de abrigar a mais moderna televisão da América Latina, e mais tarde apelidado pelos funcionários de "palácio encantado". O prédio da emissora, primeiro no país a ser concebido para receber uma TV, levou cerca de cinco anos para ser construído. Saad adiou várias vezes o início das operações: "Não era ainda o tempo... Inaugurei a estação só em 67, fincada numa base sólida", disse. Com torre de transmissão no Pico do Jaraguá, em fevereiro de 1967 entraram no ar as imagens experimentais, com slides, filmes e documentários.
1967 a 1969

A TV Bandeirantes entrou no ar pela primeira vez no dia 13 de maio de 1967, com um discurso de seu fundador, João Jorge Saad, seguido por um show dos cantores Agostinho dos Santos e Cláudia, que abriram as transmissões. Estavam presentes o presidente Costa e Silva, o governador de São Paulo Abreu Sodré, o prefeito da cidade de São Paulo Faria Lima, além de ministros e secretários de Estado. Na frente da sede da emissora foram montados um parque infantil e um circo gratuito para famílias de menor poder aquisitivo. Durante dois dias houve gincanas e brincadeiras, com distribuição de brindes comemorativos e foram sorteadas 5 casas para mães pobres.

A Bandeirantes investiu desde o início em esporte, filmes e jornalismo. Para Saad, a programação tinha de ser "eclética". Segundo ele, não se podia "elevar muito o nível dos programas, senão não haverá audiência". Inicialmente, uma novidade foi testada na grade da programação, eliminando-se os intervalos inter-programas. 

Em 1967, dias depois da inauguração, entrava no ar a primeira novela da então TV Bandeirantes, Os Miseráveis, adaptação de Walther Negrão e Chico de Assis, com uma inovação: capítulos com duração de 45 minutos. O primeiro jornalístico da Band foi o Titulares da Notícia, um correspondente do tradicional programa da Rádio Bandeirantes. Destacaram-se nesta primeira os programas Ari Toledo Show; Leporace Show, com Vicente Leporace; Cláudia Querida, com a cantora; I Love Lúcio, espetáculo de música e humor comandado por Lúcio Mauro e Arlete Salles; Além, Muito Além do Além, teatro de terror com Zé do Caixão. Em pouco tempo a direção da emissora passou a Gilberto Martins e Antonino Seabra. Já em 1968 era exibido na emissora, às 15 horas o programa Xênia e Você, que permaneceu na emissora durante anos, e era apresentado por Xênia Bier. Também naquele ano a TV Bandeirantes exibia às 18h30 o Sítio do Picapau Amarelo de produção própria, e às 19h30 As Aventuras de Rin-tin-tin.

Em 1969 a emissora sofreu um incêndio devastador, que destruiu suas instalações. Grande parte dos seus arquivos se perderam. O slogan da época era: "A Bandeirantes não vai parar". O incêndio ocorrido nos estúdios do Morumbi fez com que se alugasse às pressas o Cine Arlequim, na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, em São Paulo, que foi batizado de Teatro Bandeirantes.Toda a programação da TV Bandeirantes foi gerada a partir do Cine Arlequim, transformado rapidamente em Teatro Bandeirantes. O incêndio na Bandeirantes foi semelhante as das redes Globo, Record e Excelsior. Todos os quatros incêndios ocorreram em menos de uma semana, o que levou as autoridades a atribuírem os quatro incêndios a atos de sabotagem, sob comando único. 




Em agosto de 1982, entra no ar a novela Renúncia, baseada na obra de Chico Xavier, com Fúlvio Stefanini e Geórgia Gomide. Com o total fracasso na audiência, a emissora decide tirar a novela do ar com apenas 12 dias de exibição, aproveitando-se da entrada do horário político, que na época durava mais de uma hora. No dia 29 de setembro de 1982, comemorando o fato de se tornar a primeira rede de televisão da América do Sul a transmitir via satélite, a TV Bandeirantes mudou o logo e a programação visual, preparados por Cyro Del Nero, que vinha da recém extinta Rede Tupi. Ainda no mesmo ano, a emissora foi pioneira ao promover o primeiro debate eleitoral do país em 1982, mantendo a tradição de promover o primeiro debate eleitoral a cada dois anos, até 2000.



Luciano do Valle foi o principal locutor esportivo da Band desde a década de 80 e idealizou o Show do Esporte, um dos programas de maior sucesso da emissora.


Em 1983, entrava no ar o Show do Esporte, que foi considerado o programa de televisão mais longo do mundo, por ficar no ar 10 horas seguidas aos domingos, das 10h00 às 20h00. Criado, apresentado e coordenado pelo locutor Luciano do Valle depois de sua passagem pela Rede Record, também contava em seu elenco com Elia Júnior, Juarez Soares, Elys Marina, Silvia Vinhas, José Luiz Datena, Jota Júnior e outros. Foi um dos programas de maior sucesso da emissora, e um dos fatores que a fizeram ganhar a alcunha de "canal do esporte" nos anos 90. O programa ficou no ar até 11 de abril de 2004. Os finais de noite passaram a ser preenchidos pelo Programa Ferreira Neto, um bate-papo com políticos. Ele sempre iniciava o programa conversando, por um telefone vermelho, com um fictício amigo chamado Léo, usando esse artifício para comentar os fatos do dia.

A partir de 1 de janeiro de 2003, a Band passou a vender a faixa das 20h30 às 21h15 para o missionário R. R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus. Com isso, o Sobcontrole, de Marcos Mion, iria perder 15 minutos, entrando no ar às 21h15. A venda da grade para o Show da Fé causou descontentamento entre as afiliadas da Band, alegando que programas religiosos derrubam a audiência e o faturamento regional. 

A Band comemorou 40 anos de existência no dia 13 de maio de 2007. No entanto, os dirigentes da emissora preferiram comemorar o aniversário de 70 anos do Grupo Bandeirantes de Comunicação, que se deram a partir da criação da Rádio Bandeirantes. Diversas renovações foram feitas na emissora: em fevereiro, substituindo o já desgastado Esporte Total, estreou o programa esportivo Jogo Aberto comandado por Renata Fan, uma das atrações do retorno do futebol à emissora (vieram junto o Band Esporte Clube, Por Dentro da Bola e Bola no Chão). Em abril, estreou o programa musical Terra Nativa comandado pela dupla Guilherme e Santiago. 


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TV GAZETA





TV Gazeta , emissora de televisão brasileira sediada na cidade de São Paulo. foi inaugurada em 25 de janeiro de 1970.  Pertence à Fundação Cásper Líbero, uma instituição sem fins lucrativos que também administra a Gazeta FM, os portais Gazeta Esportiva e Gazeta Press, além da Faculdade Cásper Líbero.

Grandes nomes da televisão brasileira passaram pela Gazeta, tais como: Ângela Rodrigues Alves, Ione Borges, Claudete Troiano, Fausto Silva, Serginho Groisman, Astrid Fontenelle, Galvão Bueno, o eterno Fofão Orival Pessini, Mariane Dombrova, Sérgio Mallandro, Joelmir Beting, o ex Palhaço-Bozo Wandeko Pipoka, a ex-Vovó Mafalda Valentino Guzzo, a dupla de palhaços Atchim & Espirro, o palhaço Tic-Tac, a dupla de palhaços Patati Patatá, Zig Zag e Zazá, Catia Fonseca, Heródoto Barbeiro, Cléber Machado, Luís Roberto, Tiago Leifert, Mariana Godoy, Fernando Meirelles, Marcelo Tas, Ratinho, Luiz Carlos Alborghetti, Ronnie Von e muitos outros.

A história da TV Gazeta confunde-se com a história da televisão no Brasil. Projetada desde a década de 50, teve suas instalações superdimensionadas. Em 15 de janeiro de 1952, por decreto assinado pelo presidente Getúlio Vargas, o canal 2 de São Paulo foi concedido à Fundação Cásper Líbero. Devido à demora da inauguração por questões técnicas, a Fundação Cásper Líbero perdeu a concessão do canal 2, passada para as mãos de Assis Chateaubriand, que um ano depois inaugurou a TV Cultura. E foi dada a concessão do canal 11 para a TV Gazeta. Em 1961, o último ato do governo de Juscelino Kubitschek foi tirar da Fundação o canal e passar à TV Continental do Rio de Janeiro. Um dia depois, com a posse de Jânio Quadros e por pressão da Fundação, a concessão voltou às mãos de quem era de direito.

Inauguração. No dia 23 de junho de 1969 era o prazo final para instalação do sétimo e último canal VHF de São Paulo. Às 17h45, a torre de 116m, no espigão da Paulista, transmitiu seus primeiros sinais e a TV Gazeta foi ao ar experimentalmente. A primeira imagem foi da avenida Paulista ao som de Sá Marina, de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar, na voz de Wilson Simonal. A TV Gazeta foi inaugurada no dia 25 de janeiro de 1970, aniversário de 416 anos da cidade de São Paulo, com imagens ao vivo da Avenida Paulista e um texto comemorativo, evocando Cásper Líbero, o patrono da emissora. A primeira emissora montada com equipamento para transmissão em cores, teve a primeira unidade para transmissão externa colorida do país.

Foi a primeira emissora a trabalhar com o equipamento de chroma key e implantou no Brasil a câmera lenta e antecipou tendências ao ter produzido e gerado a primeira corrida de Fórmula 1 no país (retransmitida em parceria com a Rede Globo).


SEDES E ENDEREÇOS

O Edifício Gazeta é o maior patrimônio físico da Fundação Cásper Líbero. Localizado na Avenida Paulista, 900, o edifício possui 14 andares, 68.000 m2 de área construída, que abrigam todas as unidades de negócio da Fundação. No prédio circulam em média 20 mil pessoas por dia. Na base estão dois símbolos: o painel frontispício “Gazeta”, de concreto, e a famosa escadaria, com seus 32 degraus. No alto estão presentes dois símbolos da entidade: a torre da TV Gazeta e Rádio Gazeta FM, com 85 metros, e a sirene – símbolo do jornal “A Gazeta” e da memória de Cásper Líbero, que é ouvida diariamente por todos, ao meio dia, no coração da Avenida Paulista. O Edifício Gazeta é a quinta sede do grupo, desde a criação de “A Gazeta”, em 1906. Conheça um pouco sobre as antigas sedes (duas delas já não existem mais).
 
Primeiro endereço. Sede de “A Gazeta”
Período de utilização: 1906-1917
Logradouro original: Rua Quinze de Novembro, 33
Atual: Rua Quinze de Novembro, 250
 
Proprietários de “A Gazeta” no período:
Adolfo Campos Araújo de Araújo (1906-1914)
Branca Araújo (viúva) e Clibas, Hersio e Dione (filhos) – gestor: José Pedro de Araújo (seu irmão, provisoriamente) (1915), João Dente (1915-1916), Antônio Augusto Covello (1916-1917)

História: Além de inaugurar no imóvel “A Gazeta”, em 16 de maio de 1906, Adolfo Araújo possuía o jornal literário “A Vida de Hoje”, que funcionava, à época, na Rua Direita, nº 9.
Com sua morte, em 07 de dezembro de 1915, sua viúva, Dona Branca pede ajuda para o cunhado e irmão do fundador de “A Gazeta”, o médico José Pedro de Araújo. Ele administra provisoriamente a publicação e o imóvel, até que consegue vender os bens de Adolfo Araújo para o advogado Dr. João Dente, em 1915, que depois de tentativas percebe após dois anos, que não tem vocação para o jornalismo. Assim, Dente se desfaz do jornal, vendendo-o também a outro advogado, Antônio Augusto Covello. Por sua vez, o Dr. Covello permanece no imóvel entre 1916 e 1917, transferindo-se para a Rua Líbero Badaró, no Edifício Maurice Levy. Dr. Covello permanece no comando de “A Gazeta” até 1918, quando vende a empresa jornalística para Cásper Líbero. Nesta época o jornal o papel próprio para impressão do jornal “A Gazeta” era fornecido à Adolfo Araújo pela Casa Vanorden, localizada na Rua do Rosário (atual Rua João Brícola).

Segundo endereço. Edifício Maurice Levy
Período de utilização: 1917-1928
Logradouro original: Rua Líbero Badaró, 15-17
Atual: Rua Líbero Badaró, 624 / 628 (ainda existente)
Proprietários de “A Gazeta” no período: Antônio Augusto Covello (1917-1918) e Cásper Líbero (1918-1928)
 
História: Antônio Augusto Covello transferiu “A Gazeta”, em 1917, da Rua da XV de Novembro para a Rua Líbero Badaró, negociando o aluguel do imóvel com o Comendador Maurice Levy, cujo nome batiza o prédio de três andares (térreo, o primeiro e o segundo). Cásper Líbero passou a trabalhar na redação do jornal, que Dr. Covello, também advogado, resolveu vender. Primeiro é oferecido para Miguel Arco e Flexa, que não aceita e indica o nome do jornalista Cásper Líbero, que aceita a proposta de comprar a publicação e torna-se dono de “A Gazeta” em 1918. Em menos de cinco anos, Cásper Líbero negociou com o Comendador Maurice Levy a ampliação do prédio, um andar para cima, como está até os dias atuais. Foi construído no tempo recorde de uma semana. Assistem a inauguração do prédio, uma semana após o início das obras, Cásper Líbero, Miguel Arco e Flexa, Couto de Magalhães.
Atualmente funciona o Restaurante “Recanto da Líbero”, no 1º andar, com entrada pela escadaria do nº 624  e estacionamento no nº 628.


Terceiro endereço. Nome: Edifício Médici
Período de utilização: 1928-1939
Logradouro original: Rua Líbero Badaró, 4-4A
Atual: Rua Líbero Badaró, 651 (após obras pós-empastelamento, possuiu duas entradas: 645 e 651), tendo hoje no endereço edifício comercial no terreno entre os números 633 e 641.
 
Proprietários de “A Gazeta” no período: Cásper Líbero (1928-1939)

História: Antes de ser sede de “A Gazeta” este sobrado, de três andares acima do nível da rua e três pavimentos do subsolo, foi um hotel e pertencia ao Comendador Médici, com quem Cásper Líbero negociou a ida do jornal para lá. Entre 1930 e 1934, após o empastelamento da redação de “A Gazeta” em 24 de outubro de 1930, o jornal funcionou provisoriamente na sede do Correio Paulistano (daquele dia 24, da “Outubrada”, até 17 de novembro de 1930, a sede provisório foi o “Edifício João Brícola, na esquina da Rua João Brícola com a Rua XV de Novembro, em frente da Praça Antônio Prado).
Por razão do empastelamento da sede do jornal, Cásper Líbero recebeu do Governo Federal indenização em 1934, que possibilitou a construção do Palácio da Imprensa, inaugurado em 1939.
O Edifício Médici foi demolido e hoje está o prédio comercial da Atento, respeitada empresa de call-center, no Edifício Badaró (nº 633 e 641).  Antes foi construído para ser sede do Bank Boston (com 19.072 m² de área construída), que funcionou por vários anos no local.

Quarto endereço. Nome: Palácio da Imprensa (Edifício Gazeta)
Período de utilização: 1939-1966
Logradouro original: Rua da Conceição, 06 (a partir de 1943, Av. Cásper Líbero, 88)
Atual: Av. Cásper Líbero, 88
Projeto (Auditório): Martins Fontes e Eurico José.
Empresas responsáveis: Escritório Técnico Ramos de Azevedo – Engenheiros-Arquitetos Construtores Severo & Villares
Proprietários de “A Gazeta” no período:Cásper Líbero (1939-1943). Fundação Cásper Líbero (1944-1966)

História:Em 03 de novembro de 1939 aconteceu uma solene inauguração deste edifício próprio de “A Gazeta”, com a benção do Arcebispo de São Paulo, Dom José Gaspar de Affonseca e Silva. Discursam na data José Maria Lisboa (diretor do Diário Popular e presidente da API – Associação Paulista de Imprensa), João Neves da Fontoura (jornalista, parlamentar e membro da ABL – Academia Brasileira de Letras) e o próprio Cásper Líbero. Breves palavras são proferidas também por personalidades da época:  Assis Chateaubriand, Stefan Zweig, Henri Torrés, Tristão de Ataíde, Viana Mog, José Mariano Filho, João Neves de Fontoura (já citado), Olegário Mariano, Maurício de Medeiros, Altino Arantes, Filgueiras Lima, Coronel Onofre Muniz Gomes de Lima, Luiz Edmundo, Lopes Cansado, Coronel Ayrton Lobo, Coronel Jonas Correia, J. Maciel Filho, Alcântara Machado, Padre Arias Cruz, Manoel Oliveira Franco Sobrinho, Costa Rego, Afonso Arinos de Melo Franco e outros: escritores, críticos, romancistas, teólogos, economistas, historiadores, militares, jurisconsultos, artistas, etc. É realizado também concerto de Madalena Tagliaferro, interpretando Beethoven e Chopin, que também realiza Curso de Interpretação Pianística, assim como o Maestro Heitor Villa-Lobos, que proferiu palestra também, e curso sobre Psicologia Experimental do Padre dominicano Marcel Marie Desmarais. O Palácio da Imprensa foi o primeiro prédio projetado e construído propriamente para um veículo de comunicação no país.

Desde o final da década de 1960, o imóvel deixou de pertencer à Fundação Cásper Líbero, sendo sua primeira sede desde 1944, quando os bens de “A Gazeta” e de Cásper Líbero foram transformados em Fundação a partir do que foi descrito pelo jornalista em seu testamento (Cásper Líbero faleceu em 1943). O imóvel foi adquirido em 2007 pela Justiça Militar da União, em São Paulo, passando por uma grande obra que restaurou a fachada e alguns ambientes, além de adequar às atividades da instituição. As obras duraram de dezembro de 2008 a maio de 2010, sendo o prédio reinaugurado com grande evento no dia 17 de junho de 2010.

Foi preservada e restaurada a pintura circular de cerca de oito metros de comprimento, de autoria do artista italiano Fulvio Pennachi. O afresco, de 1969, conta a história da imprensa (começando com Johannes Guttenberg, pai da imprensa mundial, em 1442, em Mainz, na Alemanha) e está localizado no alto do pequeno hall de entrada (onde está a portaria e os elevadores do prédio). Pennachi fez o afresco a pedido de Cásper Líbero, para enaltecer mais ainda a importância do Palácio da Imprensa.
Conforme Miguel Arco e Flexa, no livro “48 Anos de A Gazeta”, o imóvel era chamado de Edifício Gazeta (como o da Av. Paulista, 900) e também de Palácio da Imprensa (por ser o primeiro destinado à comunicação no país). Era apelidado, antes e depois da morte do jornalista proprietário, como “Casa de Cásper Líbero” (apelido cujo Edifício Gazeta na Avenida Paulista também ganhou em seu princípio).

Quinto endereço.Nome: Edifício Gazeta
Período de utilização: 1966-Atualidade
Logradouro original: Av. Paulista, 900-910
Atual: Av. Paulista, 900
Projeto (Auditório): Celso José Maria Ribeiro – “Uma Luz Sobre São Paulo”
Empresas responsáveis: Figueiredo Ferraz Consultoria e Engenharia de Projeto S.A.
Proprietários de “A Gazeta” no período:
Fundação Cásper Líbero (1966-Atualidade)

A Fundação viu a necessidade de expandir suas instalações e centralizar suas empresas em um só lugar. Pensou-se em algo simbólico que enaltecesse mais ainda os ideais do fundador. Surgiu assim a ideia de criarem a Casa de Cásper Líbero em plena Avenida Paulista, endereço símbolo da cidade.
A ideia não era simples. Era um projeto arrojado. O sonho de criar um grande centro cultural, instalado no maior prédio do mundo, transformar-se-ia na maior construção em concreto armado.
As obras começaram em 1958.  O projeto foi concebido pelo renomado engenheiro José Carlos de Figueiredo Ferraz. Futuro prefeito de São Paulo, foi construtor de obras históricas como o vão livre do Masp – Museu de Arte de São Paulo, o Metrô de São Paulo, o Planetário do Ibirapuera, a cúpula e as torres da Catedral da Sé e o Paço Municipal. O engenheiro Ary de Albuquerque (contratado pela Fundação) ficou responsável pela obra.

O projeto ganhou um nome-slogan: Uma luz sobre São Paulo.
 
Voltando à construção, o local escolhido na Avenida Paulista era a área central da quadra entre a Alameda Joaquim Eugênio de Lima e a Alameda Campinas, com fundos para a Rua São Carlos do Pinhal.

Paulo Santos Mattos, jornalista de A Gazeta, escreveu em matéria do dia 16 de maio de 1966:
“Pareciam obras de monumental represa. Obra faraônica. Ritmo de trabalho e entusiasmo como vimos em Brasília. Era uma nova Babel sendo levantada, com uma diferença fundamental: só os que nela não criam, ou por ela não trabalhavam, falavam línguas diferentes. Os demais integrados no idealismo sacrossanto de criar, crescer e subir, se identificavam e se entendiam perfeitamente, na linguagem positiva de mexa-se. Agora está pronta a mágica. Do vazio do buraco surgiu um monumento de aço e pedra que inscreverá com letras de ouro, nos anais da civilização e da cultura, um novo marco de vista, de fé, realização e coragem”.

Quando foi publicada essa matéria especial, dois terços da obra já estavam construídos (82 metros de altura sobre a Paulista). O edifício gradativamente começou a ser utilizado oficialmente no primeiro semestre de 1966 (alguns departamentos já estavam no edifício no início da década, como a administração, que se instalou em 1961). Aos poucos, todos se mudaram do Palácio da Imprensa para nova “Casa de Cásper Líbero”. Em 21 de maio, o Cine Gazeta foi inaugurado com o filme “Ontem, Hoje e Amanhã” (com Sophia Loren e Marcelo Mastroianni); ainda no mês de maio começou a construção da torre da futura TV Gazeta. Em 30 de junho ocorreu a transferência geral para o novo edifício, esvaziando-se a antiga sede na Avenida Cásper Líbero.

Uma amostra da importância que a obra teve para o campo da engenharia é a de que, em 20 de junho de 1966, o Edifício Gazeta foi escolhido para realizar a cerimônia de abertura da IX Jornada Sul-Americana de Engenharia Estrutural em suas dependências. Durante uma semana, o edifício foi percorrido por cerca de 150 técnicos de 40 países sul-americanos, além de engenheiros brasileiros de todos os estados.

Era um projeto ambicioso. A fachada já impressionava a quem passasse. Foi construída uma grande escadaria no número 900 da Avenida Paulista. Também um mural, com 45 graus de inclinação, com a pintura de uma enorme bandeira do estado de São Paulo (o painel foi substituído pelo mosaico de concreto, com múltiplos logotipos da “Gazeta” em 18 de dezembro de 1978, o que deu à Avenida Paulista um novo símbolo; após reformas iniciadas no primeiro semestre desse ano, foi inaugurado com festa o painel Gazeta, no frontispício do Edifício Gazeta, do artista Fernando Cerqueira Lemos).
Por serem mais largas as calçadas da Paulista havia ainda um pequeno jardim com 30 mastros em que se penduravam flâmulas das cores preta, branca e vermelha. E ainda um toque de modernismo no toldo sob a escadaria: uma verdadeira treliça de ferro e cimento armado, com uma leve inclinação para o alto. As colunas da escadaria eram arredondadas. Com as modificações no projeto, o moderno toldo foi substituído por um convencional e retangular e as pilastras ficaram mais grossas, com ângulos retos.
Em 21 de abril de 1983, numa parceria com a Rede Globo, foi construída a torre da TV Gazeta – com a antena das duas emissoras. Foi a primeira torre iluminada de São Paulo e, consequentemente, a primeira na Avenida Paulista.


TRAJETÓRIA E FASES MARCANTES DA PROGRAMAÇÃO



DÉCADA DE 1970

Antena de transmissão da emissora, no topo do Edifício Gazeta, em São Paulo.
A Gazeta alimentou o sonho de tornar-se rede em meados da década de 1970, quando o mercado começava a se modificar. Tupi e Record estavam decadentes, a Bandeirantes pensava na possibilidade de se tornar rede, enquanto a Globo sempre disputava a audiência.

Havia a possibilidade de surgimento da Rede Jornal do Brasil, mas isso não preocupava muito a Gazeta, que chegou a colocar programação em emissoras da região norte do país, em boa parte do Estado de São Paulo, e dava como certa a concessão do canal 11 do Rio de Janeiro. Só que a história não foi bem assim. Em 1976, o comunicador e apresentador Sílvio Santos ganhou a concessão do canal carioca que era da TVS (TV Studios Silvio Santos de Cinema e Televisão Ltda), (que mais tarde se tornou a pedra fundamental do futuro SBT), e a Bandeirantes fez propostas melhores e levou para sua rede as emissoras que a Gazeta havia afiliado na região amazônica. Com o tempo, os equipamentos da emissora começaram a ser sucateados, não havia caixa suficiente para reaparelhamento, muitos profissionais começaram a mudar de estação, o público passou a assistir cada vez menos à programação e a Gazeta entrou numa fase de ostracismo, que iria durar até meados da década de 1980. Muita gente até ignorava que o canal 11 de São Paulo estivesse no ar.

Mas é importante lembrar de um fato inesquecível da TV Gazeta do ano de 1973: havia sido feito um acordo entre o Governo Federal da Argentina, sob o comando de Perón, e o Governo do Brasil estabelecendo que os técnicos da televisão brasileira iriam implantar a televisão em cores na Argentina, fazendo com que, na primeira transmissão colorida, a operação estivesse sob os nossos cuidados. Foi a festa da OTI (no Teatro Colón, de Buenos Aires). O Governo Brasileiro designou a equipe da TV Gazeta, canal 11 de São Paulo, para este feito. A Rede Tupi exibiu simultaneamente o fato - mesmo sendo este totalmente organizado pela Gazeta - com flashes especiais dos ensaios e do espetáculo durante a transmissão direto da Argentina para o Brasil via satélite. E um momento emocionante deste dia foi quando a equipe da Gazeta deu licença para que os profissionais locais encerrassem aquela primeira transmissão à moda argentina. Muitos argentinos abraçaram os técnicos argentinos e brasileiros e um choro constante rolando direto entre todos os operadores, movidos pela emoção.

No ano de 1978, a Gazeta estreou o programa nipo-brasileiro Programa Nelson Matsuda, uma produção independente, do Japan Pop Show Empreendimentos ou N.Matsuda TV Produções Ltda. Era exibido ao vivo do Teatro Cásper Líbero no 3º andar do prédio da Gazeta. Era apresentado pelo próprio apresentador, Nelson Matsuda. Foi o primeiro programa de variedades nipo-brasileiro, com auditório, inaugurando, assim, a linha de shows da Gazeta, feito de manhã, de tarde ou de noite. Ainda no ano de 1978 ou no ano de 1979, a Gazeta estreou o programa nipo-brasileiro Imagens do Japão, uma produção independente, do Imagens do Japão TV e Jornalismo Ltda, Imagens do Japão TV Programações Ltda e M.Okuhara TV Produções Ltda. Era exibido ao vivo do Teatro Cásper Líbero, que fica no terceiro andar do prédio da Gazeta. Era apresentado por Rosa Miyake, Mário Okuhara, Ênio Santos, Humberto Marçal e Alberto Murata. O programa misturava informação, cultura e entretenimento. Tinha acontecimentos do Japão, Miss-Nikkey, Concurso de Calouros, Musicais Com Brasileiros e Japoneses e etc. Em 1978 a rede chegou a começar á gravar uma telenovela chamada Zulmira, na tentativa de apostar no gênero. Entretanto a telenovela foi censurada antes de estrear devido á aparição de uma privada em uma cena.

DÉCADA DE 1980. Em 22 de setembro de 1980, O Clarisse Amaral em Desfile se transformou em Mulheres. Inicialmente, o programa tinha apresentação de Ângela Rodrigues Alves e Ione Borges. Depois, o Brasil inteiro começou a conhecer a dupla de "parceirinhas", Ione Borges e Claudete Troiano.

Em 1982, o repórter e colunista Amaury Jr. estreou na emissora, entrevistando famosos e celebridades em São Paulo e outras cidades brasileiras no programa Flash. O sucesso do programa é tanto, que outras redes disputam a nova revelação da Gazeta, até que a Rede Bandeirantes negocia com salário maior do que Amaury ganhava na Gazeta e ele sai da emissora em 1986.

Em 1983, para piorar a situação da TV Gazeta, uma competidora de peso entra na briga: a Rede Manchete, canal 9, que apesar de não ser tão grande quanto as demais, tinha recursos de sobra, ao contrário da Gazeta. Portanto, parecia fadada novamente a cair no esquecimento. A TV Gazeta, junto com a TV Globo, ergueu e inaugurou no dia 21 de abril, a Torre Cásper Líbero, na Avenida Paulista, 900, 13º andar, Bela Vista em São Paulo. Ainda em 1983, A TV Gazeta projetou um programa que pudesse levar o mundo circense brasileiro a televisão. Assim, Wandeko Pipoca criou, apresentou, comandou e idealizou o infantil A Turma da Pipoca. Também em 1983, a futura dupla de palhaços Atchim & Espirro, protagonizados pelos artistas Eduardo dos Reis e Carlos Alberto de Oliveira, estiveram nos quadros humorísticos do programa infantil A Turma da Pipoca, criado, apresentado, comandado e idealizado por Wandeko Pipoka. Eduardo dos Reis já tinha nome artístico: o palhaço Atchim. Carlos Alberto de Oliveira, o palhaço Espirro, com seu filho, Carlos Júnior, tinham outro nome: Janela e Janelinha. Depois, só ficou Atchim e Janela. Janela, o personagem de Carlos foi rebatizado de Espirro. A dupla passou a se chamar Atchim & Espirro. Porém, Wandeko Pipoka se desentendeu com a direção da Gazeta e saiu da emissora. Depois, a direção entregou a dupla a continuação do programa A Turma do Pipoca em 1985, nascendo assim, o Brincando na Paulista. A dupla Atchim & Espirro estrearam na grade animando o infantil Brincando na Paulista. O programa esteve no ar de 1985 até 1988. O programa mesclava desenhos animados da Hanna-Barbera, músicas, sorteios, brincadeiras, musicais, esquetes de humor e atrações para crianças.

Entre 1984 e 1985, a emissora faz uma parceria com o Grupo Abril, que resolvera entrar no mercado de televisão. Já que o governo não dava uma concessão à editora, a Abril Vídeo surgiu comprando praticamente todo o espaço noturno da Gazeta, que, apresentando programas de qualidade, passou a ser novamente assistida. Mesmo depois da saída da Abril, a Gazeta continuou tendo uma audiência razoável, mas a manutenção de uma programação realmente competitiva, no molde das demais redes, era arriscada e inviável. Fausto Silva estreia o seu Perdidos na Noite. Com a estreia do Imagens do Japão em 1978 ou em 1979, a atração de Nelson perdeu um pouco da importância na Gazeta e acabou saindo do ar em 1984.

Um acontecimento histórico ocorre na emissora: uma equipe de jovens profissionais chegara ao departamento de programação da emissora e implantara uma linha de programas que poderia ser considerada suicida. Era o nascimento de algo chamado TV Mix, um embrião do que seria a MTV Brasil. Um programa feito praticamente no improviso, que começava as oito da manhã e ia ao vivo até o meio-dia, de segunda a sexta-feira, apresentando sem recursos e sem compromisso. E esse programa pegou. No comando, entre vários apresentadores, uma descontraída Astrid Fontenelle. Depois, muitos vieram se juntando, como Paula Dip, Sérgio Groisman, Patrícia Pillar, Emílio Surita, entre outros. A Gazeta começava a virar referência na manhã paulistana. Era uma tremenda alternativa aos programas infantis e femininos que compunham a grade de outros canais. E melhor ainda: a audiência era formada por telespectadores de diversas faixas etárias.

Em 1988, a Gazeta estreou o novo formato do Programa Nelson Matsuda, agora sob o nome de Japan Pop Show. O Japan Pop Show era feito nos mesmos moldes do Imagens do Japão. Foi um programa de auditório num formato de shows de variedades e musicais, exibido ao vivo, direto do Teatro Cásper Líbero no 3º Andar do prédio da Gazeta. O Japan Pop Show era uma produção independente, do Japan Pop Show Empreendimentos ou da N.Matsuda TV Produções Ltda. Era apresentado pelo Casal Nelson Matsuda e Suzana Matsuda, até 1992 ou até 1994, quando o programa voltou a Rede Bandeirantes.

DÉCADA DE 1990. Em 1990, devido a mudanças internas, o projeto "televisão desindexada", como foi chamado, acabou sendo desativado, e a TV Gazeta começou a decair, com uma programação mais morna, calcada, sobretudo, em filmes que eram recomprados diretamente da Rede Globo, exibidos no Cine Gazeta de segunda a sábado 21h30, e os desenhos animados no programa Gazetinha de segunda a sábado 20h00 até 21h30, com alguns desenhos recomprados do SBT e da própria Globo, quando essa não tinha mais lugar para exibi-los. A emissora parecia condenada a ficar transmitindo apenas para São Paulo, sem muitas perspectivas de crescimento.

No início da década de 1990, ocorre nova fase de mudança da emissora, onde começou a parceria entre a Rede OM (Organizações Martinez) e a TV Gazeta de São Paulo. A reviravolta ocorreu precisamente no início de 1992, quando a TV Paraná (em Curitiba) e a TV Tropical (em Londrina) resolveram romper contrato com Rede Bandeirantes, que estava em fase de rápida expansão, e assim fundava-se a Rede OM. Conquistando afiliadas em todo o país (com as graças do então presidente Collor, de quem o dono da rede era correligionário), a OM logo começou a convencer a Gazeta com a possibilidade de afiliação, o que acabou sendo muito bem aceito a princípio.

Foram tempos de crescimento rápido; a nova rede tinha Galvão Bueno em seu quadro de funcionários e era a grande promessa para a década, com filmes, programas de auditório, jornalismo e esportes, como na transmissão da Copa Libertadores da América de 1992, quando o canal foi líder de audiência na transmissão da final entre São Paulo x Newell's Old Boys. No meio do ano, todos apostavam que a TV Gazeta seria para os anos 90 o que o SBT fora para os anos 80. No entanto, Collor foi acusado de corrupção e sofreu impeachment.

Em 1993, a Rede OM vira a CNT e nunca mais cresceu como antes pois a Rede Record voltou a crescer e acabou levando boa parte de suas afiliadas. Seguiu-se o período de operação conjunta com a CNT. Durante a década, reconhecia-se que boa parte dos programas que eram feitos na emissora paulista e transmitidos em rede, eram responsáveis pelas maiores audiências e, consequentemente, pelos maiores faturamentos. A TV Gazeta percebeu que podia andar sozinha e voltar a crescer.

O Programa Japan Pop Show sai do ar na TV Gazeta e volta à Rede Bandeirantes. A TV Gazeta ainda levou outro desfalque, perdendo a concessão do canal 12 de Santos, emissora no litoral paulista que tentara fazer funcionar por duas vezes. A concessão, da década de 1970, acabara caducando.

Em 1996, a TV Gazeta passou a chamar-se CNT Gazeta. Nessa década, a CNT e a Gazeta chegam a exibir em todo o Brasil novelas estrangeiras, programas de audiências - como os populares programas policiais Cadeia e 190 Urgente, os infantis Hugo Game, Tudo por Brinquedo, com Mariane Dombrova e TV Fofão, com Orival Pessini, além dos desenhos da Hanna Barbera, o esportivo, Mesa Redonda, o de variedades, Mulheres, com forte presença também no jornalismo e nos esportes.


DÉCADA DE 2000.A parceria entre a CNT e Gazeta é desfeita em junho de 2000,[9][10] quando a Gazeta não renova o contrato, deixando a Grande São Paulo e diversos municípios sem o sinal da CNT até 2001. Com isso, a TV Gazeta iniciou seu processo de rede, com a implantação de repetidoras no interior de São Paulo e em outros estados. Até 2000, a TV Gazeta deixou de exibir os filmes, novelas, seriados e desenhos animados que eram exibidos na época da parceria da CNT. Por outro lado, programas como Mesa Redonda, Mulheres e outros responsáveis pelo faturamento de audiência da dupla emissora, permaneceram na Gazeta.

Em 16 de julho de 2001, a TV Gazeta e o jornal Gazeta Mercantil se unem para criar o novo telejornalismo da emissora, que agora, além dos esportivos e o Em Questão (com Maria Lydia Flândoli), incorporam a grade de programação os jornais Primeira Página, Mercado e Jornal da Gazeta, que inaugurou com sucesso o jornalismo naquele dia. Foram reformulados todos os programas jornalísticos da emissora, até mesmo o Gazeta Esportiva. O Jornal da Gazeta estreou com cobertura direta da capital argentina de Buenos Aires, já que naquele momento estava acontecendo o ápice da Crise econômica argentina. Assim, Carlos Alberto Sardenberg, Gustavo Camargo e Camila Teich comandaram a primeira edição do Jornal da Gazeta, tendo Maria Lídia como convidada. Assim, as duas faces da TV Gazeta, a nova e a antiga, se encontram para reabrir o telejornalismo informativo da emissora, sob a direção do ex-diretor do TJ Brasil, Albino Castro.

No primeiro semestre de 2001, o entretenimento da emissora também sofreu alterações: o programa musical Clipper entrava no ar e assumiram o programa Mulheres os apresentadores Clodovil e Christina Rocha.

Mulheres é o programa mais tradicional da TV Gazeta junto com Em Questão e Mesa Redonda. Mulheres começou com Clarisse Amaral sob o nome de Programa Clarisse Amaral. Com a entrada da responsável pelo setor de moda das lojas Mappin, Ione Borges ao lado de Clarisse, o programa passa a se chamar Clarisse Amaral em Desfile. Com a saída da apresentadora, o programa continua com Ione, agora ao lado da locutora de rádio Claudete Troiano, dando início às "parceirinhas" do programa Mulheres em Desfile. Com a separação da dupla no final da década de 90, Claudete muda de emissora e Ione em 2001 apresenta o programa Pra Você" e Ione (sendo que na época do início de Pra Você, Ione faz este programa enquanto Mulheres fica a cargo só de Claudete). Claudete Troiano apresentou Note e Anote, na Rede Record, e Ione Borges apenas seu programa de auditório homônimo. A partir de então, Márcia Goldschmidt e Leão Lobo substituíram Claudete e o programa teve continuidade. Com o passar dos anos, sua programação foi sendo reformulada, adaptando-se às exigências do público e anunciantes, para atender à dinâmica da televisão moderna. Mas com o fim da parceria com a CNT, parte da programação começou a ser preenchida pelos chamados informerciais.

Desde 2006, a emissora paulista busca retomar sua grade de programação, com programas jornalísticos, de entretenimento e comercias. O primeiro passo foi a estreia, no mês de dezembro, do BestShop TV, programa de televendas que teve como principais apresentadores Viviane Romanelli, Fernando Fernandez, Carol Minhoto, Pâmela Domingues, Claudia Pacheco, Thiago Oliveira, Paloma Silva, Regiane Tápias. Em 2007, dois outros programas, de produção própria, estrearam: Super Ofertas (que traz espaço para pequenos e médios anunciantes) e Papo de Amigos, sob o comando de Amanda Françozo.

Em 2009, a apresentadora Claudete Troiano retorna a emissora que a revelou depois de mais de 10 anos apresentando programas em emissoras como Rede Manchete, Rede Record e SBT. Ela comandou ao lado de Ione Borges o Manhã Gazeta, uma revista eletrônica matinal. Inicialmente, o programa era dividido em duas partes, Claudete apresentava uma e Ione a outra. Com a saída de Ione Borges, a emissora escalou Olga Bongiovani em seu lugar que ficou por pouco tempo. Desde então, Claudete apresentou o Manhã Gazeta sozinha.

DÉCADA DE 2010

Com o desejo de aumentar a sua grade, a Gazeta põe fim ao programa de televendas BestShopTV, onde o elenco do programa é aproveitado em novas produções da casa. Após 8 anos sem grandes estréias, a emissora lança em junho de 2010, o Super Esporte, apresentado por Thiago Oliveira na faixa das 22h00, já no mês de outubro de 2010, a emissora abre espaço para a estréia de mais três femininos: Você Bonita de segunda à sexta às 8h30 com Carol Minhoto, Falando sobre sexo nas madrugadas de sexta para sábado com a psicóloga Carla Cecarello e nas manhãs de sábado o Mix Mulher, com Regiane Tápias.

Em 2010, em comemorações aos 40 anos da TV Gazeta, a emissora exibe especiais que falam da trajetória do canal. O Jornalista Elmo Francfort lançou o livro "Av. Paulista 900 - A História da TV Gazeta", mesmo autor que escreveu o livro sobre a Rede Manchete. Outro fato que causou repercussão, foi a polêmica saída de Palmirinha Onofre da Gazeta, a culinarista que apresentou por anos o TV Culinária ficou famosa pelas cenas hilárias que foram exibidas no quadro Top Five do Custe o Que Custar (CQC) da Rede Bandeirantes. O TV Culinária foi reformulado e ganhou a apresentação de Viviane Romanelli.

Em 2011, a apresentadora Luisa Mell voltou à TV com o programa Estação Pet, que saiu do ar devido ao pouco retorno financeiro do programa, no mesmo período o TV Culinária também sai do ar devido a pouca aceitação da nova apresentadora pelo público.[13] No seu lugar a emissora colocou o Delícias do Chef com o Chef Allan Villa Espejo, que até então era apenas um quadro do Manhã Gazeta. Em fevereiro de 2011, o diretor Márcio Tavolari é contratado pela emissora para reformular artisticamente o programa Todo Seu, primeiro programa da TV Gazeta a estrear com transmissão em HD na comemoração das 1.500 edições da atração noturna comandada por Ronnie Von. O Todo Seu torna-se a primeira revista eletrônica diária HD da televisão brasileira em horário nobre, com novos quadros e estética mais requintada. Ronnie Von volta a ser notícia na mídia com elogios da crítica especializada e o programa alcança prestígio junto ao meio artístico e público.

Depois de mais de 20 anos na Gazeta, a jornalista Maria Lydia Flândoli é demitida sem muitas explicações. O Em Questão saiu do ar e o Jornal da Gazeta foi reformulado colocando a dupla Stella Gontijo e Gabriel Cruz. Pouco tempo depois, Maria Lydia volta ao telejornal, realizando entrevistas.
No mesmo ano, a Gazeta investe na reprise de alguns de seus programas durante as madrugadas . Foram reprisados os programas Todo Seu, Jornal da Gazeta, Estação Pet e Vambora (quadro do programa Mulheres)

No início de 2012, o TV Culinária volta, dessa vez com Regiane Tápias no comando e os programas Os Impedidos (humorístico exibido nas noites de domingo, antes do Mesa Redonda), Hoje Tem (programa de eventos culturais exibido às quintas-feiras, apresentado por Pâmela Domingues) e A Máquina (programa de entrevistas comandado por Fabrício Carpinejar, exibido nas noites de terça-feira) estreiam.

No mês de abril, a apresentadora Claudete Troiano sai da Gazeta, no lugar do Manhã Gazeta estreia o Revista da Cidade com Regiane Tápias, sendo que o quadro Ateliê na TV desmembrado do programa, se tornando um programa. No mesmo período, o Super Esporte muda de horário, indo para a faixa das 12:00, o Você Bonita passa a ser exibido em seguida. E estreia o Jornal da Gazeta - Edição das 10, um jornalístico exibido às 22h com trinta minutos de duração. Com o fim da parceria com o Best Shop TV, os programas Gazeta Imóveis, Gazeta Motors e Gazeta Shopping ganham mais espaço na programação.
O De Olho na TV é o quadro de maior sucesso do Todo Seu, o jornalista da Jovem Pan, José Armando Vanucci comentava os principais assuntos sobre a TV Brasileira. Devido ao sucesso, o quadro que era apenas exibido na quarta-feira, ganhou mais dois dias de exibição, às segundas e sextas. Além disso, agora Vanucci mostra os bastidores dos programas de TV e entrevistas. Com a transmissão por satélites em sinal digital e analógico, a programação da TV Gazeta passa a ser acompanhada pelos sistemas de televisão por assinatura NET e Vivo TV. Esta emissora não foi beneficiada pela nova lei de TV por assinatura por não cumprir os requisitos necessários.

No dia 1º de novembro de 2013, a emissora demitiu, sem maiores explicações, o apresentador do "Super Esporte", Thiago Oliveira, que imediatamente assina com a Rede Globo. Desde o dia 4 de novembro, atração passou a ter o comando de Anita Paschkes, que antes tinha substituído Michelle Gianella, que estava de licença-maternidade, no "Gazeta Esportiva" e no "Mesa Redonda".

Em 2014 a TV Gazeta promoveu mudanças na sua programação. Novos programas foram criados e dedicados à cidade e ao estado de São Paulo. A Gazeta já foi conhecida por ser a TV com a cara de São Paulo e a mais paulista das TVs. Os programas Ateliê na TV, Revista da Cidade, Super Esporte, Você Bonita, Mulheres, Gazeta Esportiva, Todo Seu e outros programas foram mantidos, mas agora com um novo pacote gráfico. A nova programação estreou em 10 de março. No mesmo ano, alegando renovação na equipe esportiva, a emissora demite o narrador Fernando Solera e no dia 1º de junho estreia o humorístico Chuchu Beleza, com Felipe Xavier. Foram produzidos programas em formato de série, compostos por quatro episódios cada, tratando sempre em torno do tema São Paulo, entre eles Amor Concreto, Extremos da Cidade, A Cidade que não Dorme. No meio do ano foi montado um novo núcleo de produção, visando a criação de conteúdo exclusivo para internet. Foram produzidos diversos vídeos de bastidores dos programas da TV e séries como Mamma Responde. No comando dos vídeos está a apresentadora Paula Vilhena.

Em 2015, a TV Gazeta promove mudanças drásticas na sua programação. A emissora atualizou as novas chamadas interprogramas e vinhetas atualizadas com um padrão gráfico idealizado integralmente em flat design, com simplicidade de elementos, formas planas e cores sólidas. “Dentro da proposta de evolução contínua e buscando uma aproximação ainda maior com o público, o pacote de novas finalizações foca nas "sensações" que a programação da TV Gazeta , em suas diferentes editorias e programas, traz para o telespectador. Para traduzir essas sensações foi desenvolvida uma paleta de cores que resultou num visual ainda mais vibrante, divertido e moderno”, afirma Denise Wuilleumier, Gerente de Comunicação Social da Fundação Cásper Líbero. O jornalismo da Gazeta realizou contratações importantes: Rodolpho Gamberini estreou ao lado de Stella Gontijo no novo Jornal da Gazeta. Josias de Souza e Denise Campos de Toledo foram contratados como novos comentaristas. A nova programação estreou em 2 de março de 2015.

Em 2016, a TV Gazeta investe no lançamento de novas séries. Entre elas o Projeto 1 Dia, que retrata um dia em algum lugar de São Paulo, Humor.Docs, que faz um panorama do humor nas mais diversas plataformas, com apresentação de Paula Vilhena e Histórias do Rap Nacional, que faz um balanço da história do rap brasileiro, com apresentação de Ronald Rios, ex-repórter do CQC. Rios foi contratado pela emissora em 29 de outubro de 2015. Em 11 de março estreou o programa A Semana,que abordava os fatos da semana que passou de maneira descontraida O programa saiu do ar em julho após divergências entre o humorista e a TV Gazeta. Em 9 de março estreia o reality "Sobremesa Para Dois" com Paula Vilhena, no qual dois competidores com ou sem experiência na cozinha serão desafiados a preparar um prato e tentarão conquistar o pretendente pelo paladar. Em 4 de maio estreia A noite convida, no qual a apresentadora explora a noite paulistana com dois personalidades.

Em 25 de julho, a emissora dispensa após 15 anos a apresentadora Mamma Bruschetta, após a mesma receber proposta irrecusável do SBT. A apresentadora foi substituída pelo ator Guilherme Uzeda, intérprete da personagem Tia. Em 30 de julho, Leão Lobo deixa também a emissora para acompanhar Mamma Bruschetta no SBT. Em seu lugar, a emissora contratou o jornalista Gabriel Perline. Para reforçar o Mulheres, a emissora recontrata Fernando Oliveira, o Fefito e conta também com o colunista José Armando Vannucci. Em 1º de agosto a emissora recontrata Rodrigo Rodrigues, para apresentar o programa 5 Discos na qual vai receber um convidado, que levará os cinco discos mais importantes de sua vida. No dia 23 de agosto de 2016, morre o repórter e jornalista Goulart de Andrade, que estava desde 2012 na TV Gazeta. A emissora mantém as entrevistas gravadas pelo repórter, sendo a primeira reportagem póstuma exibida em 11 de setembro de 2016. Em 17 de outubro, a emissora extingue o núcleo jovem eliminando os programas A Máquina, Hoje Tem, Cidade Ocupada, A Noite Convida e 5 Discos.

Em 6 de março de 2017, reestreia o Cozinha Amiga só que agora a cada dia um chefe apresenta receitas fáceis para o dia a dia. Em 24 de abril, a emissora anuncia as demissões de Anna Paola Fragni após 21 anos na casa passando por todos os programas e também de Michelle Francine, apresentadora do Gazeta Shopping. Em 16 de maio, é demitido da emissora o comentarista de arbitragem da equipe esportiva Oscar Roberto Godói. Em 27 de junho a emissora anuncia o ex-jogador e comentarista Müller para reforçar o programa Mesa Redonda. Em 3 de julho a emissora anuncia a contratação do Padre Alessandro Campos no comando de um programa de auditório dominical. No dia seguinte, em 4 de julho, a emissora deixa de ser retransmitida via satélite, através do sinal de parabólica, a fim de reduzir os gastos financeiros e no dia 21 de julho, a emissora anuncia que também não renovou o contrato de cessão de horários com a TV Ultrafarma.

Em 1º de agosto de 2017, a apresentadora Anita Paschkes deixa o canal após 4 anos. Em 6 de agosto, estreia o Festa Sertaneja com Pe. Alessandro Campos, inicialmente aos domingos e posteriormente transferidos para as sextas-feiras. Em 3 de setembro, estreia o programa dominical sobre beleza, Sempre Bela, com o cabeleireiro Sylvio Rezende. Em 10 de novembro, a Gazeta demitiu 40 funcionários e terceirizou a produção do Gazeta Shopping. Em 11 de dezembro, foi anunciado o fim do Festa Sertaneja, programa comandado pelo Pe. Alessandro Campos.Em 12 de dezembro, Cátia Fonseca deixa após 15 anos o comando do programa Mulheres, transferindo-se para a Rede Bandeirantes. No dia 15 do mesmo mês, foi anunciada pela emissora, a compra dos direitos exclusivos, na TV Aberta, da temporada 2018 da LBF.

Em janeiro de 2018, o programa Mulheres tem nova apresentadora: Regina Volpato que substituiu Cátia Fonseca durante suas férias é efetivada nas funções.Em fevereiro é confirmada a contratação de Rinaldi Faria, empresário de Patati e Patatá para comandar um programa diário nas madrugadas da emissora. Em 1 de fevereiro de 2018, além de São Paulo, o sinal da TV Gazeta passa a ser transmitido pela operadora NET nas cidades de Brasília e Rio de Janeiro. Em 30 de março, a emissora deixa de exibir o programa Vitrine do Artesanato na TV. Alguns dias mais tarde, Juliana Verboonen também deixa a emissora, onde integrava o Departamento de Jornalismo. Em novembro, a emissora Gazeta praticamente extinguiu o jornalismo, demitindo 80% dos funcionários. Em 8 de dezembro, a emissora começou a transmitir os jogos da Superliga 2018/2019, mas deixou de mostrá-las em 20 de janeiro de 2019, devido ao choque de datas e de horários. Os jogos transmitidos foram apenas do naipe masculino. Além disso, a emissora não renovou os direitos de transmissão da LBF. 

Em março de 2019, Laerte Vieira é recontratado pela Gazeta para ancorar o Jornal da Gazeta, junto de Luciana Magalhães. Em 1 de abril, estreia a nova grade de programação da TV Gazeta, com a estreia do programa De A a Zuca, com Celso Zucatelli e novidades nos programas da casa, como Você Bonita, Revista da Cidade, Todo Seu, Mulheres e Cozinha Amiga. Os programas de Regiane Tápias e Ronnie Von ganham novos cenários, novas vinhetas, novos pacotes visuais e alterações nos quadros. No entanto, foi extinto o Gazeta News, mini-jornalístico que era exibido no final da tarde. Em 14 de abril, a emissora reestreiou o Desafio ao Galo, torneio de Futebol de Várzea que marcou época na TV. Porém, as transmissões terminaram em 21 de julho, sendo depois transferidas para a RBTV. Em 22 de abril, Maria Lydia Flândoli deixa o Jornal da Gazeta e a emissora após mais de 20 anos. Em junho, Tássia Sena também deixa o jornalismo da Gazeta para ser repórter da TV Globo São Paulo.Em 19 de julho, são anunciadas as extinções de dois programas de sucesso na casa: o Todo Seu, ancorado há mais de 15 anos por Ronnie Von e o De A a Zuca, que estava no ar desde abril com comando de Celso Zucatelli. Os dois apresentadores foram dispensados da emissora. Em seu lugar, entrarão reprises do Você Bonita, Cozinha Amiga e Mulheres. Em 4 de setembro, é anunciada a estreia, no dia 9, do Faça Você Mesmo, com Rogério Chiaravelli, com informações e dicas sobre artesanato.

Década de 2020. Em 8 de março de 2020, depois de completar seus 50 anos no ar, a Gazeta muda cenários, vinhetas, pacotes visuais, grafismos e alterações nos programas. A Gazeta também estreia seu novo slogan: TV Gazeta, você por perto. Tudo certo! e sua nova vinheta interprogramas. No entanto, devido à Pandemia da COVID-19, a emissora tomou várias medidas de segurança, prevenção e higienização nos seus estúdios e também realizou ajustes na grade, dentre elas a suspensão de programas como o Revista da Cidade que deu lugar ao Gazeta Shopping e Faça Você Mesmo e também do Gazeta Esportiva, que deu lugar no horário ao Plantão da Saúde que atualiza a situação da pandemia no estado, no país e no mundo. No dia seguinte a emissora estreou o programa Fofoca Aí, com a apresentação de Fefito, Tutu (Artur Pires), Tia (Guilherme Uzeda) e Gabriel Perline, colaboradores dos programas Mulheres e Revista da Cidade. No dia 14 de junho, é anunciado que o programa Faça Você Mesmo deixou a programação da emissora. O Plantão da Saúde durou até 3 de julho, quando a emissora encerrou o programa e retornou em 6 de julho o Gazeta Esportiva.


RÁDIO E TV CULTURA


Programa Vila Sésamo, formato trazido ao Brasil nos anos 1970 por José Bonifácio Sobrinho (Boni) apar ser testado na TV Cultura e compartilhado com as demais emissoras. 


TV Cultura é uma rede de televisão pública brasileira sediada em São Paulo, capital do estado homônimo, pertencente ao Governo de São Paulo. Foi inaugurada, originalmente, em 20 de setembro de 1960 pelos Diários Associados e relançada em 15 de junho de 1969 pela Fundação Padre Anchieta, gerando programas educativos que são transmitidos para todo o Brasil via satélite e através de suas afiliadas e retransmissoras em diversas regiões do Brasil. É mantida pela Fundação Padre Anchieta, uma fundação sem fins lucrativos que recebe recursos públicos, através do governo do estado de São Paulo, e privados, através de propagandas, apoios culturais e doações de grandes corporações. No dia 30 de janeiro de 2015, o instituto de pesquisa britânico Populus divulgou que a TV Cultura é o segundo canal de maior qualidade do mundo, atrás apenas da BBC One.

História. Diários Associados (1960-1969). Em 1958, os Diários Associados recebem do governo a concessão do canal 2 de São Paulo. No dia 20 de setembro de 1960, entra no ar a TV Cultura, com o slogan "um verdadeiro presente de cultura para o povo" e com o logotipo C2 Cultura e uma indiazinha desenhada no centro. A implantação da emissora, para evitar interferências técnicas, fez a TV Tupi mudar do canal 3 VHF para o 4 VHF. A TV Cultura iniciou suas operações com um estúdio de 30 m² instalado no décimo quinto andar do Edifício Guilherme Guinle, na Rua 7 de Abril, 230, que foi o mesmo estúdio onde a TV Tupi iniciou suas transmissões. Os técnicos e os atores eram da TV Tupi e, além disso, sua antena no alto do Banespa (Edifício Altino Arantes) também era a antiga antena da TV Tupi, pois já transmitia seu sinal pela Torre Assis Chateaubriand, no bairro do Sumaré. Os Diários Associados colocaram o canal 2 no ar com pouca divulgação, de forma que muitos nem souberam de seu lançamento. No início das transmissões da TV Cultura, José Duarte Jr. era o seu diretor artístico e comercial da emissora, sendo que depois foi substituído por Mário Fanucchi. Fanucchi foi um dos primeiros "vinheteiros" do Brasil e o inventor do indiozinho da TV Tupi. Na época ainda não existia o video-tape, de forma que a programação da TV Cultura nunca foi a mesma da TV Tupi como muitos imaginam, pois na verdade tinha seus próprios estúdios e profissionais. Entre os profissionais da TV Cultura estiveram Ney Gonçalves Dias, Fausto Rocha, Xênia Bier, Carlos Spera e Jacinto Figueira Júnior - que criou o Homem do Sapato Branco, primeiro programa popular da TV Cultura.

Em 1963, os Diários Associados formam parceria com o Governo do estado de São Paulo e com o SERTE (Serviços de Educação de Rádio e Televisão), que dariam origem a dez horas de programação educativa na emissora. Em 28 de abril de 1965, um curto-circuito no 15º andar do Edifício Guilherme Guinle, na Rua 7 de Abril, 230, provocou um incêndio onde era o estúdio da TV Cultura dos Diários Associados. Pouco se salvou deste incêndio, onde inclusive perdeu-se a primeira câmera de TV do Brasil da Rede Tupi (câmera TK-30 de 80 quilos). Devido ao incêndio, os programas da emissora foram provisoriamente produzidos em um estúdio da TV Tupi no Sumaré. Em 1966 a TV Cultura se instala em um bosque próximo a Freguesia do Ó, ao lado da Lagoa Santa Marina - ambos no bairro de Água Branca. Ali criaram a competição Acqua-Ringue, que era uma luta de boxe que fazia vencedor aquele que jogava o outro na água. Com a mudança para a nova sede, mais despesas acabaram se acumulando, sendo que o incêndio de abril de 1965 foi o pivô de toda esta situação, colaborando desta forma para a venda da TV Cultura. Assis Chateaubriand decide então vender a TV Cultura para o Governo do Estado de São Paulo e também as suas novas instalações na Água Branca. 

Transição Diários Associados-Fundação Padre Anchieta

Em setembro de 1967, o governador de São Paulo, Roberto Costa de Abreu Sodré, cria a Fundação Padre Anchieta (Centro Paulista de Rádio e TV Educativa). Esta fundação era composta por diversos profissionais, faculdades (USP, Unicamp, PUC, Mackenzie, entre outras), sociedades privadas e públicas (ABI, UBE, etc.) e com setenta centavos de cada paulista. A Fundação Padre Anchieta adquire então dos Diários Associados a TV Cultura e a Rádio Cultura. A TV Cultura torna-se então a segunda emissora de TV educativa do Brasil (a primeira foi a TV Universitária, da Universidade Federal de Pernambuco). A Fundação Padre Anchieta procurou dar um novo nome para a emissora como: TV Escolar, TV Educativa, etc. Como a TV Cultura já tinha uma programação educativa, a Fundação manteve este nome, mesmo porque todos os funcionários da antiga emissora nesta fase de transição foram mantidos, já que seus profissionais lidavam com programas educacionais. O governo começa então a aterrar a Lagoa Santa Marina na Água Branca, criando ruas, fábricas e prédios a sua volta. É construída então a nova sede da TV Cultura na Rua Carlos Spera, 179 (nome do jornalista da TV Cultura em sua fase nos Diários Associados e também da TV Tupi), e com saídas laterais pela Rua Cenno Sbrighi, 378 e Rua Vladimir Herzog, 74.

Fundação Padre Anchieta (desde 1969)


O governador Laudo Natel visitando as novas instalações da TV Cultura no distrito da Lapa, 1972.


Após quatro meses de transmissões experimentais que iniciaram no dia 4 de abril, foi reinaugurada a TV Cultura às 19h30 do dia 15 de junho, com a apresentação dos discursos do então governador, Abreu Sodré e do presidente da Fundação Padre Anchieta, José Bonifácio Coutinho Nogueira (que posteriormente veio a fundar a EPTV, rede de quatro emissoras afiliadas à Rede Globo no interior de São Paulo e no Sul de Minas Gerais). 

Em seguida, foi exibido um clipe mostrando o surgimento da emissora, os planos para o futuro e uma descrição dos programas que passariam a ser apresentados a partir do dia seguinte. Além disso foi exibida uma fita com o Papa Paulo VI dando bênção à TV Cultura. 

O primeiro programa a ser exibido pela Cultura foi o documentário Planeta Terra, no dia 16 de junho, às 19h30, que trazia como tema terremotos, vulcões e fenômenos que ocorrem nas profundezas do planeta. 

Em seguida, às 19h55, foi levado ao ar um boletim meteorológico chamado A Moça do Tempo, apresentado por Albina Mosqueiro. 

Às 20h iniciava uma série chamada de Curso de Madureza Ginasial (onde Ruth Cardoso, ex-primeira-dama presidencial era uma das professoras que dava aula pela televisão), sendo um dos seus maiores desafios o de provar que uma aula transmitida por televisão poderia ser, ao mesmo tempo, eficiente e agradável. 

Estiveram entre os primeiros programas da emissora, a peça O Feijão e o Sonho, de Orígenes Lessa; Quem Faz o Quê, sobre profissões; Sonatas de Beethoven, com o pianista Fritz Jank; e O Ator na Arena, com Ziembinski. 

O primeiro logotipo da TV Cultura em sua fase na Fundação Padre Anchieta foi adaptação do desenho original dos designers João Cauduro e Ludovico Martino, do escritório paulista Cauduro-Martino,o seu "bonequinho" - como apelidaram seu símbolo,[carece de fontes] que inicialmente era acompanhado da assinatura "TV-2 Cultura". O verde desde sua fundação é tido como a cor oficial da instituição.

No dia 28 de fevereiro de 1986 outro incêndio atinge a sede da TV Cultura, na cidade de São Paulo. 
O fogo destruiu 90% dos equipamentos da emissora, fazendo com que ela ficasse três horas fora do ar. 

A emissora, com equipamentos emprestados das TVs Globo, Manchete e Bandeirantes, retorna ao ar noticiando o incêndio e cobrindo todo o trabalho dos bombeiros. 

Em 22 de agosto de 1992, a emissora inaugurou no bairro do Sumaré a Torre Cultura, que passava a ser usada para emitir os sinais da TV Cultura e da Cultura FM, além das demais emissoras públicas de São Paulo. A nova torre substituiu a antiga utilizada pela emissora desde a década de 1970 no Pico do Jaraguá, que passou a ser utilizada pela Rádio USP FM. 

Em 1993, foi formada a Rede Cultura de Televisão, via satélite para o Brasil inteiro. 

A Rede Pública de Televisão, formada pela união da TVE Brasil com a TV Cultura, foi extinta no dia 2 de Dezembro de 2007, data da inauguração da TV Brasil, a TV pública do Governo Federal. 

Com isso, São Paulo e outros estados brasileiros passaram a transmitir apenas o sinal da TV Cultura. Depois, muitas emissoras públicas em todo o território nacional deixaram de transmitir a programação da TV Cultura para transmitirem a programação da TV Brasil, gerando o rápido encolhimento da rede em 2008.


Jornalismo. No setor de jornalismo, a TV Cultura exibe o Jornal da Cultura, o talk show Roda Viva, o mais antigo programa de entrevistas da televisão brasileira, a revista eletrônica Matéria de Capa, o "eco-telejornal" Repórter Eco, pioneiro do gênero no país, e o Panorama, programa de entrevistas com especialistas em variados assuntos. 

Pela bancada do Jornal da Cultura já passaram âncoras como Carlos Nascimento, Heródoto Barbeiro, Maria Cristina Poli, Joyce Ribeiro, Willian Corrêa, e atualmente o noticiário é conduzido por Karyn Bravo e Ana Paula Couto. 

E no Roda Viva, vários convidados ilustres já foram entrevistados como Telê Santana, Ayrton Senna, Luiz Carlos Prestes, Hebe Camargo, Fidel Castro, Tom Jobim, Dias Gomes, Herbert José de Sousa, Paulo Freire, Ruth Cardoso, Caetano Veloso, Antônio Carlos Magalhães, Luiz Inácio Lula da Silva, Steve Ballmer, Dom Odilo Scherer, entre outros. Além disso, o programa já foi mediado por vários comunicadores importantes como Rodolpho Gamberini, Lilian Witte Fibe, Marília Gabriela, Paulo Markun, Heródoto Barbeiro, Mario Sergio Conti, Augusto Nunes, Ricardo Lessa, Daniela Lima e, desde janeiro de 2020, por Vera Magalhães.

Outros grandes jornalísticos da emissora foram o telejornal A Hora da Notícia (percussor do Jornal da Cultura), dirigido por Vladimir Herzog, e o talk show Vox Populi, atualmente reprisado nas madrugadas da emissora.

Lula no programa "Roda Viva" da TV Cultura em 1991. Na ocasião, ele demonstrou profunda irritação com a derrota eleitoral de 1989. Reprodução

Personagem midiático. TV Cultura entra na Justiça para gravar "Roda Viva" com Lula em Curitiba

Redação ConJur
31 de outubro de 2019, 22h05


A direção de jornalismo da TV Cultura pediu autorização à Justiça Federal do Paraná para entrevistar o ex-presidente Lula na sede da Polícia Federal, onde ele está preso desde abril de 2018. A informação é do jornalista Maurício Stycer do Uol.

O petista já aceitou o convite da emissora pública de São Paulo, e a gravação da entrevista ao "Roda Viva" depende agora da autorização judicial, emitida pela 12ª Vara Federal de Curitiba.

Em abril deste ano, o Supremo Tribunal Federal autorizou jornalistas da Folha de S.Paulo e do El País a entrevistarem Lula. Depois, um despacho do delegado da Polícia Federal de Curitiba, Luciano Flores de Lima, permitiu a entrada de outros veículos de imprensa para acompanhar a conversa, dentro dos limites de espaço da sede da superintendência.

Desde então Lula tem concedido entrevistas a jornais, sites e televisões nacionais e estrangeiras. Caso obtenha a autorização, esta será a segunda vez que o ex-presidente fala com uma TV aberta brasileira no cárcere. A primeira foi com a TVE da Bahia. 

Lula já concedeu algumas entrevistas ao "Roda Viva". Na de 1991, por exemplo, o ex-presidente revelou uma profunda insatisfação com a derrota para Fernando Collor. Também teve a milésima edição do programa, em 2005, gravada no Palácio do Planalto.

O líder petista foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em segunda instância e confirmado pelo STJ. Lula também foi condenado a 12 anos e 11 meses de prisão no caso envolvendo o sítio de Atibaia (SP). Atualmente o caso se encontra no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4).

Por fim, o ex-presidente também é acusado pelo MPF de receber R$ 12 milhões em propina da Odebrecht por meio da compra de um terreno em São Paulo. O espaço seria usado para a construção de uma nova sede do Instituto Lula. O caso se encontra na fase de alegações finais na 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba.


Programação infantil. Para o público infanto-juvenil, a TV Cultura e a Rede Globo uniram-se ao Sesame Workshop para produzir a versão brasileira do norte-americano Sesame Street, chamada no Brasil de Vila Sésamo (1972 a 1977). Logo, a TV Cultura passou a ser especialista em programas infantis educativos, como Bambalalão, que foi laureado em vários anos com o prêmio APCA de Melhor Infantil; Rá-Tim-Bum, que também recebeu o Troféu APCA e a medalha de ouro no Festival de Nova York; X-Tudo; Revistinha; Castelo Rá-Tim-Bum, programa infantil de maior sucesso da TV Cultura, que rendeu shows de suas personagens, revistas, jogos e um longa-metragem: Castelo Rá-Tim-Bum, o Filme; Mundo da Lua; Catavento, que ganhou o prêmio entregue pela televisão estatal japonesa NHK e Cocoricó, programa infantil que usa bonecos como personagens, e é também é um dos maiores sucessos da emissora. O seriado internacional mais assistido pelo público infanto-juvenil foi o Quebra-Cabeça, que também usou bonecos falantes como personagens e teve famílias e amigos dos bonecos.

Esportes. Dos programas esportivos, a TV Cultura exibiu atrações como o Cartão Verde e o Grandes Momentos do Esporte. Também passaram pela emissora diversas personalidades da narração esportiva e comentaristas como Juca Kfouri, José Trajano, Jorge Kajuru, Flávio Prado, Nivaldo Prieto, Armando Nogueira, entre outros. As copas do mundo de 1974 e 1978 foram a primeira e a segunda Copa do Mundo que a TV Cultura exibiu. Os ícones da narração na época eram Luiz Noriega e Walter Abrahão. Na copa de 1982, a TV Cultura exibiu os jogos em parceria com a Rede Globo. À época, a Globo ainda não possuía cobertura total na maioria dos estados, e a alternativa era fazer uma "rede de retransmissoras" ligadas à Cultura, e que eram mantidas, em sua maioria, por emissoras educativas, que cobriam boa parte das regiões onde a Globo ainda não era transmitida. Os narradores eram próprios da emissora carioca: Luciano do Valle (partida de abertura, partidas da seleção brasileira e a final, além de outros países) e Galvão Bueno (partidas dos outros países). Esse acordo só foi possível porque a emissora transmitiu em conjunto com a Rede Globo e a rede de emissoras educativas os Jogos Olímpicos de Verão de 1980, além de já ter transmitido também os Jogos Olímpicos de Verão de 1976.


A MORTE DE WLADO




O Jornalista Wladmir Herzog no estúdio da TV Cultura em meados nos anos 1970. 
Acervo da Folha de São Paulo.


Vladimir Herzog, nascido Vlado Herzog (Osijek, Reino da Iugoslávia, 27 de junho de 1937 – São Paulo, 25 de outubro de 1975), foi um jornalista, professor e dramaturgo brasileiro.

Naturalizado brasileiro, Vladimir também tinha paixão pela fotografia, atividade que exercia por conta de seus projetos com o cinema. Passou a assinar "Vladimir" por considerar que seu nome soasse exótico para os brasileiros. Na década de 1970, assumiu a direção do departamento de telejornalismo da TV Cultura e também foi professor de jornalismo na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da Universidade de São Paulo (USP).

O nome de Vladimir tornou-se central no movimento pela restauração da democracia no país após 1964. Militante do Partido Comunista Brasileiro, foi torturado e assassinado pelo regime militar brasileiro durante a ditadura nas instalações do DOI-CODI, no quartel-general do II Exército, no município de São Paulo, após ter se apresentado voluntariamente ao órgão para "prestar esclarecimentos" sobre suas ligações com o Partido Comunista Brasileiro (PCB).

Primeiros anos. Herzog nasceu na cidade de Osijek, em 1937, na então Iugoslávia (atual Croácia), filho do casal de origem judaica Zigmund Herzog e Zora Wolner. Durante a Segunda Guerra Mundial, para escapar do antissemitismo praticado pelo estado fantoche da Croácia, então controlado pela Alemanha Nazista, que ocupava a Iugoslávia desde 1941, o casal fugiu primeiramente para a Itália e viveram no país clandestinamente, decidindo depois emigrar com o filho para o Brasil, terminado o conflito.

Educação e carreira. Herzog se formou em Filosofia pela Universidade de São Paulo, em 1959. Depois de formado, trabalhou em importantes órgãos de imprensa no Brasil, como O Estado de S. Paulo. Nessa época, passou a assinar "Vladimir", em vez de "Vlado", por acreditar que seu nome verdadeiro soaria um tanto exótico no Brasil. Vladimir também trabalhou por três anos na BBC de Londres.

Na década de 1970, assumiu a direção do departamento de telejornalismo da TV Cultura, de São Paulo. Também foi professor de jornalismo na Escola de Comunicações e Artes da USP. Na mesma época, envolvido com intelectuais do teatro, também atuou como dramaturgo. Mais tarde, Vladimir, que foi vinculado do Partido Comunista Brasileiro, passou a atuar politicamente no movimento de resistência contra a ditadura militar.

Prisão e morte. Contexto. Em 1974, o general Ernesto Geisel tomou posse da Presidência da República com um discurso de abertura política (na época chamado de "distensão"), o que na prática significaria a diminuição da censura, investigar as denúncias de torturas e dar maior participação aos civis no governo. Todavia, o governo enfrentava dois infortúnios: a derrota nas eleições parlamentares e a crise do petróleo. Além disso, o general Ednardo D'Ávila Mello, comandante do II Exército, fazia afirmações de que os comunistas estariam infiltrados no governo de São Paulo, na época chefiado por Paulo Egydio Martins, o que criou uma certa tensão entre estes. Nesse cenário, a linha dura sentiu-se ameaçada, e em 1975 a repressão continuava forte. O Centro de Informações do Exército (CIE) se voltou essencialmente contra o Partido Comunista Brasileiro, do qual Herzog era militante, mas não desenvolvia atividades clandestinas. Através do jornalista Paulo Markun, Herzog chegou a ser informado que seria preso, mas não fugiu.

A prisão. Em 24 de outubro de 1975, época em que Herzog já era diretor de jornalismo da TV Cultura, após campanha contra a sua gestão, levada a cabo na Assembleia Legislativa de São Paulo pelos deputados Wadih Helu e José Maria Marin, pertencentes ao partido de sustentação do regime militar, a ARENA,[13][14] agentes do II Exército convocaram Vladimir para prestar depoimento sobre as ligações que ele mantinha com o Partido Comunista Brasileiro, partido que atuava na ilegalidade durante o regime militar. No dia seguinte, Herzog compareceu espontaneamente ao DOI-CODI. Ele ficou preso com mais dois jornalistas, George Benigno Jatahy Duque Estrada e Rodolfo Oswaldo Konder.[15] Pela manhã, Vlado negou qualquer ligação ao PCB. A partir daí, os outros dois jornalistas foram levados para um corredor, de onde puderam escutar uma ordem para que se trouxesse a máquina de choques elétricos. Para abafar o som da tortura, um rádio com som alto foi ligado. Posteriormente, Konder foi obrigado a assinar um documento no qual ele afirmava ter aliciado Vlado "para entrar no PCB e listava outras pessoas que integrariam o partido." Logo, Konder foi levado à tortura, e Vlado não mais foi visto com vida.

A morte. Foto de Vladimir Herzog morto no DOI-CODI de São Paulo, tirada por Silvaldo Leung Vieira
O Serviço Nacional de Informações recebeu uma mensagem em Brasília de que naquele dia 25 de outubro: "cerca de 15h, o jornalista Vladimir Herzog suicidou-se no DOI/CODI/II Exército". Na época, era comum que o governo militar divulgasse que as vítimas de suas torturas e assassinatos haviam perecido por "suicídio", fuga ou atropelamento, o que gerou comentários irônicos de que Herzog e outras vítimas haviam sido "suicidados" pela ditadura. O jornalista Elio Gaspari comenta que "suicídios desse tipo são possíveis, porém raros. No porão da ditadura, tornaram-se comuns, maioria até."

Foto de Vladimir Herzog morto no DOI-CODI de São Paulo, tirada por Silvaldo Leung Vieira


Conforme o Laudo de Encontro de Cadáver expedido pela Polícia Técnica de São Paulo, Herzog se enforcara com uma tira de pano - a "cinta do macacão que o preso usava" - amarrada a uma grade a 1,63 metro de altura. Ocorre que o macacão dos prisioneiros do DOI-CODI não tinha cinto, o qual era retirado, juntamente com os cordões dos sapatos, segundo a praxe naquele órgão.[16] No laudo, foram anexadas fotos que mostravam os pés do prisioneiro tocando o chão, com os joelhos fletidos - posição em que o enforcamento era impossível. Foi também constatada a existência de duas marcas no pescoço, típicas de estrangulamento.

Vladimir era judeu, e a tradição judaica manda que suicidas sejam sepultados em local separado. Mas quando os membros da Chevra kadisha – responsáveis pela preparação dos corpos dos mortos segundo os preceitos do judaísmo – preparavam o corpo para o funeral, o rabino Henry Sobel, líder da comunidade, viu as marcas da tortura. "Vi o corpo de Herzog. Não havia dúvidas de que ele tinha sido torturado e assassinado", declarou. 

Assim, foi decidido que Vlado seria enterrado no centro do Cemitério Israelita do Butantã, o que significava desmentir publicamente a versão oficial de suicídio. As notícias sobre a morte de Vlado se espalharam, atropelando a censura à imprensa então vigente. Sobel diria mais tarde: "O assassinato de Herzog foi o catalisador da volta da democracia".

Anos depois, em outubro de 1978, o juiz federal Márcio Moraes, em sentença histórica, responsabilizou o governo federal pela morte de Herzog e pediu a apuração da sua autoria e das condições em que ocorrera. Entretanto nada foi feito. Em 24 de setembro de 2012, o registro de óbito de Vladimir Herzog foi retificado, passando a constar que a "morte decorreu de lesões e maus-tratos sofridos em dependência do II Exército – SP (Doi-Codi)", conforme havia sido solicitado pela Comissão Nacional da Verdade. Em 2018, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Brasil por negligência na investigação do assassinato do jornalista.


Ato inter-religioso. Missa em homenagem a Vladimir Herzog reuniu 8 mil pessoas na Praça da Sé, em São Paulo, no dia 31 de outubro de 1975


Depois do Ato Institucional n° 5, de 13 de dezembro de 1968, o ato inter-religioso pela morte de Vladimir Herzog foi a primeira grande manifestação de protesto da sociedade civil contra as práticas da ditadura militar. Reuniu milhares de pessoas dentro e fora da Catedral da Sé, na cidade de São Paulo, entre elas figuras conhecidas, artistas e intelectuais, como o filósofo francês Michel Foucault, cujas aulas na FFLCH da USP tiveram de ser interrompidas. O assassinato colocara uma grande questão religiosa. Os judeus não enterram suicidados dentro de seu cemitério, mas fora dele. Assim o enterro de Herzog, dentro do cemitério Israelita, e a respectiva cerimônia se tornaram atos contra o regime militar.

O então secretário de Segurança Estadual Erasmo Dias bloqueou a cidade inteira com barreiras policiais, impedindo o acesso à Catedral e o trânsito na cidade, mesmo assim as pessoas desceram de seus ônibus e automóveis e se dirigiram a pé até a catedral, no centro da cidade. A própria Praça da Sé, situada em frente a catedral, se encontrava totalmente tomada por policiais, seus cavalos e cachorros, que iam até praticamente a calçada da rua que separa as escadarias da Sé. Apesar da repressão a missa ocorreu silenciosamente até o seu final com cerca de oito mil pessoas em seu interior, e milhares na escadaria que gritando slogans pela volta da democracia. Ao final carros sem placa atiraram bombas de gás lacrimogênio contra os participantes que tentavam sair da Catedral em passeata, dispersando o movimento (Celso Lungareti, "Vladimir Herzog é assassinado: o Brasil repudia o DOI-CODI".)

Registra ainda Celso Miranda em Vladimir Herzog: Mataram o Vlado de 01/10/2005 00h00.

“Nas ruas de São Paulo, o clima era outro. Ainda na segunda-feira, cerca de 30 mil estudantes da USP, PUC e Fundação Getúlio Vargas entraram em greve. A garotada queria marchar pela cidade, mas aguardava a reunião com os jornalistas. Juntos, aprovaram a realização de um ato religioso pela memória de Vlado na sexta, dia 31. O cardeal Arns tomou a iniciativa: ofereceu a catedral da Sé e disse que estaria lá. (...) No dia seguinte, o povo estava na rua e (com a missa) fazia a primeira manifestação contra a ditadura após o AI-5. Um pouco antes da hora do culto, dois secretários do governador Paulo Egydio Martins ainda procuraram o arcebispo de São Paulo e lhe pediram para cancelar o evento. “Fui informado que existiriam mais de 500 policiais na praça com ordem de atirar ao primeiro grito. Se houvesse protestos, eles metralhariam a população”, lembra dom Paulo. A estratégia dos manifestantes era chegar à praça em pequenos grupos, evitando aglomerações. Cerca de 8 mil pessoas se espalharam pelas escadarias da Sé. As que conseguiram entrar viram o cardeal, o rabino Henry Sobel e mais 20 sacerdotes, entre eles dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife. “Ninguém toca impunemente no homem, que nasceu do coração de Deus para ser fonte de amor”, disse dom Paulo. “Nas minhas dores, ó Senhor, fica ao meu lado”, respondeu a audiência. Vladimir Herzog: Mataram o Vlado de 01/10/2005”



Pós-morte. Gerando uma onda de protestos de toda a imprensa mundial, mobilizando e iniciando um processo internacional em prol dos direitos humanos na América Latina, em especial no Brasil, a morte de Herzog impulsionou fortemente o movimento pelo fim da ditadura militar brasileira. Após a morte de Herzog, grupos intelectuais, agindo em jornais e grupos de atores, no teatro, como também o povo, nas ruas, entre outros, se empenharam na resistência contra a ditadura do Brasil. Diante da agonia de saber se Herzog havia se suicidado ou se havia sido morto pelo Estado, criaram-se comportamentos e atitudes sociais de revolução. Em 1976, por exemplo, Gianfrancesco Guarnieri escreveu Ponto de Partida, espetáculo teatral que tinha o objetivo de mostrar a dor e a indignação da sociedade brasileira diante do ocorrido. Segundo o próprio Guarnieri:

[...] Poderosos e dominados estão perplexos e hesitantes, impotentes e angustiados. Contendo justos gestos de ódio e revolta, taticamente recuando diante de forças transitoriamente invencíveis. Um dia os tempos serão outros. Diante de um homem morto, todos precisam se definir. Ninguém pode permanecer indiferente. A morte de um amigo é a de todos nós. Sobre tudo quando é o Velho que assassina o Novo.

Manifestantes portam cartaz de Latuff contra editorial da Folha de S.Paulo, que chamou a ditadura militar de "ditabranda".
Vladimir era casado com a publicitária Clarice Herzog, com quem tinha dois filhos. Após a morte do marido, além do trauma da perda, ela teve muita dificuldade em explicar aos filhos pequenos o que havia ocorrido com o pai. Corajosa e obstinada, Clarice conseguiu, depois de três anos (1978), que a União fosse responsabilizada judicialmente pela morte de Vlado. Para ela, não foi um consolo saber que sua morte desencadeou a primeira reação popular contra a brutalidade da repressão política do regime.
"Vlado contribuiria muito mais para a sociedade se estivesse vivo", diz.

Em 15 de março de 2013 a família de Herzog recebeu um novo atestado de óbito, substituindo a definição anterior, "asfixia mecânica por enforcamento", por "lesões e maus tratos".

Em 20 de maio de 2016, após mais de 40 anos do ocorrido e três tentativas anteriores, o Caso Herzog chegou à Corte Interamericana de Direitos Humanos, onde foi julgado em 2018. A CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) da OEA (Organização dos Estados Americanos) condenou o Brasil por crime de lesa-humanidade por não investigar, julgar ou punir os responsáveis pela morte do jornalista Vladimir Herzog, do dia 25 de outubro de 1975.

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A TV E REDE RECORD



A Record é uma rede de televisão comercial aberta brasileira. Atualmente é a terceira maior emissora de TV comercial do Brasil, e a 28.ª maior no ranking mundial de 2012. Em 2010, foi eleita pelo mercado publicitário como a quinta maior emissora do mundo em faturamento e a oitava maior rede em estrutura física. Em dezembro de 2021, ocupou a segunda colocação dentre os canais mais assistidos do país no Painel Nacional de Televisão, atrás apenas da TV Globo.

Principal integrante do Grupo Record, a rede está sediada na cidade de São Paulo, de onde também é gerada, no Teatro Dermeval Gonçalves, maior parte de sua programação, e conta com sucursal no Rio de Janeiro, onde são produzidas, no complexo Casablanca Estúdios (RecNov), suas telenovelas e outros formatos. Sua cobertura nacional se dá pela retransmissão de 106 emissoras, sendo quinze próprias e 91 afiliadas.

Sua estação geradora foi inaugurada na capital paulista em 27 de setembro de 1953 pelo empresário Paulo Machado de Carvalho, proprietário até então de um conglomerado de rádios, através de concessão obtida em novembro de 1950, ano em que a televisão foi lançada no Brasil. A Record foi a quarta emissora a operar no país após a TV Tupi São Paulo (1950), a TV Tupi Rio de Janeiro (1951) e a TV Paulista (1952). Durante a década de 1950, a Record e sua afiliada TV Rio eram os canais de segunda maior audiência nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, sendo superada em ambas as cidades apenas pela TV Tupi.

Ao decorrer da década de 1960, o canal tornou-se popular, chegando a liderar em audiência e superar a TV Tupi com a exibição de festivais musicais como os de MPB e Jovem Guarda. Neste período, a Record encabeçava a Rede de Emissoras Independentes (REI), cadeia que integrava estações de diversas localidades do Brasil. No início da década de 1970, a REI, ao lado da Globo e da Tupi, era uma dos três grandes grupos geradores do país, com os três grupos operando cerca de 64 estações geradoras de televisão. Na mesma época foi superada em audiência pela Globo e pela Tupi, ocupando a terceira posição. Ainda na década de 1970, o empresário e apresentador de TV Silvio Santos adquire metade das ações do canal através de sociedade com os Machado de Carvalho. Ao longo da segunda metade da década de 1970 e durante a década de 1980 a audiência da emissora despenca para o quinto lugar no Ranking Nacional de Emissoras, perdendo para a Globo, SBT, Bandeirantes e a Manchete.

Em 1989, a Record, após estar sob situação financeira desfavorável na segunda metade daquela década, foi vendida ao bispo Edir Macedo, fundador e líder da Igreja Universal do Reino de Deus. A nova aquisição impulsionou grandes investimentos na estrutura da emissora, que na década de 1990 formou sua rede nacional com compras de canais e afiliações, resultando em seu posicionamento, de 2007 a 2015, como a segunda maior rede do país em audiência e faturamento até ser ultrapassada pelo SBT. No entanto, volta a ocupar desde 2020 a vice-liderança, ultrapassando novamente o canal de Silvio Santos. A partir de 2012, ambas as emissoras passaram a disputar intensamente décimos pontuais e a revezar-se no ranking do IBOPE.

História. Antecedentes. Apenas dois meses depois da chegada da televisão no Brasil, o empresário e comunicador Paulo Machado de Carvalho conseguiu uma autorização para operar um novo canal de TV na cidade de São Paulo em 22 de novembro de 1950, sendo-lhe concedido o canal 7 paulistano. Na época, Paulo e sua família já eram donos de um grande conglomerado de estações de rádio e aproveitou o nome de sua então Rádio Sociedade Record para batizar seu primeiro canal de televisão; ficou decidido que a nova emissora se chamaria TV Record - um nome que remetia ao inglês recording, lembrando o principal produto do outro negócio de Carvalho, a loja de discos Record, no centro de São Paulo. Para a montagem da emissora foram providenciados modernos equipamentos vindos dos Estados Unidos que foram instalados nos seus estúdios na Avenida Miruna, no bairro de Moema, Zona Sul de São Paulo. Antes de ser lançado ao ar, o canal realizou algumas transmissões experimentais meses antes de sua inauguração exibindo o coral da Escola Normal Caetano de Campos e a orquestra da Força Pública de São Paulo.


Sandra Amaral durante a inauguração da emissora em 1953.

Lançamento e primeiros anos. O canal entrou no ar no dia 27 de setembro de 1953 às 20h53. Na primeira imagem a ser exibida pela emissora, o casal de artistas Blota Júnior e Sônia Ribeiro desceram uma escadaria e anunciaram o lançamento da Record. Após Blota realizar um discurso, iniciou-se um espetáculo com Dorival Caymmi, Inezita Barroso, Adoniran Barbosa, Isaura Garcia, Pagano Sobrinho, Randal Juliano, a orquestra de Enrico Simonetti e vários dançarinos. Esta atração musical foi apresentada por Sandra Amaral e Hélio Ansaldo.

Em seu início de operações, a emissora exibia programas musicais (dentre os quais, com celebridades como Nat King Cole, Charles Aznavour, Ella Fitzgerald e Marlene Dietrich), esportivos, teatrais, humorísticos e informativos. Em 1954, entrou no ar o primeiro seriado produzido no Brasil, Capitão 7, estrelado por Ayres Campos e Idalina de Oliveira, permanecendo até 1966. Em 1954, foi criado o programa Mesa Redonda, apresentado por Geraldo José de Almeida e Raul Tabajara. Em 1955, entrou no ar Grande Gincana Kibon, sendo apresentado por dezesseis anos.

Emissoras Unidas (1959–1967). Com o crescimento ligeiro de seu novo veículo de mídia, Paulo Machado de Carvalho uniu-se a seu cunhado João Batista do Amaral para realizar uma parceria entre a Record São Paulo e a carioca TV Rio (então canal 13 do Rio de Janeiro), originando a Rede Unidas de Televisão (ou ainda Rede das Emissoras Unidas). Com a criação da nova rede, foi construído um link entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo que permitiu a conexão via sinal UHF entre a Record e a TV Rio. Foi utilizando-se desse meio que a Record transmitiu o Grande Prêmio de Turfe do Brasil, diretamente do Jóquei Clube do Rio de Janeiro.[31] O elo entre as duas emissoras possibilitava ainda trocas de produções entre ambas. Com isso, as Emissoras Unidas passariam a conseguir afiliadas e retransmissoras pelo Brasil sob a liderança das matrizes das TVs Rio e Record.


Trecho de uma vinheta de 1960 da Record comemorando sete anos de operação.


Em 1958 foi lançado o primeiro programa regular produzido pela Record e TV Rio, o Show 713, atração na qual a tela era dividida ao meio sendo que cada lado ficava com cada emissora. O programa apresentava entrevistas, reportagens e números musicais das duas cidades de origens das emissoras. A Record encerrara a década de 1950 inaugurando seu Teatro Record na Rua da Consolação, que seria muito usado tempos depois para apresentações musicais e gravações de programas.[carece de fontes]

A emissora entra nos anos 60 transmitindo de forma pioneira a inauguração da nova capital federal Brasília se tornando a única emissora de TV fora da nova cidade a transmitir o evento, que contou com entrevistas de diversos políticos brasileiros na época incluindo o então presidente Juscelino Kubitschek.

Contudo a sede da emissora em Moema viria sofrer um incêndio em maio de 1960, fazendo com que a Rede Unidas exibisse mais atrações da cogeradora TV Rio enquanto a Record se recupera. Foi o primeiro de uma série de seis incêndios que o canal da família Machado de Carvalho viria a enfrentar, sendo o mais grave deles em julho de 1966, onde diversos rolos de fitas de arquivos da emissora se perdem. Apesar dos momentos ruins, a emissora conseguia alcançar grande prestígio exibindo várias atrações no decorrer dos anos 1960, com destaque para programas musicais como o O Fino da Bossa e os clássicos Festivais da MPB onde diversos artistas de renome como Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Elis Regina, dentre outros se apresentaram em meio a forte ditadura militar no país.

Com o surgimento da TV Globo e o crescimento de sua rival Tupi, a Record vê seu público diminuir gradativamente. Entretanto a emissora consegue lançar mais alguns sucessos de audiência como Família Trapo com Ronald Golias e Jô Soares, e o jornalístico Repórter Esso. O Teatro Record da Consolação sofre um incêndio que obriga a Record a transferir o local para a Rua Augusta mais próxima ao centro de São Paulo.



Flávio Prado, Galvão Bueno e Milton Peruzzi, então membros da equipe esportiva da Record, na década de 1970.


REI e participação de Silvio Santos (1969–1989). O empresário e apresentador de televisão Silvio Santos foi co-gestor da rede na década de 1970. Em 1967 é extinta a sociedade das Emissoras Unidas por conta de desentendimentos entre os diretores das TVs Rio e Record (pelo fato de o canal carioca ter adquirido produções da TV Tupi, então rival da emissora da família Machado de Carvalho). Posteriormente, entretanto, em 1969, as duas emissoras reatam seu elo e fundam a Rede de Emissoras Independentes, que ficou conhecida pelo acrônimo REI. Imediatamente a isso, o empresário Silvio Santos adquire metade da Record e a utiliza para exibir alguns de seus programas (uma vez que o animador havia perdido espaço em outros canais de televisão). Apesar de inicialmente não concordar, os antigos proprietários da Record acabam acatando o acordo para que Silvio co-operasse a emissora.

Nesta época, a Record havia perdido consideravelmente seu público para as TVs Tupi, Globo e também para a recente Rede Bandeirantes de João Saad. Pouco tempo depois, a TV Rio é desligada das Emissoras Independentes e a Record se torna a única geradora da rede. A REI realiza a transmissão da Copa do Mundo FIFA de 1970 diretamente do México, marcando a primeira Copa a ser transmitida pela Record. O canal traz também para o seu elenco de artistas o animador Chacrinha.

Paulo Machado de Carvalho e Silvio Santos passaram administrar juntos a Record na década de 1970.
Mas com a queda que gradativamente ia afetando a Record, o canal decide vender seu Teatro da Rua Augusta, no centro da capital paulista. Enquanto isso, Silvio Santos inaugura um novo canal de TV no Rio de Janeiro chamado TVS e passa a trocar produções dessa emissora com a Record, deixando seu programa na Globo. Com a estreia simultânea do Programa Silvio Santos na TVS e na Tupi, em 1976, o animador passou a ter mais comodidade para apresentar a atração. Após a chegada de Silvio Santos, o nome Rede Record passou a ser utilizado para as atividades da emissora.

Paulo Machado de Carvalho em 1968 acompanhando um jogo de futebol.O empresário e apresentador de televisão Silvio Santos foi co-gestor da rede na década de 1970.


Em 1977, a Rede Record passou a se expandir em São Paulo. O Grupo Silvio Santos divulgou um comunicado anunciando a instalação de uma repetidora no Guarujá, cobrindo o litoral paulista.

No ano de 1978, Paulo Machado de Carvalho adquire concessões para operar mais dois canais de televisão em São Paulo, para a Record: o canal 4, de Franca, e 7 de São José do Rio Preto.

Silvio anunciou, em 1980, que estava construindo no km 16 da Via Anhanguera, o autointitulado "maior centro de TV do Brasil", concentrando as atividades da Rede Record, da TVS e da Rádio Record. Contudo, investimentos maiores só aconteceriam na década de 1990, quando o empresário já era dono do Sistema Brasileiro de Televisão.

Crise e venda para Edir Macedo. Com a falência da Rede Tupi, Silvio Santos ganha algumas concessões da antiga emissora pelo governo federal e funda sua própria rede de televisão, o SBT. O empresário e animador junto a Paulo Machado passa a administrar o canal 9 do Rio de Janeiro (que também havia vencido na licitação que concorreu), que com isso foi transformado na Record Rio de Janeiro em 1982, tornando-se a quarta emissora própria do canal (visto que já existiam, além da matriz de São Paulo, as outras duas do interior do estado já citadas).

Depois da fundação do SBT, em 1981, a Record São Paulo ficou em segundo plano para Silvio Santos, mas a família Machado de Carvalho, coproprietária do canal, insistia em investir na pequena emissora. Em 1983, estreou o programa Especial Sertanejo, sob o comando de Marcelo Costa, enquanto que o jornalismo seguiu como carro-chefe da emissora com a estreia do Jornal da Noite. Em 1985, o SBT se consolidou nacionalmente em estrear sua programação em rede nacional via satélite para todo o Brasil, através do Brasilsat, canal exclusivo da Embratel. Em 1986, a Record transmitiu sua segunda Copa do Mundo num pool com o SBT diretamente do México. No ano de 1987, o Programa Silvio Santos deixa de ser exibido na Record.

A partir de 1988, começou a surgir o interesse na venda da Rede Record. Uma das interessadas foi o Grupo Abril, que buscou comprar a parte pertencente à família Machado de Carvalho. Logo após saber da venda do canal, o líder da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, se interessou em comprar a Record. Na época, ele estava nos Estados Unidos e ficou sabendo da venda da emissora pelo seu advogado Paulo Roberto Guimarães. Macedo nomeou o pastor Laprovita Vieira para ser o intermediário da compra da Record. Laprovita fez uma reunião com Demerval Gonçalves, representante de Silvio Santos e de Paulo Machado de Carvalho, na antiga sede da emissora, no bairro da Moema em São Paulo; a negociação foi rápida.[40] Além da Record, Edir Macedo também adquiriu a Rádio Record.

A partir de 1990, Macedo passou a ser proprietário da Rede Record. Um dos objetivos era voltar a alcançar o segundo lugar em audiência, ocupado na época pelo SBT. Portanto, a emissora buscava a ser uma rede de televisão comercial, embora não abrisse mão dos conteúdos religiosos da Igreja Universal.
O negócio originou a criação da Central Record de Comunicação (atual Grupo Record), que se tornou o principal conglomerado midiático controlado pelo próprio Macedo que hoje inclui, além das próprias TV e Rádio Record, o portal R7, Record Entretenimento, Record News, dentre outros.[carece de fontes]

Crescimento e investimentos (1990–2007). Após a sua venda, a Record passou por drásticas mudanças: foi apresentada uma nova identidade visual em julho de 1990 e uma reformulação em seus programas que conseguiram recuperar sua audiência perdida. A emissora iniciou sua expansão nacional quando começou a transmitir seu sinal pelo satélite BrasilSat A2, passando a distribuir sua programação também nas parabólicas. O canal voltou a ganhar caráter nacional e reforçou a marca Rede Record, começando a adquirir emissoras próprias, afiliadas e retransmissoras para sua nova rede.

Em 1995, a emissora compra os antigos estúdios da TV Jovem Pan na Barra Funda, além da maioria dos equipamentos que pertenciam ao canal, incluindo algumas câmeras BETACAM, ilhas de edição e carros para transmissões externas. Apesar da compra, somente em 1998 que a Record mudaria oficialmente a sua sede para o novo prédio da Barra Funda, encerrando as atividades no prédio da Avenida Miruna, em Moema. Durante este período, a empresa contratou diversos artistas para preencher sua grade de programação dentre os quais mais se consagraram foram Eliana, Raul Gil, Gilberto Barros, Ratinho, Milton Neves e outros diversos. A Record passa a ocupar a terceira colocação na audiência nacional ultrapassando a Band e a já falida Rede Manchete.

Em 2004, a emissora decide apostar numa nova fase visando mais audiência. Com o slogan A caminho da liderança, a Record começa a ampliar suas atrações produzindo programas consagrados, novas vinhetas e telenovelas que se tornam populares. Dentre os sucessos desta nova fase, destacam-se as produções A Escrava Isaura, Prova de Amor, Vidas Opostas e Caminhos do Coração (que foi dividida em três temporadas devido à sua enorme audiência).[carece de fontes] Na época também fechou um acordo milionário com a Universal Studios, para a exibição exclusiva de filmes e séries.


Lula e Edir Macedo na cerimônia de abertura da Record News

No dia 27 de setembro de 2007 foi inaugurada a Record News, o primeiro canal de notícias da TV aberta brasileira, ocupando o sinal da antiga Rede Mulher. No dia da fundação da nova emissora do grupo estiveram presentes o governador do estado de São Paulo José Serra, o prefeito da cidade de São Paulo Gilberto Kassab, o então presidente da Record Alexandre Raposo, o proprietário Edir Macedo e o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. A cerimônia de inauguração do novo canal foi transmitida pela Rede Record dentro do Jornal da Record, além da própria Record News.

Reformulação (2010–2015). No começo de 2010, um helicóptero da Record caiu dentro do Jockey Club de São Paulo depois de sofrer uma pane. A aeronave estava naquela região para cobrir um assalto que tinha ocorrido no bairro do Morumbi, Zona Sul de São Paulo. O piloto do helicóptero, Rafael Delgado Sobrinho, morreu na hora e o cinegrafista Alexandre Silva de Moura "Borracha" foi levado em estado grave para o hospital; os dois ocupantes foram socorridos pelo Globocop da TV Globo. A Rede Record lamentou o ocorrido na época e encerrou o Jornal da Record em silêncio, sem ao menos desejar boa noite aos seus telespectadores.

Em 2010, a Record obteve 2,7 bilhões de reais de faturamento, exatos 25% a mais em relação a 2009. 
Em 2011, a emissora faturou 3,5 bilhões de reais, e, em 2012, 1,72 bilhão. As informações são do vice-presidente comercial da rede.

Em 2012, a Record transmitiu com exclusividade os Jogos Olímpicos de 2012 em Londres e as inéditas Olimpíadas de Inverno de 2010 em Vancouver. Foi a primeira vez que a rival Rede Globo ficou de fora da transmissão de uma Olimpíada.[carece de fontes]

Em 2013, a Record passou por uma reformulação, que acabou resultando na troca do alto comando da emissora. Alexandre Raposo acabou demitido e para seu lugar Luiz Cláudio Costa veio da Record Brasília para o cargo de presidente. Outra troca importante no comando foi a de Honorilton Gonçalves, por Marcelo Silva no cargo de vice-presidente da Record. Depois de passar 2012 sem muita lucratividade, a empresa contratou um serviço de consultoria para reformular suas estratégias de mercado.

Atualidade (2016–presente). Para marcar um reposicionamento da marca, a Record, na noite de 24 de novembro de 2016, durante a exibição do Jornal da Record, apresentou ao público sua nova identidade visual. O telejornal exibiu uma reportagem sobre a mudança da marca e do slogan da emissora, que passa a ser "Reinventar é a nossa marca". O nome da emissora também foi alterado para RecordTV. A  mudança ocorre para consolidar a imagem da RecordTV como uma emissora de vanguarda e multiplataforma, atrelada à televisão do futuro e reafirmar que sua atuação está além das fronteiras do Brasil e chega com seu sinal a mais de 150 países. Além disso, produtos como novelas e minisséries são exportados para países de todos os continentes.

Em 6 de novembro de 2023, a emissora adotou uma nova identidade visual e retomou seu nome original, deixando de usar RecordTV como marca.

Teledramaturgia. Telenovelas. A primeira telenovela produzida e exibida pela Record foi o folhetim A Muralha, de 1954.[56] Entre 1954 e 1977, o canal havia produzido setenta e oito telenovelas. Nesse primeiro período, ainda na era de Silvio Santos e Paulo Machado de Carvalho, destacaram-se Os Deuses Estão Mortos e As Pupilas do Senhor Reitor, sendo que esta última, segundo a Unicamp, tornou-se a novela de maior audiência da história da Record.[carece de fontes] A última produção da emissora nessa primeira fase foi Meu Adorável Mendigo de 1974, trama que encerrou o núcleo de teledramaturgia na emissora, que foi desmontado e os profissionais dispensados após este período. Em 1977, no entanto, a emissora exibiu O Espantalho, uma parceria com a autora Ivani Ribeiro, que havia começado no canal em 1954. Entre 1999 e 2004 foram produzidas de forma despretensiosa oito telenovelas adicionais, originárias de parcerias da Record com empresas independentes.

Em 10 de maio de 2004, Herval Rossano foi contratado como diretor geral de teledramaturgia e passou a orientar a emissora na reestruturação, promovendo o investimento na compra de equipamentos de última geração, novos estúdios e expansão da equipe, além da aquisição de um casting de autores em ascensão e novos atores qualificados. O diretor apresentou a proposta de sete tramas de autores diferentes antes que fosse escolhida qual reestrearia a dramaturgia na emissora. Além da telenovela de estreia desta nova fase, A Escrava Isaura, se destacaram diversas outras produções, como Vidas Opostas, Prova de Amor, Amor e Intrigas, Chamas da Vida e Caminhos do Coração.


Bianca Rinaldi com o figurino da protagonista Isaura da novela A Escrava Isaura.

Em 2015, foi produzida a trama Os Dez Mandamentos, a primeira telenovela bíblica da emissora e do Brasil. Os Dez Mandamentos foi um sucesso imediato e fez história na televisão brasileira. Com a novela, a emissora bateu um recorde de audiência ao ultrapassar pela primeira vez em 40 anos a principal novela da Globo. Com o sucesso da novela, a Record decidiu em outubro de 2015 que o horário das 20h30 seria apenas dedicado às produções bíblicas. A novela também foi transmitida em vários países (como na Argentina pela Telefe).



Em 19 de janeiro de 2021, com o lançamento da novela Gênesis, a Record conseguiu ganhar de sua concorrente em duas capitais e tornar uma das produções mais seguida do mundo.

Minisséries e séries. Até o momento a Record exibiu mais de 20 séries, seriados e minisséries em suas diferentes fases, desde a década de 1950. Também a partir da retomada do núcleo de teledramaturgia da emissora, em outubro de 2004, além das telenovelas, algumas séries e minisséries foram produzidas, em sua maioria com temática bíblica ou policial.




Identidade visual. Desde sua fundação em 1953, a Record apresentou diversas identidades visuais. Sua primeira logomarca foi uma rosa-dos-ventos com a descrição "TV Record". Desde então, vários símbolos foram adotados para a identificação visual da emissora, sendo que até mesmo um tigre foi adotado como um mascote do canal na década de 1960, assim como suas então principais rivais naquela época Tupi e Excelsior (que usavam um índio e duas crianças em suas vinhetas, respectivamente).
Cobertura.

Atualmente, a Record possui 15 emissoras próprias e 96 afiliadas, totalizando 111 emissoras. Foi uma das pioneiras no Brasil na transmissão digital.


A jornalista da Record, Adriana Bittar, durante a gravação de uma matéria jornalística em Pretória, na África do Sul.



Cobertura internacional. Criada em 2002, a Record Internacional está presente em 150 países e leva programas que são sucesso no Brasil. A Record Internacional contém seis canais que levam sinal digital pelo mundo e 17 emissoras. A emissora é também afiliada à CNN International. Na África, a Record está em Moçambique, Uganda, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Madagascar. Em Moçambique, a TV Miramar, que faz parte da Record Internacional, tem 10 emissoras e tem diversos programas locais de grande sucesso. Adicionalmente, a emissora também transmite para toda a Ásia, sendo que essa cobertura é feita por dois satélites: Asiasat 2 e Jsat. Nos Estados Unidos, a cobertura é feita pelos satélites NSS-806 e EchoStar e é distribuída pela Comcast e pela Dish Network. Na Europa, a Record é a única televisão brasileira disponível sem nenhum pagamento de assinatura. A cobertura atinge todos os países do continente.

Capa da autobiografia de Edir Macedo publicado pela Editora Planeta


Controvérsias, perseguições  e prisão de Edir Macedo. A venda da Record em 1989 para o empresário Edir Macedo até hoje é motivo de controvérsias: a Polícia Federal realizou uma investigação na qual descobriu que parte do dinheiro usado por Macedo para a compra da estação consistia em empréstimos sem juros de sua Igreja Universal. O líder da IURD foi condenado a pagar uma multa por não ter declarado esse dinheiro. No ano de 1992, os estúdios da emissora, ainda localizados na Moema, sofreram um novo incêndio onde vários documentos relativos a venda da Record se perderam, fazendo com que a transação devesse mais explicações satisfatórias.

No ano de 1992, Edir Macedo foi preso logo após ter realizado um culto no Templo Maior da Igreja Universal no bairro de Santo Amaro em São Paulo sob a acusação de charlatanismo, estelionato e lesão à crendice popular". O então novo dono da Record ficou preso durante 11 dias e foi solto por falta de provas, posteriormente livrando-se das acusações. 

Cenas da prisão de EDir Macedo no  filme biográfico baseado no livro Nada a perder. 


No final de 1995, Macedo seria mais uma vez alvo de polêmica ao aparecer em um vídeo gravado em 1990 por um ex-integrante da IURD e veiculado na TV Globo onde o líder espiritual aparecia ensinando outros pastores a convencer fiéis a doar dinheiro para a sua igreja. Com a viralidade do vídeo na internet, Macedo tentou pedir a justiça para que cópias da reportagem da Globo saíssem do YouTube, mas teve seu pedido negado.

Entre 2008 e 2009, a Universal foi acusada de lavagem de dinheiro e seus integrantes, incluindo Edir Macedo, foram acusados por formação de quadrilha. O caso ganhou notoriedade, principalmente, por ter sido bastante veiculado novamente pela Rede Globo dentro do Jornal Nacional. Em resposta, a Record apresentou dentro do seu Jornal da Record várias acusações antigas que a Globo tinha como suas supostas ligações no resultado das eleições para presidente em 1989 e também com a Ditadura Militar. O caso posteriormente foi arquivado e a Record novamente criticou a Globo por não noticiar a inocência de Edir Macedo.

Segundo a revista Forbes, Edir Macedo é o pastor mais rico do Brasil, tendo um patrimônio estimado em janeiro de 2013, em quase dois bilhões de reais. A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e Edir Macedo contestaram e afirmaram em nota que, embora a Rede Record seja de sua propriedade, Macedo não seria remunerado nem participaria de lucros ou quaisquer outros recursos financeiros provenientes da emissora e que os mesmos seriam reinvestidos na Record. Seu único sustento viria da igreja através da "ajuda de custo" paga a pastores e bispos pela instituição e dos direitos autorais dos livros de sua autoria.

Em 2007, o jornal Folha de S.Paulo apontava que Macedo era o maior detentor de concessões na mídia eletrônica brasileira, com 23 emissoras de televisão, entre elas a Rede Record, e 40 emissoras de rádio, e que a extensão financeira do conglomerado, registrada no então paraíso fiscal da Ilha de Jersey, serviria para "lavagem de dinheiro" dos dízimos recebidos pela Universal.
Relação com a Igreja Universal. Segundo a investigação, ao menos 50 empresas, como emissoras de rádio e TV (em especial a Rede Record), gráficas e agências de turismo controladas direta ou indiretamente por integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus são beneficiadas por doações feitas por fiéis da IURD em todo o país.

A Igreja Universal, juntamente com a Record e a Folha Universal, principais meios de comunicação ligados à Universal, também já tiveram inúmeros conflitos editorias com vários outros meios de comunicação no Brasil, entre eles o portal UOL, a revista Veja, o jornal Folha de S.Paulo e em especial a Rede Globo. Edir Macedo afirmou ao site da IstoÉ que a emissora carioca é um dos maiores inimigos da Universal.
 

Fotografia de um televisor exibindo o momento em que o ex-bispo Sérgio von Helde chuta a estátua.


Chute na santa. Na madrugada do feriado de 12 de outubro de 1995, dia de Nossa Senhora Aparecida comemorada pelos católicos, foi exibido na Rede Record o programa O Despertar da Fé, produzido pela Igreja Universal liderada por Edir Macedo, dono da emissora. Durante a transmissão, o então bispo e televangelista Sérgio von Helder desferiu diversos pontapés e golpes numa imagem da Santa que ele mesmo havia comprado. Além de ter praticados agressões contra a imagem, Sérgio afirmou que "Deus não poderia ser comparado a um 'boneco' tão feio, tão horrível e tão desgraçado".

O ocorrido foi noticiado pelo Jornal Nacional da concorrente Rede Globo no dia seguinte, causando grande repercussão nacional. O fato foi visto com amplas críticas não só pelos católicos, como também por outras religiões, sendo relatado como intolerância religiosa. Na época, Edir Macedo chegou a oferecer espaço na Record para alguns líderes católicos como um pedido de desculpas, sendo recusado pelos mesmos. Posteriormente, Macedo afirmou que estava sofrendo perseguição religiosa da mídia, em especial da TV Globo, chegando a afirmar que a emissora de Roberto Marinho havia lhe transformado em um "monstro".



Edir Macedo ao lado de Jair Bolsonaro e Silvio Santos durante as comemorações do Dia da Pátria de 2019.

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SILVIO SANTOS E O SBT

POSTADO NO DIA DA MORTE DO APRESENTADOR (17 DE AGOSTO DE 2024)





Silvio Santos (Senor Abravanel) nasceu em 12 de dezembro de 1930, na Travessa Bemtevi, no bairro da Lapa, na região central da cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil e sede do então Distrito Federal. Filho primogênito de um casal de imigrantes vindo em 1924 para o Brasil: Alberto Abravanel (1897–1976), um imigrante judeu sefardita nascido na cidade de Tessalônica (hoje parte da Grécia), e Rebecca Caro (1907—1989) também judia de origem sefardita nascida na cidade de Esmirna (hoje parte da Turquia). Ambos os pais nasceram como súditos do Império Otomano. Silvio possui outros cinco irmãos: Beatriz (a mais velha), Perla, Sara (Sarita), Leon (Léo) e Henrique (o mais novo). Seus pais estão sepultados no Cemitério Comunal Israelita do Caju, Rio de Janeiro. A mãe de Senor é quem o chamava de "Silvio". O sobrenome artístico surgiu quando Senor foi participar do programa de calouros comandado pelo apresentador Jorge Curi e o produtor Mário Ramos.

Educação e serviço no Exército Brasileiro. Senor e o irmão Léo frequentaram a Escola Primária Celestino da Silva, na rua do Lavradio, perto de onde moravam (rua Gomes Freire). Terminado o primário, estudaram na Escola Técnica de Comércio Amaro Cavalcanti, no Largo do Machado, onde Senor se formou técnico em contabilidade. O primeiro tipo de produto que começou a comercializar foi capa para título de eleitor (o Brasil entrava numa fase de redemocratização após a ditadura do Estado Novo) Sua voz começou a chamar a atenção e foi chamado para fazer um teste na Rádio Guanabara. Passou em primeiro lugar, mas preferiu voltar a trabalhar como camelô porque faturava mais. Em 1948, serviu o Exército Brasileiro na Escola de Paraquedistas, no bairro de Deodoro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde se destacou com saltos considerados bons.


Silvio Santos (à direita) com a equipe da Rádio Nacional de São Paulo


Início como comunicador. Enquanto seguia no Exército, Silvio Santos voltou para o rádio. Como não atuava como paraquedista aos domingos, passou a trabalhar na Rádio Mauá nesse dia da semana, acompanhando o programa de Silveira Lima. Depois, transferiu-se para a Rádio Tupi. Nessa época, chegou a fazer algumas figurações para a TV Tupi. Também trabalhou na Rádio Continental, de Niterói.

Por trabalhar em Niterói, Silvio era usuário do serviço de barcas do Rio de Janeiro. Ao perceber que podia colocar um sistema de música para animar as viagens, apostou nesse novo tipo de serviço e pediu demissão da Continental. Conseguiu a aparelhagem e criou um serviço que trazia música e propagandas. O sucesso foi tanto que as barcas passaram a ter um bar e um bingo, onde o consumidor comprava um refrigerante e ganhava uma cartela para concorrer a prêmios como jarras e quadros.

Com o êxito no sistema de barcas, Silvio passou a ser o principal cliente da Antarctica na venda de refrigerantes e cervejas. Logo, passou a ser amigo de um dos diretores da empresa. Quando a barca ficou em reparos, Silvio foi convidado a ir para São Paulo. Conseguiu uma vaga na Rádio Nacional de São Paulo e continuou a carreira de empresário, criando uma revista chamada Brincadeiras para Você. Criou também uma caravana para se apresentar aos sábados e domingos em circos e clubes ao lado de outros artistas, que acabou ganhando o nome de "Caravana do Peru que Fala" devido ao apelido dado pelo amigo Manuel de Nóbrega, que fazia brincadeiras com Silvio em seu programa no rádio, deixando-o vermelho. Em 1958, Silvio participou de alguns "teledramas" na TV Paulista.

Começo do Baú da Felicidade. Em 1958, Manuel de Nóbrega administrava junto com um alemão o Baú da Felicidade, que vendia brinquedos a prazo. O radialista contribuía com anúncios na Rádio Nacional, enquanto o sócio tocava a empresa. Entretanto, ele passou a ter dificuldades com a companhia, que não conseguia entregar os baús de brinquedos. Manuel havia sido traído pelo sócio alemão que ficou com o dinheiro. Silvio assumiu a empresa, atendendo a um pedido de Manuel. Ao conhecer a sede, descobriu que o Baú da Felicidade funcionava numa espécie de "porão" na rua Libero Badaró. Silvio pediu ao alemão para que fosse embora. E pediu para que Manuel de Nóbrega continuasse a fazer os anúncios na Rádio Nacional.

O negócio passou a crescer sob o comando de Silvio Santos que mudou a sede da empresa, além de conseguir uma parceria com a Estrela na fabricação de 40 mil bonecas. Manuel de Nóbrega deixou a empresa sem jamais ter conhecido a sede (ele mesmo não se considerava um homem de negócios), fazendo com que Silvio assumisse o controle da companhia. O Baú passou a ser base dos programas que Silvio viria a apresentar na televisão. Dessa forma, Silvio manteve o sistema de crediário, mas criou lojas em que as pessoas poderiam trocar os carnês quitados por brinquedos ou eletrodomésticos.

Começo e expansão na televisão. Silvio ganhou a chance de estrelar seu programa de televisão, adaptando o formato dos shows, espetáculos e sorteios que fazia no circo. Seu primeiro programa, Vamos Brincar de Forca, estreou em 1960 e era transmitido pela TV Paulista canal 5 de São Paulo à noite, tendo obtido um imenso sucesso. Ficou poucos meses nessa faixa de horário, pois a TV Paulista desejava uma programação de variedades nas tardes de domingo, já que a emissora só iniciava a programação por volta das 15h30. Já em 1963, foi lançado o Programa Silvio Santos, sua principal marca. Outras de suas marcas conhecidas também começaram a ser veiculadas nessa época: em dezembro de 1962, entrou no ar o Pra Ganhar É Só Rodar; em 1965, já existia o Festival da Casa Própria, este na TV Tupi.

Na Tupi, apresentava programas às quartas-feiras, incluindo atrações como Festa dos Sinos, Cidade contra Cidade e Silvio Santos Diferente, que foi transferido para a Record em 1976, ficando no ar de março a setembro, quando Silvio parou temporariamente de fazer programas à noite.

Em 1966, a TV Paulista se transformou na TV Globo São Paulo, e Silvio assinou um contrato de cinco anos com os novos proprietários. Atingiu a liderança de audiência ao vencer o programa Jovem Guarda, de Roberto Carlos, na Record.

Na medida em que aumentava o sucesso do Programa Silvio Santos, Silvio tinha ótimos resultados financeiros. Realizava sorteios de carros, móveis e eletrodomésticos, o que motivou a expansão dos negócios através da loja de móveis Tamakavy e a concessionária de veículos Vimave.


Silvio Santos no programa infantil "Revelações" da TV-Rio, 1964

Quase tudo o que sei sobre o público, aprendi com um domador de circo. O público é como um leão, se você tiver medo, ele te devora!
— Silvio Santos, em entrevista para reportagem da Revista Veja, em 1969.

Em 1969, a Globo passou a exibir o Programa Silvio Santos em rede para o Rio de Janeiro, naquela altura líder absoluto de audiência. Antes, Silvio já havia feito uma experiência na televisão carioca pela TV Rio, em 1964, à frente do Revelações Kibon.

O Programa Silvio Santos começou a apresentar, em 1971, o Troféu Imprensa, premiação criada pelo jornalista Plácido Manaia Nunes. Em 1974, inaugurou a Studios Silvio Santos Cinema e Televisão Ltda, que passou a ser a base da produção de seus programas, além da produção de comerciais de TV e coberturas jornalísticas. A empresa funcionava na sede da antiga TV Excelsior.

Fundação da TVS Rio de Janeiro


Tony Tornado e Silvio Santos nos anos 1970

No início dos anos 1970, Boni e Walter Clark, diretores da TV Globo, promoveram reformas no padrão de qualidade da emissora, investindo em filmes, esporte, jornalismo e novelas e acabando com os programas independentes. Para os executivos, o programa de Silvio Santos destoava da grade de programação.

O apresentador quase saiu da emissora em 1972, mas Roberto Marinho o convenceu a ficar, renovando o contrato por mais quatro anos. Silvio buscava uma concessão de televisão, mas o contrato com a Globo o impedia de ser sócio de uma outra emissora de TV. Até que Dermerval Gonçalves, empresário e amigo próximo de Silvio, procurou o empresário Joaquim Cintra Godinho, para que pudesse emprestar o nome na compra das ações da TV Record até que Silvio encerrasse o vínculo com a Globo. O negócio foi feito, e Cintra Godinho manteve esse segredo até o último instante. Tudo isso foi necessário para que Silvio não ficasse fora do ar em São Paulo.

A primeira etapa para conseguir um canal próprio de televisão seria no Rio de Janeiro, após a abertura de concorrência pelo canal 11. A intenção de Silvio em ter o canal recebeu o apoio de artistas do Brasil inteiro. Até mesmo Carlos Imperial, então crítico de seus programas, manifestou apoio a Silvio Santos.
Silvio Santos, Euclides Quandt de Oliveira (então Ministro da Comunicação) e Manuel de Nóbrega durante reunião em 1975, ano em que o apresentador foi autorizado a ter televisão própria. No dia 22 de dezembro de 1975, o presidente Ernesto Geisel e o ministro Quandt de Oliveira assinaram o decreto 76.488, outorgando a frequência para Silvio Santos. A oficialização da concessão aconteceu em Brasília, com a presença de Silvio e de Manuel de Nóbrega, que relembraram o início da amizade em São Paulo Silvio pretendia que Manuel fosse diretor-superintendente do novo canal, mas o amigo estava em tratamento de um câncer e faleceu no dia 17 de março de 1976 sem ver a estação ser inaugurada.

O primeiro desafio de Silvio Santos era colocar o canal no ar em pouco tempo. Silvio comprou equipamentos nos Estados Unidos, mas viu nos jornais que haveria um leilão da massa falida da TV Continental. Estando interessado na torre, Silvio arrematou o equipamento. A mídia da época informou que o apresentador havia arrematando sucata, mas foi descoberto que os equipamentos da Continental eram aptos para transmitir a cores. Assim, em 14 de maio de 1976, foi inaugurada a TVS Rio de Janeiro. A programação da emissora era composta por séries e filmes. A partir do dia 1.º de agosto de 1976, uma semana depois de deixar a Globo, o Programa Silvio Santos passou a ser exibido na TVS. O ano de 1976 também foi marcado pela formalização da compra de 50% das ações da TV Record. Assim, o Programa Silvio Santos era transmitido pela Rede Tupi, TVS e Record.

Em 1977, Silvio Santos entrou no mercado das telenovelas, quando seu estúdio produziu a novela O Espantalho, sendo exibido na TVS e na Record.

Formação do SBT. Silvio prosseguiu na Rede Tupi, embora já houvesse rumores de que a emissora poderia ser fechada. Em seu último contrato, válido a partir do dia 1.º de fevereiro de 1980, havia uma cláusula que permitia a Silvio migrar para outra rede, sem pagar multa, em caso de excepcional importância.[19] E o fechamento total da Tupi aconteceu no dia 16 de julho de 1980.[19] As emissoras que até então exibiam a Tupi, acabaram migrando para a TVS. Enquanto isso, o governo federal abriu licitação para os canais cassados da Tupi e as emissoras que estavam desativadas - o canal 9 de São Paulo, da Excelsior, e o canal 9 do Rio, da Continental.[19] Começou uma batalha política para que Silvio pudesse ser o concessionário dos canais desativados - entre os concorrentes estavam empresas como a Rádio Jornal do Brasil, Grupo Abril, o Grupo Bloch e a rede de rádios do empresário Paulo Abreu. Silvio pediu para o IBOPE fazer uma pesquisa para perguntar aos brasileiros sobre quais grupos o governo deveria entregar as concessões de televisão. Os resultados que colocavam o apresentador como grande favorito do público foram publicados nos jornais no dia 26 de outubro de 1980.


Silvio Santos (esquerda) junto ao então presidente João Figueiredo e sua filha Silvia Abravanel, nos anos 1980.


Em 1981, através de um lobby com a primeira-dama Dulce Figueiredo, com quem tinha longas conversas por telefone, Silvio Santos foi um dos vencedores da concorrência pública do governo federal. A outra empresa vencedora foi o Grupo Bloch, que formou a Rede Manchete. O Sindicato dos Radialistas de São Paulo reclamou do resultado da licitação. A entidade afirmou que Silvio estava mais preocupado em vender carnês do Baú da Felicidade e lembrou da situação da emissora do Rio de Janeiro, que exibia "enlatados". Silvio foi o vitorioso pelo canal 4 de São Paulo, a antiga Tupi. O objetivo seguinte foi colocar a nova emissora no ar rapidamente. Foram reaproveitados os ex-funcionários do antigo canal paulistano. A transmissão foi feita a partir da torre da Record com transmissores importados da RCA norte-americana. Outra opção seria alugar os equipamentos da Tupi, mas Silvio temia em ser considerado o sucessor e herdeiro das dívidas da emissora cassada.

No dia 19 de agosto de 1981, às 9h30, entrava no ar a TVS São Paulo que, junto com a TVS Rio de Janeiro, formavam as duas primeiras emissoras do Sistema Brasileiro de Televisão. A primeira transmissão foi justamente a assinatura do contrato de concessão, que teve a presença do ministro das Comunicações, Haroldo Correa de Matos. Depois, foram exibidos os programas O Povo na TV e Bozo, com desenhos como Tom & Jerry, Pica-Pau e Pernalonga. Em seguida, entraram no ar os outros canais outorgados a Silvio Santos. Em 26 de agosto de 1981, entrava no ar a TVS Porto Alegre; e o sinal de Belém chegou no dia 2 de setembro. Silvio também tinha a outorga do canal 9 do Rio de Janeiro, que foi cedido para Paulinho Machado de Carvalho para a transmissão da TV Record do Rio de Janeiro. Posteriormente, se transformaria na TV Corcovado, que acabou vendida a José Carlos Martinez para formar a Rede CNT, sediada em Curitiba.




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SEMANA DE ARTE MODERNA 




A Semana de Arte Moderna, embora ocorra um pouco antes da formação do Grupo dos Cinco, destaca as ideias e paixões que o grupo focaria e desenvolveria durante sua colaboração. Também desempenhou um papel essencial ao reunir os cinco poetas e artistas. A exposição ocorreu em fevereiro de 1922 e foi "um evento inaugural em nível simbólico, comparável ao Armory Show que havia ocorrido nos Estados Unidos nove anos antes". Organizada principalmente por Oswald de Andrade, a mostra tinha a intenção de empurrar o Brasil para o modernismo. A cultura conservadora do Brasil na época hesitava em acolher tal mudança, pois, como mostra a recepção mordaz da exposição anterior de Malfatti, o Brasil ainda não estava familiarizado com os "ismos" populares da arte moderna. A Semana de Arte Moderna concentrou-se particularmente em obras do fauvismo, expressionismo e pós-cubismo - movimentos artísticos considerados bizarros quando apresentados de repente a um Brasil conservador.
Esta exposição é melhor considerada não pela qualidade do trabalho que exibiu, mas pela natureza propositadamente provocativa da exposição. "A verdadeira busca do Modernismo na arte começou após a Semana de arte moderna", em grande parte devido à formação do Grupo dos Cinco.[Textos e imagens da Wikipedia]



O Grupo dos Cinco foi um grupo de pintores e escritores influentes associados ao modernismo brasileiro. Eles trabalharam juntos de aproximadamente 1922 a 1929, embora seu trabalho individual como artistas e poetas existisse antes disso e continuasse após o término da colaboração. O grupo incluía Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Menotti Del Picchia, Oswald de Andrade e Mario de Andrade. Enquanto Malfatti e Amaral eram pintoras, seus três homólogos masculinos eram poetas e escritores. O Grupo dos Cinco é conhecido por seu papel central na busca da identidade brasileira, bem como por seu trabalho e envolvimento com a Semana de Arte Moderna, embora Amaral não tenha participado. Como grupo, desenvolveram ideias e manifestos que inspirariam futuras gerações de artistas brasileiros, como o manifesto poético Pau-Brasil e o Manifesto Antropófago.

Visão geral. Em dezembro de 1917, Anita Malfatti causou escândalo com sua exposição individual Exposição de Pintura Moderna. Seu uso de cores vivas e figuras abstratas não poderia estar mais em oposição às pinturas românticas e naturalistas que a cultura conservadora brasileira reverenciava. Enquanto a recepção em massa foi esmagadoramente crítica, o trabalho de Malfatti atraiu a atenção de intelectuais brasileiros como Oswald de Andrade e Menotti del Picchia. O Brasil era um país conservador nessa época e ainda não havia sido devidamente apresentado aos estilos de arte moderna como o cubismo, o expressionismo ou o fauvismo que estavam sendo praticados em lugares como Paris e Nova York. A exposição de Malfatti destacou as visões de arte conservadoras do Brasil e inspirou artistas e intelectuais a pressionar pela arte moderna brasileira. Oswald foi uma dessas figuras inspiradas e mais tarde se tornou o principal organizador da Semana de Arte Moderna - uma exposição dedicada à arte moderna no Brasil. O trabalho de Malfatti teve destaque e foi aqui que o Grupo dos Cinco começou a se relacionar. Amaral estava em Paris na época da exposição, mas veio ao Brasil três meses depois e se encontrou com Malfatti, Picchia e os Andrades em seu ateliê na Rua Vitória. Neste momento, o Grupo dos Cinco foi formado e começou sua busca para descobrir o Brasil. Eles viajaram por todo o país, desenhando e escrevendo sobre suas descobertas. Refletindo sobre esses tempos, Amaral escreveu: "Devemos ter parecido um bando de lunáticos disparando por toda parte no Cadillac de Oswald, delirantemente felizes e prontos para conquistar o mundo para renová-lo". Durante o período de debates e viagens intelectuais do grupo em 1922, Amaral descreveu o Grupo dos Cinco como "inseparável". Apesar do grupo ter permanecido em contato, após 1922 eles estavam frequentemente separados. Amaral e O. Andrade, principalmente, viajaram juntos pelo Brasil sem o resto do grupo. Em dezembro de 1923, o casal fez uma viagem às cidades mineiras com o poeta suíço Blaise Cendrars. Embora o grupo nunca tenha se desfeito oficialmente, a maioria dos estudiosos observa que o início da rixa entre Mário de Andrade e Oswald de Andrade sinaliza o fim da colaboração do Grupo dos Cinco.[Textos e imagens da Wikipedia]

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VIOLÕES GIANNINI


Fábrica da Giannini na Rua de São João, 84, futura avenida São João. 


Giannini é uma empresa brasileira fabricante de instrumentos musicais, com destaque no ramo de instrumentos de cordas. Foi fundada em 1900 pelo luthier italiano Tranquillo Giannini.

Remontando ao período de sua fundação, Tranquillo Giannini, imigrante italiano desembarcou no Brasil aos 20 anos, durante um período compreendido entre 1850 e 1913 aonde diversos imigrantes europeus chegaram ao Brasil, em busca de oportunidades e que trouxeram em suas bagagens conhecimento prévio do comércio e de processos industriais, além de contar com a expertise de negócios que já eram desenvolvidos em seus países de origem.

Desta forma, enxergando no Brasil uma terra promissora para o desenvolvimento de novos mercados, uma série de empresas surgiram, dentre elas a “Grande Fábrica de Instrumentos de Cordas de Tranquillo Giannini – Ao Violão Moderno”.

Em 1900, é iniciada a construção da primeira fábrica de instrumentos musicais acústicos da empresa; um sonho antigo de seu fundador que há época era um renomado luthier. Até então os violões eram fabricados na própria residência de Tranquillo. Localizada na Rua São João, região central da cidade de São Paulo, o local contava com 150 m² e os primeiros violões ali produzidos eram feitos totalmente a mão. Com o investimento inicial Tranquillo Giannini fez a aquisição de alguns equipamentos essenciais para a fabricação dos instrumentos, bem como contratou os primeiros colaboradores da empresa. A produção deste início de trabalho resultou na fabricação de 2.500 violões por ano.

Um dos principais desafios da época era a introdução do violão na sociedade paulistana, que identificava as pessoas que tocavam o instrumento como boêmios marginalizados. Os violões, porém foram bem aceitos e o mercado em princípio focado em atender apenas São Paulo experimentou sua primeira expansão, chegando ao Rio de Janeiro. A qualidade dos instrumentos produzidos era muito boa e o próprio Tranquillo Giannini se encarregava de fazer a propaganda no meio artístico e boêmio.

Mesmo que o Violão naquela época ainda fosse visto como algo marginalizado, a pequena fábrica da rua São João ficou pequena, o que gerou a mudança para um novo local, que contava com 20 colaboradores e algumas máquinas novas. A empresa passou a produzir 6.500 instrumentos anuais e as entregas muitas vezes eram realizadas na base da caminhada, onde as pessoas carregavam de três a quatro violões nas costas e outros dois nas mãos. A fábrica que deu início a trajetória da Tranquillo Giannini transformou-se em depósito. 

Nos idos de 1920 operando apenas com recursos próprios e reinvestindo os lucros, em pouco tempo a empresa triplica a produção de instrumentos e surge uma nova demanda: Escolas voltadas para o aprendizado de violão, uma vez que concertos eram realizados em casas de família e os mesmos passaram a atrair virtuoses do violão, como Américo Jacomino. Com a crescente aceitação por parte das famílias pelo instrumento, um novo prédio é construído para abrigar as instalações da Tranquillo Giannini, na Rua dos Gusmões, região central da cidade, em que a previsão era produzir dois mil violões mensais e que mantinha proximidade com a antiga fábrica.

Em 1924 um acontecimento acaba por abalar as previsões de produção que a empresa havia traçado para o período. A eclosão de uma revolução, que acabou por paralisar quase que totalmente o comércio em São Paulo. A situação durante este período beirou o caos, pois não entrava e saia matéria-prima e nem produção. Em decorrência desta paralisação houve um corte de colaboradores, estocagem de violões e quedas nas vendas, em um quadro que se juntava com a recente mudança para a nova fábrica. Ao final da revolução a empresa concentrou esforços na abertura de mercados (passou a distribuir nas cidades de Curitiba, Belo Horizonte, Salvador e Recife) e no aumento da previsão, para que os prejuízos pudessem ser recuperados.

Com a entrada nestes estados, a empresa passou a ser mais conhecida e a demanda por instrumentos tornou a crescer, o que em 1930 levou a Tranquillo Giannini a mudar de endereço novamente. Desta vez seguia para o bairro de Perdizes, na região oeste de São Paulo. Uma nova Revolução assolava o país, e a Giannini teve de reduzir drasticamente a produção, o que obrigou a companhia a tomar medidas drásticas para retomar o rumo de crescimento. O mercado do interior do estado de São Paulo passou a ser visto como prioritário para a recuperação, o que levou a Giannini para Jundiaí, Campinas, Ribeirão Preto, Santos e Sorocaba.

O enfrentamento de crises trouxe a empresa e a seu fundador uma expertise que poucos tinham naquele período. Em menos de 10 anos a empresas enfrentou duas revoluções e soube como se recuperar das consequências que os movimentos traziam consigo. Desta forma durante o período em que ocorreu a Segunda Guerra Mundial, a Tranquillo Giannini contava com um estoque de matérias-primas importadas, como aço e pinho sueco para o tampo de violões, o que permitiu a empresa atravessar o período com tranquilidade e sem grandes problemas, quando em 1945 as importações voltaram a ocorrer normalmente.

Em 1938, antes do período em que se deu a Segunda Guerra Mundial, Tranquillo montou uma pequena metalúrgica, visando diminuir a dependência das importações dos encordoamentos e tarraxas, que eram a princípio utilizados para consumo próprio. Tal percepção auxiliou no processo para que as cordas passassem a ser vendidas no mercado, tanto que em 1940 a primeira fábrica de encordoamentos nasce.

No ano de 1952, o fundador da “Grande Fábrica de Instrumentos de Cordas Tranquillo Giannini – Ao Violão Moderno” vem a óbito, e sua esposa Stela Coen Giannini assume a presidência da empresa, e a administração das áreas é distribuída para diversos diretores. Em 1954, Giorgio Coen Giannini, sobrinho do fundador ingressa no negócio familiar e após passar dois anos trabalhando em todas as áreas da empresa, para conhecer de forma plena o funcionamento da companhia em todas as suas divisões, assume a Diretoria Comercial em 1956.  Os anos 60 trouxeram a Giannini um de seus melhores momentos, muito em conta pela contribuição que os movimentos musicais da Bossa Nova e Jovem Guarda trouxeram à sociedade. A Bossa Nova passa a ser gravada por músicos de jazz e até por nomes como Frank Sinatra, após o estrondoso sucesso do , Festival de Bossa Nova ocorrido no Carnegie Hall em Nova York. A mesma época, Tom Jobim e Vinícius de Moraes compõem “Garota de Ipanema”. Pouco tempo depois, o “Rei” Roberto Carlos, o “Tremendão” Erasmo Carlos e a “Ternurinha” Wanderléa, passaram a formar a santíssima trindade do movimento que passou a ser chamado de Jovem Guarda, e que celebrrou 50 anos de sua criação em 2015.

Ainda em 1960, a Tranquillo Giannini S.A (a empresa foi nacionalizada em 1948, transformando-se em uma sociedade anônima) inicia a fabricação de violões elétricos e é registrada a primeira exportação de instrumentos para a Argentina (foram enviados 25 mil violões em dois anos).

Durante a segunda metade da década 60, os músicos brasileiros não dispunham de acesso aos Amplificadores de qualidade profissional, e havia certa dificuldade em importar tal equipamento. Enxergando uma grande oportunidade, a Giannini começa a desenvolver equipamentos equivalentes aos melhores importados daquele período, trazendo para seu time mão-de-obra especializada e dando vida a uma fábrica voltada somente a construção de eletrônicos. O primeiro modelo a ser lançado, foi o Tremendão, que marcou época e é saudado até os dias de hoje por muitos músicos, por sua sonoridade. Neste período, outros grandes ícones foram lançados, como as guitarras Gemini, Supersonic e Apollo, que inclusive ganharam reedições com o passar dos anos.

Era difícil encontrar um músico que não tenha história com algum instrumento fabricado pela Giannini e que não tenha iniciado seus estudos utilizando um violão Tranquillo Giannini. Muitos instrumentos eram passados de pai para filho e muitos músicos de renome a exemplo de Frejat se inspiraram em artistas como Pepeu Gomes, que durante o período dos Novos Baianos utilizava uma guitarra Giannini.

Outra iniciativa inovadora lançada no decorrer dos anos 60, mais precisamente em 1967 foi a Magazine Violão e Mestres, que era distribuída de forma gratuita as pessoas interessadas, como forma de homenagear violonistas e como contribuição à divulgação do violão e sua música.

No ano de 1969, um dos instrumentos mais adorados por músicos ao redor do mundo, a Craviola®, é concebida. Uma ideia conjunta de Giorgio Giannini e do violonista Paulinho Nogueira, que enquanto faziam um lanche e conversavam sobre os modelos de violões disponíveis naquele período, começaram a desenhar em guardanapos algumas possibilidades de shapes diferenciados, até chegarem ao desenho que a tantos admiradores e músicos causa encantamento.

A Craviola® é um produto exclusivo da Giannini, patenteado internacionalmente. O nome do instrumento só nasceu após a construção do primeiro protótipo, que era um modelo de 12 cordas e como os encordoamentos utilizados para o teste eram em sua maioria de viola, obteve-se este resultado sonoro, que acabou por contribuir com nome do instrumento. Como não tinha ideia de que tipo de alteração sonora a forma inusitada proporcionaria, Paulinho só notou que o som era único após tocar o primeiro modelo. “Eu só fui ter essa noção mesmo depois que ela ficou pronta. Como parecia um pouco do som de cravo e um pouco de viola, nasceu o nome evidente. Nos Estados Unidos eles gostaram muito desse nome, caiu bem para eles.”

Desde seu lançamento, diversos músicos notáveis usaram a Craviola® ao redor do mundo, entre eles Jimmy Page, Bill Witers, Robert Plant, Linda Perry e Andy Summers.


VIOLÕES DEL VECHIO



Nossa história começou com Angelo Del Vecchio. Natural de Riposto – Sicilia, em 1900 Ângelo casou-se e recebeu como presente de núpcias uma viagem ao Brasil. Quando chegaram em São Paulo, onde sua esposa Carmela tinha dois irmãos, encantaram-se e decidiram ficar. Angelo, que já exercia na Itália a profissão de luthier, começou a atuar no segmento e, em 1902, abriu no Largo Riachuelo, a fábrica e loja de instrumentos musicais.

Após 18 anos no endereço, mudaram-se para a Rua Aurora, onde aumentaram significativamente a produção. Angelo Del Vecchio foi inventor de uma série de modelos de violões que foram patenteados, dentre os quais se destaca o “Violão Dinâmico” que é fabricado até hoje.

Em 1948 a empresa passou a ser dirigida por seus filhos e a denominar-se, então, “Irmãos Del Vecchio”. Francisco Del Vecchio cuidava da parte administrativa, e Salvador Del Vecchio da parte técnica de fabricação. Salvador foi responsável pela criação de novos sistemas e estruturas, tais como os chamados “Timbre Vox”, “Super Vox” e “Nylon Vox”. Em 1968, com a inclusão do neto Angelo Sergio Del Vecchio, a firma passou a chamar-se Casa Del Vecchio.




 


 COMPOSITORES  QUE TRADUZIRAM SÃO PAULO


William Blanco Abrunhosa Trindade, mais conhecido como Billy Blanco (Belém, 8 de maio de 1924 — Rio de Janeiro, 8 de julho de 2011), foi um arquiteto, músico, compositor e escritor brasileiro.


"Sinfonia Paulistana", de autoria do compositor paraense Billy Blanco,  foi concluída em 1974, depois de dez anos de trabalho. É composta por quinze canções, que foram cantadas e gravadas cantadas por Elza Soares, Pery Ribeiro, Cláudia, Claudette Soares, Nadinho da Ilha, Miltinho e pelo coro do Teatro Municipal de São Paulo. A produção foi de Aloysio de Oliveira, com orquestra regida pelo maestro Chico de Moraes. As músicas se chamam "Louvação de Anchieta", "Bartira", "Monções", "Tema de São Paulo", "Capital do Tempo", "O Dinheiro", "Coisas da Noite", "O Céu de São Paulo", "Amanhecendo", "O Tempo e a Hora", "Viva o Camelô", "Pro Esporte", "São Paulo Jovem", "Rua Augusta" e "Grande São Paulo". Em "Monções, destaca-se o carimbó épico, e em "O Tempo e a Hora", a fusão entre bossa e pop. O jornal O Estado de S. Paulo definiu o refrão de "Amanhecendo" como o "que mais define o paulistano". Entre 1974 e 2017, essa música, a mais famosa da suíte, fez parte da trilha sonora do Jornal da Manhã, noticiário matutino da Rádio Jovem Pan.[Textos e imagens da Wikipedia]

TREM DAS ONZE E SAMBA NO BRÀS



Adoniram Barbos com jornalistas do Diário da Noite 


Adoniran Barbosa, nome artístico de João Rubinato (Valinhos, 6 de agosto de 1912– São Paulo, 23 de novembro de 1982), foi um compositor, cantor, comediante e ator brasileiro, autor de famosas canções como "Trem das Onze", "Saudosa Maloca" e "Samba do Arnesto". Adoniran era filho de Francesco "Fernando" Rubinato e Emma Ricchini, imigrantes italianos da comuna de Cavarzere, província de Veneza. Seus avós paternos eram Angelo Rubinato e Anna Manfrinato, e os maternos, Francesco Ricchini e Antonia Freddo. Seus pais casaram-se em Cavarzere em 23 de maio de 1895, desembarcaram em Santos em 15 de setembro de 1895, passaram pela Hospedaria dos Imigrantes e foram trabalhar nas lavouras do município de Tietê. Sua mãe morreu em 1939 e seu pai em 1943. João Rubinato nasceu em 6 de agosto de 1910 em Valinhos, localidade que foi distrito do município de Campinas até 1953. Numa entrevista em 1972 ao programa Ensaio Especial da TV Cultura, Adoniran disse que na verdade nascera em 1912, mas sua família teria adulterado os documentos para 1910, para que começasse a trabalhar mais cedo, pois a fábrica em que iria trabalhar não admitia quem tivesse menos de doze anos.[Textos e imagens da Wikipedia.

QUAZ, QUASQUAZQUASCAZ, QUASQUASCAZ...



Demônios da Garoa. Criado na Mooca,  fez fama interpretando clássicos de Adoniran Barbosa. O grupo contabiliza cerca de 14.000 shows, 69 discos e 11 milhões de cópias vendidas em quase sete décadas de carreira - chegará à marca em fevereiro de 2013- e é citado no Guinness Book como o mais antigo do país em atividade. Seu primeiro registro é de 1943 (foto), quando Antônio Espanha, Zezinho, Bruno, Arnaldo Rosa, Vicente e Benedito Espanha ainda não sabiam o que era sucesso. Ao longo do tempo, a formação foi mudando, mas sem perder as raízes. (Publicado em Vejinha SP 31.08.2011)

RONDA 



Paulo Vanzolini em sua formatura em medicina pela Universidade de São Paulo (FMUSP), em 1947.


Paulo Vanzolini. Descendente de italianos, seu pai, o engenheiro Carlos Alberto Vanzolini, foi com a família para o Rio de Janeiro quando Paulo tinha quatro anos. A família voltou para São Paulo dois anos depois, em 1930. Paulo cursou o primário no Colégio Rio Branco e o ginásio em escola pública. onde se formou em 1938. Aos dez anos de idade, Vanzolini visitou o Instituto Butantã, em São Paulo, onde surgiu sua vontade de ser biólogo e estudar répteis. Anos mais tarde, pretendia fazer graduação em zoologia, mas orientado pelo professor André Dreyfuss, fundador do Instituto de Biologia da USP, foi convencido a cursar medicina pois, na época, abriria mais possibilidades para doutorado no exterior. Então, em 1942, ingressou na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Nessa época, junto com grupos de estudantes, passou a frequentar as rodas boêmias e a compor seus primeiros sambas. Em 1944, deixou a casa dos pais e foi morar no Edifício Martinelli, e a trabalhar com um primo, Henrique Lobo, na Rádio América, no programa Consultório Sentimental, de Cacilda Becker. Em seguida, foi convocado para o Exército, interrompendo os estudos. Dois anos depois retomou o curso de Medicina, passou a lecionar no Colégio Bandeirantes e começou a trabalhar no Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo.[Textos e imagens da Wikipedia]

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O MEU ERA PAULISTA, MEU AVÔ PERNAMBUCANO...


Chico Buarque com o pai Sérgio Buarque de Holanda. O disco ‘Paratodos’, lançado em 1993, traz na capa a ficha policial de Chico Buarque decorrente de sua prisão no final de 1961, quando tinha 17 anos. 

Francisco Buarque de Hollanda , mais conhecido como Chico Buarque  é um cantor, compositor, violonista, dramaturgo, escritor e ator brasileiro. É considerado por muitos críticos o maior artista vivo da música brasileira. Sua discografia conta com aproximadamente oitenta obras, entre elas discos-solo, em parceria com outros músicos e compactos. Ganhou destaque como cantor a partir de 1966, quando lançou seu primeiro álbum, Chico Buarque de Hollanda, e venceu o Festival de Música Popular Brasileira com a música A Banda. Autoexilou-se na Itália em 1969, devido à crescente repressão do regime militar do Brasil tornando-se, ao retornar, em 1970, um dos artistas mais ativos na crítica política e na luta pela democratização no país. 

Em 1971, foi lançado Construção, tido pela crítica como um de seus melhores trabalhos, e em 1976, Meus Caros Amigos - ambos os discos figuram, por exemplo, na lista dos 100 maiores discos da música brasileira organizada pela revista Rolling Stone Brasil.

Além da notabilidade como músico, desenvolveu ao longo dos anos uma carreira literária (escreveu seu primeiro conto aos 18 anos), sendo autor de peças teatrais e romances. Foi vencedor de três Prêmios Jabuti: o de melhor romance em 1992 com Estorvo e o de Livro do Ano, tanto pelo livro Budapeste, lançado em 2004, como por Leite Derramado, em 2010. Em 2019, foi distinguido com o Prémio Camões, o principal troféu literário da língua portuguesa, pelo conjunto da obra.

Neto de Cristóvão Buarque de Hollanda e filho de Sérgio Buarque de Hollanda e Maria Amélia Cesário Alvim, Chico é irmão das cantoras Miúcha, Ana de Hollanda e Cristina. Foi casado por 33 anos (de 1966 a 1999) com a atriz Marieta Severo, com quem teve três filhas, Sílvia Buarque, Helena e Luísa.

Francisco Buarque de Hollanda nasceu em 19 de junho de 1944 na cidade do Rio de Janeiro, filho de Sérgio Buarque de Hollanda (1902–1982), um importante historiador e jornalista brasileiro, e de Maria Amélia Cesário Alvim (1910–2010), pintora e pianista. Casou-se com Marieta Severo no ano de 1966, com quem teve três filhas: Sílvia Buarque, Luísa Buarque e Helena Buarque. O cantor tem, também, cinco netos. Chico é irmão das cantoras Miúcha, Ana de Hollanda e Cristina Buarque. Ao contrário da crença popular, o dicionarista Aurélio Buarque de Holanda era apenas um primo distante do seu pai. Nos primeiros versos da sua canção "Paratodos", Chico Buarque celebra seus ascendentes familiares: 

O meu pai era paulista / Meu avô, pernambucano / O meu bisavô, mineiro / Meu tataravô, baiano. 

O "avô pernambucano" ao qual o cantor se refere era paterno: Cristóvão Buarque de Hollanda. Já o "bisavô mineiro", Cesário Alvim, e o "tataravô baiano", Eulálio da Costa Carvalho, eram pelo lado materno. Em 1946, mudou-se para São Paulo, onde o pai assumiu a direção do Museu do Ipiranga. Chico sempre revelou interesses pela música, tal interesse foi bastante reforçado pela convivência com intelectuais como Vinicius de Moraes e Paulo Vanzolini.

Em 1953, Sérgio Buarque de Hollanda, pai do cantor, foi convidado para lecionar na Universidade de Roma. A família Buarque de Hollanda, então, muda-se para a Itália. Chico aprende dois idiomas estrangeiros, na escola fala inglês, e nas ruas, italiano. Nessa época, compõe as suas primeiras marchinhas de Carnaval.

Chico regressa ao Brasil em 1960. No ano seguinte, produz suas primeiras crônicas no jornal Verbâmidas, do Colégio Santa Cruz de São Paulo, nome criado por ele. Sua primeira aparição na imprensa, porém, não foi em relação ao seu trabalho, mas sim policial. Publicada, no jornal Última Hora, de São Paulo, em edição datada de 1961, a notícia de que Chico e um amigo furtaram um carro nas proximidades do Estádio do Pacaembu para passear pela madrugada paulista foi anunciada com a manchete "Pivetes furtaram um carro: presos".

Chico Buarque chegou a ingressar no curso de Arquitetura na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP) em 1963. Cursou dois anos e parou em 1965, quando começou a se dedicar à carreira artística. Em 1965, a pedido de Roberto Freire, diretor do Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (TUCA), na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Chico musicou o poema Morte e Vida Severina de João Cabral de Melo Neto, para a montagem da peça. Desde então, sua presença no teatro brasileiro tem sido constante.

Musicou as peças Morte e vida severina e o infantil Os Saltimbancos. Escreveu também várias peças de teatro, entre elas Roda Viva (proibida), Gota d'Água, Calabar (proibida), Ópera do malandro e cinco livros: Estorvo, Benjamim, Budapeste, Leite Derramado e O irmão Alemão.

Ameaçado pelo regime militar, esteve autoexilado na Itália em 1969, onde chegou a fazer espetáculos com Toquinho. Nessa época, teve suas canções Apesar de você (que dizem ser uma alusão negativa ao presidente Emílio Garrastazu Médici, mas que Chico sustenta ser em referência à situação) e "Cálice" proibidas pela censura brasileira. Adotou o pseudônimo de Julinho da Adelaide, com o qual publicou apenas três canções: Milagre Brasileiro, Acorda amor e Jorge Maravilha. Na Itália, Chico tornou-se amigo do cantor Lucio Dalla, de quem fez a Minha História, versão em português (1970) da canção Gesù Bambino (título verdadeiro 4 marzo 1943), de Lucio Dalla e Paola Palotino.

Ao voltar ao Brasil, continuou com composições que denunciavam aspectos sociais, econômicos e culturais, como a célebre Construção ou a divertida Partido Alto. Apresentou-se com Caetano Veloso (que também foi exilado, mas na Inglaterra) e Maria Bethânia. Teve outra de suas músicas associada a críticas a um presidente do Brasil. Julinho da Adelaide, aliás, não era só um pseudônimo, mas sim a forma que o compositor encontrou para driblar a censura, então implacável ao perceber seu nome nos créditos de uma música. Para completar a farsa e dar-lhe ares de veracidade, Julinho da Adelaide chegou a ter cédula de identidade e até mesmo a conceder entrevista a um jornal da época.

Uma das canções de Chico Buarque que criticam o regime é uma carta em forma de música, uma carta musicada que ele fez em homenagem a Augusto Boal, que vivia no exílio, quando o Brasil ainda vivia sob a regime militar. A canção se chama Meu Caro Amigo e foi dirigida a Boal, que na época estava exilado em Lisboa. A canção foi lançada originalmente num disco de título quase igual, chamado Meus Caros Amigos, do ano de 1976.



A 25 de março de 1996, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, de Portugal. Em 1998, o artista foi homenageado no Desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, pela GRES Estação Primeira de Mangueira, no enredo "Chico Buarque da Mangueira". A escola verde e rosa dividiu o título de campeã daquele carnaval com a Beija-Flor de Nilópolis. Em 2015, participou da canção "Trono de Estudar", composta por Dani Black em apoio aos estudantes que se articularam contra o projeto de reorganização escolar do governo estadual de São Paulo. A faixa teve a participação de outros 17 artistas brasileiros: Arnaldo Antunes (ex-Titãs), Tiê, Dado Villa-Lobos (Legião Urbana), Paulo Miklos (Titãs), Tiago Iorc, Lucas Silveira (Fresno), Filipe Catto, Zélia Duncan, Pedro Luís (Pedro Luís & A Parede), Fernando Anitelli (O Teatro Mágico), André Whoong, Lucas Santtana, Miranda Kassin, Tetê Espíndola, Helio Flanders (Vanguart), Felipe Roseno e Xuxa Levy.

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Anúncio Da Companhia Brasileira De Discos. Eles foram representados por quadros e estavam cercados por estrelas como Jorge Ben, Trio Mocotó, Paulo de Tarso, Ronnie Von, Sérgio Dias, Arnaldo Baptista, Rita Lee, Maria Bethânia, Roberto Menescal, as meninas do grupo "Umas & Outras", Manoel Barenbein, Tim Maia, Nelson Motta, Paulinho Tapajós, Erasmo Carlos, Wanderléa, Mieli e Aldo Luz. Caetano Veloso e Gilberto Gil estavam exilados. Ano 1970. Memória dos Birros Paulistanos. 


SAMPA




Caetano Emanuel Viana Teles Veloso (Santo Amaro da Purificação, Bahia, 1942). Cantor, compositor, produtor, escritor. Caetano Veloso é um dos artistas brasileiros mais controversos e influentes. Tem atuação intensa no meio musical desde meados dos anos 1960. É agitador e debatedor cultural por excelência, sofisticado artesão de canções e artista de presença marcante no palco. 

Passa a infância em sua cidade natal e, em 1960, muda-se para Salvador, onde aprende a tocar violão. Entre 1960 e 1962, faz apresentações musicais em bares da cidade com a irmã Maria Bethânia (1946). Inicia a graduação em filosofia, na Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1963. Sua estreia acontece em 1967 com o lançamento do LP Domingo, em parceria com Gal Costa (1945). 

No mesmo ano, se apresenta no 3º Festival da Música Popular Brasileira da TV Record interpretando “Alegria, alegria” e alcança o quarto lugar. A canção provoca polêmica ao trazer a guitarra elétrica (considerada, à época, uma ameaça à MPB) e versos exaltando a liberdade (uma afronta à ditadura militar1). Essa edição do festival é considerada um marco do movimento tropicalista em curso na música brasileira: Gilberto Gil (1942) conquista o segundo lugar da edição com a canção “Domingo no parque” , acompanhado pelo grupo de rock Os Mutantes, composto por Rita Lee (1947), Sérgio Dias (1951) e Arnaldo Baptista (1948).

Em 1968, lança seu primeiro álbum solo, Caetano Veloso. Nele, o compositor busca captar a complexa realidade de seu tempo em suas contradições e nuanças. Em forma de colagem poética, os refrãos evocam elementos díspares da cultura brasileira — exóticos, sofisticados, cosmopolitas e grotescos — em roupagem carnavalesca. Enquanto o arranjo de Júlio Medaglia (1938) justapõe ritmos nacionais com orquestração sinfônica, o eu-lírico explora os contrastes do país. Na canção “Tropicália”, que abre o disco, ele homenageia uma de nossas manifestações artísticas mais bem-acabadas e modernas, a bossa nova, para, em seguida, “louvar” um de nossos elementos mais rústicos e arcaicos, as palhoças (habitações simples do campo): “Viva a bossa, sa, sa / viva a palhoça, ça, ça, ça, ça”.  

A proposição de sincretismos, como “rural” e “urbano”, “nacional” e “estrangeiro”, “popular” e “erudito” etc. é uma característica da Tropicália, movimento construído por Caetano e outros artistas, que procura superar as ideologias das chamadas “tradições nacionais puras'', numa atualização do programa modernista antropofágico de Oswald de Andrade (1890-1954). Agregam-se aos diversos estilos da música brasileira signos estrangeiros e novidades do momento no Brasil e no mundo, veiculadas por meios de comunicação de massa e circuitos de vanguarda.

Na década de 1970, a atividade artística de Caetano é intensa. Exilado em Londres desde 1969 por causa da ditadura militar, registra mais um álbum homônimo e compõe o LP Transa, lançado em sua volta definitiva ao Brasil no início de 1972. Grava oito álbuns solo nessa década, além de discos em parceria com outros artistas, como Gilberto Gil e Chico Buarque (1944). Seu trabalho mais controverso nesse período é Araçá azul (1973), cujo grau de experimentalismo é tão intenso que motiva diversas devoluções, saindo de catálogo temporariamente. Já outros discos, como Muito (dentro da estrela azulada) (1978), têm grande receptividade do público, com clássicos como “Terra” “Sampa”.

Nos anos 1980, com a carreira consolidada, alcança grandes vendagens, além de realizar turnês no exterior. Outras palavras (1981) inaugura uma nova fase da música de Caetano e chega à tiragem de cem mil cópias, o disco mais vendido do cantor até então. Cores, nomes (1982) é outro álbum importante dessa época. Nele, o compositor explora com afinco o trabalho com a língua, além de trazer a canção “Sina”, composta por Djavan (1949), que cria o verbo “caetanear”. O cantor baiano segue com seu sucesso nos anos de 1990, entre álbuns inéditos, coletâneas e releituras. A música “Sozinho”, composição de Peninha (1953), é o maior êxito comercial de Caetano, parte do disco ao vivo Prenda minha (1998).

Mantendo-se conectado com os rumos da música brasileira, incorpora novas sonoridades no milênio que se inicia, como se pode observar na trilogia composta pelos discos Cê (2006), Zii e Zie (2008) e Abraçaço (2012), que traz uma roupagem de rock eletrônico. Em 2021, depois de um hiato de nove anos, lança Meu coco (2021), com músicas inéditas e autorais. Distribuído em plataformas digitais, o álbum demonstra a inventividade do artista e sua forma de perceber os acontecimentos contemporâneos, falando do mundo sob sua ótica – daí o uso da palavra “coco”, gíria para “cabeça”. A faixa “Anjos tronchos”, por exemplo, aborda o controle que as redes sociais, com seus algoritmos, têm sobre fatos sociopolíticos, em uma dura crítica não à tecnologia, mas ao uso que seus criadores fazem dela. Na ocasião do lançamento, a revista francesa L’Obs escreve que “devemos zelar por Caetano Veloso como zelamos pela Amazônia”, pois ele também seria “um patrimônio mundial”2. 

Em quase cinco décadas, Caetano Veloso é uma das personalidades mais marcantes da música popular. Transita por diversos gêneros e temáticas, materializando o espírito tropicalista em trabalhos multifacetados que permitem a fruição em diversos níveis. Realoca informações de diferentes registros sob uma referencialidade particular em suas canções com uma voz inconfundível. É, sem dúvida, um dos grandes personagens da cultura brasileira. Itaú Cultural


A TROPICÁLIA PAULISTANA 



Antônio José Santana Martins, conhecido como Tom Zé (Irará, 11 de outubro de 1936), é um compositor, cantor, arranjador e jardineiro brasileiro. É considerado uma das figuras mais originais da música popular brasileira, tendo participado ativamente do movimento musical conhecido como Tropicália nos anos 1960 e se tornado uma voz alternativa influente no cenário musical do Brasil.
Em 27 de setembro de 2022, Tom Zé foi eleito para ocupar a cadeira 33 da Academia Paulista de Letras, sucedendo a Jô Soares, morto em agosto deste ano. Com Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Maria Bethânia e Djalma Corrêa realiza espetáculo Nós, Por Exemplo nº 2, no Teatro Castro Alves, em Salvador. Com o mesmo grupo, vai a São Paulo encenar Arena Canta Bahia, sob a direção de Augusto Boal, e grava o álbum definidor do movimento Tropicalista, Tropicália ou Panis et Circensis, em 1968. Em 1968, leva o primeiro lugar no IV Festival de Música Popular Brasileira, da TV Record, com a canção "São Paulo, Meu Amor". Como é notável no seu disco de 1968, "Grande Liquidação", Tom Zé carregava fortes traços tropicalistas em suas canções e era também um dos expoentes do movimento, tendo inclusive participado do disco "Tropicália ou Panis et Circensis". Porém, por desencontros e desentendimentos, acabou se afastando do tropicalismo, de onde sua imagem foi sendo aos poucos apagada. Tom Zé chegou a ser chamado de "Trótski do tropicalismo", em referência ao marxista cuja participação na Revolução Russa foi apagada durante o governo stalinista.

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"Boa tarde, meus prezados amigos cultos e ocultos! Hoje, logo cedo, escutei uma música vinda de um dos apartamentos do prédio onde moro. Estava alto o som e eu só não fui lá reclamar porque a música era boa, um instrumental que eu logo identifiquei. Era o Cesar Camargo Mariano. Peraí, pensei comigo, eu tenho esse disco! Achei até que já o tivesse postado no blog, mas verifiquei que não. Taí uma boa hora para fazê-lo. É um dos discos de música instrumental que eu mais gosto. É ousado, competente e de altíssima qualidade. Para mim, se iguala ou supera aos melhores do ‘fusion’ internacional. Quer dizer, ‘fusion’ no sentido mais amplo do termo. Foi o segundo disco solo de Cesar Mariano, ou Cesar Camargo Mariano. Um trabalho inspiradíssimo que projeta em nossas mentes as diversas facetas de Sampa. Uma homenagem e tanto! Mas este disco não seria o que é se não tivesse o Cesar Camargo acompanhado pelas feras, Crispim Del Cistia, Natan Marques, Wilson Gomes e Eduardo Portes. Os caras juntos formam uma química muito boa.

O certo é que eu fui procurar o lp na estante, onde esperava encontrá-lo. Qual o quê… nada de achá-lo. Verifiquei várias vezes toda a estante pensando que estivesse fora de ordem. Necas! Devo tê-lo perdido ou vendido, pois empréstimo é coisa que eu não faço, hehehe… Só pra um ou dois amigos muito chegados, que também me emprestam seus discos 🙂
Só de raiva, resolvi então postar a versão cd, que por incrível que pareça está tão boa quanto o vinil. Esta postagem foi mais por honra da firma do que propriamente pela necessidade manter acesa uma boa chama. É bom ver estampado aqui no Toque Musical este discão 😉 Quem, por acaso não conhece, faça me o favor… vai logo conferir! metrópole, estação do norte, fábrica, poluição, imigrantes, metrô, litoral, futebol de bar.

Publicado em Cesar Camargo Mariano, Selo RCA por Augusto TM. 




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Racionais MCs na Virada Cultural

Racionais MC's é um grupo brasileiro de rap fundado em 1988 na cidade de São Paulo. É formado por Mano Brown, Ice Blue, Edi Rock e KL Jay. É o maior grupo de rap do Brasil, e está entre os grupos musicais mais influentes do país e da música brasileira. Suas canções demonstram a preocupação em denunciar a destruição da vida de jovens negros e pobres das periferias brasileiras e o resultado do racismo e da violência policial, ao sustentarem a miséria diretamente ligada com a violência e o crime. Temas como a brutalidade da polícia, do crime organizado e do estado, bem como o preconceito, as drogas e a exclusão social são recorrentes nas letras do conjunto. Embora inicialmente conhecido apenas na capital paulista, o grupo conseguiu alcançar sucesso nacional e internacional a partir dos álbuns Raio X Brasil (1993), Sobrevivendo no Inferno  e Nada como um Dia após o Outro Dia (2002).
Nascido no final da década de 1980, o nome do grupo foi inspirado no disco Tim Maia Racional de Tim Maia. A primeira gravação do grupo foi feita em 1988, quando o selo Zimbabwe Records lançou a coletânea Consciência Black, Vol. I. Neste LP, apareceram os dois primeiros sucessos do grupo: "Pânico na Zona Sul" e "Tempos Difíceis". Ambas canções apareceriam dois anos depois em Holocausto Urbano, primeiro disco oficial do grupo e cujas letras denunciam o racismo e a miséria na periferia de São Paulo, marcada pela violência e pelo crime.

Após esse álbum, os Racionais MC's tornaram-se bem conhecidos dentro da cena rap da periferia paulistana e da Grande São Paulo. Essa popularização fez com que os integrantes dos Racionais MC's passassem a desenvolver trabalhos especialmente voltados para comunidades pobres, dentre os quais um projeto criado pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, em que o conjunto realizou palestras em escolas sobre drogas, racismo, violência policial entre outros temas. Também participariam nos anos seguintes de diversos concertos filantrópicos em benefício de HIV positivos, campanhas de agasalho e contra a fome, além de atuarem em protestos como o aniversário da Abolição dos Escravos no Brasil. Em 1991, os Racionais MC's abriram o show do pioneiro Public Enemy, um dos mais famosos grupos de hip hop americano, no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo. No final de 1992, foi lançado o segundo LP do grupo, Escolha o seu Caminho. No ano seguinte, o grupo participou do projeto "Música Negra em Ação", realizado no Teatro das Nações em São Paulo, e gravou o disco Raio X Brasil, terceiro disco do conjunto, lançado em uma festa na quadra da escola de samba Rosas de Ouro para um público estimado de 10 mil pessoas. Canções deste disco como "Fim de Semana no Parque" e "Homem na Estrada" (ambas de Mano Brown) fizeram grande sucesso em bailes de rap e nas rádios do gênero em todo o país. Principal atração do Rap no Vale, um concerto de rap realizado no final de 1994, no Vale do Anhangabaú (centro de São Paulo), e que terminou em confusão e quebra-quebra, os membros do grupo foram presos pela polícia sob acusação de incitação à violência - a violência policial é um tema frequente nas letras do grupo. Ainda naquele ano, a gravadora Zimbabwe lançou a coletânea Racionais MC's. No final de 1997, foi lançado o disco Sobrevivendo no Inferno, pelo selo Cosa Nostra (do próprio grupo), que vendeu cerca de 500 mil cópias. Dentre os grandes sucessos deste álbum estão "Diário de um Detento", "Fórmula Mágica da Paz", "Capítulo 4, Versículo 3" e "Mágico de Oz". Com esse disco, os Racionais MC's deixaram de ser um fenômeno na periferia paulistana para fazer sucesso entre outros grupos sociais. Apesar disso, o grupo adotou uma postura antimídia. Um exemplo notório foi a cerimônia de premiação do Video Music Brasil, da MTV Brasil, quando a emissora teve muita dificuldade para levar o grupo para a premiação e Mano Brown ressaltou que a mãe havia lavado muita roupa pra '"playboy" pra fazê-lo chegar até ali.

Em 2022, os Racionais participaram pela primeira vez do festival Rock in Rio, um dos maiores festivais de música do mundo. O grupo se apresentou no sábado, dia 3 de setembro, no Palco Sunset. O show teve início com projeções do filme The Warriors, conhecido no Brasil com o título "Os Selvagens da Noite", clássico dos anos 1970, o filme procura refletir sobre as origens da violência na sociedade. A projeção continuou com imagens do grupo no metrô de São Paulo, quando o trem chega na estação Capão Redondo, os Racionais "descem" do trem da projeção e entram no palco do Rock in Rio. Pelo fato de o grupo sempre buscar fazer críticas e reflexões sociais, pode-se interpretar o paralelo feito entre o filme e as imagens em São Paulo "onde há um acordo para que gangues de diversas partes de Nova York se reúnam sem armas ou atos violentos, nesta noite a plateia representava as diferentes "tribos" do país".


VIRADA CULTURAL



Virada Cultural é um evento anual promovido desde 2005 (a foto acima é de 2022) pela prefeitura do município de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Cultura tendo o apoio de vários parceiros artísticos e institucionais. Com o intuito de promover na cidade 24 horas ininterruptas de eventos culturais, como espetáculos musicais, peças de teatro, exposições de arte e história, entre outros. Inspirada no festival francês Noite Branca (em francês: Nuit blanche), que acontece todos os anos em Paris desde o ano de 2002, a Virada Cultural convida a população a ocupar o centro da cidade, incentivando o convívio social através da cultura e possibilitando o acesso a diversas formas de arte às diversas classes sociais, além de buscar reverter o esvaziamento da região central de São Paulo. O evento possui palcos temáticos como a Avenida São João (Rock Nacional), Praça da República (Samba), Largo do Arouche (Estilo Popular) e a Estação Júlio Prestes (MPB). Durante toda a realização, o Metrô de São Paulo permanece aberto em tempo integral para que os participantes possam se deslocar entre os diversos palcos e assistir às apresentações espalhadas por toda a cidade.

O evento foi criado em 2005 durante a gestão Serra-Kassab visando oferecer gratuitamente para a população, atrações artísticas e culturais, durante 24 horas de programação cultural. Em sua primeira edição, a Virada trouxe a proposta de realizar atividades em toda a cidade utilizando equipamentos da Prefeitura, como as unidades do Centro Educacional Unificado, e parceiros, como o Serviço Social do Comércio e o Governo do estado de São Paulo. A proposta inicial permaneceria em outras edições. A escolha do mês de realização se mostrou, contudo, inadequada por conta dos altos índices pluviométricos característicos da primavera. A festa deu origem a Virada Cultural Paulista, que segue um modelo semelhante e acontece em vários municípios do interior de São Paulo.

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TEATROS, BANDAS E FESTIVAIS



Teatro Record - Rua da Consolação em 1958. O teatro Record foi fundado em 9 de março de 1958, na rua da Consolação, no também bairro da Consolação, na capital paulista. Na época, foi palco dos tradicionais musicais, mais notoriamente os festivais da MPB dos anos 1960 e seriados como Família Trapo. Depois de sofrer um grande incêndio, o teatro foi desativado. Após ser reativado por um curto período na Zona Central de São Paulo, foi transferido para o Jardim Aeroporto, com o nome de Teatro Paulo Machado de Carvalho onde permaneceu até 1995. Paulo Machado de Carvalho foi o fundador e proprietário da Rádio Record e TV Record dos anos 1930 até 1990.[Textos e imagens da Wikipedia]

SHOWS, BAILES E FESTIVAIS



                                 Foto: The Jordans no hall do teatro nos anos 1960.



Miguel Maimone, José Américo Sestini e Clóvis Suete, os Três do Rio – todos, aliás, paulistas. Memórias Garcense. 




Caminhão do Conjunto Dimensão 5 estacionado na avenida Ibirapuera em 1970. 



Um das formações do Placa Luminosa, já nos anos 1980. 

"Pois é meus amigos. há 49 anos, no dia 2 de janeiro de 1975, após me encontrar com meu inesquecível amigo Pique Riverte em frente a Boate 'La Licorne', na rua Major Sertório, e ter ido dormir em sua casa. O Pique tinha acabado de sair da banda Casa da Máquinas. De manhã, ele me pediu pra ir com ele buscar quatro músicos (Jesse, Luizão e Ribah) na que estavam vindo de Brasília (Ari só veio 20 dias depois). Falei com Ari nascimento Dias atrás e chorei muito quando ele me disse, olhando a foto do Corrente de força, que todos na foto estavam mortos, só sobrou ele. (amo você Ari.). 

Antiga Rodoviária de S.P nesse Dia , nasceu a Banda Corrente de Força, que um ano depois viria se tornar Placa Luminosa, fato que mudaria minha vida pra sempre. Maravilhosas e eternas lembranças na minha trajetória no mundo da música. Realmente, fui privilegiado por ter conhecido, trabalhado e vivido, com esses músicos fora de série e à frente do seu tempo. Onde estiverem, obrigado ... Jamais os esquecerei. Obrigado por tudo que passamos juntos...


Ps. A foto do Corrente de força, foi inspirada na capa do LP da banda Mandril, que adorávamos ouvir na época. Bons tempos de boa música kkkkk. Sidney Leonel.


CHIC SHOW NO GINÁSIO DA S.E. PALMEIRAS



 Os bailes da Chic Show no Palmeiras era o maior palco da cultura negra de São Paulo. Estes bailes eram a difusão da música negra no Brasil, era ali no clube , que passaram artistas como: Earth, Wind and Fire, Cool and the Gang, James Brown, Areta Franklin, Betty Wright, Zapp, Tim Maia, Jorge Ben e outros. Fonte Apaixonados pela Black Music
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EXISTE BOOGGIE EM SP

Esta matéria foi publicada originalmente na edição 114 da revista NOIZE, lançada com o vinil de “Tim Maia Disco Club” (1978), do Tim Maia, em 2021. 

Os bailes black e soul no Brasil se unem ao redor do conjunto de valores formados pela exaltação da cultura preta e do povo preto sob influência direta do que borbulhava nos Estados Unidos na curva da década de 60 para os 70. Um caldeirão composto pelo movimento black power, os Panteras Negras, o soul, o funk, o R&B e até mesmo os ecos da luta de países africanos por independência que reverberavam através do intercâmbio entre ativistas negros dos continentes de África e América. 

Entretanto, em cada novo território brasileiro em que chegavam, tais ventos moldavam as manifestações culturais locais de forma diferente. No estado de São Paulo, por exemplo, o termo baile black se origina a partir das equipes de som como a Chic Show. 

A marca, que se tornaria emblemática, tem como embrião a Discoteca do Luizão, fenômeno que transformou os rumos de Luiz Alberto da Silva para sempre. Nascido no bairro paulistano da Lapa e criado na Vila Madalena, ele, ainda na juventude, inicia sua jornada como colecionador de discos. 

Pela qualidade de sua coleção e por possuir um bom equipamento de som, Luizão começou a receber convites para tocar em diversos eventos, de forma ainda informal: amigos, parentes e conhecidos que queriam som no quintal, em encontros de família, piqueniques e festas, como ele nos conta em entrevista. Os convites se expandiram para bailes de bairros como Pinheiros, Vila Madalena, Butantã, Bonfiglioli, Ferreira e Vila Sônia. Com o aumento da demanda, Luizão decide que é hora de dar um passo a mais. 

Assim é criada a equipe de som Chic Show, no ano de 1968, conforme registra a dissertação de mestrado Chic Show e Zimbabwe e A Construção de Identidade nos Bailes Black Paulistanos (2000), de João Batista de Jesus Félix. 

A escolha por um nome que soasse pomposo foi intencional e por um motivo nada banal: o de conectar o status de elite à população negra. Em específico, a uma geração negra “com novos anseios”, como Luizão classifica.  A partir daí, os bailes organizados sob o nome da Chic Show passaram acontecer, de forma improvisada, no quintal do Bica, um local aberto, equipado por uma lona, e localizado no bairro Pinheiros, conforme atesta o trabalho de Félix. Ele segue nos indicando a cronologia, informando que ainda em 68 os bailes passam a ser sediados aos domingos no salão da cooperativa Carvão, situada no mesmo bairro. 
Luiz Alberto da Silva, o Luizão, criador da equipe de bailes 'Chic Show'. Fonte G1



O ano de 71, entretanto, marca uma virada de chave; primeiro, com a realização dos bailes no salão São Paulo Chic, pertencente à Escola de Samba Camisa Verde. Segundo, com a ampliação das atividades da Chic Show a outros locais – entre eles, clubes de elite – como Mansão Azul no Jabaquara, Clube Homs e Clube Alepo no Jardins, entre outros. 

Entretanto, Luizão tinha ambições ainda maiores para a Chic Show e para o lazer da população negra. É nessa conta de adição que surge o salão de festas da Sociedade Esportiva Palmeiras, em 1975. “Era uma questão [vinda] da necessidade de fazer o negro dançar nos grandes espaços da cidade, lugares que eram praticamente proibidos para negros, entendeu?”, demanda. 

Propor uma parceria com um dos clubes tradicionais da elite paulistana exigiu confiança, e logo se firmou em resultados expressivos. Os primeiros contatos se deram através de uma conexão estratégica: o Palmeiras “tinha um diretor que era juíz, e eu tinha um amigo que era do Juizado de Menores”, detalhe Luizão. “Convoquei essa pessoa e ela me colocou diante desse diretor. Com muita dificuldade, a gente conseguiu entrar no Palmeiras”, remonta. 

De acordo com o já referido trabalho de Félix, o pedido de aluguel foi aprovado pela diretoria da Sociedade Esportiva Palmeiras na seguinte condição: se o público total não atingisse os 10 mil, o espaço não seria mais alugado para esse tipo de atividade. 

O baile de estreia da Chic Show no espaço alviverde teve como atração nada mais, nada menos que Jorge Ben Jor e reuniu 16 mil pessoas. O sucesso selou um contrato anual entre a equipe de Luizão e diretoria do Palmeiras, dando início à fase mais icônica dos bailes black da Chic Show. 

Chic Show nos anos 1980. Acervo : Identidade Palmeiras. 


People Get Up And Drive Your Funky Soul

O lugar de destaque da Chic entre os outros bailes black de SP na época se dá tanto pela prestigiosa nova sede quanto pela promoção de shows de peso. No salão localizado embaixo da arquibancada do antigo Parque Antártica (estádio do Palmeiras, antes de se tornar Allianz Parque), localizado no nobre bairro de Perdizes, cabiam de 15 a 20 mil pessoas, segundo Luizão. 

Sucedendo a Ben Jor, o artista da vez foi Tim Maia. Na ocasião, Luizão relata que houve a derrubada de um muro do espaço palmeirense. “Era muita gente, o que tinha na rua cabia duas vezes o que tinha dentro do ginásio”, estipula. Depois dele, nomes como Gilberto Gil, Djavan, Sandra de Sá e Carlos Dafé marcaram presença em uma sequência dedicada à música nacional. 

“Bombava, bombava! Cerca de 20 mil pessoas em cada baile do Palmeiras, fora os que ficavam do lado de fora porque não conseguiam entrar”, relembra de modo enfático o dançarino e ícone do Hip Hop Nelson Triunfo, que conta à NOIZE ter começado a frequentar os bailes black da Chic Show por volta de 1977. 

Nessa fase, a Chic e o Palmeiras já celebravam uma parceria de franca ascensão. “Se você fosse ter um baile em São Paulo no dia que tivesse o baile da Chic Show no Palmeiras, era melhor que não fizesse, porque não iria ninguém”, diz Triunfo. Uma grande festa que virou tradição e ponto de encontro de diversas São Paulo existentes na mesma capital. 

É Nelson quem pontua: “Era como se fosse uma festa de intercâmbio da cidade. Você não conhecia só as pessoas do seu bairro, você conhecia novas amizades e encontrava pessoas da Zona Leste, Zona Sul, Zona Norte e da Zona Oeste”, explica. 

O maior balanço do mundo aterrissa em SP. “O James Brown era um sonho americano dos negros brasileiros. Eles sonhavam em vê-lo no palco”, cunha Luizão. O Mr. Dynamite era a principal figura da potência do soul mundo afora. Sua estreia no Brasil aconteceu em 1973, mas é em sua segunda passagem, no ano de 1978, que ele marca presença como a primeira atração internacional do baile da Chic Show. Posteriormente, viriam Gloria Gaynor, Earth Wind & Fire, Jimmy Bo Home, e mais.

Os panfletos anunciavam “James Brown – o maior balanço do mundo”, ressaltando a oportunidade imperdível com os dizeres “única apresentação para os blacks paulistas”. Sobre os bastidores da façanha de trazer um dos maiores nomes da música internacional para o palco da Chic Show, Luizão permanece reservado e breve: “Isso tinha que ser realizado, então, batalhamos para poder trazê-lo”.

Já Nelson Triunfo recorda a busca do ídolo no aeroporto: “Na época só existia o Aeroporto de Congonhas em São Paulo, e fomos lá recebê-lo. A gente tava lá vendo o cara pela primeira vez! [Foi aí] que ganhei aquela capa que aparece em uma foto minha durante o show e que ficou famosa”, destaca.

À noite, o espetáculo foi ganhando tons de um evento ainda mais memorável. Luizão evoca:

– O Palmeiras teve uma superlotação. Grande acontecimento! Os jovens negros vindo de todo o Brasil para se reunir, pessoal de Minas Gerais, Porto Alegre, Rio de Janeiro…, pessoal até de outros países da América Latina vieram para ver o James Brown. Muitas pessoas dentro do Palmeiras, muitas não conseguiam se mexer no espaço. Uma loucura muito grande porque o James Brown com a banda dele tinha uma coisa, era o ápice de tudo. Vibração de gol, loucura!

Nelson também retoma algumas das cenas que nos ajudam a mensurar o frenesi. “Foi louco porque lotou, lotou! Eu vi gente chegando até pelas telhas – não sei como eles chegaram até lá em cima, [outros] quebraram o portão. Muita gente não conseguia mais entrar no salão, então, ficavam ao redor do ginásio sentindo o som ao vivo, que era muito alto e pesado”, conta.

Em entrevista concedida à Gazeta do Esporte, publicada em 2020, Luizão diz terem entrado 23 mil pessoas no salão para ver James Brown, apesar do espaço ter como lotação máxima um público de 12 mil. Ele acrescenta, ainda, a impossibilidade de “levantar o braço” pela quantidade de gente – foi preciso “colocar o pessoal todo pra dentro. Foi a única maneira de controlar a galera”, justifica.

Nelson Triunfo já era uma estrela à parte na cena dos bailes black de São Paulo. Na noite do show, se apresentaria no palco. Ele compartilha sua visão momentos antes de protagonizar um dos momentos mais marcantes da noite e eternizado em fotografia.

– Eu fui para o baile com a capa que James Brown me deu. Não sei que porra deu na cabeça dos caras que estavam comigo, mas, no meio daquela multidão, eles falaram pra mim ‘endurece as pernas que nós vamos te levantar!’. Eles começaram a me levantar, e eu endureci as pernas; os caras me puseram por cima do ombro deles, tinham várias mãos me pegando, e eu fiquei em pé numa boa por cima da multidão. Foi uma loucura aquilo! Fico pensando qual visão o James Brown teve…

A foto se tornou uma das mais simbólicas quando assunto é baile black brasileiro. O que nem todo mundo sabe é que depois de tirar a capa para uma outra apresentação no baile e guardá-la em sua mochila, dentro do camarim, ela foi perdida/furtada. “Quando fui [mexer] na mochila, ela levantou muito fácil”, narra, “quando fui olhar, ela realmente estava vazia”, diz já conformado.

Chic Show, para além do Palmeiras

A conquista da ocupação de um espaço de elite não esteve imune a questionamentos. Luizão atesta a ocorrência de um certo choque com alguns associados do Palmeiras, que compartilhavam o uso de um espaço com um baile de veia negra e periférica. Em matéria publicada no blog Verdão Web (ligado ao Palmeiras), o fundador da Chic Show dá exemplos do que se colocava em xeque: “pô, não pode alugar para a negrada, o pessoal é da raça”, alegavam. Mas, segundo ele, “os diretores [do clube] sempre correram junto conosco”, conforme registrado no blog.

Fato é que a monografia de Félix, baseada em depoimento de Luiz, indica que as (não especificadas) dificuldades trazidas pela organização dos bailes junto ao Palmeiras marcam a década seguinte, impulsionando uma desconexão entre a Chic Show e o alviverde.

As atividades foram perdendo fôlego e sendo realizadas de forma mais espaçada, pulverizando-se para outras partes da cidade, inclusive para as zonas periféricas, de onde haviam surgido. Em 81, a Equipe Chic Show ruma para uma sede própria – uma oficina antiga, próxima à Camisa Verde Branco, no bairro da Barra Funda. Após as primeiras reformas, recebe o nome de Clube da Cidade e é inaugurado em 82.

A consolidação nas periferias é frutífera. Se no Rio de Janeiro o movimento de bailes soul formou as bases para o desenvolvimento do funk, em São Paulo prosperaram o rap e o pagode. Coletâneas, concursos e bailes – inclusive os organizados pela Chic Show – cruzaram e contribuíram para a trajetória de nomes como Racionais MC’s, Rappin’ Hood, SampaCrew e Péricles.

A marca Chic Show se mantém há 50 anos, prosperando, ramificando e se reinventando sob o comando de Luizão. “Hoje ela não é mais uma equipe de som, ela é uma empresa de eventos”, distingue o fundador. Ele detalha: “Temos trabalhado com artistas internacionais de outras linhas e também em outras áreas; a própria rádio Chic Show, os programas em outras rádios. A Chic Show continua ativa”, pontua.

Os bailes black paulistanos contribuíram para o fortalecimento da identidade cultural negra, oferecendo um espaço feito por e para a comunidade negra. As dimensões desse legado impulsionam discussões no âmbito da pesquisa acadêmica, estão expressas na influência artística do rap e do pagode, e merecem destaque. As noites da Chic Show deixaram uma marca na Sociedade Esportiva Palmeiras que nenhuma reforma é capaz de destruir.

Serviço Festival Chic Show


OS VIRGULÓIDES


Cena do video clip da música " O Bagulho do Bumba"

Os Virgulóides foi uma banda brasileira que mistura rock e samba, formada em São Paulo. Era  caracterizada pelas suas letras bem humoradas e repletas de sarcasmo, e pela mistura de ritmos distintos, como o rock e o samba. Foi criada pelo trio Henrique Lima (vocal e guitarra), Beto Demoreaux (baixo) e Paulinho Jiraya (bateria) na Cidade Dutra, zona Sul de São Paulo, na segunda metade dos anos de 1990. O nome da banda surgiu da fusão de nomes de Virgulino Ferreira da Silva, o "Lampião", e do desenho animado Os Herculóides. O produtor Carlos Eduardo Miranda foi o responsável pela produção1 e gravação do primeiro disco do grupo, lançado em 1997 pelo selo independente Excelente e intitulado Virgulóides?. O álbum de estreia de Virgulóides vendeu mais de 200 mil cópias e contém o principal hit da banda: "Bagulho no Bumba", música que ficou na posição 33 das 100 músicas mais tocadas de 1997 no Brasil. No mesmo ano, a banda ganhou o Prêmio Multishow de Artista Revelação em 1997. Pouco antes de eles assinarem com a Polygram e lançarem o novo álbum, Marcello Cassettari, o "Marcello Fumaça" (guitarra e cavaquinho) entra na banda.

Em 1998, os Virgulóides lançaram seu segundo disco, Só Pra Quem Tem Dinheiro?, pela PolyGram, produzido por Liminha. O álbum contou com a participação de Bezerra da Silva na faixa "Alcoólatra da Fumaça" e dos Raimundos na regravação de "Eu Sou Rebelde". Após um período sem gravadora, o grupo lançou seu terceiro disco: As Aventuras dos Virgulóides, pela BMG em outubro de 2000, com produção do inglês Paul Ralphes (baixista da banda inglesa Bliss). No ano seguinte, Marcello Fumaça sai da banda, que posteriormente apresentou-se no Rock in Rio, no Rio de Janeiro. Depois de passar um ano sem conseguir contrato para shows e o novo disco não vingar, a banda resolve encerrar suas atividades. 

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TODOS OS SONS DO MUNDO NESTE FESTIVAL DE JAZZ!


Por Ezequiel Neves

O simples fato de ter levado ao Palácio das Convenções do Anhembi uma platéia superior a 60.000 pessoas, durante sete dias e oito noites, consagra triunfalmente a realização do Primeiro Festival Internacional de Jazz de São Paulo. E o melhor: o fato de pelo menos metade dessa platéia ser composta de jovens que antes nunca haviam travado contato com o idioma de Louis Armstrong dignifica ainda mais a ótima idéia da Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia. que transformou São Paulo, do dia 11 ao dia 18 de setembro, em capital mundial do jazz. Lógico que um evento monumental como esse iria gerar muitas controvérsias. E as discussões partiram, principalmente, de puristas e retrógrados que insistem ainda em rotular o que é e o que não é jazz. O que não deixa de ser um papo muito do furado: durante mais de seis décadas, o jazz tem se firmado justamente por ser uma linguagem musical aberta a todas as influências. E os instrumentistas que integram suas trincheiras sempre souberam absorver e transcender todas as experiências do presente. Tendo por base a mais sadia improvisação, o jazz, acústico ou elétrico, provou mais uma vez ser o idioma musical popular sem as fronteiras que limitam repressivamente o passado, presente e futuro. John McLaughlinQuem foi ao Anhembi se esbaldou com a diversidade fosforescente de estilos e correntes. Elas conviveram sem nenhum conflito, mostrando de forma didática um vibrante painel que cobre quase cinqüenta anos de jazz.


As big bands (espécie de som discotheque dos anos 30) estiveram representadas da forma mais descabelada possível. Se a Jazz Band da Universidade do Texas mostrou apenas um xerox pomposo e amador de standards jazzísticos, Paulo Moura e José Menezes fizeram a platéia mergulhar na maior farra. O primeiro, tocando e regendo a Rio Jazz Orquestra, mostrou que o tempero brasileiro só enriquece e apimenta o jazz tradicional. E o segundo, à frente da eufórica Banda de Frevo do Recife, provou que esse ritmo explode o rótulo "folclore": jazz é também alegria. A exibição do grupo Jazz at the Philarmonic foi, principalmente, bem emocionante. Se somássemos as idades de seus componentes (os lendários Jimmy Rowles, Harry Edison, Mickey Roker, Ray Brown, Milt Jackson, Roy Eldridge e Zoot Jims) teríamos quase 400 anos de genialidade a serviço do som. E o que se ouviu foi uma exibição clássica e cristalina de estilistas vibrantes, exemplo máximo do que aconteceu de melhor com o jazz dos anos 50. E o mesmo pode ser dito do show do saxofonista Benny Carter, que transcendeu a "música de boate" feita pelo grupo de Nelson Ayres. Pertencendo à mesma geração desses medalhões, o sempre jovem Dizzy Gillespie, além de soprar seu trumpete entortado, também se esbaldou alegremente nas Percussões, inventando sons repletos de atualidade. Mas foi o setor do jazz vocal que motivou as mais caducas discussões. A incendiária Etta James, por exemplo, quase foi condenada à morte. Isso porque o seu jazz está pousado nos gospels profanos e na fusão do rhythm and blues com o rock. Etta, mastodôntica e maravilhosa, pulverizou a platéia com sua garganta furiosa a ponto de eclipsar a exibição de Al Jarreau (um Johnny Mathis da pirotecnia dos scats), Taj Mahal (prejudicado pela falta da cozinha rítmica) e Milton Nascimento. E os superstars também mandaram ver com classe e garra surpreendentes. George Duke instalou a farra no Anhembi, enquanto Chick Corea brilhou com seu "sofistifunk" e John McLaughlin estraçalhou seu arrebatador jazz-rock, faiscante e interplanetário. Mas em matéria de técnica e emoção, os violonistas Larry Coryell e Philip Catherine foram estrelas máximas, expandindo brilhantemente influências como as de Django Reinhart, Charlie Christian e Wes Montgomery. A grande virtude desse triunfal "Primeiro Festival", foi que não houve disputa ou confronto entre brasileiros e estrangeiros. Houve, isto sim, uma sadia troca de energia e vocabulário musicais em que o jazz saiu sempre e sempre vitorioso. A prova disso foi dada pelo prodigioso "Bruxo do Som", Hermeto Paschoal - autêntica síntese da maratona musical acontecida no Anhembi. Deliciosamente antropofágico, liquidificando todas as informações sonoras atuais, Hermeto partiu do mais descabelado free até a música nordestina, provando que os autênticos inventores vocais são aqueles que batalham para a criação da música do futuro.

PRIMEIRO FESTIVAL DE JAZZ DE SÃO PAULO

Data: de 11 a 18 de setembro de 1978
Local: Palácio das Convenções do Anhembi
Platéia: mais de 60.000 pessoas
Artistas: John McLaughlin, Tony Smith, Larry Coryell & Philip Catherine, Dizzy Gillespie, Taj Mahal, Patrick Moraz, Hermeto Paschoal, Egberto Gismonti, Chick Corea, Joel Farrel, Stan Getz, Al Jarreau, Peter Tosh, Milton Nascimento, Nivaldo Ornellas, Benny Carter, Jazz at the Philarmonic, Raul de Souza, Djalma Correa, George Duke, Etta James, Ray Brown, Zimbo Trio, Luiz Eça, Helio Delmiro, Márcio Montarroyos, Wagner Tiso, Victor Assis Brasil, entre outros.

Show do Zimbo Trio na Estação São Bento do Metrô em 1978 durante a realização da versão paulistana do Festival Internacional de Jazz de Montreux. 



O COMEÇO DO FIM DO MUNDO

O MOVIMENTO PUNK PAULISTANO


"Rock 80 Brasil teve várias facetas. Tivemos influências de vários tipo de Rock. Um deles foi o punk, originário da Inglaterra e que se alastrou pelo mundo, reunindo jovens, principalmente da periferia e da classe operária. Foi nos dias 27 e 28 de novembro de 1982, portanto há 32 anos, ocorria em São Paulo um dos mais importantes marcos da história do movimento punk. Foi o festival “O Começo do Fim do Mundo”, que aconteceu no Sesc Pompeia, na capital paulista, cujo objetivo foi reunir as diversas facções punks da capital e do ABC paulista. Apresentaram-se um total de 20 bandas, entre elas Dose Brutal, Inocentes, Lixomania e Ratos de Porão. Os shows foram gravados em um tape e lançado em forma de LP em 1983".

ONDE SURGIU O PUNKN PAULISTANO

Movimento punk teve início nas regiões mais pobres e afastadas de SP


Estadão - 28/09/2016 


No fim da década de 1970 e começo dos anos 1980, o Brasil ainda vivia sob o regime ditatorial. Se o mundo observava atento o aparecimento de bandas como Ramones, Sex Pistols, MC5, Stooges, New York Dolls e The Clash, a produção nacional, principalmente o rock, ficava cada vez mais nebulosa e sem graça. O que se via e ouvia era conflitante com a situação política do País, que enfrentava censura, violência e repressão policial.

Somado a isso, as periferias, principalmente as de grandes cidades como São Paulo, nos extremos, não eram ouvidas. Os jovens pobres ficavam cada vez mais à margem da sociedade e do pensamento cultural. Faltava sangue. O Brasil estava carente de um pulso musical vibrante, que pudesse dar voz aos excluídos. “Quando o movimento punk surgiu no País, no início da década de 1980, as bandas passaram a fazer um som mais pesado. Isso foi reflexo do momento político que vivíamos. Até então, a grande influência do rock era a Blitz, de Evandro Mesquita. Eles transformavam crônicas cariocas em grandes hits. No entanto, muita coisa acontecia naquela época: greve no ABC e a luta contra a ditadura militar, por exemplo. O Clemente e Os Inocentes são símbolos disso. Eles deram a largada para a mudança”, afirma Marcelo Rubens Paiva.

Pobre e negro, Clemente Tadeu Nascimento, morador do bairro do Limão, na zona norte de São Paulo, filho do vendedor Clementino Lopes Nascimento e xodó de dona Alice, trabalhava como office-boy. Comprou seu primeiro baixo aos 16 anos, ainda com a ajuda da mãe. Ao lado das irmãs, abriu um crediário e adquiriu um amplificador. Foi um grande evento para toda a família, quando a sua banda, o Restos de Nada, foi se apresentar em um lugar bem afastado. Pouco tempo depois, ele deixou o grupo e passou a integrar os Condutores de Cadáver, que se tornaria, enfim, a espinha dorsal dos Inocentes. “Eram muitas bandas. Restos de Nada, AI-5, Condutores de Cadáver, Cólera. A gente não tinha ideia do que estava sendo formado ali. Demorou um tempo para termos essa percepção”, afirma ainda Clemente.

Em 1981, os punks já lotavam shows nos subúrbios da capital paulista. Muitos festivais eram realizados por lá. Além das bandas já citadas, grupos como Ratos de Porão e Lixomania também se apresentavam nas zonas norte, leste e sul de São Paulo. No ABC, crescia o movimento operário. O punk-rock se fortalecia e, finalmente, chegava à grande metrópole. As gangues punks eram heterogêneas e de várias regiões da cidade. Embora tivessem o mesmo propósito, elas se enfrentavam duramente. O filme Warriors (1979), que fala sobre a briga entre as gangues de Nova York Gramercy, Rogues e Warriors, era uma forte inspiração para os jovens. Os punks do ABC, por exemplo, rivalizavam com os grupos da zona norte e da zona leste. “Até o estereótipo era diferente. A gente conseguia identificar se o cara era do ABC ou da capital paulista”, lembra também Clemente.

Não existia paz entre as gangues. Pisar no território inimigo podia significar a morte. Aos 17 anos, Clemente se apaixonou por Elenice, uma garota mais velha. Ele fazia parte da gangue da Carolina. Mas ela, entretanto, moradora da Vila dos Remédios, era da gangue Punk do Terror. Obviamente, não deu certo. Passar a noite na cadeia era algo normal para aqueles jovens. Clemente, por sinal, ficou várias noites na prisão. “A gente brigava muito. Quase toda noite. O livro traz inúmeros relatos. Depois de um tempo, a coisa toda parou de fazer sentido. Começou a ficar mais violenta. Afinal, se tínhamos o mesmo propósito, por que brigávamos? Não estávamos chegando a lugar nenhum, a coisa não evoluía, não saía do lugar, acrescenta Clemente.

TITÃS




Titãs é uma banda de rock formada na cidade de São Paulo, Brasil em 1982. Embora originalmente tocassem pop-rock alternativo em seus primórdios, o grupo também já utilizou diversos outros gêneros ao longo dos mais de 40 anos de carreira, como new wave, punk rock, grunge, MPB e música eletrônica.É uma das bandas de rock mais bem sucedidas no Brasil, tendo vendido mais de 6,3 milhões de álbuns e fazendo parcerias com vários artistas brasileiros de renome e diversos cantores internacionais. Eles receberam um Grammy Latino em 2009 e ganharam o Troféu Imprensa de Melhor Banda por quatro vezes.
A formação inicial contava com um número de integrantes bastante incomum. Eram nove membros, sendo que seis eram vocalistas. Arnaldo Antunes, Branco Mello e Ciro Pessoa cantavam e faziam vocais de apoio. Sérgio Britto, Nando Reis e Paulo Miklos, além de cantarem, se revezavam entre os teclados e o baixo. O restante do grupo era formado por André Jung, na bateria, Marcelo Fromer na guitarra rítmica e Tony Belloto na guitarra solo. Ciro Pessoa rapidamente deixou o grupo, antes mesmo do lançamento do primeiro álbum da banda, em 1984. André Jung era o baterista inicial, mas foi substituído por Charles Gavin no início de 1985, estabelecendo a formação clássica da banda.

Desde então, a banda perdeu outros cinco membros que nunca foram substituídos oficialmente: em 1992, Antunes deixou o grupo para seguir carreira solo. Em 2001, Fromer morreu após ser atropelado por uma motocicleta em São Paulo. No ano seguinte, Nando Reis também deixou a banda para se concentrar em seus projetos solo. As mudanças mais recentes foram as saídas de Charles Gavin, em 2010, e Paulo Miklos, em 2016, ambas por motivos pessoais. Após a morte de Marcelo e a saída de Nando, o grupo passou a se apresentar com alguns guitarristas e baixistas eventuais (Emerson Villani, André Fonseca e Lee Marcucci). A partir do lançamento do álbum Sacos Plásticos (2009), Branco Mello e Sérgio Britto tornaram-se baixistas definitivos (com Britto tocando apenas quando Mello canta) e Miklos como guitarrista até sua saída do grupo. Em 2010, a banda voltou a usar músicos de apoio, com a entrada do baterista Mario Fabre no lugar de Charles Gavin; algo que se repetiria em 2016, após a saída de Paulo Miklos, com a entrada do guitarrista Beto Lee.

Formação e primeiros trabalhos. Quase todos os integrantes da banda se conheceram no Colégio Equipe, em São Paulo, no final da década de 1970. As exceções eram o guitarrista Tony Bellotto e o baterista Charles Gavin. Após acompanharem apresentações de Novos Baianos, Alceu Valença e Gilberto Gil no pátio da instituição, e também por influência da Blitz, iniciaram uma banda e gravaram uma fita com cantadas para meninas - àquela altura, o grupo era grande e incluía nomes como Nuno Ramos, que mais tarde viraria artista plástico. A partir de uma apresentação na Biblioteca Mário de Andrade no ano de 1982, na qual Nando Reis atuou como baterista, passaram a fazer shows em várias casas noturnas da cidade, com o nome Titãs do Iê-Iê.A origem do nome remete aos primeiros ensaios da banda, realizados na biblioteca da casa dos pais de Tony, onde havia livros como Titãs da Ciência, Titãs do Esporte, Titãs da Literatura, entre outros, e isso os inspirou a criar o nome Titãs do Iê Iê.

O ex-vocalista, tecladista, saxofonista e guitarrista Paulo Miklos descreve o início da banda da seguinte forma:

A gente já tinha claro que o barato era a coisa criativa, aquilo que a gente podia criar juntos, e defender essa criação sem preconceitos. A gente tinha toda essa carga de informação, adorava o Arrigo [Barnabé], o Itamar [Assumpção], essa vanguarda paulista. Eu queria fazer umas frases dodecafônicas! A gente tinha uma proximidade também com a poesia concreta do Augusto [de Campos], o Arnaldo [Antunes] é um cara que estudou as coisas. A gente tinha esse conhecimento profundo da música popular brasileira trombada com toda música internacional. A gente era new wave, mas curtia Alceu Valença. (...) A gente sempre gostou do The Clash, por exemplo, que é uma banda que introduziu a música caribenha, o reggae, misturados com um punk rock mais encardido, mais sectário. (...) A gente era uma coisa caleidoscópica.

Antes do surgimento dos "Titãs do iê-iê", os integrantes da banda já tocavam em vários grupos. Arnaldo Antunes e Paulo Miklos eram parte da banda Performática; Nando Reis era percussionista e crooner da banda Sossega Leão; Branco Mello, Marcelo Fromer e Tony Bellotto formavam o Trio Mamão e as Mamonetes, que chegou a se apresentar no programa de televisão da Tv Tupi, de estilo competição musical Olimpop, em que a atriz Deborah Seabra, após a apresentação dos 3 garotos, disse que eles precisavam evoluir e que tinham que estudar, e Wilson Simonal disse que tinham um gosto mais moderno e que gostou do conjunto. Sérgio Britto e Marcelo Fromer também chegaram a se apresentar como calouros no programa do Chacrinha, sendo "gongados" cantando a música "Eu Também Quero Beijar", sucesso de Pepeu Gomes.

Os primeiros shows dos ainda Titãs do Iê-Iê ocorreu nos dias 15 e 16 de outubro de 1982, no Sesc Pompeia,[8] descrito pelo hoje baixista e vocalista da banda Branco Mello como uma "sessão maldita", pois teria começado muito tarde, após a meia-noite. No início, o visual da banda incluída maquiagens e ternos coloridos e gravatas de bolinhas. Além disso, a primeira formação contava com nove integrantes, sendo eles Arnaldo Antunes, Branco Mello, Marcelo Fromer, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto, Tony Bellotto, Ciro Pessoa e André Jung, dos quais seis eram vocalistas. Arnaldo, Branco e Ciro eram apenas vocalistas, Paulo Miklos cantava e se dividia entre o baixo (com Nando Reis) e o teclado (com Sérgio Britto), Sérgio Britto cantava e tocava teclado, Nando Reis tocava baixo e cantava, Tony e Marcelo tocavam guitarra e violão respectivamente e André Jung tocava bateria.

“Titãs Encontro”, 
2023 , a série de shows que reuniu a formação clássica dos Titãs.


SALAS DE TEATRO

O teatro em 1862 com obras inacabadas.



O THEATRO SÃO JOSÉ

Interior do teatro com visão para o fosso da orquestra e palco, em 1920.

O Theatro São José foi um importante teatro existente na cidade de São Paulo. Inaugurado em 4 de setembro de 1864, seu primeiro edifício tinha capacidade para 1200 pessoas e estava localizado no Largo São Gonçalo, atual Praça Doutor João Mendes. Após um incêndio ocorrido às vésperas do carnaval de 1898 que destruiu o edifício, um novo Theatro São José foi construído ao lado Viaduto do Chá.

O novo teatro projetado pelo arquiteto Carlos Ekman tinha capacidade para 3000 pessoas e foi inaugurado em 28 de dezembro de 1909. Depois da inauguração do Theatro Municipal de São Paulo em 1911, o Theatro São José sofreu impacto em sua programação, permanecendo em atividade até 1919. Posteriormente foi adquirido pela Light São Paulo que passou a utilizar suas instalações até 1924, quando foi demolido e deu lugar ao Edifício Alexandre Mackenzie, inaugurado em 1929.

História. A criação do teatro foi decidida em 1854 na Assembleia Legislativa Provincial de São Paulo, que autorizou por lei o governo a contratar a construção de um novo teatro para a cidade, pois a antiga Casa da Ópera, o primeiro teatro da cidade localizado no Pátio do Colégio, estava muito deteriorada.

No início houve uma indefinição sobre a localização do novo teatro. Havia a possibilidade de inaugurá-lo no Largo de São Francisco, onde hoje está a Escola de Comércio Álvares Penteado. Por fim foi decidido que o edifício seria localizado no Largo São Gonçalo, atual Praça Doutor João Mendes.

A construção ficou a cargo de Antônio Bernardo Quartim, mesmo empreiteiro responsável pela reforma da Casa da Ópera. Seriam sócios o governo e Quartim, que ficaria com a concessão do teatro por vinte anos. De acordo com o contrato assinado, o teatro teria “72 camarotes, cada um com 6 palmos de frente e 13 de fundo, uma tribuna decente para o Presidente, tudo cercado por corredores com suficiente largura, uma plateia com 350 assentos e 100 cadeiras, e, além disso, salas espaçosas para recreio, bem como para pintura e guarda-roupa, e 2 botequins no saguão, sendo as paredes do edifício de pedra”.


Theatro São José após reformas em 1876.


A pedra fundamental foi lançada em 7 de abril de 1858 com grandes comemorações e o engenheiro Francisco Antônio de Oliveira ficou responsável pelo projeto do edifício. O prazo inicial para a obra era de três anos, porém os constantes atrasos e solicitações de verbas adicionais provocaram a crítica da imprensa.

O teatro foi inaugurado em 4 de setembro de 1864 com apresentação da peça Túnica de Nessus, do estudante de direito Sizenando Nabuco. Considerado um dos maiores teatros do Brasil na época, não era visto como um monumento de arte. Possuía uma fachada com a combinação de tijolos expostos, pilastras rudimentares e caixilhos de janelas sem adornos, encimados por um triângulo pesado que era o teto do salão.

As instalações do teatro comportavam 1200 pessoas e foram inspiradas nas grandes casas europeias de espetáculo, porém o edifício ainda permanecia inacabado e em precárias condições, com a plateia ainda em chão de terra, permanecendo assim por um bom tempo. Quem quisesse sentar para melhor apreciar os espetáculos levava sua própria cadeira de casa.

Em 1868 o presidente da província de São Paulo, Saldanha Marinho, irritado com as obras infindáveis do edifício, determinou ao Procurador Fiscal do Tesouro que tomasse providências. Em 1870, por força de uma lei provincial, foi determinado a encampação do teatro. O efeito prático da lei surgiu somente em 1873, no governo de João Teodoro, quando foram constatadas todas as irregularidades na obra. Após ser encampado pelo governo, o Theatro São José passou para a administração de Antônio da Silva Prado, que reformou o edifício e concluiu o trabalho em março de 1876, quando o teatro foi inaugurado novamente.

Com o passar dos anos, o Theatro São José se consolidou como um importante polo cultural da cidade e passou a receber importantes companhias internacionais, como a famosa companhia de Ermete Novelli, que apresentou dez peças no local. Passaram pelo São José malabaristas japoneses, mágicos alemães, companhias dramáticas italianas e artistas como o maestro Arturo Toscanini, a atriz Sarah Bernhardt, Eugênia Câmara e o poeta Castro Alves, que fazia declamações de seu camarote. Além disso, o teatro passou a ser palco para as pregações abolicionistas de Antonio Bento.

Na madrugada de 15 de fevereiro de 1898, às vésperas do carnaval, um grande incêndio acabou destruindo o tradicional teatro. Dizem que um funcionário, preparando o teatro para o baile de carnaval, havia esquecido uma um bico de gás aberto. Ao amanhecer, o edifício ficou em ruínas, permanecendo apenas as paredes externas. Após o incêndio que destruiu o edifício do teatro no Largo São Gonçalo, foi ordenada a construção de uma nova sede para o São José no começo do século XX, porém desta vez em outro local: ao lado do Viaduto do Chá.

Projetado em estilo eclético pelo arquiteto Carlos Ekman, o novo teatro foi inaugurado em 28 de dezembro de 1909. Em sua reabertura, foi executado o Hino Nacional, sucedido pela abertura da ópera Il Guarary, de Carlos Gomes. Seguiu-se com a apresentação da ópera Gueisha, de Howen Hallo e Sidney Jones, com elenco da Cia. Ernesto Lahoz. No dia seguinte foram anunciadas I Saltinbanchi, do maestro Ganné, sucedendo-se Sonho de Valsa, de Strauss e A Viúva Alegre, de Franz Lehár, que fechou a temporada de 1909.

O novo São José tinha capacidade para 3000 espectadores, distribuídos em 387 cadeiras na plateia, 39 camarotes, 28 frisas, 356 lugares no anfiteatro, 415 nos balcões e 629 nas galerias. Todos os lugares da plateia, que tinha forma tradicional de ferradura, possuíam uma visão privilegiada do palco, pois o projeto do edifício aproveitou o declive para o Vale do Anhangabaú, que se situava ao fundo, nas vizinhanças da rua Formosa. O local contava com salas para administração, sala de espera dos espectadores, instalação de bufê, sanitários e outros. O palco, um dos maiores de São Paulo até então, era adequado a qualquer tipo de espetáculo e tinha fosso de orquestra capaz de abrigar 70 músicos, treze camarins e quatro salas de comparsaria.

O teatro teve uma temporada de sucesso em 1910, trazendo artistas internacionais. Em 23 de dezembro estreou a Cia. Lírica Italiana Ratoli-Biloro, conjugada à Cia. Schiaffino, que encenaram, seguidamente, uma após a outra, as óperas: Aida, Manon Lescaut, Cavalleria Rusticana, I Pagliacci, Rigoletto, Werther, L'amico Fritz, Il Guarany, La Traviata, Tosca, La Gioconda, La Bohème, Carmen, Il Trovatore, Faust, Un ballo in maschera e Mefistófele. Essa temporada de óperas acabou sendo o ponto mais alto de toda a programação do teatro.

Após a inauguração do Theatro Municipal de São Paulo, em 1911, o Theatro São José teve sua programação fortemente alterada, passando a contar com temporadas curtas, elencos de segunda linha e plateias reduzidas. O teatro foi obrigado a recorrer às fontes de renda alternativa: aluguel das suas dependências para pequenas lojas, ateliês, oficinas de alfaiates e, até mesmo, residências. Em 1919 foi desativado como teatro e passou a pertencer à Assunção e Cia.

Neste Período, a Light São Paulo estava procurando um novo local para sediar suas atividades. Paulo Assunção, proprietário do teatro, ofereceu o edifício no dia 3 de junho de 1919, porém a empresa demonstrou desinteresse na proposta. Posteriormente as negociações foram retomadas e a empresa adquiriu o edifício 27 de junho de 1920.

Após comprar o teatro, a Light solicitou em juízo a notificação dos inquilinos, oferecendo 60 dias para que desocupassem o prédio. Houve um prazo especial de apenas 30 dias para Madame Ravidadt, uma inquilina do teatro que sublocava quartos para encontros amorosos. Foi também solicitada a retirada dos painéis de propagandas pertencentes à Água Platina e ao Cimento Rodovalho, afixados na fachada do teatro. A empresa só se viu livre dos inquilinos em maio de 1923.

Inicialmente a Light tentou adaptar o prédio às suas atividades, transferindo em 1 novembro de 1923 o setor de recebimento de contas de luz. Foram traçadas algumas alternativas para adaptação do prédio, porém a empresa concluiu que o melhor seria demolir o teatro e construir um edifício novo em seu lugar.

Em 29 de agosto de 1924 foi assinado o contrato para a demolição do edifício. O entulho resultante da demolição do Theatro São José serviu para o aterramento da área onde hoje existe o Mercado Municipal de São Paulo. As peças que ornavam as fachadas do teatro, como os mascarões e as esculturas em cimento, foram reaproveitadas na construção da Vila Itororó, então construída pelo comerciante português Francisco de Castro, onde permanecem decorando o local até hoje.

No local do Theatro São José foi construído o Edifício Alexandre Mackenzie, que durante muitos anos abrigou as atividades da Light São Paulo e posteriormente da Eletropaulo. Atualmente o edifício abriga Shopping Light.



THEATRO COLOMBO

O Teatro Colombo foi uma sala de espetáculos brasileira situada no Largo da Concórdia, bairro do Brás, na cidade de São Paulo. Era considerado o teatro de melhor acústica da cidade e tinha capacidade para 1968 lugares. Neste teatro o compositor italiano Pietro Mascagni regeu pessoalmente sua sua ópera Amica. O teatro foi inaugurado em 20 de fevereiro de 1908 após a reforma do prédio do antigo Mercado do Brás, no Largo da Concórdia, com apoio do coronel França Pinto. Na inauguração foi apresentada a peça Maria Antonieta, rainha da França, de Giacometti, pela Companhia Dramática Italiana dirigida pelo ator Antonio Bolognesi. O teatro tinha capacidade para 1968 lugares, contando com 39 camarotes e 24 frisas. Tinha ainda as cadeiras de plateia e três arquibancadas, comportando 260 lugares em pé. Era considerado o teatro de melhor acústica da cidade. A criação do Colombo foi uma resposta das classes menos favorecidas à elitização dos teatros paulistanos e de seus preços exorbitantes cobrados pelas bilheterias. Era conhecido como o local de reunião das famílias dos bairros industriais e populosos, por praticar preços ao alcance das classes operárias.

Em 3 de agosto de 1911 o compositor Pietro Mascagni regeu pessoalmente sua ópera Amica, ocasião tão especial que o edifício recebeu uma placa comemorativa em seu saguão. A apresentação na época foi anunciada como "A mais completa expedição lírica de todos os tempos", contando com uma produção de 183 pessoas vindas da Itália, incluindo os músicos da orquestra. Do teatro brasileiro, o Colombo recebeu artistas como Itália Fausta, Leopoldo Fróes, Procópio Ferreira e Nino Nello. Recebeu também artistas internacionais e numerosas companhias estrangeiras, especialmente italianas, em apresentações de óperas, balé, concertos e peças de teatro. Com o tempo, passou a exibir filmes e a hospedar bailes de carnaval que se tornaram famosos na cidade. O local também foi palco de grandes manifestações de trabalhadores e grupos de tendência anarquista.

Em 1911, arrendado pela Companhia Cinematográfica Brasileira de propriedade de Francisco Serrador, o teatro tornou-se uma sala de exibição de filmes e entrou em decadência nos anos seguintes. A prefeitura do município conseguiu reavê-lo para reinaugurá-lo em 1952, mas o Colombo não conseguiu se impor no cenário cultural paulistano como antes. Posteriormente a prefeitura fez planos de sua demolição para a construção da Radial Leste.

Em julho de 1957 o edifício foi interditado por não apresentar condições de segurança devido a problemas em seu telhado.

Em 19 de julho de 1966 seu edifício ardeu em chamas e foi completamente destruído. As causas do incêndio são suspeitas. Foi publicado no jornal O Estado de S. Paulo que o teatro vinha sendo ameaçado de destruição por telefonemas anônimos. O primeiro incêndio se iniciou num colchão colocado no teatro vazio no domingo, 17 de julho. Na ocasião o fogo foi controlado, mas na quarta-feira irrompeu novamente e destruiu o edifício em apenas trinta minutos.

Do outro lado da mesma praça ficava a antiga "Estação do Norte", da Estrada de Ferro Central do Brasil, mais tarde denominada "Estação Roosevelt". Hoje chama-se Estação Brás da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), integrada com o Metrô de São Paulo.


THEATRO MVNICIPAL DE SÃO PAVLO

Praça e Viaduto do Chá como foi concebido pelo escritório do arquiteto Ramos de Azevedo.


O Teatro Municipal de São Paulo é um dos mais importantes teatros da cidade e um dos cartões postais da capital paulista, tanto por seu estilo arquitetônico semelhante ao dos mais importantes teatros do mundo, e claramente inspirado na Ópera de Paris, como pela sua importância histórica, por ter sido o palco da Semana de Arte Moderna de 1922, o marco inicial do Modernismo no Brasil


Theatro Municipal na área central. Projetado pelos arquitetos Ramos de Azevedo (nome da praça onde se localiza), Claudio Rossi e Domiziano Rossi no estilo arquitetônico eclético, inspirado na Ópera de Paris e inaugurado em 1911. É um dos cartões postais da cidade, localizado na Praça Ramos de Azevedo, também considerado um dos mais importantes teatros do país. Construído para atender ao desejo da elite paulista da época, que queria que a cidade estivesse à altura dos grandes centros culturais. Seu estilo arquitetônico é semelhante ao dos mais importantes teatros do mundo. O edifício faz parte do Patrimônio Histórico do estado desde 1981 quando foi tombado pelo Condephaat. Além de sua importância arquitetônica, o teatro também possui notabilidade histórica, pois foi palco da Semana de Arte Moderna, o marco inicial do Modernismo no Brasil.

niciou-se no ano de 1895 as discussões sobre a construção de um teatro especificamente para ópera com um projeto enviado para a Câmara Municipal que tramitou sem sucesso. Em 1898, após o Theatro São José ser destruído por um incêndio, a Câmara Municipal decretou a Lei nº 336 de 24 de janeiro de 1898, com incentivo para o empreendimento da construção de um ou mais teatros na Capital mediante a isenção de impostos por 50 anos e de outros benefícios fiscais. O Escritório Técnico de Ramos de Azevedo apresenta a proposta de construção. Outra proposta já havia sido apresentada por Cláudio Rossi ao primeiro prefeito Antônio Prado que fez a aproximação entre o escritório de Ramos de Azevedo.

O local escolhido para a construção foi o Morro do Chá, que já abrigava o Teatro São José. Com o projeto de Cláudio Rossi, desenhos de Domiziano Rossi e construção pelo Escritório Técnico de Ramos de Azevedo, as obras foram iniciadas em 26 de junho de 1903 e finalizadas em 1911. O estilo arquitetônico da obra é o eclético, em voga na Europa desde a segunda metade do século XIX. São combinados os estilos Renascentista, Barroco do setecentos e Art Nouveau, sendo o último o estilo da época. O teatro é estruturado em quatro corpos: a fachada, composta pelo vestíbulo, o salão de entrada e a escadaria nobre; o central, no qual encontra-se a sala de espetáculos; o palco; e, por fim, o ambiente onde estão localizados os camarins.


Página de matéria de O Estado de S. Paulo sobre a inauguração do Theatro Municipal, em 12 de setembro de 1911.

A inauguração estava marcada para o dia 11 de setembro, mas devido ao atraso na chegada dos cenários da companhia Titta Ruffo em São Paulo, pois vinham de turnê pela Argentina, foi adiada para 12 de setembro. Houve uma grande aglomeração no entorno do edifício. Cerca de 20 mil cidadãos vieram admirar a iluminação com energia elétrica vinda do interior e do entorno do Theatro Municipal, algo que era atípico na época.

Além da inauguração, a noite de 12 de Setembro de 1911 foi cenário do primeiro trânsito da cidade de São Paulo. O espetáculo foi iniciado com a leitura de um trecho da obra da ópera Il Guarany, de Carlos Gomes. Seguiu-se depois a encenação da ópera Hamlet, de Ambroise Thomas, com o barítono Titta Ruffo no papel principal.

Foto de 1910 registrando o grupo de técnicos e operários que participaram da construção do Theatro Municipal.

O Theatro Municipal de São Paulo, a principal casa de ópera do país.




Salão Nobre do Theatro Municipal de São Paulo.

Vista da escada central do Theatro Municipal em dia de apresentação.


Vista interior da sala principal.

Fundos do edifício do teatro, com vista para a porta de entrada dos artistas.



Até o começo do século 20, as companhias líricas internacionais que se apresentavam no Theatro Municipal traziam da Europa seus instrumentistas e coros completos, pela falta de um grupo orquestral em São Paulo especializado em ópera. Somente a partir da década de 1920 uma orquestra profissional foi criada e passou a realizar apresentações esporádicas, tornando-se regular em 1939, sob o nome de Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal. Uma década mais tarde, o conjunto passou a se chamar Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo e foi oficializado em lei de 28 de dezembro de 1949, que vigora ainda hoje.

A história da Sinfônica Municipal se confunde com a da música orquestral em São Paulo, com participações memoráveis em eventos como a primeira Temporada Lírica Autônoma de São Paulo, com a soprano Bidú Sayão; a inauguração do Estádio do Pacaembu, em 1940; a reabertura de Theatro Municipal, em 1955, com a estreia da ópera Pedro Malazarte regida pelo compositor, Camargo Guarnieri; e a apresentação nos Jogos Pan-Americanos de 1963, em São Paulo.

Estiveram à frente da orquestra os maestros Arturo de Angelis, Zacharias Autuori, Edoardo Guarnieri, Lion Kasniefski, Souza Lima, Eleazar de Carvalho, Armando Belardi e John Neschling.
Roberto Minczuk é o atual regente da Orquestra Sinfônica Municipal – OSM.


REGENTE ATUAL. Roberto Minczuk nasceu em São Paulo, e começou a estudar música com o pai aos 6 anos de idade. Aos 9, ingressou como trompista na Escola Municipal de Música de São Paulo e, com 10 anos, fez sua estreia como solista no Theatro Municipal de São Paulo. Aos 13 anos, foi contratado por Isaac Karabtchevsky em concurso público para ser 1a. trompa do Theatro Municipal de São Paulo, em 1981. Mudou-se para Nova York aos 14 anos com bolsa de estudos, e se formou na Juilliard School of Music. Como solista, fez sua estreia no Carnegie Hall aos 17 anos. Aos 20, tornou-se membro da Orquestra Gewandhaus de Leipzig na Alemanha.

Fonte - blog do theatromunicipal

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Teatro São Paulo. 1952, entre as ruas da Glória e Conselheiro Furtado. Foi demolido no início dos anos 1970 e, função das obras da Radial Leste.


"O Teatro de Alumínio era uma grande estrutura portátil encomendada no início dos anos 50 pela prefeitura, para ser montada e desmontada em diferentes locais da cidade. O primeiro lugar escolhido foi a praça da Bandeira, onde o teatro foi instalado em 1952. Mas o projeto acabou não saindo exatamente como previsto e o teatro acabou ficando 15 anos ali mesmo, até ser demolido definitivamente em 1967.O teatro serviu de sede à companhia de Nicette Bruno, e depois foi um dos principais palcos do teatro de revista na cidade. Hoje em dia ninguém lembra que ele existiu". Blog Quando a Cidade era Mais Gentil. .





Teatro Cultura Artística, na Rua Nestor Pestana, que também foi sede da extinta TV Excelsior Canal 9 de São Paulo . / F. / Fbcdn.


O Teatro Cultura Artística é um teatro localizado na região central da cidade de São Paulo, pertencente à Sociedade de Cultura Artística. Entre os anos 1947 e 1950, sob o projeto do arquiteto Rino Levi, o teatro foi construído no terreno do antigo Velódromo de São Paulo, o primeiro estádio de futebol do país. O sonho da Sociedade de construir um espaço próprio para abrigar os seus espetáculos veio, por fim, em duas noites de inauguração: nos dias 8 e 9 de março de 1950, a cargo de Heitor Villa-Lobos e Camargo Guarnieri, que revezaram-se na regência da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, e apresentaram obras suas.

Em 17 de agosto de 2008, o teatro foi parcialmente destruído por um incêndio e desativado. O teatro possuía duas salas superpostas: a Sala Esther Mesquita, com 1.156 poltronas, e a Sala Rubens Sverner, com 339, ambas com acesso para deficientes físicos e ar condicionado. A sua fachada exibe o maior afresco existente de Di Cavalcanti, medindo 48 metros de largura por 8 de altura, feito em mosaico de vidro, que não foi destruído pelo incêndio e passou por ampla restauração, pelos maiores especialistas do Brasil e do exterior.

A Sociedade de Cultura Artística nasceu em 1912 na cidade de São Paulo através de saraus realizados nas casas de membros da elite econômica e cultural paulistana. Neste período, sentiu-se a necessidade de expandir as produções culturais pela cidade, uma vez que um ano antes, em 1911, a capital inaugurava o seu Teatro Municipal de São Paulo. Foi então que alguns intelectuais, empresários e profissionais liberais criaram a Sociedade Cultura Artística. Entre os seus fundadores estavam Vicente de Carvalho, Arnaldo Vieira de Carvalho, Nestor Pestana, Frederico Vergueiro Steidel, Roberto dos Santos Moreira e Júlio de Mesquita.

Com o objetivo de promover eventos ligados à literatura e à música, os primeiros anos da Sociedade contaram com apresentações nacionais e, posteriormente, internacionais de saraus, conferências e recitais. O grupo utilizava dos espaços do Teatro Municipal de São Paulo para realizar as suas atividades. Entretanto, foi a partir de 1920 que eventos com artistas renomados se tornaram cada vez mais frequentes, tendo a necessidade de se criar um espaço próprio. Ligado a isto, o crescimento das produções culturais no Municipal acabou criando conflito de agendas e nem sempre era possível sediar os eventos da Sociedade. Dessa forma, Arnaldo Vieira de Carvalho, presidente então do Cultura Artística, estabeleceu como meta a construção de um espaço próprio.

O arquiteto.Rino Levi é hoje considerado um importante contribuinte para o desenvolvimento da arquitetura moderna em São Paulo. Nascido em 1901, o paulista se formou em arquitetura na Itália e regressou para o Brasil em 1926. Seu trabalho foi decisivo para a arquitetura da cidade e para a formação futura de gerações de arquitetos.

O Mural de Di Cavalcanti. Rino Levi projetou para o Teatro uma fachada bastante ousada. Três artistas foram convidados a criar um painel de grande dimensão para decorar a frente do espaço e o trabalho de Emiliano Di Cavalcanti foi o selecionado. O artista, que dedicava grande parte do seu trabalho à arte muralista na cidade de São Paulo, fez um projeto minucioso para a escolha das pastilhas e das cores que comporiam o mosaico. Em março de 1950, o mural intitulado Alegoria das Artes ficou pronto.
Di Cavalcanti buscou retratar através de uma simetria impecável dez musas da mitologia grega inspiradoras das artes e das ciências que, sem duvida, deixaram uma marca registrada para a fachada do Teatro. Este trabalho foi um marco na carreira do pintor e, até hoje, a obra é considerada uma das maiores artes exposta em espaço público em São Paulo.

Características Arquitetônicas. Com capacidade para cerca de duas mil pessoas, o terreno do Teatro Cultura Artística ocupa quase que integralmente um lote de formato irregular no centro da Cidade de São Paulo. De acordo com o site Arquicultura da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, a plateia principal ficava acomodada em um patamar mais elevado em relação ao palco. A sala principal de espetáculos foi amplamente estudada para que formasse nas paredes, pisos e teto uma curvatura parabolóide,  com o objetivo de uma melhor difusão do som. A suave curvatura das paredes dos fundos permitiu que a fachada do Teatro recebesse o painel de Emiliano Di Cavalcanti. Assim, ao passar em frente ao local, é possível acompanhar a curvatura da rua com a do gigantesco mosaico.


Incêndio e reforma. O Teatro Cultura Artística, um dos equipamentos culturais mais importantes da cidade de São Paulo, será reaberto neste domingo (25 de agosto de 2024), 16 anos após ser destruído por conta de um incêndio. Fechado para reforma desde então, a reabertura tinha sido programada inicialmente para novembro de 2021, mas sofreu atrasos. O projeto de reforma teve como objetivo voltar na ideia inicial do prédio, em 1950. Com a missão de reconstruir o teatro, a Associação Cultura Artística decidiu que o local vai focar em concertos musicais. Por isso, as duas salas foram milimetricamente calculadas para a melhor experiência sonora. Até hoje não se sabe exatamente o que provocou o fogo. Duas salas foram completamente destruídas no incêndio. A casa sempre foi palco de alguns dos principais artistas brasileiros do século XX. O teatro foi inaugurado em 1950 mas, antes disso, a Cultura Artística já existia. Ela foi fundada em 1912 por um grupo de intelectuais e empresários, entre eles estava Mário de Andrade e Olavo Bilac. O Teatro Cultura Artística é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - o Iphan desde 2016. O trabalho de restauro contou com recursos exclusivamente da Lei Rouanet, e um total de R$ 87 milhões. G1. 

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"A atriz Maria Della Costa posa diante de seu teatro e seu Aero-Willys em meados da década de 1960". Sâo Paulo Antiga.

Em 1955 era inaugurado, na Rua Paim, o Teatro Maria Della Costa. Proprietária do espaço, a companhia de mesmo nome foi umas das principais responsáveis pela implementação do teatro profissional no país. Durante o período de profissionalização, entre os anos 1940 e 1960, as mulheres tiveram uma projeção excepcional na cena teatral, maior inclusive que a alcançada pela geração seguinte. Reconhecidas como “estrelas”, elas emprestariam o prestígio de seus nomes a diversas companhias teatrais. O Teatro Maria Della Costa expressa bem esse momento. A companhia da célebre atriz abriu seus palcos para a projeção de diversas atrizes e suas companhias. Ao longo de sua existência também enfrentou problemas com a censura por garantir a montagem de peças de conteúdo político ou escritas por autores visados pelo regime. Por se embater contra a restrição da liberdade de expressão, a companhia esteve entre aquelas que foram olhadas com desconfiança pela ditadura. Memorial da Resistência. 



Cine Teatro Paramont. Sua construção iniciou-se no mesmo ano de 1927 e tinha como objetivo ser a primeira sala de cinema sonoro da América Latina. De propriedade da Paramount Pictures, foi projetado pelo engenheiro Arnaldo Maia Lello com capacidade de receber um público de 1800 pessoas, somando-se plateia, balcão e frisas. A localização do cinema foi escolhida a dedo: a requintada Avenida Brigadeiro Luís Antônio, no número 79 (atualmente 411). No local já existia um velho estabelecimento: o Palace Theatro, um velho casarão de madeira que era mais dedicado a exibição de peças teatrais e espetáculos circenses, mas que também exibia filmes. Seu proprietário era Alberto Andrade. Douglas Nascimento- SP Antiga



Teatro Artur de Azevedo na Mooca, em 1953.


Cine Rex, depois Teatro Zácaro. Inaugurado em 10 de outubro de 1940 com uma sessão exclusiva para convidados, o Cine Rex teria suas portas abertas para o público oficialmente no dia seguinte. A inauguração do cinema, na Rua Rui Barbosa, foi um grande impacto na cidade, que passava a contar com mais uma sala de exibição moderna em um edifício bem arrojado e similares aos grandiosos cinemas dos Estados Unidos.O Cine Rex funcionaria por décadas e começaria a enfrentar decadência em meados dos anos 70. No final desta mesma década encerraria definitivamente suas atividades, ficando alguns anos fechado até ser reaberto novamente. No início da década de 80 o Maestro Zaccaro, um dos símbolos da cultura italiana na capital paulista, adquiriu o antigo Cine Rex e o fez ressurgir com um dos mais importantes teatros de São Paulo naquela década, o Teatro Zaccaro. São Paulo Antiga





Fundada em 1958 como a Companhia Teatro Oficina, que veio a formar a atual Associação Teatro Oficina Uzyna Uzona, foi criada por Zé Celso Martinez Corrêa e outros estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, como Amir Haddad e Carlos Queiroz Telles. Desde sua profissionalização, em 1961, tem sua sede no bairro do Bixiga, São Paulo. O prédio atual era a sede do antigo Teatro Novos Comediantes, de uma companhia teatral mesmo nome. Na década de 1960, o prédio foi adquirido pela companhia. No mesmo ano, no entanto, o teatro foi destruído por um incêndio e, posteriormente, remontagens de peças teatrais foram realizadas para levantar de fundos e reconstruir o prédio. Dezenas de obras de grande importância na dramaturgia ocidental e do Brasil foram encenadas pelo Teatro Oficina por centenas de artistas que trabalharam na história da companhia. Atualmente, a companhia é dirigida por José Celso Martinez Corrêa.[Textos e imagens da Wikipedia]

Teatro de Arena, rua Amaral Gurgel, Vila Buarque, anos 1960.



O Teatro Lira Paulistana, também conhecido como Lira Paulistana ou Lira, foi um teatro e centro cultural da cidade de São Paulo. Em setembro de 2014, um dos fundadores do Lira Paulistana, lançou o livro "Lira Paulistana - Um delírio de porão", onde conta a trajetória do Lira. A obra contém depoimentos dos fundadores e de artistas que lá se apresentaram. Tem um vasto material iconográfico -- cartazes, filipetas e fotos dos shows, discos lançados pelo selo Lira Paulistana, depoimentos de artistas e de produtores e jornalistas sobre o teatro que fez fama na cidade de São Paulo. Com nome tirado da obra homônima do escritor Mário de Andrade, o Lira foi fundado em 25 de outubro de 1979 em um porão com cerca de 150 lugares localizado na Praça Benedito Calixto, na Rua Teodoro Sampaio, 1091, no bairro de Pinheiros na Zona Oeste de São Paulo. Além de teatro propriamente dito, também foi palco de diversos tipos de manifestações culturais, dentre estas a famosa Vanguarda Paulista que era composta de nomes como Ná Ozzetti, Arrigo Barnabé, Itamar Assumpção, Tetê Espíndola, Cida Moreira, Eliete Negreiros, Laura Finocchiaro, Zé Eduardo Nazário, de grupos musicais alternativos como Língua de Trapo, Tonelada & Seus Kilinhos Rumo, Grupo Um e Premeditando o Breque, o regional Grupo Paranga e, mais tarde, dos grupos de rock da década de 1980 tais como Gang 90, Ira!, Ultraje a Rigor, Titãs, Violeta de Outono. O Lira encerrou suas atividades em 1986, mas entrou para a história cultural paulistana. O Lira também se notabilizou pelo seu selo fonográfico pelo qual lançou vários discos do membros da Vanguarda Paulista. Foram ao todo dezessete discos, sendo que alguns foram lançados em conjunto com o selo Continental. Foto: Folha de São Paulo. 


Itamar Assunção e a Banda Isca de Polícia. 


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Teatro Boa Vista, na rua Boa Vista esquina com a ladeira Porto geral. Construído pelo jornal estado de São Paulo ao lado de sua sede , o Teatro Boa vista foi inaugurado em 1916 e demolido em 1947 , posteriormente a demolição do teatro foi construído no local o banco Paulista do Comércio.
Em tempo; o Jornal Estado de São Paulo ( Estadão) estará completando esse ano, 150 anos de existência. Amo Sâo Paulo- Fotos Antigas. 


O CARNAVAL DE RUA 




O Carnaval de São Paulo é composto pelo desfile das escolas de samba no sambódromo do Anhembi, bailes em clubes e blocos de rua. Atualmente, é considerado um dos maiores e mais importantes eventos populares do Brasil.

O Carnaval em São Paulo nasceu  sob forte influência das populações que migravam do campo para a cidade e com o contexto da crise da economia cafeeira, foi a população resultante do êxodo rural causado pela crise do café que desencadeou o início do Carnaval de São Paulo

As comemorações carnavalescas e o próprio samba diferenciam um pouco da cidade do Rio de Janeiro para a cidade de São Paulo, exceto por uma nítida diferença de andamento da candência do som, ou seja, a grosso modo, de velocidade, de tempo da música. O sambista paulista, acostumado à árdua vida nas lavouras de café e migrando para a cidade para realizar o trabalho operário, fazia o que Plínio Marcos denominou de "samba de trabalho, durão, puxado para o batuque", contrastando com o lirismo e a cadência do samba carioca. Além disso, o samba paulistano era decisivamente influenciado por outros ritmos fortemente percussivo, como o jongo-macumba, também conhecido por Caxambú. Data dessa época o início da relação entre o Carnaval e o direito: a repressão policial sofrida pelos sambistas, feita de forma dura e sem critério. Os sambistas, não só no Carnaval, mas durante todo o ano, eram vistos como marginais e duramente perseguidos pelas autoridades. Na periferia marginalizada de uma São Paulo em construção, o som dos batuques anunciava uma cultura imigrante que mais tarde influenciaria a cultura brasileira de forma definitiva.

Na data de 1885, ocorreu a primeira intervenção da Prefeitura Municipal de São Paulo no Carnaval, promovendo o primeiro desfile carnavalesco dos cordões existentes à época.[carece de fontes] Os cordões por longo tempo definiram a musicalidade da população operária paulistana, e neles é que se desenvolvia o samba paulistano. No entanto, as manifestações carnavalescas das classes menos abastadas, de forte influência negra, eram praticamente ignoradas pela grande imprensa da época, bem como pelo poder público, que por vezes as reprimia extensivamente.

Em 1914, foi criado o Cordão da Barra Funda, por Dionísio Barbosa, sendo este cordão um ancestral da Camisa Verde e Branco. Ele morou no Rio de Janeiro, onde teve contato com as bandas militares e com carnavalescos que eram populares no século XX, só que os cordões carnavalescos paulistanos exibiam características peculiares. Na frente dos cordões vinha o Baliza, personagem responsável pela execução do malabarismo com bastões para abrir caminho para os demais componentes passarem por ali, além disso, ele também defendia o estandarte do grupo. As características musicais eram a batucada, que ficava responsável pelo ritmo e era executada através dos instrumentos de percussão e sopro, dando destaque ao bumbo, e o choro, que ficam responsáveis pelo acompanhamento melódico e harmônico, além disso também tinha os instrumentos de corda.  Destacaram-se posteriormente outros como, Geraldinos, Mocidade do Lavapés, Ruggerone e Campos Elyseos, os maiores da cidade até então.

Década de 1930

Carnaval de rua, na Avenida Tiradentes, anos1930.


Foi instituída em 1933 a Taça Arthur Friendenreich pela Frente Negra Brasileira, com o objetivo de valorizar as agremiações de raiz africana,que era relacionada principalmente com as características rítimico-musicais e coreografias do samba, que até então eram excluídas dos certames oficiais. Dela participaram o Cordão da Barra Funda, Bloco do Boi, Cordão das Bahianas e Bloco da Mocidade. Em 1934, o mesmo concurso foi novamente realizado, sendo vencido pelo Vae-Vae. Graças à influência da Rádio Nacional, que começara a transmitir os desfiles carnavalescos do Rio, nasce a Primeira de São Paulo, no ano de 1935, considerada a primeira escola de samba da capital paulista. Nesse ano, agremiações de cunho mais popular foram incluídas no Carnaval oficial da Prefeitura de São Paulo, que passou a oferecer local, arquibancadas, infraestrutura, além de apoiar e oficializar campeonatos através do Conselho dos Festejos Populares, Recreações e Divertimentos da Cidade, ou das federações. Nessa época, não havia ainda uma diferenciação clara em São Paulo entre cordões, blocos e escola de samba, que desfilavam competindo pelo mesmo certame.

Paralelamente, muitas agremiações já desfilavam pelas ruas da cidade. Já existiam nessa época os ranchos Mimosa, Príncipe Negro e Diamante Negro; os Cordões: Ruggerone, Campos Elyseos, Geraldinos, Baianas Paulista Marujos Paulistas, Vai-Vai, Cordão Camisas Verdes, Maricota, A.A. Bom Retiro, 13 de Maio, Sabratino, Barra Funda e Flor da Mocidade; os Blocos: Artistas de Cor, Caprichosos de São Paulo, 11 Irmãos Patriotas, Nossa Vida é Um Mistério, Enxada, Moderado e Roma; e as Escolas de Samba: Primeira de São Paulo, Desprezados da Penha, Grupo Regional Vim do Sertão e a Mocidade do Lavapés. Os desfiles começavam no Largo São Bento, desciam a Rua Libero Badaró e acabavam na Praça Patriarca ou no Largo do São Bento, de forma ainda corriqueira, onde as escolas, ranchos e cordões se apresentavam em um tablado, com uma mesa julgadora, e lá cantavam Marchinhas, e apresentavam suas fantasias. A Campeã foi a Mocidade do Lavapés e a Vice Campeã foi a Desprezados da Penha.

 Bloco carnavalesco Camisa Verde e Branco na rua Brigadeiro Galvão. Foto: Claude Lévi-Strauss . Acervo: Instituto Moreira Sales.


Os Cordões e s primeiras Escolas

A década de 1940 é marcada, pela afirmação dos Blocos, Cordões e Escolas. Outros integrantes se reuniam no Largo da Banana (Onde é atualmente o Memorial da América Latina), entre danças, jogos de pernada, e baralho,começava a se formar um movimento muito forte do samba paulistano naquele espaço. Na Zona Leste de São Paulo, no antigo Largo da Penha (onde se encontra a Igreja da Penha), também surgia um movimento muito parecido com o que havia no Largo da Banana, com os negros e brancos pobres da região. Mesmo com cerca de quatro escolas de samba ativas em São Paulo, os desfiles no Rio de Janeiro, começam a ser divulgados por todo Brasil, isso acaba fomentando e atraindo o interesse da população da cidade paulistana, que começa a agregar e abraçar os desfiles da capital.

Em 1940 nasce a E.S. Preto e Branco, e também e criada a agremiação E.S. Henrique Dias, que tinha a frente do comando o Pres. Aparecido Durval de Oliveira, a escola tinha sua sede na Rua São Joaquim nº129, Centro da Cidade. Durante esse período, também ganha força o colunista da Folha da Manhã "Lord Charuto" que fazia artigos contando sobre o samba paulista no jornal, além das instituições carnavalescas, apontando os favoritos e visitando os bairros onde se faziam desfiles, cortejos e bailes em geral. Em 1941 é criado o primeiro Grito de Carnaval, uma parceria do antigo Clube Roxy com a Primeira de São Paulo a frente dos festejos, acontecendo assim a primeira participação de uma escola de samba em um show de entretenimento, o grito foi transmitido pela Rádio Record para todo país, também sendo a primeira transmissão de uma escola de São Paulo em todo Território Nacional.

Durante o pré-carnaval acontece o primeiro concurso de Escolas de Samba, Blocos e Cordões, no dia 16 de fevereiro, realizado em homenagem ao Folha da Manhã (Atual Folha de S.Paulo), o desfile foi realizado no Largo do Arouche, no bairro da República. O desfile foi transmitido para toda Capital e Grande São Paulo pela antiga Rádio Kosmos. Outro fato curioso, que marcou o pré carnaval naquele dia foi a competição da campeã de 1940 do Carnaval Carioca a Portela, que veio à São Paulo, disputar uma espécie de Rio-SP de escolas de samba, organizado pela quermesse da "Casa do Ator", juntou com a Campeã de São Paulo, União Filme do Brasil. A escola do Rio trouxe figuras famosas como seu cofundador Paulo da Portela, e Heitor dos Prazeres além de Cartola famoso compositor da Mangueira, a escola Filme do Brasil tinha os sambistas Edgard da Filme e Durval Soares. A apresentação começa com a escola paulistana que conta com Edgard no microfone, segundo o jornal "Folha da Manhã" cantou vários sambas e era dono de uma voz valorosa. A Portela por sua vez canta o samba Pauliceia e o samba São Paulo, é aplaudida pelo público, que traz Heitor e Cartola ao microfone.

O resultado foi surpreendente, a escola União de Filme Brasil empata, e conquista talvez o maior resultado de uma escola até aquele momento. O Carnaval de São Paulo conquista seu primeiro grande resultado ao enfrentar de igual para igual uma escola do porte da Portela, multicampeã da época. O Carnaval do Povo (Como era chamado o concurso da prefeitura) fez vários torneios, em conjunto com Rádios e Imprensa da cidade, realizado no bairro do Bixiga, além do concurso, um dia antes foi realizado o desempate entre Filme do Brasil e Portela, houve tumulto devido a tamanha repercussão e torcida que foi até à Casa do Ator acompanhar, segundo notícia, cerca de 5000 pessoas. Não houve resultado final divulgado infelizmente, porém fica mais um adendo a história do samba paulista que já atraia multidões as suas organizações e festas. No ano de 1941, o Torneio mais valoroso era o realizado na "Cidade Folia", onde a Rádio São Paulo e o C.C.R-SP (Clube dos Cronistas Radiofônicos de São Paulo) em conjunto com a FEPSC (Federação das Pequenas Sociedades Carnavalescas) realizava com total cobertura. Sendo assim então, em 1941 a verdadeira campeã do Carnaval paulistano foi o bloco do Clube Ruggerone, composto por italianos e brancos trabalhadores da Lapa. O Carnaval de 1942 tem seus primeiros suspiros ao começo de fevereiro, no dia 6 tem a "Primeira Batalha de Conffetti" , torneio realizado pelo CPCC e pela Prefeitura com o seu "Carnaval do Povo", na Praça Fernando Prestes, o carnaval passa a ser temático, as instituições são obrigadas a contar sobre alguma das 200 cidades paulistas que compunham até então o Estado.

O desfile percorreria a Fernando Prestes, passando pela Avenida Tiradentes e por fim a Rua Três Rios, onde estava instalada a tenda de julgadores, participaram as seguintes instituições: Campos Elíseos, Mocidade do Lavapés, Ideal Juventude do Ipiranga, Som de Cristal, Vai-Vai, SRBE Lavapés, Primeira de São Paulo, Henrique Dias, Morro dos Perdizes, União Filme do Brasil, Caipiras da Guaiauna (Região onde fica hoje a Estação Penha do metrô), entre outras instituições mais. O torneio transmitido pela Rádio Kosmos, e o concurso liderado por João Turco, acabou sendo um verdadeiro sucesso. Tendo como campeã a União Filme do Brasil, que começava a rivalizar com a Primeira de São Paulo, como a maior escola de samba da cidade. No dia 10 de fevereiro acontece mais um concurso do "Carnaval do Povo", dessa vez na Praça Santos Dumont, e a vencedora foi novamente a União Filme do Brasil, porém, nesse concurso especificamente houve uma divisão entre Corsos e Escolas de um lado, e de outro, Ranchos e Blocos, e o vencedor da então Taça Hoffman, foi a Geraldinos. No dia 12 ocorre o penúltimo concurso do "Carnaval do Povo" no Largo do Cambuci, e o vencedor foi o Som de Cristal. No dia 13 o ultimo acontece no Largo do Arouche, o vencedor foi o Cordão Geraldinos. Porém o desfile principal aconteceria na Rua do Lavapés. Organizado pelo presidente dos Cravos Vermelhos, a "Taça Paulista do Carnaval de 1942", seria o maior concurso da cidade até então. O certame foi vencido pela E.S Preto e Branco, que já era uma das maiores de São Paulo.

No início da década, o carnaval de São Paulo era pequeno, a escola que mais se destacava era a Lavapés. Em 1952 surge a Unidos de Vila Santa Isabel que, posteriormente, em 1964, mudaria seu nome para o atual: Acadêmicos do Tatuapé, fundada por Osvaldo Vilaça (o Mala), sobrinho de Mano Décio da Viola, um dos fundadores da Império Serrano do Rio de Janeiro. Em 1954, a Brasil de Santos foi convidada pelas escolas de São Paulo, graças a uma rixa que existia, de quem possuía o maior carnaval do estado, em termos de escola, e o que foi comprovado com a chegada da Brasil de Santos, fato que se repetiu em 1955 num empate com a Garotos do Itaim Paulista, em 1956 dois fatos que marcaram o samba paulista, o nascimento da Unidos do Peruche. E nesse mesmo ano as vencedoras num empate ferrenho vieram da Zona Leste, com a Garotos repetindo o caneco junto com a Nenê de Vila Matilde, nesse mesmo ano a "Águia Guerreira", (apelido carinhoso que os integrantes da Nenê chamam a agremiação), apresenta o primeiro samba-enredo, e uma letra construída falando da história de São Paulo. No ano seguinte foi a vez da Unidos do Peruche inovar, traz o primeiro casal de Mestre Sala e Porta Bandeira no Carnaval Paulistano. Entre 1958 e 1960 a Nenê conquista um tricampeonato.

Essa lei, juntamente com a criação da Secretaria de Turismo e Fomento e as atividades por esta promovida, encontrava-se num contexto de ampliação da atuação cultural da Municipalidade. Ainda como consequência desta política, foi idealizada no ano de 1968 e criada no ano de 1970 a Anhembi Turismo e Eventos da Cidade de São Paulo S/A, (hoje chamada de SPTuris) sociedade de economia mista de capital aberto, que atualmente tem 77% de suas ações em propriedade da Prefeitura Municipal de São Paulo. A Anhembi teria, no futuro, papel de destaque nas transformações e estruturações pelas quais passou o carnaval na cidade de São Paulo. A edição da lei acima referida iniciou o fenômeno denominado "oficialização do Carnaval". Embora aparentemente bem intencionada, a atuação da Prefeitura revelou-se desastrosa do ponto de vista cultural. Isso porque, embora o parágrafo único do artigo 1° da lei estipulasse vários investimentos públicos em infraestrutura para acomodar festejos em vários pontos da cidade, além de instituir verbas e premiações, na prática os recursos foram destinados unicamente a organizar o desfile das Escolas de Samba, decretando, pela falta de incentivo e recursos, o fim dos cordões e da ligação do Carnaval paulistano com suas raízes culturais, institucionalizando o carnaval paulistano.

Escolas Novas

Na década de 1970, chegam escolas "novas", a primeira foi a Mocidade Alegre, antes um bloco, presidida por Juarez da Cruz, passa por todos os grupos inferiores até que em 1971, recém-chegada ao Grupo 1, vence o carnaval e se torna tricampeã, surpreendendo a velha guarda do samba paulistano. Num jeito corsino de evolução, mais apresentando uma técnica completamente nova na construção de alegorias e fantasias, foi uma referência durante os anos em que venceu. O ano de 1972 foi marcante pela morte definitiva dos cordões: Vai-Vai, Camisa Verde e Branco, Paulistano da Glória, Fio de Ouro não recebem mais apoio da prefeitura, e graças ao reconhecimento pela grandiosidade no segmento que elas então participavam, as maiores campeãs (Vai-Vai, Camisa Verde e Branco e Fio de Ouro), recebem um convite para participar do desfile principal de escolas, e já no primeiro ano todas elas surpreendem, a ponto do Camisa Verde e Branco, acabar com a série da Mocidade Alegre, e conquistar um tetracampeonato entre 1974-1977, e a partir daí, o que se viu foi um domínio das escolas corsinas, em 1978 com o enredo "Na Arca de Noel, Quem Entrou Não Saiu Mais", o Vai-Vai vence e conquista seu primeiro título entre as escolas.


Bexiga,1986. Ensaio do Grêmio Recreativo, Cultural e Social Escola de Samba Vai-Vai.

Já no ano de 1979, com o excelente samba "Almôndegas de Ouro", o Camisa Verde e Branco novamente se torna campeão, ratificando assim, o título de maior escola de samba da década de 1970, além desse marco histórico do Camisa, neste ano a novata agremiação Pérola Negra com o enredo Carnaval, Intrigas e Opiniões conquista um honroso 5º lugar, ficando a frente da tradicional Rosas de Ouro. A escola da Vila Madalena conquistou no ano de 1979 sua melhor posição no Grupo Especial Paulistano. Outro fato que marcou foi a troca de passarela, saindo do Centro da cidade, passando para a Avenida Tiradentes em 1977, onde eram construídas arquibancadas que comportavam, ainda que com pouca infraestrutura, trinta mil pessoas. A pista então passava a ser maior com 732 m, e mais larga, forçando as escolas a "ziguezaguear" durante os desfiles, marcando um jeito de evoluir bem paulistano.

Outra vitória do Carnaval paulistano veio durante o programa Fantástico da TV Globo: No ano de 1978, o Paulistano da Glória vence o "1º Concurso Nacional de Sambas-Enredo", com "Epopeia da Glória", composto por Geraldo Filme, talvez um dos maiores compositores de samba do país. Já em 79 o concurso é vencido novamente por São Paulo, dessa vez com a representação da Nenê de Vila Matilde, com "Treze, Rei, Patuá". A década de 1970, mais uma vez marcou com a chegada da Sociedade Rosas de Ouro, escola do bairro da Vila Brasilândia, que nos anos 80 se firmaria como uma potência.

Carnaval de 1967 Acervo Estadão



Década de 1980

Na chegada dos anos 1980, a Mocidade Alegre vence com o enredo "Embaixada, Sonho de Bamba", um dos maiores sambas da história; vence as eliminatórias paulistas do Fantástico, e foi apresentado ao país todo. Nesse mesmo ano marca a primeira aparição de uma garota de 19 anos ao microfone de uma pequena escola de samba da Zona Leste, ela é Eliana de Lima, que puxa a escola Príncipe Negro da Vila Prudente. Mas não se deixem enganar, a primeira puxadora de samba em São Paulo foi Ivonete da Acadêmicos do Peruche, e logo após em 1977 aparece outra grande puxadora, Bernadete na Acadêmicos do Tatuapé. Em 1981 e 1982, a Vai-Vai, é campeã em uma disputa acirrada com a Nenê de Vila Matilde, que traz sambas épicos nesses dois anos "Axé, Sonho De Candeia" em 81 e "Palmares, Raiz da Liberdade" em 82, chegando ao vice-campeonato com este último, realizando um dos maiores desfiles da história. O ano de 1981 também marca a chegada de Dom Marcos, como puxador da Cabeções da Vila Prudente, e Royce do Cavaco, auxiliando Tunicão, na Rosas de Ouro.

O ano seguinte (1985), uma surpresa, a Secretária de Turismo, Anhembi e UESP, se unem junto as entidades que promovem a festa no Rio de Janeiro, e promulga: "O Vencedor do Carnaval Paulistano vai desfilar no Rio de Janeiro". A correria foi geral, o luxo tomou conta de todas as escolas, houve um esforço tremendo de todos, e a campeã foi a Nenê de Vila Matilde, acabando assim com uma fila que durava 15 anos sem título e se torna a primeira e única escola paulistana a desfilar na Sapucaí, e com muito mérito, pois até aquele ano a Nenê era a escola com mais títulos do carnaval de São Paulo, havia conquistado 10 até o momento. Mas naquela noite, talvez o que poucos saibam, é que a aclamada da noite foi a Barroca Zona Sul que com enredo "Chico Rei - O Esplendor de Uma Raça" fez na avenida o que a Vila Isabel faria só 3 anos depois com material rústico, palha, sisal e artesanatos diversos. O fator que tirou o título da escola foi o atraso no tempo de desfile, que tirou 6 pontos, e afastou a escola do primeiro lugar. Outra curiosidade foi a Unidos do Peruche, que tira Eliana de Lima da Barroca Zona Sul, e com o samba "Água Cristalina", conquista o Brasil e vence o concurso do Fantástico.

A partir de 1987, a organização das Escolas de Samba passou a ser feita nos moldes atuais, com a fundação da Liga Independente das Escolas de Samba de São Paulo – LigaSP, que de certa forma, substituiu a UESP sem extingui-la, uma vez que a representação das agremiações tornou-se bipartite: as Escolas do Grupo Especial e do Grupo de Acesso (respectivamente a primeira e a segunda divisão) eram representadas pela LigaSP acima aludida; e as Escolas dos grupos inferiores, bem como os blocos pela UESP, que deixou de representar todas as Escolas como fazia desde a sua fundação. Em 1990, a Prefeita Luiza Erundina sancionou a Lei nº 10.831, que, de acordo com sua emenda "socializa o Carnaval da Cidade de São Paulo, revoga a Lei n° 7.100/67, e dá outras providências". Esta lei acomete à Prefeitura, por meio do artigo 3 °C/c artigo 2°, II, a responsabilidade de organizar o Carnaval, por meio da Anhembi S/A.

Em 1987, fica marcada a safra genial de sambas, e o aparecimento de agremiações como Acadêmicos do Tucuruvi e Colorado do Brás (que chegou em 1986), a disputa mais uma vez é grande, Unidos do Peruche aparece com um jeito novo de evoluir (o jeito que hoje se evolui), larga a mão do "ziguezague", traz alegorias e fantasias fora do padrão paulistano, graças ao intercâmbio que o presidente Walter Guaríglio fazia constantemente ao Rio de Janeiro. Camisa Verde e Branco com a ousadia do Mestre Divino , Mocidade Alegre chegou com o samba mais bonito do ano, cantado em primeira pessoa, "50 Anos de Comunicação - Moraes Sarmento" e o Vai-Vai e o Nenê de Vila Matilde sambaram muito e tiveram seus sambas aclamados pelo público e aceitos pela crítica. Mais a campeã no detalhe foi a Vai-Vai, graças a erros que tiraram o título do Camisa Verde e Branco, onde uma alegoria se quebrou em frente a cabine de julgamento de alegoria, e a escola passou grandes apuros no carro de som.

No ano do centenário da abolição, se estudou um tema único para todas as escolas, mais a ideia não foi para frente causando um alívio geral aos carnavalescos das escolas. Em 1988, ficou marcado o crescimento absurdo do Unidos do Peruche que traz para a passarela paulistana, o maior intérprete da história Jamelão. Outros fatos que marcaram muito foi o Colorado do Brás, que com o maior samba depois de "Narainã - A Alvorada dos Pássaros" do Camisa Verde em 77, vem sem alegorias, somente com seu abre-alas e alguns tripés, cantando "Quilombo Catopês do Milho Verde - De Escravo a Rei da Festa", Flor de Vila Dalila, que traz ao microfone Carlinhos de Pilares, o já consagrado intérprete carioca, Nenê de Vila Matilde traz naquele ano um dos sambas mais amados pela sua comunidade, "Zona Leste Somos Nós" falava sobre a região que a escola representa, região mais populosa e pobre da cidade, mas a escola teve mudanças, contratou Chuveiro no lugar de Armando da Mangueira, que na escola da Zona Leste estava desde 1979, tendo passagem entre 1968 até 1975, onde foi para a Unidos do Peruche reeditar a parceria que fazia com Jamelão na década de 1960. Camisa Verde e Branco, traz pela última vez, "Dona Sinhá", que muito doente faz questão de desfilar pela escola, a escola é a primeira a trazer alegorias iluminadas à "Luz Neon" em São Paulo. Com o enredo "Boa Noite São Paulo - Um Convite Para Amar", a escola belisca um tri-vice. O samba-enredo do Rosas de Ouro, puxado por Royce do Cavaco, vira um clássico, eternizado em transmissões esportivas (por meio do refrão Pra frente é que se toca a bola. E a bola rola trazendo emoção…). Barroca que retornava trouxe "Novamente" do carnavalesco carioca consagrado Edson Machado e Pé Rachado pela ultima vez pisou na Avenida Tiradentes. Já o troféu vai para o Vai-Vai, fazendo um desfile arrebatador, e perfeito com o tema "Amado Jorge - A História da Raça Brasileira"

A lei n°10.831/90 desencadeou a última mudança de endereço dos desfiles de Carnaval, que se deu em 1991, quando passaram a ser realizados no Polo Cultural Grande Otelo, uma grande passarela de mais de quinhentos metros construída na Avenida Olavo Fontoura, e popularmente conhecido por Sambódromo do Anhembi. Este local, de propriedade da Anhembi S/A, sedia os desfiles desde então, e nele ainda são realizados diversos eventos das mais variadas naturezas.

Desfile de escolas de samba na avenida Tiradentes em 25 de fevereiro de 1977. O carnaval das escolas de samba era concentrado na região central de SP até a inauguração do Anhembi, em 1991. Originalmente na Avenida São João e, depois, no Vale do Anhangabaú, a festa foi transferida para a Tiradentes em 1977, local onde surgiram os primeiros grandes carros alegóricos.
A imagem faz parte do Fundo Diários Associados (acervo iconográfico).
APESP - Arquivo Público do Estado de São Paulo.


VIDA E MORTE

"PAULICÉIA ADOENTADA"  



Epidemia mais letal da história, gripe espanhola de 1918 foi tratada com purgantes, sangrias e um avô da cloroquina; em dois meses, matou 1% dos paulistanos


. "Epidemia mais letal da história, gripe espanhola de 1918 foi tratada com purgantes, sangrias e um avô da cloroquina; em dois meses, matou 1% dos paulistanos.  Para ter uma ideia do que foi a gripe que assolou São Paulo em 1918, você precisa mentalizar tudo o que de pior você viveu neste ano com a covid-19 e depois multiplicar pelo cenário de um apocalipse zumbi. Imagine uma cidade de ruas vazias, por onde circulam apenas bondes e caminhões lotados de caixões. Acrescente médicos que ainda acreditavam em receitar purgantes, sangrias e quinino — um avô da cloroquina — para curar todos os males, sem falar dos que envenenavam seus pacientes com injeções de mercúrio. Misture tudo com muita desigualdade social. Polvilhe com a fome nos bairros operários e os saques por comida. Deixe o medo da morte se estender por 66 dias. Está pronto. Visualize o horror acompanhado de uma caipirinha — bebida que, reza a lenda, nasceu daqueles dias de peste — e bote para tocar um samba anunciando que o mundo ia se acabar".



Manchete anuncia as mortes causadas pela pandemia. A Gazeta, 29/10/1918



Loucura-trágica. Os piores crimes eram atribuídos à gripe espanhola. O Combate, 3/12/1918



Depósito de caixões da Prefeitura de São Paulo. Fon-Fon, 23/11/1918


Fonte: Fausto Salvatore. Portal da Câmara Municipal de São Paulo.


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O CEMITÉRIO DOS AFLITOS


Capela  do Cemitério dos Aflitos


Aberto no dia 3 de outubro de 1775 e administrado pela igreja, período em que São Paulo (cidade) possuía cerca de 8.500 habitantes e quando as práticas de sepultamento eram muito distintas das de hoje, o Cemitério dos Aflitos, com quatro muros de taipa, era o local destinado para o sepultamento dos indigentes, escravos que não pertenciam à Irmandade do Rosário e para os condenados à morte na forca, também chamados de supliciados.

O local de sepultamento dependia da classe social a que pertencia o indivíduo: os mais ricos, membros da elite e do clero eram enterrados no interior das igrejas católicas ou até mesmo em seus adros (lado de fora das igrejas) e dependendo da procura, cobravam taxas altíssimas para receberem os corpos. Já para a camada mais pobre ou mesmo da classe média, que não possuía dinheiro suficiente para pagar seu sepultamento, eram reservados os espaços abertos, fronteiros ou ao lado das igrejas, que recebiam o nome de adros.

Porém com o passar do tempo, tanto os pequenos cemitérios quanto as igrejas tornaram-se insuficientes e como os condenados pela Justiça não poderiam ser enterrados em solo sagrado, a solução encontrada foi a de construir um pequeno cemitério a céu aberto, local que na época ainda era distante da cidade, recebendo o nome de Cemitério dos Aflitos.

É possível que no ano de 1869 tenha havido alguma reforma de monta. Se é que se podia fazer algo de tanto fausto na capelinha mais escondida do centro de São Paulo. Ela situa-se num beco sem saída. Beco dos Aflitos. Ou antes a saída, a verdadeira, é a Igreja. Travessa da Rua dos Estudantes. No meio da Liberdade. Presa entre prédios que nela se colam e, grudados, têm até uma janela com a face no sino.

Fechamento

De 1554, ano em que a cidade de São Paulo foi fundada, até 1858, ano de inauguração do Cemitério da Consolação, o primeiro cemitério público da cidade, a prática funerária seguiu o velho costume português de sepultar os mortos no interior ou nos adros dos templos católicos. Porém, ao longo do século XIX, foram surgindo leis que proibiam as práticas de enterramento dentro das igrejas ou sob covas rasas, já que médicos e higienistas consideravam essas práticas prejudiciais à salubridade pública.

A própria medicina da época aconselhava que a edificação dos cemitérios deveria ser feita a uma certa distância da cidade. O modelo higienista não somente modificou as regras em relação ao sepultamento, mas também aos cortejos e procissões que ocorriam na cidade, acompanhando os mortos ao local de sepultamento. A partir de meados do século XIX, a Câmara Pública começa a procurar um local para implantar um cemitério isolado e afastado do núcleo populacional.

Formou-se uma comissão que decidiu por implantar em uma das saídas da cidade, na “estrada para Sorocaba”, hoje Consolação (distrito de São Paulo), onde não havia moradores. Em 1854, surgiu o primeiro Regulamento para os Cemitérios da Cidade de São Paulo, que estabelecia o traçado interno em forma de quadrilongos, a obrigatoriedade de muros, ruas arborizadas, a profundidade das covas, o tipo de sepulturas e a distância entre elas. Após uma epidemia de varíola e com o surgimento do Cemitério da Consolação, como o primeiro Cemitério Público da cidade de São Paulo, também desapareciam as valas comuns do antigo Cemitério dos Aflitos, só restando a Capela dos Aflitos que permanece até hoje no fim do Beco dos Aflitos.

Com o tempo, e as transformações ocorridas na cidade de São Paulo, os cemitérios passam a fazer parte da própria arquitetura da cidade, deixam de estar em locais afastados e passam a ser cada vez mais, partes integrantes da vida urbana paulistana. Em 1854, o Cemitério público da Consolação começou a ser construído. A construção estava sob a direção da Câmara Municipal que era composta por vereadores e instância da “parte civilizada da população” interessada em acabar com os costumes de se fazer enterramentos dentro das igrejas.

Assim, em 1858 foi inaugurado o primeiro cemitério público municipal, o Cemitério da Consolação, em terreno doado pela Marquesa de Santos e proibidos tanto os sepultamentos no Cemitério dos Aflitos quanto no interior dos templos católicos. Assim, o cemitério dos aflitos foi abandonado, e quase cem anos depois, quando o prédio estava em ruínas, o então bispo D. Lino Deodato Rodrigues mandou retirar os despojos, lotear a área e vender os terrenos localizados na área. A partir do dinheiro arrecadado com a venda dos loteamentos, as obras da Catedral da Sé foram iniciadas.

Carro funerário da Empresa Rodovalho Junior & Cia., que também prestava serviço gratuito em São Paulo no final do século XIX. A empresa ficava na zona leste, imediações da Penha. Rodovalho Júnior era vereador e filho do Coronel Rodovalho, fundador da Cia. Melhoramentos.



 AS MODERNAS NECRÓPOLES PAULISTANAS




Uma  das alamedas do Cemitério da Consolação


Cemitérios de SP: números e curiosidades. Por Edison Veiga
Estadão. 02/11/2011. Atualização: 25/11/2022 | 16h25

Quantos cemitérios há na cidade? Existem em São Paulo 22 cemitérios municipais, 18 particulares e um crematório - que fica na Vila Alpina. Quantas pessoas morrem por dia em São Paulo? Morrem cerca de 220 pessoas por dia na cidade. Qual é o mais antigo cemitério paulistano em funcionamento? Trata-se do Cemitério da Consolação (foto acima). Ele foi inaugurado em 1858, com o nome de Cemitério Municipal. Ali estão enterradas personalidades importantes para a história e a cultura do Brasil, como Campos Sales, Washington Luis, Monteiro Lobato, a Marquesa de Santos, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Mario de Andrade... E antes da inauguração desse cemitério, onde as pessoas eram enterradas? Antes, o costume era que os mortos fossem sepultados nos interiores ou nos arredores das igrejas. Mas aí havia um problema: indigentes, criminosos e escravos mortos não tinham lugar nas igrejas. Então esses excluídos costumavam ser enterrados no Cemitério dos Aflitos, construído em 1775 na Liberdade. O local foi abandonado com a inauguração do Cemitério Municipal da Consolação e, já em ruínas, acabou loteado no fim do século 19. Sobrou apenas uma pequena igreja, que ficava dentro dele e existe até hoje. O beco que dá acesso a ela, pertinho da Praça da Liberdade, é chamado de Rua dos Aflitos.  Qual o maior cemitério de São Paulo? Não só de São Paulo, mas do Brasil. É o cemitério da Vila Formosa, na zona leste da cidade. Cerca de 2 milhões de mortos já foram enterrados ali, em seus 760 mil metros quadrados. Em média, são 300 sepultamentos novos por mês.

O Cemitério da Consolação. Entrada no Dia de Finados, 1928É a mais antiga necrópole em funcionamento no município brasileiro de São Paulo, capital do estado homônimo. É uma das principais referências do Brasil na área da arte tumular, ao lado do Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro. Localizado no distrito da Consolação, região central da cidade, foi fundado em 10 de julho de 1858 e inaugurado oficialmente em 15 de agosto do mesmo ano, com o nome de Cemitério Municipal, tendo uma área de 76 340 m². Com a prosperidade advinda da aristocracia da cafeicultura e o surgimento de uma expressiva burguesia em São Paulo, o local passou a abrigar obras de arte produzidas por escultores de renome, que serviam para ornamentar os jazigos de famílias abastadas e de personalidades importantes na história do Brasil. Sua área é arborizada e tranquila, em oposição à agitada rua do mesmo nome. Apresenta cerca de trezentas esculturas e trabalhos de artistas importantes, como Victor Brecheret e o arquiteto Ramos de Azevedo, que projetou seu portão principal. Em 2017, foi tombado pela Resolução n° 08 do Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRESP), cuja proteção recai sobre "O traçado das alamedas, quadras e ruas dos três cemitérios; a capela, o pórtico de entrada, o Ossário e a atual administração, de autoria de Ramos de Azevedo, além das inúmeras esculturas, de grande valor artístico". A resolução é acompanhada de uma lista de bens tombados e de um mapa com sua localização dentro do cemitério. Abriga um grande número de sepulturas de figuras conhecidas, além de personalidades da história paulistana, como Tarsila do Amaral, Mário de Andrade, Monteiro Lobato, Ramos de Azevedo, Marquesa de Santos, Líbero Badarò e o monumental mausoléu da Família Matarazzo, considerado o maior da América do Sul, com altura aproximada de um prédio de três andares.[Textos e imagens da Wikipedia]

Ainda que inaugurado oficialmente em 1858, o Consolação tem uma história anterior. Foi em meados de 1829, que o então vereador Joaquim Antonio Alves Alvim defendeu a construção de um cemitério público na cidade. Antes disso, a prática era sepultar os corpos em solo sagrado, ou seja, no terreno de igrejas, pois o senso comum dizia que a proximidade com os santos auxiliaria a entrada daquelas almas no Paraíso. No entanto, isso trazia inúmeros problemas de saúde pública e assim, com o surgimento de noções sobre sanitarismo e higiene, os governos das cidades passaram a construir necrópoles.

Por envolver crenças religiosas, a proposta resultou em imensa discussão que durou cerca de trinta anos. Durante esse período, o projeto foi sofrendo algumas alterações sobre sua localização, ao lado da igreja da Consolação, no bairro da Luz, ou no bairro Campos Elísios. Em 1855, o engenheiro Carlos Rath elaborou um estudo indicando que o melhor local era a região da Consolação, já que levava em conta a elevada altitude da região, a direção dos ventos dominantes, qualidade do solo e até então, a distância da cidade. Uma parte do terreno era de domínio público, outra uma chácara pertencente a Marciano Pires de Oliveira. Foi somente um ano depois do início das obras que a Câmara Municipal conseguiu comprar a chácara pelo valor de duzentos mil réis. Entretanto, a construção seguia devagar por conta da falta de verba. Em 1857, a Marquesa de Santos doou dois contos de réis, uma considerável fortuna na época, para uso exclusivo na construção da capela.

Quando se deu o surto de varíola na cidade de São Paulo, em 1858, os corpos ainda estavam sendo enterrados nas igrejas. O presidente da província ordena então à Câmara Municipal de São Paulo, em 7 de julho de 1858, que proibisse a partir de então as práticas de sepultamento nos templos. Dessa forma o Cemitério da Consolação passaria a receber os primeiros corpos das vítimas desta epidemia, antes mesmo que as obras estivessem totalmente concluídas. Assim, no dia 15 de agosto de 1858, quando aconteceu o primeiro sepultamento, foi oficialmente inaugurado o primeiro cemitério público de São Paulo. Foi ampliado duas vezes, a primeira em 1884, quando foi incorporada parte da chácara do Conselheiro Ramalho, localizada nos limites com o bairro de Higienópolis, e em 1890, com a venda da grande chácara de Joaquim Floriano Wanderley, na direção da Avenida Paulista, ao custo de três contos de Réis.

Cemitério da Consolação em 1858. SP de Antigamente. 

Primeiros anos

Em seus primeiros anos era o lugar de sepultamento de pessoas de todas as classes sociais, incluídos os escravos, que foram posteriormente transferidos ao Cemitério dos Aflitos. Até o ano de 1893, era o único na cidade de São Paulo, quando foi aberto o Cemitério do Brás. Em 1897, foi inaugurado o Cemitério do Araçá. Com a construção dessas duas novas necrópoles, o local passou por um processo de elitização, recebendo quase que exclusivamente pessoas das classes média e alta, devido ao loteamento dos terrenos em jazigos perpétuos que passaram a ser vendidos pela prefeitura. Na época, um túmulo suntuoso era visto como sinal inequívoco de status social. Havia uma verdadeira competição entre as famílias abastadas que construíam jazigos cada vez mais sofisticados, em materiais nobres como mármore e bronze. A ornamentação ficava a cargo de artistas de primeira grandeza, que tinham na arte tumular atividade com demanda estável a altamente lucrativa. Uma ala específica, principalmente a voltada para a rua da Consolação, se tornou cada vez mais aristocrática. Um bom exemplo é o de Joaquim Antonio Alves Alvim, que no ano de 1871 encomendou na Europa a confecção de um mausoléu, que foi remontado em São Paulo. Em 1901, o então vereador José Oswald Nogueira de Andrade, pai do escritor Oswald de Andrade, propôs uma reforma geral nos muros e portões de entrada, com o argumento de que estava com um aspecto desagradável para a cidade. Um ano depois, tais reformas foram aprovadas, com o projeto do arquiteto Ramos de Azevedo. O resultado das novas obras já podia ser visto em 1909, época em que se tornou a primeira necrópole de São Paulo "por todos admirada, principalmente por visitantes estrangeiros".

Atualmente, o cemitério é tido por muitos como um museu a céu aberto, abrigando túmulos de personalidades históricas e famílias ilustres da sociedade brasileira e da sociedade paulista. Além disso, é também referência na arte tumular no Brasil, reunindo cerca de mais de trezentas obras de escultores como Victor Brecheret, Celso Antônio Silveira de Menezes, Nicola Rollo, Luigi Brizzolara e Galileo Emendabili e do arquiteto Ramos de Azevedo, chamando a atenção não somente dos apreciadores de arte, como também de fotógrafos e estudantes de arquitetura.[Textos e imagens da Wikipedia]


Mausoléu da Família Matarazzo, no Cemitério da Consolação, ao lado do túmulo do Presidente Campos Sales, é considerado o maior mausoléu da América Latina, com 20 metros de altura e 150 m². Foi construído para o sepultamento do Conde Matarazzo, e sua família, sendo ornamentado com um conjunto escultórico de bronze e o brasão do Conde na entrada. Seu projeto é do renomado escultor italiano Luigi Brizzolara.


O Cemitério São Paulo, também denominado Necrópole São Paulo, é um dos principais e mais antigos cemitérios do município de São Paulo, capital do Estado de São Paulo. Sua fundação ocorreu em 14 de janeiro de 1926. Localizado na Rua Cardeal Arcoverde, entre os bairros de Pinheiros e Vila Madalena, o Cemitério São Paulo foi projetado devido à superlotação dos aristocráticos cemitérios da Consolação e do Araçá, tornando-se um novo local para abrigar os jazigos da elite paulistana. Possui 104 mil metros quadrados de área e registra mais de 140 mil sepultamentos desde sua fundação. Abriga um grande número de mausoléus e monumentos funerários projetados por escultores de renome, como Victor Brecheret, Galileo Emendabili e Luigi Brizzolara, destacando-se algumas obras de referência na arte tumular do país. Após a criação do Cemitério da Consolação em 1858, encerrou-se em São Paulo a prática de sepultar as pessoas nas criptas das igrejas, criticada por razões sanitárias desde 1820. A secularização do sepultamento também representou o fim do hábito de marcar a posição social dos falecidos por meio de sua localização no interior das igrejas, mais ou menos próxima do altar. O então denominado Cemitério Municipal passaria a atender a todos os estratos sociais, de escravos a fazendeiros. Surge nesse contexto o hábito recorrente entre a elite paulistana de homenagear os amigos e familiares falecidos com obras tumulares monumentais, à altura de sua importância social, como forma de perpetuar após a morte a distinta posição social adquirida em vida.[Textos e imagens da Wikipedia]

Projeto da fachada principal, de autoria do escritório Dacio & Winter em 1921.


Entre o fim do século XIX e o começo do século XX, a prosperidade advinda do plantio do café e da incipiente industrialização ocasionou profundas mudanças no perfil socioeconômico da cidade. A criação de novos cemitérios nesse período – como os do Araçá (1887), da Quarta Parada (1893) e do Chora Menino (1897) – permitiu a “estratificação social” da atividade funerária. Cercados por incipientes bairros nobres, os cemitérios da Consolação e do Araçá passaram por um processo de elitização, consolidado nas duas primeiras décadas do século XX. Converteram-se em “museus de arte” a céu aberto, passando a abrigar um grande número de jazigos luxuosos e monumentos funerários encomendados por barões do café, industriais, intelectuais, médicos, juristas e pessoas públicas a escultores de renome. Com a superlotação do Cemitério da Consolação e a ocupação da área verde contígua ao Cemitério do Araçá, surgiu a necessidade de um novo local para sepultar a elite econômica e social da cidade. O Cemitério São Paulo surgiria, portanto, como um "prolongamento" dessas duas necrópoles. Os planos para construí-lo datam de 1920, quando a prefeitura autorizou a aquisição do terreno de propriedade dos padres passionistas, no bairro de Pinheiros. O projeto da fachada principal, capela e muros é de autoria dos engenheiros Dacio Aguiar de Moraes e Guilherme Winter. A construção do cemitério ficou a cargo do mestre-de-obras Caetano Antônio Bastianett e de operários espanhóis, italianos e portugueses, que se converteram nos primeiros moradores do nascente bairro de Vila Madalena. O cemitério foi inaugurado em 14 de janeiro de 1926, o último ano de gestão do prefeito Firmiano de Morais Pinto. Nas décadas seguintes, aos jazigos das famílias tradicionais da cidade, somaram-se túmulos, mausoléus e monumentos encomendados por famílias de imigrantes bem-sucedidos, nomeadamente das comunidades italiana e sírio-libanesa, com o intuito de firmar uma posição social recém adquirida, além de artistas, militares, atletas, pequenos e médios empresários que haviam prosperado após o estabelecimento da sociedade do trabalho livre.[Textos e imagens da Wikipedia]

Muitos dos escultores comissionados para executar os jazigos eram imigrantes europeus, sobretudo italianos, ou artistas brasileiros de formação europeia, bastante valorizados por seu conhecimento de técnicas e tendências artísticas então pouco divulgadas no país. Obras encomendadas a Victor Brecheret, Bruno Giorgi, Luigi Brizzolara, Galileo Emendabili e Nicola Rollo, entre outros, transformariam o Cemitério São Paulo em uma importante referência para a arte tumular brasileira.
Uma comissão estabelecida durante a segunda administração do prefeito Jânio Quadros (1986-1988) identificou 180 peças de importância artística no local. Projetos para explorar o potencial turístico e didático deste e de outros cemitérios da cidade têm sido elaborados desde a década de 1980, mas com poucos resultados práticos.[Textos e imagens da Wikipedia]

Vista do Cemitério São Paulo, no bairro de Pinheiros.



O Cemitério do Araçá (Necrópole do Santíssimo Sacramento)  localizado na Avenida Doutor Arnaldo. Fundado em 4 de junho de 1887, é um dos mais antigos da capital paulista. Sua área atual é de 221.475,16 m², divididos entre os bairros de Pinheiros e do Pacaembu, região nobre no distrito da Consolação, onde se localizam mausoléus de importantes e tradicionais famílias paulistanas. Surgiu da necessidade da cidade de São Paulo ter uma nova necrópole, após a superlotação do Cemitério da Consolação. Além disso, os imigrantes italianos, que estavam em ascensão, demandavam um local específico para enterrar os seus mortos, pois no Consolação, o espaço era predominantemente destinado às famílias tradicionais da elite paulistana, ligadas à cultura cafeeira. Se no início era uma alternativa mais econômica para esse segmento emergente da população, transformou-se depois em uma cemitério mais elitizado. O nome Araçá foi escolhido por estar situado na antiga Estrada do Araçá, atual Avenida Doutor Arnaldo, que pode indicar que essa árvore era comum na região.[Textos e imagens da Wikipedia]

ISRAELITAS


O Cemitério Israelita da Vila Mariana é uma necrópole brasileira de confissão judaica criada em 1919, no bairro da Vila Mariana, em São Paulo. Tem sua origem em uma doação de Maurício Klabin, quando da fundação da Sociedade Cemitério Israelita de São Paulo. A família Klabin ainda doaria terras para o cemitério até 1947, quando já não mais foi possível ampliar a área. Primeiro cemitério comunitário judaico de São Paulo, a origem deste cemitério, segundo histórias populares, leva a um sítio da família Klabin, que no início do século ainda servia como sinagoga para grandes festas. Quando da doação da área, foi acordado com a prefeitura que a área se destinaria a abrigar um cemitério judaico, um católico e um protestante, uma vez que, naquela época, não havia cemitérios particulares na cidade. A guarda dos registros de sepultamentos permaneceu como incumbência da municipalidade até 1964. Neste ano, devido a um incêndio, muitos dos registros que não possuíam cópia ficaram perdidos. O serviço de coveiros ainda fez parte de atribuição municipal até a década de 1970. Atualmente, encontra-se quase lotado, sendo administrado pela Associação Cemitério Israelita de São Paulo - Chevra Kadisha (ACISP).  Personalidades sepultadas no cemitério;Lasar Segall (pintor e escultor);
Gregori Warchavchik (arquiteto); Felícia Leirner (escultora); José Mindlin (escritor e bibliófilo).
Kaká di Polly (drag queen e ativista).


O Cemitério Israelita do Butantã é uma necrópole brasileira de confissão judaica criada em 1953 no bairro do Jardim Educandário. Foi inaugurado em 1953, para suprir as necessidades das famílias judaicas e da falta de espaço tumular no Cemitério da Vila Mariana inaugurado em 1919. É mantido pela Chevra Kadisha - Associação Cemitério Israelita de São Paulo, fundada em 1923, que também administra também mais outros três cemitérios - Embú -Vila Mariana - Cubatão. 

Personalidades sepultadas no cemitério: Alberto Goldman, político; Carlos Brickmann, jornalista e escritor; Chael Charles Schreier, estudante universitário, morto sob tortura por agentes do Deops/RJ na ditadura militar brasileira; Gelson Reicher, estudante de medicina, morto por agentes do DOI-Codi/SP, em 1972 na ditadura militar brasileira; Girsz Aronson, comerciante e empresário, considerado o "Rei do Varejo"; Iara Iavelberg, psicóloga e professora, morta em 1971 por agentes da repressão em Salvador na ditadura militar brasileira; Léo Santos, apresentador de televisão e empresário; Nydia Licia, atriz, diretora e produtora; Samuel Klein, empresário; Silvio Santos, apresentador de televisão e empresário;
Vladimir Herzog, jornalista, professor e dramaturgo.

VILA FORMOSA

O Cemitério da Vila Formosa. É considerado o maior cemitério da América Latina.  Fundado em 20 de maio de 1949, o Cemitério da Vila Formosa ocupa uma área de 763 175 m². Desde a sua inauguração, já foram realizados mais de 1,5 milhão de sepultamentos. É uma necrópole voltada sobretudo para pessoas das classe C, D e E. Dividido em duas alas, todo mês realizam-se uma média de 275 sepultamentos. Com vinte e quatro salas para os velórios, o Vila Formosa possui três entradas. Ocupa a quarta maior área verde do município, sendo superado apenas pelos parques Anhanguera, Ibirapuera e Carmo, também na zona leste paulistana, representando assim uma importante área verde para a zona leste da cidade. Por ser muito arborizado é utilizado diariamente para o lazer, principalmente das crianças e dos adeptos das caminhadas e corridas.[Textos e imagens da Wikipedia]

Ala E do cemitério. Reportagem do jornal Washinton Post destacando o alto número de sepultamentos no cemitério de Vila Formosa no período pandemia do corona virus.





CEMITÉRIO ZOOPHILO




A UNIÃO INTERNACIONAL DE PROTEÇÃO ANIMAL (UIPA) fundada em 1895 mantinha no final da rua França Pinto que hoje é aproximadamente os portões 4 e 5 do Parque do Ibirapuera um abrigo, hospital e cemitério veterinário pois  na segunda metade da década de 1920 a UIPA instalou em sua propriedade na rua França Pinto o "Asilo, hospital e cemitério Zoophilo" o primeiro cemitério de animais da Cidade de São Paulo, e que funcionou até o início da década de 1970 com lápides, túmulos e esculturas dedicadas aos animais que ali estavam cães e gatos. Frequentemente visitado não apenas pelos donos dos animais que estavam ali enterrados mas também por outras pessoas que tinham curiosidade de conhecer era bastante comum que algumas lápides apresentassem uma foto do bicho de estimação sendo o maior túmulo do antigo cemitério era uma grande cruz que foi a última morada de um pastor alemão.Quando a UIPA foi obrigada a deixar o local por determinação do então prefeito Figueiredo levou o hospital, abrigo e administração da associação para a Marginal do Rio Tietê, no bairro do Pari mas o cemitério de animais foi destruído, restando apenas dois túmulos como lembrança dentro próprio parque do Ibiraquera sendo um o que eu vi.  

Jaime Cosmo Pai. AMO SP - Fotos Antigas e Histórias de Nossa São Paulo 


CEMITÉRIO DA COLÔNIA, O MAIS ANTIGO DA CIDADE




O Cemitério de Colônia, em Parelheiros, foi fundado em meados do século 19


AH-Aventuras na História:17/04/2022

Registro do cemitério - Divulgação/Cemitério de Colônia
Muita gente acredita, nos dias de hoje, que o Cemitério da Consolação é o mais antigo da cidade de São Paulo. No entanto, cerca de trinta anos antes dele, foi fundado, em Parelheiros, o Cemitério de Colônia.
O local foi inaugurado em 1829 por um grupo de 200 imigrantes, em sua maioria alemã. Eles haviam chegado à Província de São Paulo dois anos antes, a fim de estabelecer uma colônia agrícola.
De acordo com o portal do O Globo de 2010, havia entre os imigrantes católicos e protestantes, o que resultou em uma divisão do terreno. Ao lado do cemitério, era possível ver pequenas casas de taipa ou madeira, além de uma igreja simples.

Desativação e reabertura. Com a chegada da Segunda Guerra Mundial, o estabelecimento acabou sem recursos e apoio do governo, o que resultou em sua desativação parcial. O local deixou de funcionar por completo décadas depois, no ano de 1996, retornando à atividade em 18 de novembro de 2000, após esforços de diferentes associações alemãs.
Conforme afirmou o então vice-presidente da Associação dos Cemitérios Protestantes, Franz Schmidt, responsável pela administração do local, ninguém sabe quantas pessoas foram enterradas no terreno antes de seu fechamento. 

Cruzes de ferro. Os túmulos do local contavam com cruzes de ferros marcantes. De acordo com o Cemitério de Colônia: "colocavam-se cruzes de ferro que eram feitas na própria Fundição Ipanema (primeira casa de fundição do país), nas quais eram atribuídas características especificas, como os semicírculos em suas extremidades, estrelas fundidas no centro dos círculos e as inscrições em horizontal, grafadas no centro da cruz", explica o material enviado ao site Aventuras na História.
Com os mesmos traços, as cruzes que chamavam atenção hoje pode ser encontradas no Cemitério da Colônia. Ao total são dez cruzes; e três não contam com inscrições. Já as outras sete apresentam nomes estrangeiros e mortes que ocorreram entre 1887 e 1892. 

"Não se sabe exatamente como estas cruzes foram instaladas no cemitério, mas é provável que as famílias tenham se mudado de Colônia para Araçoiaba da Serra e, lá, tenham adquirido as cruzes. A partir daí, estes trabalhadores podem ter sido enterrados em Sorocaba e, durante a exumação, foram transferidos para Colônia novamente, por terem família na região. A outra hipótese é de que os estrangeiros adquiriram as cruzes em vida e trouxeram para Colônia, podendo até tê-las vendido para outras pessoas", diz um trecho do material recebido pelo site Aventuras na História.
Além das cruzes acima, é possível que outras tenham sido colocadas nos túmulos do cemitério, contudo, e acabaram sendo alvo de violação ou roubo - algumas das bases de concreto presentes em muitas sepulturas se assemelham as que firmavam as cruzes de Ipanema no chão.
Protegido por lei

Na década de 1970, o cemitério de Parelheiros foi protegido por uma legislação de zoneamento e, no ano de 2004, foi incluído como Zona Especial de Preservação Cultural (ZEPEC) no plano regional das subprefeituras. Hoje, a parte mais alta do terreno é utilizada para novos sepultamentos.
Apesar de ter origem alemã, o cemitério fica em um endereço com nome japonês: Sachio Nakau, 28. O bairro da Zona Sul de São Paulo tem ainda um segundo cemitério municipal, construído em 1905.



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AS TRAGÉDIAS  DOS INCÊNDIOS E QUEDAS DE AVIÕES


Reconhecimento de vítimas do incêndio do Cine Oberdan.



A Tragédia do Cine Oberdan faz referência a uma calamidade ocorrida em 10 de abril de 1938, naquele que era então um dos principais cinemas da região central de São Paulo, capital do estado homônimo, no Brasil.Trata-se de um caso de alarme falso de incêndio que vitimou trinta crianças e um adulto, enquanto tentavam desesperadamente fugir do edifício. É considerada assim a maior tragédia infantil da cidade. Era tarde de domingo e a sessão exibia o filme Criminosos do Ar, de 1937. O Cine Oberdan foi inaugurado no ano de 1929, como Theatro Oberdan. Projetado pelo imigrante italiano Augusto Marchesini para a Sociedade Italiana de Mútuo Socorro Guglielmo Oberdane, localizava-se na esquina das ruas Saião Lobado com Chavantes, hoje Ministro Firmino Whitaker, no Brás. Parte dos custos foi bancada pelo Conde Francesco Matarazzo, presidente honorário da entidade.
O prédio era decorado com azulejos portugueses no teto e estátuas no hall. A sala foi preparada para 1 600 pessoas e seu nome homenageava o anarquista italiano Guglielmo Oberdan.Posteriormente foi vendido para a Empresa Teatral Paulista.

Segundo relatos, no dia dos fatos, durante a exibição do filme, alguém entre os espectadores teria gritado "fogo!", o que gerou inúmeras controvérsias. O alarme falso colocou a plateia em pânico, que correu buscando a saída. Porém, a única porta do prédio e as duas escadarias de acesso ao andar superior eram estreitas e não comportavam o fluxo de pessoas, assim muitos foram pisoteados e esmagados. O socorro chegou em seguida, porém muitos dos sobreviventes levados à Santa Casa de São Paulo não resistiram. No total, trinta menores de idade e um adulto faleceram. A vítima maior de idade era Maria Pereira, que tinha 45 anos e morreu ao salvar sua filha, Joana, com menos de um ano de idade.

Luto e repercussão. O evento causou comoção em São Paulo, que tinha cerca de um milhão de habitantes. Multidões acompanharam o velório das vítimas, realizado no então "Cemitério do Brás", atual Cemitério da Quarta Parada, onde vinte das vítimas foram sepultadas. Seis dos falecidos foram enterrados no Cemitério da Penha, três no Cemitério do Araçá e dois no Cemitério de Itaquera. A notícia teve repercussão mundial, com telegramas de solidariedade de países como Itália, Cuba e Peru. A cidade decretou três dias de luto oficial e operários das fábricas foram convidados a enviar comissões para os eventos fúnebres.


INCÊNDIO NO CLUBE ELITE XXVIII DE SETEMBRO


O incêndio no clube Elite XXVIII de Setembro foi um incêndio ocorrido em São Paulo na noite de 13 de junho de 1953 no clube Elite XXVIII de Setembro, localizado na Rua Florêncio de Abreu, 259. O incêndio causou a morte de 58 pessoas e o ferimento de outras 100, tornando-se o pior da cidade até o incêndio no Edifício Joelma. Localizado sobre uma loja de tecidos e comércio variado no primeiro andar do número 259 da Rua Florêncio de Abreu, o clube "Elite XXVIII de Setembro" era frequentado pela classe pobre de São Paulo e possuía capacidade para 80 pessoas, porém sempre recebia público maior que sua capacidade. Por ser um clube de origem negra foi batizado de “28 de setembro”, pois nessa data foram proclamadas as leis do Ventre Livre (1871) e a dos Sexagenários (1885). Em junho de 1953 foi anunciada uma festa junina no dia de Santo Antônio. Os donos do clube solicitaram um alvará para a prefeitura de São Paulo e informaram uma previsão de público de 130 pessoas (embora essa previsão excedesse a capacidade do salão em 50 pessoas). Na noite de 13 de junho compareceram ao "Elite" mais de 500 pessoas, lotando o pequeno salão. Por volta da meia noite irrompeu um pequeno incêndio em um imóvel contíguo ao clube. Notado por uma viatura da Polícia Civil, o incêndio foi comunicado ao Corpo de Bombeiros. Do quartel da Praça Clóvis partiram quatro viaturas e cinquenta homens, comandados pelo tenente Clóvis de Melo, para a Rua Florêncio de Abreu. Quando alcançaram o local às 0h25 de 14 de setembro, o incêndio havia se alastrado para o clube. Centenas de pessoas se comprimiam na única escada de acesso ao clube, localizado no primeiro andar do imóvel, enquanto outras se atiravam pelas janelas. A confusão no clube era tamanha que a multidão encurralada na escada tentou se agarrar aos bombeiros que tentavam abrir caminho para evacuar o clube. Durante o resgate o cabo dos bombeiros Antônio Duarte do Amaral e o investigador do DOPS Armando dos Santos morreram asfixiados após serem agarrados por dezenas de pessoas presas na escada de acesso ao clube.

A escada Magirus disponível era insuficiente para a evacuação dos frequentadores do clube e os bombeiros tiveram de usar mais três escadas convencionais prolongadas. Após controlar o incêndio, os bombeiros acessaram o clube e encontraram trinta corpos presos na escada. O prefeito recém-empossado Jânio Quadros compareceu ao local da tragédia de terno e pijamas. Ao ver dezenas de corpos, chorou e não fez declarações para a imprensa. Até a manhã de 14 de junho haviam sido removidos 58 corpos.

Consequências. A causa do incêndio nunca foi determinada. Durante a investigação, as autoridades descobriram que o único destacamento de bombeiros que compareceu ao local não era aparelhado o suficiente para o resgate. A ausência de rádios de comunicação nas viaturas impediu o destacamento de solicitar reforços. Mais tarde foi descoberto que a prefeitura de São Paulo havia concedido alvará para a festa prevendo apenas oitenta pessoas e que a fiscalização de salões e boates há muito não era feita.  O cabo Antônio Duarte do Amaral recebeu homenagem póstuma da prefeitura de São Paulo, com seu nome denominando uma praça no bairro de Pinheiros.


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No dia 3 de maio de 1963, o avião “Convair CV-340 PP-CDW” dos Serivços Aéreos Cruzeiro do Sul, com 45 passageiros e 5 tripulantes, após a decolagem do aeroporto Congonhas, com destino ao Rio de Janeiro, teve uma pane no motor esquerdo, que incendiou, fazendo com que perdesse sustentação e caísse na Avenida Piaçanguaba, no bairro do Planalto Paulista, minutos após ter decolado.

O acidente resultou na morte de 37 pessoas, dentre as quais estava o deputado federal Miguel Bahury, que presidia uma Comissão Parlamentar de Inquérito que investigava as causas que levaram a aviação a protagonizar tantos acidentes aéreos à época.

Um dos motivos que havia levado à criação de uma CPI decorreu da morte da esposa do deputado, ocasionada pela queda de um Convair da Real na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, no dia 24 de junho de 1960.



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O INCÊNDIO DO EDIFÍCIO ANDRAUS


O incêndio no Edifício Andraus foi um incêndio de grandes proporções que atingiu o Edifício Andraus, na tarde do dia 24 de fevereiro de 1972, matando 16 pessoas e ferindo 320. Até então, era o maior incêndio da história do estado de São Paulo, no Brasil, até ser superado pelo incêndio no Edifício Joelma, dois anos depois. O Edifício Andraus fica na região central da cidade de São Paulo. Foi construído entre 1957 e 1962, possuindo 31 pavimentos, mais o subsolo. Incêndio. O fogo começou por volta das 16h20, na seção de crediário das Casas Pirani, localizada no terceiro andar. A loja ocupava cinco dos 27 andares do prédio. O fogo começou com um curto-circuito nos cartazes de propaganda da loja. Em menos de dez minutos, o fogo começou a se propagar para os andares inferiores, e então os superiores. Em duas horas, tomou conta de todo o prédio. Menos de uma hora após o início do incêndio, quase todas as guarnições do Corpo de Bombeiros estavam presentes no local. Eles usaram lenços úmidos para se proteger da fumaça, já que não havia máscaras suficientes.

Figueiredo Ferraz, então prefeito de São Paulo, mobilizou ambulâncias de todas as Secretarias da Prefeitura e das Administrações Regionais, carros-pipas e o único helicóptero funcional, que foi primeiro a chegar ao heliponto do edifício para resgatar as vítimas. Para o reconhecimento da área, o primeiro helicóptero fez algumas evoluções em volta do edifício, e pousou às 17h15 no heliponto, decolando com as primeiras pessoas resgatadas um minuto depois. Segundo o Acervo Folha, mais de cem vítimas foram salvas por helicóptero. O site Memória Globo diz que quinhentas pessoas foram resgatadas pelo heliporto.

O incêndio foi o primeiro a ser transmitido em uma grande cobertura da televisão.O comandante do Corpo de Bombeiros declarou, por volta das 21h30, que os trabalhos de rescaldos seriam iniciados. Os bombeiros ainda não estimavam um número total de mortos, já que o trabalho de resgate das pessoas que estavam no topo do edifício não havia terminado. O incêndio durou aproximadamente sete horas. Durante o período, toda a região em torno do Andraus ficou sem energia elétrica.

De acordo com o IML, dezesseis pessoas morreram carbonizadas ou se atiraram pelas janelas, e outras 320 ficaram feridas. Nilson Cazzarini, gerente-geral das Casas Pirani, foi condenado a dois anos de prisão, com direito a sursis. O prédio foi reformado após o incêndio, ganhando parapeitos entre um andar e outro, portas corta-fogo, iluminação de emergência, escadas externas e brigada de incêndio treinada. A Sehab (Secretaria da Habitação) exigiu a revisão total da instalação elétrica de vários andares, removendo as extensões irregulares e o aquecimento excessivo dos disjuntores. Uma nova escada de emergência foi construída. Em 2013, o especialista em prevenção de incêndios Sérgio Ceccarelli verificou que o edifício ainda tinha falhas quanto à proteção a incêndios, como falta de placas de indicação em hidrantes, extintores e saídas, além de portas corta-fogo abertas, permitindo a proliferação de fumaça.


O bombeiro Cabo Geraldo Alves de Andrade, faleceu algum tempo depois, vítima de queda do caminhão de combate a incêndio na Praça Panamericana. Foto: Agência Estado.



O EDIFÍCIO JOELMA



Praça da Bandeira. Incêndio do Edifício Joelma em 1974.


O Incêndio no Edifício Joelma, tragédia ocorrida em 1º de fevereiro de 1974, no atualmente denominado Edifício Praça da Bandeira, na região central de São Paulo, Brasil, e que provocou a morte de 187 pessoas e deixou mais de 300 feridos. O incêndio aconteceu menos de dois anos após outro prédio arder em chamas no centro da cidade, o Edifício Andraus. A tragédia do Joelma é o segundo pior incêndio em arranha-céu por número de vítimas fatais, atrás do colapso das Torres Gêmeas do World Trade Center em Nova York, em 11 de setembro de 2001. Concluída sua construção em 1971, o Edifício Joelma foi imediatamente alugado ao Banco Crefisul de Investimentos. No começo de 1974, a empresa ainda terminava a transferência de seus departamentos, quando no dia 1º de fevereiro, às 8h45 de uma chuvosa sexta-feira, um curto-circuito em um aparelho de ar condicionado no 12º andar deu início a um incêndio, que rapidamente se espalhou pelos demais pavimentos. As salas e escritórios do Joelma eram configurados por divisórias, com móveis de madeira, pisos acarpetados, cortinas de tecido e forros internos de fibra sintética, condição que contribuiu sobremaneira para o alastramento incontrolável das chamas.Quinze minutos após o curto-circuito era impossível descer as íngremes escadas, localizadas no centro dos pavimentos, que foram bloqueadas pelo fogo e a fumaça. Os corredores, por sua vez, eram estreitos. Na ausência de uma escada de incêndio, muitas pessoas ainda conseguiram se salvar ao contrariar as normas básicas e descer pelos elevadores, mas estes também logo deixaram de funcionar, quando as chamas provocaram a pane no sistema elétrico dos aparelhos e a morte de uma ascensorista no 20º andar.

Nos braços da mãe, que saltou para a morte no 15º andar, uma criança de um ano e meio foi salva em um dos episódios mais dramáticos do incidente. A multidão acompanhou o salto bem em frente ao prédio. O choro da criança, levada imediatamente ao Hospital das Clínicas, foi ouvido logo após o impacto da queda. No último andar, segundo o depoimento de Ivã Augusto Pires, coordenador do Serviço de Transportes da Câmara, um rapaz jogou-se ao chão e aproximou-se de gatinhas da borda do terraço. Mas uma labareda fez com que ele escorregasse e ficasse suspenso no ar, segurando no parapeito até não mais aguentar e despencar na rua. Sem ter como deixar o prédio, muitos tentaram abrigar-se nos banheiros e parapeitos das janelas. Outros sobreviventes concentraram-se no 25º andar que tinha saída para dois terraços. Lembrando-se de um incidente similar ocorrido no Edifício Andraus, dois anos antes, em que as vítimas foram salvas por um helicóptero, que pousou em um heliponto no topo do prédio, elas esperavam ser resgatadas da mesma forma.

Na rua os bombeiros tentavam agir em meio à confusão estabelecida pela Polícia Civil, curiosos, PMs, médicos, enfermeiros, soldados do Exército e até escoteiros. Homens e mulheres, alguns em trajes menores, os rostos escurecidos pela fuligem, agitavam-se freneticamente nas janelas tentando chamar a atenção. Mas os helicópteros não conseguiam pousar no terraço escaldante e seus cabos de aço pendiam inutilmente. As escadas Magirus, de 40 metros, não chegavam aos andares mais altos. No 20º andar, seis pessoas se equilibravam-se em um pequeno patamar. Quase não havia lugar para todas. Um rapaz de terno azul agarrava-se muito precariamente a uma parte saliente, uma das pernas já do lado de fora do edifício, como se fosse saltar. Embaixo, os bombeiros acenavam e pediam calma. O fogo acabou, só um pouco mais de paciência, gritava um policial por um megafone. Outros pintaram num amarelo muito vivo, sob grandes faixas de pano - O fogo já apagou! e Coragem, vamos salvá-los! O som do megafone aparentemente não chegou a eles, mas ao ver as faixas um dos rapazes fez um sinal positivo com o polegar, puxou um lenço verde e acenou.

Resgate. O Corpo de Bombeiros recebeu a primeira chamada às 9h03. Dois minutos depois, viaturas partiram de quartéis próximos, mas devido às condições adversas no trânsito, só chegaram no local às 9h10, quando as chamas já atingiam o 20º andar e várias pessoas começaram a se atirar do prédio.
O socorro mobilizou 1 500 homens, entre bombeiros e tropas de segurança, as equipes de cinco hospitais estaduais e outros privados, quatorze helicópteros, trinta e nove viaturas e todas as ambulâncias da rede hospitalar. Todos os carros-pipa da Prefeitura e vários particulares, além de um grande número de voluntários que antecederam os pedidos das autoridades para doação de sangue. A fim de garantir o livre acesso de ambulâncias e de veículos dos bombeiros ao prédio incendiado, convocaram-se tropas de choque do Regimento 9 de Julho, do Exército e da Polícia Militar, além da Companhia de Operações Especiais e do Departamento do Sistema Viário. Um esquema de emergência foi armado nas imediações do prédio, onde se concentraram milhares de curiosos. Aos 250 bombeiros da capital, juntou-se o reforço de um destacamento de Santo André. Policiais Militares especializados, da Companhia de Operações Especiais (COE) também participaram do trabalho de socorro. Quando a primeira guarnição chegou, comandada pelo sargento Rufino Rodrigues de Oliveira, o fogo consumia só o centro do prédio, mas avançava rapidamente para tomar toda a estrutura. O sargento lamentou não ter podido vir de helicóptero para lançar cordas e escadas pelas laterais ainda intactas do edifício. Como estavam de carro-tanque e as escadas Magirus ainda não haviam chegado, começaram a atirar cordas para subir. O sargento conta que ao chegar ao 12º andar, sua primeira providência foi apagar três corpos em chamas. Logo que uma das quatro escadas Magirus foi instalada, organizou a descida.[
Ele carregava pela escada uma menina desmaiada quando uma pessoa se jogou do 19º andar e bateu no corpo de uma outra, que também se jogara do 16º. O peso dos dois arrancou a garota de suas costas e ele só não caiu porque seu pé se enganchou num dos ferros laterais da escada. Na queda morreram dois, mas o que pulou do 19º andar se salvou com ferimentos graves. Os bombeiros usaram quatro jatos de água combatendo o fogo, mas logo de início tiveram problemas, pois os hidrantes da região estavam com defeito. A solução chegou quando a Prefeitura enviou ao local trinta caminhões-pipa. A exemplo do que ocorrera no incêndio do Edifício Andraus, faltavam equipamentos, embora desta vez tenham podido usar duas novas escadas de 45 metros que foram anexadas às menores para chegar ao 16º pavimento.

Enquanto um grupo de bombeiros tentava penetrar no prédio, outros procuravam salvar pessoas que se encontravam nas janelas pela parte externa com as Magirus. Um helicóptero do SAR, da FAB, fazia o resgate dos sobreviventes que se encontravam no telhado e que eram auxiliados por homens do COE e pelos tripulantes. Outros treze helicópteros do Governo e de empresas particulares não puderam aproximar-se muito, mas atiraram cordas, sacos de leite e água e tubos de oxigênio aos que se achavam no teto. Depois participaram do transporte dos feridos para os hospitais.

De acordo com o testemunho de um bombeiro, passava das dez da manhã quando os corpos começaram a cair como moscas. Todos queriam sair do edifício de qualquer maneira. Alguns chegaram a pular três andares, com o risco de despencar, para alcançar os andares inferiores onde chegavam as Magirus. O primeiro a se atirar estava no 15º andar. Durante mais de uma hora ele gritou por socorro, desesperado, as vezes encoberto pela fumaça. Pessoas apavoradas tentavam fazer cordas com tiras de pano, que acabavam arrebentando, não resistindo ao peso do corpo humano. Uma mulher, só de calcinha e sutiã, morreu assim, a cabeça esmigalhada na calçada.

Os cadáveres se amontoavam na rua, protegidos por cobertores, jornais e capas de chuva. Vários minutos depois, um caminhão da polícia e algumas ambulâncias recolheram os primeiros cadáveres e os levaram ao Instituto Médico Legal. No 8º andar os bombeiros encontraram pelo menos onze cadáveres abraçados. O fogo tinha praticamente soldado os corpos.

No 12º andar, dezessete pessoas que o capitão Mazzelli, comandante do COE, pretendia salvar, já estavam mortas quando ele chegou. O oficial subiu com um destacamento especializado. Diante do quadro trágico, cinco mortos no banheiro e doze no saguão, o batalhão começou a sentir-se mal e teve que ser retirado pelo helicóptero. Em outra tentativa de salvamento pelo pessoal da FAB, os bombeiros não conseguiram descer no telhado, não somente pelo intenso calor, mas pelo forte cheiro de carne incinerada. Em volta do edifício a multidão rompia os cordões de isolamento e os militares precisaram muitas vezes usar da força para conter os curiosos. As operações eram orientadas pelo próprio Comandante-Geral da Polícia Militar, Coronel Teodoro Cabette, e pelo Secretário de Segurança Pública, General Sérvulo Mota Lima, que foram para a área logo que tomaram conhecimento da tragédia. Policiais e bombeiros lamentaram que muitas pessoas tenham morrido por falta de calma ao se atirarem do prédio.

Apenas uma hora e meia após o início do fogo é que o primeiro bombeiro conseguiu, com a ajuda de um helicóptero do Para-Sar, o único potente o suficiente para se manter pairando no ar enquanto era feito o resgate, chegar ao telhado. Já então muitos haviam perecido devido à alta temperatura no topo do prédio, que chegou a alcançar 100 graus celsius. A maioria dos sobreviventes conseguiu se salvar por se abrigar sob uma telha de amianto. Quinze bombeiros ficaram intoxicados pela fumaça e muitos fizeram críticas por conta do parco equipamento que dispunham, além dos regulamentos então vigentes de prevenção a incêndios na capital. O Código de Obras do Município de São Paulo, datado de 1934, não dispunha da obrigação de instalações de equipamentos contra o fogo e nem exigia a construção de escadas de emergência. Os recursos concedidos ao Corpo de Bombeiros eram insuficientes, assim como o efetivo da corporação era bastante diminuto.

Por volta de 10h30, o fogo já havia consumido praticamente todo o material inflamável do prédio. O incêndio foi finalmente debelado com a ajuda de doze autobombas, três autoescadas, duas plataformas elevatórias e o apoio de dezenas de veículos de resgate. Apenas às 14h20, todos os sobreviventes haviam sido resgatados.

Personagens

Joel Correia - Instalado com seu telescópio numa das extremidades do Viaduto do Chá, comunicou à rádio Jovem Pan a existência de sobreviventes no edifício, mesmo com o incêndio dominado e os pilotos de helicóptero não avistando mais feridos a serem resgatados. Foi o responsável pelo fim do pavor em que se encontravam José Ferreira Couto Filho, Ivan Bezerra, Ibar Rezende, Mauro Ligeli Filho, Hiroshi Shimuta e Luiz Carlos Gonzalez. Ele tinha ido visitar um amigo, o gerente da construtora Ferreira Guedes, no 31º andar do edifício Conde Prates. Com o início do incêndio, passou a acompanhar a operação de salvamento com um telescópio. Ao ouvir no rádio a informação de que não havia mais ninguém no prédio, entrou em contato com a Jovem Pan e a informação chegou ao comandante do Corpo de Bombeiros que deu o alarme. O comandante ligou para o escritório onde Joel estava, e ele orientou a localização dos seis homens, no 20º andar, usando o telescópio. Mais tarde o comandante do Serviço de Salvamento do Corpo de Bombeiros reconheceu a ajuda, afirmando que as vítimas estavam realmente vivas e foram salvas.

Rolf Victor Heuer - Gaúcho, então com 54 anos, passou mais de três horas sentado em um dos parapeitos do edifício esperando para ser resgatado. Enquanto aguardava fumava vários cigarros, e sua imagem de aparente tranquilidade foi captada pelas câmeras dos noticiários de televisão e amplamente reproduzida. Antes de ser salvo, ainda conseguiu subir ao 19º andar, onde acalmou uma mulher que ameaçava se jogar de uma janela. De terno e gravata, dono de uma calma absoluta, ficou em pé do lado de fora do edifício, perto de uma janela. De vez em quando secava o suor do rosto com um lenço. A certa altura o Capitão Caldas, pendurado por um cabo, que por sua vez pendia de um helicóptero, aproximou-se para salvá-lo, mas não conseguiu. Alguns minutos antes de ser resgatado, não aguentou mais o calor e tirou o paletó, a gravata e a camisa. Não se perturbou um só instante, mas quando pisou o chão, começou a chorar. Levou 25 minutos para descer a escada Magirus até chegar à rua.
José Roberto Viestel - Gerente do estacionamento do edifício, estava em casa quando foi acordado com a notícia do incêndio. Tentou chegar ao local e, impedido pelo trânsito caótico, deixou as chaves de seu carro com um guarda e seguiu a pé. Lá chegando, ajudou os manobristas na retirada dos veículos guardados para evitar o risco de mais explosões, e quando as mangueiras dos bombeiros começaram a falhar providenciou as do estacionamento, que ele mesmo testava uma vez por semana, para o combate ao fogo.

Celso Bidinguer - 22 anos, estava no 16º andar quando se refugiou no banheiro com outras seis pessoas. Todas as que estavam com ele morreram, mas Celso conseguiu salvar-se porque ao ver da janela do 13º andar, sozinha e amedrontada, a funcionária Tarsila de Souza, que ameaçava se jogar. Ao se aperceber do risco, decidiu salvá-la. Ele amarrou um pedaço de cortina, que levara para o banheiro, na janela e pelo lado de fora do edifício conseguiu descer três andares até chegar junto a Tarsila, com quem ficou mais de duas horas à espera de socorro, vendo as pessoas se jogarem. A escada dos bombeiros só chegava até o 12º andar, portanto, os dois tiveram que descer por cordas. Ambos sobreviveram.

Rodolfo Manfredo Júnior - 20 anos. Estava datilografando em um escritório do 21º andar quando soube do incêndio. Subiu com dezenas de pessoas para o terraço do prédio, pois os elevadores já não mais funcionavam. Havia cerca de duzentas pessoas comprimidas e aterrorizadas. Ele conta que viu várias se jogarem, outras tirarem a roupa, pois não suportavam mais o calor, além de cerca de trinta que se contorciam em chamas. Ele conta que teve que dar tapas na cara de alguns que pareciam paralisados, incitando-os a se salvarem. Quando a situação ficou mais dramática surgiu um helicóptero da FAB que pairou no terraço. Rodolfo pulou e agarrou-se à aeronave. Ficou com as pernas ao ar, mas foi salvo ao ser puxado para dentro.

José dos Santos - 20 anos, residente no Jardim Peri, foi o penúltimo funcionário da Crefisul a ser resgatado e salvo pelos bombeiros. Estava no 18º andar quando ocorreu o incêndio e foi para a janela, onde teve que esperar por cerca de quatro horas. Para resgatá-lo os bombeiros tiveram que estender a escada de 45 metros até o 12º andar e prosseguir depois com uma pequena até o 16º andar. Depois, o próprio José amarrou uma corda nas travas da janela e desceu do 18º ao 16º andar, chegando então à escada dos bombeiros numa operação que durou meia hora.

João Aparecido Frutuoso - 24 anos, analista de contas do Banco Crefisul, tinha organizado o grupo que deixou o 15º andar improvisando cortinas para a descida até o 13º, de onde todos passaram à escada com a ajuda dos bombeiros. Ele conta que viu muita gente cair do patamar do 14º andar, além de muitos que perderam os sentidos por conta da inalação da fumaça. Ficou com as mãos e pés queimados.

Consequências. A parte do edifício que compreendia os escritórios da Crefisul foi totalmente destruída, mas estava segurada na Companhia Seguradora Santa Cruz. Os sete primeiros andares, de garagens, não foram atingidos pelas chamas. Essa parte, administrada pela Joelma, formava um bloco quase isolado do restante do edifício, tendo portas de emergência e de interligação. Todos os dezessete empregados do estacionamento se salvaram. Dos aproximadamente 756 ocupantes do edifício, 187 morreram e mais de 300 ficaram feridos. A grande maioria das vítimas era formada por funcionários do Banco Crefisul de Investimentos. Segundo o vice-presidente do Crefisul, Garrett Bouton, 1 016 funcionários trabalhavam no edifício. Desse total, 861 ficavam nos andares superiores à garagem e cerca de 600 já haviam chegado quando o incêndio começou. A firma de limpeza Continental tinha 77 funcionários no prédio.

Até as 18 horas do dia da tragédia, 125 corpos já tinham sido retirados do Instituto Médico Legal, depois de identificados por parentes e amigos. Restaram 54 corpos, dos quais 12 identificáveis e o restante completamente carbonizado. Em 30 horas, do meio-dia de sexta-feira até às 18h do dia seguinte (sábado), aproximadamente oito mil pessoas foram ao local, no bairro de Pinheiros, para reconhecer os cadáveres. O ambiente era de tristeza e até os funcionários não conseguiam esconder a emoção. Cinco mulheres desmaiaram enquanto faziam a identificação. O IML comprou 200 caixões e 50 coroas de flores para facilitar a retirada dos corpos. As vítimas foram colocadas no chão de quatro salas e pela manhã já exalavam um mau cheiro que os funcionários tentaram aliviar colocando incenso. O secretário dos Serviços Municipais, engenheiro Werner Zalouf, afirmou que cerca de 30 pessoas que morreram no incêndio e permaneceram no prédio não foram identificadas: "Acredito que o calor durante o incêndio tenha superado 900 graus e nessa temperatura um corpo fica totalmente destruído, restando no máximo um quilo e meio de cinzas. A água que os bombeiros jogaram pode ter transformado tudo em lama".

A tragédia do Joelma, que ocorreu apenas dois anos após o incêndio do Edifício Andraus, reabriu a discussão popular com relação aos sistemas de prevenção e combate a incêndios nas metrópoles brasileiras, cujas deficiências foram evidenciadas nas duas grandes tragédias. Na ocasião, o Código de Obras do Município de São Paulo, em vigor era de 1934, um tempo em que a cidade tinha 700 000 habitantes, prédios de poucos andares e não havia a quantidade de aparelhos elétricos dos anos 1970.

A investigação sobre as causas do acidente, concluída e encaminhada à justiça, em julho de 1974, apontava a Crefisul e a Termoclima, empresa responsável pela manutenção elétrica, como principais responsáveis pelo incêndio. Afirmava que o sistema elétrico do Joelma era precário e estava sobrecarregado. Além disso, os registros dos hidrantes do prédio estavam inexplicavelmente fechados, apesar do reservatório contar na ocasião com 29 000 litros de água.

Segundo o Estadão, três empresas receberam acusações a respeito do caso: o Banco Crefisul (inquilino do prédio); a Joelma S.A Importadora Comercial e Construtora (construiu o prédio); e a Termoclima Indústria e Comércio Ltda (que instalou os aparelhos). De acordo com investigações, Alvino Fernandes e Sebastião da Silva, eletricista e ajudante de eletricista, não tinham curso completo sobre eletricidade e nunca receberam orientação técnica do Departamento de Serviços Gerais, que era quem respondia por reparações elétricas. O resultado do julgamento foi divulgado a 30 de abril de 1975. Kiril Petrov, gerente-administrativo da Crefisul, foi condenado a três anos de prisão. Walfrid Georg, proprietário da Termoclima, seu funcionário, o eletricista Gilberto Araújo Nepomuceno, e os eletricistas da Crefisul, Sebastião da Silva Filho e Alvino Fernandes Martins, receberam condenações de dois anos.



Sepulturas dos corpos não identificados.

Cultura popular. A tragédia acabou ajudando a espalhar entre a população rumores de que o terreno no qual o prédio foi erguido seria amaldiçoado, com especulações de que até o fim do século XIX teria sido um pelourinho e fantasmas rondariam o local. Durante o incêndio, treze pessoas tentaram escapar por um elevador, mas não foram bem sucedidas. Seus corpos, não identificados, foram enterrados lado a lado no Cemitério São Pedro, na Vila Alpina. O fato acabaria sendo inspiração para o chamado "Mistério das Treze Almas", às quais são atribuídos diversos milagres. Funcionários que já trabalharam no edifício revelam terem presenciado aparições de espíritos, ouvido gritos e vozes, além de terem visto fenômenos estranhos, como faróis de carros vazios acenderem e apagarem.

 

INCÊNDIO NO GRANDE AVENIDA




O Incêndio no Edifício Grande Avenida foi um incêndio ocorrido na tarde do dia 14 de fevereiro de 1981 no Edifício Grande Avenida no centro da cidade de São Paulo. Ao todo 17 pessoas morreram e outras 100 pessoas ficaram feridas no incidente. O prédio possuía 20 andares, onde apenas os 3 últimos andares do prédio não ficaram totalmente destruídos. A principal causa do incêndio foi a sobrecarga no circuito elétrico do edifício.

O Edifício Grande Avenida, é um prédio construído entre os anos de 1962 e 1966 onde em apenas 3 anos de sua construção, sofreu com um incêndio de menores proporções no dia 13 de janeiro de 1969. Dos 19 andares do edifício, 14 foram completamente destruídos pelas chamas, sendo que uma das colunas de sustentação sofreu rachaduras. Apesar da intensidade do incêndio, ninguém se feriu, o prédio foi reformado e reinaugurado.

Na data do incidente, o edifício era utilizado para fins comerciais onde funcionavam duas agências bancárias, escritórios comerciais e uma torre de transmissão da TV Record. Por ter ocorrido em um sábado, o edifício não estava com sua ocupação máxima, o que evitou maiores vítimas.

Evento. Próximo ao meio dia uma sobrecarga elétrica no edifício ocasionou o início dos focos de incêndio na sobreloja do edifício, o fogo se alastrou rapidamente, principalmente por conta de uma corrente de vento vinda da Avenida 9 de Julho localizada nos fundos do prédio, local onde funcionários da empresa Construtora Figueiredo Ferraz estavam trabalhando em um projeto atrasado.

No início das chamas existiam cerca de 50 pessoas dentro do edifício, entre elas: vigilantes, funcionários da limpeza, funcionários da construtora, funcionários de plantão e técnicos da torre da TV Record. Assim os presentes nos primeiros andares conseguiram fugir rapidamente do local, porém as demais pessoas que estavam a cima da sobreloja acabaram ficando presas tendo em vista que todos os andares possuíam portas corta-fogo e de pânico menos a sobreloja onde o incêndio começou.

Outra preocupação, era a existência de materiais inflamáveis no topo do prédio onde estavam armazenadas itens para a manutenção da torre da TV Record os itens em questão eram: mais de vinte latas de tinta para pintar a torre, além do óleo diesel, que mantinha o gerador da torre funcionando.

Resgate. Os bombeiros após diversos chamados, seguiram com a viaturas para os arredores da Praça da Sé, subiram a avenida Brigadeiro Luís Antônio, somando-se a eles outras viaturas vindas da guarnição da rua da Consolação. Alguns policiais ajudavam na proteção ao redor do prédio e alguns médicos que passavam pelo local esperavam próximos ao local para auxiliar as primeiras vítimas do incêndio. Ao todo foram mobilizados:

250 bombeiros. 40 viaturas, incluindo: escada magirus, auto-escada, guindaste e cinco helicópteros para salvamento. Mesmo com a velocidade dos bombeiros para o atendimento da ocorrência, a falta de água para combater o fogo retardou o trabalho de combate ao incêndio. Prejudicados pela falta de estrutura, alguns bombeiros entraram nos andares iniciais do prédio, sem a devida proteção para auxiliar no resgate das vítimas com segurança o que ocasionou alguns feriados com baixa gravidade.

Ao perceberem pessoas em andares superiores do prédio, os civis escreveram com cal no solo repetidamente a palavra "calma!" assim solicitando com que as pessoas não saltassem do prédio. Mesmo com os avisos, um momento emocionante do resgate um auxiliar de escritório Cosme Adolfo Barreira que, desesperado com a violência das chamas, acabou jogando os dois filhos pela janela e depois se jogando numa laje logo abaixo. O pai e as crianças (Luciano de 5 anos e sua irmã Elaine de 4 anos) foram resgatados e não sofreram nenhum ferimento grave.

17 mortos. . Após o evento, foi constatado que 17 pessoas que estavam presentes no prédio morreram no fatídico evento, além de outras 100 pessoas (incluindo bombeiros) que se machucaram durante o combate das chamas, o prédio ficou 60% destruído e foi reformado após o incidente.

Investigações e consequência. As investigações apontaram que a principal causa do incêndio foi a sobrecarga no circuito elétrico do edifício e que alguns fatores contribuíram para a tragédia, como a inexistência da porta contra fogo na sobreloja do prédio e a falta de água e a má manutenção dos hidrantes da Avenida Paulista onde o mais próximo estava com sua tampa emperrada. Assim após as investigações, foram atualizadas as normas técnicas para a realização de manutenção e construção em edifícios e diversos edifícios e hidrantes na região da Avenida Paulista foram vistoriados para garantir o bom funcionamento.


Foto testemunhal de Wladmir Primo


A MORTE DE AYRTON SENNA. O DIA QUE SÃO PAULO PAROU



No dia 4 de maio de 1994, a "cidade que não para", parou. Sobre o carro de bombeiros, a esquife de Senna com a bandeira do Brasil, foi acompanhada por milhares de pessoas. De Guarulhos ao Ibirapuera, onde seu corpo seria velado, foram 2 horas e 28 minutos de emoções, nesse que é considerado o maior cortejo fúnebre do Brasil.

A maioria das pessoas que têm menos de 30 anos, não consegue entender o quanto Ayrton Senna era querido. Um domingo de Fórmula 1, era como assistir um jogo de Copa do Mundo, o Brasil parava. A gente se programava pra fazer as coisas "depois da corrida" e todo mundo entendia isso. Vibrávamos quando Senna ganhava uma corrida, pegava a bandeira do Brasil e dava mais uma volta no autódromo, mostrando-a ao mundo com orgulho.

Naquela quarta-feira, 4 de maio, a cidade parou, o Brasil parou, pra se despedir de Senna, envolto na bandeira que tanto honrou.


ACIDENTE DO FOOKER 100 DA TAM



"O avião que decolava do aeroporto de Congonhas para o Rio de Janeiro caiu sobre oito casas da Rua Luís Orsini de Castro, no Jabaquara, segundos após decolar. A tragédia deixou 99 mortos, sendo 96 passageiros e tripulantes da aeronave, além de três pessoas no solo". Foto e legenda:Band News. 

"Um dos mais graves desastres da história da aviação brasileira abalou o país no dia 31 de outubro de 1996. Um avião da companhia TAM, que fazia a ponte aérea Rio – São Paulo, caiu sobre o bairro residencial de Jabaquara, em São Paulo, a dois quilômetros do aeroporto de Congonhas, segundos após a decolagem. As primeiras informações do acidente divulgavam que não havia sobreviventes entre os ocupantes do Fokker e que pelo menos nove moradores teriam morrido atingidos pelos destroços do avião. Imagens de um cinegrafista amador, registradas logo após a tragédia, foram exibidas com exclusividade no Jornal Hoje, que fez uma edição especial sobre o acidente. Ao vivo, do estúdio, Sandra Annenberg atualizava os telespectadores com informações sobre o caso, ao passo que imagens aéreas davam uma dimensão da tragédia. Nesta edição, reportagens de Graziela Azevedo e Paulo Markun mostravam de perto as consequências do acidente, entrevistando testemunhas sobre o ocorrido".  Jornal Hoje.  Memória da Globo. 


O ACIDENTE DO VÔO TAM 3054 




O Vôo 3054 foi um rota comercial doméstica, operada pela TAM Linhas Aéreas (atual LATAM Airlines Brasil), utilizando um Airbus A320-233, partindo do Aeroporto Internacional de Porto Alegre com destino ao Aeroporto de Congonhas. Em 17 de julho de 2007, ao tentar pousar na pista 35L em São Paulo, a aeronave não conseguiu frear, ultrapassou os limites da pista, planou sobre a avenida Washington Luís e colidiu com o prédio da TAM Express e com um posto de gasolina da Shell. Todos os 187 passageiros e tripulantes a bordo do A320 e mais doze pessoas em solo morreram. É  o acidente aéreo com mais mortes na história da aviação brasileira, ultrapassando o voo Gol 1907 e também o mais mortífero envolvendo uma aeronave da família A320 até então, sendo ultrapassado em outubro de 2015 pelo voo Metrojet 9268, com 224 mortes. O acidente, investigado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, órgão filiado à Força Aérea Brasileira, teve seu relatório final divulgado em setembro de 2009, apontando como causas principais do acidente o erro do piloto, ao configurar irregularmente os manetes, falta da infraestrutura aeroportuária brasileira, faltando groovings (ranhuras) na pista de Congonhas e autonomia excessiva aplicada aos computadores da aeronave.

Nas duas pistas do aeroporto de Congonhas, uma inclinação impedia o escoamento da água acumulada sobre o asfalto, que já era liso por causa do excesso de borracha sobre a pista, causado pela pressão dos pneus ao pousar. Não havia áreas de escape junto às cabeceiras, já que logo após o final da pista encontrava-se a avenida Washington Luís e vários prédios, casas e edifícios comerciais. No dia 24 de julho de 2006, um ano antes do acidente, um Boeing 737 da BRA Transportes Aéreos, ao pousar no aeroporto, deslizou pela pista e conseguiu parar só porque o piloto realizou uma manobra conhecida como "cavalo de pau", o que evitou que a aeronave caísse na avenida Washington Luís. Devido a atrasos e cancelamentos de voos, provocados por chuvas no início de 2007, a Infraero decidiu pelo recapeamento do asfalto da pista principal do aeroporto. De acordo com o projeto, seriam instalados groovings no asfalto, que são pequenas ranhuras para escoar a água das chuvas e evitar alagamentos, já que pilotos alertavam sobre a pouca aderência da pista em dias de chuvas. As obras foram concluídas em 29 de junho, mas sem a instalação dos groovings, já que, segundo a Infraero, seriam necessários mais 30 dias para a aplicação dos mesmos. Enquanto a pista de Congonhas estava em reformas, o apagão aéreo de 2006 continuava avançando sobre o setor aeroviário brasileiro, o que fez com que a pista fosse liberada para uso, mesmo sem os groovings.

Dificuldade para pousos

No dia 16 de julho, um dia antes do acidente, quatro pilotos que pousaram no aeroporto relataram haver pouca aderência, inclusive de um piloto da TAM, o qual conseguiu frear sua aeronave apenas alguns metros antes do final da pista. Entre as 12h25 e as 12h28, a Infraero suspendeu as operações no aeroporto para examinar as condições de aderência da pista, a qual foi liberada por "ausência de poças e de lâminas d'água". Mas, logo depois da checagem, às 12h42, uma aeronave ATR-42, da Pantanal Linhas Aéreas, logo após tocar o trem de pouso na pista, aquaplanou, deslizando pela pista, fazendo uma curva abrupta para a esquerda e invadindo o gramado. A aeronave ainda colidiu com uma caixa de concreto(pt-BR) ou betão(pt) e com um pequeno poste de luz, antes do piloto fazer um "cavalo de pau" para conseguir frear a aeronave. Nenhuma das 21 pessoas a bordo se feriram, mas a aeronave teve seu trem de pouso destruído e o nariz da aeronave danificado. Mesmo com o incidente, os pousos na chuva continuaram sendo realizados normalmente no aeroporto.

Aeronave e tripulação

A aeronave envolvida no acidente, fotografada no Aeroporto Internacional Tan Son Nhat em fevereiro de 2004, enquanto ainda era operada pela Pacific Airlines. A aeronave envolvida no acidente era um Airbus A320-233, número de série 789, fabricada nas instalações da Airbus em Hamburgo, Alemanha. Foi registrada no Brasil como PR-MBK, equipada com dois motores IAE V2527-A5. Seu primeiro voo foi em 13 de fevereiro de 1998 e entrou em serviço um mês depois com a TACA Peru, com o registro peruano N454TA. Posteriormente, entrou na frota da Pacific Airlines com o registro vietnamita VN-A168. A aeronave era de propriedade da companhia turca Pegasus Airlines, antes de entrar em serviço com a TAM em dezembro de 2006. A aeronave tinha 20 000 horas de voo e 9 300 ciclos (pousos e decolagens somados). A aeronave estava com um defeito no reversor do motor direito, o qual estava inoperante. Seguindo recomendações da fabricante francesa Airbus, a aeronave poderia operar, mesmo com o reversor inoperante, por um prazo máximo de dez dias. Além disso, foi relatado que a aeronave não tinha dificuldade para pousar na pista do aeroporto de Congonhas.

O voo estava sob o comando do capitão Henrique Stephanini di Sacco, 53 anos de idade e 13 655 horas de voo, sendo 2 236 horas no modelo A320, e também pelo comandante Kleyber Aguiar Lima, 54 anos de idade e 14 760 horas de voo, sendo 237 horas no modelo A320.[24] Após esse acidente a TAM proibiu que voos regulares fossem realizados por dois comandantes ao mesmo tempo, devido a supostas falhas na logística de tarefas de cabine diagnosticada posteriormente pelo CENIPA. Além dos pilotos, havia quatro comissários de voo a bordo, e outros 13 funcionários não-operantes da companhia.


Rota do voo, partindo de Porto Alegre até São Paulo.

A delegação da equipe de futebol do Grêmio estava prevista para embarcar neste voo. Jogadores e comissão técnica fariam uma conexão em Congonhas e seguiriam para Goiânia, onde havia um jogo marcado contra a equipe do Goiás, mas a direção do clube adiou a viagem para o dia seguinte. Após o embarque, a aeronave decolou em direção a São Paulo, subindo ao nível de voo 340 (34 mil pés, aproximadamente 10 300 metros) e desviando de algumas formações de nuvens. Cerca de 40 minutos após atingir o nível de cruzeiro, a aeronave iniciou a aproximação para o pouso. Inicialmente, a aeronave iria pousar no Aeroporto de Guarulhos, onde as condições climáticas estavam melhores, mas a tripulação decidiu aterrissar em Congonhas.


Pouso e colisão

A aeronave foi autorizada a pousar em Congonhas na pista 35L. Testemunhas oculares e câmeras de segurança do aeroporto mostraram que quando a aeronave tocou a pista na área conhecida como "zona de toque", onde todas as aeronaves devem pousar, ela não diminuiu sua velocidade, atravessando a pista a uma velocidade média de 90 nós (170 quilômetros por hora). A aeronave fez uma curva abrupta para a esquerda, saindo da pista e invadindo o gramado e o pátio de manobras do aeroporto. A pista é localizada em um platô, ao lado da avenida Washington Luis, a qual estava com movimento intenso no momento. A aeronave saiu das delimitações do aeroporto, planou sobre a avenida e colidiu com o edifício da TAM Express e com um posto de gasolina da Shell, causando uma enorme explosão e um incêndio imediato de grandes proporções. Todos os 187 ocupantes da aeronave morreram imediatamente. Onze pessoas que estavam no prédio da TAM Express também morreram, além de um motorista de táxi que estava no posto de gasolina.

Dados da caixa preta da aeronave mostraram que, pouco antes do pouso, ambos manetes de potência dos motores estavam em CLB (posição de subida, com 80% de potência), regulados pelo sistema autothrust da aeronave, sistema que regula a potência dos motores com base em uma velocidade determinada pelo piloto, com o objetivo de mantê-la sempre constante. Dois segundos antes do pouso, um aviso sonoro foi emitido pela aeronave, aconselhando os pilotos a levarem os manetes para a posição IDLE (posição de pouso, sem potência). Isso desativaria o sistema autothrust da aeronave, fazendo com que a aeronave tivesse pouca velocidade, conseguindo frear completamente dentro dos limites da pista.

De acordo com o computador de bordo do A320, para que os spoilers, superfícies moveis sobre a asa que são abertos para quebrar a resistência do ar e diminuir a velocidade, fossem armados, os motores deveriam estar na posição IDLE, sem potência. A caixa preta mostra ainda que, imediatamente após o aviso para retardar os manetes, o piloto trouxe apenas o manete da esquerda para a posição IDLE, ativando o reverso do motor esquerdo, enquanto o manete da direita estava na posição CLB, com 80% de potência. Por causa da configuração incorreta dos manetes, o computador de bordo entendeu que a aeronave estava arremetendo. Uma teoria apresentada pelo CENIPA é que os pilotos podem não ter notado que o motor direito manteve-se em CLB, já que o sistema autothrust desenvolvido pela Airbus, ao contrário dos modelos de outras fabricantes, não move os manetes enquanto a potência dos motores é alterada. Assim, quando o piloto puxou o manete do motor esquerdo para a posição IDLE, ele desligou o sistema autothrottle e o computador de bordo não retardou a potência do motor direito para a posição IDLE. Esta assimetria nas potências dos motores ocasionou uma perda de controle, fazendo com que a aeronave se desviasse para a esquerda e saísse da pista.

Memorial 17 de Julho, com a amoreira que resistiu ao acidente.




O Cruzeiro de março de 1962: "Os motoristas de São Paulo são tidos como os mais nervosos e grosseiros do Pais, pelos pedestres. Mas esse sentimento é reciproco. Os motorista julgam os pedestres do mesmo modo.

VIOLÊNCIA DO TRÂNSITO PAULISTANO



Pedestres são as principais vítimas de acidentes de trânsito, segundo pesquisa
Mortes por atropelamentos representam 39% do total de casos de acidentes no Estado de SP
São Paulo|Do R7

02/05/2013 

O número de pessoas que morrem atropeladas, no Estado de São Paulo, representa 39% do total de mortes envolvendo veículos automobilísticos, motos e bicicletas, de acordo com o levantamento da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

Do total de 5.394 mortes por acidentes de trânsito notificadas no Estado em 2011, 2.114 foram de pedestres, 1.721 de motociclistas, 1.273 de passageiros de veículos automobilísticos e 286 de ciclistas. Entre os tipos de acidentes mais fatais estão, respectivamente, a de pedestres com automóveis, ônibus e veículos motorizados de duas ou três rodas.

Em relação a 2010, quando foram notificados 1.968 óbitos por atropelamentos no Estado, o número de mortes registrados no Estado foi 9% maior em 2011. O número de internações de pedestres também apresentou aumento, passando de 10.155 em 2010 para 10.548 em 2011.

Mortes de ciclistas crescem 6% em 2012 em SP, diz CET

Em relação às internações, o número de vítimas de atropelamentos é menor somente ao de motociclistas, como explica Gustavo Feriani, supervisor médico do Grupo de Resgate e Atendimento a Urgência (Grau) da Secretaria.

— Quando o pedestre é atingido por um veículo, toda a energia do impacto é transferida para a vítima, que não possui dispositivos de segurança, como cinto de segurança, estofados, air bags, barras de proteção, entre outros, para minimizar a energia liberada após a batida. Mesmo motocicletas ou bicicletas são capazes de causar mortes por conta desta transferência de energia. Além disso, por ser muito frágil quando exposto aos acidentes com outros veículos, o corpo humano fica vulnerável a traumas graves que podem comprometer funções vitais.

Mortes no trânsito

O número de mortes no trânsito caiu 9,8% em 2012, segundo balanço divulgado no dia 13 de março, pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). No ano passado, 1.231 pessoas morreram por causa de acidentes na capital paulista. Em 2011, foram 1.365 vítimas fatais.

Segundo a CET, o número de mortes por atropelamentos também diminuiu. O relatório da companhia mostra que as mortes de pedestres, as principais vítimas do trânsito paulistano, caíram 12,5% em relação ao ano anterior, o que significa 77 vidas poupadas. Em 2012, 540 pedestres perderam a vida no trânsito paulistano ante 617 em 2011.

A ampliação do PPP (Programa de Proteção ao Pedestre na cidade) é um dos motivos apontados pela empresa municipal para a redução dos índices de atropelamentos. No dia 18 de fevereiro, foi assinado um termo de cooperação pelas secretarias municipais dos Transportes e do Trabalho e Empreendedorismo. A parceria, de acordo com a CET, prevê repasse de R$ 5 milhões para ser investido no programa.

No ano passado, cerca de 800 orientadores de travessia estavam nas ruas. Neste ano, a companhia prevê um aumento de 200 pessoas atuando na função. O programa está sendo ampliado para mais regiões da cidade, inclusive as mais distantes, como as estradas do M´Boi Mirim e de Itapecerica (na zona sul), as avenidas Sapopemba, Marechal Tito e Ragueb Chohfi (todas na zona leste) bem como Teotônio Vilela, Guarapiranga, Cupecê e Largo 13 de Maio (também zona sul), dentre outras.



2024:  INFOSIGA APONTA 237 MORTES


Dados do Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de SP) mostram que 237 pessoas morreram em decorrência de acidentes de trânsito na cidade de São Paulo nos primeiros três meses de 2024.

Os atropelamentos são a principal causa de mortes. Em muitos desses casos, os ônibus estão envolvidos
E os pedestres são as principais vítimas.

Em seis horas, foram dois acidentes graves envolvendo ônibus na capital:

Por volta das 7h desta terça-feira (7), em Pirituba, na Zona Norte, um homem de 62 anos foi atropelado enquanto atravessava numa faixa de pedestres quase totalmente apagada. Ele foi levado de helicóptero para o Hospital das Clínicas.

Trânsito da cidade de São Paulo tem 237 mortes nos três primeiros meses do ano
Na terça-feira (7), dois acidentes graves envolvendo ônibus foram registrados num intervalo de 6 horas na capital; sobre os casos, a SPTrans disse que o programa de redução de acidentes de trânsito apura a ocorrência. No entanto, o projeto não foi implementado na prática.
Por SP2 — São Paulo

08/05/2024 20h42  Atualizado há 3 meses

Trânsito da cidade de São Paulo tem 237 mortes nos três primeiros meses do ano

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Dados do Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de SP) mostram que 237 pessoas morreram em decorrência de acidentes de trânsito na cidade de São Paulo nos primeiros três meses de 2024.

Os atropelamentos são a principal causa de mortes
Em muitos desses casos, os ônibus estão envolvidos
E os pedestres são as principais vítimas.
Em seis horas, foram dois acidentes graves envolvendo ônibus na capital:

Por volta das 7h desta terça-feira (7), em Pirituba, na Zona Norte, um homem de 62 anos foi atropelado enquanto atravessava numa faixa de pedestres quase totalmente apagada. Ele foi levado de helicóptero para o Hospital das Clínicas.


Perto das 13h, na Vila Carrão, na Zona Leste, a vítima foi uma mulher: Rosemary Silva, de 66 anos. Ela morreu ao ser atropelada por um ônibus quando tentou atravessar correndo, pela faixa de pedestres, a Avenida Dezenove de Janeiro, na Vila Carrão, Zona Leste da capital.

Sobre os dois casos – e em todos os outros 17 atropelamentos por ônibus deste ano –, a SPTrans deu a mesma resposta: o programa de redução de acidentes de trânsito, o PRAT, apura a ocorrência.

Por meio da Lei de Acesso à Informação, o SP2 perguntou à empresa qual a estrutura desse programa, quantas pessoas trabalham nele, qual o orçamento e o que ele faz na prática.

A resposta foi que o PRAT é ligado ao Centro de Operações da SPTrans e não tem nem equipe nem orçamento próprios. O decreto que criou o programa em 2007 afirma que o PRAT deveria:

Ter um conselho consultivo, presidido pelo secretário de Transportes;
Contar com especialistas no assunto;
E um comitê que fica subordinado a esse conselho;
No entanto, nada disso saiu do papel.

Gláucia Pereira, do Instituto Multiplicidade, diz que o PRAT não pode ser apenas uma resposta padrão depois de um acidente.

"A SPTrans e a prefeitura ficam muito distantes dos motoristas de ônibus, porque os motoristas são funcionários das empresas concessionárias e permissionárias. Então, não adianta a prefeitura ficar tratando disso com o chefe dos motoristas. Precisa conversar, de fato, e essas pessoas precisam participar desses programas", explicou a especialista em mobilidade.

"Não é simplesmente um indicador que, depois que a gente tem mortos e feridos, a gente vai verificar. Não pode acontecer. A gente tem que entender que morrer no trânsito não é normal, e a prefeitura não pode tratar isso como algo simplesmente burocrático”, completou Gláucia.

A SPTrans disse que o programa de redução de acidentes de trânsito não foi implementado como o decreto manda, ou seja, a prefeitura não cumpriu o decreto da própria prefeitura.

A Prefeitura de São Paulo informou, no entanto, que o PRAT foi responsável pelo afastamento de diversos motoristas, pelo treinamento de 24 mil motoristas em 2023, além de promover ações para melhorar a segurança no trânsito envolvendo motoristas e pedestres.



OPINIÃO – Sobre o relatório de vítimas fatais no trânsito paulistano
15/05/2015
Autor: Joana Canêdo*
Data: 15/05/2015

A semana que se seguiu à publicação do Relatório de acidentes de trânsito fatais da CET, referentes ao ano de 2014, foi repleta de análises da mídia. O grande destaque foi para o número de morte de ciclistas que teria aumentado — mas que deixou de levar em consideração a quantidade de ciclistas em circulação, ou seja, proporcionalmente ao uso de bicicletas, as mortes de ciclistas diminuíram 10% em São Paulo.

Fiquei me perguntando por que não pareceu chocante para ninguém que  a maior vítima do trânsito na capital paulista sempre foi, e continua sendo, os pedestres. E isso mesmo quando os acidentes estavam em queda. (Entre os poucos jornais que tocaram no assunto estão:  Metro e Agora, e o portal Mobilize; e a Globo fez uma reportagem específica sobre a avenida mais letal da cidade).

Por que tão pouca gente  comentou que tantas pessoas morrem atropeladas todos os dias em São Paulo. Será que essa “fatalidade” é normal?

Os pedestres representam a maioria dos usuários das vias da cidade, mais de 13 milhões de pessoas se deslocam a pé todos os dias na RMSP (contra 12 milhões de carros). Ainda assim todo o planejamento do viário é pensado e estruturado para facilitar o fluxo, e com isso a velocidade, dos veículos e o conforto dos motoristas, demonstrando que a segurança no trânsito não é prioridade das ações de mobilidade na cidade.

Em São Paulo, as velocidades máximas permitidas nas ruas são assustadoramente altas, o que aumenta a gravidade dos atropelamentos,  a maior causa de fatalidades no trânsito da cidade.

Além disso há uma cultura de desrespeito às leis básicas do trânsito, como parar na faixa para o pedestre atravessar, prioridade do pedestre na conversão, ultrapassar o limite de velocidade da via, etc. Sem contar uma engenharia de tráfego que calcula tempos semafóricos em função do número de carros na via e não em função do tempo necessário para as pessoas atravessarem, para citar apenas alguns exemplos de como as pessoas que caminham estão sempre em último lugar na escala de prioridades.

É urgente que a cidade abra os olhos e reaja para a segurança dos atores mais vulneráveis da mobilidade urbana: as milhões de pessoas que andam pelas ruas e calçadas de São Paulo todos os dias e se encontram constantemente em situação de risco.

Segunda o relatório da CET, em 2014, 44,4% das vítimas fatais do trânsito foram pedestres, 555 no total, sendo que 537 deles morreram atropelados, em sua grande maioria por automóveis (45%, seguidos de ônibus, 26%, e motos, 20%). Esse número significa um aumento de 8% na morte de pedestres, quando comparado a 2013.

De todas as mortes de pedestres, mais de 35% foram de pessoas com mais de 60 anos – sinal de que os mais velhos, com mais dificuldade de deslocamento e de atenção, enfim os mais vulneráveis, são as grandes vítimas.

O perfil sócio econômico das vítimas se equivale ao perfil socioeconômico da população abrangida pelo Modal a Pé na Pesquisa de Origem e Destino do Metrô (2007).

Quanto ao local dos acidentes fatais, eles estão espalhados por toda a cidade. Mas observando bem o os mapas é possível identificar pontos específicos onde é nítida a necessidade de ações estratégicas para evitar mortes.

É o caso, por exemplo, do centro da cidade, onde a restrição da circulação de veículos poderia ser ampliada, uma vez que é uma área com grande número de circulação de pessoas a pé e com ampla estrutura de transporte público.

As marginais do  Tietê e do Pinheiros, ao lado das avenidas Marechal Tito e Teotônio Vilela, foram as recordistas de atropelamentos fatais, indicando uma óbvia necessidade de reduzir a velocidade máxima permitida nessas vias imediatamente.

A Zona Leste precisa de uma atenção especial, pois é a região na cidade com o maior número de vítimas fatais, ultrapassando 17% do total das 10 regiões consideradas, sendo que quase 50% das vítimas da região eram pedestres.

Há várias outras conclusões que podem ser tiradas deste relatório e que deveriam subsidiar políticas públicas voltadas para a segurança sobretudo do pedestre, o ator mais vulnerável da mobilidade.

É preciso destacar que, apesar de 32% das viagens serem feitas exclusivamente a pé na cidade (e esse número não inclui caminhantes que vão para os pontos de ônibus, estações de trem, até a padaria do bairro ou almoçar ao meio-dia), o pedestre é sempre o último a ser considerado nas políticas públicas. Quando essas o fazem, é dificultando a sua vida ou os infantilizando.

Os chamados projetos de segurança para o pedestre incluem a instalação de  barreiras físicas em cruzamentos onde há muito trânsito de veículos – o que aumenta a distância e diminui a eficiência dos trajetos. Isso é uma inversão da prioridade, garantida por lei, ao pedestre pois, segundo o art. 38 do Código Brasileiro de Trânsito, “o condutor deverá ceder passagem aos pedestres e ciclistas” ao fazer a conversão. Com essas barreiras, a CET passa, na prática, a prioridade ao condutor do veículo. E não vou nem citar as campanhas “educativas” que idiotizam o pedestre ao exibir palhaços atravessando fora da faixa.

São portanto mais do que urgentes políticas públicas voltadas especificamente para a segurança das pessoas que andam pela cidade, as grandes vítimas do trânsito urbano

Entre as primeiras medidas que devem ser tomadas estão:

1) Redução da velocidade dos veículos automotores nas ruas – por meio de redução do limite das velocidades das vias, mas também através de ações de engenharia, como implantação de traffic calming, implantação de ciclovias, estreitamento das faixas em avenidas, plantio de árvores no centro da via, entre outros.

2) Uma verdadeira reeducação do trânsito, na qual todos os atores aprendam e obedeçam às regras mais fundamentais do CTB, como a mais óbvia, de respeitar o limite de velocidade da via, mas também a de que (Art. 44): “ao aproximar-se de qualquer tipo de cruzamento, o condutor do veículo deve demonstrar prudência especial, transitando em velocidade moderada, de forma que possa deter seu veículo com segurança para dar passagem a pedestre e a veículos que tenham o direito de preferência”.


* Agradeço as sugestões de Rafael Calábria e as colocações de Meli Malatesta.

O PAULISTANO NO TRÂNSITO


Paulistano demora quase 3 horas por dia no trânsito, e 88% dos pedestres se sentem inseguros, diz pesquisa

Estudo do Ibope Inteligência encomendado pela Rede Nossa São Paulo mostra também que 44% dos paulistanos têm ou já tiveram problemas de saúde relacionados à poluição.

O paulistano gasta, em média, 2 horas e 43 minutos por dia para fazer todos os deslocamentos que precisa na cidade de São Paulo neste ano. O tempo é menor que a média de 2017, de 2 horas e 53 minutos, mas maior que as 2 horas e 38 minutos diárias registradas em 2015.

Os dados são da Pesquisa de Mobilidade Urbana na Cidade, feita pelo Ibope Inteligência a pedido da Rede Nossa São Paulo, e divulgada nesta terça-feira (18).

O levantamento também apontou que o paulistano leva 1 hora e 57 minutos para se deslocar, ida e volta, pela cidade para realizar a atividade principal, como trabalho ou estudo. No ano passado, esse tempo médio foi de 2 horas, ainda longe da 1 hora e 44 minutos registrada em 2015.

A pesquisa foi realizada entre os dias 15 de agosto e 3 de setembro, com 800 moradores da cidade de São Paulo com 16 anos ou mais. A confiança da pesquisa é de 95%, e a margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

Poluição. A pesquisa também mostra que 44% dos paulistanos têm ou já tiveram problemas de saúde relacionados à poluição. Em 2017 esse número foi de 59%.

Meios de transporte

Ônibus municipal – Em 2018, 43% dos paulistanos afirmaram ter o ônibus como o meio de transporte que mais usam para se deslocar pela cidade de São Paulo. No ano passado, esse número foi de 47%. O levantamento também aponta que 49% usam ônibus municipais de uma a cinco vezes por semana.
Entre os entrevistados que não usam ônibus, a lotação do coletivo aparece foi citada por 37% dos entrevistados como motivadora para não escolher este meio de transporte. O uso do carro para se locomover aparece como motivação para 32%, mesmo percentual dos que justificaram a demora do trajeto.

Entre os usuários de ônibus municipais, 88% dos disseram que levam até dez minutos de casa até o ponto de ônibus; e 44% dos entrevistados afirmaram que esperam até 15 minutos pelo ônibus.

Sobre os casos de assédio sexual nos ônibus, 51% dos entrevistados avaliaram negativamente a atuação do poder público no combate aos casos.

Carro – Esta é a opção de transporte usada por 24% dos entrevistados neste ano. Em 2017, carro foi a opção de 22% dos paulistanos entrevistados; 47% dos entrevistados respoderam que usam carro com a mesma frequência de antes.

Metrô – É a terceira opção mais usada. Em 2018, 12% dos entrevistados preferiram esse tipo de transporte, ante 13% em 2017.

A pé – 7% dos entrevistados responderam que preferem se locomover a pé pela cidade neste ano. Em 2017 foram 8%. Segundo a pesquisa, 88% dos pedestres paulistanos se sentem pouco ou nada seguros.
Transporte por aplicativo – 5% dos entrevistados disseram que esse é o meio de transporte que mais usa em 2018. No ano passado foram 2%.

Trem – Em 2018, essa é a opção para 3% dos paulistanos. Em 2017 foi de 4% dos entrevistados.
Bicicleta – Em 2018, apenas 2% dos paulistanos afirmam se locomover dessa maneira. Em 2017 foi a opção de 1% dos entrevistados. Segundo levantamento, apesar da queda da menção da bicicleta como opção de transporte, a segurança dos ciclistas aparece como ponto prioritário para 30% dos paulistanos. Para 48% dos entrevistados a manutenção das ciclovias é ruim ou péssima.

Táxi ou táxi por aplicativo – Em 2017, nenhum entrevistado afirmou usar esse tipo de modal. Em 2018 apenas 1% respondeu que usa esse tipo de transporte.

Motocicleta – Esta não é opção de transporte para os entrevistados. No ano passado foi pra 1% dos entrevistados.
Fonte: G1
 

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SÃO PAULO DE TEMPOS REMOTOS E HOJE PERIFÉRICOS


Igreja Santa Cruz - década de 1930, na  Vila Santa Cruz,


Guaianases, distrito situado na Zona Leste do município de São Paulo e pertencente à Subprefeitura de Guaianases Igreja fundada em 1879 que se encontra hoje no distrito de Guaianases - esta é a segunda igreja de Santa Cruz que ainda permanece. A primeira, fundada em 1861 nas dependências da hoje Paróquia de Santa Quitéria, foi derrubada. A formação do distrito de Guaianases é a mesma de Itaquera: ambos nasceram de aldeamentos indígenas e do esforço dos jesuítas, com destaque para o padre Manuel da Nóbrega e José de Anchieta, que fundaram o colégio Jesuíta para a catequese dos guaianás. O aldeamento prosseguiu, mas "por volta de 1820 os índios já estavam extintos e a terra encontrava-se em mãos de particulares". Nessa época, o distrito era parada e pousada de viajantes, um ponto de passagem na Estrada do Imperador, que, depois, seguia para as minas de ouro. Existem registros de que a chácara do major Aníbal serviu de estadia para o próprio dom Pedro por mais de uma vez. Como de costume, ergueu-se uma igreja. Dessa vez, em homenagem a Santa Cruz do Lajeado Velho. Onde hoje está instalada a paróquia de Santa Quitéria, foi fundado, a 3 de maio de 1861, o bairro e uma capela chamada Santa Cruz. O bairro era chamado de Lajeado Velho. O local cresceu lentamente com a instalação de diversas olarias nas imediações e com a chegada dos trilhos da Estrada de Ferro do Norte mais tarde foi conhecida como Estrada de Ferro Central do Brasil. Em 1879, foi fundada a nova Capela de Santa Cruz e a antiga teve seu nome alterado para Santa Quitéria, porém viria a ser derrubada em meados do século XX para a construção de um novo templo. A partir dos anos 1920, o bairro se tornou mais populoso, as olarias e a Estrada de Ferro Norte deram um impulso na economia local. Pela estrada de ferro também vieram os imigrantes italianos e posteriormente os espanhóis a partir de 1912, para dedicar-se à extração de pedras através das Pedreiras Lajeado e São Mateus. Mais tarde, começou o domínio da família Matheus que construiu um grande império no bairro. Em 7 de setembro de 1950, Isidoro Mateus fundou o E.C. Santa Cruz de Guaianases, nome que homenageava a Igreja de Santa Cruz. Até hoje, o time é considerado histórico dentro do futebol amador do estado de São Paulo e tinha a maior torcida da várzea paulistana. Além disso ficou conhecido como "Galo da Central". Em 1957, o distrito recebeu oficialmente o nome de Guaianases, que era a tribo que o habitava.[Textos e imagens da Wikipedia]


Foto aérea do Distrito em 2023


Itaquera é um distrito dentro da Subprefeitura de Itaquera, na Zona Leste de São Paulo. Por volta de 1620, apareceram as primeiras referências à "Roça Itaquera", localizada nas proximidades do Aldeamento de São Miguel.[3] No final do século XVII, a região passou a ser citada como povoamento de São Miguel, no fim do século XVIII, como território da freguesia da Penha e por último como bairro do distrito de São Miguel Paulista. Em 1920, passou a ser um distrito autônomo. O desenvolvimento do distrito se deu, em grande parte, sob a forma clássica de loteamentos e vilas. Em 1837 existiam apenas três grandes extensões de terras: Fazenda Caguaçu, também conhecida como Fazenda do Carmo, que pertencia a uma ordem religiosa chamada Província Carmelitana Fluminense (daí a origem dos nomes - Carmosina, Fazenda do Carmo, Parque do Carmo e Jardim Nossa Senhora do Carmo e da própria igreja matriz no centro do bairro), Sítio Caguaçu, que pertencia ao doutor Rodrigo Pereira Barreto, onde foi feito o primeiro "loteamento" ocorrido na região, com lotes de 10.000 metros quadrados cada um, vendidos como áreas de veraneio e chácaras (área compreendida entre o Hospital Planalto e o Rio Jacu).Sítio da Casa Pintada - cuja casa sede foi retratada por Debret, teve um cunho mais popular. Os compradores fizeram casas no local e ergueram uma capela em louvor a Santa Ana, surgindo assim a Vila Santana.A Fazenda Caguaçu teve uma parte vendida para o engenheiro Oscar Americano, parte esta que compreendia a área do Jardim e do Parque do Carmo. Na área remanescente a Companhia Pastorial e Agricola. Este fez um loteamento de cunho popular e urbano plenamente planejado (um dos primeiros da Zona Leste de São Paulo) no que hoje conhecemos como Vila Carmosina e fez loteamentos de cunho rural, na área hoje conhecida como Colônia Japonesa. Em 1875, um acontecimento moldou o desenvolvimento econômico da região: a inauguração da Estação de Trem de Itaquera pelo ramal da Estrada de Ferro Central do Brasil. O impacto da chegada da estrada de ferro foi enorme, propiciando o transporte de seus moradores a outras regiões e das mercadorias produzidas em Itaquera ao centro de São Paulo. Ao redor da estação se consolidou um pujante centro comercial. A partir da década de 1920, imigrantes japoneses passaram a residir nas glebas rurais existentes na região. A principal atividade econômica dessas famílias era a produção de pêssegos em uma extensa área circundante à Mata do Carmo. No transcorrer do século XX, processos econômicos foram aos poucos substituindo as áreas de roçado por vilas e loteamentos. Grandes levas populacionais, sobretudo do Nordeste assentaram-se na região, atraídas pelos terrenos baratos e pela estação de trem, que permitia o deslocamento rápido até o centro do município.[Textos e imagens da Wikipedia]

Itaquera no início do século XX. Área rural. 


Bairro de Itaquera. Até o início da década de 1980, Itaquera era um distrito com pouca infraestrutura urbana, e sua população era composta de operários e trabalhadores assalariados no comércio e no ramo de serviços. Foi nessa época que surgiram as primeiras favelas da região. A partir de 1980, no entanto, a construção dos conjuntos habitacionais (conhecidos como Cohabs) potencializou a explosão demográfica de Itaquera. O primeiro deles, o Cohab José Bonifácio, foi inaugurado em 1980 pelo então presidente João Batista Figueiredo e se localiza em um enorme terreno ao lado das plantações de pêssegos. Após a inauguração do primeiro conjunto habitacional, vários outros foram construídos, sendo rapidamente povoados. A população pressionou o poder público por serviços essenciais de saúde e educação, sendo em parte atendida, uma vez que até hoje a prestação de serviços públicos é deficitária. Nesse momento, o distrito contava com 1.247.239 habitantes e por meio do processo migratório, sem precedentes, por conta do programa de habitação popular da COHAB atingiu 2.380.783 de habitantes em 2010.


A Estrada do M'Boi Mirim é uma via estrutural localizada na zona sul do município de São Paulo, no estado de São Paulo, Brasil. As origens do bairro remontam ao início do século XVIII, quando foi criado o aldeamento jesuíta de Mboy, a 36 km do centro de São Paulo de Piratininga. Após a criação da Vila de Santo Amaro, em 1852, Mboy foi incluída em seu território.  A estrada, caracterizada como uma grande avenida, liga o início do distrito do Jardim São Luis até o final do distrito de Jardim Ângela, numa extensão de mais de 16 quilômetros. A estrada tem o nome de M'Boi Mirim, por cruzar o rio Embu-mirim (antigo M'Boi Mirim, que também deu nome á região), próximo a divisa com Itapecerica da Serra. No decorrer da estrada predominam o variável e extenso comércio popular, pequenos empreendedores individuais, o Hospital Dr. Moysés Deutsch (popularmente conhecido como Hospital M'Boi Mirim), os terminais de ônibus Terminal Jardim Ângela e Terminal Guarapiranga além de um grande número de residências. Nos bairros que existem ao seu redor, moram cerca de 2 milhões de pessoas. Outro ponto importante está relacionado ao transporte público na região, que é notadamente insuficiente para suprir toda a demanda ali existente, resultando na superlotação dos ônibus, além de grandes congestionamentos em diversos horários durante o dia. O topônimo "M'Boi Mirim" é de origem tupi: significa "cobra pequena", através da junção de mboîa (cobra) e mirim (pequena). Apesar de corrente, a prosódia /eme boi mirim/ é totalmente equivocada. O "M" sem vogal inicial faz parte do nome "Mboi" (cobra), presente, em sua forma simplificada para o português, em palavras de origem tupi tais como "boitatá", "jibóia" ("i-mboi", cobra d'água), "boiçucanga", "boiçununga", "boipeba". Deve-se preferir a prosódia em que a vogal é omitida mas o fonema /m/ soa: /mboi mirim/.[Textos e imagens da Wikipedia]


Estrada do Mboy Mirim cruzando o bairro do Butantã em 1942. Uma aldeia indígena foi fundada por jesuítas no início do século XVII na região onde hoje fica o município de Embu. Segundo historiadores, o agrupamento recebeu o nome do rio que cortava a região: M'Boy Mirim. Em tupi, a expressão significa "cobra pequena", um tipo de serpente muito abundante por lá naquela época. Com 9,6 quilômetros, a extensa Estrada do M'Boi Mirim é uma das mais movimentadas vias da extrema Zona Sul da capital, que dá acesso aos bairros de Jardim Ângela, Capão Redondo e Jardim São Luís.



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 ARENAS  DA VELOCIDADE



Primeiro Grande Prêmio de São Paulo pelas ruas do Jardim América em 1936. #SPFotos




Autódromo de Interlagos, na zona Sul. Pela proximidade com o bairro de Interlagos é popularmente chamado de Autódromo de Interlagos. Foi inaugurado em 12 de maio de 1940, pelo interventor Ademar de Barros. O nome tradicional do bairro (e consequentemente do circuito) vem do fato da localização em uma região entre dois lagos artificiais, Guarapiranga e Billings, que foram construídos no começo do século XX para suprir a cidade com água e energia elétrica. O nome foi sugerido pelo arquiteto e urbanista francês Alfred Agache devido a região de Interlaken (literalmente "entre lagos") localizada na Suíça. Em 1985 foi renomeado para homenagear o piloto de Fórmula 1 José Carlos Pace, falecido em 1977. Anexo a sua construção, há um Kartódromo, o Kartódromo Municipal Ayrton Senna.

História. No fim da década de 1920, o engenheiro britânico Luiz Romero Sanson idealizou uma região de lazer entre as represas Billings e Guarapiranga, sendo que sua filha escolheu o nome Interlagos para o local. A ideia era atender a população mais rica da cidade, que se interessava pelo automobilismo. A construção do circuito também foi incentivada por um acidente acontecido em 1936, quando foi realizada a primeira prova internacional de São Paulo nas ruas da cidade. A francesa Hellé-Nice sofreu um acidente que causou 6 mortes e deixou mais de 30 pessoas feridas. A iniciativa da construção foi de Sanson e do Automóvel Clube do Brasil. O traçado foi inspirado nas pistas de Indianapolis, nos Estados Unidos, Brooklands, na Inglaterra e Monthony, na França. Em abril de 1939, com o autódromo ainda em obras, um grupo de pilotos liderado por Manoel de Teffé deu as primeiras voltas na pista. Um ano após houve a grande inauguração no dia 12 de maio de 1940, quando o autódromo abriu suas portas. Tinha, à época, uma extensão total de 7 960 m. Neste dia o autódromo recebeu 15 mil pessoas para duas corridas: uma de motos, com 96 km (12 voltas) e o Grande Prêmio São Paulo, com 200 km (25 voltas). O vencedor foi o piloto Artur Nascimento Júnior, que percorreu 25 voltas da prova no tempo de 1 hora, 46 minutos e 44 segundos. A estrutura ainda não estava pronto, e ainda não haviam arquibancadas, boxes, lanchonetes, banheiros, torre de cronometragem e de transmissão. Fechado para reformas em 1967, só foi reaberto em 1 de março de 1970, para a realização de uma prova do campeonato internacional de Fórmula Ford. Em 1971, o autódromo passou novamente por reformas para abrigar no ano seguinte, pela primeira vez, um Grande Prêmio de Fórmula 1. Em 1972 houve o primeiro Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 sem contar pontos para o campeonato, sendo vencido pelo argentino Carlos Reutemann, piloto da equipe Brabham. Em 1973 a prova já era válida pelo campeonato mundial de equipes e pilotos, sendo vencida pelo brasileiro Emerson Fittipaldi, da Lotus. Em 1975, o autódromo foi palco da primeira dobradinha de brasileiros na Fórmula 1: José Carlos Pace foi o vencedor, seguido de Fittipaldi.[2] Até 1980 o autódromo recebeu o Grande Prêmio sucessivamente, com exceção de 1978 que foi no Autódromo de Jacarepaguá devido à reformas no circuito. Devido às condições precárias e poucas manutenções, Interlagos ficou impossibilitada de realizar corridas de Fórmula 1, sendo assim, em 1981, o Grande Prêmio do Brasil de Fórmula 1 passou a ser realizado no Rio de Janeiro em Jacarepaguá até 1989.[3] Em 29 de junho de 1988, o Autódromo de Interlagos recebeu o 1° Hanabi Matsuri, em comemoração aos 80 anos da Imigração japonesa no Brasil [Textos e imagens da Wikipedia]

 O Grande Prêmio do Brasil foi realizado pela primeira vez em Interlagos, em 1972, embora ainda não fizesse parte da Fórmula 1. No ano seguinte, no entanto, a corrida foi incluída pela primeira vez ao calendário oficial. Em 1978, o Grande Prêmio do Brasil foi transferido para o Autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, enquanto o Autódromo de Interlagos era modernizado e remodelado.  


JOCKEY CLUB DE SÃO PAULO


Jockey Club de São Paulo na avenida Lineu de Paula Machado 1263, entre o Butantã e o Morumbi.



O Jockey Club de São Paulo é a entidade que administra e detém a propriedade do Hipódromo de Cidade Jardim. Foi fundado em 14 de março de 1875, sob o nome de "Club de Corridas Paulistano". Sua primeira praça de corridas foi o Hipódromo da Mooca, na rua Bresser. Inicialmente havia uma determinação para que o novo hipódromo fosse situado no Ibirapuera. No entanto, mais tarde, em 25 de janeiro de 1941, foi inaugurado o atual hipódromo da Cidade Jardim, que buscou corresponder as modernidades atuando como palco de diversos eventos como feiras, desfiles de moda, algumas festas, entre outros, instalado no bairro de mesmo nome, no distrito do Morumbi, em São Paulo. O terreno em que se encontra o atual Jockey Club de São Paulo foi uma doação da Companhia Cidade Jardim, que entendia a necessidade de um espaço maior que atendesse às demandas do público e concebido pelo então Prefeito de São Paulo e Presidente do Jockey Club, Fábio Prado. O hipódromo foi então construído nos 600.000 metros às margens do Rio Pinheiros, ainda não retificado na época, entre os anos de 1937 e 1941. O projeto foi feito por Elisário Bahiana, arquiteto brasileiro e posteriormente remodelado pelo arquiteto francês Henri Sajous. Apesar da localização do novo hipódromo, a sede social do clube ainda permaneceu nas proximidades de seu local de origem, à rua do Rosário. Dali, mudou-se para a rua São Bento em 1917, depois para a rua 15 de Novembro, Praça Antônio Prado e, finalmente, nos anos 60, para a localização atual, situada à rua Boa Vista, no centro da cidade. O Jockey Club também possui o Centro de Treinamento de Campinas, na cidade homônima, situada no interior do estado de São Paulo, no local onde funcionou o Hipódromo Boa Vista.

Antônio da Silva Prado, ou Conselheiro Antônio Prado, advogado, agricultor, político . Filho de Martinho da Silva Prado e de Veridiana Valéria da Silva Prado, membros da aristocracia cafeeira paulista; tinha o apelido de Antonico. Dona Veridiana era filha de Antônio da Silva Prado, o Barão de Iguape. O pai de Antônio da Silva Prado era tio de sua mãe. Formado na Faculdade de Direito de São Paulo em 1861; cursou especialização em direito em Paris. Foi chefe de polícia em São Paulo. Deputado provincial de São Paulo (1862-1864) e deputado federal (geral), Em 1878, foi inspetor especial de terras e colonização da Província de São Paulo.

A entidade constituiu-se por efeito da paixão que um republicano tinha por cavalos. Apesar da sede atual do Jockey Club de São Paulo só ter sido inaugurada em 1941, a história desta associação já marca mais de 100 anos. Em março de 1875, foi inaugurado o então Club de Corridas Paulistano tendo como um dos mais importantes fundadores Antonio da Silva Prado, que tinha na época 23 anos. A Diretoria ainda era composta pelo presidente Rafael Aguiar Pais de Barros, formado em direito e reconhecido como o patriarca do turfe. Após viagem para a Inglaterra, onde conheceu o esporte, o fundador do clube buscou os meios para criar o Club de Corridas na cidade de São Paulo que tinha, na época, 25.000 habitantes. O espaço foi arrendado por 20 contos de réis em um terreno na várzea da Mooca.

ELITE EMPRESARIAL

O Jockey Club de São Paulo foi uma entidade formadora da elite empresarial paulistana. No início, uma seleção de 73 sócios dispunha de um capital de 9 contos e 90 mil réis. Rafael Aguiar Pais de Barros, junto com seus sócios, redigiu o regulamento de corridas e traçou as raias nas colinas da Mooca. Assim pôde ser inaugurada a primeira corrida no domingo de 29 de outubro de 1876. No evento, dois cavalos compareceram para disputar um prêmio de mil contos de réis do Governo da Província. Seus nomes eram Macaco e Republicano, o primeiro ainda desconhecido, de menor tamanho, enquanto o segundo apresentava mais vitórias. Entretanto, foi Macaco o primeiro cavalo a vencer uma corrida no Club correndo 1.609 metros em 2 minutos e 3 segundos, 2 segundos mais rápido que o adversário e contrariando as expectativas de quem assistia. Há ainda registros da primeira mulher a praticar o turfe em São Paulo, Domitila de Aguiar e Castro, que venceu com 2 minutos e 9 segundos no terceiro páreo da corrida de 10 de julho de 1877. Posteriormente, mais corridas foram sediadas, tendo uma média de três a cinco eventos anualmente até 1886. É em 1881 que o clube passará a ser chamado oficialmente por Jockey Club, que até então era considerado o nome informal. Em 1888, uma crise decorrente da abolição da escravatura atinge o Jockey e no ano seguinte morre o presidente Rafael Aguiar, dando início a uma nova fase a partir de 1890. A reabertura do Jockey sob a presidência de José de Souza Queirós foi reanimadora, mas sofreu altos e baixos por alguns anos. Em 1893 registrou até 41 corridas, mas ainda era seguida por outras dificuldades. Em 28 de abril de 1912, a pista do hipódromo da Mooca foi utilizada como pista de voo, com o Comandante Edu Chaves pilotando um aeroplano em direção ao Rio de Janeiro[1]. Foi a primeira conexão feita entre as duas cidades por via aérea. Em 1920, há a melhora e ampliação do espaço, com o objetivo de abrigar mais 2.800 espectadores. Durante a Revolução Paulista de 1924, Revolução de 1930 e Revolução de 1932, as corridas precisaram ser suspensas, o que consequentemente resultou em momentos ruins para o Jockey. 

Rafael Tobias de Aguiar Pais de Barros, segundo Barão de Piracicaba, (1830-1898),  fazendeiro, filho de Antônio Pais de Barros, primeiro Barão de Piracicaba, e de Gertrudes Eufrosina de Aguiar. Casou-se em primeiras núpcias com sua prima Leonarda de Aguiar de Barros, filha de Bento Pais de Barros, Barão de Itu, e em segundas com Maria Joaquina de Melo e Oliveira, filha de José Estanislau de Oliveira, Visconde de Rio Claro.Dentre seus filhos, destaca-se Sofia Pais de Barros, que se casou com Washington Luís Pereira de Sousa, futuro Presidente do Brasil.


Entrada principal do hipódromo na avenida Lineu Prestes, no Morumbi. 

Último páreo do Grande Prêmio São Paulo de Turfe 2017.


O COMPLEXO ANHEMBI


Complexo do Anhembi: Centro de Exposições, Palácio de Convenções e Hotel Foto:P.M. de São Paulo


Na década de 1950 as feiras industriais estavam em alta nos EUA, e o país foi introduzido a esse universo de empreendedores, e a partir disso surgiu a possibilidade de introdução das feiras. E tudo teve início no ano de 1966, quando Caio de Alcântara Machado constatou que o Pavilhão da Bienal já estava pequeno para os eventos que ali ocorriam, e passou a idealizar um novo espaço. Ele tinha a intenção de construir um Grande Polo de Exposição em São Paulo. Com isso começou a procura de um espaço grande onde pudesse realizar o seu plano. Até que encontrou um terreno ás margens do Rio Tietê, de 510.000 metros quadrados que pertencia a Prefeitura. Em 12 de dezembro de 1967, foi concedido pelo governo o uso deste terreno às margens do Rio Tietê para a construção do projeto de Caio Alcântara. As obras deram início em 5 de julho de 1968 com apoio financeiro de aproximadamente duas mil empresas que compraram cotas e ações na Bolsa de Valores de São Paulo. E devido ao apoio, em 1970 o Anhembi Parque foi inaugurado sob o nome de "Centro Interamericano de Feiras e Salões S.A.", ou CIFS, o complexo tinha um caráter mais voltado aos negócios, diferente dos outros centros de convenção em São Paulo, o que possibilitou também a internacionalização da indústria nacional. Em novembro de 1970, o Pavilhão de Exposições do Anhembi foi inaugurado com a realização do “VII Salão Automóvel”, se consagrando como evento inaugural. Em 1972 o "Centro Interamericano de Feiras e Salões S.A." passou a se chamar Anhembi Parque. No entanto, com uma divida de de US$ 15 milhões para um banco nova-iorquino, Alcântara Machado, em 1975, se obrigou a propor uma parceria para a Prefeitura de São Paulo, que ficou com 77% das ações da empresa, e se tornou sócia majoritária e total responsável pela administração do Anhembi Parque. A criação do Anhembi Parque foi um marco importante para São Paulo, possibilitando um fluxo diferente de negócios para a região norte da cidade, além de ser um importante marco para o turismo na cidade. Atualmente complexo do Anhembi é dividido em três grandes áreas: Pavilhão de Exposições, Centro de Convenções e Sambódromo. [Textos e imagens da Wikipedia]


O ex-presidente Juscelino Kubitshek observa uma demonstração musical durante uma feira no Anhembi nos anos 70.




"Registradas no início de 1970 pelo fotógrafo Edison Pacheco de Aquino, vemos cenas da construção [entre 1968~1970] do ‘Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi’. O projeto de arquitetura foi de Jorge Wilhelm; o estrutural, do engenheiro Cedric Marsh e a construção esteve a cargo da Alcântara Machado S/A Comércio e Empreendimentos". São Paulo, suas histórias e algo mais. Hilton Takahashi  




PARQUES DO ESTADO (ÁGUA FUNDA) 

E FONTES DO IPIRANGA




O Parque Estadual das Fontes do Ipiranga ou PEFI, também conhecido como Parque do Estado ou Parque da Água Funda, é um parque público estadual localizado no município de São Paulo. O parque hospeda diversas instituições, entre elas o Jardim Botânico de São Paulo, o Parque Zoológico de São Paulo, o Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade de São Paulo e o Observatório de São Paulo. É uma das pouquíssimas áreas do município em que ainda se encontra vegetação de Mata Atlântica. Estende-se por 526 hectares. A atual denominação do parque data do final da década de 1960. Nos idos de 1893 a região era privada, pertencia a diversos proprietários e era 22% maior do que é hoje, mas por estar situada na Bacia do Ribeirão Ipiranga foi desapropriada pelo governo da época e a partir de então utilizada como fonte de recursos hídricos até a década de 1930, quando deixou de ser explorada para essa finalidade em decorrência da reformulação dos sistemas de abastecimento de água do município.
 A região possui importância histórica considerável, pois que abriga as nascentes do riacho Ipiranga, às margens do qual a Independência do Brasil foi declarada. Preservação. Um grupo de trabalho foi criado em 1993 para elaborar um diagnóstico do estado de preservação daquela área. A partir dessas informações, políticas de preservação ambiental seriam implantadas. O Conselho de Defesa foi criado pelo decreto nº 43 342, de 22 de julho de 1998, para elaborar políticas para a preservação. Alguns locais são abertos à visitação pública:Jardim Botânico (aberto ao público);Instituto de Botânica de São Paulo (aberto ao público);Instituto Geológico (aberto ao público);Fundação Zoológico (aberto ao público);Parque de Ciência e Tecnologia da USP (aberto ao público);Observatório de São Paulo (aberto ao público);Secretaria do Estado de Agricultura e Abastecimento; Centro de esportes, cultura e lazer (aberto ao público);Centro de logística de exportação; Centro de exposições Imigrantes; CAISM "Dr. David Capistrano da Costa Filho" da Água Funda.

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AS REPRESAS



Represa Bililings, na zonal Sul, Por volta de 1910, o engenheiro Walter Charnley escolheu na Serra do Mar as escarpas de 640 m do Itapanhaú, que deságua em Bertioga, como local de um grande projeto de geração de energia. Em 1923, o engenheiro americano Asa White Kenney Billings preferiu que fosse represado o Rio Grande ou Jurubatuba e desviasse as águas através de um canal chamado Summit Control para o Córrego das Pedras, com curso serra abaixo. A represa foi idealizada em 27 de março de 1925 pelo engenheiro Billings, empregado da extinta concessionária de energia elétrica Light, daí o nome. Inicialmente, a represa tinha o objetivo de armazenar água para gerar energia elétrica para a usina hidrelétrica Henry Borden, em Cubatão. Em 1925, a Light iniciou a construção do dique do Rio das Pedras. A represa foi inundada em 1927 e a Light iniciou a construção do dique do Rio Grande, em 1937. Na década de 1940 foram construídas estações elevatórias de Pedreira e Traição para aumentar a vazão de água, trazendo problemas ambientais.[Textos e imagens da Wikipedia] Foto: Folha de São Paulo. 


Represa Guarapiranga. Inicialmente conhecida por Represa de Santo Amaro, Guarapiranga teve sua construção iniciada em 1906 pela São Paulo Tramway, Light and Power Company, na época responsável pelo fornecimento de energia elétrica na cidade, sendo concluída em 1908. Em 1928, com o crescimento da região metropolitana de São Paulo, Guarapiranga passou a servir como reservatório para o abastecimento de água potável. Nesse mesmo ano, a represa foi o local de chegada dos aviadores italianos que fizeram uma das primeiras travessias aéreas do Atlântico Sulː Francesco de Pinedo, Carlo del Prete e Vitale Zacchetti. Em 1912 o São Paulo Yacht Club foi fundada próximo a barragem, este sendo o primeiro clube de Iatismo na represa. A partir dos anos 1920 e 1930, um crescente interesse pela ocupação das margens da represa fez surgir loteamentos pioneiros que procuravam oferecer, ao cidadão paulistano, uma opção de lazer náutico. Sendo provenientes daí, o surgimento de bairros com nomes como Interlagos, Veleiros, Riviera Paulista e Rio Bonito. Foi o local de disputa do torneio de vela dos Jogos Pan-Americanos de 1963. Entre as décadas de 1980 e 1990, a ausência de políticas claras de uso e ocupação do solo por parte do Governo do Estado com parceria da Prefeitura de São Paulo e dos municípios vizinhos contribuiu para a criação de loteamentos populares clandestinos ao redor da represa, que cresceram desordenadamente e que jogam, na represa, esgoto não tratado.[Textos e imagens da Wikipedia]

Guarapiranga em 1967. 



Guarapiranga em 1952. 

Ciclistas na represa Guarapiranga em 1958. Instituto Moreira Salles. 


Finais de semana em Guarapiranga com competições náuticas nos anos 1960. Fotos:  Fábio De Cillo Pagotto.




Textos, Imagens e Referências Bibliográficas: Wikipedia. 
 
PORTA, Paula (org); História da cidade de São Paulo - 3 volumes; São Paulo: Editora Paz e Terra, 2004 ISBN 85-219-0756-7
TOLEDO, Benedito Lima de; São Paulo: três cidades em um século; São Paulo: Editora Cosac e Naify, 2004; ISBN 85-7503-356-5
TOLEDO, Roberto Pompeu de; A capital da solidão; São Paulo: Editora Objetiva, 2004; ISBN 85-7302-568-9
TAUNAY, Afonso d'Escragnolle. História da Cidade de São Paulo



ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL-AHMSP



Visão panorâmica do Edifício Ramos de Azevedo, novembro de 2018


O Arquivo Histórico Municipal de São Paulo é responsável pela guarda, preservação, divulgação e estudo dos documentos considerados de valor histórico produzidos ou adquiridos pela administração pública da cidade de São Paulo. A data mais aceita para a sua fundação é 17 de outubro de 1907. Durante 41 anos, de 1969 a 2010, era oficialmente denominado Arquivo Histórico Municipal Washington Luís. Esteve subordinado ao Departamento do Patrimônio Histórico até 2012, quando se torna um departamento subordinado diretamente ao Gabinete da Secretaria Municipal de Cultura e atende a administração da capital paulista, pesquisadores e interessados em geral. A instituição conserva um acervo de aproximadamente 4,5 milhões de documentos textuais (ou mil metros lineares), abrangendo o período que vai do século XVI às primeiras décadas após a Proclamação da República, além de imagens e registros sonoros. Também existem exposições permanentes e temporárias no local.

O AHM detém a custódia das Atas da Câmara de Santo André da Borda do Campo, dos períodos entre 1555 e 1558, considerados os documentos mais antigos da América Latina. Desde o ano 2000 tem como sede o Edifício Ramos de Azevedo, antigo prédio da Escola Politécnica de São Paulo, no bairro do Bom Retiro. Anteriormente, o Arquivo Histórico já havia ocupado outros quatro imóveis.

Histórico. A data de início do acervo é incerta. Pelo menos desde 1899 há registros de um “arquivo” da Prefeitura de São Paulo, ligado à Secretaria Geral, que prioritariamente armazenava documentos correntes relacionados a burocracia da cidade. Na lei número 1.051 de 1907 é criada uma Seção para ser a responsável pelos serviços de instrução pública, estatística e arquivo municipal. Desde então, os documentos em posse da Prefeitura passaram a ser sistematizados, organizados, e, posteriormente divulgados.

A regulamentação do arquivo só veio a ocorrer quatro anos mais tarde por meio do Ato nº 400. Como a criação do Departamento de Cultura do Município. Em 1935, foi constituída a Divisão de Documentação Histórica e Social, que desempenhava as funções que hoje são do Arquivo Histórico Municipal. No ato nº 861/1935 consta o que deveria ser feito pela subdivisão de Documentação Histórica: “recolher, restaurar e conservar documentos históricos ou antigos, pondo-os em condições de serem consultados e publicados”.

De acordo com o artigo 32 do Decreto-Lei n.° 430 do dia 8 de junho de 1947: "A Divisão do Arquivo Histórico é o órgão incumbido de recolher, restaurar e conservar os papéis e documentos históricos e antigos, pondo-os em condições de serem consultados e publicados; de coligir leis, atos e outras matérias que possam interessar à administração; de propor denominação para os logradouros públicos; de promover concursos históricos; de editar a Revista do Arquivo [...]".

Até 2010 o Arquivo Histórico Municipal levava o nome do prefeito, presidente de Província e presidente da República Washington Luís Pereira de Sousa (1869-1957). Foi na sua gestão a frente da prefeitura de São Paulo, de 1914 a 1919, que começaram a publicação das Atas da Câmara Municipal de São Paulo. Ao todo, foram editados 82 volumes dessas atas, abrangendo o período de 1562 a 1903, com exceção de alguns anos dos quais não foram encontrados os originais. Até o sétimo volume o título foi "Actas da Camara de Vila de São Paulo". Do oitavo em diante, o título foi o "Atas da Câmara da Cidade de São Paulo".Além das Atas também foram também editados pelo Arquivo Histórico 20 volumes de Cartas de Datas de Terra e 38 volumes do Registro Geral da Câmara.

Edifício Ramos de Azevedo. O prédio foi inaugurado em 17 de abril de 1920 e a construção esteve sob responsabilidade do escritório do famoso arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1851-1928), que dá nome ao edifício. Inicialmente foi construído para ser uma extensão da Escola Politécnica, hoje um braço da Universidade de São Paulo, destinada aos cursos de Eletrotécnica e Mecânica. Outras obras do Ramos de Azevedo na capital paulista: Theatro Municipal, Casa das Rosas, Museu Catavento, Pinacoteca de São Paulo, Mercado Municipal e Palácio da Justiça.

No ano de 1987 o prédio passa a ser propriedade da Prefeitura Municipal de São Paulo e, em 2000, após ser submetido à adequações, foi aberto ao público já abrigando o Arquivo Histórico Municipal. Além do AHM, também funcionam no prédio o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo e a Diretoria do Departamento de Preservação Histórica.

Arquitetonicamente, o edifício conta com dois vitrais feitos pela Casa Conrado, a mesma empresa que executou os vitrais do Mercado Municipal. Os lances de escadas que dão acesso ao segundo piso, foram confeccionados pelo Liceu de Artes e Ofícios da cidade.

Estrutura


Entrada do Edifício que abriga o Arquivo Histórico de São Paulo


O AHM é composto pelo Edifício Ramos de Azevedo e mais dois prédios anexos. Um, conhecido como “Torre da Memória” (antiga Casa do Politécnico) abriga a Biblioteca e uma espécie de reserva técnica; o outro é onde estão os arquivos que disponíveis para consulta. A biblioteca tem um acervo com aproximadamente 7.000 exemplares de livros, a hemeroteca conta com 2.700 exemplares de periódicos além de um arquivo de recortes de jornais e revistas com cerca de 900 pastas, sobre a história dos bairros, dos edifícios e da cidade. Quase a totalidade dos exemplares estão voltados à  História de São Paulo e para a questão da administração da cidade. Também há na biblioteca uma coleção de obras raras. As informações sobre o acervo bibliográfico da instituição integra o Sistema Municipal de Bibliotecas, que pode ser consultado na internet. O Arquivo Municipal de São Paulo tem um cadastro com cerca de 65 mil históricos das ruas da cidade.

Subdivisões


Anfiteatro restaurado da antiga Escola Politécnica

O Arquivo Municipal é organizado em subdivisões, que anteriormente chama-se de secções. A Subdivisão de Documentação Histórica compreende os documentos que tem atendem a requisitos específicos de relevância e tempo de publicação. Já a Subdivisão de Documentação Social e Estatísticas Municipais lida mais diretamente com um arquivos relacionados à administração pública. Antes de serem disponibilizados para consulta, os documentos são higienizados e catalogados. Para o Ato de 1936 (art. 217, parágrafo único), “papel e documento histórico ou antigo é todo aquele existente no Arquivo Municipal há mais de 30 anos”. Entre as subdivisões também existe um arquivo especializado no nomes das ruas e praças da cidade.

Outras sedes

No subsolo do Edifício existem salas para a restauração e preservação de documentos
Antes de ocupar o Edifício Ramos de Azevedo, o Arquivo Histórico Municipal já esteve sediado em vários imóveis na cidade. Nos anos 1950 era localizado juntamente com vários órgãos do Departamento de Cultura, na Rua da Cantareira, no centro.A instituição ainda esteve abrigada na Rua Brigadeiro Tobias e na Rua da Consolação, na antiga sede da Chácara Lane. Em seguida, após um processo de restauração, foi transferida para a Casa nº 1, próximo ao Pátio do Colégio (marco zero da capital paulista).

Desde 2000 está no Edifício Ramos de Azevedo, na Praça Coronel Fernando Prestes no bairro do Bom Retiro. Além do AHM, estão localizados nesta praça o Edifício Paula Souza, hoje pertencente à FATEC, o Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, a Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, e a Escola Estadual Prudente de Moraes]

Revista. A revista do Arquivo Municipal foi criada em junho de 1934. Na época o Prefeito da Cidade era Antônio Carlos de Assumpção. Um dos objetivos do impresso é a publicação, na íntegra, dos documentos históricos que constam no acervo.Um ano após o lançamento foi incorporada ao recém-criado Departamento de Cultura e Recreação e passou a circular mensalmente. A linha editorial foi diversificada e foram publicados artigos de autores estrangeiros e pesquisas sobre história, etnologia, sociologia, antropologia e questões voltadas à preservação da memória nacional. A publicação foi ganhando destaque e se tornou um importante veículo de comunicação para a intelectualidade paulistana, paulista e brasileira. Nos anos de 1930, a Revista chegou a ser distribuída em outros países, tendo uma tiragem recorde de 2000 exemplares. Além da transcrição de documentos existentes no Arquivo, também foram publicados estudos de autores como Afonso de Taunay, Caio Prado Jr., Mário de Andrade, Paulo Duarte, Claude LéviStrauss, Florestan Fernandes e Antônio de Alcântara Machado.
A revista não teve por grande parte do tempo uma periodicidade regular, ela chegou a ficar dez anos sem circular e foi retomada no ano de 2002. Entre os volumes mais destacados estão os que homenagearam os 70 anos da própria publicação e os 450 anos da cidade de São Paulo.

No subsolo do Edifício existem salas para a restauração e preservação de documentos



Coleção de Fotografias. O Arquivo Histórico de São Paulo ainda conta com uma coleção de fotografias que estão disponíveis para consulta a cerca de dez anos. O acervo iconográfico que apresenta grande valor histórico tem imagens produzidas sobretudo na primeira metade do século XX. As temáticas principais giram em torno das ações municipais desenvolvidas na estrutura urbana, sobretudo na área em que a expansão urbana ocorre de forma mais acelerada, entre as décadas de 1920 e 1950.

As fotografias têm três eixos temáticos predominantes:

a) documentação urbana: registros do cotidiano na cidade, como por exemplo pavimentação de logradouros, aberturas de vias e construção de edifícios públicos.

b) assessoria de imprensa: cobertura de ações oficias dos prefeitos, como por exemplo inaugurações e eventos políticos.

c) fundos particulares: são as mais recentes e registram a vida social pública e privada dos donos originais do acervo, por exemplo através de retratos de família e ambientes domésticos.

São cerca de 5 mil fotografias, entre álbuns, montagens, positivos e negativos simples. A maioria da coleção de fotografias está disponível na internet.

Dicionário de Ruas

O AHM desenvolveu uma ferramenta intitulada "Dicionário de Ruas" que permite o acesso a informações do nome dos logradouros públicos da capital paulista. Foram compilados os dados da documentação disponível na instituição para a criação do site.

ArquiAmigos. A Associação Amigos do Arquivo Histórico Municipal foi criada no dia 24 de setembro de 2008. A instituição visa contribuir para o aprimoramento cultural, técnico e administrativo do Arquivo Histórico Municipal e fomentar entre a população os valores do direito à Memória e da garantia de acesso universal à informação. A Associação produz um informativo sobre o Arquivo.

Acervo. Como exemplares do acervo, temos: mapas e boletins referentes aos recenseamentos da população; livros de receita e despesa da Câmara Municipal; os livros de contas correntes e caixa da municipalidade; livros de tombo; livros de cemitérios; e os livros de protocolo, entrada e saída de papéis, da Câmara Municipal e da Prefeitura de São Paulo.


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ESPECIAL 100 ANOS
A GUERRA CIVIL PAULISTA DE 1924



A Revolta de 1924 em São Paulo (também chamada de Revolta Paulista, Revolução ou Movimento de 1924, Segundo 5 de Julho e Rebelião de 1924 em São Paulo) foi um conflito brasileiro com características de guerra civil, deflagrado por militares tenentistas para derrubar o governo federal de Artur Bernardes. Iniciado na cidade de São Paulo em 5 de julho, o movimento expandiu-se ao interior e inspirou levantes em outros estados. O combate urbano concluiu numa vitória legalista em 28 de julho. A retirada dos rebeldes, até setembro, deu continuidade ao movimento com a Campanha do Paraná.

O maior parque industrial do país teve suas fábricas paralisadas pela luta, a mais intensa já travada dentro de uma cidade brasileira. Faltaram alimentos e, no vácuo de poder, começaram saques populares aos armazéns. Os legalistas desferiram um bombardeio indiscriminado de artilharia, com pesados danos para as residências, indústrias e os habitantes. Os civis foram a maioria dos mortos, e um terço dos habitantes tornaram-se refugiados. A elite econômica paulista, liderada por José Carlos de Macedo Soares, presidente da Associação Comercial, fez o possível para conservar suas propriedades e a ordem na cidade. Temendo uma revolução social, ela influenciou o distanciamento dos líderes da revolta a movimentos operários, como os anarquistas, que haviam oferecido seu apoio; Macedo Soares e outros também tentaram, sem sucesso, intermediar um cessar-fogo.

Sem perspectivas de sucesso em batalha, os rebeldes ainda tinham uma rota de fuga para o território ocupado de Campinas a Bauru, mas ela estava prestes a ser cortada por vitórias legalistas no eixo de Sorocaba. O exército revolucionário escapou do cerco iminente e transferiu-se às margens do rio Paraná. Após uma invasão frustrada ao sul de Mato Grosso (a Batalha de Três Lagoas), entrincheiraram-se no oeste do Paraná, onde se uniram a revoltosos do Rio Grande do Sul para formar a Coluna Miguel Costa-Prestes. O governo restabeleceu o estado de sítio e intensificou a repressão política, prenunciando o aparato usado mais tarde pelo Estado Novo e a ditadura militar; em São Paulo, criou-se uma Delegacia de Ordem Política e Social (Deops). Apesar da dimensão dos combates, da destruição causada e das consequências políticas, o movimento ganhou o apelido de “Revolução Esquecida” e não tem comemorações públicas equivalentes às realizadas para a Revolução Constitucionalista de 1932.


Rede de conspiração. Os conspiradores clandestinos viviam em empregos civis, sob identidades falsas Para alistar novos aliados, incluindo oficiais na ativa, eles recorriam a seus parentes e a contatos construídos na Escola Militar do Realengo e nos quartéis, prisões e vizinhanças. Era normal que os revoltosos fossem colegas na Escola Militar, e muitos outros se conheceram quando presos. As lideranças viajaram por quartéis da maior parte do Sul e Sudeste para angariar apoio. O comitê central revolucionário tinha um plano de aliciamento de oficiais, que no caso de São Paulo, começou a ser implementado em agosto de 1923. Os conspiradores presos no Rio de Janeiro tinham bastante liberdade e correspondiam-se com seus companheiros em São Paulo.



Soldados da Força Pública de São Paulo


Nas palavras de Juarez Távora, “todas as previsões laboriosamente discutidas e pesadas durante vários meses, se deveriam esboroar cruelmente, em algumas horas, sob a realidade de insignificantes imprevistos”. O 4.º Regimento de Infantaria (RI), de Quitaúna, deveria reforçar o movimento na capital, mas não foi sublevado pela ausência do contato interno, o tenente Custódio de Oliveira, cujas missões foram atrasadas pela demora na chegada de Isidoro à capital e por uma roda de canhão que passou sobre o seu pé. Os conspiradores esqueceram de cortar as comunicações telegráficas e telefônicas, e a Repartição do Telégrafo Nacional foi ocupada tardia e brevemente. O tenente Ari Cruz, responsável pela ocupação do prédio, fez a troca da guarda para uma companhia da Força Pública, sem perceber que esses “reforços” eram legalistas.


Atacantes ao Palácio dos Campos Elíseos posicionam uma metralhadora.


A 9 de julho o desabastecimento de alimentos já era sentido. As padarias não conseguiam farinha, e os leiteiros voltavam atrás quando encontravam trincheiras. Bares, restaurantes e cafés atendiam a portas fechadas, por medo de balas perdidas. A população tentava estocar o máximo de mantimentos, mas os armazéns só aceitavam pagamento em dinheiro, e o governo federal, temendo uma corrida aos bancos, decretou feriado até o dia 12.

Retirada do governo estadual


Barricada no Palácio do Governo, no Pátio do Colégio, abandonado pelos legalistas


Nos Campos Elíseos, os rebeldes conquistaram posições mais próximas ao Palácio em 7 de julho e no dia seguinte fizeram um novo bombardeio, dessa vez mais eficaz. Aconselhado pelo general Estanislau Pamplona a se retirar a um local mais seguro, Carlos de Campos dirigiu-se ao complexo de prédios governamentais do Pátio do Colégio, onde estavam concentrados policiais e marinheiros. Este local foi igualmente fustigado pela artilharia revoltosa, que não sabia da decisão do governador, mas percebia a concentração de oficiais de alta patente. Oswald de Andrade ironizou: “pela primeira vez na história militar, em vez da bala procurar o alvo, foi o alvo que procurou a bala”.

O governador novamente se retirou, desta vez para a estação ferroviária de Guaiaúna, na Penha, a última da Central do Brasil que ainda se comunicava com o Rio de Janeiro. Ali também estavam os reforços legalistas comandados pelo general Eduardo Sócrate O governador ficou alojado numa locomotiva especial pertencente à administração da estrada de ferro, servindo ao mesmo tempo de quartel-general ambulante e sede provisória do governo estadual.



Revoltosos no portão do 4.º BFP



Saques ao comércio. As condições de vida continuaram a deteriorar. Inumeráveis mortos e feridos dão entrada nos hospitais de sangue. Acumula-se o lixo pelas ruas. Reina a imundície. Apesar da tabela reduzida de preços, para os gêneros alimentícios, campeia a fome, qual uma praga imobilizadora. (...) Em vários pontos da cidade, ostentam-se cavalos mortos e abandonados. Um cheiro pestilente invade o espaço, num prenúncio de epidemia, e tortura os olfatos...



Saque ao depósito da Companhia Puglisi

Esfomeadas, as famílias operárias perceberam a falta de policiamento. Em 9 de julho, uma onda de saques populares aos estabelecimentos comerciais começou nos bairros mais afastados (Mooca, Brás e Hipódromo), depois alcançando o centro. A prefeitura registrou 61 estabelecimentos saqueados, 6 saqueados e incendiados e 6 roubados ao longo do mês. Quase todos os depósitos, empórios e armazéns foram atacados. As firmas mais atingidas foram a Sociedade Anônima Scarpa, Matarazzo & Cia, Ernesto de Castro, Nazaré e Teixeira, Motores Marelli, Maheifuz & Cia, Moinho Gamba, Moinho Santista, Reickmann & Cia e J.M. Melo.

Bois embarcados num trem da Central do Brasil foram soltos, abatidos e esquartejados na rua. Nas fábricas e moinhos dos Matarazzo, no Brás, oradores italianos discursaram durante o saque, chamando os proprietários de “usurários e exploradores do povo”. Sobre esse caso, José Carlos de Macedo Soares relata que a multidão “carregou até a última tábua das prateleiras, arrebentando os vidros, inutilizando as balanças, os armários, as vitrinas, os balcões, tudo era partido e carregado”.

Os saques tinham uma dimensão moral, expressando a indignação popular com a alta dos preços e o descontentamento prévio com os patrões. Algumas das indústrias que sofreram os maiores saques, como a Matarazzo e Gamba, haviam passado por greves em janeiro e fevereiro do mesmo ano. Saquear era igualmente uma forma de matar a fome, e, para alguns, de conseguir lucros fáceis. Testemunhas viram todo tipo de produto sendo carregado, como louças, meias de seda, máquinas de escrever e fios elétricos, e não só alimentos. Mesmo A Plebe, periódico com visão menos negativa dos saques, notou “muita gente que aproveitou a ocasião sem estar necessitada, como também houve muito desperdício e estrago de víveres”.

Muitas indústrias foram danificadas, como a Companhia Antarctica Paulista, os Biscoitos Duchen e os Moinhos Gamba. O mais chocante foi o símbolo do poder industrial paulista, o Cotonifício Crespi, que abrigou tropas rebeldes e famílias desabrigadas. Ele foi incendiado até cinco vezes e parcialmente destruído. No dia 22, as colunas de fumaça eram visíveis a quilômetros de distância. Incêndios consumiram vários pontos da cidade, atribuídos tanto ao bombardeio quanto aos saques. O incêndio do Fórum Criminal pode ter sido uma destruição de registros, sem relação com o bombardeio.



Parede do Cotonifício Crespi


Fugindo da violência, a população, especialmente das regiões mais bombardeadas, deslocou-se em massa a bairros mais distantes do centro, como Casa Verde, Lapa, Perdizes e Santo Amaro, e ao interior. A prefeitura registrou 42 315 pessoas abrigadas em hospitais, escolas, igrejas e outras instituições. Muitos outros desabrigados ficaram em barracões de lona.

257 981 refugiados foram contabilizados pela prefeitura, cerca de um terço dos 700 000 habitantes; existem cifras de até 300 000 refugiados. Comparando à população do município nos anos 2010, com 11 milhões de habitantes, seriam 4 milhões de refugiados. O principal destino era Campinas, com fluxos menores para Jundiaí, Itu, Rio Claro e até municípios mais distantes como Bauru. Os ricos preferiam suas fazendas ou Santos. Cidades como Campinas passaram a ter problemas de abastecimento.

O principal meio de transporte foi a ferrovia, usada por 212 385 refugiados, segundo a prefeitura. As conexões ferroviárias com o interior foram restabelecidas em 12 de julho, mas eram irregulares e arriscadas. Famílias amontoavam-se nas estações da Luz e Sorocabana, e os trens partiam com refugiados pendurados nas grades, do lado de fora dos vagões. Os refugiados saíam de toda forma possível: em automóveis, charretes, carroças ou a pé.

Relações com a sociedade. Elite econômica


Soldados rebeldes guardam uma sucursal do Banco do Brasil


A caridade pública garantiu a subsistência de parte da população. Antes mesmo da criação da Comissão de Abastecimento Público, a Cruz Vermelha, a Liga Nacionalista e outras instituições já prestavam serviços à população. A Comissão da prefeitura verificou os estoques de alimentos, combustível e lenha, tabelou os preços e organizou o transporte dos alimentos e da população para áreas mais seguras da cidade. A prefeitura identificou 182 postos de socorro, nos quais foram distribuídas 581 187 refeições. Um representante viajou a Santos, mas o almirante Penido, que comandava a cidade, vetou qualquer compra de alimentos.

Enquanto os incêndios ardiam, o Corpo de Bombeiros estava desmantelado, pois seus integrantes combateram no exército legalista e, após a retirada do governo estadual, haviam deixado a cidade ou ficado como prisioneiros. A pedido de Macedo Soares, o general Isidoro liberou esses prisioneiros, e a prefeitura conseguiu reorganizar o serviço em 25 de julho. O atendimento médico ocorria no Hospital Umberto Primo, Hospital Samaritano e Santa Casa de Misericórdia. O setor de limpeza pública enterrou ou incinerou os animais mortos, enquanto a Diretoria de Higiene da prefeitura organizou os sepultamentos. Os cadáveres coletados na cidade eram empilhados na garagem dos bondes da Vila Mariana, onde dezenas de pessoas inspecionavam cada corpo, à procura de seus familiares desaparecidos. O número de corpos excedia a capacidade de trabalho dos coveiros e a oferta de urnas mortuárias, a ponto de alguns serem enterrados enrolados em lençóis.


Interior de São Paulo
 
87 municípios paulistas tiveram registro de revolta, e outros 32, de manifestações de apoio. Dos municípios com revolta, em 21 ela começou pela iniciativa de civis. As elites políticas locais, pertencentes ao Partido Republicano Paulista, tendiam a apoiar o governo, a ponto de organizar batalhões patrióticos para combater a revolta. Mas os municípios eram muito dependentes do poder central, que deixou-os desamparados. A oportunidade foi ótima para dissidentes locais, muitos das quais associaram-se aos militares revoltosos. Os prefeitos e delegados de 35 municípios aderiram à revolta ou foram substituídos por “governadores” nomeados pelos militares.

Em 9 de julho os rebeldes já controlavam Itu, Jundiaí, Rio Claro e Campinas; os três primeiros municípios foram dominados pelas unidades locais do Exército quando aderiram à revolta. Por si só, Campinas já tinha grande valor como entroncamento ferroviário e base econômica. O vereador Álvaro Ribeiro, chefe da oposição municipal, foi nomeado governador da cidade e recebeu autoridade para intervir em outras.



Júlio Prestes (no meio, de terno), um dos legalistas do interior, entre a oficialidade dos batalhões patrióticos





O general Potiguara chega ao Palácio do Governo
 
Retirada dos rebeldes da cidade. Em 27 de julho o alto comando revolucionário tomou uma decisão imprevista, mas que parecia a única forma de prolongar o movimento: retirar o exército de São Paulo, travando uma guerra de movimento no interior. Em Mato Grosso, ainda esperavam reforçar o movimento com os simpatizantes locais, ou, na pior das hipóteses, exilar-se no Paraguai ou Bolívia.[360] A única estrada para Campinas estava prestes a ser cortada, o que prenderia o movimento dentro da capital. E a luta na capital só resultaria na destruição de si mesmos e da população. As negociações foram um fracasso, e a única possibilidade de vitória seria com a eclosão de levantes no Rio de Janeiro e Minas Gerais. Os combatentes estavam desgastados, muitos deles feridos; existem relatos contraditórios sobre o moral da tropa.



Eduardo Sócrates, Carlos de Campos e outras autoridades na sacada do Palácio dos Campos Elíseos





Mapa da retirada

Ás margens do Paraná, o comando revolucionário dividiu-se sobre a estratégia: o coronel João Francisco queria desde já descer o rio e, no oeste paranaense, conectar-se com oficiais comprometidos com o movimento no Rio Grande do Sul. Isidoro preferiu subir a Três Lagoas e invadir Mato Grosso. Ali, João Cabanas acreditava na viabilidade de um “Estado Livre da Brasilândia”, financiado pelas tarifas de exportação da erva-mate. Facilmente defendidos pelo rio Paraná, os revoltosos teriam tempo para recompor suas forças e reconquistar São Paulo, ou ao menos obrigar o governo a negociar.

No final de março de 1925, os últimos defensores de Catanduvas se renderam à ofensiva legalista. Os demais “paulistas” recuaram em direção ao rio Paraná e se uniram aos revoltosos gaúchos que finalmente chegavam ao Paraná. A 1.ª Divisão Revolucionária, formada nessa junção, ficou conhecida como a “Coluna Miguel Costa-Prestes”. O general Isidoro seguiu ao exílio, devido à sua avançada idade, enquanto a divisão escapou do cerco adentrando o território paraguaio e retornando ao Brasil por Mato Grosso. Esta Coluna prolongou a revolta até 1927, percorrendo 36 000 quilômetros do território nacional

Exumação de cadáveres para levá-los ao cemitério


Para a classe intelectual paulista, a revolta evidenciava um mal-estar nacional, um risco do Brasil ter uma política tão militarizada quanto outros países latino-americanos. Uma capital cosmopolita, dinâmica e civilizada foi palco de violência desmedida, especialmente do governo. A população praticou saques e mostrou-se indiferente à causa legalista. Segundo o Diário da Noite, a revolta desfez as ilusões de democracia no Brasil. Para Mário de Andrade, o prejuízo psicológico era pior do que o material Monteiro Lobato correspondeu-se com Artur Bernardes, alertando-o para o divórcio entre a política e a opinião pública. De modo geral, os intelectuais contemporâneos da revolta constatavam uma crise moral, política, social e econômica, para a qual esperavam uma solução elitista, que não viria do povo. Lobato, Antônio de Sampaio Dória, Jorge Americano, Júlio de Mesquita Filho e outros fizeram diagnósticos e propostas de reformas. Mesmo os apoiadores do PRP reconheciam a crise.


O Correio Paulistano celebra a vitória legalista na capital



Os jornais mais influentes em São Paulo no momento eram o Correio Paulistano, órgão do PRP, e seu rival, O Estado de S. Paulo. O Correio só voltou a circular em 28 de julho, enquanto o Estado foi o único a circular todos os dias, e mesmo assim, reduzido a duas páginas e controlado por censores dos rebeldes. As consequências da guerra ocupavam quase todo o espaço. As linhas editoriais do Estado e do Correio estavam em polos opostos: este referiu-se aos tenentistas como “bandoleiros” e “bandos de impatriotas”, e aquele, como “rebeldes” e “revolucionários”. O Estado era oficialmente neutro, mas tinha certa simpatia pelo movimento.


Terminologia. A historiografia usa termos variados para o evento, como a “Revolta”, “Movimento” ou “Revolução” de 1924 ou o “Segundo Cinco de Julho” À época, os apoiadores do movimento rotulavam-no como uma “revolução”, termo de grande valor simbólico, e os opositores, como um “movimento subversivo”, “mazorca”, “sublevação” e “revolta”. Definindo a palavra “revolução” como uma transformação profunda na sociedade, existem argumentos contra seu uso para o movimento de 1924, pois ele ainda tinha um comprometimento com a ordem social e seus objetivos para a sociedade eram modestos. Além desses termos, a Revolta Paulista também adquiriu características de guerra civil: além da escala da destruição, a soberania do governo foi contestada por um grupo que também se considerava representante da nação e almejava o monopólio da violência legítima.


Do topo, em sentido horário: incêndios decorrentes do bombardeio, ruínas do Cotonofício Crespi, soldados revoltosos no telhado do 1.º Batalhão da Força Pública, efeitos de um ataque aéreo, posição de metralhadora em Vila Mariana




 TERCEIRAPARTE

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TRANSPORTE E MOBILIDADE  URBANA 

DAS CARROÇAS AO METRÔ E CICLOVIAS



Visando minimizar os crescentes problemas de congestionamento e a prejudicial emissão de gases poluentes, o Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo (Lei Municipal 16.050/2014), em conformidade com a Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei Federal 12.587/2012), define diretrizes que favorecem os modos de transporte não motorizados, incentivando o uso da bicicleta como meio de transporte sustentável.

Se comparada aos modos de transporte motorizados, a bicicleta é uma alternativa de locomoção econômica e ambientalmente mais saudável, razão pela qual o Plano de Governo da atual gestão contempla a implantação de uma série de medidas adequando a cidade a esta crescente demanda


Ciclovia na rua Boa Vista- Pàtio do Colégio.

Ciclovia na marginal do rio Pinheiros. 



Estrutura cicloviária na Avenida Ragueb Chohfi. Conforme mencionado no post anterior sobre a Avenida Aricanduva, esta estrutura está próxima a esta última mas ainda sem conexão. Inicia logo abaixo da estação Jardim Colonial da Linha 15 - Prata até o Largo São Mateus e conectando com as estruturas das avenidas Adélia Chohfi e Sapopemba. Permite a intermodalidade com o Terminal São Mateus e estação de mesmo nome da L15.

O Sistema Cicloviário, parte integrante do Plano de Mobilidade do Município, tem por objetivo fomentar o uso da bicicleta como meio de transporte.

De acordo com o Plano Diretor Estratégico, o Sistema Cicloviário é caracterizado por um sistema de mobilidade não motorizado e definido como o conjunto de infraestruturas necessárias para a circulação segura dos ciclistas e de ações de incentivo ao uso da bicicleta.

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO SISTEMA CICLOVIÁRIO

- Rede Cicloviária Estrutural - infraestrutura viária para a circulação de bicicletas

- Estacionamentos de Bicicletas - bicicletários e paraciclos

- Sistema de Compartilhamento de Bicicletas – programas de empréstimo de bicicletas

- Ações Complementares - ações e programas complementares compreendidas nas áreas de educação, comunicação, mobilização social e outros.


Para orientar o ciclista sobre os aspectos de segurança no trânsito ao pedalar, o Centro de Treinamento e Educação de Trânsito - CETET oferece o curso 'Pedalar com Segurança', em um espaço projetado para simular as situações do dia a dia de quem usa a bicicleta como meio de transporte, como 'bike fretista' ou mesmo nos momentos de lazer.



Estrutura cicloviária em implantação em São Paulo: na região da Bela Vista, nas ruas Rui Barbosa e Treze de Maio entre a Rua Santo Antônio e Praça Amadeu Amaral, conectando com as estruturas existentes da Martiniano de Carvalho e no trecho já existente da Treze de Maio chegando na Avenida Paulista. Também na região está próxima da estrutura existente da própria rua Santo Antônio e Viaduto 9 de Julho . Plamurb. 2023


A CICLOVIA DA PAULISTA



A História da Ciclovia da Avenida Paulista. Por Willian Cruz 10 de junho de 2016 

Saiba como foi a mobilização popular que levou à construção da ciclovia da Avenida Paulista e por que a presença da estrutura é tão importante nessa via.

Ao contrário do que pensam os que a consideram uma decisão autoritária do então prefeito, Fernando Haddad, a ciclovia na avenida símbolo da cidade era uma demanda antiga dos ciclistas de São Paulo e é considerada uma das maiores conquistas do cicloativismo paulistano. A via já estava incluída em planos cicloviários da cidade desde, pelo menos, 2008, sem contudo ser implantada – o que mostra, mais uma vez, que planejamento sempre foi feito, o que faltava era colocar em prática alguma parte de todos esses estudos.

Foi nesta avenida que perdemos Márcia Prado, em 2009, Juliana Dias, em 2012, e Marlon Moreira de Castro, em 2014, após serem atropelados por motoristas de ônibus, além do caso de David Santos, que teve seu braço levado ao ser atropelado por um motorista embriagado e quase veio a óbito na ocasião, sendo ressuscitado por massagem cardíaca pelo estudante de Publicidade Thiago Chagas dos Santos, de 26 anos, que passava pelo local.

A Paulista já foi palco de um sem número de Bicicletadas (que ocorrem mensalmente na avenida), Pedaladas Peladas, passeios do Dia Mundial Sem Carro e muitas outras manifestações por um trânsito mais seguro. Uma delas foi realizada em resposta ao atropelamento de David, com a afixação de um braço de plástico simbólico no canteiro central, e acabou resultando na primeira reunião de ciclistas com um prefeito na história da cidade e, por consequência, na primeira campanha paulistana de respeito ao ciclista veiculada na TV e na decisão de colocar em prática o plano de 400 km de ciclovias.

Não à toa, ciclistas comemoraram o início das obras, em janeiro de 2015, com uma divertida “pajelança”, com direito a champanhe (ou espumante, como queiram), sal grosso e folhas de arruda. 

Quando uma ação do Ministério Público suspendeu a implantação das ciclovias em março daquele ano, uma manifestação com mais de 7 mil pessoas lotou a avenida de bicicletas e foi ecoada em dezenas de cidades do Brasil e do Mundo, pedindo continuidade da implantação de ciclovias na cidade. A suspensão foi derrubada em segunda instância pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

A inauguração se deu em 28 de junho de 2015, no primeiro dia de Paulista Aberta. Com a presença de 50 mil pessoas (veja vídeo e fotos), a inauguração já mostrou a demanda reprimida, tanto pela ciclovia quanto pelo espaço aberto ao lazer e à convivência. Havia até pessoas de outras cidades e estados, que perceberam que se tratava de um momento histórico na mobilidade por bicicletas do Brasil e se sentiram parte dessa conquista.

A implantação dessa estrutura, em uma avenida de grande visibilidade e com histórico de várias mortes de ciclistas, é considerada um divisor de águas na bicimobilidade brasileira, escancarando a demanda com cidadãos circulando de bicicleta ininterruptamente em uma das avenidas mais famosas do país.

Opositores
Algumas figuras públicas se posicionaram contrárias a essa ciclovia, como o então vereador Andrea Matarazzo (na época filiado ao PSDB), que chegou a afirmar que “se faz de tudo para os ciclistas e se esquece dos carros”. O atual pré-candidato à prefeitura da cidade pelo PSD também declarou à época que o canteiro central era “essencial para a segurança de pedestres e motoristas“, dando a entender que a ciclovia colocaria em risco a vida de quem dirige. Devido à repercussão negativa de suas declarações, mudou de opinião posteriormente, passando, ao menos no discurso, a ser favorável à estrutura.

A Associação Paulista Viva também contestou a construção da ciclovia, alegando serem necessários “estudos mais aprofundados”, para que a intervenção pudesse “atender a todos os cidadãos de forma justa”. Entre outros questionamentos, apontou uma suposta “descaracterização da ideia de boulevard” da avenida.

Apesar da importância da estrutura ter sido destacada com unanimidade em Audiência Pública na Câmara Municipal de São Paulo, em novembro de 2014, a ação do Ministério Público Estadual em que a promotora Camila Mansour Magalhães da Silveira pedia interrupção da implantação das ciclovias também exigia que a obra dessa avenida fosse interrompida – o que foi negado pela justiça, apesar da suspensão temporária dos trabalhos em outros locais da cidade. A interrupção foi fortemente criticada por diversos setores da sociedade e culminou em uma manifestação com milhares de pessoas, apoiada por dezenas de cidades em todo o mundo, sendo finalmente suspensa pelo TJ-SP.

A imprensa tradicional também se posicionou contrária à implantação em diversos momentos. Dois exemplos marcantes foram a matéria da revista Veja questionando o custo das obras e esta reportagem da Globo (entre várias outras), reclamando sobre uma suposta “tinta” da ciclovia.

Nesse um ano, a via permanente para ciclistas e a abertura dominical da avenida às pessoas se consolidaram, provando seu valor com a alta adesão da população mesmo em dias de chuva e sendo aceitas até pela imprensa e pela maioria dos vereadores e demais políticos locais. Mesmo os mais críticos à política cicloviária que vem sendo implantada na cidade costumam, sutilmente, dar o braço à torcer em relação à estrutura construída na Paulista.

Por que é importante ter uma ciclovia na Paulista?

A Avenida Paulista já foi a via com mais acidentes com ciclistas por quilômetro em São Paulo – um título nada agradável para a avenida que representa a cidade. Uma de suas esquinas também foi considerada, historicamente, a líder de atropelamentos de pedestres na capital, com a sinistra alcunha de “esquina da morte”.


Uma bicicleta branca (ghost bike) marca o local onde Marcia Prado faleceu atropelada por um motorista de ônibus. A uma quadra dali está outra ghost bike, em memória de Julie Dias. Foto: Willian Cruz

Apesar da falta de receptividade dos motoristas, muitas pessoas sem passaram em bicicletas pela avenida, principalmente no horário de pico da tarde. Uma contagem fotográfica realizada pela Ciclocidade em 2010 registrou 733 ciclistas na avenida em um espaço de 16 horas. A média de 52 ciclistas por hora já equivalia a praticamente uma bicicleta por minuto naquele ano, mesmo sem haver ciclovia ou qualquer outro tipo de sinalização no local.

Mas se a bicicleta não era bem aceita pelos motoristas na avenida, por que ainda assim tanta gente passava pedalando por lá? Para responder a essa pergunta, é importante entender que as pessoas raramente saíam de casa para “passear de bicicleta na Paulista”. Quase sempre trafegavam ali para chegar a algum lugar – como os motoristas que ali estavam. E para muita gente esse sempre foi o melhor caminho para se fazer pedalando, por ser o mais curto e plano.

O eixo do “espigão”, que vai do Jabaquara à Pompeia, é relativamente plano, com um desnível irrisório e bem distribuído ao longo de seus mais de 13 km de extensão. Qualquer rota alternativa implica em muitas subidas e em aumento da distância percorrida – o que todo ciclista que está realizando um deslocamento sem intenção de treino costuma evitar.

Paralelas

Apesar da agressividade dos motoristas na Paulista, as pessoas continuavam utilizando aquela avenida para se deslocar em bicicleta por dois motivos, que se complementam: aclives e falta de segurança viária. Como a questão dos aclives é bastante clara, comentaremos apenas a questão da segurança.

Na Alameda Santos, o principal problema estava nos trechos de subida, onde motoristas embalados pela descida anterior e acelerando livremente devido à falta de fiscalização se tornam impacientes com qualquer veículo em baixa velocidade à sua frente. Numa situação como essa, os maus motoristas buzinam, forçam passagem, passam perto demais e fecham o ciclista, principalmente por se tratar de uma via com menos faixas de rolamento e veículos estacionados, que dificultam as ultrapassagens.

No sentido oposto, no trecho inicial, relativamente plano, havia presença intensa de ônibus. Além de virarem à direita ao chegar na Brigadeiro, as faixas mais estreitas e em menor número dificultam aos motoristas dos coletivos a realização de ultrapassagens. Parte deles acabava forçando a passagem de maneira criminosa, com o veículo de várias toneladas a centímetros do ciclista, geralmente com velocidade alta devido à ligeira descida. Um risco fortíssimo de atropelamento e morte.

Além do aumento do esforço físico e da distância ao adotar esses trajetos paralelos, as situações de risco com carros e ônibus assustavam e afastavam os ciclistas dessas vias. Por isso, muitos se sentiam menos seguros nessas paralelas do que na avenida principal.

Saiba mais a respeito da escolha da principal e não das paralelas nesta videorreportagem de Rachel Schein.

Deslocamentos humanos

As grandes avenidas costumam ser construídas em regiões de fundo de vale ou sobre “espigões”. Isso faz com que as paralelas geralmente tenham aclives, tornando a avenida principal o caminho mais plano, reto e geograficamente adequado a quem usa a bicicleta.

Em uma cidade para pessoas, esses caminhos seriam priorizados para pedestrianismo e meios movidos a propulsão humana, deixando o ônus dos aclives para quem só precisa pisar em um pedal ou torcer uma manopla para vencê-los.

Não adianta insistir para que o ciclista escolha outro trajeto: quem se desloca usando um meio que dependa de esforço físico (a pé, bicicleta, skate, patins e outros) tende sempre a buscar o caminho mais curto e plano. É isso o que também faz as pessoas atravessarem fora da faixa de pedestres, por exemplo, quando utilizá-la implicaria em um deslocamento de dezenas de metros.

São escolhas lógicas, naturais e compreensíveis, que devem ser aceitas e protegidas pelo poder público, além de previstas e incentivadas por quem planeja a infraestrutura viária e o meio urbano, tornando a cidade mais amigável e segura para quem for a pé ou de bicicleta e incentivando os deslocamentos sustentáveis, que fazem bem para as pessoas e para as cidades.


Vivian Reis
Do G1 São Paulo -28/06/2015

A ciclovia da Avenida Paulista foi inaugurada na manhã deste domingo (28) com festa dos ciclistas, protesto contra o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e tinta azul jogada na pista exclusiva de bicicletas. Por volta das 10h, a Paulista foi interditada ao trânsito nos dois sentidos e só foi liberada às 17h15, segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).

O prefeito disse, durante a cerimônia de inauguração, que a ciclovia é um "símbolo de qualidade de vida". Ele justificou o fechamento da Avenida Paulista para o evento dizendo que o espaço "é público". Ao ser questionado sobre fechamento na Paulista todos os domingos, o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto, respondeu que isso ainda está em estudo. “A intenção da ciclovia é abrir a Avenida Paulista para todo mundo, não só para carros, mas também para pedestres e veículos não motorizados”, falou o secretário.

Durante a coletiva, o prefeito enfrentou protestos de pessoas contrárias ao PT, que gritavam frases contra ele e a presidente Dilma Rousseff. Simpatizantes do prefeito o defenderam gritando contra o grupo.

Uma das pessoas que protestou foi Henrique Sousa, de 39 anos. "Eles não conseguem enxergar que, naturalmente, as turmas estão contra. Não é uma coisa orquestrada. Especificamente contra ciclovia não tenho uma opinião formada porque não sou daqui. Contra o PT é óbvio, a popularidade da Dilma está em menos de 10%", afirmou.

No mesmo horário, funcionários da Prefeitura limpavam um trecho da pista, na altura do prédio da Fiesp, porque tinta azul foi jogada na ciclovia. Não havia informações sobre o responsável pelo ato de vandalismo. 

O secretário municipal de Educação, Gabriel Chalita, foi até a Avenida Paulista para a inauguração. Ele acredita que a ciclovia é uma iniciativa que demora até as pessoas se acostumarem, até por isso há muitas críticas. “A juventude olha com bons olhos essas novidades e quer se apropriar dos espaços da cidade. Os jovens nem querem ter carro.”

O ex-senador Eduardo Suplicy, secretário municipal de Direitos Humanos e Cidadania, pedalou na nova ciclovia na manhã deste domingo.

O advogado Roberto Valtorta diz que pensa em utilizar a ciclovia para ir trabalhar todos os dias. “Caminho quatro quilômetros por dia até o trabalho para evitar o trânsito e penso em pedalar agora para chegar mais rápido. Não acho que o trânsito vá melhorar com a ciclovia, mas deixa a cidade mais bonita”, disse. Ele conta que mora perto e costuma andar de bicicleta na região.

Com 2,7 km de extensão e construída no canteiro central, a pista exclusiva está entre a Praça Oswaldo Cruz e a Avenida Angélica. A ciclovia tem quatro metros de largura e fica a uma altura de 18 cm em relação às faixas de rolamento ao seu lado.

Devido ao alargamento do canteiro central, as faixas das duas pistas, tanto no sentido Consolação quanto no sentido Brigadeiro, precisaram ser reajustadas e diminuíram a largura de 3 metros para 2,8 metros. Já a faixa de ônibus, à direita da pista, perdeu 20 centímetros, passando de 3,5 metros para 3,3 metros.

A obra, que durou quase cerca de seis meses, custou R$ 12,2 milhões aos cofres públicos, no trecho entre as avenidas Paulista e Bernardino de Campos, incluindo a instalação de dutos para a passagem de fibra ótica sob a pista. Diferentemente da maioria das ciclovias, que são pintadas com tinta vermelha, a da Paulista é feita com concreto pigmentado com coloração.

"Nós aumentamos o espaço de pedestres no canteiro central. O pedestre tem o tempo semafórico. Se ele ficar no canteiro central, tem uma ilha de segurança que nós aumentamos”, afirmou o secretário municipal de Transportes, Jilmar Tatto. “Fizemos o recuo para pedestre, para o ciclista, tiramos os relógios por questão de segurança”, disse.

Apesar da inauguração da ciclovia, a ciclofaixa de lazer da Avenida Paulista, que funciona aos domingos e feriados, não será desativada. “Eu acho melhor deixar segregado (ciclofaixa de lazer). Se tiver muita gente, acaba um transtorno danado. A ideia é manter a ciclofaixa de lazer e o pedestre fica ao lado”, disse o secretário de Transportes.

A construção de ciclovias é uma das principais marcas da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), que pretende entregar 400 km de vias exclusivas para ciclistas até o fim deste ano. Atualmente, a cidade possui 298,6 km de ciclovias, sendo 238,3 km somente da gestão do prefeito Haddad. Com as inaugurações deste domingo, São Paulo tem 307,4 km de ciclovias.


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Largo da Sé – 1910 – recuo para estacionamento de carroças. Foto de Aurélio Becherini #SPFotos


Rua do Carmo, Centro. Sede da Sociedade dos Taxistas em 1928. Cotidiano SP



Ponto de taxi no cruzamento das avenidas 7 de Setembro com Bento Viana 1960.

Chofer de Praça na Rua Mauá, ao lado da Estação da Luz, em São Paulo. Atrás vê-se o Hotel Federal Paulista, ele existe até hoje, este hotel tem mais de 100 anos. Pra fechar, um Ford 1946. A foto é de 1950. SP, suas histórias

Trânsito paulistano nos anos 1970 (época dos fuscas VW) sempre repleto de taxis e passageiros.


"UBER", QUASE 700 MIL MOTORISTAS NA CIDADE


Cidade de SP tem 563 mil motoristas de aplicativos ativos, diz Prefeitura; 74% dos carros têm placa da própria cidade. 214 mil deixaram de atualizar cadastro. Apesar do grande contingente de prestadores desse serviço, empresas como Uber e 99 se mudaram para Osasco, na Grande São Paulo, e deixaram de recolher ISS na capital paulista. Só a Uber deixará de pagar R$ 82 milhões por ano.
Por Rodrigo Rodrigues, g1 SP — São Paulo. 04/12/2021 


Aplicativo de transporte Uber, o maior da capital paulista  — Foto: Getty Images/BBC


A capital paulista atingiu em novembro a marca de 563 mil motoristas de aplicativos ativos cadastrados na Prefeitura de São Paulo, segundo números fornecidos à CPI dos Aplicativos da Câmara Municipal. Os dados da Secretaria Municipal da Fazenda e do Comitê Municipal do Uso do Viário - órgão que cobra e fiscaliza as empresas de transporte pelo uso das vias na cidade - apontam que cerca de 777 mil motoristas chegaram a se cadastrar na cidade para trabalhar nesse tipo de serviço, ao longo dos últimos sete anos. Desse total, cerca de 214 mil deixaram de atualizar o cadastro ou foram excluídos da plataforma de consulta por algum motivo. O que sinaliza, segundo membros da CPI, que trata-se do contingente de pessoas que desistiram do trabalho de motorista na cidade.

“Muitos motoristas que se arriscaram nesse tipo de serviço, sentiram na pele os efeitos da precarização do trabalho e todas as suas consequências. Não tenho dúvidas de que os custos altos da gasolina, a inflação e a fatia grande que as empresas de aplicativos abocanham do valor total da corrida fizeram muitos desistirem”, afirmou o vereador Adilson Amadeu (DEM), presidente da CPI.
“Os motoristas de aplicativos [que permanecem] tiveram que mudar sua estratégia e passaram a escolher corridas justamente por causa disto. O custo não compensa”, completa.

Segundo a Prefeitura de SP, a cidade tem 856 mil veículos cadastrados para prestar o serviço de transporte por aplicativos, com o Certificado de Segurança do Veículo de Aplicativo (CSVAPP) em dia para fazerem as corridas. Um motorista pode ter vários carros cadastrados para uso. Desse total, 678 mil são de carros com placa da própria capital e outros 178 mil de outros municípios.
Ou seja, 74% dos motoristas cadastrados na prefeitura trabalham e têm o carro emplacado na cidade de São Paulo. Como a capital tinha um contingente de cerca de 6,2 milhões de automóveis registrados no Detran-SP até maio de 2021, é possível concluir que os números apontam que cerca de 12% de toda a frota registrada em SP fez algum cadastro na prefeitura para realizar corridas por aplicativo ao longo dos últimos sete anos.

“Esse números indicam um abuso de aplicativos como Uber e 99, que tem a maior parte do contingente de motoristas com placa de SP e prestando serviço na cidade, enquanto a sede da empresa muda para Osasco para recolher imposto lá”, afirmou o vereador Marlon Luz (Patriota), que é motorista de aplicativo cadastrado desde 2015.“São aplicativos que não contribuíram em nada para controlar a pandemia e se beneficiaram diretamente da melhora econômica trazida pela vacinação. Mas na hora de recolher ISS e apresentar a contrapartida aos munícipes, preferiram mudar de cidade”, completou o vice-presidente da CPI.

Guerra fiscal. Além do Uber e 99 (antiga 99 Táxi), que anunciaram mudança para Osasco, o iFood também mantém sua sede fiscal no município vizinho à capital paulista. Em depoimento à CPI dos Aplicativos em 30 de novembro, o diretor da Uber, Ricardo Leite Ribeiro, declarou que a empresa recolheu cerca de R$ 574 milhões em Imposto Sobre Serviços (ISS) na cidade de São Paulo entre os anos de 2014 e 2020. O valor significa que a plataforma líder do mercado paulistano pagou cerca de R$ 82 milhões por ano de ISS à cidade.

8 de setembro - Entregadores de aplicativos fazem protesto em frente à Câmara Municipal de São Paulo — Foto: Celso Tavares/G1


TRANSPORTE URBANO COLETIVO

CMTC 


Fotografia comemorativa da conclusão do primeiro ônibus elétrico construído nas oficinas da CMTC, em 1964. Fonte: Lexicar Brasil.


A paulistana Companhia Municipal de Transportes Coletivos foi criada em 1946, por decreto do Prefeito Abrahão Ribeiro, na tentativa de reestruturar o transporte público da cidade de São Paulo, que passava pela maior crise da sua história. Orgulhosa em ser “a locomotiva do Brasil” e “cidade que mais cresce no mundo“, São Paulo convivia com um sistema de transportes tão caótico que, nos momentos mais críticos, obrigava a população a utilizar até mesmo caminhões “pau-de-arara” para seu deslocamento urbano. A crise paulistana (cuja situação não diferia da maioria das grandes cidades brasileiras de então) resultava da associação de três fatores principais: escasso controle público sobre os operadores privados, criados de forma espontânea ao longo dos anos, sem nenhum planejamento e com fraca regulamentação; degradação dos serviços de bondes (explorados pela Light – concessionária canadense de energia), fruto de décadas de falta de investimento e da omissão do poder público na definição e fiscalização de padrões mínimos de qualidade de serviço; e envelhecimento da frota de ônibus, como resultado da interrupção das importações de veículos durante a 2ª Guerra Mundial, das quais o Brasil era totalmente dependente. As dificuldades foram agravadas pela devolução do sistema de bondes para a Prefeitura, que não dispunha de estrutura preparada para geri-lo, assim que terminou a guerra (a concessão à Light terminou em 1941 e a empresa já comunicara seu desinteresse na renovação; a pedido do governo municipal manteve a operação até dezembro de 1945).

A CMTC foi formada como sociedade anônima de economia mista, a partir da absorção, pela Prefeitura, dos serviços de bondes e de grande parte das empresas privadas operadoras do transporte urbano da cidade. No processo, todas as empresas de ônibus foram extintas e seus proprietários, assim com a Light, tornaram-se acionistas da CMTC, na proporção do patrimônio que dispunham e que foi a ela agregado.

Desde suas origens a empresa se destacou pela busca de soluções modernas na gestão e operação do transporte municipal, quer com relação ao planejamento e integração do sistema, quer quanto à especificação dos veículos e ao fomento à nacionalização de equipamentos. Foi a CMTC que implantou o primeiro (e maior) sistema de ônibus elétrico do país, iniciado apenas três anos após a criação da companhia, com veículos importados dos EUA (no seu melhor momento a frota superou 500 veículos). Em 1955, foi a primeira empresa a utilizar uma grande frota de “papa-filas” (50 unidades do mal-sucedido ônibus-reboque construído pela Massari e Caio, tracionado por cavalo mecânico FNM). Foram de São Paulo os primeiros trólebus nacionais (Grassi / Villares, em 1958).

Foi em conseqüência à iniciativa de CMTC de modernizar e ampliar sua rede de transporte eletrificado, em 1977, que foi criado o Programa Nacional de Trólebus, para o qual foi projetada nova geração de veículos com carroçaria padron e introduzida no Brasil a moderna tecnologia de comando eletrônico de velocidade por recortador (chopper); foi ainda da CMTC o maior projeto nacional de expansão do sistema de trólebus (e um dos poucos concretizados). Em 1985 também foi a responsável pela contratação junto à Mafersa, Tectronic / Marcopolo e Villares (coligada com a Cobrasma) dos três primeiros (e únicos) trólebus articulados fabricados no país (18 m e 180 passageiros, com recursos da Finep). Entre 1987 e 88 desenvolveu e construiu protótipo de ônibus de dois andares (depois licitado e produzido pela Thamco), equipamento que teve vida curta. Já nos primeiros anos do século XXI, através de sua sucessora SPTrans, desenvolveu com a Marcopolo o sistema troncal guiado, totalmente segregado e com veículos biarticulados apelidado “fura-fila”.

Em 1957 o transporte urbano de São Paulo foi novamente aberto às empresas privadas; à CMTC, porém, foi assegurada a dupla função de gestora do sistema e de operadora – por muitos anos ainda a maior da cidade. Como gestora, a companhia teria papel vital na profunda reestruturação do sistema, implantada a partir dos anos 80. Então, já contando o município com eficiente rede de metrô, o transporte público foi reorganizado por níveis de serviço (corredores estruturais, linhas transversais, periféricas e alimentadoras), com total integração física e tarifária e clara definição do tipo e características do veículo para cada utilização. A (quase) permanente continuidade das políticas de transporte da administração municipal permitiu que o sistema paulistano se constituísse no mais bem equipado do Brasil, com a maior frota operante de trólebus, ônibus padron, articulados, híbridos e de piso baixo do país.

Trólebus da CMTC, linha 107 Centro-Tuicuruvi circulando no anos 1970. 

A persistência da CMTC na busca de melhores padrões de serviço, aliada à dimensão de mercado representada por uma cidade do porte de São Paulo prestaram, indiretamente, inestimável contribuição para a indústria brasileira de equipamentos de transporte, viabilizando economicamente, pela escala grandiosa de cada encomenda feita pela cidade, a produção de chassis e carrocerias mais adequados para o transporte público de passageiros – mais caros e sofisticados, porém de muito melhor qualidade, conforto e eficiência, reduzindo impactos urbanísticos e ambientais e cobrando menor custo social.

Além deste relevante papel coadjuvante no desenvolvimento da indústria automotiva brasileira, pelo menos em dois momentos distintos a CMTC também participou diretamente da sua história como fabricante. O primeiro ocorreu em 1954, quando a empresa ainda operava como monopolista e estruturou uma oficina para reforma de sua frota importada e para reencarroçamento de chassis usados; lá também construiu carroçarias de madeira sobre chassis nacionais FNM. No segundo momento, a partir de 1963 e por quatro anos, operou uma linha de montagem de trólebus e carrocerias, exclusivamente para suprir sua frota. Para a estrutura dos veículos foi escolhida a tecnologia de perfis extrudados de alumínio; para simplificar e baratear a fabricação, a CMTC optou por aproveitar componentes disponíveis no mercado, já utilizados por outros fabricantes – no caso, a carioca Metropolitana, com a qual negociou os direitos de produção de seu excelente modelo urbano de então.

A prioridade da CMTC, contudo, era a construção de ônibus elétricos, cujo fornecimento nacional ainda era caro e irregular. Em 1964 concluiu o primeiro exemplar de uma longa série: com chassi FNM V-9 e motor elétrico e controles Villares, com 100% de nacionalização, 139 unidades foram fabricadas até 1971, quando a linha de montagem foi desativada. (Pelo menos um exemplar foi montado, em 1968, sobre chassi GM ODC usado.) Suas carrocerias mudaram ligeiramente ao longo dos anos (porém sempre mantendo o “estilo Metropolitana”) e a última série já apresentava faróis duplos e para-brisas maiores, ampliados mediante a colocação de vigias inferiores adicionais de vidro.



Além de fabricar trólebus novos, a CMTC reconstruiu 38 antigos Grassi e Massari e forneceu carrocerias para sua frota de ônibus diesel. Em 1968 lançou a série Monika I (nome da primeira neta do então prefeito de São Paulo), com 9,0 m de comprimento, sobre os anacrônicos chassis Mercedes-Benz LP; sempre calcado no Metropolitana urbano, o veículo recebeu grade de desenho próprio e sistema de ventilação interna mais aprimorado, com saídas de ar viciado em quatro das colunas laterais. Mais adiante iniciou a fabricação da carroceria Monika II, sobre chassi FNM com motor dianteiro e, no ano seguinte, da Monika III. Cerca de 180 unidades foram produzidas, das quais 110 da versão I e 50 da II. A CMTC esteve presente em duas edições do Salão do Automóvel (V e VI), expondo os trólebus e carrocerias fabricadas em suas oficinas.

A CMTC foi extinta em 1993, no início da segunda gestão do prefeito Paulo Maluf, quando ainda detinha 27% do transporte por ônibus da cidade; foram privatizadas as linhas então operadas pela empresa e, dois anos depois, constituída a SPTrans – São Paulo Transporte S.A., com a atribuição exclusiva de gerir o sistema de transportes públicos do município.

Corredor da avenida Nove de Julho. O sistema de circulação exclusivo foi criado entre os anos 1980-90 em alguma avenidas consideradas estratégicas para acelerar o fluxo de trânsito. Fonte: Viatrólebus. 


Este foi também o local onde faleceu o dramaturgo Dias Gomes:


Dias Gomes morreu aos 76 anos em um acidente de trânsito ocorrido na madrugada de 18 de maio de 1999 na região dos Jardins, na cidade de São Paulo. O dramaturgo voltava de táxi de um jantar com sua mulher Bernadeth depois de assistirem à encenação de Madame Butterfly, ópera dirigida pela atriz Carla Camurati. O taxista fez uma conversão proibida na avenida 9 de Julho, e o carro foi atingido por um ônibus que seguia na mesma direção. Com o impacto e sem estar usando o cinto de segurança, Dias Gomes foi arremessado para fora do carro e bateu a cabeça na mureta que separa a via exclusiva dos coletivos na avenida, o que causou sua morte instantânea. Bernadeth sofreu ferimentos e foi internada. O motorista do táxi, que também sofreu ferimentos, estava na profissão havia dois meses e alegou que só fez a manobra proibida "por insistência de Dias Gomes" (Wikpedia)
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Presenciamos (eu, um colegas   e dois irmãos) esse acidade quando também voltávamos para casa nessa madrugada. Passamos pelo local em direção ao Jardins e ouvimos o barulho da colisão e um grito de dor. Não conseguimos saber o que estava acontecendo e nem de que se tratava. Só conseguimos entender e identificar as vítimas com o noticiário nas horas seguintes. Reza a lenda que o filósofo Ésquilo não acreditava em destino e sim na fatalidade e que teria morrido quando uma águia predadora soltou uma tartaruga ao acaso sobre sua cabeça enquanto caminhava pela rua. O dramaturgo Dias Gomes também era fatalista, escrevia muito sobre isso, e teve um morte trágica ao ser lançado de um taxi e bater a cabeça numa mureta (acidente que presenciamos em São Paulo, sem saber que se tratava de Dias Gomes). Destino ou fatalidade? Acaso ou intuição? (Dalmo Duque)


EMTU


Acesso de Pedestres ao Terminal Metropolitano de Campinas.


A Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU/SP) é uma empresa controlada pelo Governo do estado de São Paulo. Gerencia o transporte intermunicipal por ônibus na Grande São Paulo, nas regiões metropolitanas de São Paulo, Baixada Santista, Campinas, Sorocaba e no Vale do Paraíba e Litoral Norte, através dos corredores metropolitanos São Mateus–Jabaquara, Diadema–Morumbi, Guarulhos–São Paulo e Itapevi–Butantã, além do VLT da Baixada Santista. Em 2009 transportou cerca de 634 milhões de passageiros.

A ideia de criação de Empresas Metropolitanas de Transportes Urbanos foi uma iniciativa federal, que ocorreu na década de 1970. A proposta era que cada região metropolitana existente no país tivesse uma empresa que cuidasse de todo o planejamento e gerenciamento dos transportes públicos. Da proposta surgiu a EMTU paulista e a do Recife.

A EMTU de São Paulo foi criada no dia 13 de dezembro de 1977, a partir da lei nº 1.492 e foi incorporada a Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano (Emplasa) em 1980. Sete anos depois a EMTU foi recriada com uma nova legislação e juntamente com o decreto nº 24.675 de 30 de janeiro de 1986, recebeu a atribuição de gerenciar e fiscalizar o Sistema de Transporte Intermunicipal de passageiros por ônibus nas regiões metropolitanas, até então de responsabilidade do Departamento de Estradas de Rodagem do estado de São Paulo.

Em 1988 foi criado e operado pela EMTU, o Corredor Metropolitano São Mateus - Jabaquara, que possui 33 km de extensão e nove terminais, ligando o leste ao sul de São Paulo, passando pelos municípios de Diadema, São Bernardo do Campo, Santo André e Mauá. Foi repassado à iniciativa privada depois uma concessão, algo inédito na época.

Atualmente é subordinada à Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo e gerencia o transporte intermunicipal por ônibus nas regiões metropolitanas de São Paulo, Baixada Santista, Campinas, Sorocaba e no Vale do Paraíba e Litoral Norte. Atende 128 municípios das cinco regiões metropolitanas, somando 25 milhões de habitantes, gerenciando uma frota aproximada de 5.000 ônibus (a terceira maior do país, atrás apenas da frota municipal da capital paulista e da capital fluminense), com mais de 70 empresas operadoras e mais de 1000 linhas; transportando 2 milhões de usuários por dia em média. Além de gerenciar o transporte público por ônibus em linhas regulares, a EMTU também tem por atribuição fiscalizar todo e qualquer transporte intermunicipal privado entre municípios das regiões metropolitanas, como ônibus e vans fretados e transporte escolar.

Sistemas de transporte

Terminal Metropolitano Prefeito Magalhães Teixeira, em foto de 2010



Micro-ônibus da RTO's em Guarulhos - SP.

A EMTU/SP gerencia sistemas de transporte nas 5 regiões metropolitanas. Eles estão divididos em Serviço Regular, que é composto por linhas operadas por empresas privadas, por modalidade 'concessão' ou 'permissão', ligando pelo menos dois municípios que fazem parte da mesma região metropolitana. No caso específico da Baixada Santista, Região de Campinas, Vale do Paraíba e Litoral Norte algumas linhas do Serviço Regular ligam até 6 municípios da mesma região, mas praticando o seccionamento por trecho percorrido em alguns casos vários ônibus utilizam 2 catracas. São utilizados ônibus urbanos comuns nas cores azul, branco e cinza, sendo permitido o transporte de pessoas sentadas e em pé. O Serviço Seletivo, é semelhante ao regular, porém são utilizados micro-ônibus e ônibus rodoviários nas cores cinza, branco e cinza, os percursos são entre menores e maiores e só é permitido o transporte de pessoas sentadas também praticando o seccionamento por trecho percorrido.

Há ainda o Sistema Fretamento, onde a cobrança para execução dos serviços de transporte é periódica, as RTOs (Reserva Técnica Operacional), que são vans ou micro-ônibus que operam linhas regulares em conjunto com as empresas de ônibus, o Corredor Metropolitano São Mateus – Jabaquara, que é um corredor de ônibus segregado das vias comuns e os serviços especiais Airport Bus Service e Ponte Orca Zoo.


VLT-VEÍCULO LEVE SOBRE TRILHOS



TRECHO SÃO VICENTE-SANTOS FOI MODELO EXPERIMENTAL NO ESTADO

Em 2006, quando a internet ainda não tinha a atual abrangência das redes sociais, circulava pelo e-mail um pequeno vídeo de uma animação digital dos trechos e estações do VLT entre São Vicente e Santos. A futura linha linha seria construída sobre o trecho urbano dos trilhos da antiga Estrada de Ferro Sorocabana na ilha de São Vicente  na direção do litoral sul. Após a desativação da Fepasa, esses trilhos ficaram abandonados por quase 20 anos, cobertos por matagal e lixo. 

A notícia do VLT, dada pelo então governador Geraldo Alkmin deu um novo impulso ao desenvolvimento da região, pois o projeto, a longo prazo, iria abranger a área continental de São Vicente até a antiga estação do Distrito Samaritá, passando antes pelos novos bairros do Quarentenário (antigo pouso de quarentena de gado abatido nos matadouros da ilha), Jardim Maria Dolores. Dali a linha seguia na direção dos últimos bairros-balneários de Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruibe. 

Esse dois primeiros trechos de São Vicente foram incluídos na linha verde  de expansão do VLT (ver o mapa abaixo). Trata-se de um trecho de ocupação recente, incluindo a Fazendinha, que soma uma população de quase 200 mil habitantes, quantia considerada alta para os padrões urbanos da região, cuja maioria da população se desloca diariamente para trabalhar e usufruir de comércio e serviços na área insular de São Vicente, Santos e Cubatão. 

Muitos desconfiavam e até ironizavam o projeto ilustrado no vídeo, mas estavam enganados. O projeto saiu do papel e da animação digital e tornou-se realidade. - Nota do organizador do CALUNGAH

Trecho do VLT em São Vicente, entre as estações João Moura e Itararé.


O FUTURO DOS TRANSPORTES


"O futuro dos transportes já é realidade na Baixada Santista. O Governo do Estado de São Paulo, por meio da EMTU, levou à região o VLT – Veículo Leve sobre Trilhos, um modelo de eficiência e acessibilidade.

Já em operação há alguns anos em cidades europeias com excelentes resultados, o Veículo Leve Sobre Trilhos tem emissão zero de poluentes. Interage com o meio urbano de maneira amigável, circulando ao nível das ruas, preservando o patrimônio histórico e colaborando para a revitalização urbanística das vias por onde passa.

A operação do VLT da Baixada Santista começou em abril de 2015. O moderno Centro de Controle Operacional foi entregue em junho de 2016. O primeiro trecho do VLT, com 11,1km de extensão foi totalmente entregue à população no dia 31/01/2017, ligando o Terminal Barreiros, em São Vicente, à Estação Porto, em Santos. 

A população dos nove municípios da Região Metropolitana da Baixada Santista já usufrui dos benefícios do VLT, com menos poluição sonora, além da redução do tempo gasto nas viagens entre os municípios. 

Em setembro de 2018, o VLT foi nomeado como Complexo Geraldo Volpe, em homenagem ao vereador que atuou durante duas décadas no município de São Vicente. 

Projetos de ampliação das linhas do VLT na Baixada Santista. 


Inauguração do trecho do VLT em São Vicente em 2017.


O  primeiro trecho do VLT, com 11,1km de extensão foi entregue à população no dia 31/01/2017, ligando o Terminal Barreiros, em São Vicente, à Estação Porto, em Santos. A operação parcial no trecho começou em abril de 2015. Todas as 15 estações estão operando, atendendo diariamente cerca de 27 mil pessoas.

O Centro de Controle Operacional foi entregue no primeiro semestre de 2016. O prédio com três pavimentos possui 3.050 m² de construção e abriga sala com painel sinóptico para o controle da operação dos veículos e segurança das vias e estações. A Gerência Regional da EMTU/SP na Região Metropolitana da Baixada Santista também está instalada no prédio do CCO.

O Pátio de Manutenção e Estacionamento próximo ao Porto de Santos já foi entregue. O espaço tem capacidade para 33 VLTs e abriga oficina, almoxarifado, subestação de energia própria e equipamentos de lavagem dos veículos e de retificação de rodas.

No Terminal Barreiros, em São Vicente, também foi entregue o estacionamento de VLTs, capaz de abrigar seis veículos. No mesmo Terminal fica o edifício de apoio, com área de 164 m² e o bicicletário.

O segundo trecho, que ligará Conselheiro Nébias ao Valongo, atualmente está em fase de obras. Serão 8 km de extensão e 12 estações, com capacidade para transportar 35 mil pessoas/dia, entre a Linha 1 (terminais Porto e Barreiros) e o terminal Valongo.

No terceiro trecho (Barreiros-Samaritá),estão previstos para serem publicados os editais de licitação das obras, que foram divididos em dois lotes. O Lote 1, que prevê a reforma da Ponte dos Barreiros, tratando da primeira fase das obras. E o Lote 2, segunda fase, que fará a ligação Barreiros-Samaritá". (Site da EMTU)




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O METRÔ


Bilhete de embarque com tarja magnética emitido para a inauguração e período experimental. Atualmente o acesso pode ser feito com QR-code de aplicativo de aparelhos celulares.



As obras do Metrô foram iniciadas em 1968, seis anos antes da sua inauguração em 14 de setembro de 1974.


Anúncio publicado nos jornais pelas empreiteiras, executores e fornecedores das obras da primeira linha do metrô.




 Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô foi constituída no dia 24 de abril de 1968. É controlada pelo Governo do Estado de São Paulo sob gestão da Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos (STM). É responsável pela operação e expansão de rede metroviária e pelo planejamento de transporte metropolitano de passageiros da Região Metropolitana de São Paulo.
A rede metroviária da cidade de São Paulo é composta por 6 linhas, totalizando 104,4 km de extensão e 91 estações, por onde passam mais de 5 milhões de passageiros diariamente. Está integrada à CPTM nas estações Luz, Tamanduateí, Brás, Palmeiras-Barra Funda, Tatuapé, Corinthians-Itaquera, Pinheiros e Santo Amaro e aos outros modais de transporte na cidade de São Paulo. Foto: Primeiro teste do metrô de São Paulo, realizado em 6 de setembro de 1972. Arquivo Público do Estado de São Paulo.

Inauguração do Metrô, Linha Azul, início dos anos 1970. 





Exposição informativa sobre o funcionamento e as primeiras estações do Metrô Linha Azul no início dos anos 1970. 



Estação Ana Rosa. 

No início dos anos 1960, Prestes Maia voltou à prefeitura e Ademar de Barros, ao governo do estado, e criaram, em 13 de fevereiro de 1963, as comissões estadual e municipal para os estudos de criação do Metrô. Ademar destinou então quatro milhões de cruzeiros para o Metrô. 

O Brigadeiro Faria Lima assumiu a prefeitura da cidade em 1965 e tornou o projeto do metrô a meta de sua gestão. Em 31 de agosto de 1966, foi formado o Grupo Executivo do Metropolitano (GEM), que tinha como objetivo organizar nova concorrência internacional para um estudo de viabilidade econômico-financeira. Ao mesmo tempo, a câmara municipal aprovou a lei número 6 988, em 26 de dezembro de 1966, autorizando a criação da Companhia do Metropolitano de São Paulo. No ano seguinte, a concorrência internacional foi vencida pelo consórcio HMD (formado pelas empresas alemãs Hochtief e DeConsult e pela brasileira Montreal, que tinha entre seus acionistas o brigadeiro Eduardo Gomes[38]), que iniciou estudos geológicos e sociais, projetando uma rede básica de setenta quilômetros, dividida em quatro linhas: Norte–Sul (Santana ↔ Jabaquara), Nordeste–Noroeste (Casa Verde ↔ Vila Maria), Sudeste–Sudoeste (Jóquei Club ↔ Via Anchieta) e Paulista (Vila Madalena ↔ Paraíso); e mais dois ramais: Moema (Paraíso ↔ Moema) e Mooca (Pedro II ↔ Vila Bertioga). Essa rede tinha a previsão de estar pronta em 1978. No ano de 1968, enquanto o projeto do metrô avançava, o sistema de bondes de São Paulo, após anos de decadência, foi desativado no dia 27 de março. Em 24 de abril, foi criada pela prefeitura a Companhia do Metropolitano de São Paulo, que iniciaria as obras da linha Norte–Sul (Jabaquara ↔ Santana) em 14 de dezembro do mesmo ano. Porém, por seu alto custo, logo a Companhia do Metrô foi assumida pelo governo estadual em 1979, embora a prefeitura de São Paulo ainda possua ações.

A primeira viagem de trem foi realizada em 1972, entre as estações Jabaquara e Saúde. Em 14 de setembro de 1974, o trecho Jabaquara ↔ Vila Mariana começou a operar comercialmente e, em 1975, o projeto da Linha Norte–Sul foi concluído, ligando o Jabaquara a Santana, hoje denominada Linha 1–Azul. Depois, em 1979, começou a operar o primeiro trecho (Sé ↔ Brás) da Linha Leste–Oeste — hoje denominada Linha 3–Vermelha, concluída em 1988. No ano de 1991, foi concluído o primeiro trecho da Linha 2–Verde: Paraíso ↔ Consolação. Em 1998, após algumas extensões, a linha operava entre Ana Rosa e Vila Madalena, a maior extensão no trecho oeste da linha até o momento. Também naquele ano foi concluída a extensão norte da Linha 1 até o Tucuruvi, o que concluiu a linha, segundo os planos estabelecidos na época. Em 2002, foi inaugurado o trecho inicial da Linha 5–Lilás, predominantemente elevado, operando no trecho Largo Treze ↔ Capão Redondo.

Século XXI


Tatuzão chegando à atual estação AACD-Servidor da Linha 5-Lilás

Na década de 2000, a Linha 2 foi expandida gradualmente para o leste, tendo chegado à Estação Alto do Ipiranga em 2007, à Estação Sacomã em 30 de janeiro de 2010 e à Terminal Intermodal Vila Prudente em 21 de agosto do mesmo ano. Em 21 de setembro de 2010, foi adicionada à linha a Estação Tamanduateí. No dia 25 de maio, a Linha 4–Amarela havia sido inaugurada, embora ainda incompleta, com o início da operação de duas estações: Faria Lima ↔ Paulista. Ao longo do ano seguinte, foram inauguradas as estações Butantã e Pinheiros, além das integrações nas estações República e Luz, ampliando a Linha 4. A inauguração da primeira estação da extensão da Linha 5 na direção nordeste foi prevista para 2012, mas só aconteceria em fevereiro de 2014, com a abertura da Estação Adolfo Pinheiro.

Em abril de 2012, o governo estadual anunciou a contratação de uma consultoria para a implantação de três novas linhas na rede. Os estudos seriam feitos para as linhas 6–Laranja (da Estação São Joaquim à Estação Brasilândia e, em sua segunda fase, da Estação Cidade Líder à Estação São Joaquim e da Estação Bandeirantes à Estação Brasilândia), 18–Bronze (entre a Estação Tamanduateí e a Estação Estrada do Alvarenga, em São Bernardo do Campo) e 20 (ligando a Estação Lapa da CPTM à futura Estação Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo).

Em abril de 2019, a expansão da Linha 5-Lilás rumo à Chácara Klabin foi concluída, ligando-a às linhas 1 e 2 e aumentando sensivelmente seu movimento. Também nesse ano, o projeto da Linha 18-Bronze foi cancelado pelo Governo do Estado, sendo substituído por um futuro corredor expresso de ônibus, modelo BRT. Em 12 de outubro de 2023, um protesto de funcionários da empresa levou a paralisação das Linhas 1-Azul, 3-Vermelha e 15-Prata. A Linha 2-Verde continuou operando com velocidade reduzida e as Linhas 4-Amarela e 5-Lilás continuaram operando normalmente.[Textos e imagens da Wikipedia.

Estação Santa Cruz na região da Vila Mariana nos anos 170.  A rede subterrânea de trens metropolitanos, mais conhecida como "metrô" deu a cidade de São Paulo e novo ritmo demográfico acelerando a mobilidade e a interligação entre regiões e bairros. Essa nova movimentação de milhões de usuários seguia o ritmo do crescimento acelerado da Capital e municípios próximos que inicialmente funcionavam como periferia industrial e mais tarde se integrou definitivamente ao conjunto Grande São Paulo, imensa região metropolitana que logo ultrapassaria a casa do 20 milhões de habitantes. [Textos e imagens da Wikipedia]


Obras da Estação Saúde na avenida Jabaquara (acima )  nos anos 1970 na Avenida Jabaquara, ao centro, o trecho entre as ruas Pereira Stéfano e a avenida Miguel Estéfano.

A Praça da Sé no início da construção da Estação do Metrô 

O Metrô de São Paulo é responsável pela operação das Linhas 1-Azul (Jabaquara – Tucuruvi), 2-Verde (Vila Prudente – Vila Madalena), 3-Vermelha (Corinthians-Itaquera – Palmeiras-Barra Funda) e o Monotrilho da Linha 15-Prata (Vila Prudente – Jardim Colonial), somando 71,5 km de extensão e 63 estações. Pela rede administrada pelo Metrô, chegam a passar 4 milhões de passageiros diariamente. A Linha 4-Amarela é operada pela Via Quatro em regime de PPP desde 2010. Possui 12,8 km de extensão e 11 estações. A Linha 5-Lilás passou a ser operada em regime de concessão pela Via Mobilidade em 04 de agosto de 2018. Possui 20 km e 17 estações. Abaixo, a construção da Estação Sé, que anos mais tarde seria o principal ponto de interligação das demais linhas.

Estação Sé já concluída nos anos 70. Foi a principal da Linha Azul e depois, seguindo a ideia do Marco Zero da cidade, ela foi projetada para centralizar o cruzamento das demais linhas surgidas nas décadas seguintes.











Trem da Linha Amarela  e superlotação no Terminal Intermodal Palmeiras-Barra Funda.

Fonte: Relatório Integrado 2019 - Metrô


Estação Intermodal Corínthians -Itaquera.


Em 2017, a rede metroviária atingiu a marca de 1,3 bilhão de passageiros transportados, sendo que o Metrô de São Paulo foi responsável pelo transporte de 1,1 bilhão desses passageiros, destacando-se mundialmente pelos resultados obtidos na produção e na qualidade do serviço prestado no transporte público de passageiros sobre trilhos.


Trem da Linha Amarela


Monotrilho da Linha 15 do metrô. 
A Linha 15–Prata é uma linha de monotrilho. É a sexta linha do Metrô, com 24,6 quilômetros de extensão e dezessete estações previstos. Quando totalmente pronta, ligará os distritos do Ipiranga e Cidade Tiradentes, através dos bairros de Vila Prudente, Parque São Lucas, Sapopemba, São Mateus e Iguatemi, entre outros. Com custo total de 6,40 bilhões de reais, atenderá uma demanda estimada em 550 mil passageiros por dia e integrará os terminais de ônibus de Vila Prudente, Sapopemba, São Mateus e Cidade Tiradentes. O primeiro trecho, entre as estações Vila Prudente e Oratório, foi inaugurado em 30 de agosto de 2014. O trecho até a Estação Vila União foi inaugurado em 6 de abril de 2018, a Estação Jardim Planalto foi inaugurada em 26 de agosto de 2019, e, em 16 de dezembro de 2019, inaugurou-se o trecho até a Estação São Mateus, que foi aberto, completando a segunda fase da linha, e em 29 de dezembro de 2021 foi inaugurada a estação Jardim Colonial.[Textos e imagens da Wikipedia]

LINHA 17 OURO -  TREM MADE IN CHINA



80 toneladas e 50 funcionários: entenda o transporte do 1º trem da Linha 17 do Metrô.

Primeira composição do trecho chegará da China a São Paulo com operação especial; veja as etapas.

Uma operação de grandes proporções foi montada a partir da China para que o primeiro trem da Linha 17-Ouro chegue a São Paulo. O transporte a navio envolve ao menos 50 funcionários. Os cinco vagões da composição do monotrilho pesam aproximadamente 16 toneladas cada, totalizando 80 toneladas.
O trem foi entregue ao Metrô de São Paulo no dia 26 de abril de 2024 na cidade de Guang’an, na China, onde foi fabricado pela empresa BYD, e, na sequência, levado até o porto de Zhangjiagang, na região de Xangai. Com tripulação de 26 pessoas, o navio “Kong Que Song” tem cerca de 180 metros de comprimento e 27 metros de largura. O içamento dos vagões é feito por guindastes da própria embarcação.

Da China ao Pátio Água Espraiada. O trajeto marítimo vai passar pela Malásia, para abastecimento, e, já no Brasil, por Suape, no Pernambuco, e em Vitória, no Espírito Santo, antes de atracar no Porto de Santos. A estimativa é que o navio chegue no litoral paulista em meados de julho. O Metrô encomendou 14 unidades junto à BYD. As composições foram projetadas exclusivamente para atender ao projeto da Linha 17-Ouro do Metrô de São Paulo. Com 60 metros de extensão e capacidade para mais de 600 passageiros, o trem é equipado com sistema de ar-condicionado, iluminação LED, câmeras de vigilância e sistema de detecção e combate a incêndio. Os veículos contam com assentos prioritários e áreas para deficiente, sistema de comunicação audiovisual aos passageiros, com mapa de linha dinâmico e intercomunicador para contato ao Centro de Controle Operacional (CCO). Além disso, os carros dispõem de um sistema de bateria que garante autonomia de tração entre as estações.

Linha 17-Ouro. O Metrô retomou a construção da Linha 17-Ouro do monotrilho em setembro do ano passado e vem avançando nas obras com mais de mil pessoas envolvidas. A empresa já concluiu o lançamento de vigas, por içamento, da via de operação comercial, e há ainda atividades de fabricação das estruturas de ferro do Pátio Água Espraiada, além da montagem dos aparelhos de mudança de via no local. A meta é concluir a obra bruta até o final de 2025, permitindo o avanço da instalação de sistemas para a abertura da linha em 2026. O trajeto vai ligar o Aeroporto de Congonhas à estação Morumbi da Linha 9-Esmeralda.

Foto: divulgação GESP. Companhia do Metropolitano de São Paulo - Metrô. Brasil Engenharia



TERMINAIS RODOVIÁRIOS




Terminal rodoviário ou antiga Rodoviária da Luz-Glicério no início dos anos 1970, que absorvia praticamente todo o fluxo de passageiros vindos do interior paulista e também dos outros estados.  Com a inauguração da primeira linha e  das estações do Metrô,  esse ponto seria mudado para o Terminal Tietê, primeiro modelo modelo intermodal integrado. A Estação Jabaquara teve essa mesma função pioneira recebendo passageiros do litoral centro-sul. Essas instalações do Glicério seria transformada posteriormente num shopping especializado em modas. [Textos e imagens da Wikipedia]


No dia 25 de janeiro de 1961, a cidade ganhou “de presente” uma nova rodoviária. Esse empreendimento, que já não existe mais, foi chamado de Terminal Rodoviário Júlio Prestes, Rodoviária da Luz e Estação Rodoviária da Praça Júlio Prestes. A curiosidade? Era revestido de pastilhas coloridas, o que lhe concedia um visual único em uma capital que começava a ficar com “cinza para todo lado”.

A infraestrutura da rodoviária era capaz de atender 10 mil passageiros por dia e de abrigar 2.800 veículos. Além disso, o investimento para sua construção veio da iniciativa privada e soma era a de 250 milhões de cruzeiros. Importante dizer: para aquele aniversário de São Paulo, a rodoviária fora inaugurada de maneira parcial e contou com a presença do então prefeito, Adhemar de Barros.

Outra curiosidade do empreendimento é a de que ela foi erguida em 230 dias seguidos de trabalho em um terreno de 110 metros que ficava de frente para a Praça Júlio Prestes.  A estação tinha 10 plataformas de embarque de passageiros e uma de desembarque. No andar superior, restaurantes, bilheterias e cafés faziam parte da paisagem.

Com relação ao seu financiamento, havia a expectativa de que os empresários envolvidos na construção da rodoviária recuperassem seu dinheiro com propagandas, mais do que com o movimento de ônibus. O financiamento da rodoviária ficou a cargo de Carlos Caldeira Filho, Otavio Frias e Julio Brizzola.

O aluguel das plataformas, das bilheterias e dos espaços de convivência seriam boa parte da receita. Por outro lado, a prefeitura ficou de assinar contratos que garantiriam que cerca de 60% dos ônibus intermunicipais passassem por ali.

Contudo, a inauguração também trouxe problemas. Desde sua inauguração, surgiram protestos contra esse equipamento. Os moradores ao redor alegavam que esse tipo de negócio traria criminalidade, poluição e aumentaria o trânsito da região. O próprio Estadão, em editorial de inauguração do terminal, disse que:


“A estação rodoviária foi mal estudada quanto à sua localização. A praça Julio Prestes não apenas é pequena, como principalmente está rodeada de ruas estreitas e imprestáveis para oferecer ao tráfego um índice de vazão pelo menos razoável.”. Editorial Estadão de 25 de janeiro de 1961

A rodoviária teve vida curta. Em 1977 iniciou-se o processo de desativação, com ramais passando para o Terminal Jabaquara.  Em 1982, com a inauguração do Terminal Rodoviário do Tietê, o local seria desativado permanentemente. As ruas estreitas, o aumento nos furtos na região e a mudança de moradores para a Barra Funda e Higienópolis acabaram implodindo o terminal Rodoviário da Luz.

Alguns anos depois do fim da rodoviária, começou a funcionar no edifício um shopping conhecido como Fashion Center Luz. O terreno de 19 mil metros quadrados foi desapropriado em 2007 para construção do Complexo Cultural da Luz.

Entretanto, em 2015, após decisão do Tribunal de Justiça de SP, foi declarado nulo o contrato entre o Governo do Estado e o escritório de arquitetura suíço Herzog & de Meuron, autor do projeto do complexo, devido à modalidade de contratação escolhida em 2007: dispensa de licitação, tida como injustificada.

Referências: O Correio Paulistano de 25 de janeiro de


TERMINAL DO TIETÊ


Vista aérea do Terminal Rodoviário Tietê, na zona norte quando o terminal foi inaugurado em maio de 1982. #SPFotos

O Terminal Rodoviário Tietê (oficialmente Governador Carvalho Pinto) é um terminal rodoviário localizado na cidade de São Paulo, Brasil. Está localizado na zona norte da cidade na Avenida Cruzeiro do Sul, no bairro de Santana. O local também pode ser acessado facilmente pela Estação Portuguesa-Tietê da Linha 1 - Azul do Metrô de São Paulo. Trata-se do maior terminal rodoviário da América Latina e o segundo maior do mundo, superado apenas pelo Terminal Rodoviário de Nova Iorque.

Inaugurada em 1982, a Rodoviária do Tietê, como também é conhecida, contém 89 plataformas de embarque e desembarque numa área de 120 mil metros quadrados, atendendo em média cerca 90 mil usuários por dia. No local, são servidas linhas para diversos locais do país, atendendo 21 estados brasileiros e cinco países da América do Sul (Argentina, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai), sendo operadas por cerca de 60 empresas rodoviárias.

O terminal também possui uma linha especial que parte para o Aeroporto de Guarulhos e para o Aeroporto de Congonhas. A rodoviária conta com estacionamento, vias com acessibilidade a pessoas com deficiência, diversos pontos de alimentação, vários tipos de estabelecimentos comerciais, pontos de táxi, guarda-volumes, carregadores de bagagens, caixas eletrônicos de variados bancos, telefones públicos, tomadas para carregadores de aparelhos, correios, casa de câmbio, locadora de veículos, serviços públicos como a ARTESP e ANTT e despacho de encomendas.

Antecedentes. Com o grande crescimento econômico oriundo da industrialização que o estado de São Paulo sofreu principalmente a partir dos anos 30, a capital paulista passou a receber brasileiros de diversas partes do país devido ao êxodo rural, sobretudo da Região Nordeste. Nesta época, a cidade de São Paulo carecia muito de um sistema de transporte rodoviário para atender a alta demanda; os primeiros serviços de ônibus intermunicipais que atendiam a cidade surgiram na década de 1920, na época do então presidente do estado Washington Luís. As empresas que ofereciam essas viagens consistiam de uma estrutura extremamente básica, com algumas linhas destas saindo de diversos pontos do centro da cidade como Avenida Ipiranga, Avenida Cásper Líbero, Brás, Luz e Pinheiros. Os ônibus paravam na rua e os embarques e desembarques eram realizados ali mesmo, como se fossem linhas urbanas.

O antigo Terminal Rodoviário da Luz era o principal terminal rodoviário da cidade de São Paulo antes da construção do Tietê. Com rápido crescimento de sua demanda, o local foi ficando saturado rapidamente, havendo a necessidade de substituí-lo. Na década de 1950, o serviço de ônibus intermunicipais foi crescendo à medida que rodovias foram sendo pavimentadas e construídas em torno da capital (Anchieta em 1947, Anhanguera em 1948 e Dutra em 1951). Assim sendo, a prefeitura paulistana iniciou estudos para a construção de um terminal rodoviário unificado na cidade; após uma proposta de erguimento de uma estação rodoviária em pleno Parque da Luz ser descartada, foi aprovado um projeto de construção de um terminal na região central de São Paulo próximo a Estação Júlio Prestes, o projeto seguiu adiante mesmo recebendo desaprovação de parte dos paulistanos por conta do local escolhido para sua construção pois o local possuía um trafego intenso e as ruas do entorno eram pequenas para comportar veículos de grande porte em excesso.

O Terminal Rodoviário da Luz foi então construído durante a gestão do governador paulista Adhemar de Barros em parceira com os empresários Carlos Caldeira Filho e Octávio Frias de Oliveira com a Prefeitura de São Paulo. Inaugurada em 25 de janeiro de 1961, a Rodoviária da Luz, com cerca de dezenove mil metros quadrados, rapidamente foi ficando saturada, causando diversos transtornos para a região. Na época, os atrasos em algumas linhas chegavam a seis horas e os motoristas perdiam quase uma hora para deixar as plataformas do terminal e seguirem até a Marginal Tietê. Outro problema do terminal era que o mesmo não era adaptado para ônibus maiores.

Com a implantação do metrô em São Paulo no anos 1970, a prefeitura e o governo estadual iniciaram um projeto de descentralização das linhas rodoviárias do centro da capital, que seriam integradas ao novo sistema de transporte. Assim, a Rodoviária da Luz seria desativada e novos terminais seriam construídos e administrados pelo governo estadual. No dia 2 de maio de 1977, foi inaugurado o primeiro terminal deste plano: o Terminal Rodoviário Jabaquara, já integrado ao metrô pela estação homônima, passando a dar prioridade às linhas que ligavam a capital à Baixada Santista. Na mesma época, foi inaugurado o provisório Terminal Rodoviário do Glicério, para auxiliar no desembarque de linhas que vinham do Norte e do Nordeste do Brasil.


Construção e inauguração. A proposta de construção do Terminal Rodoviário do Tietê teve início em 1977, como parte do plano de descentralização das linhas rodoviárias do centro de São Paulo, onde a Rodoviária da Luz já se encontrava extremamente saturada. O projeto para erguer um novo terminal ao lado da já existente Estação Tietê do Metrô foi aprovado tanto pela Companhia do Metropolitano de São Paulo quanto pelos governos federal e estadual, sendo assinado pelo arquiteto Renato Viegas e pelo engenheiro Roberto Mac Fadden. Um fator que ajudou muito na aprovação do projeto foi o fato de sua localização: a rodoviária estaria localizada bem na Marginal Tietê, o que facilitaria bastante as chegadas dos ônibus e evitaria o trânsito destes na região central da cidade. As obras da nova estação rodoviária começaram em janeiro de 1979.


Após quatro anos de construção, o Terminal Tietê, oficialmente nomeado de Terminal Rodoviário Governador Carvalho Pinto, foi finalmente inaugurado durante a gestão do então governador paulista Paulo Maluf em 8 de maio de 1982 com 89 plataformas (72 de embarque e 17 de desembarque), tendo sua operação iniciada as três horas da manhã do dia seguinte com um Mercedes-Benz O-364 da extinta Viação Varzealegrense (proveniente do Nordeste) sendo o primeiro ônibus a adentrar nas plataformas do Tietê. Após sua inauguração, o antigo Terminal Rodoviário da Luz, que estava saturado, foi gradualmente deixando de ser utilizado, o que não demorou muito: aproximadamente um mês depois da inauguração do Tietê, o terminal da Luz já havia sido completamente desativado (sendo posteriormente usado como um pequeno centro comercial até ser finalmente demolido em 2010).

Rapidamente, a Rodoviária do Tietê foi ganhando alto fluxo de pessoas. O recorde de movimento registrado no local ocorreu na véspera do Natal de 1986, quando 110 mil pessoas saíram da capital paulista pelo terminal, por meio de 2.820 ônibus. O movimento foi 15% superior ao mesmo período de 1985.[5] Para evitar uma supersaturação (como o que ocorreu com a antiga Rodoviária da Luz), foi inaugurado no ano de 1989 o Terminal Rodoviário da Barra Funda, localizado na zona oeste da cidade.



Acima,  o Terminal rodoviário do Tietê e embaixo o Terminal Jabaquara, ambos integrados com as linhas e estações do Metrô. 



O Terminal Intermodal Palmeiras–Barra Funda, também conhecido como Terminal Barra Funda, ou apenas Estação Barra Funda, é o segundo intercambiador de transportes mais importante de São Paulo. Inaugurado em 17 de dezembro de 1988, fica localizado na Barra Funda e reúne num mesmo complexo terminal linhas de ônibus municipais, intermunicipais, interestaduais, internacionais e metropolitanos, trens e metrô.[Textos e imagens da Wikipedia]

Terminal Jabaquara da linha Azul do Metrô. 



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AVIAÇÃO, AVIADORES E AEROPORTOS 


SANTOS DUMONT


Alberto Santos Dumont (Palmira, 20 de julho de 1873 – Guarujá, 23 de julho de 1932) foi um aeronauta, esportista, autodidata e inventor brasileiro.Santos Dumont projetou, construiu e voou os primeiros balões dirigíveis com motor a gasolina. Esse mérito lhe é garantido internacionalmente pela conquista do Prêmio Deutsch em 1901, quando em um voo contornou a Torre Eiffel com o seu dirigível Nº 6, transformando-se em uma das pessoas mais famosas do mundo durante o século XX. Com a vitória no Prêmio Deutsch, ele também foi, portanto, o primeiro a cumprir um circuito pré-estabelecido sob testemunho oficial de especialistas, jornalistas e populares.

Santos Dumont também foi o primeiro a decolar a bordo de um avião impulsionado por um motor a gasolina. Em 23 de outubro de 1906, voou cerca de sessenta metros a uma altura de dois a três metros com o Oiseau de Proie (francês para "ave de rapina"), no Campo de Bagatelle, em Paris. Menos de um mês depois, em 12 de novembro, diante de uma multidão de testemunhas, percorreu 220 metros a uma altura de seis metros com o Oiseau de Proie III. Esses voos foram os primeiros homologados pelo Aeroclube da França de um aparelho mais pesado que o ar, e possivelmente a primeira demonstração pública de um veículo levantando voo por seus próprios meios, sem a necessidade de uma rampa para lançamento.

O título de responsável pelo primeiro voo num avião, atribuído por brasileiros a Santos Dumont, é disputado com outros pioneiros, nomeadamente os irmãos Wright. Na França, costuma-se atribuir o feito a Clément Ader, que teria efetuado o primeiro voo de um equipamento mais pesado que o ar, a aeronave a vapor Ader Éole, propulsionado por um motor a vapor de 20 CV e levantando voo pelos seus próprios meios em 9 de outubro de 1890, mas teve suas alegações refutadas pelo Ministério da Guerra do Exército Francês. Ao redor do mundo, pelo menos catorze nomes são citados como inventores do avião.

A Federação Aeronáutica Internacional (FAI), no entanto, considera que foram os irmãos Wright os primeiros a realizar um voo controlado, motorizado, num aparelho mais pesado do que o ar, por uma decolagem e subsequente voo ocorridos em 17 de dezembro de 1903 no Wright Flyer, já que os voos de Clément Ader foram realizados em segredo militar, vindo-se apenas a saber da sua existência muitos anos depois. Por outro lado, o 14-Bis de Dumont teve uma decolagem autopropulsada, reconhecida oficialmente por público e jornalistas, tendo sido a primeira atividade esportiva da aviação a ser homologada pela FAI.

Capa do jornal mais famoso da Belle Époque enfocando o vôo histórico do 14 BIS
Alpinismo, automobilismo e balonismo

O primeiro balão de Santos Dumont em 1898

Em 1891, com 18 anos, Santos Dumont fez uma viagem turística à Europa. Na Inglaterra passou alguns meses aperfeiçoando o seu inglês, e na França escalou o Monte Branco. Essa aventura, a quase 5 000 metros de altitude, acostumou-o a alturas elevadas. No ano seguinte, seu pai o emancipou no dia 12 de fevereiro de 1892, devido a seu acidente, aconselhando o jovem Alberto a focar nos estudos da mecânica, química e eletricidade.  Com isto Alberto largou a Escola de Engenharia de Minas de Ouro Preto e voltou à França onde ingressou no automobilismo e ciclismo. Também iniciou estudos técnico-científicos com um professor de origem espanhola chamado Garcia. Em 1894 viajou para os Estados Unidos, visitando Nova Iorque, Chicago e Boston. Nesse mesmo ano  ele chegou a estudar na Merchant Venturers’ Technical College, não chegando a graduar-se. Agenor Barbosa descreveu o Santos Dumont deste período como sendo um “Aluno pouco aplicado, ou melhor, nada estudioso para as ‘teorias’, mas de admirável talento prático e mecânico e, desde aí, revelando-se, em tudo, de gênio inventivo”, mas que depois foi descrito por Agnor como alguém focado na aviação desde quando os "…“motores a explosão” começaram a ter êxito."

Em 1897, já independente e herdeiro de imensa fortuna com a qual investiu no desenvolvimento de seus projetos, aplicou no mercado de ações e permitiu que trabalhasse sem prestar contas à nenhum investidor— contava 24 anos — Santos Dumont partiu para a França, onde contratou aeronautas profissionais que lhe ensinaram a arte da pilotagem dos balões após ler o livro "Andrée — Au Pôle Nord en ballon", sobre a Expedição polar de S. A. Andrée. No dia 23 de março de 1898 ele realizou sua primeira ascensão num balão da firma Lacham-bre & Macuhron pelo custo de 400 francos,]descrevendo que: “Eu nunca me esquecerei do genuíno prazer de minha primeira ascensão em balão”. Nesse ano, antes mesmo de ser conhecido como balonista, ele passou a ser citado pela mídia devido ao seu envolvimento no automobilismo.

No dia 30 de maio de 1898, realizou sua primeira ascensão noturna e no mês seguinte ele passou a trabalhar como comandante, levando um grupo de passageiros num balão alugado. Sabe-se que em 1900 ele já havia criado nove balões, dos quais dois se tornaram famosos: o Brazil e o Amérique.  O primeiro, estreado em 4 de julho de 1898 foi a menor das aeronaves até então construídas — inflado a hidrogênio, cubava apenas 113 metros num invólucro de seda de 6 metros de diâmetro, pesando 27,5 kg sem o tripulante fez mais de 200 voos. De acordo com o biografo Gondin da Fonseca, Dumont teria sido influenciado a criar seu primeiro balão após participar da corrida Paris-Amsterdam em seu triciclo, onde atravessou 110 quilômetros em duas horas, abandonando após um acidente. O segundo balão, Amérique, tinha 500 m³ de hidrogênio e 10 metros de diâmetro, sendo capaz de carregar alguns passageiros, mas sem controle. Com o segundo balão ele enfrentou de tempestades a acidentes. Em suas primeiras experiências ele foi premiado pelo Aeroclube da França pelo estudo das correntes atmosféricas, atingiu altas altitudes e chegou a ficar no ar por mais de 22 horas. Nesta época, Dumont já entendia a necessidade do investimento governamental no desenvolvimento da aviação e da importância da opinião pública estar a favor disso, algo anteriormente notado por Júlio César Ribeiro de Sousa.

A Princesa Isabel em Paris durante uma exibição de Santos Dumont. 


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O aviador brasileiro Santos Dumont junto ao Príncipe Roland Bonaparte, sobrinho-neto de Napoleão Bonaparte. Paris, início do século XX. Roland Napoléon Bonaparte, fotógrafo e botânico, foi o principal responsável pela efetivação do sucesso de Dumont na Europa, uma vez que durante a disputa pelo Prêmio Deutsch de la Meurthe, em 1901, Santos Dumont teve sua vitória negada pela banca avaliadora, devido a um pequeno atraso. Roland, que fazia parte do comitê, enfureceu-se com seus colegas e ameaçou entrar na justiça para que o brasileiro pudesse ser reconhecido como vencedor. Henri Deutsch de la Meurthe, o empresário que oferecia o prêmio, concordou com Bonaparte e o feito de Santos Dumont foi finalmente imortalizado. O objetivo do concurso era premiar o inventor da primeira máquina aérea capaz de realizar uma viagem de ida e volta do Parc de Saint-Cloud até a Torre Eiffel e retornar em menos de meia hora. O concurso era um incentivo ao desenvolvimento do transporte aéreo.O dinheiro recebido como prêmio foi dividido por Santos Dumont entre sua equipe de mecânicos e diversas famílias pobres de Paris.


EDÚ CHAVES



Eduardo Pacheco Chaves, conhecido como Edu Chaves, (São Paulo, 18 de julho de 1887 — 21 de junho de 1975) foi um aviador brasileiro, pioneiro nas ligações aéreas entre São Paulo e Santos, São Paulo e Rio de Janeiro e também entre o Rio e Buenos Aires.

Sua paixão pela aviação começou ainda na Inglaterra, onde estudava, ocasião em que conheceu Santos Dumont. Em julho de 1914, Edu Chaves entrou para a história ao realizar, sem escalas, o primeiro voo de São Paulo ao Rio de Janeiro. O voo levou 6 horas, em um motoplanador com motor de 80 cavalos e a uma velocidade máxima de 80 km/h.

Edu nasceu na capital paulista em 1887. Era filho de Elias Antônio Pacheco e Chaves e de Anésia da Silva Prado. Nasceu em um casarão da rua São Bento no centro da cidade e era filho de uma antiga família de cafeicultores. Fascinado pela aviação, Edu foi para a França com o propósito de tornar-se piloto. Em 28 de julho de 1911 adquiriu seu "brevê" de piloto da Federation Aeronautique Internacionale a bordo de um aparelho modelo Bleriot de 25 HP.

Ainda na França, foi o primeiro aviador a realizar voos noturnos. Foi o primeiro piloto brasileiro a voar nos céus do Brasil no dia 8 de março de 1912, na cidade de Santos. Neste período teve a oportunidade de voar em companhia do aviador francês Roland Garros na breve estadia deste no Brasil. Edu também foi pioneiro ao fundar a primeira escola de aviação do país em Guapira, onde empregou aviões trazidos da Europa.

Edu Chaves e Roberto Thierry_(1920)

O primeiro voo sem escalas

O dia de ontem assinalou mais um triunfo para a aviação no Brasil. Coube ainda uma vez a Edu Chaves realizar um "raid" sensacional, vindo de São Paulo ao Rio de Janeiro em 6 horas e meia, vencendo com admirável segurança um percurso de 450 quilômetros. O arrojado aviador paulista, nessa prova de resistência teve de vencer dificuldades que não chegaram para impedir a terminação do seu voo memorável, desta vez terminado com um absoluto sucesso, aterrando calmamente no campo de aviação da fazenda dos Afonsos. (...) Edu Chaves saiu do prado da Mooca em S. Paulo às 9,30 da manhã, tendo resolvido de surpresa renovar o "raid" que o tornara famoso, alguns anos atrás, quando uma falsa orientação do terreno o fez cair ao mar, nas proximidades de Mangaratiba. O aparelho de que se serviu Edu Chave foi um monoplano Bleriot, com um motor Gromo de 80 cavalos. O percurso realizado no "raid" de ontem foi de cerca de 450 km , vencidos em 6 horas e meia. Edu Chaves fez o voo à altura de 2000 metros, subindo a 3000 metros ao atravessar a Serra do Mar. A velocidade desenvolvida pelo Bleriot foi de cerca de 80 km/h. Foi uma verdadeira surpresa a chegada de Edu Chaves no campo de aviação da fazenda dos Afonsos. Recebido com efusivas demonstrações de aclamação, por Darioli, Nicola Santo, Kirk e outros aviadores presentes, Edu Chaves foi felicitado entusiasticamente pelo "raid" que realizara com um sucesso tão brilhante.
Em janeiro de 1921 voou do Rio de Janeiro a Buenos Aires.

Edu Chaves morreu na capital paulista, em 21 de junho de 1975, aos 87 anos. Em homenagem ao ilustre aviador, o aeroporto de Paranavaí, no Paraná, recebeu o nome de "Aeroporto Edu Chaves", assim como uma avenida e um bairro da cidade de São Paulo, que tem o nome de Parque Edu Chaves.

Edu Chaves e Santos Dumont numa cerimônia pública nos nos 1930. 


CUMBICA


Aeroporto Internacional de Guarulhos.  As obras para construção da primeira etapa do aeroporto, que consistia na pista com 3 000 metros de comprimento e um terminal capaz de atender 7,5 milhões de passageiros por ano, foram iniciadas em 11 de agosto de 1980, quando foi dada a ordem de serviço. O consórcio ganhador da licitação oferecida pela COPASP foi formado pelas empresas Camargo Corrêa e Constran. O prazo de dois anos e meio foi dado para conclusão das obras de terraplenagem, drenagem e pavimentação de pistas, pátios, vias de acesso e de serviço, mobilizando uma verba de Cr$ 4 602 233 537, cerca de 82,5 milhões de dólares. Uma série de atrasos na obra contribuiu para que a primeira fase demorasse o dobro de tempo previsto para ser concluída. Em agosto de 1984, a Infraero abriu centenas vagas de empregos no aeroporto. No 20 de janeiro de 1985, um Boeing 747-200 da Varig, procedente de Nova Iorque, pousou em Guarulhos, inaugurando oficialmente as operações do aeroporto e do primeiro terminal de passageiros.[Textos e imagens da Wikipedia]


CONGONHAS


Congonhas em 1939. 




Congonhas em 1956. 


Congonhas em 1959



Congonhas em 1968. 



Aeroporto de Congonhas. Em 1942, tem inicio estudos de melhorias do Aeroporto de São Paulo feitos a pedido da Diretoria da Viação. Em 1947, começam as obras da primeira grande reforma do aeroporto de São Paulo. Em 1949, as obras de prolongamento da pista principal para 1 865 metros foi concluída. Em 1951, as obras da torre de controle são terminadas. Em 1954, é inaugurado o pavilhão das autoridades e em 1955, o novo terminal de passageiros começou a funcionar. Em 1957, o Aeroporto de Congonhas passa a ser o terceiro do mundo em movimento de carga aérea, depois de Londres e Paris. Em 1959, a ala internacional é inaugurada e a ponte aérea Rio-São Paulo, acordo firmado entre as companhias Varig, Vasp e Cruzeiro do Sul que operavam os Convair 240, Scandia e Convair 340, respectivamente, na ligação aérea entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, começa a funcionar.
[Textos e imagens da Wikipedia]





Aeroporto de Congonhas (CGH, ou SBSP para os especialistas) , localizado nas coordenadas 23° 37' 34" S e 46° 39' 23" está no coração da zona sul de São Paulo, sendo o 2º aero mais movimentado do Brasil. Há quem diga que é um aero bem “executivo”, em função do grande número de passageiros que viajam a negócios entre São Paulo e outros grandes centros, como Rio de Janeiro e Brasília. Vários aviões e companhias marcaram a história de Congonhas. CGH foi hub (ponto estratégico) da Varig, Vasp, TransBrasil dentre diversas empresas aéreas. Aeronaves famosas brilhavam os olhos de quem acompanhava os serviços em Congonhas. Lembramos as operações do SAAB Scandia, Electra, DAC, Fokker, Embraer, A300, B727, e até dos primeiros Airbus 330 da antiga Tam que pousaram e, principalmente, decolaram em 1998 utilizando os 1.940m de pista. Arquivo Público do Estado



 Vista parcial do Aeroporto de Congonhas - Fundo Diários Associados 29.01.1976

 
Uso da ala internacional - Fundo Diários Associados 27.07.1977

Fotos da zona de aeroporto: a extensão gigantesca da zona sul - Fundo Diários Associados 23.06.1975


Aeroporto: divertimento popular - Fundo Diários Associados 11.08.1969

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A Ponte Aérea Rio-São Paulo, foi originalmente um acordo firmado em 5 de julho de 1959, pelas empresas Varig, Cruzeiro do Sul e VASP que ofereciam várias frequências diárias entre os aeroportos Santos Dumont no Rio de Janeiro e Congonhas em São Paulo. Originalmente, esses voos não eram regulares e muitas vezes saíam quase juntos, com um ou outro lotado ou vazio. A partir deste questão, as principais empresas aéreas do país na época, Varig, Vasp e Cruzeiro, assinaram um acordo e começaram a voar entre Rio e São Paulo com voos escalonados alternadamente a cada 60 minutos, com livre circulação dos passageiros entre as companhias. Com um bilhete embarcava-se na primeira aeronave disponível, independendo de qual empresa pertencia. [Textos e imagens da Wikipedia]

Passageiros no Aeroporto  Santos Dumont, no Rio,  aguardando embarque para São Paulo. Anos 1970. Foto: O Globo. 

 

CAMPO DE MARTE



Vista da torre do Aeroporto Campo de Marte e do PAMA-SP ao fundo, com um Beechcraft KingAir taxiando para o pátio do aeroporto. Idril86 

Aeroporto Campo de Marte (IATA: RTE, ICAO: SBMT) é um aeroporto brasileiro, localizado na zona norte da cidade de São Paulo, no bairro de Santana. Foi o primeiro terminal aeroportuário de São Paulo,sendo que hoje não conta mais com linhas comerciais regulares, predominando o tráfego de helicópteros e aviões de pequeno porte, a denominada aviação geral. Apresenta a maior frota de helicópteros do Brasil e sua infraestrutura permite que São Paulo abrigue a maior frota do mundo desse tipo de aeronave, tendo superado a de Nova York. É um aeroporto compartilhado, com parte da área física sob controle do Comando da Aeronáutica e outra sob a administração da Infraero, empresa pública federal brasileira subordinada à Secretaria de Aviação Civil - SAC.

História. As atividades operacionais do aeroporto foram iniciadas em 1929, sendo ele a primeira infraestrutura aeroportuária da cidade de São Paulo, quando foi construída a primeira pista para pousos e decolagens bem como um hangar da Força Pública. Durante a Revolução de 1932 o governo federal ordena às forças armadas o bombardeio aéreo do Campo de Marte. O Campo de Marte foi alvo de um ataque aéreo pesado, pois seus pilotos haviam sido convocados para integrar o Movimento Constitucionalista, juntamente com outros aviadores militares que haviam aderido à causa. Terminada a contenda, todos os aviões do Campo de Marte foram levados para o Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro. Além do ataque aéreo na Revolução de 1932 e a interdição do terminal aeroportuário em 1934 pelo então presidente Getúlio Vargas, houve uma grande enchente no local em 1929. Esses distúrbios induziram o início de estudos técnicos para a escolha de um local alternativo. O sítio escolhido foi Congonhas inaugurado em 1936, os bairros Brooklin e Indianópolis também foram cogitados na época.
Em 12 de novembro de 1933 houve uma cerimônia, na qual inauguraram-se voos para o interior paulista com a VASP, com duas rotas; uma para São José do Rio Preto com escala em São Carlos, e outra para Uberaba com escala em Ribeirão Preto, o que veio implementar em 1934, o Parque Aeronáutico, que ocupou uma boa parcela da área do Campo de Marte. No dia 26 de outubro de 1967 um grande incêndio destruiu o hangar Santos Dumont, que pertencia ao Aeroclube de São Paulo. Cerca de 26 aeronaves P-56 Paulistinha foram consumidas pelo fogo. O Aeroclube estimou o prejuízo em torno de 1 bilhão de cruzeiros velhos, o que nos dias de hoje seria algo equivalente a pouco mais de 3,2 milhões de reais.

Atualmente o aeroporto opera exclusivamente com aviação geral, executiva e táxi aéreo. Opera com o sistema de balizamento noturno, que permite operações da aviação executiva até as 22 horas. É o quinto do país — após Congonhas, Guarulhos, Brasília e Galeão — em maior movimento operacional. Sedia o Aeroclube de São Paulo, que foi inaugurado oficialmente em 8 de junho de 1931, uma das mais antigas escolas de aviação civil em funcionamento no país, conta também com a Associação dos Concessionários, Empresas Aeronáuticas Intervenientes e Usuários do Aeroporto Campo de Marte, onde listam integrantes e serviços prestados no mesmo. Além das atividades aeroportuárias e da escola de aviação, o Campo de Marte abriga o Serviço Aerotático da Polícia Civil e o Grupamento de Rádio Patrulha Aérea da Polícia Militar, sem contar órgãos da Força Aérea Brasileira, como a Subdiretoria de Abastecimento, o Centro de Logística da Aeronáutica, o Parque de Material Aeronáutico de São Paulo e o Hospital de Força Aérea de São Paulo (HFASP).

Helicóptero Águia 11, da Polícia Militar do Estado de São Paulo, deixando sua base no Aeroporto Campo de Marte.


VIRACOPOS

Saguão nos anos 1950

Pouso do Concorde em 1972



O Aeroporto Internacional de Viracopos teve sua construção iniciada na década de 1950 pelo governador Adhemar Pereira de Barros e foi inaugurado em 19 de outubro de 1960. Sua longa pista, com 3.240m x 45m, foi construída para receber com segurança os quadrimotores a jato de primeira geração: Comet, Vickers VC-10, Douglas DC-8, Convair 990 e o Boeing 707. Em 19 de outubro de 1960, através da Portaria Ministerial n.º 756, Viracopos foi elevado à categoria de Aeroporto Internacional e homologado para aeronaves a jato puro. Ao longo dos anos, várias reformas foram realizadas no aeroporto para que o pudesse acompanhar a evolução da aviação. A partir de 1978 a Infraero começou a administrar o Terminal de Cargas e, em 1980, recebeu do DAESP a administração geral do Aeroporto Internacional de Viracopos/Campinas. A vocação cargueira de Viracopos foi consolidada na década de 1990, quando o aeroporto despontou para o segmento de Carga Aérea Internacional. Sua infraestrutura foi ampliada, os processos de movimentação de carga e desembaraço aduaneiro foram modernizados, transformando o aeroporto em referência logística no cenário nacional.[Textos e imagens da Wikipedia]



BOVESPA -BOLSA DE VALORES DE SP


Edifício Palácio do Café (à direita da estátua), próximo ao Pátio do Colégio, uma das primeiras sedes da bolsa.Michell Zappa


Em 23 de agosto de 1890 foi fundada pelo presidente Emílio Rangel Pestana a Bolsa Livre, que seria o embrião da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A Bolsa Livre encerrou suas atividades em 1891, em decorrência da política do Encilhamento. Quatro anos depois, em 1895, foi aberta a Bolsa de Fundos Públicos de São Paulo, que deu continuidade à evolução do mercado de capitais brasileiro. No ano de 1934, instalou-se no Palácio do Café, localizado próximo ao Pátio do Colégio. No ano seguinte, seu nome foi alterado para Bolsa Oficial de Valores de São Paulo.

Até meados da década de 1960, a Bovespa e as demais bolsas brasileiras eram entidades oficiais corporativas, vinculadas às secretarias de finanças (atuais Secretarias da Fazenda estaduais). Eram 27 bolsas de valores em todo o Brasil, dos governos estaduais e compostas por corretores nomeados pelo poder público. Com as reformas do sistema financeiro nacional e do mercado de capitais que foram implementadas nos anos de 1965 e 1966, as bolsas assumiram a característica institucional, transformando-se em associações civis sem fins lucrativos, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial. A antiga figura individual do corretor de fundos públicos, que eram os corretores autônomos de confiança de cada investidor, foi substituída pela da sociedade corretora ou as atuais corretoras de valores, empresa constituída sob a forma de copiar a sociedade por ações nominativas ou por cotas de responsabilidade limitada. Em 1967, a entidade passou a ser denominada Bolsa de Valores de São Paulo.

Integração das bolsas nacionais e surgimento da Bovespa

Pregão de Bolsa meados do século XX.


Desde o início dos mercado de capitais no Brasil, durante a fase final do período colonial, a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro foi o grande mercado de ações do país. No entanto, a partir da década de 1970, em decorrência dos efeitos do Crash de 1971, começou a perder espaço gradativamente para a Bovespa. Em junho de 1971, tem início o segundo crash de maior impacto econômico interno da história do Brasil.

Em 2000, as duas bolsas comandaram a assinatura de um acordo de integração das nove bolsas de valores brasileiras. O documento estabelecia que as ações de companhias abertas e os títulos privados em geral seriam negociados na Bovespa, enquanto a BVRJ se encarregaria do mercado eletrônico de títulos da dívida pública, lançado em agosto daquele ano. No mesmo ano, as bolsas de valores de São Paulo (BOVESPA), do Rio de Janeiro (BVRJ), de Minas-Espírito Santo-Brasília (BOVMESB), do Extremo Sul (BVES), de Santos, da Bahia-Sergipe-Alagoas (BOVESBA), de Pernambuco e Paraíba (BOVAPP), do Paraná (BVPR) e a Regional (BVRg) foram integradas. Desde então a Bovespa passou a concentrar toda a negociação de ações do Brasil, e as bolsas regionais mantiveram as atividades de desenvolvimento do mercado e de prestação de serviços às suas praças locais.

A Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) foi a maior bolsa de comércio brasileira até a sua fusão com a Bovespa. Ela consistia em uma sociedade mercantil criada por empresas, corretoras de valores e bancos. Nela, diferentemente da Bovespa, não se negociavam ativos mercantis societários (ações). Em vez disso, eram negociados contratos de mercadorias (principalmente commodities) e derivativos, à vista ou para pagamento futuro. Localizava-se na cidade de São Paulo e operava principalmente com taxa de câmbio, taxa de juros, café, açúcar, soja, gado bovino, milho e ouro.

A Bolsa de Mercadorias de São Paulo (BMSP) foi criada por empresários paulistas, ligados à exportação, ao comércio e à agricultura, em 26 de outubro de 1917. Foi a primeira no Brasil a trabalhar com operações a termo (compra e venda sob condição de entrega futura). Alcançou com o tempo rica tradição na negociação de contratos agropecuários, particularmente café, boi gordo e algodão. Em julho de 1985, surge a Bolsa Mercantil de Futuros, que já utilizava a sigla BM&F. Seus pregões começam a funcionar em 31 de janeiro de 1986. Em pouco tempo, a bolsa conquista posição invejável entre suas congêneres, ao oferecer à negociação de produtos financeiros em diversas modalidades operacionais.
Em 9 de maio de 1991 as duas bolsas fecharam acordo para unir suas atividades operacionais, aliando a tradição de uma ao dinamismo da outra. Surgiu então a Bolsa de Mercadorias & Futuros, mantendo a sigla de Mercantil de Futuros. Em 30 de junho de 1997, ocorreu novo acordo operacional, agora com a Bolsa Brasileira de Futuros (BBF), fundada em 1983 e sediada na cidade do Rio de Janeiro, com o objetivo de fortalecer o mercado nacional de commodities, o que consolida a BM&F como o principal centro de negociação de derivativos do Mercosul.

Em abril de 2002, têm início as atividades de clearing de câmbio BM&F (operação de câmbio com compra e venda para pagamento das aquisições na BM&F) e a BM&F adquiriu da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia. Com isso passa a administrar os direitos de gestão e operacionalização das atividades da câmara de compensação e liquidação de operações com títulos públicos, títulos de renda fixa e ativos emitidos por instituições financeiras, e os títulos patrimoniais da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ) de seus titulares, bem como os direitos de administração e operacionalização do sistema de negociação de títulos públicos e outros ativos, conhecido como Sisbex. Em 12 de novembro do mesmo ano, a BM&F negociou acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e com a Central Clearing de Compensação e Liquidação, visando o fim das atividades de registro, compensação e liquidação de operações com títulos públicos e privados de renda fixa desenvolvidas por esta última e a sua consequente centralização das atividades na BM&F. Em consequência, no dia 14 de maio de 2004, foram iniciadas as operações da clearing de Ativos BM&F ampliando sua atuação, para se transformar na principal clearing da América Latina.

Em 29 de agosto de 2002, foi lançada a Bolsa Brasileira de Mercadorias, que reunia, além da BM&F, que lhe presta serviços de compensação e liquidação, as bolsas de mercadorias dos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul e da cidade de Uberlândia (MG), transformadas em Centrais Regionais de Operação, com o intuito de formar um grande mercado nacional para as commodities agropecuárias, com mecanismos modernos de formação de preços e sistema organizado de comercialização.

No dia 29 de janeiro de 2004, o Banco Central do Brasil emitiu resolução por meio da qual autorizou as bolsas de mercadorias e futuros a constituir bancos comerciais para atuar no desempenho de funções de liquidante e custodiante central, prestando serviços às bolsas e aos agentes econômicos responsáveis pelas operações nelas realizadas. Assim, a BM&F deu início ao processo de criação do Banco BM&F de Serviços de Liquidação e Custódia. Em 30 de novembro de 2007 a BM&F torna seu capital aberto, registrando um recorde na procura de seus papéis, negociados sob o código BMEF3.SA, com preço inicial de 20 reais por ação e lote padrão de 100 ações. O volume de negócios nos primeiros momentos de negociação foi tão grande que causou uma pane no sistema BOVESPA. Os primeiros negócios foram realizados no valor de 25 reais por ação.

Em 26 de março de 2008 a Bovespa anunciou oficialmente o início do processo de fusão com a BM&F. A Bolsa de Valores.

CETIP SA. A Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (CETIP S.A.) foi criada em 1984 como um braço operacional da Associação Nacional dos Dirigentes do Mercado Aberto (ANDIMA), sob a forma de sociedade civil brasileira, sem fins lucrativos. Iniciou suas operações em 1986, passando, desde então, a disponibilizar sistemas eletrônicos de custódia, registro de operações e liquidação financeira no mercado de títulos públicos e privados. Participou ativamente do desenvolvimento do mercado financeiro, em estreita ligação com o mercado e os órgãos de regulação, propondo, criando, viabilizando e operacionalizando soluções e sistemas para suporte das operações de seus participantes, desempenhou papel relevante no processo de privatização da empresas públicas e na concepção e operacionalização do Sistema de Pagamentos Brasileiro.Em 22 de março de 2017, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) aprovaram a fusão da CETIP com a BM&FBovespa. A empresa passou a ser a quinta maior bolsa de mercado de capitais e financeiro do mundo, com patrimônio de 13 bilhões de dólares.

O Novo Mercado da B3 é uma listagem de empresas que possuem práticas de governança corporativa diferenciadas, além das obrigações legais.A entrada de uma companhia no Novo Mercado implica na adesão de um conjunto de regras de "boas práticas de governança corporativa", presentes no Regulamento de Listagem do Novo Mercado, através da assinatura de um contrato. As empresas deste segmento de listagem podem emitir somente ações com direito de voto, conhecidas como ações ordinárias ou ON.

Sede da B3 no centro de São Paulo.



EMPRESAS PÚBLICAS PAULISTAS 


 VASP


McDonnell Douglas MD-11 da VASP nas proximidades do Aeroporto de Bruxelas em 1996.


A VASP (acrônimo de Viação Aérea São Paulo) foi uma companhia aérea comercial brasileira com sede na cidade de São Paulo, onde chegou a ser uma das maiores e mais importantes do país. A companhia deixou de operar em 2005 e teve sua falência decretada pela Justiça de SP em 2008. Fundada em 4 de novembro de 1933, no dia 12 de novembro de 1933 em uma cerimônia no Campo de Marte, foram inauguradas as duas primeiras linhas, que decolaram os dois primeiros voos comerciais da empresa, foram com bimotores Monospar ST-4 ingleses, de São Paulo a São José do Rio Preto com escala em São Carlos, e São Paulo a Uberaba com escala em Ribeirão Preto. Eles tinham capacidade para três passageiros e tiveram como madrinhas, a Dª Olívia Guedes Penteado que batizou o VASP-1 (denominado Bartholomeu de Gusmão) e a Dª Antonieta Caio Prado que batizou o VASP-2 (denominado Edu Chaves). Seu primeiro Presidente e um dos fundadores foi Heribaldo Siciliano
As condições precárias da infraestrutura aeroportuária dificultavam a operação. Nos primeiros meses de atividades, a VASP teve suas operações suspensas devido a fortes chuvas que inundaram o Campo de Marte, sendo retomadas em 16 de abril de 1934. Tais dificuldades foram decisivas para a empresa participar do desenvolvimento de aeroportos e campos de pouso no interior paulista. A empresa transferiu suas operações para o recém inaugurado Aeroporto de Congonhas, conhecido como "Campo da VASP". Em janeiro de 1935, a sua frágil saúde financeira fez com que a diretoria pedisse oficialmente ajuda ao Governo do Estado. A VASP foi estatizada e recebeu novo aporte de capital para a compra de dois Junkers Ju-52-3M. Em 1936 a VASP estabeleceu a primeira linha comercial entre São Paulo e Rio de Janeiro, e em 1937 recebeu seu terceiro Junkers. Em 1939 a VASP comprou a Aerolloyd Iguassu, pequena empresa de propriedade da Chá Matte Leão, que operava na região sul do país.

Tripulação da VASP nos anos 1960. Acervo do Comandante Célio Soret (primeiro à direita). Jornal Debate. 


Em 1949, o avião da VASP pousou no Aeroporto de Catanduva, inaugurando assim a sua linha de voos diretos para São Paulo, Santos e Rio de Janeiro, feitos no mesmo avião. O possante “Douglas”, em seu voo inaugural, trouxe a esta cidade para presidir o ato de abertura, o governador Adhemar de Barros, vários assessores, imprensa, além de Aderbal Ramos, governador de Santa Catarina, que se encontrava em São Paulo e foi convidado para acompanhar a comitiva. Em aqui chegando todos se dirigiram a Associação Comercial, Industrial e Agrícola, onde foi feita a recepção tendo feito uso da palavra o Dr. Ítalo Záccaro, que saudou o Governador, focalizando a importância do acontecimento que ele viera presidir, depois falou o governador de Santa Catarina que manifestou seu entusiasmo pela capacidade de trabalho do povo Paulista e depois o governador Adhemar de Barros falou da importância que tinha essa região no contexto Estadual, daí a inauguração da nova linha da VASP, pioneira da aviação comercial no país.

Embarque de gado da VASP Cargas. Publicado pelo jornal Debate. 


A VASP funcionou na cidade de Catanduva cerca de três anos, seu escritório era na Rua Pernambuco, 153 e seu agente era o Sr. Moacyr Lichti. Em 1962 foi a vez do Lloyd Aéreo ser comprado, ampliando ainda mais sua participação a nível nacional. No início da década de 1990, a VASP foi privatizada no governo de Orestes Quércia. Em 4 de setembro de 1990, o empresário Wagner Canhedo adquiriu 60% das ações da Vasp, em leilão no qual pagou o lance mínimo, US$ 43,7 milhões (Cr$ 3,3 bilhões, à época). Posteriormente, foram apontadas irregularidades no processo de privatização que levam a abertura de uma CPI pela Câmara dos Deputados. Seu novo presidente, Wagner Canhedo, iniciou uma agressiva expansão internacional: Ásia (Osaka no Japão e Seul na Coréia do Sul), Canadá (Toronto), Caribe (Aruba), Estados Unidos (Nova York, Los Angeles, São Francisco, Miami, e Orlando voos charters), Europa (Madri e Barcelona na Espanha, Frankfurt na Alemanha, Zurique na Suíça, Bruxelas na Bélgica, Atenas na Grécia) e até mesmo o Marrocos (Casablanca), entraram no mapa da empresa. Aumentou a frota, trazendo entre outros três DC-10-30 e depois nove MD-11. Criou o VASP Air System, após adquirir o controle acionário do Lloyd Aéreo Boliviano, Ecuatoriana de Aviación e da argentina Transportes Aéreos Neuquén. A empresa não conseguiu sustentar o crescimento. [Textos e imagens da Wikipedia]

Boeing 737-200 da VASP abandonado no Aeroporto Internacional de Viracopos/Campinas em 2007.





Jingle da VASP composto pelo violonista Theo de Barros, do Quarteto Novo, nos anos 1970.


BANESPA




Se existe um banco que está na memória de todos os paulistas este é, sem dúvida, o Banespa. Extinto em 2001, após ter sido privatizado e arrematado pelo espanhol Santander, o banco segue até hoje no imaginário paulistano graças a diversos fatores, como o seu icônico edifício que por longos anos foi o maior arranha-céu da América do Sul, seu outro prédio menor que ganhou o apelido de Banespinha, após sair das mãos dos Matarazzo e que hoje abriga a prefeitura de São Paulo. O Banespa também é lembrado pelo seu incrível clube localizado na zona sul da capital e pelo seu saudoso time de vôlei, tanto no masculino quanto no feminino. A história do Banespa, ou melhor, Banco do Estado de São Paulo, como é seu nome original, começou praticamente junto com o século 20, no distante ano de 1909 e, por incrível que pareça, majoritariamente estrangeiro, com uma injeção de 75% capital francês.
Naquela época ele ainda não tinha a nomenclatura que ficou conhecido por boa parte do século 20, sendo chamado de Banco de Crédito Hipotécário e Agrícola do Estado de São Paulo e seu principal objetivo era financiar a produção cafeeira dos fazendeiros paulistas. A empresa só seria nacionalizada em 1919, quando o Tesouro Estadual comprou a participação estrangeira, com a ajuda de um aporte do então poderoso Instituto do Café.

O banco permaneceria neste padrão e nome até o ano de 1926 quando através de assembleia tem sua denominação alterada para Banco do Estado de São Paulo, passando a valer a partir do início do ano seguinte. Nos próximos anos a instituição continuou em franco crescimento e relevância a ponto de se transformar em um dos principais bancos estatais brasileiros, rivalizando especialmente com bancos federais.


A ascensão do banco levou os dirigentes da instituição e do Governo Paulista a pensar em uma nova sede para abrigá-lo. Para este novo empreendimento a ideia foi erguer um edifício que deixasse evidente a pujança paulista e o grande desenvolvimento tanto da cidade como do restante do Estado na década de 1930. Assim, em 19 de setembro de 1939, era colocada a pedra fundamental que iniciaria a construção do Edifício Banco do Estado de São Paulo. Projetado originalmente por Plínio Botelho do Amaral ele seria afastado do projeto no decorrer da construção pois a diretoria do banco não estava animada com seu projeto arquitetônico e queria que o novo edifício tivesse uma maior semelhança com o Empire State Building de Nova York. Por isso a construtora paulista Camargo & Mesquita assume as obras em andamento, levando-a até sua conclusão.

O Banespa entraria em dificuldades financeiras em meados da década de 1980, acompanhando as crises que assolam o país e os sucessivos e malsucedidos planos econômicos. O banco chegou a receber intervenção federal em 1994, através do chamado RAET (Regime de Administração Especial Temporária). Para sanear as contas do banco e evitar sua quebra foi gasto naquela época R$45.5 bilhões. Anos mais tarde, em 1999, já federalizado o banco teve toda sua diretoria demitida pelo governo federal.

Em 20 de novembro de 2000, quase um século após seu surgimento, o Banespa é arrematado pelo grupo espanhol Santander em um processo que não foi tranquilo, seguido de protestos por parte de funcionários e até clientes, desgostosos com o baixo nível de qualidade e de atendimento do novo banco proprietário. Aos poucos o nome Banespa vai saindo de cena – chegou a ser chamado Santander Banespa – até que passa a ser apenas Santander.

Interiores do Edifício Altino Arantes


Curiosidades. Durante a Revolução Constitucionalista de 1932 o Estado de São Paulo, pressionado pelo Governo Federal, sofre uma grande escassez de dinheiro, razão que leva o banco paulista a emitir sua própria moeda (foto abaixo). Após o término da revolução o Banco do Brasil reconheceu o dinheiro local e ele é trocado com paridade. Atualmente o chamado “dinheiro paulista” tem grande valor entre os colecionadores. O Banespa foi o primeiro banco do país a aceitar uma mulher nos quadros funcionais. Em 1932 o Banespa admitiu Maria Eugênia Guimarães como funcionária efetiva e seu ingresso causou grande escândalo na sociedade paulistana. A bandeira tremulando no topo do edifício não é algo que acompanha o banco desde a inauguração do prédio. Esse costume surgiu após a reforma na fachada do edifício, ocorrida na década de 1970. Anteriormente o topo recebeu desde publicidade até antenas, sendo a mais famosa delas a antena da extinta TV Tupi. Outra curiosidade  é a respeito da bandeira a tremular no topo do edifício que é sempre a bandeira paulista. Em algumas ocasiões especiais o cerimonial troca a bandeira pela de São Paulo, em 25 de janeiro, aniversário da capital e em datas como 7 de setembro e 15 de novembro, respectivamente as datas da Independência do Brasil e Proclamação da República, ocasião que tremula a Bandeira do Brasil. O nome “Altino Arantes” não era oficial do prédio até meados da década de 1960. O novo batismo do edifício foi uma forma encontrada pela diretoria da instituição para homenagear aquele que além de ter sido governador de São Paulo de 1916 a 1920, foi também o primeiro presidente do banco. A nomeação trouxe um caso curioso na cidade, com dois grandes edifícios próximos compartilhando o mesmo nome (e curiosamente ambos ligados a bancos).Hoje São Paulo é uma metrópole com 12,33 milhões de habitantes o que faz da cidade uma das maiores do mundo. Na época da inauguração do edifício, em 1947, a população paulistana era de 2,2 milhões. Já parou para pensar como era a vista do mirante naquela época? As fotografias abaixo são do folder de inauguração do prédio e mostram as vistas respectivamente das regiões nordeste, sudoeste e sudeste da capital e arredores. São Paulo Antiga. 

Agência do Banespa (na época como uma marca em que estava nas mãos do Santander) em Avaré, no interior de São Paulo.

CAIXA ECONÔMICA ESTADUAL




A Nossa Caixa foi originário das Caixas Econômicas Paulistas, fundado em 30 de dezembro de 1916 e encerrado oficialmente em 30 de novembro de 2009, quando foi incorporado ao Banco do Brasil. Possuía 547 agências e cerca de 15.000 funcionários. 

Em 1916 a economia cafeeira sofria com um grande corte das exportações para a Europa, principal mercado do país, em função da Primeira Guerra Mundial. A recessão provocada pelo conflito ajudou a agitar ainda mais os cenários social, político e, sobretudo, econômico. A instabilidade econômica fez com que os gastos da população fosse efetuados com parcimônia, com a prioridade passando a ser a formação de pecúlios. Neste contexto, o momento era ideal para a criação das caixas econômicas paulistas, uma iniciativa que não obteve sucesso em governos anteriores. Em 1892, o presidente do estado Bernardino de Campos sancionou a Lei nº 117, autorizando a fundação de Caixas Econômicas. No entanto, por ser considerada anacrônica, foi posteriormente revogada pela Assembleia Legislativa.


Caderneta de Poupança, emitida em 1971, pela então Caixa Econômica do Estado de São Paulo.


Em 30 de dezembro de 1916, o presidente do estado, Altino Arantes, promulgou a Lei nº 1.544, do Congresso Legislativo, criando as Caixas Econômicas na Capital, além de Santos, Campinas e Ribeirão Preto. Elas foram destinadas a receber pequenos depósitos e estimular a formação de pecúlios populares. O Decreto nº 2.765, de 1917, regulamentou a lei. Em 22 de março de 1917, a Caixa Econômica do Estado, na Capital, precisamente na rua Floriano Peixoto, iniciou suas atividades com um depósito no valor de um conto de réis, efetuado pelo filho de Arantes, o estudante Paulo Francisco.

Ainda em 1917, após o estabelecimento de sua sede, o banco inaugurou outras três unidades: em Santos (2 de maio), em Campinas (2 de junho) e em Ribeirão Preto (30 de junho). Todas contavam com autonomia administrativa, mas estavam submetidas às diretrizes da Secretaria da Fazenda. Nos anos seguintes, suas atividades se ampliaram rapidamente. Em meados da década de 1920, já acumulava depósitos em quantia semelhante a da Caixa Econômica Federal. O banco então iniciou um processo de interiorização, fundando agências em diversas cidades do interior paulista. Se no final de 1917 detinha 56 agências, em 1939 este número mais que triplicou, crescendo para 198. Em 1938, contava com quase 100.000 cadernetas de depósitos. No ano 1951, o governo estadual decidiu reunir todas as agências em uma autarquia, que foi denominada Caixa Econômica do Estado de São Paulo.

Em 1956, a sede da instituição foi transferida para o edifício Altino Arantes. Em 1974, deixou de ser autarquia para se transformar em empresa de sociedade anônima. Em 1990, mudou novamente de status, passando a se tornar um banco múltiplo, o que lhe possibilitou diversificar suas ações. Também recebeu um novo nome: Nossa Caixa Nosso Banco S/A. Em 2000, assumiu a posição de banco oficial do Estado com a privatização do Banespa, mudando novamente de nome, para Banco Nossa Caixa S/A.No ano seguinte, o governador Geraldo Alckmin sancionou a Lei nº 10.853, autorizando o estado a vender até 49% das ações do banco. Converteu-se, assim, em uma companhia de economia mista, expandindo suas agências para outros estados. Em 2005, transformou-se em uma instituição de capital aberto, juntando-se à Bovespa (atual B3). Em 2007, o Nossa Caixa começou a pagar toda a folha de pagamento estadual. Na época, era terceiro maior banco público brasileiro, com 5,4 milhões de clientes e com agências em todas as cidades de São Paulo.

Protesto de sindicalistas contra a incorporação da Nossa Caixa ao Banco do Brasil. 


Incorporação ao Banco do Brasil. Em novembro de 2008, o Banco do Brasil informou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à Bolsa de Valores de São Paulo a aquisição do Nossa Caixa, ao custo de R$ 5,38 bilhões. A incorporação levou o Banco do Brasil a liderar o mercado no estado de São Paulo, onde anteriormente ocupava a quarta colocação. Para que o negócio fosse concretizado, foi necessária a autorização do Governo do Estado, que detinha diretamente 71,25% das ações ordinárias, e a autorização da Assembleia Legislativa. A Nossa Caixa era o último grande banco estadual ainda não privatizado.


TELESP

O governador Laudo Natel  em cerimônia de lançamento do sistema DDD no início dos anos 1970. 

Telecomunicações de São Paulo (TELESP) foi a empresa operadora de telefonia do sistema Telebras no estado de São Paulo, sucessora da CTB e da COTESP, permanecendo em atividade de maio de 1973 até o processo de privatização em julho de 1998. Dos atuais 645 municípios do estado de São Paulo a Telesp só não operava em 43 municípios, atendidos pelas empresas CTBC Borda do Campo, CTBC Brasil Central e CETERP. A partir de janeiro de 1974 inicia-se o processo de transferência das cidades do Alto Tietê para a área de operação da CTBC a fim de racionalizar o sistema interurbano e acelerar a integração operacional na Grande São Paulo.  Dessa forma as operações dos serviços telefônicos de Ferraz de Vasconcelos, Poá, Itaquaquecetuba e Guararema (antiga concessão CTB), Arujá, Biritiba Mirim, Igaratá, Salesópolis, Santa Branca e Santa Isabel (antiga concessão COTESP), e Jacareí (antiga concessão Telefônica Jacareí) foram transferidas da Telesp para a CTBC. Em 1975 Cubatão passa a ser atendida pela Telesp pela conveniência de uma solução técnica global para a Baixada Santista, e em setembro de 1979 as operações dos serviços telefônicos de Jacareí, Santa Branca e Salesópolis retornaram à Telesp por razões de facilidades operacionais,sendo que na década de 90 Salesópolis volta a ser atendida em definitivo pela CTBC. As seis gerências regionais eram a São Paulo Leste (OL) e a São Paulo Oeste (OW), criadas em 1979 através da divisão da regional com sede em São Paulo, a Centro-Sul (OA) criada em 1976 com sede em Campinas, a Centro-Oeste (OB) criada em 1977 com sede em Bauru, a Norte (OT) criada em 1978 com sede em São José do Rio Preto e a Sudeste (OS) criada em 1979 com sede em Santos. Até o ano de 1992 sua área de operação abrangia um total de 532 cidades. Após a criação de novos municípios a área de operação passou a ser de 583 cidades em 1993 e de 602 cidades em 1997.

Morte do Orelhão: comercial de 1980, da antiga DPZ, para a Telesp. Combate ao vandalismo.


ORELHÕES. No início os telefones públicos disponibilizados pela Telesp eram somente os orelhões amarelos (equipados com aparelhos telefônicos na cor vermelha que funcionavam com fichas telefônicas locais), utilizados para a realização de chamadas locais ou interurbanas para cidades e localidades da mesma área de tarifação. Esses orelhões começaram a ser instalados em 1972 pela CTB.
Em 1975 surgem os orelhões azuis (equipados com aparelhos telefônicos na cor azul que funcionavam com fichas telefônicas DDD), utilizados para a realização de chamadas interurbanas diretas para todas as cidades e localidades já integradas ao sistema DDD, ou com o auxílio da telefonista para as demais.
Haviam também os telefones semipúblicos, que instalados em estabelecimentos credenciados como bares, restaurantes, hotéis e padarias, funcionavam como telefone público e como telefone comum, graças a uma chave seletora no aparelho. Nos bairros periféricos das grandes cidades, assim como em bairros rurais que não dispunham de telefonia, haviam os chamados vilafones, aparelhos que faziam e recebiam chamadas locais e interurbanas, instalados em estabelecimentos comerciais de fácil acesso ao público. Para atender as populações de baixa renda a Telesp iniciou em 1981 a instalação de orelhões em conjuntos habitacionais. Também em 1981 começaram a ser instalados os primeiros telefones públicos para deficientes físicos. O primeiro orelhão comunitário, telefone público que fazia e recebia chamadas, foi instalado em agosto de 1982 na favela de Vila Prudente. Posteriormente muitos orelhões começaram a ser substituídos por cabines de concreto e vidro temperado incolor. As cabines foram testadas inicialmente nas cidades de São Paulo, Santos, Guarujá, São Vicente e Campinas, e depois instaladas por todo o estado, mas não tiveram boa aceitação.Já as fichas telefônicas utilizadas nos telefones públicos começaram a ser substituídas pelos cartões telefônicos a partir de 1993.




LISTAS . As listas telefônicas, instrumentos integrantes da exploração do serviço telefônico, tinham por objetivo proporcionar informações sobre os assinantes do serviço público de telefonia. Sua edição e comercialização eram de exclusiva responsabilidade da operadora do serviço de telecomunicações e, caso necessário, esta poderia contratar serviços de terceiros. Obrigatoriamente elas deveriam conter lista de assinantes e classificada, e facultativamente lista de endereços das principais cidades abrangidas, sendo a abrangência determinada pela operadora. As listas telefônicas oficiais da cidade de São Paulo eram publicadas pela Editora de Guias LTB desde a época em que ainda era atendida pela Companhia Telefônica Brasileira, sendo elas a Lista Telefônica Assinantes e a Páginas Amarelas.

Plano de expansão Telesp (década de 70). Na política do governo brasileiro de expansão do sistema telefônico os usuários antecipavam recursos financeiros para financiá-lo, através do esquema de autofinanciamento das linhas telefônicas, adotado em 1967 e que foi único em todo o mundo. Assim, o usuário recebia ações da empresa concessionária do serviço público de telecomunicações, ou seja, ele não estava apenas adquirindo a linha, mas também se tornando acionista da companhia. Esse era o processo de expansão das empresas de telefonia: elas aumentavam o capital emitindo ações que eram compradas pelos interessados em ter um telefone. Depois, o dinheiro era usado para ampliar a rede de telefonia e instalar as linhas compradas. Entre a venda do plano de expansão e a instalação da linha o processo podia demorar dois anos ou mais. Aqueles que adquiriram planos de expansão de janeiro de 1973 a dezembro de 1974 e de janeiro de 1996 a junho de 1997 se tornaram acionistas da Telesp, enquanto aqueles que adquiriram planos de expansão de janeiro de 1975 a dezembro de 1995 se tornaram acionistas da Telebras.


Frota de operação técnica de rua  


DDD-DDI. Em 1969 o sistema de Discagem Direta à Distância (DDD) começou a ser implantado em todo o país. A partir de maio de 1973 a Telesp começou a implantar em conjunto com a Embratel o sistema DDD nas cidades em que operava. No início da implantação várias cidades receberam primeiramente o DDD de entrada, ou seja, somente recebiam chamadas interurbanas via DDD de outras cidades mas não podiam fazer as ligações por DDD, estas tinham que ser via telefonista. Posteriormente é que receberam o DDD de saída, passando também a realizar chamadas interurbanas via DDD para outras cidades através de sua central telefônica, sem necessidade da telefonista. Mas a grande maioria das cidades recebeu de uma vez o sistema completo de entrada e saída. Quando a Telesp iniciou as operações o DDD havia sido implantado somente em São Paulo, nos anos de 1969 (entrada) e de 1970/1971 (saída), com a inauguração oficial em julho de 1970 transmitida ao vivo para o país pela TV Tupi, Santos, Cubatão e Guarujá (maio de 1971-entrada) e Presidente Prudente (junho de 1972).


O governador Laudo Natel em visita a um central da Telesp no Campo Belo nos anos 1970.


COMPANHIA SIDERÚRGICA PAULISTA-COSIPA




A Companhia Siderúrgica Paulista (COSIPA), também conhecida como Usina José Bonifácio de Andrade e Silva, localiza-se no município paulista de Cubatão no litoral do Estado de São Paulo, no Brasil. Possui 12 milhões de metros quadrados, incluindo um porto privativo alfandegado e que pode operar 12 milhões de toneladas/ano, e um complexo ferroviário com capacidade de atender 4 milhões de toneladas/ano. A empresa conta com cerca de 5.500 empregados, dos quais 5.300 trabalhando na Usina de Cubatão. A empresa produz aços planos não-revestidos, (placas, chapas grossas, laminados a quente e a frio), que atendem segmentos estratégicos da economia, como o automobilístico, ferroviário, automotivo, naval, de construção civil, agrícola, de embalagens, mecânico, eletroeletrônico, de utilidades domésticas, máquinas, equipamentos e de distribuição.

A COSIPA foi fundada em 1953, um sonho de empreendedores paulistas, dentre eles, Martinho Prado Uchoa, Plínio de Queiroz, Alcides da Costa Vidigal e Herbert Levi. Após mais de dez anos em fase de preparação e projeto, a Usina foi inaugurada em 18 de dezembro de 1963 pelo presidente João Goulart. Em 1966, transformou-se em uma usina siderúrgica integrada a coque.


Conversor da aciaria nº 2. Foto: Cosipa, cerca de 1990

Em setembro de 1973, foi criada a holding Siderbrás para controlar e coordenar a produção de aço no Brasil. A companhia recebeu a transferência da participação acionária do BNDES em várias empresas do setor, controlando inicialmente sete empresasː CSN, Usiminas, Cosipa, Cofavi, Cosim, Usiba e Piratini. Após dois grandes planos de expansão nos anos 70 e 80 e com muitos problemas oriundos da recessão e deficiências administrativas impostas por sucessivas diretorias indicadas pelo Governo, a COSIPA entrou os anos 90 com os resultados mais negativos das siderúrgicas brasileiras.

Greve dos funcionários da Cosipa na década de 1980.


A partir de 1993, entretanto, a COSIPA deixa de ser uma empresa estatal. Em 20 de agosto desse ano, a empresa é privatizada, através de um leilão na Bolsa de Valores do Estado de São Paulo (atual B3), passando a ser controlada por um grupo de investidores, liderados pela Usiminas. A data da privatização foi o início de uma nova era de objetivos e conquistas, atingidas ano após ano.

A renovação de seu parque industrial, finalizada em 2001, fez com que a COSIPA passasse a operar com capacidade máxima, ou seja, produzir 4,5 milhões de toneladas/ano de aço líquido e conseguiu equacionar os seus problemas ambientais. Estes dois objetivos foram consolidados através de um plano de investimento de R$ 1,1 bilhão nos equipamentos da Usina de Cubatão, sendo R$ 240 milhões destinados somente a equipamentos de controle ambiental.

Instalações da Cosipa em Cubatão. Foto: Cosipa, cerca de 1990


A partir de meados de 2005, formalmente integrada ao Sistema Usiminas, mantém uma sequência de excelentes resultados financeiros e em todos os demais indicadores empresariais. Bastante integrada à comunidade da Baixada Santista, um dos desafios iniciais no período pós-privatização, a COSIPA se prepara para atingir 5 milhões de toneladas de aço líquido anuais com uma nova Máquina de Lingotamento 4, Conversor 7, linha de Laminação a Quente, a modernização da Máquina de Lingotamento Contínuo 3 e a reforma do Alto Forno 1.

Em março de 2009 teve seu nome alterado para Usiminas, bem como as demais empresas desse grupo.

Em outubro de 2015, sob o contexto da crise econômico/financeira que atingia o país, foi anunciado o encerramento das atividades de produção de aço, provocando milhares de demissões e com reflexos na economia da cidade de Cubatão e da baixada santista, entretanto a usina não foi desativada. As desativações atingiram a metalurgia primária e os equipamentos e atividades a ela relacionados: pátios de minérios, coqueria, sinterização, altos fornos e aciaria. Desativado também o laminador de chapas grossas. Foram mantidas as linhas de laminação a quente e de laminação a frio, sendo que o laminador de tiras a quente é um dos mais modernos do mundo.

Complexo Portuário da Cosipa em Cubatão. Foto: Cosipa, cerca de 1990


CENTRAIS ELÉTRICAS SÃO PAULO-CESP


Usina Sergio- e o Reservatório de Porto Primavera formado pelo represamento do Rio Paraná.  


Companhia Energética de São Paulo (CESP) foi uma empresa estatal de de energia elétrica do Estado de São Paulo, que possuiu três usinas hidrelétricas integradas ao Sistema Interligado Nacional (SIN), atuando nos segmentos de geração, transmissão e distribuição de energia. Desde a década de 40, o setor elétrico do estado de São Paulo era servido por empresas privadas, como a Light e a Companhia Paulista de Força e Luz. No entanto, o setor privado não estava conseguindo atender à crescente demanda por energia, resultante do desenvolvimento industrial. A dificuldades de abastecimento elétrico e de investimentos, bem como o esgotamento dos potenciais hidrelétricos de investimento da Light, demandaram a necessidade da intervenção do Estado de forma a garantir a continuidade do serviço vital para o desenvolvimento econômico do estado.

Origens. Em 1948, foi criado o Conselho Estadual de Energia Elétrica. A Lei nº 1.350 de 12 de dezembro de 1951 criou o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica). Em 1952, foi desenvolvido o Plano Básico de Eletrificação do Estado, que deu origem às primeiras usinas e empresas do Governo Estadual (USELPA – Salto Grande e CHERP – Euclides da Cunha – Limoeiro). As empresas era de capital misto, com capital público e privado. A CESP foi inicialmente constituída pelo governo de São Paulo, em 5 de dezembro de 1966, pela fusão de onze empresas de energia elétrica que atuavam isoladamente, a fim de centralizar o planejamento e racionalização dos recursos do estado de São Paulo no setor energético, recebendo o nome de Centrais Elétricas do Estado de São Paulo (CESP).
As onze empresas fusionadas, das quais cinco eram empresas de economia mista com participação majoritária do governo estadual, eram: Usinas Elétricas do Paranapanema (Uselpa), Companhia Hidroelétrica do Rio Pardo (Cherp), que detinha o controle acionário de: Central Elétrica de Rio Claro (Sacerc) e de suas associadas; Empresa Melhoramentos de Mogi Guaçu; Companhia Luz e Força de Jacutinga e Empresa Luz e Força de Mogi Mirim; Centrais Elétricas de Urubupungá (Celusa);
Bandeirante de Eletricidade (Belsa), que controlava: Companhia Luz e Força de Tatuí e Empresa Luz e Força Elétrica de Tietê; Companhia Melhoramentos de Paraibuna (Comepa).

A CESP, a partir de sua criação, passou a ser a maior empresa de geração de energia elétrica brasileira.
Em 1975, a CPFL teve o controle acionário repassado à CESP. Em 1984, o controle acionário da Comgás passa para a CESP. A CESP chegou a ter uma participação de quase 30% na capacidade instalada e de geração no País. No fim da década de 1980, o parque gerador da CESP era o maior do país, com uma soma de potencial instalado de 8.649.080 kW.

Primeira alteração. Em 27 de outubro de 1977, a razão social da CESP foi alterada para Companhia Energética de São Paulo. Com isso, procurava-se ampliar a atuação da empresa, abrindo espaço para o desenvolvimento de outras formas de energia que não somente a hidrelétrica. Assim teve início o estudo de fontes alternativas de energia, como o hidrogênio e o metanol. Passou, então, a ser uma empresa reconhecida mundialmente em função de sua tecnologia desenvolvida nas áreas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Os trabalhos desenvolvidos na área de meio ambiente e hidrovia foram pioneiros no setor elétrico brasileiro, e serviram de referência ao setor.

UH Porto Primavera. Em 1980, durante o governo de Paulo Maluf, iniciou-se a construção da Usina hidrelétrica Porto Primavera nos municípios de Rosana (paulista) e Bataiporã (sul-matogrossense).  A região inundada pelo lago, em sua maior parte no estado de Mato Grosso do Sul, tratava-se da maior e melhor reserva de argila da América do Sul, era um importante sítio arqueológico e abrigava quase duas mil famílias ribeirinhas. Também se tratava de um dos ecossistemas de maior biodiversidade do Brasil e do mundo, com características semelhantes às do Pantanal, abrigando dezenas de espécies animais e vegetais em extinção. Por esses e outros motivos, várias ações judiciais passaram a ser movidas contra a CESP.

Privatização. O governo do estado de São Paulo promoveu, a partir de 1996, o processo de privatização de seu setor energético com a lei estadual número 9.361/96 e a coordenação pelo Conselho Diretor do Programa Estadual de Desestatização (PED). Em 5 de novembro de 1997, foram vendidas 60,7 % das ações ordinárias da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), controlada pela CESP desde 1975.

Em 1 de junho de 1998 foi criada a Elektro - Eletricidade e Serviços, subsidiária da CESP. Reunia a distribuição de energia elétrica, com um milhão de clientes distribuídos por duzentos e vinte oito municípios nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Sua privatização ocorreu em 16 de julho de 1998, com a venda de 90% das ações ordinárias em leilão na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Em abril do ano seguinte, a CESP passou por uma cisão parcial. Foram criadas duas empresas de geração e uma de transmissão de energia elétrica. A empresa de transmissão, chamada de Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista, permaneceu sob controle do governo até junho de 2006, quando foi vendida por R$ 1,193 bilhão para o grupo ISA (Interconexión Eléctrica S/A Esp), da Colômbia, com um ágio de 57,89% sobre o preço mínimo de R$ 755,6 milhões. Duas empresas de geração foram privatizadas: a Companhia de Geração de Energia Elétrica Paranapanema, cujo leilão na Bovespa ocorreu em 28 de julho de 1999, e a Companhia de Geração de Energia Elétrica Tietê, privatizada em 27 de outubro de 1999. A CESP continuou com o controle das usinas hidrelétricas.

A CESP também terminou sua participação na Companhia de Gás de São Paulo (Comgás) e vendeu os 61,9 % que tinha do capital social daquela empresa em leilão na Bovespa, em 14 de abril de 1999. O governo do estado de São Paulo decidiu em 15 de maio de 2001 adiar a realização do leilão de venda de ações do capital social da CESP, que seria realizado em 16 de maio do mesmo ano. O adiamento decorreu por motivos alheios à vontade do governo do estado, relacionados à indefinição quanto às medidas de contenção do consumo de energia elétrica, que ainda não haviam sido anunciadas pelo Governo Federal e que poderiam influenciar significativamente o comportamento do mercado em geral.
Foi marcado novo leilão de privatização para 26 de março de 2008 porém esse leilão fracassou, pois nenhum dos concorrentes fez o depósito das garantias exigidas.

No dia 19 de outubro de 2018, após quatro tentativas frustradas de privatização, o consórcio São Paulo Energia, formado entre as empresas Votorantim Energia e o Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB), arrematou o controle acionário do governo paulista na CESP, pelo valor de R$ 1,7 bilhão. Adicionalmente, o consórcio deverá pagar R$ 1,397 bilhão de outorga pela renovação antecipada da concessão da Usina Engenheiro Sérgio Motta (Porto Primavera), por 30 anos, até 2048. O atual contrato de concessão com o governo federal vence em 2028 Em 28 de março de 2022, a CESP foi incorporada pela VTRM Energia, joint venture da Votorantim Energia e do CPPIB, e a nova empresa resultante da fusão passou a se chamar Auren Energia.

COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ -CPFL




A CPFL foi fundada por José Balbino de Siqueira e Manfredo Antônio da Costa, dois engenheiros da Escola Politécnica de São Paulo que, acreditando no potencial de um país que começava a se industrializar e ganhar contornos urbanos, foram os grandes responsáveis por consolidar as empresas que forneciam energia para as cidades de Botucatu, São Manuel e Dois Córregos. Nascia assim em 16 de novembro de 1912 a Companhia Paulista de Força e Luz, a partir da fusão de quatro companhias (Empresa Força e Luz de Botucatu, Empresa Força e Luz de São Manoel, Empresa Força e Luz de Agudos-Pederneiras e Companhia Elétrica do Oeste de São Paulo). Em 1927, a empresa passou do controle privado nacional ao controle estrangeiro através da venda à empresa American & Foreign Power, pertencente a uma subsidiária da General Electric, permanecendo sob seu controle até 1964, quando foi estatizada e encampada pela Eletrobrás.

Expansão. Em 1973 a CPFL adquiriu a empresa privada dos municípios de São Carlos e Descalvado, à CPE (Companhia Paulista de Eletricidade), que era uma das mais antigas empresas de eletricidade do Brasil. Fundada em 1890, inaugurou a primeira hidrelétrica do estado de São Paulo, a usina de Monjolinho, em julho de 1893. Em 1975, teve o controle acionário repassado à CESP (Companhia Energética de São Paulo), pertencente ao governo de São Paulo. A CPFL Paulista se manteve sob controle estatal até novembro de 1997, quando foi privatizada por R$ 3,015 bilhões e teve seu controle repassado ao Grupo VBC (Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa) (45%), além do fundo de pensão Previ (38%) e Bonaire Participações (que reunia os fundos Funcesp, Sistel, Petros e Sabesprev) (17%).
Foi feita uma reestruturação societária, com a criação da holding CPFL Energia em 1998. A partir da privatização, houve desmembramentos das regionais e novas regionais foram criadas para melhor redimensionamento e atendimento a população.

Mudanças estruturais. Em 1999, ocorreu a privatização da Empresa Bandeirante de Energia, oriunda da cisão da Eletropaulo. Tendo a empresa sido adquirida em consórcio da CPFL com a EDP. Em 2001, a companhia foi parcialmente cindida, tendo sido constituídas a Bandeirante Energia, controlada pela EDP, e a CPFL Piratininga, sob controle da CPFL. Em 2000, os ativos de geração de energia foram segregados com a criação da CPFL Geração. Em 2001, a CPFL Paulista adquiriu o controle acionário da Rio Grande Energia (“RGE”), empresa de distribuição  de energia das regiões norte e nordeste do Estado do Rio Grande do Sul, fruto da cisão da CEEE. Em 2002, foi criada a CPFL Brasil, com o objetivo de fornecer energia elétrica às distribuidoras controladas da CPFL Energia, e comercializar e gerir energia no ambiente de contratação livre. Em 2004, foi feita Oferta Pública de Ações (IPO) na Bolsa de Valores de São Paulo e na Bolsa de Nova Iorque. Em 2006, adquiriu a Companhia Jaguari de Energia (CPFL Jaguari). No ano seguinte, comprou a CMS Energy Brasil, que atuava nos segmentos de distribuição e geração em São Paulo. Em 2007, o Bradesco, através da holding Bradespar, vendeu as ações da VBC. Em 2009, a Camargo Corrêa comprou as ações da VBC que pertenciam a Votorantim, tornando-se, o único acionista da holding. Em 2010, adquiriu a Companhia Luz e Força Santa Cruz (CPFL Santa Cruz), da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), pertencente ao grupo Votorantim. Em 2011, foi criada a CPFL Renováveis, a partir da associação de ativos e projetos da CPFL e da ERSA em PCHs, parques eólicos e usinas termelétricas a biomassa. Em 2012, foi criada a CPFL Transmissão, para operar a concessão do Leilão de Transmissão ANEEL 007/2012. Em 2016, adquiriu a AES Sul, que teve nome modificado para RGE Sul e foi fundida com a distribuidora RGE em 2019.

Aquisição pela State Grid. Em janeiro de 2017, a empresa chinesa State Grid, a maior empresa do setor elétrico do mundo, concluiu a aquisição de 54,64% de participação acionária da CPFL Energia por R$ 14 bilhões. No mesmo ano, a State Grid realizou Oferta Pública de Aquisição (OPA), por meio da qual passou a deter 94,75% do capital social da holding. Em julho de 2021 a CPFL Energia arrematou a elétrica gaúcha CEEE-T (CEEE Transmissão), em leilão de privatização, por R$ 2,67 bilhões, com ágio de 57,13% ante o mínimo previsto.

Áreas de atuação. No momento, o Grupo CPFL, através de suas 4 distribuidoras, atua em 687 municípios, numa área de 300.000 km², com 17,2 milhões de clientes nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais, numa área que atende aproximadamente 22 milhões de habitantes. No ramo de geração, possui capacidade instalada no setor de 4,53 GW de geração, sendo 95,6% de fontes renováveis.


COMGÁS




A Companhia de Gás de São Paulo (Comgás) é uma empresa brasileira, considerada pela Abegás (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado) a maior distribuidora de gás natural do Brasil em volume de gás distribuído. A Comgás distribui gás canalizado para mais de 1,7 milhão de consumidores nos segmentos residencial, comercial, industrial, automotivo, cogeração e termogeração em 88 cidades de sua área de concessão - Região Metropolitana de São Paulo, Vale do Paraíba, Baixada Santista e Região Administrativa de Campinas.

A história da empresa remonta ao século XIX, passando por inúmeras denominações e proprietários diferentes:

1872: a companhia inglesa San Paulo Gás Company recebe autorização do Império, através decreto número 5071, para a exploração da concessão dos serviços públicos de iluminação de São Paulo;
1912: a canadense Brazilian Traction Light and Power Co. Ltd. assume o controle acionário da San Paulo Gás Co. Ltda;
1959: a empresa é nacionalizada, passando a se chamar Companhia Paulista de Serviços de Gás;
1968: a empresa passa a ser administrada pelo município e recebe o nome de Comgás. Por meio da lei municipal 7199, é constituída a sociedade anônima Companhia Municipal de Gás (Comgás);
1974: nova mudança do nome, para Companhia de Gás de São Paulo;
1984: o controle acionário da Comgás passa para a estatal Companhia Energética de São Paulo (CESP);
1999: o controle acionário da Comgás é arrematado pelo consórcio formado pela união das empresas, BG Group e pela Shell, por R$ 1,65 bilhão;
2012: A Cosan assume o controle acionário da Comgás, com a compra da participação do Grupo BG - 60,05%;
2017: A Cosan adquire os 16,77% de participação que a Royal Dutch Shell detinha na Comgás por 1,156 bilhão de reais.

Na sua longa trajetória, a companhia usou os mais diversos tipos de combinações para produzir combustíveis: de azeite a gás de hidrogênio carbonado, carvão, nafta, uma mistura envolvendo água e hulha, até chegar ao gás natural. A adoção do gás natural, a partir da década de 1990, foi considerada a fase mais importante de toda a história da Comgás, que esteve presente na vida de São Paulo desde a extinção dos lampiões a azeite de baleia. De 1999 a 2012, a Comgás investiu mais de R$ 4 bilhões na expansão e modernização de sua rede de distribuição de gás, que foi ampliada em mais de 6 mil km.

Resultados atuais. A Comgás é considerada atualmente a maior distribuidora de gás natural canalizado do país. Conta com mais de 14 mil quilômetros de rede, levando gás natural para mais de 1,7 milhão de clientes nos segmentos residencial, comercial, industrial e automotivo, em 77 cidades. Sua área de concessão potencial abriga cerca de um quarto do Produto Interno Bruto do país, abrangendo 177 municípios das regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas, além da Baixada Santista e do Vale do Paraíba. Em 2012, a empresa apresentou receita liquida de R$ 5 bilhões. O volume de gás distribuído pela companhia nesse ano foi de mais de 5 bilhões de metros cúbicos. A empresa tem aumentado as vendas para clientes residenciais e comerciais¹. Atualmente cerca de 70% do volume de gás distribuído vai para indústrias. Hoje, cerca de 1.000 indústrias em aproximadamente 270 postos de combustíveis são atendidos na área de concessão da Comgás.


SABESP



A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - Sabesp é uma empresa estatal brasileira que detém a concessão dos serviços públicos de saneamento básico no Estado de São Paulo. Seu principal acionista é o Governo do Estado de São Paulo, que controla a gestão da companhia. Na edição 2004/2005 da Masons Water Yearbook a Sabesp foi considerada a sexta maior operadora de serviços de água e esgoto do mundo. A edição 2008/2009 destacou a atuação da empresa para que seus serviços sejam oferecidos a toda população do Estado de São Paulo até o ano de 2018 e também garantir a sustentabilidade econômica e financeira da empresa. A atuação da Sabesp na crise hídrica de 2014 em São Paulo tem sido muito criticada. Um artigo baseado em dados fornecidos pela própria Sabesp demonstra a responsabilidade da gestão da empresa na crise, que empurrou o Sistema Cantareira em mudança catastrófica.

História da Sabesp. Criada em 1973 pelo então governador Laudo Natel por meio da Lei Estadual nº 119, de 29 de junho do mesmo ano, a Sabesp originou-se da fusão das seguintes empresas e autarquias.

Comasp - Companhia Metropolitana de Águas de São Paulo;
Sanesp - Saneamento de São Paulo;
Saec - Superintendência de Águas e Esgotos da Capital;
Fesb - Fomento Estadual de Saneamento Básico;
SBS - Saneamento da Baixada Santista;
Sanevale - Saneamento do Vale do Ribeira.

A Sabesp foi criada com o objetivo de implementar as diretrizes do Governo brasileiro estabelecidas no Plano Nacional de Saneamento (PLANASA). A partir de sua fundação, a Sabesp passou a operar em municípios que não faziam parte das áreas de atuação das antigas empresas. Um Estatuto Social rege a constituição e o funcionamento da Sabesp.

Empresas pré Sabesp

CCAE - Companhia Cantareira de Água e Esgotos (1877)
RAE - Repartição de Águas e Esgoto (1883)
DAE - Departamento de Águas e Esgoto (1954) - São Paulo, Guarulhos, São Caetano, Santo André e São Bernardo do Campo.

O Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de parcela significativa da Região Metropolitana de São Paulo, teve sua primeira etapa inaugurada em 30 de dezembro de 1973, começando a operar no ano seguinte. A segunda etapa foi iniciada em 1976 e inaugurada em 1981. Em 1985, a empresa concluiu o Programa de Fluoretação na Grande São Paulo. Em 1992, deu início ao Projeto Tietê, com o objetivo de ampliação da coleta e do tratamento de esgoto na Grande São Paulo, para a revitalização progressiva do rio Tietê na região. Em 1994, a companhia tornou-se uma empresa de economia mista com capital aberto, com o Governo do Estado como seu único acionista. Em 1997, a Sabesp abriu seu capital na Bolsa de Valores de São Paulo e, em 2002, na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). Em março de 2018, foi concluída a interligação Jaguari-Atibainha, permitindo que as águas do rio Paraíba do Sul possam a abastecer o sistema Cantareira. Em 2019, é lançado o Programa Novo Rio Pinheiros, com objetivo de revitalizar o rio.

Áreas de atuação. Atua em serviços de abastecimento de água e de coleta de esgotos em 375 dos 645 municípios paulistas, incluindo a capital. Vinte e oito milhões de pessoas dependem dos serviços oferecidos pela empresa. De acordo com os rankings elaborados pela Trata Brasil, a Sabesp é responsável pelo fornecimento de água e tratamento de esgoto em muitas das cidades com os melhores indicadores entre as cem maiores cidades do País.


A Sabesp é uma empresa de economia mista e capital aberto com ações negociadas nas bolsas de valores de São Paulo e de Nova York. O governo do Estado de São Paulo detém 50,3% das ações da Sabesp. As demais são negociadas na B3 (37,6%) e na NYSE (12,1%).

Em 1995, a Sabesp adotou o modelo de administração descentralizado, baseado na regionalização por bacias hidrográficas. O critério atendeu à legislação estadual de recursos hídricos, para melhor atendimento às demandas ambientais, sociais e locais de clientes e prefeituras. Esse modelo passou a ser aplicado através de 17 Unidades de Negócio, com autonomia de gestão, aplicação e alocação de recursos. As unidades seguem diretrizes centrais e estratégicas estabelecidas pela companhia. As decisões locais são comunicadas e discutidas em Assembleias dos municípios concedentes de permissões e em comissões de gestão regional, responsáveis por garantir transparência à gestão dos recursos hídricos e financeiros.

Transparência. A Sabesp privatizou parte de seu capital em 1994, possuindo 100% de ações ordinárias. Em 2002, tornou-se a primeira empresa de economia mista a aderir ao Novo Mercado da B3. Simultaneamente, passou a ter suas ações listadas na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). Apesar de a maior parte das ações pertencer ao governo paulista, os papéis dos acionistas minoritários são negociados na Bolsa de Valores de São Paulo e na Bolsa de Valores de Nova Iorque. Em 17 de outubro de 2023, o governo de São Paulo enviou à Assembleia Legislativa um projeto de lei para a privatização da Sabesp. O modelo a ser adotado via follow on, com uma nova oferta de ações na Bolsa de Valores, o que faria com que o governo estadual deixasse de ser o acionista majoritário da empresa pela redução de sua participação total.

Em 6 de dezembro, o projeto de privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo foi aprovado pela Alesp.

Em 28 de junho de 2024, o governo de São Paulo anunciou que a Equatorial Energia foi a única finalista da oferta pública de ações da Sabesp, tendo oferecido R$ 6,9 bilhões por 15% de participação, tornando-se o acionista de referência da companhia.

Em 1º de julho de 2024, será aberto o prazo para que os investidores, incluindo para pessoas físicas, façam a reserva de mais 17% das ações da Sabesp na Bolsa de Valores de São Paulo, o que deve ocorrer até o dia 15 de julho. A liquidação da operação está prevista para o dia 22 de julho.


TRAVESSIAS AQUÁTICAS


Terminal de embarque da travessia no canal do porto entre Santos e Vicente de Carvalho

Balsa de veículos motorizados e ciclistas entre Santos e Guarujá

Um dos mais importantes serviços de mobilidade urbana do Litoral Paulista, o Sistema de Travessias Litorâneas do Estado de São Paulo passou a ser administrado, em 1º de novembro de 2020, pelo Departamento Hidroviário – DH, em razão do Decreto Estadual n.º 65.262 / 2020, atualmente vinculado à Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística.

Sua história, secular, inclui uma série de grandes investimentos que transformam a vida da população, oferecendo agilidade, segurança e economia para quem precisa atravessar e aos turistas que visitam várias das mais belas e atraentes cidades do país.

São oito travessias: Santos/Guarujá, Bertioga/Guarujá, São Sebastião/Ilhabela, Iguape/Juréia, Cananéia/Ilha Comprida, Cananéia/Continente, Santos/Vicente de Carvalho e Cananéia/Ariri. Com uma frota atual de 34 Embarcações, entre lanchas e balsas, o sistema tem um volume diário de 20 mil pedestres, 11 mil ciclistas e 26 mil veículos.

As viagens por ferryboats são gratuitas para ciclistas e o serviço de lanchas oferece isenção de tarifa para maiores de 65 anos e menores de 5 anos. Os estudantes pagam metade da tarifa, assim como os moradores da região da Travessia Cananéia/Ariri. Idosos e pessoas com necessidades especiais têm embarque prioritário em todas as embarcações.

Travessia na represa de Guarapiranga na periferia-Serra do Mar em São Paulo



HIDROVIA PARANÁ-TIETÊ



A hidrovia Paraná-Tietê consiste em uma das principais vias hidroviárias em funcionamento no país, pois é uma importante via para o escoamento da produção agrícola dos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e parte de Rondônia, Tocantins e Minas Gerais. É composta pela HN-900 Rio Paraná, entre São Simão (GO) e Itaipu (PR); rio São José dos Dourados, nos primeiros 40 km de jusante; Canal Pereira Barreto; HN-913 Rio Tietê entre a sua foz e a cidade de Anhembi (SP); HN-914 Rio Piracicaba da foz até a ponte da SP 181.

Situada entre as Regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, permite a navegação e, consequentemente, o transporte de cargas e passageiros ao longo das HN-900 Rio Paraná e HN-913 Rio Tietê. Um sistema de eclusas viabiliza a passagem pelos desníveis das muitas represas existentes nas duas hidrovias. A hidrovia Paraná-Tietê possui uma extensão de 2.400 km, sendo 1.600 km na HN-900 Rio Paraná e 800 km na HN-913 Rio Tietê.

A HN-900 Rio Paraná é navegável ao longo de 1.023 km, com largura média de 120 m. Sob responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes – DNIT, a hidrovia se estende entre a Usina Hidrelétrica de Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR), e duas barragens: a da UHE de São Simão, no município goiano de mesmo nome, na HN-400 Rio Parnaíba; e a da UHE de Água Vermelha no rio Grande, em Iturama (MG), no Triângulo Mineiro.

Afluente da HN-900 Rio Paraná, a HN-913 Rio Tietê tem uma extensão navegável de 715 km, com profundidade mínima de 3 m. Essa hidrovia é administrada pelo Governo de São Paulo, por meio do Departamento Hidroviário.

A hidrovia Paraná-Tietê integra um grande sistema de transporte multimodal do Corredor Sudeste de Logística. Possui 12 terminais portuários, distribuídos em uma área de 76 milhões de hectares. A entrada em operação dessa hidrovia impulsionou a implantação de 23 polos industriais, 17 polos turísticos e 12 polos de distribuição, onde é gerada quase a metade do PIB brasileiro e conecta áreas de produção aos portos marítimos. No sentido do interior, conecta os principais centros do Mercosul.

Características Gerais

A hidrovia Paraná-Tietê abrange os Estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais, em seus limites se encontram inseridos os territórios de 286 municípios. Entre esses municípios vale destacar as cidades: São Paulo (SP), Campinas (SP), Guarulhos (SP), Londrina (PR), Foz do Iguaçu (PR), Três Lagoas (MS) e Araguari (MG), como os principais centros urbanos.

O sistema formado pelas duas hidrovias tem 8 eclusas em funcionamento, sendo 6 na HN-913 Rio Tietê: Barra Bonita, Bariri, Ibitinga, Promissão, Nova Avanhadava e Três Irmãos. Todas têm 142 m de comprimento e 12 m de largura, com profundidades entre 3 e 4 m. As outras eclusas estão localizadas na HN-900 Rio Paraná: Jupiá, em Castilho (SP) e Porto Primavera, em Rosana (SP). Essas duas têm 210 m de comprimento, 17 m de largura e 4 m de profundidade.

Essa estrutura permite a navegabilidade: na HN-914 Rio Piracicaba desde o encontro com a HN-913 Rio Tietê até 22 km a montante; ainda nessa hidrovia, desde a cidade paulista de Conchas (SP) até o encontro com a HN-900 Rio Paraná, numa extensão de 554 km; na HN-400 Rio Parnaíba, desde a base da barragem da Usina de São Simão (GO) até ao encontro com a HN-900 Rio Paraná, numa extensão de 180 km; na HN-915* Rio Grande PR, desde a base da barragem da Usina Hidrelétrica de Água Vermelha até o encontro da HN-915* Rio Grande PR com a HN-900 Rio Paraná, numa extensão de 59 km; na HN-900 Rio Paraná, desde o encontro das HN-915* Rio Grande e HN-400 Rio Parnaíba até a barragem da Usina Hidrelétrica de Itaipu, numa extensão de 800 km; no canal Pereira Barreto, que liga a barragem Três Irmãos da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos, da HN-913 Rio Tietê ao rio São José dos Dourados, afluente da margem esquerda da HN-900 Rio Paraná, no Estado de São Paulo, numa extensão de 53 km.

As condições físicas de navegação são inadequadas nas HN-913 Rio Tietê, a montante de Salto (SP), e na HN-914 Rio Piracicaba, a montante da cidade de Piracicaba (SP) devido, principalmente, aos inúmeros obstáculos naturais e pequenas dimensões do canal. As HN-908 Rio Paranapanema e HN-400 Rio Parnaíba possuem uma série de barragens implantadas, todas sem eclusas e com desníveis de cerca de 40 m. E as HN-904* Rio Amambaí, o rio Anhanduí, HN-905* Rio Ivaí e HN-906 Rio Ivinheíma possuem pequenas dimensões do canal e têm potencial de navegação apenas para pequenas embarcações.

O DNIT divide a HN-900 Rio Paraná em 4 trechos:

O trecho 1 está situado entre a UHE de Itaipu e a entrada do canal de navegação, sob a rodoviária de Guaíra (PR), e apresenta profundidades que variam entre 10 m e 190 m, com extensão de 170 km. 

O trecho 2, com extensão de 245 km, estende-se desde o canal de navegação sob a ponte rodoviária de Guaíra (PR) até a barragem da UHE de Porto Primavera. 

O trecho 3, com extensão de 270 km, está situado em sua totalidade no reservatório da UHE de Porto Primavera. 

O trecho 4, com extensão de 225 km, apresenta boas condições de navegação desde a foz do Rio São José dos Dourados até São Simão (GO), com percurso de 55 km na HN-900 Rio Paraná e 170 km na HN-400 Rio Parnaíba. A HN-900 Rio Paraná suporta comboios de 200 m de comprimento, 16 m de boca e 3,7 m de calado. Já na HN-913 Rio Tietê o comboio-tipo tem 137 m de comprimento, 11 m de boca e 2,7 m de calado.

Abrangência: 286 Municípios em SP, PR, MS, GO e MG. Extensão navegável: 2.400 km . Largura média: 120 m. Principais cargas: Produtos agrícolas. 


Trecho da hidrovia Tietê-Paraná no lago da barragem hidrelétrica de Iha Solteira-SP, nome dos rios, dos Estados e pontos de interesse. A linha laranja indica o percurso da hidrovia


A CRISE CLIMÁTICA E AS HIDROVIAS



Hidrovia é usada para o escoamento da produção agrícola, mas com a seca as empresas têm preferido transportar suas cargas por meio de trens


Portal CUT – As mudanças climáticas já atingem diretamente os empregos de trabalhadores do Brasil. Somente neste ano, 400 pessoas que atuavam em empresas de transporte de carga na Hidrovia Tietê-Paraná foram demitidas, porque o nível de água dos rios da região diminuiu tanto que  prejudicou o tráfego de embarcações. E manutenção de outros 1.500 empregos direitos e indiretos depende da chuva. Isso porque, a hidrovia que percorre os estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais é utilizada principalmente para o escoamento da produção agrícola, mas com a seca as empresas têm preferido transportar suas cargas por meio de trens. E as previsões para o futuro não são nada boas. Até 2030, as mudanças climáticas devem ser a causa de 30 milhões de empregos perdidos em todo mundo, principalmente na agricultura, e em setores industriais, advertiu a Organização Internacional do Trabalho (OIT) no ano passado.

Para a sobrevivência do planeta e das futuras gerações é necessário que os governos invistam em energias limpas, como eólicas, solar, construção sustentável, diminuição de pastos para o gado e controle dos venenos aplicados na agricultura – o Brasil é campeão mundial no uso de defensivos agrícolas – e  a diminuição de uso de combustíveis fósseis, entre outras medidas que podem causar desemprego nessas e outras áreas com a aplicação de novas tecnologias. No entanto, a OIT acredita que outros 20 milhões de novos empregos sejam criados a partir de novas tecnologias. Ainda assim, a conta não fecha já que a previsão é de perdas de outras 30 milhões de vagas no mesmo período.

O desemprego na Hidrovia Tietê-Paraná já é um exemplo de como as mudanças climáticas afetam a vida dos trabalhadores. Não há dúvidas de que as queimadas na Amazônia e no Pantanal são em boa parte responsáveis pela seca que atinge o país. Os efeitos do desmatamento da Amazônia – a liberação de gases de efeito estufa é causada pela derrubada e queima de árvores, deixando um planeta mais quente, o que aumenta as secas e inundações.

Negando esta realidade, o presidente da República  Jair Bolsonaro e seu ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, fizeram os brasileiros passar vergonha durante a Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (COP-26), por mentirem sobre as às mudanças climáticas, e de que estamos preservando o meio ambiente.

Presente à COP-26, o secretário do Meio Ambiente da CUT Nacional, Daniel Gaio, reforça a necessidade do movimento sindical avançar, não só com um plano de transição energética e justa para os empregos, mas disputar a regulamentação das novas tecnologias cujos impactos sociais podem prejudicar outros trabalhadores, mesmo que gere empregos.

“Trata-se da tarefa urgente, incorporar nas nossas elaborações reivindicações e ações as abordagens integradas do ecossocialismo, da economia ecológica e da economia feminista e antirracista, que apontam as ferramentas necessárias na superação das formas atuais de organização da economia”, afirma Gaio.

O dirigente diz ainda que apesar do reconhecimento da urgência pela transição para um modelo de baixas emissões de carbono, a crescente demanda por energia nos aponta a necessidade de uma discussão maior.

“Para além do tipo de modelo energético, precisamos disputar para o quê a energia será utilizada, por quais meios será produzida, por quem será consumida e a qual custo. A defesa da propriedade e controle público da energia precisa estar colocado no centro para poder definir e intervir como este modelo será implementando”, defende Gaio. Enquanto a Europa já se prepara para essas mudanças incentivando novos negócios baseados em energia limpa, o Brasil , embora tenha uma grande vocação para o setor de energias renováveis, ainda patina. Para Daniel Gaio, é preciso construir uma política pública para proteger os trabalhadores brasileiros. Segundo ele,  empresas europeias – eólicas na Espanha, e mineradoras ou indústrias de agrotóxicos da Alemanha – quando passam a operar de forma mais lucrativa apoiam a desregulamentação do trabalho no Brasil para ter seus lucros aqui.

Empregos na Hidrovia Tietê-Paraná. De acordo com o Sindicato dos Armadores de Navegação Fluvial do Estado de São Paulo (Sindasp), que representa as empresas que atuam na região da Hidrovia Tietê-Paraná, uma delas, a ADM Sartco, fechou as portas, em setembro, demitindo  todos os seus 70 funcionários. A informação foi publicada pelo jornal Folha de S.Paulo. Como a água da região também é utilizada para geração de energia, a  Agência Nacional de Águas (ANA) declarou, em junho, situação crítica de escassez na bacia hidrográfica do Paraná até 30 de novembro.

Tanto as empresas de navegação como trabalhadores defendem o aprofundamento do leito do rio, principalmente no trecho em Nova Avanhandava (SP), cuja obra, que começou em 2017, está parada desde 2019.

O Ministério dos Transportes afirmou, em nota ao jornal, que a obra está parada porque o Departamento Hidroviário de São Paulo, do governo João Doria (PSDB), atualizou o projeto, mas os estudos apresentados se mostraram insuficientes e incompletos, e que os ajustes foram entregues somente em 8 de outubro deste ano.

IMPACTOS DA CRISE HÍDRICA DE 2016





Trecho da hidrovia Tietê-Paraná no lago da barragem hidrelétrica de Iha Solteira-SP, nome dos rios, dos Estados e pontos de interesse. A linha laranja indica o percurso da hidrovia

Frete mais caro, queda de renda do produtor: veja possíveis impactos da paralisação na Hidrovia Tietê-Paraná para o agro. Via é um dos principais meios para escoar milho e soja dos estados do Centro-Oeste até São Paulo. Transporte por rio é mais barato do que caminhão e trem pois é possível carregar mais produto.Alta custo do frete e perda de rentabilidade de produtores do Centro-Oeste são algumas das consequências para o agro da paralisação da Hidrovia Tietê-Paraná, apontam especialistas e empresas do setor consultados pelo G1.

A região do porto intermodal de Pederneiras (SP) anunciou que por volta das 9h de sexta-feira (27) recebeu a última barcaça antes da paralisação das operações de transporte de carga pelo rio. A via é um dos meios para escoar grãos dos estados do Centro-Oeste até o Sudeste e não faz muito tempo que teve seu funcionamento suspenso pelo mesmo motivo. Entre 2014 e 2016, durante uma das maiores crises hídricas do estado de SP, a hidrovia ficou paralisada por 20 meses. A Tietê-Paraná já operava com capacidade reduzida desde junho, com somente 10 de um total de 24 comboios que navegaram até maio. A situação já provocou demissões no setor de navegação.

Segundo o governo de São Paulo, o estado tomou a medida após ser informado pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), do Ministério de Minas e Energia, da necessidade de utilização da água estocada nos reservatórios das usinas de Ilha Solteira e Três Irmãos, que ficam nas bacias do Paraná e Tietê, respectivamente. Se a situação se prolongar, como no passado recente, o risco é de desestímulo de investimentos no setor, avalia Edeon Vaz, diretor-executivo do Movimento pró-Logística, ligado à Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja).

O que tem a ver com o agro. Para o agro, o problema principal está no transporte de soja, farelo de soja e milho. A cana-de-açúcar também navega pela via, mas não será afetada, de acordo com Luizio Rizzo, presidente do sindicato das empresas que exploram a hidrovia (Sindasp). Ele explica que a cana navega apenas entre a região de Jaú e Bariri, não passando, portanto, no ponto mais crítico da hidrovia, que é o canal de Nova Avanhandava. Neste local, como há presença de pedras, o nível do rio costuma ser naturalmente mais baixo. Mas, com a seca, caiu mais.Hoje, os grãos movimentados pela Tietê-Paraná têm como destino a exportação, de acordo com Rizzo. A cana navega apenas para o mercado interno.
Já a soja, o farelo de soja e o milho precisam passar por Nova Avanhandava para chegar até SP. Eles saem do Porto de São Simão, em Goiás, com destino ao Porto Intermodal de Pederneiras (SP), onde são transportados por trem ou caminhão até o Porto de Santos, de onde navegam para outros países.

Em 2020, foram transportadas 543,5 mil toneladas de soja por esta hidrovia, de uma colheita de total de 121,5 milhões de toneladas (0,44%) no ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do governo de SP. Já de milho, circularam 688,2 milhões de toneladas de uma produção de 103,2 milhões (0,66%). A movimentação até julho deste ano indica proporções semelhantes. No período, o transporte de soja pela Tietê-Paraná chegou a 845 mil toneladas, parcela de 0,63% da produção estimada pelo IBGE (133 milhões de toneladas). Enquanto o de milho totaliza 123 mil, só 0,13% da produção estimada (91,5 milhões).

Com a paralisação, portanto, o percurso do Centro-Oeste até o Sudeste terá que ser feito por ferrovia ou rodovia, modais que têm um custo muito mais alto do que a navegação interior, diz a assessora técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Elisangela Pereira Lopes.Isso acontece por causa do ganho de escala: em uma barcaça é possível transportar mais produto do que em uma carreta de caminhão ou em um vagão de trem, explica Elisangela.Outra vantagem da hidrovia é que ela é 80,2% menos poluente do que o transporte por caminhão e 14,2% do que ferroviário.O aumento do custo do frete recai tanto para quem comprou o grão, como para o produtor.No caso da Tietê-Paraná, esse custo, em um primeiro momento, tem sido repassado para as empresas importadoras e exportadoras, as chamadas "tradings", que adquirem o produto para revender a outros países.

A Gavilon do Brasil foi uma das afetadas pela situação. Nos meses de maio a julho, com a redução do movimento na via, a trading já teve que alterar o transporte de soja em grão e farelo para a ferrovia, diz o gerente de logística da empresa, Jean Salgado. Neste momento, é o milho que está sendo redirecionado pela companhia. O grão vai descer para SP pela ferrovia Norte-Sul até Estrela D'Oeste (SP), de onde segue para o Porto de Santos pela malha ferroviária paulista. Segundo ele, a alta no frete dificilmente vai conseguir ser repassada para o preço do produto final. "Essas exportações já são contratadas meses ou até um ano antes. Então, para o consumidor [externo] que comprou essa soja, por exemplo, não vai mudar nada. O que vai acontecer é uma redução do nosso lucro", acrescenta. Mas, uma hora ou outra, o custo também chega para o produtor, afirma Edeon Vaz, do Movimento pró-Logística, da Aprosoja."Se acontece um problema desse de fechar a hidrovia e o transporte sobe de US$ 70 para US$ 80, por exemplo, vai ser descontado US$ 80 do produtor. Se não descontarem agora, descontam na compra seguinte", acrescenta.

Para Vaz, portanto, haverá uma queda na rentabilidade dos produtores do Centro-Oeste. Já para o sócio-fundador da consultoria de comércio exterior BMJ, Welber Barral, o custo da suspensão do funcionamento da hidrovia deve acabar sendo diluído para toda a cadeia.

"A trading ganha menos, o transportador ganha menos, o produtor ganha menos. Mas, neste momento, ainda não dá para calcular qual deve ser o efeito. Tudo vai depender de quanto tempo a hidrovia vai ficar parada", afirma Barral, que foi secretário de Comércio Exterior do Brasil entre os anos de 2007 e 2011. Para Vaz, a principal preocupação se a Tietê-Paraná ficar parada por muito tempo, como entre 2014 e 2016, é a diminuição de investimento.

Outras hidrovias continuam operando. Elisangela, da CNA, ressalta que as outras hidrovias do país não passam, por enquanto, pelo mesmo problema que a Tietê-Paraná e que seguem operando normalmente.

"Paralisações por causa de estiagens naturais acontecem todos os anos, como no Rio Madeira, por exemplo. Neste caso da Tietê-Paraná, a situação é diferente. O baixo volume de chuvas reduziu o nível do rio e está sendo priorizada a energia à navegação. É uma decisão estratégica para garantir os outros usos da água", afirma.
Segundo a assessoria de imprensa do governo de São Paulo, o estado decidiu reduzir o número de embarcações na Tietê-Paraná, a partir de junho, após ser informado pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), do Ministério de Minas e Energia, da necessidade de utilização da água estocada nos reservatórios das usinas de Ilha Solteira e Três Irmãos, que ficam nas bacias do Paraná e Tietê, respectivamente.

Em nota, o Ministério de Minas e Energia disse que informou com antecedência as cotas mínimas de operação nesses rios, garantidas para cada período, para que "operadores pudessem se preparar e avaliar quando iriam parar com a navegação de seus comboios e adotar modais alternativos.".


No Brasil, a hidrovia é o modal que tem menos participação no transporte de grãos, sendo responsável por 14,3% dessa circulação. O rodoviário lidera com 60%, seguido do ferroviário (25,7%).


Por Paula Salati, G1. 27/08/2021 

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AVIAÇÃO, AVIADORES E AEROPORTOS 


SANTOS DUMONT


Alberto Santos Dumont (Palmira, 20 de julho de 1873 – Guarujá, 23 de julho de 1932) foi um aeronauta, esportista, autodidata e inventor brasileiro.Santos Dumont projetou, construiu e voou os primeiros balões dirigíveis com motor a gasolina. Esse mérito lhe é garantido internacionalmente pela conquista do Prêmio Deutsch em 1901, quando em um voo contornou a Torre Eiffel com o seu dirigível Nº 6, transformando-se em uma das pessoas mais famosas do mundo durante o século XX. Com a vitória no Prêmio Deutsch, ele também foi, portanto, o primeiro a cumprir um circuito pré-estabelecido sob testemunho oficial de especialistas, jornalistas e populares.

Santos Dumont também foi o primeiro a decolar a bordo de um avião impulsionado por um motor a gasolina. Em 23 de outubro de 1906, voou cerca de sessenta metros a uma altura de dois a três metros com o Oiseau de Proie (francês para "ave de rapina"), no Campo de Bagatelle, em Paris. Menos de um mês depois, em 12 de novembro, diante de uma multidão de testemunhas, percorreu 220 metros a uma altura de seis metros com o Oiseau de Proie III. Esses voos foram os primeiros homologados pelo Aeroclube da França de um aparelho mais pesado que o ar, e possivelmente a primeira demonstração pública de um veículo levantando voo por seus próprios meios, sem a necessidade de uma rampa para lançamento.

O título de responsável pelo primeiro voo num avião, atribuído por brasileiros a Santos Dumont, é disputado com outros pioneiros, nomeadamente os irmãos Wright. Na França, costuma-se atribuir o feito a Clément Ader, que teria efetuado o primeiro voo de um equipamento mais pesado que o ar, a aeronave a vapor Ader Éole, propulsionado por um motor a vapor de 20 CV e levantando voo pelos seus próprios meios em 9 de outubro de 1890, mas teve suas alegações refutadas pelo Ministério da Guerra do Exército Francês. Ao redor do mundo, pelo menos catorze nomes são citados como inventores do avião.

A Federação Aeronáutica Internacional (FAI), no entanto, considera que foram os irmãos Wright os primeiros a realizar um voo controlado, motorizado, num aparelho mais pesado do que o ar, por uma decolagem e subsequente voo ocorridos em 17 de dezembro de 1903 no Wright Flyer, já que os voos de Clément Ader foram realizados em segredo militar, vindo-se apenas a saber da sua existência muitos anos depois. Por outro lado, o 14-Bis de Dumont teve uma decolagem autopropulsada, reconhecida oficialmente por público e jornalistas, tendo sido a primeira atividade esportiva da aviação a ser homologada pela FAI.

Capa do jornal mais famoso da Belle Époque enfocando o vôo histórico do 14 BIS
Alpinismo, automobilismo e balonismo

O primeiro balão de Santos Dumont em 1898

Em 1891, com 18 anos, Santos Dumont fez uma viagem turística à Europa. Na Inglaterra passou alguns meses aperfeiçoando o seu inglês, e na França escalou o Monte Branco. Essa aventura, a quase 5 000 metros de altitude, acostumou-o a alturas elevadas. No ano seguinte, seu pai o emancipou no dia 12 de fevereiro de 1892, devido a seu acidente, aconselhando o jovem Alberto a focar nos estudos da mecânica, química e eletricidade.  Com isto Alberto largou a Escola de Engenharia de Minas de Ouro Preto e voltou à França onde ingressou no automobilismo e ciclismo. Também iniciou estudos técnico-científicos com um professor de origem espanhola chamado Garcia. Em 1894 viajou para os Estados Unidos, visitando Nova Iorque, Chicago e Boston. Nesse mesmo ano  ele chegou a estudar na Merchant Venturers’ Technical College, não chegando a graduar-se. Agenor Barbosa descreveu o Santos Dumont deste período como sendo um “Aluno pouco aplicado, ou melhor, nada estudioso para as ‘teorias’, mas de admirável talento prático e mecânico e, desde aí, revelando-se, em tudo, de gênio inventivo”, mas que depois foi descrito por Agnor como alguém focado na aviação desde quando os "…“motores a explosão” começaram a ter êxito."

Em 1897, já independente e herdeiro de imensa fortuna com a qual investiu no desenvolvimento de seus projetos, aplicou no mercado de ações e permitiu que trabalhasse sem prestar contas à nenhum investidor— contava 24 anos — Santos Dumont partiu para a França, onde contratou aeronautas profissionais que lhe ensinaram a arte da pilotagem dos balões após ler o livro "Andrée — Au Pôle Nord en ballon", sobre a Expedição polar de S. A. Andrée. No dia 23 de março de 1898 ele realizou sua primeira ascensão num balão da firma Lacham-bre & Macuhron pelo custo de 400 francos,]descrevendo que: “Eu nunca me esquecerei do genuíno prazer de minha primeira ascensão em balão”. Nesse ano, antes mesmo de ser conhecido como balonista, ele passou a ser citado pela mídia devido ao seu envolvimento no automobilismo.

No dia 30 de maio de 1898, realizou sua primeira ascensão noturna e no mês seguinte ele passou a trabalhar como comandante, levando um grupo de passageiros num balão alugado. Sabe-se que em 1900 ele já havia criado nove balões, dos quais dois se tornaram famosos: o Brazil e o Amérique.  O primeiro, estreado em 4 de julho de 1898 foi a menor das aeronaves até então construídas — inflado a hidrogênio, cubava apenas 113 metros num invólucro de seda de 6 metros de diâmetro, pesando 27,5 kg sem o tripulante fez mais de 200 voos. De acordo com o biografo Gondin da Fonseca, Dumont teria sido influenciado a criar seu primeiro balão após participar da corrida Paris-Amsterdam em seu triciclo, onde atravessou 110 quilômetros em duas horas, abandonando após um acidente. O segundo balão, Amérique, tinha 500 m³ de hidrogênio e 10 metros de diâmetro, sendo capaz de carregar alguns passageiros, mas sem controle. Com o segundo balão ele enfrentou de tempestades a acidentes. Em suas primeiras experiências ele foi premiado pelo Aeroclube da França pelo estudo das correntes atmosféricas, atingiu altas altitudes e chegou a ficar no ar por mais de 22 horas. Nesta época, Dumont já entendia a necessidade do investimento governamental no desenvolvimento da aviação e da importância da opinião pública estar a favor disso, algo anteriormente notado por Júlio César Ribeiro de Sousa.

A Princesa Isabel em Paris durante uma exibição de Santos Dumont. 


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O aviador brasileiro Santos Dumont junto ao Príncipe Roland Bonaparte, sobrinho-neto de Napoleão Bonaparte. Paris, início do século XX. Roland Napoléon Bonaparte, fotógrafo e botânico, foi o principal responsável pela efetivação do sucesso de Dumont na Europa, uma vez que durante a disputa pelo Prêmio Deutsch de la Meurthe, em 1901, Santos Dumont teve sua vitória negada pela banca avaliadora, devido a um pequeno atraso. Roland, que fazia parte do comitê, enfureceu-se com seus colegas e ameaçou entrar na justiça para que o brasileiro pudesse ser reconhecido como vencedor. Henri Deutsch de la Meurthe, o empresário que oferecia o prêmio, concordou com Bonaparte e o feito de Santos Dumont foi finalmente imortalizado. O objetivo do concurso era premiar o inventor da primeira máquina aérea capaz de realizar uma viagem de ida e volta do Parc de Saint-Cloud até a Torre Eiffel e retornar em menos de meia hora. O concurso era um incentivo ao desenvolvimento do transporte aéreo.O dinheiro recebido como prêmio foi dividido por Santos Dumont entre sua equipe de mecânicos e diversas famílias pobres de Paris.


EDÚ CHAVES



Eduardo Pacheco Chaves, conhecido como Edu Chaves, (São Paulo, 18 de julho de 1887 — 21 de junho de 1975) foi um aviador brasileiro, pioneiro nas ligações aéreas entre São Paulo e Santos, São Paulo e Rio de Janeiro e também entre o Rio e Buenos Aires.

Sua paixão pela aviação começou ainda na Inglaterra, onde estudava, ocasião em que conheceu Santos Dumont. Em julho de 1914, Edu Chaves entrou para a história ao realizar, sem escalas, o primeiro voo de São Paulo ao Rio de Janeiro. O voo levou 6 horas, em um motoplanador com motor de 80 cavalos e a uma velocidade máxima de 80 km/h.

Edu nasceu na capital paulista em 1887. Era filho de Elias Antônio Pacheco e Chaves e de Anésia da Silva Prado. Nasceu em um casarão da rua São Bento no centro da cidade e era filho de uma antiga família de cafeicultores. Fascinado pela aviação, Edu foi para a França com o propósito de tornar-se piloto. Em 28 de julho de 1911 adquiriu seu "brevê" de piloto da Federation Aeronautique Internacionale a bordo de um aparelho modelo Bleriot de 25 HP.

Ainda na França, foi o primeiro aviador a realizar voos noturnos. Foi o primeiro piloto brasileiro a voar nos céus do Brasil no dia 8 de março de 1912, na cidade de Santos. Neste período teve a oportunidade de voar em companhia do aviador francês Roland Garros na breve estadia deste no Brasil. Edu também foi pioneiro ao fundar a primeira escola de aviação do país em Guapira, onde empregou aviões trazidos da Europa.

Edu Chaves e Roberto Thierry_(1920)

O primeiro voo sem escalas

O dia de ontem assinalou mais um triunfo para a aviação no Brasil. Coube ainda uma vez a Edu Chaves realizar um "raid" sensacional, vindo de São Paulo ao Rio de Janeiro em 6 horas e meia, vencendo com admirável segurança um percurso de 450 quilômetros. O arrojado aviador paulista, nessa prova de resistência teve de vencer dificuldades que não chegaram para impedir a terminação do seu voo memorável, desta vez terminado com um absoluto sucesso, aterrando calmamente no campo de aviação da fazenda dos Afonsos. (...) Edu Chaves saiu do prado da Mooca em S. Paulo às 9,30 da manhã, tendo resolvido de surpresa renovar o "raid" que o tornara famoso, alguns anos atrás, quando uma falsa orientação do terreno o fez cair ao mar, nas proximidades de Mangaratiba. O aparelho de que se serviu Edu Chave foi um monoplano Bleriot, com um motor Gromo de 80 cavalos. O percurso realizado no "raid" de ontem foi de cerca de 450 km , vencidos em 6 horas e meia. Edu Chaves fez o voo à altura de 2000 metros, subindo a 3000 metros ao atravessar a Serra do Mar. A velocidade desenvolvida pelo Bleriot foi de cerca de 80 km/h. Foi uma verdadeira surpresa a chegada de Edu Chaves no campo de aviação da fazenda dos Afonsos. Recebido com efusivas demonstrações de aclamação, por Darioli, Nicola Santo, Kirk e outros aviadores presentes, Edu Chaves foi felicitado entusiasticamente pelo "raid" que realizara com um sucesso tão brilhante.
Em janeiro de 1921 voou do Rio de Janeiro a Buenos Aires.

Edu Chaves morreu na capital paulista, em 21 de junho de 1975, aos 87 anos. Em homenagem ao ilustre aviador, o aeroporto de Paranavaí, no Paraná, recebeu o nome de "Aeroporto Edu Chaves", assim como uma avenida e um bairro da cidade de São Paulo, que tem o nome de Parque Edu Chaves.

Edu Chaves e Santos Dumont numa cerimônia pública nos nos 1930. 


CUMBICA


Aeroporto Internacional de Guarulhos.  As obras para construção da primeira etapa do aeroporto, que consistia na pista com 3 000 metros de comprimento e um terminal capaz de atender 7,5 milhões de passageiros por ano, foram iniciadas em 11 de agosto de 1980, quando foi dada a ordem de serviço. O consórcio ganhador da licitação oferecida pela COPASP foi formado pelas empresas Camargo Corrêa e Constran. O prazo de dois anos e meio foi dado para conclusão das obras de terraplenagem, drenagem e pavimentação de pistas, pátios, vias de acesso e de serviço, mobilizando uma verba de Cr$ 4 602 233 537, cerca de 82,5 milhões de dólares. Uma série de atrasos na obra contribuiu para que a primeira fase demorasse o dobro de tempo previsto para ser concluída. Em agosto de 1984, a Infraero abriu centenas vagas de empregos no aeroporto. No 20 de janeiro de 1985, um Boeing 747-200 da Varig, procedente de Nova Iorque, pousou em Guarulhos, inaugurando oficialmente as operações do aeroporto e do primeiro terminal de passageiros.[Textos e imagens da Wikipedia]


CONGONHAS


Congonhas em 1939. 




Congonhas em 1956. 


Congonhas em 1959



Congonhas em 1968. 



Aeroporto de Congonhas. Em 1942, tem inicio estudos de melhorias do Aeroporto de São Paulo feitos a pedido da Diretoria da Viação. Em 1947, começam as obras da primeira grande reforma do aeroporto de São Paulo. Em 1949, as obras de prolongamento da pista principal para 1 865 metros foi concluída. Em 1951, as obras da torre de controle são terminadas. Em 1954, é inaugurado o pavilhão das autoridades e em 1955, o novo terminal de passageiros começou a funcionar. Em 1957, o Aeroporto de Congonhas passa a ser o terceiro do mundo em movimento de carga aérea, depois de Londres e Paris. Em 1959, a ala internacional é inaugurada e a ponte aérea Rio-São Paulo, acordo firmado entre as companhias Varig, Vasp e Cruzeiro do Sul que operavam os Convair 240, Scandia e Convair 340, respectivamente, na ligação aérea entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, começa a funcionar.
[Textos e imagens da Wikipedia]





Aeroporto de Congonhas (CGH, ou SBSP para os especialistas) , localizado nas coordenadas 23° 37' 34" S e 46° 39' 23" está no coração da zona sul de São Paulo, sendo o 2º aero mais movimentado do Brasil. Há quem diga que é um aero bem “executivo”, em função do grande número de passageiros que viajam a negócios entre São Paulo e outros grandes centros, como Rio de Janeiro e Brasília. Vários aviões e companhias marcaram a história de Congonhas. CGH foi hub (ponto estratégico) da Varig, Vasp, TransBrasil dentre diversas empresas aéreas. Aeronaves famosas brilhavam os olhos de quem acompanhava os serviços em Congonhas. Lembramos as operações do SAAB Scandia, Electra, DAC, Fokker, Embraer, A300, B727, e até dos primeiros Airbus 330 da antiga Tam que pousaram e, principalmente, decolaram em 1998 utilizando os 1.940m de pista. Arquivo Público do Estado



 Vista parcial do Aeroporto de Congonhas - Fundo Diários Associados 29.01.1976

 
Uso da ala internacional - Fundo Diários Associados 27.07.1977

Fotos da zona de aeroporto: a extensão gigantesca da zona sul - Fundo Diários Associados 23.06.1975


Aeroporto: divertimento popular - Fundo Diários Associados 11.08.1969

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A Ponte Aérea Rio-São Paulo, foi originalmente um acordo firmado em 5 de julho de 1959, pelas empresas Varig, Cruzeiro do Sul e VASP que ofereciam várias frequências diárias entre os aeroportos Santos Dumont no Rio de Janeiro e Congonhas em São Paulo. Originalmente, esses voos não eram regulares e muitas vezes saíam quase juntos, com um ou outro lotado ou vazio. A partir deste questão, as principais empresas aéreas do país na época, Varig, Vasp e Cruzeiro, assinaram um acordo e começaram a voar entre Rio e São Paulo com voos escalonados alternadamente a cada 60 minutos, com livre circulação dos passageiros entre as companhias. Com um bilhete embarcava-se na primeira aeronave disponível, independendo de qual empresa pertencia. [Textos e imagens da Wikipedia]

Passageiros no Aeroporto  Santos Dumont, no Rio,  aguardando embarque para São Paulo. Anos 1970. Foto: O Globo. 

 

CAMPO DE MARTE



Vista da torre do Aeroporto Campo de Marte e do PAMA-SP ao fundo, com um Beechcraft KingAir taxiando para o pátio do aeroporto. Idril86 

Aeroporto Campo de Marte (IATA: RTE, ICAO: SBMT) é um aeroporto brasileiro, localizado na zona norte da cidade de São Paulo, no bairro de Santana. Foi o primeiro terminal aeroportuário de São Paulo,sendo que hoje não conta mais com linhas comerciais regulares, predominando o tráfego de helicópteros e aviões de pequeno porte, a denominada aviação geral. Apresenta a maior frota de helicópteros do Brasil e sua infraestrutura permite que São Paulo abrigue a maior frota do mundo desse tipo de aeronave, tendo superado a de Nova York. É um aeroporto compartilhado, com parte da área física sob controle do Comando da Aeronáutica e outra sob a administração da Infraero, empresa pública federal brasileira subordinada à Secretaria de Aviação Civil - SAC.

História. As atividades operacionais do aeroporto foram iniciadas em 1929, sendo ele a primeira infraestrutura aeroportuária da cidade de São Paulo, quando foi construída a primeira pista para pousos e decolagens bem como um hangar da Força Pública. Durante a Revolução de 1932 o governo federal ordena às forças armadas o bombardeio aéreo do Campo de Marte. O Campo de Marte foi alvo de um ataque aéreo pesado, pois seus pilotos haviam sido convocados para integrar o Movimento Constitucionalista, juntamente com outros aviadores militares que haviam aderido à causa. Terminada a contenda, todos os aviões do Campo de Marte foram levados para o Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro. Além do ataque aéreo na Revolução de 1932 e a interdição do terminal aeroportuário em 1934 pelo então presidente Getúlio Vargas, houve uma grande enchente no local em 1929. Esses distúrbios induziram o início de estudos técnicos para a escolha de um local alternativo. O sítio escolhido foi Congonhas inaugurado em 1936, os bairros Brooklin e Indianópolis também foram cogitados na época.
Em 12 de novembro de 1933 houve uma cerimônia, na qual inauguraram-se voos para o interior paulista com a VASP, com duas rotas; uma para São José do Rio Preto com escala em São Carlos, e outra para Uberaba com escala em Ribeirão Preto, o que veio implementar em 1934, o Parque Aeronáutico, que ocupou uma boa parcela da área do Campo de Marte. No dia 26 de outubro de 1967 um grande incêndio destruiu o hangar Santos Dumont, que pertencia ao Aeroclube de São Paulo. Cerca de 26 aeronaves P-56 Paulistinha foram consumidas pelo fogo. O Aeroclube estimou o prejuízo em torno de 1 bilhão de cruzeiros velhos, o que nos dias de hoje seria algo equivalente a pouco mais de 3,2 milhões de reais.

Atualmente o aeroporto opera exclusivamente com aviação geral, executiva e táxi aéreo. Opera com o sistema de balizamento noturno, que permite operações da aviação executiva até as 22 horas. É o quinto do país — após Congonhas, Guarulhos, Brasília e Galeão — em maior movimento operacional. Sedia o Aeroclube de São Paulo, que foi inaugurado oficialmente em 8 de junho de 1931, uma das mais antigas escolas de aviação civil em funcionamento no país, conta também com a Associação dos Concessionários, Empresas Aeronáuticas Intervenientes e Usuários do Aeroporto Campo de Marte, onde listam integrantes e serviços prestados no mesmo. Além das atividades aeroportuárias e da escola de aviação, o Campo de Marte abriga o Serviço Aerotático da Polícia Civil e o Grupamento de Rádio Patrulha Aérea da Polícia Militar, sem contar órgãos da Força Aérea Brasileira, como a Subdiretoria de Abastecimento, o Centro de Logística da Aeronáutica, o Parque de Material Aeronáutico de São Paulo e o Hospital de Força Aérea de São Paulo (HFASP).

Helicóptero Águia 11, da Polícia Militar do Estado de São Paulo, deixando sua base no Aeroporto Campo de Marte.


VIRACOPOS

Saguão nos anos 1950

Pouso do Concorde em 1972



O Aeroporto Internacional de Viracopos teve sua construção iniciada na década de 1950 pelo governador Adhemar Pereira de Barros e foi inaugurado em 19 de outubro de 1960. Sua longa pista, com 3.240m x 45m, foi construída para receber com segurança os quadrimotores a jato de primeira geração: Comet, Vickers VC-10, Douglas DC-8, Convair 990 e o Boeing 707. Em 19 de outubro de 1960, através da Portaria Ministerial n.º 756, Viracopos foi elevado à categoria de Aeroporto Internacional e homologado para aeronaves a jato puro. Ao longo dos anos, várias reformas foram realizadas no aeroporto para que o pudesse acompanhar a evolução da aviação. A partir de 1978 a Infraero começou a administrar o Terminal de Cargas e, em 1980, recebeu do DAESP a administração geral do Aeroporto Internacional de Viracopos/Campinas. A vocação cargueira de Viracopos foi consolidada na década de 1990, quando o aeroporto despontou para o segmento de Carga Aérea Internacional. Sua infraestrutura foi ampliada, os processos de movimentação de carga e desembaraço aduaneiro foram modernizados, transformando o aeroporto em referência logística no cenário nacional.[Textos e imagens da Wikipedia]



BOVESPA -BOLSA DE VALORES DE SP


Edifício Palácio do Café (à direita da estátua), próximo ao Pátio do Colégio, uma das primeiras sedes da bolsa.Michell Zappa


Em 23 de agosto de 1890 foi fundada pelo presidente Emílio Rangel Pestana a Bolsa Livre, que seria o embrião da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). A Bolsa Livre encerrou suas atividades em 1891, em decorrência da política do Encilhamento. Quatro anos depois, em 1895, foi aberta a Bolsa de Fundos Públicos de São Paulo, que deu continuidade à evolução do mercado de capitais brasileiro. No ano de 1934, instalou-se no Palácio do Café, localizado próximo ao Pátio do Colégio. No ano seguinte, seu nome foi alterado para Bolsa Oficial de Valores de São Paulo.

Até meados da década de 1960, a Bovespa e as demais bolsas brasileiras eram entidades oficiais corporativas, vinculadas às secretarias de finanças (atuais Secretarias da Fazenda estaduais). Eram 27 bolsas de valores em todo o Brasil, dos governos estaduais e compostas por corretores nomeados pelo poder público. Com as reformas do sistema financeiro nacional e do mercado de capitais que foram implementadas nos anos de 1965 e 1966, as bolsas assumiram a característica institucional, transformando-se em associações civis sem fins lucrativos, com autonomia administrativa, financeira e patrimonial. A antiga figura individual do corretor de fundos públicos, que eram os corretores autônomos de confiança de cada investidor, foi substituída pela da sociedade corretora ou as atuais corretoras de valores, empresa constituída sob a forma de copiar a sociedade por ações nominativas ou por cotas de responsabilidade limitada. Em 1967, a entidade passou a ser denominada Bolsa de Valores de São Paulo.

Integração das bolsas nacionais e surgimento da Bovespa

Pregão de Bolsa meados do século XX.


Desde o início dos mercado de capitais no Brasil, durante a fase final do período colonial, a Bolsa de Valores do Rio de Janeiro foi o grande mercado de ações do país. No entanto, a partir da década de 1970, em decorrência dos efeitos do Crash de 1971, começou a perder espaço gradativamente para a Bovespa. Em junho de 1971, tem início o segundo crash de maior impacto econômico interno da história do Brasil.

Em 2000, as duas bolsas comandaram a assinatura de um acordo de integração das nove bolsas de valores brasileiras. O documento estabelecia que as ações de companhias abertas e os títulos privados em geral seriam negociados na Bovespa, enquanto a BVRJ se encarregaria do mercado eletrônico de títulos da dívida pública, lançado em agosto daquele ano. No mesmo ano, as bolsas de valores de São Paulo (BOVESPA), do Rio de Janeiro (BVRJ), de Minas-Espírito Santo-Brasília (BOVMESB), do Extremo Sul (BVES), de Santos, da Bahia-Sergipe-Alagoas (BOVESBA), de Pernambuco e Paraíba (BOVAPP), do Paraná (BVPR) e a Regional (BVRg) foram integradas. Desde então a Bovespa passou a concentrar toda a negociação de ações do Brasil, e as bolsas regionais mantiveram as atividades de desenvolvimento do mercado e de prestação de serviços às suas praças locais.

A Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) foi a maior bolsa de comércio brasileira até a sua fusão com a Bovespa. Ela consistia em uma sociedade mercantil criada por empresas, corretoras de valores e bancos. Nela, diferentemente da Bovespa, não se negociavam ativos mercantis societários (ações). Em vez disso, eram negociados contratos de mercadorias (principalmente commodities) e derivativos, à vista ou para pagamento futuro. Localizava-se na cidade de São Paulo e operava principalmente com taxa de câmbio, taxa de juros, café, açúcar, soja, gado bovino, milho e ouro.

A Bolsa de Mercadorias de São Paulo (BMSP) foi criada por empresários paulistas, ligados à exportação, ao comércio e à agricultura, em 26 de outubro de 1917. Foi a primeira no Brasil a trabalhar com operações a termo (compra e venda sob condição de entrega futura). Alcançou com o tempo rica tradição na negociação de contratos agropecuários, particularmente café, boi gordo e algodão. Em julho de 1985, surge a Bolsa Mercantil de Futuros, que já utilizava a sigla BM&F. Seus pregões começam a funcionar em 31 de janeiro de 1986. Em pouco tempo, a bolsa conquista posição invejável entre suas congêneres, ao oferecer à negociação de produtos financeiros em diversas modalidades operacionais.
Em 9 de maio de 1991 as duas bolsas fecharam acordo para unir suas atividades operacionais, aliando a tradição de uma ao dinamismo da outra. Surgiu então a Bolsa de Mercadorias & Futuros, mantendo a sigla de Mercantil de Futuros. Em 30 de junho de 1997, ocorreu novo acordo operacional, agora com a Bolsa Brasileira de Futuros (BBF), fundada em 1983 e sediada na cidade do Rio de Janeiro, com o objetivo de fortalecer o mercado nacional de commodities, o que consolida a BM&F como o principal centro de negociação de derivativos do Mercosul.

Em abril de 2002, têm início as atividades de clearing de câmbio BM&F (operação de câmbio com compra e venda para pagamento das aquisições na BM&F) e a BM&F adquiriu da Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia. Com isso passa a administrar os direitos de gestão e operacionalização das atividades da câmara de compensação e liquidação de operações com títulos públicos, títulos de renda fixa e ativos emitidos por instituições financeiras, e os títulos patrimoniais da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ) de seus titulares, bem como os direitos de administração e operacionalização do sistema de negociação de títulos públicos e outros ativos, conhecido como Sisbex. Em 12 de novembro do mesmo ano, a BM&F negociou acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e com a Central Clearing de Compensação e Liquidação, visando o fim das atividades de registro, compensação e liquidação de operações com títulos públicos e privados de renda fixa desenvolvidas por esta última e a sua consequente centralização das atividades na BM&F. Em consequência, no dia 14 de maio de 2004, foram iniciadas as operações da clearing de Ativos BM&F ampliando sua atuação, para se transformar na principal clearing da América Latina.

Em 29 de agosto de 2002, foi lançada a Bolsa Brasileira de Mercadorias, que reunia, além da BM&F, que lhe presta serviços de compensação e liquidação, as bolsas de mercadorias dos estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul e da cidade de Uberlândia (MG), transformadas em Centrais Regionais de Operação, com o intuito de formar um grande mercado nacional para as commodities agropecuárias, com mecanismos modernos de formação de preços e sistema organizado de comercialização.

No dia 29 de janeiro de 2004, o Banco Central do Brasil emitiu resolução por meio da qual autorizou as bolsas de mercadorias e futuros a constituir bancos comerciais para atuar no desempenho de funções de liquidante e custodiante central, prestando serviços às bolsas e aos agentes econômicos responsáveis pelas operações nelas realizadas. Assim, a BM&F deu início ao processo de criação do Banco BM&F de Serviços de Liquidação e Custódia. Em 30 de novembro de 2007 a BM&F torna seu capital aberto, registrando um recorde na procura de seus papéis, negociados sob o código BMEF3.SA, com preço inicial de 20 reais por ação e lote padrão de 100 ações. O volume de negócios nos primeiros momentos de negociação foi tão grande que causou uma pane no sistema BOVESPA. Os primeiros negócios foram realizados no valor de 25 reais por ação.

Em 26 de março de 2008 a Bovespa anunciou oficialmente o início do processo de fusão com a BM&F. A Bolsa de Valores.

CETIP SA. A Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos (CETIP S.A.) foi criada em 1984 como um braço operacional da Associação Nacional dos Dirigentes do Mercado Aberto (ANDIMA), sob a forma de sociedade civil brasileira, sem fins lucrativos. Iniciou suas operações em 1986, passando, desde então, a disponibilizar sistemas eletrônicos de custódia, registro de operações e liquidação financeira no mercado de títulos públicos e privados. Participou ativamente do desenvolvimento do mercado financeiro, em estreita ligação com o mercado e os órgãos de regulação, propondo, criando, viabilizando e operacionalizando soluções e sistemas para suporte das operações de seus participantes, desempenhou papel relevante no processo de privatização da empresas públicas e na concepção e operacionalização do Sistema de Pagamentos Brasileiro.Em 22 de março de 2017, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) aprovaram a fusão da CETIP com a BM&FBovespa. A empresa passou a ser a quinta maior bolsa de mercado de capitais e financeiro do mundo, com patrimônio de 13 bilhões de dólares.

O Novo Mercado da B3 é uma listagem de empresas que possuem práticas de governança corporativa diferenciadas, além das obrigações legais.A entrada de uma companhia no Novo Mercado implica na adesão de um conjunto de regras de "boas práticas de governança corporativa", presentes no Regulamento de Listagem do Novo Mercado, através da assinatura de um contrato. As empresas deste segmento de listagem podem emitir somente ações com direito de voto, conhecidas como ações ordinárias ou ON.

Sede da B3 no centro de São Paulo.



EMPRESAS PÚBLICAS PAULISTAS 


 VASP


McDonnell Douglas MD-11 da VASP nas proximidades do Aeroporto de Bruxelas em 1996.


A VASP (acrônimo de Viação Aérea São Paulo) foi uma companhia aérea comercial brasileira com sede na cidade de São Paulo, onde chegou a ser uma das maiores e mais importantes do país. A companhia deixou de operar em 2005 e teve sua falência decretada pela Justiça de SP em 2008. Fundada em 4 de novembro de 1933, no dia 12 de novembro de 1933 em uma cerimônia no Campo de Marte, foram inauguradas as duas primeiras linhas, que decolaram os dois primeiros voos comerciais da empresa, foram com bimotores Monospar ST-4 ingleses, de São Paulo a São José do Rio Preto com escala em São Carlos, e São Paulo a Uberaba com escala em Ribeirão Preto. Eles tinham capacidade para três passageiros e tiveram como madrinhas, a Dª Olívia Guedes Penteado que batizou o VASP-1 (denominado Bartholomeu de Gusmão) e a Dª Antonieta Caio Prado que batizou o VASP-2 (denominado Edu Chaves). Seu primeiro Presidente e um dos fundadores foi Heribaldo Siciliano
As condições precárias da infraestrutura aeroportuária dificultavam a operação. Nos primeiros meses de atividades, a VASP teve suas operações suspensas devido a fortes chuvas que inundaram o Campo de Marte, sendo retomadas em 16 de abril de 1934. Tais dificuldades foram decisivas para a empresa participar do desenvolvimento de aeroportos e campos de pouso no interior paulista. A empresa transferiu suas operações para o recém inaugurado Aeroporto de Congonhas, conhecido como "Campo da VASP". Em janeiro de 1935, a sua frágil saúde financeira fez com que a diretoria pedisse oficialmente ajuda ao Governo do Estado. A VASP foi estatizada e recebeu novo aporte de capital para a compra de dois Junkers Ju-52-3M. Em 1936 a VASP estabeleceu a primeira linha comercial entre São Paulo e Rio de Janeiro, e em 1937 recebeu seu terceiro Junkers. Em 1939 a VASP comprou a Aerolloyd Iguassu, pequena empresa de propriedade da Chá Matte Leão, que operava na região sul do país.

Tripulação da VASP nos anos 1960. Acervo do Comandante Célio Soret (primeiro à direita). Jornal Debate. 


Em 1949, o avião da VASP pousou no Aeroporto de Catanduva, inaugurando assim a sua linha de voos diretos para São Paulo, Santos e Rio de Janeiro, feitos no mesmo avião. O possante “Douglas”, em seu voo inaugural, trouxe a esta cidade para presidir o ato de abertura, o governador Adhemar de Barros, vários assessores, imprensa, além de Aderbal Ramos, governador de Santa Catarina, que se encontrava em São Paulo e foi convidado para acompanhar a comitiva. Em aqui chegando todos se dirigiram a Associação Comercial, Industrial e Agrícola, onde foi feita a recepção tendo feito uso da palavra o Dr. Ítalo Záccaro, que saudou o Governador, focalizando a importância do acontecimento que ele viera presidir, depois falou o governador de Santa Catarina que manifestou seu entusiasmo pela capacidade de trabalho do povo Paulista e depois o governador Adhemar de Barros falou da importância que tinha essa região no contexto Estadual, daí a inauguração da nova linha da VASP, pioneira da aviação comercial no país.

Embarque de gado da VASP Cargas. Publicado pelo jornal Debate. 


A VASP funcionou na cidade de Catanduva cerca de três anos, seu escritório era na Rua Pernambuco, 153 e seu agente era o Sr. Moacyr Lichti. Em 1962 foi a vez do Lloyd Aéreo ser comprado, ampliando ainda mais sua participação a nível nacional. No início da década de 1990, a VASP foi privatizada no governo de Orestes Quércia. Em 4 de setembro de 1990, o empresário Wagner Canhedo adquiriu 60% das ações da Vasp, em leilão no qual pagou o lance mínimo, US$ 43,7 milhões (Cr$ 3,3 bilhões, à época). Posteriormente, foram apontadas irregularidades no processo de privatização que levam a abertura de uma CPI pela Câmara dos Deputados. Seu novo presidente, Wagner Canhedo, iniciou uma agressiva expansão internacional: Ásia (Osaka no Japão e Seul na Coréia do Sul), Canadá (Toronto), Caribe (Aruba), Estados Unidos (Nova York, Los Angeles, São Francisco, Miami, e Orlando voos charters), Europa (Madri e Barcelona na Espanha, Frankfurt na Alemanha, Zurique na Suíça, Bruxelas na Bélgica, Atenas na Grécia) e até mesmo o Marrocos (Casablanca), entraram no mapa da empresa. Aumentou a frota, trazendo entre outros três DC-10-30 e depois nove MD-11. Criou o VASP Air System, após adquirir o controle acionário do Lloyd Aéreo Boliviano, Ecuatoriana de Aviación e da argentina Transportes Aéreos Neuquén. A empresa não conseguiu sustentar o crescimento. [Textos e imagens da Wikipedia]

Boeing 737-200 da VASP abandonado no Aeroporto Internacional de Viracopos/Campinas em 2007.





Jingle da VASP composto pelo violonista Theo de Barros, do Quarteto Novo, nos anos 1970.


BANESPA




Se existe um banco que está na memória de todos os paulistas este é, sem dúvida, o Banespa. Extinto em 2001, após ter sido privatizado e arrematado pelo espanhol Santander, o banco segue até hoje no imaginário paulistano graças a diversos fatores, como o seu icônico edifício que por longos anos foi o maior arranha-céu da América do Sul, seu outro prédio menor que ganhou o apelido de Banespinha, após sair das mãos dos Matarazzo e que hoje abriga a prefeitura de São Paulo. O Banespa também é lembrado pelo seu incrível clube localizado na zona sul da capital e pelo seu saudoso time de vôlei, tanto no masculino quanto no feminino. A história do Banespa, ou melhor, Banco do Estado de São Paulo, como é seu nome original, começou praticamente junto com o século 20, no distante ano de 1909 e, por incrível que pareça, majoritariamente estrangeiro, com uma injeção de 75% capital francês.
Naquela época ele ainda não tinha a nomenclatura que ficou conhecido por boa parte do século 20, sendo chamado de Banco de Crédito Hipotécário e Agrícola do Estado de São Paulo e seu principal objetivo era financiar a produção cafeeira dos fazendeiros paulistas. A empresa só seria nacionalizada em 1919, quando o Tesouro Estadual comprou a participação estrangeira, com a ajuda de um aporte do então poderoso Instituto do Café.

O banco permaneceria neste padrão e nome até o ano de 1926 quando através de assembleia tem sua denominação alterada para Banco do Estado de São Paulo, passando a valer a partir do início do ano seguinte. Nos próximos anos a instituição continuou em franco crescimento e relevância a ponto de se transformar em um dos principais bancos estatais brasileiros, rivalizando especialmente com bancos federais.


A ascensão do banco levou os dirigentes da instituição e do Governo Paulista a pensar em uma nova sede para abrigá-lo. Para este novo empreendimento a ideia foi erguer um edifício que deixasse evidente a pujança paulista e o grande desenvolvimento tanto da cidade como do restante do Estado na década de 1930. Assim, em 19 de setembro de 1939, era colocada a pedra fundamental que iniciaria a construção do Edifício Banco do Estado de São Paulo. Projetado originalmente por Plínio Botelho do Amaral ele seria afastado do projeto no decorrer da construção pois a diretoria do banco não estava animada com seu projeto arquitetônico e queria que o novo edifício tivesse uma maior semelhança com o Empire State Building de Nova York. Por isso a construtora paulista Camargo & Mesquita assume as obras em andamento, levando-a até sua conclusão.

O Banespa entraria em dificuldades financeiras em meados da década de 1980, acompanhando as crises que assolam o país e os sucessivos e malsucedidos planos econômicos. O banco chegou a receber intervenção federal em 1994, através do chamado RAET (Regime de Administração Especial Temporária). Para sanear as contas do banco e evitar sua quebra foi gasto naquela época R$45.5 bilhões. Anos mais tarde, em 1999, já federalizado o banco teve toda sua diretoria demitida pelo governo federal.

Em 20 de novembro de 2000, quase um século após seu surgimento, o Banespa é arrematado pelo grupo espanhol Santander em um processo que não foi tranquilo, seguido de protestos por parte de funcionários e até clientes, desgostosos com o baixo nível de qualidade e de atendimento do novo banco proprietário. Aos poucos o nome Banespa vai saindo de cena – chegou a ser chamado Santander Banespa – até que passa a ser apenas Santander.

Interiores do Edifício Altino Arantes


Curiosidades. Durante a Revolução Constitucionalista de 1932 o Estado de São Paulo, pressionado pelo Governo Federal, sofre uma grande escassez de dinheiro, razão que leva o banco paulista a emitir sua própria moeda (foto abaixo). Após o término da revolução o Banco do Brasil reconheceu o dinheiro local e ele é trocado com paridade. Atualmente o chamado “dinheiro paulista” tem grande valor entre os colecionadores. O Banespa foi o primeiro banco do país a aceitar uma mulher nos quadros funcionais. Em 1932 o Banespa admitiu Maria Eugênia Guimarães como funcionária efetiva e seu ingresso causou grande escândalo na sociedade paulistana. A bandeira tremulando no topo do edifício não é algo que acompanha o banco desde a inauguração do prédio. Esse costume surgiu após a reforma na fachada do edifício, ocorrida na década de 1970. Anteriormente o topo recebeu desde publicidade até antenas, sendo a mais famosa delas a antena da extinta TV Tupi. Outra curiosidade  é a respeito da bandeira a tremular no topo do edifício que é sempre a bandeira paulista. Em algumas ocasiões especiais o cerimonial troca a bandeira pela de São Paulo, em 25 de janeiro, aniversário da capital e em datas como 7 de setembro e 15 de novembro, respectivamente as datas da Independência do Brasil e Proclamação da República, ocasião que tremula a Bandeira do Brasil. O nome “Altino Arantes” não era oficial do prédio até meados da década de 1960. O novo batismo do edifício foi uma forma encontrada pela diretoria da instituição para homenagear aquele que além de ter sido governador de São Paulo de 1916 a 1920, foi também o primeiro presidente do banco. A nomeação trouxe um caso curioso na cidade, com dois grandes edifícios próximos compartilhando o mesmo nome (e curiosamente ambos ligados a bancos).Hoje São Paulo é uma metrópole com 12,33 milhões de habitantes o que faz da cidade uma das maiores do mundo. Na época da inauguração do edifício, em 1947, a população paulistana era de 2,2 milhões. Já parou para pensar como era a vista do mirante naquela época? As fotografias abaixo são do folder de inauguração do prédio e mostram as vistas respectivamente das regiões nordeste, sudoeste e sudeste da capital e arredores. São Paulo Antiga. 

Agência do Banespa (na época como uma marca em que estava nas mãos do Santander) em Avaré, no interior de São Paulo.

CAIXA ECONÔMICA ESTADUAL




A Nossa Caixa foi originário das Caixas Econômicas Paulistas, fundado em 30 de dezembro de 1916 e encerrado oficialmente em 30 de novembro de 2009, quando foi incorporado ao Banco do Brasil. Possuía 547 agências e cerca de 15.000 funcionários. 

Em 1916 a economia cafeeira sofria com um grande corte das exportações para a Europa, principal mercado do país, em função da Primeira Guerra Mundial. A recessão provocada pelo conflito ajudou a agitar ainda mais os cenários social, político e, sobretudo, econômico. A instabilidade econômica fez com que os gastos da população fosse efetuados com parcimônia, com a prioridade passando a ser a formação de pecúlios. Neste contexto, o momento era ideal para a criação das caixas econômicas paulistas, uma iniciativa que não obteve sucesso em governos anteriores. Em 1892, o presidente do estado Bernardino de Campos sancionou a Lei nº 117, autorizando a fundação de Caixas Econômicas. No entanto, por ser considerada anacrônica, foi posteriormente revogada pela Assembleia Legislativa.


Caderneta de Poupança, emitida em 1971, pela então Caixa Econômica do Estado de São Paulo.


Em 30 de dezembro de 1916, o presidente do estado, Altino Arantes, promulgou a Lei nº 1.544, do Congresso Legislativo, criando as Caixas Econômicas na Capital, além de Santos, Campinas e Ribeirão Preto. Elas foram destinadas a receber pequenos depósitos e estimular a formação de pecúlios populares. O Decreto nº 2.765, de 1917, regulamentou a lei. Em 22 de março de 1917, a Caixa Econômica do Estado, na Capital, precisamente na rua Floriano Peixoto, iniciou suas atividades com um depósito no valor de um conto de réis, efetuado pelo filho de Arantes, o estudante Paulo Francisco.

Ainda em 1917, após o estabelecimento de sua sede, o banco inaugurou outras três unidades: em Santos (2 de maio), em Campinas (2 de junho) e em Ribeirão Preto (30 de junho). Todas contavam com autonomia administrativa, mas estavam submetidas às diretrizes da Secretaria da Fazenda. Nos anos seguintes, suas atividades se ampliaram rapidamente. Em meados da década de 1920, já acumulava depósitos em quantia semelhante a da Caixa Econômica Federal. O banco então iniciou um processo de interiorização, fundando agências em diversas cidades do interior paulista. Se no final de 1917 detinha 56 agências, em 1939 este número mais que triplicou, crescendo para 198. Em 1938, contava com quase 100.000 cadernetas de depósitos. No ano 1951, o governo estadual decidiu reunir todas as agências em uma autarquia, que foi denominada Caixa Econômica do Estado de São Paulo.

Em 1956, a sede da instituição foi transferida para o edifício Altino Arantes. Em 1974, deixou de ser autarquia para se transformar em empresa de sociedade anônima. Em 1990, mudou novamente de status, passando a se tornar um banco múltiplo, o que lhe possibilitou diversificar suas ações. Também recebeu um novo nome: Nossa Caixa Nosso Banco S/A. Em 2000, assumiu a posição de banco oficial do Estado com a privatização do Banespa, mudando novamente de nome, para Banco Nossa Caixa S/A.No ano seguinte, o governador Geraldo Alckmin sancionou a Lei nº 10.853, autorizando o estado a vender até 49% das ações do banco. Converteu-se, assim, em uma companhia de economia mista, expandindo suas agências para outros estados. Em 2005, transformou-se em uma instituição de capital aberto, juntando-se à Bovespa (atual B3). Em 2007, o Nossa Caixa começou a pagar toda a folha de pagamento estadual. Na época, era terceiro maior banco público brasileiro, com 5,4 milhões de clientes e com agências em todas as cidades de São Paulo.

Protesto de sindicalistas contra a incorporação da Nossa Caixa ao Banco do Brasil. 


Incorporação ao Banco do Brasil. Em novembro de 2008, o Banco do Brasil informou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e à Bolsa de Valores de São Paulo a aquisição do Nossa Caixa, ao custo de R$ 5,38 bilhões. A incorporação levou o Banco do Brasil a liderar o mercado no estado de São Paulo, onde anteriormente ocupava a quarta colocação. Para que o negócio fosse concretizado, foi necessária a autorização do Governo do Estado, que detinha diretamente 71,25% das ações ordinárias, e a autorização da Assembleia Legislativa. A Nossa Caixa era o último grande banco estadual ainda não privatizado.


TELESP

O governador Laudo Natel  em cerimônia de lançamento do sistema DDD no início dos anos 1970. 

Telecomunicações de São Paulo (TELESP) foi a empresa operadora de telefonia do sistema Telebras no estado de São Paulo, sucessora da CTB e da COTESP, permanecendo em atividade de maio de 1973 até o processo de privatização em julho de 1998. Dos atuais 645 municípios do estado de São Paulo a Telesp só não operava em 43 municípios, atendidos pelas empresas CTBC Borda do Campo, CTBC Brasil Central e CETERP. A partir de janeiro de 1974 inicia-se o processo de transferência das cidades do Alto Tietê para a área de operação da CTBC a fim de racionalizar o sistema interurbano e acelerar a integração operacional na Grande São Paulo.  Dessa forma as operações dos serviços telefônicos de Ferraz de Vasconcelos, Poá, Itaquaquecetuba e Guararema (antiga concessão CTB), Arujá, Biritiba Mirim, Igaratá, Salesópolis, Santa Branca e Santa Isabel (antiga concessão COTESP), e Jacareí (antiga concessão Telefônica Jacareí) foram transferidas da Telesp para a CTBC. Em 1975 Cubatão passa a ser atendida pela Telesp pela conveniência de uma solução técnica global para a Baixada Santista, e em setembro de 1979 as operações dos serviços telefônicos de Jacareí, Santa Branca e Salesópolis retornaram à Telesp por razões de facilidades operacionais,sendo que na década de 90 Salesópolis volta a ser atendida em definitivo pela CTBC. As seis gerências regionais eram a São Paulo Leste (OL) e a São Paulo Oeste (OW), criadas em 1979 através da divisão da regional com sede em São Paulo, a Centro-Sul (OA) criada em 1976 com sede em Campinas, a Centro-Oeste (OB) criada em 1977 com sede em Bauru, a Norte (OT) criada em 1978 com sede em São José do Rio Preto e a Sudeste (OS) criada em 1979 com sede em Santos. Até o ano de 1992 sua área de operação abrangia um total de 532 cidades. Após a criação de novos municípios a área de operação passou a ser de 583 cidades em 1993 e de 602 cidades em 1997.

Morte do Orelhão: comercial de 1980, da antiga DPZ, para a Telesp. Combate ao vandalismo.


ORELHÕES. No início os telefones públicos disponibilizados pela Telesp eram somente os orelhões amarelos (equipados com aparelhos telefônicos na cor vermelha que funcionavam com fichas telefônicas locais), utilizados para a realização de chamadas locais ou interurbanas para cidades e localidades da mesma área de tarifação. Esses orelhões começaram a ser instalados em 1972 pela CTB.
Em 1975 surgem os orelhões azuis (equipados com aparelhos telefônicos na cor azul que funcionavam com fichas telefônicas DDD), utilizados para a realização de chamadas interurbanas diretas para todas as cidades e localidades já integradas ao sistema DDD, ou com o auxílio da telefonista para as demais.
Haviam também os telefones semipúblicos, que instalados em estabelecimentos credenciados como bares, restaurantes, hotéis e padarias, funcionavam como telefone público e como telefone comum, graças a uma chave seletora no aparelho. Nos bairros periféricos das grandes cidades, assim como em bairros rurais que não dispunham de telefonia, haviam os chamados vilafones, aparelhos que faziam e recebiam chamadas locais e interurbanas, instalados em estabelecimentos comerciais de fácil acesso ao público. Para atender as populações de baixa renda a Telesp iniciou em 1981 a instalação de orelhões em conjuntos habitacionais. Também em 1981 começaram a ser instalados os primeiros telefones públicos para deficientes físicos. O primeiro orelhão comunitário, telefone público que fazia e recebia chamadas, foi instalado em agosto de 1982 na favela de Vila Prudente. Posteriormente muitos orelhões começaram a ser substituídos por cabines de concreto e vidro temperado incolor. As cabines foram testadas inicialmente nas cidades de São Paulo, Santos, Guarujá, São Vicente e Campinas, e depois instaladas por todo o estado, mas não tiveram boa aceitação.Já as fichas telefônicas utilizadas nos telefones públicos começaram a ser substituídas pelos cartões telefônicos a partir de 1993.




LISTAS . As listas telefônicas, instrumentos integrantes da exploração do serviço telefônico, tinham por objetivo proporcionar informações sobre os assinantes do serviço público de telefonia. Sua edição e comercialização eram de exclusiva responsabilidade da operadora do serviço de telecomunicações e, caso necessário, esta poderia contratar serviços de terceiros. Obrigatoriamente elas deveriam conter lista de assinantes e classificada, e facultativamente lista de endereços das principais cidades abrangidas, sendo a abrangência determinada pela operadora. As listas telefônicas oficiais da cidade de São Paulo eram publicadas pela Editora de Guias LTB desde a época em que ainda era atendida pela Companhia Telefônica Brasileira, sendo elas a Lista Telefônica Assinantes e a Páginas Amarelas.

Plano de expansão Telesp (década de 70). Na política do governo brasileiro de expansão do sistema telefônico os usuários antecipavam recursos financeiros para financiá-lo, através do esquema de autofinanciamento das linhas telefônicas, adotado em 1967 e que foi único em todo o mundo. Assim, o usuário recebia ações da empresa concessionária do serviço público de telecomunicações, ou seja, ele não estava apenas adquirindo a linha, mas também se tornando acionista da companhia. Esse era o processo de expansão das empresas de telefonia: elas aumentavam o capital emitindo ações que eram compradas pelos interessados em ter um telefone. Depois, o dinheiro era usado para ampliar a rede de telefonia e instalar as linhas compradas. Entre a venda do plano de expansão e a instalação da linha o processo podia demorar dois anos ou mais. Aqueles que adquiriram planos de expansão de janeiro de 1973 a dezembro de 1974 e de janeiro de 1996 a junho de 1997 se tornaram acionistas da Telesp, enquanto aqueles que adquiriram planos de expansão de janeiro de 1975 a dezembro de 1995 se tornaram acionistas da Telebras.


Frota de operação técnica de rua  


DDD-DDI. Em 1969 o sistema de Discagem Direta à Distância (DDD) começou a ser implantado em todo o país. A partir de maio de 1973 a Telesp começou a implantar em conjunto com a Embratel o sistema DDD nas cidades em que operava. No início da implantação várias cidades receberam primeiramente o DDD de entrada, ou seja, somente recebiam chamadas interurbanas via DDD de outras cidades mas não podiam fazer as ligações por DDD, estas tinham que ser via telefonista. Posteriormente é que receberam o DDD de saída, passando também a realizar chamadas interurbanas via DDD para outras cidades através de sua central telefônica, sem necessidade da telefonista. Mas a grande maioria das cidades recebeu de uma vez o sistema completo de entrada e saída. Quando a Telesp iniciou as operações o DDD havia sido implantado somente em São Paulo, nos anos de 1969 (entrada) e de 1970/1971 (saída), com a inauguração oficial em julho de 1970 transmitida ao vivo para o país pela TV Tupi, Santos, Cubatão e Guarujá (maio de 1971-entrada) e Presidente Prudente (junho de 1972).


O governador Laudo Natel em visita a um central da Telesp no Campo Belo nos anos 1970.


COMPANHIA SIDERÚRGICA PAULISTA-COSIPA




A Companhia Siderúrgica Paulista (COSIPA), também conhecida como Usina José Bonifácio de Andrade e Silva, localiza-se no município paulista de Cubatão no litoral do Estado de São Paulo, no Brasil. Possui 12 milhões de metros quadrados, incluindo um porto privativo alfandegado e que pode operar 12 milhões de toneladas/ano, e um complexo ferroviário com capacidade de atender 4 milhões de toneladas/ano. A empresa conta com cerca de 5.500 empregados, dos quais 5.300 trabalhando na Usina de Cubatão. A empresa produz aços planos não-revestidos, (placas, chapas grossas, laminados a quente e a frio), que atendem segmentos estratégicos da economia, como o automobilístico, ferroviário, automotivo, naval, de construção civil, agrícola, de embalagens, mecânico, eletroeletrônico, de utilidades domésticas, máquinas, equipamentos e de distribuição.

A COSIPA foi fundada em 1953, um sonho de empreendedores paulistas, dentre eles, Martinho Prado Uchoa, Plínio de Queiroz, Alcides da Costa Vidigal e Herbert Levi. Após mais de dez anos em fase de preparação e projeto, a Usina foi inaugurada em 18 de dezembro de 1963 pelo presidente João Goulart. Em 1966, transformou-se em uma usina siderúrgica integrada a coque.


Conversor da aciaria nº 2. Foto: Cosipa, cerca de 1990

Em setembro de 1973, foi criada a holding Siderbrás para controlar e coordenar a produção de aço no Brasil. A companhia recebeu a transferência da participação acionária do BNDES em várias empresas do setor, controlando inicialmente sete empresasː CSN, Usiminas, Cosipa, Cofavi, Cosim, Usiba e Piratini. Após dois grandes planos de expansão nos anos 70 e 80 e com muitos problemas oriundos da recessão e deficiências administrativas impostas por sucessivas diretorias indicadas pelo Governo, a COSIPA entrou os anos 90 com os resultados mais negativos das siderúrgicas brasileiras.

Greve dos funcionários da Cosipa na década de 1980.


A partir de 1993, entretanto, a COSIPA deixa de ser uma empresa estatal. Em 20 de agosto desse ano, a empresa é privatizada, através de um leilão na Bolsa de Valores do Estado de São Paulo (atual B3), passando a ser controlada por um grupo de investidores, liderados pela Usiminas. A data da privatização foi o início de uma nova era de objetivos e conquistas, atingidas ano após ano.

A renovação de seu parque industrial, finalizada em 2001, fez com que a COSIPA passasse a operar com capacidade máxima, ou seja, produzir 4,5 milhões de toneladas/ano de aço líquido e conseguiu equacionar os seus problemas ambientais. Estes dois objetivos foram consolidados através de um plano de investimento de R$ 1,1 bilhão nos equipamentos da Usina de Cubatão, sendo R$ 240 milhões destinados somente a equipamentos de controle ambiental.

Instalações da Cosipa em Cubatão. Foto: Cosipa, cerca de 1990


A partir de meados de 2005, formalmente integrada ao Sistema Usiminas, mantém uma sequência de excelentes resultados financeiros e em todos os demais indicadores empresariais. Bastante integrada à comunidade da Baixada Santista, um dos desafios iniciais no período pós-privatização, a COSIPA se prepara para atingir 5 milhões de toneladas de aço líquido anuais com uma nova Máquina de Lingotamento 4, Conversor 7, linha de Laminação a Quente, a modernização da Máquina de Lingotamento Contínuo 3 e a reforma do Alto Forno 1.

Em março de 2009 teve seu nome alterado para Usiminas, bem como as demais empresas desse grupo.

Em outubro de 2015, sob o contexto da crise econômico/financeira que atingia o país, foi anunciado o encerramento das atividades de produção de aço, provocando milhares de demissões e com reflexos na economia da cidade de Cubatão e da baixada santista, entretanto a usina não foi desativada. As desativações atingiram a metalurgia primária e os equipamentos e atividades a ela relacionados: pátios de minérios, coqueria, sinterização, altos fornos e aciaria. Desativado também o laminador de chapas grossas. Foram mantidas as linhas de laminação a quente e de laminação a frio, sendo que o laminador de tiras a quente é um dos mais modernos do mundo.

Complexo Portuário da Cosipa em Cubatão. Foto: Cosipa, cerca de 1990


CENTRAIS ELÉTRICAS SÃO PAULO-CESP


Usina Sergio- e o Reservatório de Porto Primavera formado pelo represamento do Rio Paraná.  


Companhia Energética de São Paulo (CESP) foi uma empresa estatal de de energia elétrica do Estado de São Paulo, que possuiu três usinas hidrelétricas integradas ao Sistema Interligado Nacional (SIN), atuando nos segmentos de geração, transmissão e distribuição de energia. Desde a década de 40, o setor elétrico do estado de São Paulo era servido por empresas privadas, como a Light e a Companhia Paulista de Força e Luz. No entanto, o setor privado não estava conseguindo atender à crescente demanda por energia, resultante do desenvolvimento industrial. A dificuldades de abastecimento elétrico e de investimentos, bem como o esgotamento dos potenciais hidrelétricos de investimento da Light, demandaram a necessidade da intervenção do Estado de forma a garantir a continuidade do serviço vital para o desenvolvimento econômico do estado.

Origens. Em 1948, foi criado o Conselho Estadual de Energia Elétrica. A Lei nº 1.350 de 12 de dezembro de 1951 criou o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica). Em 1952, foi desenvolvido o Plano Básico de Eletrificação do Estado, que deu origem às primeiras usinas e empresas do Governo Estadual (USELPA – Salto Grande e CHERP – Euclides da Cunha – Limoeiro). As empresas era de capital misto, com capital público e privado. A CESP foi inicialmente constituída pelo governo de São Paulo, em 5 de dezembro de 1966, pela fusão de onze empresas de energia elétrica que atuavam isoladamente, a fim de centralizar o planejamento e racionalização dos recursos do estado de São Paulo no setor energético, recebendo o nome de Centrais Elétricas do Estado de São Paulo (CESP).
As onze empresas fusionadas, das quais cinco eram empresas de economia mista com participação majoritária do governo estadual, eram: Usinas Elétricas do Paranapanema (Uselpa), Companhia Hidroelétrica do Rio Pardo (Cherp), que detinha o controle acionário de: Central Elétrica de Rio Claro (Sacerc) e de suas associadas; Empresa Melhoramentos de Mogi Guaçu; Companhia Luz e Força de Jacutinga e Empresa Luz e Força de Mogi Mirim; Centrais Elétricas de Urubupungá (Celusa);
Bandeirante de Eletricidade (Belsa), que controlava: Companhia Luz e Força de Tatuí e Empresa Luz e Força Elétrica de Tietê; Companhia Melhoramentos de Paraibuna (Comepa).

A CESP, a partir de sua criação, passou a ser a maior empresa de geração de energia elétrica brasileira.
Em 1975, a CPFL teve o controle acionário repassado à CESP. Em 1984, o controle acionário da Comgás passa para a CESP. A CESP chegou a ter uma participação de quase 30% na capacidade instalada e de geração no País. No fim da década de 1980, o parque gerador da CESP era o maior do país, com uma soma de potencial instalado de 8.649.080 kW.

Primeira alteração. Em 27 de outubro de 1977, a razão social da CESP foi alterada para Companhia Energética de São Paulo. Com isso, procurava-se ampliar a atuação da empresa, abrindo espaço para o desenvolvimento de outras formas de energia que não somente a hidrelétrica. Assim teve início o estudo de fontes alternativas de energia, como o hidrogênio e o metanol. Passou, então, a ser uma empresa reconhecida mundialmente em função de sua tecnologia desenvolvida nas áreas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Os trabalhos desenvolvidos na área de meio ambiente e hidrovia foram pioneiros no setor elétrico brasileiro, e serviram de referência ao setor.

UH Porto Primavera. Em 1980, durante o governo de Paulo Maluf, iniciou-se a construção da Usina hidrelétrica Porto Primavera nos municípios de Rosana (paulista) e Bataiporã (sul-matogrossense).  A região inundada pelo lago, em sua maior parte no estado de Mato Grosso do Sul, tratava-se da maior e melhor reserva de argila da América do Sul, era um importante sítio arqueológico e abrigava quase duas mil famílias ribeirinhas. Também se tratava de um dos ecossistemas de maior biodiversidade do Brasil e do mundo, com características semelhantes às do Pantanal, abrigando dezenas de espécies animais e vegetais em extinção. Por esses e outros motivos, várias ações judiciais passaram a ser movidas contra a CESP.

Privatização. O governo do estado de São Paulo promoveu, a partir de 1996, o processo de privatização de seu setor energético com a lei estadual número 9.361/96 e a coordenação pelo Conselho Diretor do Programa Estadual de Desestatização (PED). Em 5 de novembro de 1997, foram vendidas 60,7 % das ações ordinárias da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), controlada pela CESP desde 1975.

Em 1 de junho de 1998 foi criada a Elektro - Eletricidade e Serviços, subsidiária da CESP. Reunia a distribuição de energia elétrica, com um milhão de clientes distribuídos por duzentos e vinte oito municípios nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul. Sua privatização ocorreu em 16 de julho de 1998, com a venda de 90% das ações ordinárias em leilão na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

Em abril do ano seguinte, a CESP passou por uma cisão parcial. Foram criadas duas empresas de geração e uma de transmissão de energia elétrica. A empresa de transmissão, chamada de Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista, permaneceu sob controle do governo até junho de 2006, quando foi vendida por R$ 1,193 bilhão para o grupo ISA (Interconexión Eléctrica S/A Esp), da Colômbia, com um ágio de 57,89% sobre o preço mínimo de R$ 755,6 milhões. Duas empresas de geração foram privatizadas: a Companhia de Geração de Energia Elétrica Paranapanema, cujo leilão na Bovespa ocorreu em 28 de julho de 1999, e a Companhia de Geração de Energia Elétrica Tietê, privatizada em 27 de outubro de 1999. A CESP continuou com o controle das usinas hidrelétricas.

A CESP também terminou sua participação na Companhia de Gás de São Paulo (Comgás) e vendeu os 61,9 % que tinha do capital social daquela empresa em leilão na Bovespa, em 14 de abril de 1999. O governo do estado de São Paulo decidiu em 15 de maio de 2001 adiar a realização do leilão de venda de ações do capital social da CESP, que seria realizado em 16 de maio do mesmo ano. O adiamento decorreu por motivos alheios à vontade do governo do estado, relacionados à indefinição quanto às medidas de contenção do consumo de energia elétrica, que ainda não haviam sido anunciadas pelo Governo Federal e que poderiam influenciar significativamente o comportamento do mercado em geral.
Foi marcado novo leilão de privatização para 26 de março de 2008 porém esse leilão fracassou, pois nenhum dos concorrentes fez o depósito das garantias exigidas.

No dia 19 de outubro de 2018, após quatro tentativas frustradas de privatização, o consórcio São Paulo Energia, formado entre as empresas Votorantim Energia e o Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB), arrematou o controle acionário do governo paulista na CESP, pelo valor de R$ 1,7 bilhão. Adicionalmente, o consórcio deverá pagar R$ 1,397 bilhão de outorga pela renovação antecipada da concessão da Usina Engenheiro Sérgio Motta (Porto Primavera), por 30 anos, até 2048. O atual contrato de concessão com o governo federal vence em 2028 Em 28 de março de 2022, a CESP foi incorporada pela VTRM Energia, joint venture da Votorantim Energia e do CPPIB, e a nova empresa resultante da fusão passou a se chamar Auren Energia.

COMPANHIA PAULISTA DE FORÇA E LUZ -CPFL




A CPFL foi fundada por José Balbino de Siqueira e Manfredo Antônio da Costa, dois engenheiros da Escola Politécnica de São Paulo que, acreditando no potencial de um país que começava a se industrializar e ganhar contornos urbanos, foram os grandes responsáveis por consolidar as empresas que forneciam energia para as cidades de Botucatu, São Manuel e Dois Córregos. Nascia assim em 16 de novembro de 1912 a Companhia Paulista de Força e Luz, a partir da fusão de quatro companhias (Empresa Força e Luz de Botucatu, Empresa Força e Luz de São Manoel, Empresa Força e Luz de Agudos-Pederneiras e Companhia Elétrica do Oeste de São Paulo). Em 1927, a empresa passou do controle privado nacional ao controle estrangeiro através da venda à empresa American & Foreign Power, pertencente a uma subsidiária da General Electric, permanecendo sob seu controle até 1964, quando foi estatizada e encampada pela Eletrobrás.

Expansão. Em 1973 a CPFL adquiriu a empresa privada dos municípios de São Carlos e Descalvado, à CPE (Companhia Paulista de Eletricidade), que era uma das mais antigas empresas de eletricidade do Brasil. Fundada em 1890, inaugurou a primeira hidrelétrica do estado de São Paulo, a usina de Monjolinho, em julho de 1893. Em 1975, teve o controle acionário repassado à CESP (Companhia Energética de São Paulo), pertencente ao governo de São Paulo. A CPFL Paulista se manteve sob controle estatal até novembro de 1997, quando foi privatizada por R$ 3,015 bilhões e teve seu controle repassado ao Grupo VBC (Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa) (45%), além do fundo de pensão Previ (38%) e Bonaire Participações (que reunia os fundos Funcesp, Sistel, Petros e Sabesprev) (17%).
Foi feita uma reestruturação societária, com a criação da holding CPFL Energia em 1998. A partir da privatização, houve desmembramentos das regionais e novas regionais foram criadas para melhor redimensionamento e atendimento a população.

Mudanças estruturais. Em 1999, ocorreu a privatização da Empresa Bandeirante de Energia, oriunda da cisão da Eletropaulo. Tendo a empresa sido adquirida em consórcio da CPFL com a EDP. Em 2001, a companhia foi parcialmente cindida, tendo sido constituídas a Bandeirante Energia, controlada pela EDP, e a CPFL Piratininga, sob controle da CPFL. Em 2000, os ativos de geração de energia foram segregados com a criação da CPFL Geração. Em 2001, a CPFL Paulista adquiriu o controle acionário da Rio Grande Energia (“RGE”), empresa de distribuição  de energia das regiões norte e nordeste do Estado do Rio Grande do Sul, fruto da cisão da CEEE. Em 2002, foi criada a CPFL Brasil, com o objetivo de fornecer energia elétrica às distribuidoras controladas da CPFL Energia, e comercializar e gerir energia no ambiente de contratação livre. Em 2004, foi feita Oferta Pública de Ações (IPO) na Bolsa de Valores de São Paulo e na Bolsa de Nova Iorque. Em 2006, adquiriu a Companhia Jaguari de Energia (CPFL Jaguari). No ano seguinte, comprou a CMS Energy Brasil, que atuava nos segmentos de distribuição e geração em São Paulo. Em 2007, o Bradesco, através da holding Bradespar, vendeu as ações da VBC. Em 2009, a Camargo Corrêa comprou as ações da VBC que pertenciam a Votorantim, tornando-se, o único acionista da holding. Em 2010, adquiriu a Companhia Luz e Força Santa Cruz (CPFL Santa Cruz), da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), pertencente ao grupo Votorantim. Em 2011, foi criada a CPFL Renováveis, a partir da associação de ativos e projetos da CPFL e da ERSA em PCHs, parques eólicos e usinas termelétricas a biomassa. Em 2012, foi criada a CPFL Transmissão, para operar a concessão do Leilão de Transmissão ANEEL 007/2012. Em 2016, adquiriu a AES Sul, que teve nome modificado para RGE Sul e foi fundida com a distribuidora RGE em 2019.

Aquisição pela State Grid. Em janeiro de 2017, a empresa chinesa State Grid, a maior empresa do setor elétrico do mundo, concluiu a aquisição de 54,64% de participação acionária da CPFL Energia por R$ 14 bilhões. No mesmo ano, a State Grid realizou Oferta Pública de Aquisição (OPA), por meio da qual passou a deter 94,75% do capital social da holding. Em julho de 2021 a CPFL Energia arrematou a elétrica gaúcha CEEE-T (CEEE Transmissão), em leilão de privatização, por R$ 2,67 bilhões, com ágio de 57,13% ante o mínimo previsto.

Áreas de atuação. No momento, o Grupo CPFL, através de suas 4 distribuidoras, atua em 687 municípios, numa área de 300.000 km², com 17,2 milhões de clientes nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais, numa área que atende aproximadamente 22 milhões de habitantes. No ramo de geração, possui capacidade instalada no setor de 4,53 GW de geração, sendo 95,6% de fontes renováveis.


COMGÁS




A Companhia de Gás de São Paulo (Comgás) é uma empresa brasileira, considerada pela Abegás (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado) a maior distribuidora de gás natural do Brasil em volume de gás distribuído. A Comgás distribui gás canalizado para mais de 1,7 milhão de consumidores nos segmentos residencial, comercial, industrial, automotivo, cogeração e termogeração em 88 cidades de sua área de concessão - Região Metropolitana de São Paulo, Vale do Paraíba, Baixada Santista e Região Administrativa de Campinas.

A história da empresa remonta ao século XIX, passando por inúmeras denominações e proprietários diferentes:

1872: a companhia inglesa San Paulo Gás Company recebe autorização do Império, através decreto número 5071, para a exploração da concessão dos serviços públicos de iluminação de São Paulo;
1912: a canadense Brazilian Traction Light and Power Co. Ltd. assume o controle acionário da San Paulo Gás Co. Ltda;
1959: a empresa é nacionalizada, passando a se chamar Companhia Paulista de Serviços de Gás;
1968: a empresa passa a ser administrada pelo município e recebe o nome de Comgás. Por meio da lei municipal 7199, é constituída a sociedade anônima Companhia Municipal de Gás (Comgás);
1974: nova mudança do nome, para Companhia de Gás de São Paulo;
1984: o controle acionário da Comgás passa para a estatal Companhia Energética de São Paulo (CESP);
1999: o controle acionário da Comgás é arrematado pelo consórcio formado pela união das empresas, BG Group e pela Shell, por R$ 1,65 bilhão;
2012: A Cosan assume o controle acionário da Comgás, com a compra da participação do Grupo BG - 60,05%;
2017: A Cosan adquire os 16,77% de participação que a Royal Dutch Shell detinha na Comgás por 1,156 bilhão de reais.

Na sua longa trajetória, a companhia usou os mais diversos tipos de combinações para produzir combustíveis: de azeite a gás de hidrogênio carbonado, carvão, nafta, uma mistura envolvendo água e hulha, até chegar ao gás natural. A adoção do gás natural, a partir da década de 1990, foi considerada a fase mais importante de toda a história da Comgás, que esteve presente na vida de São Paulo desde a extinção dos lampiões a azeite de baleia. De 1999 a 2012, a Comgás investiu mais de R$ 4 bilhões na expansão e modernização de sua rede de distribuição de gás, que foi ampliada em mais de 6 mil km.

Resultados atuais. A Comgás é considerada atualmente a maior distribuidora de gás natural canalizado do país. Conta com mais de 14 mil quilômetros de rede, levando gás natural para mais de 1,7 milhão de clientes nos segmentos residencial, comercial, industrial e automotivo, em 77 cidades. Sua área de concessão potencial abriga cerca de um quarto do Produto Interno Bruto do país, abrangendo 177 municípios das regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas, além da Baixada Santista e do Vale do Paraíba. Em 2012, a empresa apresentou receita liquida de R$ 5 bilhões. O volume de gás distribuído pela companhia nesse ano foi de mais de 5 bilhões de metros cúbicos. A empresa tem aumentado as vendas para clientes residenciais e comerciais¹. Atualmente cerca de 70% do volume de gás distribuído vai para indústrias. Hoje, cerca de 1.000 indústrias em aproximadamente 270 postos de combustíveis são atendidos na área de concessão da Comgás.


SABESP



A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - Sabesp é uma empresa estatal brasileira que detém a concessão dos serviços públicos de saneamento básico no Estado de São Paulo. Seu principal acionista é o Governo do Estado de São Paulo, que controla a gestão da companhia. Na edição 2004/2005 da Masons Water Yearbook a Sabesp foi considerada a sexta maior operadora de serviços de água e esgoto do mundo. A edição 2008/2009 destacou a atuação da empresa para que seus serviços sejam oferecidos a toda população do Estado de São Paulo até o ano de 2018 e também garantir a sustentabilidade econômica e financeira da empresa. A atuação da Sabesp na crise hídrica de 2014 em São Paulo tem sido muito criticada. Um artigo baseado em dados fornecidos pela própria Sabesp demonstra a responsabilidade da gestão da empresa na crise, que empurrou o Sistema Cantareira em mudança catastrófica.

História da Sabesp. Criada em 1973 pelo então governador Laudo Natel por meio da Lei Estadual nº 119, de 29 de junho do mesmo ano, a Sabesp originou-se da fusão das seguintes empresas e autarquias.

Comasp - Companhia Metropolitana de Águas de São Paulo;
Sanesp - Saneamento de São Paulo;
Saec - Superintendência de Águas e Esgotos da Capital;
Fesb - Fomento Estadual de Saneamento Básico;
SBS - Saneamento da Baixada Santista;
Sanevale - Saneamento do Vale do Ribeira.

A Sabesp foi criada com o objetivo de implementar as diretrizes do Governo brasileiro estabelecidas no Plano Nacional de Saneamento (PLANASA). A partir de sua fundação, a Sabesp passou a operar em municípios que não faziam parte das áreas de atuação das antigas empresas. Um Estatuto Social rege a constituição e o funcionamento da Sabesp.

Empresas pré Sabesp

CCAE - Companhia Cantareira de Água e Esgotos (1877)
RAE - Repartição de Águas e Esgoto (1883)
DAE - Departamento de Águas e Esgoto (1954) - São Paulo, Guarulhos, São Caetano, Santo André e São Bernardo do Campo.

O Sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de parcela significativa da Região Metropolitana de São Paulo, teve sua primeira etapa inaugurada em 30 de dezembro de 1973, começando a operar no ano seguinte. A segunda etapa foi iniciada em 1976 e inaugurada em 1981. Em 1985, a empresa concluiu o Programa de Fluoretação na Grande São Paulo. Em 1992, deu início ao Projeto Tietê, com o objetivo de ampliação da coleta e do tratamento de esgoto na Grande São Paulo, para a revitalização progressiva do rio Tietê na região. Em 1994, a companhia tornou-se uma empresa de economia mista com capital aberto, com o Governo do Estado como seu único acionista. Em 1997, a Sabesp abriu seu capital na Bolsa de Valores de São Paulo e, em 2002, na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). Em março de 2018, foi concluída a interligação Jaguari-Atibainha, permitindo que as águas do rio Paraíba do Sul possam a abastecer o sistema Cantareira. Em 2019, é lançado o Programa Novo Rio Pinheiros, com objetivo de revitalizar o rio.

Áreas de atuação. Atua em serviços de abastecimento de água e de coleta de esgotos em 375 dos 645 municípios paulistas, incluindo a capital. Vinte e oito milhões de pessoas dependem dos serviços oferecidos pela empresa. De acordo com os rankings elaborados pela Trata Brasil, a Sabesp é responsável pelo fornecimento de água e tratamento de esgoto em muitas das cidades com os melhores indicadores entre as cem maiores cidades do País.


A Sabesp é uma empresa de economia mista e capital aberto com ações negociadas nas bolsas de valores de São Paulo e de Nova York. O governo do Estado de São Paulo detém 50,3% das ações da Sabesp. As demais são negociadas na B3 (37,6%) e na NYSE (12,1%).

Em 1995, a Sabesp adotou o modelo de administração descentralizado, baseado na regionalização por bacias hidrográficas. O critério atendeu à legislação estadual de recursos hídricos, para melhor atendimento às demandas ambientais, sociais e locais de clientes e prefeituras. Esse modelo passou a ser aplicado através de 17 Unidades de Negócio, com autonomia de gestão, aplicação e alocação de recursos. As unidades seguem diretrizes centrais e estratégicas estabelecidas pela companhia. As decisões locais são comunicadas e discutidas em Assembleias dos municípios concedentes de permissões e em comissões de gestão regional, responsáveis por garantir transparência à gestão dos recursos hídricos e financeiros.

Transparência. A Sabesp privatizou parte de seu capital em 1994, possuindo 100% de ações ordinárias. Em 2002, tornou-se a primeira empresa de economia mista a aderir ao Novo Mercado da B3. Simultaneamente, passou a ter suas ações listadas na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE). Apesar de a maior parte das ações pertencer ao governo paulista, os papéis dos acionistas minoritários são negociados na Bolsa de Valores de São Paulo e na Bolsa de Valores de Nova Iorque. Em 17 de outubro de 2023, o governo de São Paulo enviou à Assembleia Legislativa um projeto de lei para a privatização da Sabesp. O modelo a ser adotado via follow on, com uma nova oferta de ações na Bolsa de Valores, o que faria com que o governo estadual deixasse de ser o acionista majoritário da empresa pela redução de sua participação total.

Em 6 de dezembro, o projeto de privatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo foi aprovado pela Alesp.

Em 28 de junho de 2024, o governo de São Paulo anunciou que a Equatorial Energia foi a única finalista da oferta pública de ações da Sabesp, tendo oferecido R$ 6,9 bilhões por 15% de participação, tornando-se o acionista de referência da companhia.

Em 1º de julho de 2024, será aberto o prazo para que os investidores, incluindo para pessoas físicas, façam a reserva de mais 17% das ações da Sabesp na Bolsa de Valores de São Paulo, o que deve ocorrer até o dia 15 de julho. A liquidação da operação está prevista para o dia 22 de julho.

PARQUES DO ESTADO (ÁGUA FUNDA) 

E FONTES DO IPIRANGA




O Parque Estadual das Fontes do Ipiranga ou PEFI, também conhecido como Parque do Estado ou Parque da Água Funda, é um parque público estadual localizado no município de São Paulo. O parque hospeda diversas instituições, entre elas o Jardim Botânico de São Paulo, o Parque Zoológico de São Paulo, o Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade de São Paulo e o Observatório de São Paulo. É uma das pouquíssimas áreas do município em que ainda se encontra vegetação de Mata Atlântica. Estende-se por 526 hectares. A atual denominação do parque data do final da década de 1960. Nos idos de 1893 a região era privada, pertencia a diversos proprietários e era 22% maior do que é hoje, mas por estar situada na Bacia do Ribeirão Ipiranga foi desapropriada pelo governo da época e a partir de então utilizada como fonte de recursos hídricos até a década de 1930, quando deixou de ser explorada para essa finalidade em decorrência da reformulação dos sistemas de abastecimento de água do município.
 A região possui importância histórica considerável, pois que abriga as nascentes do riacho Ipiranga, às margens do qual a Independência do Brasil foi declarada. Preservação. Um grupo de trabalho foi criado em 1993 para elaborar um diagnóstico do estado de preservação daquela área. A partir dessas informações, políticas de preservação ambiental seriam implantadas. O Conselho de Defesa foi criado pelo decreto nº 43 342, de 22 de julho de 1998, para elaborar políticas para a preservação. Alguns locais são abertos à visitação pública:Jardim Botânico (aberto ao público);Instituto de Botânica de São Paulo (aberto ao público);Instituto Geológico (aberto ao público);Fundação Zoológico (aberto ao público);Parque de Ciência e Tecnologia da USP (aberto ao público);Observatório de São Paulo (aberto ao público);Secretaria do Estado de Agricultura e Abastecimento; Centro de esportes, cultura e lazer (aberto ao público);Centro de logística de exportação; Centro de exposições Imigrantes; CAISM "Dr. David Capistrano da Costa Filho" da Água Funda.

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AS REPRESAS



Represa Bililings, na zonal Sul, Por volta de 1910, o engenheiro Walter Charnley escolheu na Serra do Mar as escarpas de 640 m do Itapanhaú, que deságua em Bertioga, como local de um grande projeto de geração de energia. Em 1923, o engenheiro americano Asa White Kenney Billings preferiu que fosse represado o Rio Grande ou Jurubatuba e desviasse as águas através de um canal chamado Summit Control para o Córrego das Pedras, com curso serra abaixo. A represa foi idealizada em 27 de março de 1925 pelo engenheiro Billings, empregado da extinta concessionária de energia elétrica Light, daí o nome. Inicialmente, a represa tinha o objetivo de armazenar água para gerar energia elétrica para a usina hidrelétrica Henry Borden, em Cubatão. Em 1925, a Light iniciou a construção do dique do Rio das Pedras. A represa foi inundada em 1927 e a Light iniciou a construção do dique do Rio Grande, em 1937. Na década de 1940 foram construídas estações elevatórias de Pedreira e Traição para aumentar a vazão de água, trazendo problemas ambientais.[Textos e imagens da Wikipedia] Foto: Folha de São Paulo. 


Represa Guarapiranga. Inicialmente conhecida por Represa de Santo Amaro, Guarapiranga teve sua construção iniciada em 1906 pela São Paulo Tramway, Light and Power Company, na época responsável pelo fornecimento de energia elétrica na cidade, sendo concluída em 1908. Em 1928, com o crescimento da região metropolitana de São Paulo, Guarapiranga passou a servir como reservatório para o abastecimento de água potável. Nesse mesmo ano, a represa foi o local de chegada dos aviadores italianos que fizeram uma das primeiras travessias aéreas do Atlântico Sulː Francesco de Pinedo, Carlo del Prete e Vitale Zacchetti. Em 1912 o São Paulo Yacht Club foi fundada próximo a barragem, este sendo o primeiro clube de Iatismo na represa. A partir dos anos 1920 e 1930, um crescente interesse pela ocupação das margens da represa fez surgir loteamentos pioneiros que procuravam oferecer, ao cidadão paulistano, uma opção de lazer náutico. Sendo provenientes daí, o surgimento de bairros com nomes como Interlagos, Veleiros, Riviera Paulista e Rio Bonito. Foi o local de disputa do torneio de vela dos Jogos Pan-Americanos de 1963. Entre as décadas de 1980 e 1990, a ausência de políticas claras de uso e ocupação do solo por parte do Governo do Estado com parceria da Prefeitura de São Paulo e dos municípios vizinhos contribuiu para a criação de loteamentos populares clandestinos ao redor da represa, que cresceram desordenadamente e que jogam, na represa, esgoto não tratado.[Textos e imagens da Wikipedia]

Guarapiranga em 1967. 



Guarapiranga em 1952. 

Ciclistas na represa Guarapiranga em 1958. Instituto Moreira Salles. 


Finais de semana em Guarapiranga com competições náuticas nos anos 1960. Fotos:  Fábio De Cillo Pagotto.




Textos, Imagens e Referências Bibliográficas: Wikipedia. 
 
PORTA, Paula (org); História da cidade de São Paulo - 3 volumes; São Paulo: Editora Paz e Terra, 2004 ISBN 85-219-0756-7
TOLEDO, Benedito Lima de; São Paulo: três cidades em um século; São Paulo: Editora Cosac e Naify, 2004; ISBN 85-7503-356-5
TOLEDO, Roberto Pompeu de; A capital da solidão; São Paulo: Editora Objetiva, 2004; ISBN 85-7302-568-9
TAUNAY, Afonso d'Escragnolle. História da Cidade de São Paulo



ARQUIVO HISTÓRICO MUNICIPAL-AHMSP



Visão panorâmica do Edifício Ramos de Azevedo, novembro de 2018


O Arquivo Histórico Municipal de São Paulo é responsável pela guarda, preservação, divulgação e estudo dos documentos considerados de valor histórico produzidos ou adquiridos pela administração pública da cidade de São Paulo. A data mais aceita para a sua fundação é 17 de outubro de 1907. Durante 41 anos, de 1969 a 2010, era oficialmente denominado Arquivo Histórico Municipal Washington Luís. Esteve subordinado ao Departamento do Patrimônio Histórico até 2012, quando se torna um departamento subordinado diretamente ao Gabinete da Secretaria Municipal de Cultura e atende a administração da capital paulista, pesquisadores e interessados em geral. A instituição conserva um acervo de aproximadamente 4,5 milhões de documentos textuais (ou mil metros lineares), abrangendo o período que vai do século XVI às primeiras décadas após a Proclamação da República, além de imagens e registros sonoros. Também existem exposições permanentes e temporárias no local.

O AHM detém a custódia das Atas da Câmara de Santo André da Borda do Campo, dos períodos entre 1555 e 1558, considerados os documentos mais antigos da América Latina. Desde o ano 2000 tem como sede o Edifício Ramos de Azevedo, antigo prédio da Escola Politécnica de São Paulo, no bairro do Bom Retiro. Anteriormente, o Arquivo Histórico já havia ocupado outros quatro imóveis.

Histórico. A data de início do acervo é incerta. Pelo menos desde 1899 há registros de um “arquivo” da Prefeitura de São Paulo, ligado à Secretaria Geral, que prioritariamente armazenava documentos correntes relacionados a burocracia da cidade. Na lei número 1.051 de 1907 é criada uma Seção para ser a responsável pelos serviços de instrução pública, estatística e arquivo municipal. Desde então, os documentos em posse da Prefeitura passaram a ser sistematizados, organizados, e, posteriormente divulgados.

A regulamentação do arquivo só veio a ocorrer quatro anos mais tarde por meio do Ato nº 400. Como a criação do Departamento de Cultura do Município. Em 1935, foi constituída a Divisão de Documentação Histórica e Social, que desempenhava as funções que hoje são do Arquivo Histórico Municipal. No ato nº 861/1935 consta o que deveria ser feito pela subdivisão de Documentação Histórica: “recolher, restaurar e conservar documentos históricos ou antigos, pondo-os em condições de serem consultados e publicados”.

De acordo com o artigo 32 do Decreto-Lei n.° 430 do dia 8 de junho de 1947: "A Divisão do Arquivo Histórico é o órgão incumbido de recolher, restaurar e conservar os papéis e documentos históricos e antigos, pondo-os em condições de serem consultados e publicados; de coligir leis, atos e outras matérias que possam interessar à administração; de propor denominação para os logradouros públicos; de promover concursos históricos; de editar a Revista do Arquivo [...]".

Até 2010 o Arquivo Histórico Municipal levava o nome do prefeito, presidente de Província e presidente da República Washington Luís Pereira de Sousa (1869-1957). Foi na sua gestão a frente da prefeitura de São Paulo, de 1914 a 1919, que começaram a publicação das Atas da Câmara Municipal de São Paulo. Ao todo, foram editados 82 volumes dessas atas, abrangendo o período de 1562 a 1903, com exceção de alguns anos dos quais não foram encontrados os originais. Até o sétimo volume o título foi "Actas da Camara de Vila de São Paulo". Do oitavo em diante, o título foi o "Atas da Câmara da Cidade de São Paulo".Além das Atas também foram também editados pelo Arquivo Histórico 20 volumes de Cartas de Datas de Terra e 38 volumes do Registro Geral da Câmara.

Edifício Ramos de Azevedo. O prédio foi inaugurado em 17 de abril de 1920 e a construção esteve sob responsabilidade do escritório do famoso arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo (1851-1928), que dá nome ao edifício. Inicialmente foi construído para ser uma extensão da Escola Politécnica, hoje um braço da Universidade de São Paulo, destinada aos cursos de Eletrotécnica e Mecânica. Outras obras do Ramos de Azevedo na capital paulista: Theatro Municipal, Casa das Rosas, Museu Catavento, Pinacoteca de São Paulo, Mercado Municipal e Palácio da Justiça.

No ano de 1987 o prédio passa a ser propriedade da Prefeitura Municipal de São Paulo e, em 2000, após ser submetido à adequações, foi aberto ao público já abrigando o Arquivo Histórico Municipal. Além do AHM, também funcionam no prédio o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo e a Diretoria do Departamento de Preservação Histórica.

Arquitetonicamente, o edifício conta com dois vitrais feitos pela Casa Conrado, a mesma empresa que executou os vitrais do Mercado Municipal. Os lances de escadas que dão acesso ao segundo piso, foram confeccionados pelo Liceu de Artes e Ofícios da cidade.

Estrutura


Entrada do Edifício que abriga o Arquivo Histórico de São Paulo


O AHM é composto pelo Edifício Ramos de Azevedo e mais dois prédios anexos. Um, conhecido como “Torre da Memória” (antiga Casa do Politécnico) abriga a Biblioteca e uma espécie de reserva técnica; o outro é onde estão os arquivos que disponíveis para consulta. A biblioteca tem um acervo com aproximadamente 7.000 exemplares de livros, a hemeroteca conta com 2.700 exemplares de periódicos além de um arquivo de recortes de jornais e revistas com cerca de 900 pastas, sobre a história dos bairros, dos edifícios e da cidade. Quase a totalidade dos exemplares estão voltados à  História de São Paulo e para a questão da administração da cidade. Também há na biblioteca uma coleção de obras raras. As informações sobre o acervo bibliográfico da instituição integra o Sistema Municipal de Bibliotecas, que pode ser consultado na internet. O Arquivo Municipal de São Paulo tem um cadastro com cerca de 65 mil históricos das ruas da cidade.

Subdivisões


Anfiteatro restaurado da antiga Escola Politécnica

O Arquivo Municipal é organizado em subdivisões, que anteriormente chama-se de secções. A Subdivisão de Documentação Histórica compreende os documentos que tem atendem a requisitos específicos de relevância e tempo de publicação. Já a Subdivisão de Documentação Social e Estatísticas Municipais lida mais diretamente com um arquivos relacionados à administração pública. Antes de serem disponibilizados para consulta, os documentos são higienizados e catalogados. Para o Ato de 1936 (art. 217, parágrafo único), “papel e documento histórico ou antigo é todo aquele existente no Arquivo Municipal há mais de 30 anos”. Entre as subdivisões também existe um arquivo especializado no nomes das ruas e praças da cidade.

Outras sedes

No subsolo do Edifício existem salas para a restauração e preservação de documentos
Antes de ocupar o Edifício Ramos de Azevedo, o Arquivo Histórico Municipal já esteve sediado em vários imóveis na cidade. Nos anos 1950 era localizado juntamente com vários órgãos do Departamento de Cultura, na Rua da Cantareira, no centro.A instituição ainda esteve abrigada na Rua Brigadeiro Tobias e na Rua da Consolação, na antiga sede da Chácara Lane. Em seguida, após um processo de restauração, foi transferida para a Casa nº 1, próximo ao Pátio do Colégio (marco zero da capital paulista).

Desde 2000 está no Edifício Ramos de Azevedo, na Praça Coronel Fernando Prestes no bairro do Bom Retiro. Além do AHM, estão localizados nesta praça o Edifício Paula Souza, hoje pertencente à FATEC, o Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, a Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora, e a Escola Estadual Prudente de Moraes]

Revista. A revista do Arquivo Municipal foi criada em junho de 1934. Na época o Prefeito da Cidade era Antônio Carlos de Assumpção. Um dos objetivos do impresso é a publicação, na íntegra, dos documentos históricos que constam no acervo.Um ano após o lançamento foi incorporada ao recém-criado Departamento de Cultura e Recreação e passou a circular mensalmente. A linha editorial foi diversificada e foram publicados artigos de autores estrangeiros e pesquisas sobre história, etnologia, sociologia, antropologia e questões voltadas à preservação da memória nacional. A publicação foi ganhando destaque e se tornou um importante veículo de comunicação para a intelectualidade paulistana, paulista e brasileira. Nos anos de 1930, a Revista chegou a ser distribuída em outros países, tendo uma tiragem recorde de 2000 exemplares. Além da transcrição de documentos existentes no Arquivo, também foram publicados estudos de autores como Afonso de Taunay, Caio Prado Jr., Mário de Andrade, Paulo Duarte, Claude LéviStrauss, Florestan Fernandes e Antônio de Alcântara Machado.
A revista não teve por grande parte do tempo uma periodicidade regular, ela chegou a ficar dez anos sem circular e foi retomada no ano de 2002. Entre os volumes mais destacados estão os que homenagearam os 70 anos da própria publicação e os 450 anos da cidade de São Paulo.

No subsolo do Edifício existem salas para a restauração e preservação de documentos



Coleção de Fotografias. O Arquivo Histórico de São Paulo ainda conta com uma coleção de fotografias que estão disponíveis para consulta a cerca de dez anos. O acervo iconográfico que apresenta grande valor histórico tem imagens produzidas sobretudo na primeira metade do século XX. As temáticas principais giram em torno das ações municipais desenvolvidas na estrutura urbana, sobretudo na área em que a expansão urbana ocorre de forma mais acelerada, entre as décadas de 1920 e 1950.

As fotografias têm três eixos temáticos predominantes:

a) documentação urbana: registros do cotidiano na cidade, como por exemplo pavimentação de logradouros, aberturas de vias e construção de edifícios públicos.

b) assessoria de imprensa: cobertura de ações oficias dos prefeitos, como por exemplo inaugurações e eventos políticos.

c) fundos particulares: são as mais recentes e registram a vida social pública e privada dos donos originais do acervo, por exemplo através de retratos de família e ambientes domésticos.

São cerca de 5 mil fotografias, entre álbuns, montagens, positivos e negativos simples. A maioria da coleção de fotografias está disponível na internet.

Dicionário de Ruas

O AHM desenvolveu uma ferramenta intitulada "Dicionário de Ruas" que permite o acesso a informações do nome dos logradouros públicos da capital paulista. Foram compilados os dados da documentação disponível na instituição para a criação do site.

ArquiAmigos. A Associação Amigos do Arquivo Histórico Municipal foi criada no dia 24 de setembro de 2008. A instituição visa contribuir para o aprimoramento cultural, técnico e administrativo do Arquivo Histórico Municipal e fomentar entre a população os valores do direito à Memória e da garantia de acesso universal à informação. A Associação produz um informativo sobre o Arquivo.

Acervo. Como exemplares do acervo, temos: mapas e boletins referentes aos recenseamentos da população; livros de receita e despesa da Câmara Municipal; os livros de contas correntes e caixa da municipalidade; livros de tombo; livros de cemitérios; e os livros de protocolo, entrada e saída de papéis, da Câmara Municipal e da Prefeitura de São Paulo.


QUARTA PARTE
*
O ESTADO DE SÃO PAULO


Mapa da província de São Paulo (1886).


1. Capitania, Província e Estado
2. Regiões Administrativas e Micro-Regiões.
3. A Era das Ferrovias e o Porto do Café. 
O Trem de Prata SP-Rio.
4. Poderes de São Paulo
 Alesp, Palácio dos Bandeirantes e Justiça. 
Exército, Polícias e Bombeiros. 
O Arquivo do Estado. 
A Orquestra Sinfônica do Estado. 
Industrialização, Urbanização e Poluição
A Indústria Paulista e a Fiesp. 
A Emblemática Votorantim. A Beneficência Portuguesa. 
Antônio Ermírio de Moraes. O Colégio Rio Branco. 
5. Cidades Regionais do Centro e Oeste Paulista. 
O Abc Paulista. 
Franco da Rocha e o |Complexo Psiquiátrico do Juquery
O Vale do Paraíba. 
O Ita e o Centro Aeroespacial em S.J. dos Campos 
 Serra da Mantiqueira. Serra da Bocaina.
Pontal do Paranapanema.  
6. Localidades Históricas e Turísticas
7. Unesp e  Unicamp.
8. A Era das Rodovias e o Porto das Indústrias
9. O porto Federal em Santos, Guarujá e Cubatão.
O Porto EStadual de São Sebastião. 

ESPECIAL 100 ANOS
A GUERA CIVIL PAULISTA DE 1924





I

CAPITANIA, PROVÍNCIA E ESTADO


A história de São Paulo inicia-se no século XVI com a chegada de navegadores portugueses e espanhóis devido ao descobrimento do Brasil. No entanto, apenas em 1532 o português Martim Afonso de Sousa fundaria a primeira povoação de origem europeia no Brasil e uma das primeiras da América — a vila de São Vicente, na atual Baixada Santista, realizando também as primeiras eleições em continente americano. No século XVII, os bandeirantes paulistas intensificaram a exploração do interior da colônia, o que acabou por expandir os domínios territoriais dos portugueses na América do Sul. Após a instituição da Capitania de São Paulo, no século XVIII, a região começa a ganhar peso político. São Paulo, no entanto, só conseguiu crescimento econômico e populacional após a independência, durante o Império, com a cultura do café na segunda metade do século XIX. A mão-de-obra escrava foi substituída por imigrantes europeus, principalmente italianos, atraídos pela oferta de terras do governo imperial para que se estabelecessem como proprietários agrícolas. A expansão da cultura cafeeira impulsionou o crescimento econômico de São Paulo e a construção de ferrovias. Estas eram utilizadas para levar a produção até o Porto de Santos, de onde seria exportada para a Europa e Estados Unidos. Durante o século XX, o estado continuou a ter grande desenvolvimento econômico, especialmente no setor industrial. Aumentou consideravelmente sua população e conquistou a posição de principal força produtiva do país. Sob o regime de Vargas, o estado é um dos primeiros a iniciar um processo de industrialização e sua população se torna uma das mais urbanas da federação. A população paulista é uma das mais diversificadas do país e descende principalmente de italianos, que começaram a emigrar para o país no fim do século XIX, de portugueses, que colonizaram o Brasil e instalaram os primeiros assentamentos europeus na região, de povos ameríndios nativos, de povos africanos e de migrantes de outras regiões do país. Outras grandes correntes imigratórias, como de árabes, alemães, espanhóis, japoneses e chineses, também tiveram presença significativa na composição étnica da população local.



"Fundação de São Vicente", por Benedito Calixto

O nome São Vicente foi dado por Américo Vespúcio, em 22 de janeiro de 1502, em viagem que objetivava mapear o litoral do Brasil. Quando passou pela região, encontrou duas ilhas, onde hoje estão as cidades de Santos e São Vicente na Ilha de São Vicente e a cidade de Guarujá na ilha de Santo Amaro e o estuário, que achou ser um rio. Era dia de São Vicente, assim tendo sido batizada a localidade.

As primeiras povoações de São Vicente também não foram oficiais. Ali foi abandonado o Bacharel de Cananeia. Segundo muitos historiadores, teria sido ele o português Cosme Fernandes Pessoa, verdadeiro fundador de São Vicente, a partir de onde de fato governava e controlava o comércio da região. Segundo documento encontrado pelo português Jaime Cortesão, o Bacharel já moraria no Brasil antes até da chegada de Cabral: O degredado é citado num documento datado de 24 de Abril de 1499, descoberto por Cortesão, que se reporta a uma viagem não-oficial de Bartolomeu Dias ao Brasil. Outro documento, de 1526, descreve o povoado de São Vicente, informando que teria uma dúzia de casas, sendo apenas uma de pedra, com uma torre para defesa.

Guerra de Iguape

O Bacharel de Cananeia foi acusado junto ao Rei de Portugal, por dois amigos que em troca receberam doações em terras, de manter relações com espanhóis que viviam mais ao sul, com perigo para o domínio português na região. Martim Afonso de Sousa partiu para o Brasil com diversos objetivos. O primeiro deles era o de estabelecer oficialmente a colonização do Brasil, confirmando o poder da coroa. Como consequência, subtraiu o poder das mãos de Cosme Fernandes Pessoa.[Textos e imagens da Wikipedia]


Martim Afonso de Sousa, fidalgo e explorador português em tela de Benedito Calixto. 


O nome de São Vicente se estendeu à capitania hereditária doada ao mesmo Martim Afonso de Sousa pelo Rei de Portugal em 1534. Assim, o primeiro nome do atual estado de São Paulo foi capitania de São Vicente.


"Biquinha de Anchieta", na cidade de São Vicente, cenário das aulas de catecismo do padre jesuíta José de Anchieta. Painel concebido e construído pelos irmãos Moral Sendim:  Waldemar, Armando e Estrela.  


"A Fundação de São Paulo" é um óleo sobre tela de Oscar Pereira da Silva do ano de 1909. Acervo do Museu do Ipiranga. O quadro retrata uma cena idealizada sobre a missa de fundação da capital paulista pelos padres Manuel da Nóbrega, Manuel Paiva e José Anchieta em 1554.

Foi a 25 de janeiro de 1554 que um grupo de missionários jesuítas, chefiado pelo padre Manuel da Nóbrega, se fixou num planalto chamado então de Piratininga, onde fundou um colégio destinado à evangelização das populações ameríndias. Após a consagração do local, foi-lhe dado o nome de S. Paulo, por ser o dia dedicado ao apóstolo com esse nome.

A escolha do local, que fica a uns 50 km da costa, prendeu-se com as condições naturais da região e, sobretudo, com o bom acolhimento concedido pelos líderes locais à presença portuguesa e pela sua abertura à conversão ao catolicismo. É de destacar a influência exercida por João Ramalho, um português que ali vivia há várias décadas entre os índios Tupiniquins e que tinha casado com a filha de um dos chefes. Foi, portanto, uma fundação pacífica e consensual, que resultou da vontade dos missionários de desenvolverem o seu trabalho de forma autónoma e longe da influência das autoridades e dos colonos portugueses.

A cidade de São Paulo tem seu início em uma missão estabelecida pelos jesuítas Manuel da Nóbrega , José de Anchieta e outros no sertão brasileiro. A vila - então chamada de São Paulo dos Campos de Piratininga - foi fundada em um planalto entre dois rios, o Tamanduateí e o Anhangabaú, e estava ligada à vila litorânea de São Vicente por um caminho precário na mata atlântica.

Ao longo dos séculos XVI e XVII, S. Paulo foi o grande eixo de penetração no interior, através das chamadas Bandeiras. S. Paulo evoluiu como um dos grandes centros coloniais do Brasil e é hoje a cidade mais populosa de todo o continente americano.





O BANDEIRANTE E A IDENTIDADE PAULISTA




No século XVII e na primeira metade do XVIII, a fala sobre os bandeirantes, que não escreveram sobre si próprios, restringia-se aos jesuítas e às autoridades metropolitanas. Ambas salientaram a violência e a insubordinação dos paulistas. Na segunda metade do século XVIII, a imagem dos bandeirantes será reabilitada por dois cronistas, descendentes dos primeiros povoadores da Capitania de São Vicente: Frei Gaspar da Madre de Deus (1715-1800) e Pedro Taques de Almeida Paes Leme (1714-1777). 

Com eles se correspondera Cláudio Manuel da Costa (1729 – 1789), interessado em obter informações para o poema Vila Rica, considerado “não apenas a primeira história de Minas, mas, (...) uma das sementes do paulistismo, isto é, da prosápia bandeirante”14. No poema, o futuro inconfidente ressalta a fidelidade dos paulistas à coroa portuguesa e as dificuldades enfrentadas nas Minas Gerais, principalmente a sede e a fome

Quando, em 1889, Henrique Bernardelli dedica-se aos bandeirantes, a obra de Oliveira Martins "O Brasil e as colônias portuguesas" datado de 1880, era a principal referência sobre o tema. A imagem do gênio aventureiro paulista construída por Oliveira Martins, segundo o autor, herdado do conquistador português, difundiu-se entre os intelectuais brasileiros. Será incorporada pela historiografia que desenvolver-seá após a criação do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, em 1894. A primeira frase da apresentação do número inaugural da revista do IHGSP, A história de S. Paulo é a propria historia do Brazil, por si só indica a assimilação do caminho apontado por Oliveira Martins. A elite paulista relacionará a coragem e a determinação dos bandeirantes ao perfil do Estado e sua vitoriosa trajetória, impulsionada pela economia cafeeira.  
  
Barão do Rio Branco, definiu os bandeirantes: "O Brasil tem suas fronteiras continentais muito graças ao grande movimento de bandeirantes e índios pelos sertões, no qual Alexandre de Gusmão, o “brasilico” do tratado de 1750, legalizou suas conquistas dos seculos XVII e XVIII"
A partir de então, o tema da insubmissão dos paulistas será constante, como bem sintetiza Carlos Eduardo Berriel: A frase ‘o espírito aventureiro paulista foi a primeira alma da nação brasileira’ tornar-se-á uma espécie de divisa regionalista, bordão da hegemonia cafeicultora, e atravessará todo o século seguinte – com especial ênfase na década de 20 – e atingirá expressões de histeria chauvinista na guerra civil de 32, após a perda do poder pela oligarquia do café
 

A Terra de Santa Cruz. Fonte: Artigo: Bandeirantes ao chão: diálogos de Henrique Bernardelli. Me. Maraliz de Castro Vieira .






SÃO PAULO VISTA DO ESPAÇO Foto tirada por um astronauta a bordo da Estação Espacial Internacional (ISS) mostra a região do Estado de São Paulo e três grandes rios: Paraná, Tietê e Paranapanema.



A Grande São Paulo, a Serra do Mar e a Baixada Santista vista do espaço pela lente do fotógrafo astronauta  alemão Alexander Gerst. Praia Grande, na posição centro-esquerda, com quase 30 quilômetros de orla. se destaca entre as demais localidades.


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1932- IV CENTENÁRIO DA FUNDAÇÃO DE SÃO VICENTE




Viagem de três aviões Savoia Marchetti S - 55A do Rio de Janeiro a São Vicente (SP) para as comemorações do IV Centenário da cidade. Fotografias de Jorge Kfuri.  Registro feito pela Esquadrilha aérea fundeada em São Vicente no dia da inauguração da Exposição do 4° Centenário. 22 de janeiro de 1932. Arquivo da Marinha DPHDM - Escola Naval da Marinha (1916-1941).





EXPANSÃO VICENTINA NO PLANALTO  E NO SERTÃO DISTANTE

A despeito das inumeráveis dificuldades para transpor a serra do Mar, os campos do planalto logo atraíram os povoadores, o que tornou São Paulo uma exceção no tipo de colonização dos portugueses dos primeiros tempos, que se fixavam sobretudo no litoral. Assim, em 1553, povoadores portugueses fundaram a Vila de Santo André da Borda do Campo. No ano seguinte, os padres da Companhia de Jesus fundaram, em uma colina de Piratininga, um colégio para os índios, berço da Vila de São Paulo. Em 1560, a Vila de Santo André foi extinta e seus moradores foram transferidos para São Paulo de Piratininga.

A faixa litorânea, estreita pela presença da Serra do Mar, não apresentava as condições necessárias para o desenvolvimento da grande lavoura. Por sua vez, o planalto deparava com o sério obstáculo do Caminho do Mar, que, ao invés de ligar, isolava a região de Piratininga, negando-lhe o acesso ao oceano e, portanto, a facilidade para o transporte. Em consequência, a capitania ficou relegada a um plano econômico inferior, impedida de cultivar com êxito o principal produto agrícola do Brasil colonial, a cana-de-açúcar, e de concorrer com a principal zona açucareira da época, representada por Pernambuco e Bahia.

Estabeleceu-se, em Piratininga, uma policultura de subsistência, baseada no trabalho forçado do índio. Os inventários dos primeiros paulistas acusavam pequena quantidade de importações e completa ausência de luxo. O isolamento criou no planalto uma sociedade peculiar. Chegar a São Paulo requeria fibra especial na luta contra as dificuldades do acesso à serra, os ataques dos índios, a fome, as doenças, o que levaria a imigração europeia a um rigoroso processo seletivo. Tais condições de vida determinariam a formação de uma sociedade em moldes mais democráticos que os daquela que se estabelecera mais ao norte da colônia.

Concorreu em boa parte para tanto a proliferação de mamelucos oriundos do inevitável e intenso cruzamento com as índias da terra, pertencentes às tribos tupis que dominavam o litoral brasileiro. Em São Paulo, especialmente, o hibridismo luso-tupi na sua feição étnico-cultural não se atenuaria tão rapidamente como ocorreu em outras regiões em que o fluxo de negros e o contato mais fácil com a metrópole veio diluí-lo. Mais do que em qualquer outro lugar, o português saberia, à sombra de uma excepcional capacidade de adaptação, integrar certos traços culturais dos tupis que lhe permitiriam sobreviver — e mais, tirar proveito do sertão hostil.

As bandeiras

Estátua de Antônio Raposo Tavares, um dos mais famosos bandeirantes, no Museu Paulista em São Paulo.


Dificuldades econômicas, tino sertanista, localização geográfica (São Paulo era um importante centro de circulação fluvial e terrestre), espírito de aventura, seriam poderosos impulsos na arrancada para o sertão. Desde os primeiros tempos da colonização eram constantes as arremetidas, num bandeirismo defensivo que visava a garantir a expansão paulista do século XVII. Este seria o grande século das bandeiras, aquele em que se iniciaria o bandeirismo ofensivo propriamente dito, cujo propósito era em grande parte o lucro imediato proporcionado pela caça ao índio. Da vila de São Paulo partiram as bandeiras de apresamento chefiadas por Antônio Raposo Tavares, Manuel Preto, André Fernandes, entre outros.

Do bandeirismo de apresamento passou-se ao bandeirismo minerador, quando a atividade de Borba Gato, Bartolomeu Bueno da Silva, Pascoal Moreira Cabral e outros foi recompensada com o encontro dos veios auríferos em Minas Gerais e Mato Grosso. Dura provação foi o efeito do descobrimento do ouro sobre São Paulo e outras vilas do planalto: todos buscavam o enriquecimento imediato representado pelo metal precioso. Como disse José Joaquim Machado de Oliveira, "não havia paulista que, mais ou menos, deixasse de afagar o pensamento de descobrir minas".

A capitania, que então abrangia toda a região das descobertas auríferas, foi transferida para a coroa e ali instalou-se governo próprio em 1709, separado do governo do Rio de Janeiro e com sede na vila de São Paulo, elevada a cidade em 1711.

O ciclo do ouro e decadência da capitania

No final do século XVII, bandeirantes paulistas descobrem ouro na região do Rio das Mortes, nas proximidades da atual São João del-Rei. A descoberta das imensas jazidas de ouro provoca uma corrida em direção às Minas Gerais, como eram chamadas na época os inúmeros depósitos de ouro por exploradores advindos tanto de São Paulo quanto de outras partes da colônia.

O êxodo em direção às Minas Gerais provocou a decadência econômica na capitania, e ao longo do século XVIII esta foi perdendo território e dinamismo econômico até ser simplesmente anexada em 1748 à capitania do Rio de Janeiro. Assim, pouco antes de ser anexada ao Rio de Janeiro, São Paulo perdeu território para a criação da Capitania de Goiás e a Capitania do Mato Grosso. Estas duas capitanias correspondem hoje aos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Rondônia, Goiás, Tocantins, Distrito Federal e o Triângulo Mineiro.



Capitania de São Paulo 
"O presente mapa, delineado por Francisco Tosi Colombina, “mostra a primeira parte do ‘Caminho de Goyazes’, que se iniciava na Vila de Santos, no paralelo 24 e, neste mapa, seguia até o paralelo 17. Abrangia a região desde a serra do mar até o rio do Peixe, com destaque para a cidade de São Paulo, vilas, fortalezas, arraiais, rios e trilhas. A rede hidrográfica foi desenhada ao longo do caminho, e o relevo foi representado de forma simbólica. No carimbo, no canto superior direito, constava a explicação dos desenhos utilizados para assinalar cidade, vila, fortaleza, arraial e sítio”. Fonte – Biblioteca Nacional- Data – Século XVIII


A restauração da capitania e a província de São Paulo

Em 1765, pelos esforços do Morgado de Mateus é reinstituída a Capitania de São Paulo e este promove uma política de incentivo à produção de açúcar para garantir o sustento da capitania. A capitania é restaurada entretanto com cerca de um terço de seu território original, compreendendo apenas os atuais estados de São Paulo e Paraná e parte de Santa Catarina.

O Morgado de Mateus criou a Vila de Lages e Campo Mourão para a defesa da capitania. Foram criadas várias outras vilas, fato que não ocorria desde o início do século XVIII em São Paulo.

Assim, são fundados no leste paulista, região propícia para tal cultivo, as vilas de Campinas e Piracicaba, onde logo a cana-de-açúcar desenvolve-se. O açúcar é exportado pelo porto de Santos e atinge seu auge no início do século XIX.

A capitania de São Paulo ganha peso político, durante a época da Independência do Brasil, pela figura de José Bonifácio, natural de Santos, e em 7 de setembro de 1822 a Independência é proclamada às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo, por Dom Pedro I. Em 1821 a capitania transforma-se em província.

Em 1820, D. João VI anexou Lages a Santa Catarina, perdendo São Paulo mais um pouco de seu território.

Em 1853 é criada a província do Paraná, e São Paulo perde, pela última vez território, ficando a partir daquela data com seu território atual.

As divisas atuais do estado de São Paulo só foram fixadas em definitivo, na década de 1930.



Linha regular São Paulo Santos. Fonte: Propagandas Antigas. 



O ciclo do café

Já em 1817 é fundada a primeira fazenda de café de São Paulo, no vale do rio Paraíba do Sul,[14] e, após a Independência do Brasil, o cultivo de café ganha força nas terras da região do Vale do Paraíba, enriquecendo rapidamente cidades como Guaratinguetá, Bananal, Lorena e Pindamonhangaba.


Bolsa do Café em Santos

Nas fazendas cafeeiras do Vale do Paraíba, era utilizada em grande escala a mão-de-obra escrava, e os grãos eram escoados via Rio de Janeiro. Assim sendo, o Vale enriquece-se rapidamente, gerando uma oligarquia rural, porém o restante da província continua dependente da cana-de-açúcar e do comércio que vai se estabelecendo na cidade de São Paulo, impulsionado pela fundação de uma faculdade de Direito em 1827. São Paulo começa a se desenvolver também como cidade, abrindo seus primeiros estabelecimentos receptivos aos viajantes, estudantes e comerciantes que desejavam conhecer o lugar ou para estabelecer empreendimentos. Pensões, hotéis e pousos passavam a ser regulamentados e cresciam em número, proporcionando opções de hospedagem, conforto e lazer.

Entretanto, a exaustão dos solos do Vale do Paraíba e as crescentes dificuldades impostas ao regime escravocrata levam a uma decadência no cultivo do café a partir de 1860 naquela região. O Vale vai se esvaziando economicamente enquanto o cultivo do café migra em direção ao Oeste Paulista, adentrando primeiramente na região de Campinas e Itu, substituindo o cultivo da cana-de-açúcar realizado até então.

A migração do café rumo ao oeste provoca grandes mudanças econômicas e sociais na Província. A proibição do Tráfico negreiro em 1850 leva a necessidade de busca de nova forma de mão-de-obra para os novos cultivos. A imigração de europeus passa a ser incentivada pelo governo Imperial e provincial. O escoamento dos grãos passa a ser feito via porto de Santos, o que leva a fundação da primeira ferrovia paulista, a São Paulo Railway, inaugurada em 1867, construída por capitais ingleses e do Visconde de Mauá, ligando Santos a Jundiaí, passando por São Paulo, que começa a se transformar em importante entreposto comercial entre o litoral e o interior cafeeiro.


Café sendo embarcado no porto de Santos em 1880, por Marc Ferrez.


O café vai adentrando paulatinamente o oeste paulista, passando por Campinas, Rio Claro e Porto Ferreira; em 1870, a penetração da cultura encontra seus campos mais férteis de cultivo: as terras roxas do nordeste paulista, próximas a Ribeirão Preto, São Carlos e Jaú onde surgiram as maiores e mais produtivas fazendas de café do mundo.

Atrás de novas terras para o café, exploradores adentram o até então desconhecido quadrilátero compreendido entre a Serra de Botucatu e os rios Paraná, Tietê e Paranapanema, onde fundaram cidades como Bauru, Marília, Garça, Araçatuba e Presidente Prudente no final do século XIX e início do século XX.


A REPÚBICA  DO CAFÉ

Ao se instalar a república, afirmava-se claramente o predomínio econômico do novo estado. Se o Brasil era o café, o café era São Paulo. Essa realidade repercutiu na esfera nacional, daí a homogeneidade de 1894 a 1902, em três quadriênios consecutivos, com os presidentes Prudente de Morais, Campos Sales e Rodrigues Alves.

No início do Século XX, com o avanço das ferrovias rumo ao Rio Paraná são criados dezenas de municípios ao longo das ferrovias Estrada de Ferro Sorocabana, NOB e Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Pela primeira vez é ocupado o Oeste paulista. Por ter sido povoado ao longo das ferrovias, o oeste paulista se dividia em regiões chamadas "Zona da Paulista", "Zona da Sorocabana", "Zona da Noroeste" e "Zona da Araraquarense". As ferrovias foram construídas nas regiões mais altas mais próprias para o café, os chamados espigões, menos sujeitos à geada.


Não foram, entretanto, tranquilos os primeiros momentos republicanos em São Paulo. Eles refletiam as agitações e desacertos que ocorriam no âmbito federal. Como nos demais estados, estabeleceu-se uma junta governativa provisória. Em seguida foi nomeado governador Prudente de Morais, que logo renunciou. O governo do estado passou então para Jorge Tibiriçá, indicado por Deodoro.

Após 1904, os mandatos dos presidentes do estado de São Paulo se estabilizaram, de 4 em 4 anos. Jorge Tibiriçá Piratininga reformou as polícias de São Paulo. Em 1910, em uma campanha malograda, os paulistas apoiaram a candidatura de Rui Barbosa à presidência da república, tendo o presidente de São Paulo Albuquerque Lins como seu vice. Derrotado Rui Barbosa e assumindo a presidência Hermes da Fonseca, São Paulo correu o risco de intervenção federal na Política das Salvações, porém, com a eleição do Conselheiro Rodrigues Alves, presidente de São Paulo de 1912 a 1916, graças a seu prestígio em todo o Brasil, São Paulo escapou da intervenção federal.

O presidente de São Paulo de 1916 a 1920, Dr. Altino Arantes Marques enfrentou os "5 Gs": a Primeira Guerra mundial, a grande Geada de 1918, as Greves (paredes) de 1917, a Gripe espanhola e a invasão de Gafanhotos no interior de São Paulo.

O Dr. Washington Luís, que governou São Paulo de 1920 a 1924, revolucionou São Paulo com seu lema "Governar é abrir estradas", sendo que, atualmente, 19 das 20 melhores rodovias brasileiras são paulistas.


Revolta paulista de 1924

Em 1924, durante a presidência estadual de Carlos de Campos, ocorre em São Paulo, tanto na capital quanto no interior, a Revolução de 1924, que obriga Carlos de Campos a se retirar da capital. Acontecem destruições e depredações e bombardeiro. A capital paulista foi palco do maior conflito urbano da história do Brasil, em cenas que lembravam a Primeira Guerra Mundial, com explosões de bombas, moradias e prédios destruídos, bombardeios por aviões, soldados com metralhadoras, população fugindo pelas ruas, tanques de guerra cruzando a cidade e trincheiras abertas nas ruas. Os rebeldes são derrotados e rumam para o sul do Brasil.

O Dr. Washigton Luís chegou à presidência da república em 1926, sendo porém deposto em 24 de outubro de 1930.

Revolução de 1930 e a Revolução de 1932

Em 1 de março de 1930, o presidente de São Paulo, o paulista Júlio Prestes, foi eleito presidente da república, obtendo 91% dos votos válidos em São Paulo, mas não tomou posse, impedido pela Revolução de 1930, a qual também derrubou da presidência da república Washington Luís que fora presidente de São Paulo entre 1920 e 1924.São Paulo então passou a ser governado pelos vencedores da Revolução de 1930 e logo em seguida se revoltou contra essa situação protagonizando a Revolução de 1932. Júlio Prestes e Washington Luís foram exilados. Os jornais apoiadores do PRP foram destruídos.[


Cartaz MMDC convocando o povo paulista às armas.

A década de 1930 em São Paulo caracterizou-se, do ponto de vista econômico, pelos esforços de ajustamento às novas condições criadas pela crise mundial de 1929 e pela derrocada do café. Do ponto de vista político, o período foi marcado pela luta em prol da recuperação da hegemonia paulista na federação, atingida pela Aliança Liberal e afinal aniquilada pela revolução de 1930.Esta submeteu o estado à ação dos interventores federais, que, de início, nem paulistas eram.

Em 9 de julho de 1932, irrompeu a revolução constitucionalista de São Paulo. Governava o estado, como interventor federal, o paulista Pedro de Toledo, logo proclamado governador. Formaram-se batalhões de voluntários, e aderiram ao movimento algumas unidades do Exército, um forte contingente de Mato Grosso e a quase totalidade da força pública estadual. Foram mobilizados inicialmente cinquenta mil homens, cujo comando coube ao general Bertolo Klingler, e depois ao coronel Euclides de Oliveira Figueiredo.

A indústria participou da revolução com entusiasmo. Sob a direção de Roberto Cochrane Simonsen, todo o parque industrial paulista foi colocado a serviço da rebelião, dedicado à produção bélica. Organizou-se também o abastecimento interno. A luta durou, porém, apenas três meses e terminou com a derrota dos paulistas e a perda de centenas de vidas.

Alguns meses após a capitulação, o governo federal, a fim de pacificar o país, decidiu convocar eleições para a Assembleia Constituinte, respondendo ao objetivo principal dos revolucionários paulistas: a restauração da ordem constitucional. Enquanto isso, São Paulo foi ocupado militarmente de outubro de 1932 a agosto de 1933. Foram exilados o ex-governador Pedro de Toledo, seu secretariado e outros políticos que tomaram parte ativa na revolução.

Mapa paulista comemorativo do Movimento Constitucionalista de 1932.


Industrialização e metropolização

São Paulo, durante muito tempo a cidade foi o principal polo industrial do estado.
Após a Primeira Guerra Mundial, o cultivo do café começa a enfrentar crises de excesso de oferta e concorrência de outros países. O cultivo começa a ser controlado pelo governo, a fim de evitar crises e fazendas fecham, levando imigrantes em direção a São Paulo, onde se tornam operários.

No período do Estado Novo (Brasil) com Ademar de Barros como governador do estado e Prestes Maia prefeito da cidade de São Paulo, o estado entra em uma nova fase de desenvolvimento com a construção de grandes rodovias e usinas hidrelétricas.

A Segunda Guerra Mundial interrompe as importações de produtos e a indústria paulista inicia um processo de substituição de importações, passando a produzir no estado os produtos até então importados. O processo intensifica-se no governo de Juscelino Kubitschek, que lança as bases da indústria automotiva no ABC paulista.

Em 1960, a cidade de São Paulo torna-se a maior cidade brasileira e principal polo econômico do país, superando o Rio de Janeiro. Este título de maior cidade brasileira deve-se a um número maior de migrantes que escolhiam ir para São Paulo. Neste período a política paulista era dominada pela rivalidade entre o "janismo" e o "ademarismo", sendo os dois maiores líderes políticos de São Paulo, Ademar de Barros e Jânio Quadros.

Industrialização do interior

Rodovia dos Bandeirantes, um dos principais vetores de desenvolvimento do interior do estado.
Nas décadas de 1960 e 1970 o governo estadual promove diversas obras que incentivam a economia do interior do estado, esvaziado desde a quebra do café em 1930.

A abertura e duplicação da Via Dutra (BR-116) recupera e industrializa o Vale do Paraíba, que se concentra em torno da indústria aeronáutica de São José dos Campos.[37] Para o Oeste, a implantação do Aeroporto Internacional de Viracopos, a criação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) a abertura de rodovias como a Rodovia Anhanguera e Bandeirantes e Rodovia Washington Luís o implemento de técnicas modernas de produção, em especial da cana-de-açúcar e de seu subproduto, o álcool combustível, levam novamente o progresso às regiões de Campinas, Sorocaba, Central, Ribeirão Preto e Franca.

Atualmente, ainda que o crescimento não seja mais tão alto e haja concorrência de outros estados, São Paulo é o principal polo econômico e industrial da América do Sul, sendo o maior mercado consumidor do Brasil.


 AS REGIÕES ADMNISTRATIVAS

Mapa da Micro-Regiões do Estado de São Paulo. As regiões administrativas paulistas possuem uma estrutura geral de organização e também dos segmentos e setores que seguem o modelo geral geral de acordo com as suas especificidades , como este da administração judiciária. Fonte TJSP


O Estado de São Paulo subdivide-se em 645 municípios, distribuídos em 42 regiões de governo, 14 regiões administrativas e três regiões metropolitanas: de São Paulo, da Baixada Santista (que tem a conformação espacial da RA de Santos) e de Campinas (contida na RA do mesmo nome).
O conjunto de transformações socioeconômicas ocorridas nos últimos 50 anos no Estado foi acompanhado por um intenso processo de redistribuição da população, do que resultou uma concentração populacional regionalmente diferenciada.

Os mapas referentes à ocupação territorial mostram que esse processo praticamente acompanhou a dinâmica e a localização das atividades industriais. Desde os anos 40, já se verificava uma significativa concentração industrial no Estado, favorecendo de início a Região Metropolitana de São Paulo e municípios circunvizinhos. Posteriormente, a relativa desconcentração dessas atividades rumo ao interior beneficiou as regiões situadas no centro e no leste do Estado.

Além dos centros industriais já consolidados, como Campinas, São José dos Campos e Santos e respectivos entornos, foram privilegiados os grandes eixos de ligação com a capital, notadamente as cidades com melhor infra-estrutura, ligadas pelas rodovias Bandeirantes e Anhangüera, Dutra e Carvalho Pinto, Castelo Branco e Rondon, Raposo Tavares e Washington Luís e Fernão Dias.

 A Região Metropolitana de São Paulo mantém o papel de liderança em termos econômicos e de concentração populacional, respondendo em 2005 por 47,9% da população paulista. 

Com concentrações menores, encontram-se outras áreas situadas no leste do Estado, caracterizadas por grande dinamismo econômico, como as RAs de Campinas (14,6%), Sorocaba (6,7%), São José dos Campos (5,4%) e a RM da Baixada Santista (4,0%). No oeste do Estado, destaca-se a RA de São
José do Rio Preto, responsável por 3,5% da população. 

As menores concentrações da população estadual encontravam-se na RA de Barretos (1,1%) e na RA de Registro (0,7%).

As regiões com maior concentração da população também se caracterizam pela maior densidade demográfica.

Os contrastes regionais em relação a esse indicador mostram-se bastante pronunciados, oscilando de 2.376,2 hab./km2, na RM de São Paulo, até um valor mínimo de 23,6 hab./km2, na RA de Registro.


FONTE: Fundação SEAD




Sorocaba, sul-paulista.Sorocaba (pronuncia-se AFI: [so̞ɾo̞ˈkabɐ]) é um município brasileiro no interior do estado de São P aulo. É a segunda cidade mais populosa do interior paulista (precedida por Campinas) e a mais populosa da região sudeste paulista com uma população de 723.682 habitantes,de acordo com o Censo 2022 realizado pelo IBGE, sendo uma capital regional. Possui uma área de 450,38 km². O município está integrado — junto com a Grande São Paulo, a Região Metropolitana de Campinas, a Região Metropolitana de Jundiaí, Região Metropolitana de Piracicaba, a Região Metropolitana da Baixada Santista e a Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte — ao Complexo Metropolitano Expandido, uma megalópole que ultrapassa os 30 milhões de habitantes (cerca 75% da população paulista) e que é a primeira aglomeração urbana do tipo no hemisfério sul. A Região Metropolitana de Sorocaba é composta por 27 municípios que somam aproximadamente 2,06 milhões de habitantes. A cidade é um importante polo industrial do estado de São Paulo e do Brasil, sendo que sua produção industrial chega a mais de 120 países, atingindo um PIB acima dos R$ 32 bilhões, o décimo nono maior do país, a frente de capitais como São Luís, Belém, Vitória, Natal e Florianópolis. As principais bases de sua economia são os setores de indústria, comércio e serviços, com mais 22 mil empresas instaladas, sendo mais de duas mil delas indústrias.A cidade localiza-se a 87 km de distância da capital do Estado.[ Se situa às margens de uma importante ferrovia, a Linha Tronco da antiga Estrada de Ferro Sorocabana, que acompanhou todo o seu desenvolvimento. As principais rodovias são a Castelo Branco (SP-280) e Raposo Tavares (SP-270). É atravessada pelo Rio Sorocaba, afluente da margem esquerda do Rio Tietê. O município de Sorocaba situa-se sob o Trópico de Capricórnio, na latitude 23° 26′ 16″. No entroncamento da Rodovia José Ermírio de Morais (SP-75, Castelinho) com a interligação para a Rodovia Raposo Tavares, a Rodovia Dr Celso Charuri (SP-91/270), há um marco sinalizando o Trópico. Possui um dos maiores pátios ferroviários do Brasil, de onde há um entroncamento entre as linhas férreas da Estrada de Ferro Sorocabana e da Estrada de Ferro Elétrica Votorantim, hoje ambas estando sob concessão da Rumo Logística para o transporte de cargas.

Fábrica de ferro em Sorocaba de São João de Ipanema em 1884

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"GLOBAL TRADE"

O IMPACTO FERROVIÁRIO


CULTURA EUROPÉIA MUDOU COM A CONSTRUÇÃO DAS FERROVIAS



Gravura de uma estação ferroviária europeia no século XIX 

História, por João Marcos Coelho -Estadão, sexta-feira, 24-02-23

A criação de uma “cultura europeia” no decorrer do século 19 está intimamente ligada à implantação de uma malha ferroviária ligando o Velho Continente, dos anos 1840 em diante. As estradas de ferro aceleraram a criação e consolidação dessa “cultura europeia”. Este é o tema do fascinante livro Os Europeus, do historiador inglês Orlando Figes, de 63 anos. Com uma prosa de fácil leitura e uma infinidade de informações e dados que jamais incomodam o leitor, ele constrói um formidável painel das artes e da cultura europeias na segunda metade do século 19. Mostra a íntima relação entre as artes e o capitalismo. O objetivo “é explicar como foi que, por volta de 1900, os mesmos livros passaram a ser lidos em todo o continente, as mesmas pinturas passaram a ser reproduzidas, a mesma música passou a ser tocada em casa ou nas salas de concerto, as mesmas óperas passaram a ser encenadas em todos os grandes teatros da Europa”.

Lúcido e certeiro, Figes mostra como o que chama de “cânone europeu” se consolidou na era das ferrovias. É fundamental conhecer esse processo no detalhe porque esse cânone “constitui a base da alta cultura hoje não só na Europa, mas em todas as partes do mundo onde os europeus se estabeleceram”. A cultura hegemônica de elite já existia no continente ao menos desde o Renascimento. “Mas só no século 19 uma cultura de massa relativamente integrada pôde se desenvolver em toda a Europa.”

Seu olhar inova ao enxergar o continente como “um espaço de transferências, tradições e trocas culturais por cima das fronteiras nacionais, gerando uma ‘cultura europeia’, como ‘síntese internacional de formas, ideias e estilos artísticos’”. Em suma, o livro trata a era da ferrovia “como primeiro período de globalização cultural”. E aqui acentua que de fato o século 19 europeu instaurou um mercado continental para as artes. Foi esse mercado que determinou o cânone do continente.

Figes coloca no primeiro plano de sua narrativa um triângulo amoroso: a mezzo-soprano e compositora Pauline Viardot (1821-1910); seu marido Louis Viardot (1800-1883); e o escritor russo Ivan Turgueniev (1813-1883). Eles chegaram a morar na mesma casa por bons anos. Ou melhor, nas mesmas casas. Suas vidas nômades os levaram a todas as latitudes do continente, incluindo a Rússia. Pauline, filha do tenor Manuel Garcia, foi irmã mais nova da maior diva romântica, a soprano Maria Malibran, que morreu em 1836, aos 28 anos. Amiga íntima de Frédéric Chopin, chegou a colocar letra em diversas peças pianísticas dele, transformando-as em canções. Mas seu maior triunfo foi ter dominado a cena lírica europeia (e russa) por muitas décadas. Seu marido Louis só figura no rodapé das biografias das divas, mas foi um polímata cultural, ao mesmo tempo crítico de arte, erudito, editor, gestor teatral, ativista republicano, jornalista e tradutor literário do russo e do espanhol para o francês. Figes oportunamente o resgata do esquecimento e o define como “tudo aquilo que o artista não é, mas de que depende”. E Turgueniev, modernamente o mais conhecido, nasceu em família aristocrata russa e terminou a vida como um dos grandes escritores russos da segunda metade do século 19, ao lado de Dostoievski e Tolstoi. Morou em Berlim, Paris, Baden-Baden, Londres e São Petersburgo e em sua biblioteca havia livros em nove línguas diferentes: “Sou um europeu, e amo a Europa; minha fé está vinculada a sua bandeira, que carrego desde a juventude”.

Para Figes, o que os une, além do ménage à trois, é sua condição de “importantes intermediários culturais”, promovendo escritores, pintores e músicos em toda a Europa. Eram cosmopolitas, integrantes de “uma cultura europeia capaz de viver em qualquer lugar no solo europeu, desde que isso não comprometesse seus princípios democráticos, e sem perder nada da própria identidade nacional”.

O que lhes permitiu tamanha mobilidade? A era das ferrovias. “A viagem é fatal para o preconceito, o fanatismo e a intolerância”, já anotava o escritor norte-americano Mark Twain no livro Inocentes no Exterior, de 1869. É basicamente um relato de suas viagens de trem pela Europa em direção à Terra Santa. “Essa sensação de fazer parte da Europa estava ligada à possibilidade de viajar de trem para qualquer parte do continente.”

Capítulos são dedicados a cada uma das artes. E nos levam para verdadeiras “viagens” culturais. A era das ferrovias costuma ser fixada de 1830 em diante, quando, na Inglaterra, a primeira ligação ferroviária para passageiros transportou 460 mil pessoas em 12 meses entre Liverpool e Manchester.

Na sequência, a malha ferroviária foi se espalhando vertiginosamente. Em 1850, Turgueniev levava 21 dias para ir a sua propriedade rural em Spasskoe, na Rússia. Vinte anos depois, fazia o mesmo trajeto em cinco dias. E Pauline brilhou em todos os grandes palcos líricos europeus e russos, graças às ferrovias.

Um dos acontecimentos mais ruidosos da década de 1840 aconteceu na inauguração do trecho francês, entre Paris e Lille, da ferrovia internacional ligando a capital francesa a Bruxelas, em 1846. Em Lille, organizaram-se festejos mamutes para comemorar. O prefeito encomendou a Hector Berlioz uma obra para ser estreada na ocasião. Ele teve só três dias para compor a Cantata Ferroviária, para barítono e grande orquestra. Na balbúrdia que se seguiu, o manuscrito da partitura e seu chapéu foram roubados. Berlioz teria preferido reaver apenas o chapéu, mas o manuscrito é que lhe foi restituído. Uma obra que ele teria preferido não assinar.

As elites, com os Rothschild à frente, eram acionistas preferenciais das grandes empresas ferroviárias. Turgueniev tinha ações de companhias russas, assim como Madame Nadejda von Meck, viúva de um magnata da indústria ferroviária e mecenas de Tchaikovski.

Tamanho impulso foi decisivo para o incremento do turismo de massa. Os novos turistas só tinham algumas poucas semanas de férias anuais para viajar. Assim, uma imensa parcela majoritária da população passou a se movimentar usando a malha ferroviária. “O mundo está viajando”, escreveu o escritor alemão Theodor Fontane (1819-1898) em A Viagem Moderna publicado em 1873: “Assim como nos velhos tempos as pessoas se entretinham conversando sobre o tempo, agora o fazem viajando”.

FOLHETIM. A primeira grande consequência no mundo literário foi a proliferação de guias turísticos de baixo custo para essa multidão. Além disso, um novo tipo de literatura – os folhetins publicados diariamente em capítulos nos jornais se transformaram em verdadeira febre por todo o continente. Surgiram as livrarias nas estações ferroviárias. Afinal, agora não só dava para conversar, mas também para ler durante a viagem. Houve um verdadeiro boom editorial. Autores como Alexandre Dumas vendiam dezenas, centenas de milhares de exemplares de seus livros em edições de baixo custo. Figes calcula que esses livros custavam um décimo dos livros capa dura, que circulavam no mundo das elites culturais europeias.

Não só o tipo de literatura era mais popular. As vendas de livros, traduções e revistas literárias explodiram na década de 1870 por causa das tecnologias de publicação, a mecanização e a rede ferroviária. Tudo isso reduziu os custos de impressão e distribuição. Figes observa que “a aceleração das traduções levou à crescente uniformidade ou padronização das formas literárias, com toda a Europa lendo os mesmos livros ao mesmo tempo”.

Alexandre Dumas (1802-1870) foi um dos reis dos folhetins. Seu ritmo de produção era alucinante. Os folhetins eram diários: em 1844, publicou Os Três Mosqueteiros em Le Siècle entre 14 de março e 11 de julho, e O Conde de Monte Cristo no Journal des Débats entre 18 de agosto e 15 de janeiro de 1846. Paralelamente, publicou A Rainha Margot em La Presse entre 25 de dezembro de 1844 e 5 de abril de 1845. Emile Marcelin publicou um cartum com o escritor escrevendo quatro livros ao mesmo tempo – com os dois braços e as duas pernas. Outra consequência: os personagens acabaram se europeizando. Como nos romances de Júlio Verne.

PINTORES. O impacto nas artes plásticas pode ser avaliado por Gare Saint-Lazare, série de 11 quadros de Claude Monet (1840-1926). Em 1877, ele acabara de chegar a Paris vindo de Argenteuil. Encantou-se com a Gare Saint-Lazare (hoje Museu d’Orsay), estação ferroviária, sobretudo com os efeitos da luz se infiltrando pelo telhado de vidro e as baforadas de fumaça saindo das locomotivas e se dissolvendo como nuvens. O escritor Émile Zola, defensor dos impressionistas, assim descreveu um desses quadros: “Ouvimos o ronco dos trens, com a fumaça se propagando no vasto espaço sob o telhado de vidro. Nossos pintores devem encontrar a poesia dessas estações, assim como seus pais encontraram nos rios e nas florestas”.

Esse cosmopolitismo europeu que tanto fascina Orlando Figes foi bruscamente interrompido pela Primeira Guerra Mundial, em 1914. Um dos maiores escritores franceses do século 19, Victor Hugo (1802-1885), de certa forma previu o desastre a partir do horror que experimentou em relação à Guerra da Crimeia na década de 1850, ao saber de “ferrovias transportando soldados e máquinas de destruição”. O cosmopolitismo sofreria outro duríssimo golpe com o nazi-fascismo dos anos 1930 e a Segunda Guerra Mundial. Mas felizmente permanece vivo na cultura de massa, hoje planetária.

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O Trem de Prata foi um serviço ferroviário operado pela Rede Ferroviária Federal (RFFSA), em parceria com o consórcio privado homônimo, que circulou entre as estações Barão de Mauá (Estrada de Ferro Leopoldina), no Rio de Janeiro e Barra Funda (Estrada de Ferro Santos Jundiaí), em São Paulo, no Brasil.

História. Em 16 de fevereiro de 1991, o Trem Santa Cruz, serviço que fazia a ligação Rio - São Paulo, fez sua última viagem, após mais de quarenta anos de circulação. O Santa Cruz saía da Estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro em direção à Estação da Luz, em São Paulo. Houve épocas em que o trem se dirigia à Estação Roosevelt (atual Estação do Brás), também na capital paulista. Com isso, o serviço ferroviário de passageiros da Rede Ferroviária Federal ficou comprometido, pois o Santa Cruz era um dos trens mais utilizados, apesar dos atrasos e problemas na conservação da via férrea. O Santa Cruz era muito utilizado por agências de viagem que vendiam pacotes de viagens de trem entre o Rio de Janeiro e Corumbá, sendo que o seu cancelamento causou prejuízos econômicos. Após tentativas malsucedidas de se retomar o serviço, ocorridas em 1992, a Rede Ferroviária Federal resolveu retomar a operação dos trens em parceria com a iniciativa privada. Em 13 de agosto de 1993, foi lançado o edital de licitação 033/SR-3/93,[1] através da qual a iniciativa privada ficaria responsável pela organização do serviço e venda de passagens, cabendo à Rede Ferroviária Federal a locação de 25 carros Budd, além de locomotivas.

A viagem inaugural do Trem de Prata ocorreu no dia 8 de dezembro de 1994, quando partiu da Estação Barão de Mauá (Leopoldina), no Rio de Janeiro para a Estação da Barra Funda (da EFSJ), em São Paulo. Devido ao grande sucesso causado pelos altos números de reservas e de demandas de passageiros, as viagens que anteriormente ocorriam aos finais de semana, tornaram-se diárias a partir de 1995. 
O Trem de Prata contava com cerca de 10 vagões (1 carro-bar, 2 carros-restaurantes, 2 vagões de bagagem e 4 carros-dormitórios com suíte, dotados de quarenta cabines duplas ocupadas por oitenta passageiros e atendidas por 24 tripulantes). Em uma velocidade de 60 quilômetros por hora, a viagem ferroviária durava nove horas e meia pelos 516 quilômetros de trilhos, partindo às 20h30 e chegando ao destino final às 6 da manhã. No carro-restaurante, as refeições eram servidas em dois turnos: das 20h30 às 22h30 da noite e das 22h30 da noite à 0h30 da manhã. O ambiente requintado e o conforto oferecido durante a viagem, lhe valeram o apelido de "trem-hotel" ou "hotel sobre trilhos", dados pelos próprios passageiros à época.

Depois de quase quatro anos, o Trem de Prata deixou de circular em 1998, tendo como um dos principais motivos a queda no número de passageiros. Ao ser reativado em 1994, sua capacidade era de 124 passageiros. Depois de dois anos, caiu para 76 passageiros.

Após um acidente com um Fokker-100 da TAM em novembro de 1996, que fazia a ponte aérea Rio–São Paulo, houve um aumento da procura de passageiros por vagas no trem, onde suas centrais de reserva receberam 100% a mais de ligações que o habitual, repetindo-se em outros dias, totalizando-se 250 candidatos. Às segundas e terças-feiras, o trem costumava viajar com 50% de lotação e com 80% das passagens sendo vendidas horas antes da partida da composição, no Rio.

Com o passar do tempo, o barateamento das passagens da ponte aérea a tornou mais acessível que a viagem ferroviária na época, além de problemas com atrasos ou acidentes e a falta de manutenção adequada da linha férrea, sobretudo na malha suburbana das duas metrópoles, que causavam por vezes até mesmo a interrupção de viagens, que eram completadas por ônibus, já na capital fluminense.

"Quando entrei no vagão, senti cheiro de mofo", disse a fisioterapeuta Margareth Ferreira Fonseca, fluminense de Nova Iguaçu. "Me decepcionei. Vim esperando algo mais chique. Tive vontade de pedir meu dinheiro de volta e pegar a ponte aérea." Se optasse pelo avião, Margareth teria economizado. Para ir de trem, uma viagem de dez horas com direito a jantar e café da manhã, gastou R$ 120 (cabine mais barata). Teria gasto R$ 82 na ponte aérea (viagem de 50 minutos).

— Trecho de matéria do repórter Fábio Schivartche publicada no jornal Folha de S.Paulo, 1 de dezembro de 1998.

O último Trem de Prata partiu na noite de 29 de novembro de 1998 da antiga Estação da Barra Funda (da EFSJ), chegando à Estação Barão de Mauá (Leopoldina) na manhã de 30 de novembro. 

O fim das viagens do Trem de Prata causou comoção na época, tanto entre funcionários como também entre os tradicionais passageiros da ponte ferroviária entre as duas capitais. 

Primeira Classe do Trem de Prata Rio-SP nos anos 1970.




 FERROVIAS NO ESTADO DE SP

 



Ferrovias no Estado de São Paulo (Foto: ABPF)


As ferrovias foram implantadas no estado de São Paulo na segunda metade do século XIX. Ao longo dos anos, muitas dessas estradas de ferro foram se modernizando e passaram a fazer o transporte de passageiros pelo estado.

Já no século XX, as ferrovias atingiram seu auge e desempenharam um papel importante no desenvolvimento do interior de São Paulo, sendo que muitas cidades e bairros se originaram a partir e no entorno de tais paradas.

Primeiramente com o foco na carga, passaram, anos mais tarde, a transportar passageiros por diversas cidades do estado de São Paulo. O transporte era rápido e o custo de acordo com a qualidade do serviço.

Em uma época onde não havia muitas rodovias cortando o estado, as ferrovias eram o meio de transporte mais procurado. Até mesmo após a construção das diversas rodovias, as ferrovias ainda eram mais procuradas, pois os trens eram rápidos, não enfrentavam trânsito e o acesso era fácil. Algumas ferrovias eram, também, eletrificadas e isso colaborava com a preservação do meio-ambiente e a não poluição do ar.

No final da década de 90, as ferrovias foram privatizadas e o transporte de passageiros, extinto. Com o fim do transporte de passageiros pelas ferrovias, os usuários foram obrigados a migrar para as rodovias, seja através de linhas de ônibus regulares ou através dos próprios automóveis, o que encareceu as viagens, aumentou o tempo de deslocamento e proporcionou maior cansaço por parte dos condutores.

Atualmente há planos do Governo do Estado de São Paulo (GESP) em reimplantar trens de passageiros nas principais cidades do estado, com destaque para Santos, Campinas, Sorocaba e Vale do Paraíba. Os trens regionais, assim chamados pelo GESP, sairiam da cidade de São Paulo e partiriam para os locais já citados.

Entretanto, é incompreensível entender o porquê de se querer implantar algo que já tínhamos no passado, sendo que bastaria uma boa reforma para que continuassem operando com a mesma qualidade e eficiência do passado.


AS FERROVIAS E O PORTO DO CAFÉ

 

SÃO PAULO RAIL- SPR 

A PRIMEIRA FERROVIA DE SÃO PAULO


Em 1867 era inaugurada pela empresa São Paulo Railway o lastro ferroviário que ligava Santos a Jundiaí, com extensão de 159 quilômetros e passagem por São Paulo justamente na Estação da Luz e Cubatão. Na mesma data, 16 de fevereiro, as estações Água Branca, Perus e Francisco Morato, da atual Linha 7-Rubi, e São Caetano do Sul, Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra da Linha 10-Turquesa, foram postas em operação.

A linha da São Paulo Railway foi planejada principalmente para transportar a produção de café do noroeste paulista ao porto de Santos. O empreendimento foi idealizado por Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, José da Costa Carvalho, o Marquês de Monte Alegre, e o Conselheiro José Antonio Pimenta Bueno. Um decreto imperial de 1856 autorizou-os a constituírem uma companhia encarregada da construção, custeio e gozo de uma estrada de ferro que partisse de Santos e chegasse a Jundiaí, passando pela capital São Paulo. O projeto da ferrovia resultou da colaboração de diversos engenheiros britânicos, entre os quais Robert Milligan, James Brunlees e Daniel Makinson Fox. As obras de implantação da estrada foram iniciadas em Santos em 1860. O trecho da Serra do Mar foi o mais difícil de ser executado, devido à alta declividade, que impunha um desnível de cerca de 800 metros a ser vencido em apenas 8 quilômetros, e à intensa pluviosidade, que provocava deslizamentos e a interrupção das obras e do tráfego ao longo da via. O prédio original da Estação da Luz funcionou até pelo menos 1888. O rápido crescimento de passageiros e a necessidade de escoamento de produção exigiam mais espaço e estrutura e, em 1° de março de 1901, finalmente, é colocada em operação a instalação que conhecemos hoje. Fonte: Brazil Imperial. @BrazilImperiu



Trem turístico da SPR na Estação da Luz, em São Paulo.  


 Símbolo da São Paulo Railway estilizado num pórtico  da Estação Júlio Prestes em São Paulo.

Centro ferroviário da SPR em Paranapiacaba, atual município de Santo André. 


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ESTRADA DE FERRO SOROCABANA


Gravura de 1884 retratando a E.F. Sorocabana. Arquivo Nacional


A Estrada de Ferro Sorocabana foi uma companhia ferroviária brasileira. Permaneceu em atividade de julho de 1875 até outubro de 1971, quando foi extinta e incorporada à FEPASA - Ferrovia Paulista S/A. O Fundador. Em 1866 chegou a Sorocaba o imigrante austro-húngaro Luís Mateus Maylasky. Com conhecimentos em engenharia, encontrou na empresa de Batista uma maquina quebrada de descaroçar algodão (por falta de mão-de-obra para repará-la) e a colocou em funcionamento. Isso fez com que o processamento do algodão fosse mais rápido. Batista convidou Maylasky para ser gerente de sua empresa. Em pouco tempo Maylasky tornou-se sócio de Batista. No entanto, o transporte do algodão para São Paulo era precário e limitava os lucros da empresa. Assim Maylasky propôs a construção de uma estrada de ferro ligando Sorocaba à São Paulo, com conexão com a ferrovia inglesa que dava acesso ao porto de Santos. Inicialmente Maylasky juntou seus esforços a um grupo de fazendeiros de Itu que possuíam o mesmo interesse. Após a constituição da Companhia Ytuana de Estradas de Ferro em 20 de janeiro de 1870, Maylasky foi à Câmara Municipal de Itu e propôs a expansão dos trilhos da Ituana até Sorocaba. Após a recusa da Companhia Ytuana (que tinha o objetivo de atender apenas as demandas de Itu e ligá-la a Jundiaí onde seus trilhos iriam encontrar os das companhias São Paulo Railway e Paulista), Maylaski e Batista reuniram um grupo de produtores de algodão, fazendeiros, e comerciantes que incluiu Antônio Lopes de Oliveira, Francisco Ferreira Leão, Olivério Pilar, Vicente Eufrásio da Silva Abreu, Ubaldino Amaral, entre outros e abriu a Companhia Sorocabana de Estrada de Ferro de Ypanema a São Paulo em 2 de fevereiro de 1870 com um capital inicial de 1 200 contos de réis, posteriormente elevado para 4 mil contos. Maylasky obteve da então província de São Paulo uma garantia de juros de 7% ao ano sobre o capital que fosse investido na ferrovia. Para angariar investidores, Maylasky percorreu os arredores de Sorocaba e região a cavalo e convenceu até pequenos produtores rurais da importância da estrada de ferro.

...Aqui está o primeiro capital subscrito! Com estes dois vinténs levantaremos o capital necessário...
—  Luís Mateus Maylasky durante reunião com o grupo de empresários que se organizou para fundar a Companhia Sorocabana de Estrada de Ferro de Ypanema a São Paulo em 2 de fevereiro de 1870

Para angariar interesse do Império do Brasil, foi proposta a extensão da ferrovia até a Real Fábrica de Ferro São João do Ipanema, que também poderia fornecer parte do material necessário para a construção. As obras da ferrovia foram iniciadas em 13 de junho de 1872.

Exatamente às 13 horas do dia 13 de junho de 1872 um grupo de homens munidos de pás e enxadas iniciava, no centro de Sorocaba, à margem do Córrego Supiriri, a construção da Estrada de Ferro Sorocabana (EFS). A ferrovia, projetada e bancada por empresários, teve o trecho entre Sorocaba e São Paulo concluído em três anos, um feito até para os dias atuais...
—  O Estado de S. Paulo




Para financiar as obras, Mailasky obteve um empréstimo junto ao banco alemão Deutsch Brasilianische Bankum. As obras foram prejudicadas pela falência do banco alemão (causada pelo Pânico de 1873), por uma greve dos fornecedores de locomotivas e equipamentos na Europa e por um surto de febre amarela na província de São Paulo. Ainda assim, a ferrovia foi inaugurada em 10 de julho de 1875 após 37 meses de obras. Após a inauguração, ocorreu uma disputa entre os sócios. Um pequeno grupo queria a venda da estrada para um grupo estrangeiro ou a encampação pelo Império, com uma lei provincial sendo discutida sobre o assunto. No final de 1876 Mailasky conseguiu manter o controle sobre a empresa e a lei acabou rejeitada. Em 1877 a ferrovia alcançou Ipanema e já se estudava sua ampliação para a região do Paranapanema, embora o presidente da província de São Paulo Sebastião José Pereira tivesse rejeitado uma liberação de cem contos de réis criada pela assembleia provincial para patrocinar a realização do projeto. A Sorocabana envolveu-se em uma disputa judicial com a Companhia Ituana, que desejava ampliar sua linha de Piracicaba até Botucatu e obter os cem contos de réis. Com isso, a Sorocabana não poderia ser ampliada além daquela cidade. Enquanto a Ituana havia angariado apoio do presidente Pereira, a Sorocabana buscou como apoiador e acionista Joaquim Manuel Gonçalves de Andrade, vice-presidente da província. A disputa ocorreu por todo o ano de 1877 e só foi encerrada quando Pereira deixou o cargo. Assim, a Sorocabana pôde iniciar seu projeto de ampliação até Botucatu e a Ituana (que também após envolveu-se na mesma época em outra disputa com a Companhia Paulista de Estradas de Ferro) acabou entrando em decadência.


Estação de Maylasky, entre 1885/1889, retratada por Julio Wieczerski Durski. Acervo do Arquivo Nacional.

Primeira crise e falência. A conclusão da obra coincidiu com o fim do ciclo do algodão e o rescaldo do Pânico de 1873. Esses eventos causaram seguidos prejuízos anuais que a gestão de Mailasky não pôde conter. Isso fez com que os acionistas o destituíssem da presidência da ferrovia em dezembro de 1880 e nomeassem o conselheiro Francisco de Paula Mayrink para o cargo. Maylasky tentou retomar a presidência da empresa, utilizando-se até de meios judiciais, porém acabou derrotado e mudou-se para Mogi Mirim. Mayrink realizou uma auditoria e, com seus resultados, acusou Mailasky de má gestão e malversação dos recursos. Apesar de Mayrink realizar ações para minimizar os prejuízos da empresa, a Sorocabana acabou sofrendo problemas econômicos e políticos, permanecendo instável por todo o século XIX. Após a proclamação da República, Mayrink adquiriu a Companhia Ytuana de Estradas de Ferro e rebatizou a nova empresa de Companhia União Sorocabana e Ytuana de Estradas de Ferro. Essa aquisição aumentou o déficit financeiro da Sorocabana. O fracasso da política do Encilhamento (apoiada por Mayrink) o levou a renunciar ao controle da Sorocabana em 1893, sendo substituído brevemente pelo Visconde de Socorro João José Pereira Júnior. O Visconde, abalado por problemas de saúde, deixou o cargo em 1895. O maior acionista da companhia era o jornalista João Pinto da Costa Ferreira Leite (1850-1905), que assumiu a direção da empresa em 1 de março de 1895 com o plano ambicioso de tornar a Sorocabana a maior ferroviária da América do Sul. Dirigindo a Sorocabana a partir do Rio de Janeiro, Ferreira Leite não possuía experiência e acumulou muitas dívidas na gestão da empresa. Outra de suas empresas, a Companhia Viação Paulista de bondes em São Paulo acabou liquidada por má gestão pela província de São Paulo em 1899. Ferreira Leite deixou a administração da Sorocabana em 19 de janeiro de 1901 após intervenção do Tesouro Nacional, que temia a falência da ferrovia. Além disso, o governo federal era o maior credor das dívidas da empresa. Em seu lugar assumiu o interventor nomeado pelo governo, o comendador Francisco Casimiro Alberto da Costa.

Intervenções. O Comendador Costa descobriu diversas irregularidades nas contas da Companhia União Sorocabana e Ytuana de Estradas de Ferro. Apesar de ter tentado uma venda ou concordata, injetando 4 100:000$000 da Companhia Edificadora-presidida por ele, a Sorocabana acabou liquidada por meio de sentença judicial e o arresto de seus bens ao Tesouro Nacional. Posteriormente o comendador tentou reaver a quantia investida, apresentando-se como credor ao Tesouro. O governo federal nomeou Alfredo Eugênio de Almeida Maia como diretor da Superintendência da Companhia Sorocabana em 10 de janeiro 1903. Almeida Maia, um experiente engenheiro ferroviário, conseguiu regularizar o funcionamento da ferrovia e acabou resgatando as finanças da empresa. Com isso, foi possível retomar a expansão da ferrovia, reaparelha-la e sanear suas contas. Em janeiro de 1904 o governo federal vendeu a ferrovia para o governo do estado de São Paulo. Apesar do negócio, Almeida Maia foi mantido à frente da Sorocabana. Posteriormente o governo paulista negociou a concessão da Estrada de Ferro Sorocabana, por um período de 60 anos, ao grupo Brazil Railway Company (de Percival Farquhar) em 1907. Apesar de ser convidado a permanecer no cargo pelos novos donos, Maia preferiu deixar o cargo em 30 de junho de 1907.

Sorocabana Railway Company


Malha da Brazil Railway Company, 1913. A Sorocabana era a principal e mais lucrativa ferrovia da empresa.


A Companhia Sorocabana foi concedida por 60 anos para a Brazil Railway Company do capitalista estadunidense Percival Farquhar. Renomeada Sorocabana Railway Co., a empresa acabou adquriida por Farquhar como ponto de partida para a criação de uma rede ferroviária no Centro-Sul do Brasil. A Brazil Railway Company adquiriu outas ferrovias e concessões nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul e lançou obras de ampliação de suas ferrovias. Em 1916, o grupo detinha 11 mil dos 23 mil quilômetros da rede ferroviária brasileira. Ao assumir a Sorocabana em 1907 , Farquhar nomeou o estadunidense Frank Joseph Egan para dirigi-la inicialmente. Egan, alinhando com os objetivos de Farquhar, trabalhou com o governo do estado para a ampliação da ferrovia entre Manduri e Ourinhos para se integrar ao ponto inicial da futura Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande (outra concessão da Brazil Railway). Em 1912, com a Sorocabana superavitária, Egan foi substituído por H.M Taylor. Foi o início de gestões caóticas, com a ferrovia sofrendo falta de vagões (supostamente desviados para a E.F.São Paulo Rio Grande), problemas de manutenção, atrasos no transporte de passageiros e mercadorias e descumprimento de cláusulas contratuais em nome de uma política de maximização dos lucros (desviados para outros empreendimentos de Farquhar) e minimização de investimentos, iniciada em 1911. Taylor acabou substituído em 1913 pelo superintendente da Light T.R.Ryan. Ryan pouco pôde fazer, por conta do início da Primeira Guerra Mundial. Como Farquhar dependia da injeção de capitais europeus para a manutenção da Brazil Railway (com o banqueiro francês Hector Legrú encabeçando o maior grupo europeu financiador da empresa), ela entrou em crise durante o período. Ao mesmo tempo, eclodiu a Guerra do Contestado. Causada pelo projeto ferroviário de Farquhar na região, causou muitos prejuízos para a Brazil Railway e aos governos da época. Para tentar conter a crise, Farquhar nomeou diretor da Sorocabana o engenheiro Rudolf Oscar Kesselring em 15 de agosto de 1915. Kesselring, engenheiro civil, foi um dos projetistas e construtores das Estrada de Ferro Madeira Mamoré e Noroeste do Brasil, trabalhava com Farquhar desde 1906. Apesar de diagnosticar os problemas da Sorocabana (falta de vagões, manutenção de vias e trens, entre outros, Kesselring não conseguiu convencer os investidores da ferrovia a recuperá-la minimamente. A degradação da empresa provocou protestos nos meios públicos e entre autoridades. O deputado Julio Prestes passou a ser o líder de um grupo que desejava o fim da concessão da Sorocabana. Com a decretação de concordata da Brazilian Railway em 1917, a pressão sobre o fim da concessão da Sorocabana cresceu até que em 1919 o presidente do estado, Altino Arantes, conseguiu encerrar o contrato de forma amigável através da Lei Estadual 1643/1918. A mesma lei autorizou o estado a encampar a Southern San Paulo Railway (medida efetivada apenas na década de 1920, quando essa ferrovia acabou incorporada à Sorocabana).

Em setembro de 1919, o governo de São Paulo assumiu novamente o controle da ferrovia, que passou a se chamar Estrada de Ferro Sorocabana (EFS). Calisto de Paulo Souza, o segundo "inspetor geral" da Sorocabana nomeado pelo governo do estado, assim descreveu a situação da ferrovia em agosto de 1919:

...os armazéns estavam repletos de mercadorias aguardando para serem despachadas, havia frequentes interrupções de tráfego devido ao mau estado de conservação das locomotivas, os trens ficavam parados nas estações por falta de água... o leito da ferrovia não oferecia segurança...

Estatização


Emblema da E.F. Sorocabana, adotado após a sua segunda estatização.

Vista da Estação São Paulo, 1938. O governo do estado de São Paulo construiu ente 1926 e 1938 uma nova estação terminal para abrigar a sede da Sorocabana e rivalizar com a Estação da Luz.
Arquivo Nacional. Após o governo paulista reassumir o controle da ferrovia, foi nomeado inspetor inicialmente inspetor da ferrovia Jose de Góis Artigas. Uma das primeiras medidas de Artigas foi restabelecer a operação segura da empresa ferroviária. Artigas deixou o comando da ferrovia em pouco tempo e Calisto de Paula Souza assumiu como novo inspetor geral. Em sua gestão a Sorocabana iniciou a aquisição de novas locomotivas e vagões e a reparação de carros de passageiros e das vias férreas, graças a um investimento de 30 contos de réis obtidos junto ao orçamento do estado. Em 1921 a Sorocabana incorporou a ferrovia da Companhia Agrícola Funilense. Ainda sob a administração de Francisco de Paula Mayrink, convencido que o sucesso da ferrovia estava condicionado ao transporte do café, a expansão da linha tronco foi projetada na direção do Oeste Paulista para atingir regiões cafeeiras. A partir de Sorocaba, a ferrovia se expandiu chegando a Botucatu e posteriormente a Ourinhos, na divisa com o estado do Paraná. A pequena estação de Ourinhos, aberta em 1908 principalmente para atender cargas vindas da região do Norte Pioneiro do Paraná, a partir de 1924 transformou-se em entroncamento com a Companhia Ferroviária São Paulo-Paraná, que fazia a ligação com o estado vizinho. Com o tempo, Ourinhos transformou-se em uma das principais estações de cargas e passageiros da EFS, devido ao grande fluxo trazido pela SPP, especialmente após 1932, quando esta ferrovia alcançou Jataizinho, já próxima da nascente cidade de Londrina. Após o estado assumir a Sorocabana, a expansão da linha tronco prosseguiu e em 1922, chegou às margens do rio Paraná - seu ponto final - em Presidente Epitácio, limite oeste do estado paulista. Durante a década de 1920 a Sorocabana iniciou dois grandes projetos: a retificação do trecho inicial da Linha Tronco entre São Paulo e Cotia e o início da construção da Linha Mairinque-Santos. Além disso, a ferrovia Southern San Paulo Railway foi incorporada pela Sorocabana para permitir o acesso desta ao Porto de Santos.

Vista da Estação São Paulo, 1938. O governo do estado de São Paulo construiu ente 1926 e 1938 uma nova estação terminal para abrigar a sede da Sorocabana e rivalizar com a Estação da Luz. Arquivo Nacional



A descida da Serra do Mar. Foram feitas inúmeras tentativas e vários projetos para levar os trilhos da Sorocabana até o porto de Santos que era servido - em regime de monopólio - apenas pela São Paulo Railway (SPR), popularmente conhecida com A Inglesa. Muitos alegavam que A Inglesa sufocava o desenvolvimento do porto com suas altas tarifas. Mas todas essas tentativas de levar novos trilhos até o porto de Santos esbarravam no sistema de privilégios de zona. A zona por onde os trilhos teriam que passar pertencia à Southern San Paulo Railway Co. Ltd. O governo de Altino Arantes Marques (1916 a 1920) muito se empenhou para que a Sorocabana conseguisse descer a Serra do Mar, realizando várias gestões para que o estado encampasse a Southern San Paulo Railway Company. Em 1926, ao assumir o governo do estado, Júlio Prestes de Albuquerque, finalmente, conseguiu comprar a Southern San Paulo Railway Co. Ltd., incorporando suas linhas à Sorocabana, sob a designação de linha do Juquiá. A vila de Mairinque foi escolhida como ponto inicial do ramal, partindo da linha tronco da ferrovia e seguindo para se encontrar com a linha do Juquiá, já na Baixada Santista. O trecho ficou conhecido como Linha Mairinque-Santos.

No dia 10 de outubro de 1927 começaram as difíceis e demoradas obras de construção da ferrovia que desceria a Serra do Mar, os quais exigiram a execução de complexos serviços de cortes, aterros, túneis, viadutos e pontes. A 2 de dezembro de 1937, correu entre São Paulo e Santos, via Mairinque, em viagem experimental, a primeira composição de passageiros, conduzindo toda a administração da Sorocabana e representantes da imprensa de São Paulo, Rio de Janeiro e Santos. No dia 10 de dezembro de 1937 começaram a correr, normalmente os trens de carga e passageiros, iniciando assim o tráfego regular, que pôs fim ao monopólio da São Paulo Railway.


Inauguração do trem expresso Ouro Verde com a presença do governador Ademar de Barros. Anos 1940.


Carro Bagagem-Correio EF-202 - Entrada da exposição e estação "Raízes". Cada carro compõe um ambiente diferente que ajuda a contar, de forma linear, a história do Trem Ouro Verde e do transporte ferroviário de passageiros em São Paulo. EFS Ouro Verde 80 Anos. 9 de junho de 2022  




Carro 1a. Classe B-202 - estação "Luxo". Este ambiente apresenta o apogeu do Trem Ouro Verde enquanto trem noturno de luxo da EF Sorocabana e suas principais locomotivas



Ramais. Além da Linha Tronco, a Estrada de Ferro Sorocabana construiu vários outros ramais. Em 1909, a Sorocabana construiu o Ramal de Itararé, que ligava Iperó a Itararé, conectando a rede ferroviária paulista às estradas de ferro do Paraná, pelo antigo caminho dos tropeiros que viajavam até o sul do Brasil. A partir de Itararé, se iniciava a Estrada de Ferro São Paulo-Rio Grande. Em 1957, inaugurou o Ramal Dourados, no oeste paulista, que ligava Presidente Prudente a Teodoro Sampaio. Originalmente foi projetado pela Sorocabana, em 1953, para chegar a Dourados e Ponta Porã, no hoje estado de Mato Grosso do Sul, para aproveitar o potencial madeireiro da região ainda desabitada e ter um transporte mais fácil para os grandes centros. Entre 1952 e 1957, foi construído pela Sorocabana o ramal de Jurubatuba com o propósito de encurtar a distância entre a Capital e Santos. Partindo da linha tronco na Estação Imperatriz Leopoldina, o ramal seguia até a estação Evangelista de Souza, no entroncamento com a Mairinque-Santos, no alto da Serra do Mar, para dali descer para o porto de Santos. Transportando passageiros e cargas que saíam da Estação Júlio Prestes, no centro de São Paulo, e iam até o extremo sul na Estação Evangelista de Souza, desde a abertura em 1957, o ramal acabou por se tornar uma das linhas de subúrbio da Capital. Com a criação da Fepasa, em 1971, o ramal deu origem a Linha Sul da Fepasa. A partir dos anos 20, em seu trecho inicial - primeiro até Mairinque, depois somente até Amador Bueno - passaram a circular, principalmente, trens de subúrbio.

Extinção. A Sorocabana permaneceu até 1971 sob o controle direto do estado de São Paulo, quando foi incorporada à Fepasa. A partir de 1996, as linhas suburbanas da antiga Sorocabana passaram a ser administradas pela CPTM. Em 1998, o governador de São Paulo, Mário Covas, transferiu a Fepasa para a União, dentro do processo de renegociação das dívidas do estado. Posteriormente a União transferiu a empresa para a RFFSA, passando a ser denominada Malha Paulista, e com a extinção da RFFSA, as linhas foram transferidas sob regime de concessão para a iniciativa privada.




COMPANHIA MOGYANA



Escritório Central da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, tomada a partir da Rua Visconde Rio Branco. Centro de Memória - Unicamp 


A Companhia Mogiana de Estradas de Ferro foi uma companhia ferroviária brasileira criada em 1872 com sede na cidade paulista de Campinas. Sua construção inscreve-se na história da expansão da cultura do café em direção ao interior da então Província de São Paulo, constituindo-se, inicialmente, por um simples prolongamento da ferrovia então existente, até Mogi-Mirim e de um ramal para Amparo, com um seguimento até às margens do Rio Grande. A proposta original, entretanto, de estender seus trilhos até Goiás, ao norte, nunca ocorreu. Permaneceu em atividade de maio de 1875 até outubro de 1971, quando foi extinta e incorporada à FEPASA - Ferrovia Paulista S/A.

História. Começa com a concessão para a construção da ferrovia ocorrida nos termos da lei provincial número 18, de 21 de março de 1872. A companhia também contava com privilégios de zona ou concessão exclusiva por noventa anos com uma contra garantia de juros de 7% sobre o capital de três mil contos de réis (ou R$ 369.000.000,00 [trezentos e sessenta e nove milhões de reais] em valores convertidos, levando em consideração a inflação e cotação do ouro, aproximadamente) habitual nas concessões fornecidas à época, e concedia privilégio, sem garantias de juros, para o prolongamento da linha até as margens do Rio Grande, passando por Casa Branca e Franca.

No dia 1 de julho de 1872, no Paço da Câmara Municipal de Campinas, reuniram-se em Assembleia Geral os acionistas da nova empresa, entre os quais a família Silva Prado, Antônio de Queirós Teles e José Estanislau do Amaral que eram grandes proprietários de plantações de café e o barão de Tietê, por si próprio e pela empresa de Seguros que presidia, a Companhia União Paulista. A reunião realizada visava a discussão e aprovação do projeto e de seus estatutos, assim como a eleição da diretoria provisória que deveria gerir os negócios da empresa até à sua organização definitiva.

A primeira diretoria ficou assim constituída:

Dr. Antônio de Queirós Teles (Barão, Visconde e Conde de Parnaíba)
Tenente-coronel José Egídio de Sousa Aranha
Dr. Antônio Pinheiro de Ulhoa Cintra (Barão de Jaguara)
Capitão Joaquim Quirino dos Santos
Antônio Manuel Proença.

Estes mesmos diretores foram eleitos em caráter definitivo na assembleia geral realizada em 30 de março de 1873. Ficava assim constituída a Companhia Mogiana com o capital de três mil contos de réis, divididos em quinze mil ações no valor nominal de duzentos contos de réis cada. As obras de construção da ferrovia iniciaram-se em 2 de dezembro de 1872, muito tempo antes de se ter assinado o contrato com o Governo Provincial, o que só ocorreu a 19 de junho de 1873. Em 3 de maio de 1875 era concluída a primeira etapa entre Campinas e Jaguari (atual Jaguariúna), numa distância de 34 quilômetros. Três meses depois a estrada chegava em Mogi Mirim totalizando 41 km. O tráfego, nesse trecho, foi inaugurado em 27 de agosto de 1875 com a presença do imperador D. Pedro II. Neste mesmo ano ficou pronto o ramal de Amparo, numa extensão de trinta quilômetros. Em janeiro de 1878, a estrada chegou em Casa Branca, a 172 quilômetros de Campinas.

No ano de 1880, após muitos debates com a Companhia Paulista, levando-se em conta os privilégios de zona, a Mogiana conseguiu a concessão para prolongar seus trilhos até a cidade de Ribeirão Preto (na época chamada Vila do Entre Rios) tudo dentro da então Província de São Paulo. Posteriormente a Mogiana partiu para a construção do trecho que levaria seus trilhos ao Triângulo Mineiro e Sul de Minas Gerais, com vista a atrair a economia local para a paulista e vice versa. O ramal de Poços de Caldas foi concluído em 1886, o rio Grande foi atingido em 1888. O ramal de Franca em 1889.

Nessa época a empresa recebeu o nome de Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e Navegação, tendo em vista que em 1888 iniciava o serviço de navegação fluvial pelo rio Grande, com o transporte de mercadorias e gado em grandes batelões (ou chatas de madeira), com capacidade de quinze toneladas cada um. Ainda em 1889, na tentativa de quebrar o monopólio britânico sobre a rota do porto de Santos, a Companhia Mogiana planejou construir um novo ramal partindo de sua linha em Atibaia, seguindo o lado paulista aos pés da Serra da Mantiqueira, cortando o Vale do Paraíba até chegar ao porto de São Sebastião, criando outro acesso das plantações de café paulista a um porto de escoação para o exterior, fora da zona de privilégio da São Paulo Railway. Porém, os administradores da SPR, ao saberem do projeto, compraram a Estrada de Ferro Bragantina, que estava bem no meio do trajeto necessário, e a expandiram, impossibilitando definitivamente a passagem de outra ferrovia na região sem ferir as proteções legais de concessão.

Pelo Decreto nº 977, de 5 de agosto de 1892, recebeu autorização para prolongar suas linhas (linha de Ressaca) até Santos, como o mesmo não foi cumprido, 17 de outubro de 1900, foi editado o Decreto nº 3811, prorrogando o prazo em mais três anos. Nunca essa linha foi construída. A linha-tronco da Mogiana (também conhecida como "linha do Catalão") foi a primeira ferrovia a transpor o rio Grande, que marca a divisa da então Província de São Paulo com região do Triângulo Mineiro. A primeira ponte sobre o rio foi erguida em 1888 num trecho onde a água se afunila em corredeiras, próximo do local onde havia a cachoeira de Jaguara. Logo após a ponte, que era exclusiva para passagem ferroviária, havia a estação de Jaguara, ligada a um porto fluvial no Rio Grande. As ruínas da ponte e da estação ainda podem ser vistas logo abaixo da usina hidrelétrica de mesmo nome.

Estação de Mogi-Mirim, lado da plataforma, anos 10. Foto cedida por A. C. Belviso

Adentrando Minas Gerais, a linha-tronco atendia as cidades de Sacramento (ligada à estação Cipó por linha de bonde), Conquista e Uberaba, onde a ferrovia chegou em 1889. Em 1895 os trilhos chegaram a Uberabinha (atual Uberlândia) e um ano depois ao ponto final na cidade de Araguari. Apesar de prevista no projeto original, a extensão da linha até Catalão, já no estado de Goiás, nunca foi feita pela Cia, Mogiana, e acabou sendo executada pela Estrada de Ferro de Goiás.

A presença da Cia Mogiana no oeste do estado de Minas Gerais, tornou as ligações desta região mais rápidas e fáceis com São Paulo do que com a região central do próprio estado e com a sua capital Belo Horizonte.

Em comemoração aos 25 anos de fundação da Companhia Mogiana, em 2 de dezembro de 1897 foi construído um monumento feito em ferro fundido em sua homenagem. Inicialmente, ele se localizava na antiga Praça dos Ferroviários (atual Terminal Rodoviário) e depois foi transferido para frente da Estação Cultura, onde permanece até hoje.

Por volta de 1899, a Mogiana iniciou a construção de uma variante à linha-tronco, ligando a estação Entroncamento (em Ribeirão Preto) a Santa Rita do Paraíso (atual Igarapava), às margens do Rio Grande, onde a linha chegou em 1905. Dez anos depois, a construção de uma grande ponte metálica rodoferroviária permitiu a extensão da linha até Uberaba, reduzindo significativamente a distância entre o Triângulo Mineiro e Ribeirão Preto. Em pouco tempo, o chamado Ramal de Igarapava passou a concentrar a maior parte do tráfego, suplantando a antiga linha-tronco.




Ferrovias incorporadas

A Mogiana ainda incorporou mais duas ferrovias:

Companhia Ramal Férreo do Rio Pardo (1888);
Companhia Agrícola Santos Dumont (1890).

Declínio. Na década de 1930, com o declínio da produção de café e os problemas econômicos originados pela Segunda Guerra Mundial, a Mogiana entrou em dificuldades financeiras, que se refletiram negativamente na prestação de seus serviços e passou a ser controlada pelo Governo do Estado de São Paulo em 1952

Em 1967 a Mogiana já estatal, assumiu a administração da Estrada de Ferro São Paulo e Minas, cujas linhas correm entre as cidades de São Simão (SP) até São Sebastião do Paraíso (MG).

Em novembro de 1971, a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro foi incorporada pela FEPASA empresa estatal do ramo ferroviário, atualmente desativada e seccionada em quatro novas concessões por vinte anos.

Fatos Históricos

A Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, teve quase dois mil quilômetros de linhas, servindo aos estados de São Paulo e Minas Gerais até 1971, quando foi incorporada à Fepasa.

O último trecho foi inaugurado em 1921, quando os trilhos da CM chegaram em Passos (MG).

Passagem inferior da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro (cerca de 1912)

Inicialmente denominada Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e Navegação, teve seus primeiros cinquenta anos marcados pela expansão de suas linhas ou tentativas de fusão com a Companhia Paulista. Em 1936, cria a Companhia Mogiana de Transportes, mais tarde Rodoviário da Cia. Mogiana. A segunda metade de sua vida é marcada pela crise financeira que culmina com a sua encampação pelo Governo do Estado de São Paulo, em 1952. Nesse mesmo ano, inicia o processo de dieselização, com aquisição das primeiras locomotivas diesel-elétricas GE-Cooper Bessemer, continuando com a chegada de 30 locomotivas EMD-GM em 1957 e mais 23 delas, em 1960.

A Mogiana procurou modernizar seus equipamentos fabricando carros metálicos e comprando novos vagões de carga, não obstante os seguidos déficits provocaram a unificação das ferrovias paulistas, Companhia Paulista de Estradas de Ferro, Estrada de Ferro Sorocabana, Estrada de Ferro Araraquara, Estrada de Ferro São Paulo e Minas (desde 1967 sob administração da CM) e a Mogiana, criando-se assim a Fepasa em 1971. Em 1968, inaugura o serviço de transporte de passageiros para Brasília, utilizando carros Budd-Mafersa adquiridos da Estrada de Ferro Sorocabana.

Dos dois mil quilômetros de linhas que possuía em 1922, restavam apenas 1500 em 1970, sendo que vários ramais foram desativados entre 1956 a 1970.

A Fepasa, privatizada em fins de 1998, não conseguiu manter os níveis de serviços prestados, principalmente no transporte de passageiros, provocando a total extinção dessa modalidade.

A CM tinha oficinas em Campinas (uma das maiores e mais completas do Brasil), Ribeirão Preto e Uberaba. Além de depósitos de locomotivas em Aguaí e Guaxupé. Na oficina de Campinas foram fabricados locomotivas a vapor, carros de passageiros, vagões de carga e inúmeros componentes. Serviu, entre outros, aos municípios de Campinas, Jaguariúna, Pedreira, Amparo, Socorro, Serra Negra, Santo Antônio de Posse, Mogi-Mirim, Mogi-Guaçu, Aguaí, Casa Branca, São José do Rio Pardo, Ribeirão Preto, Batatais, Sertãozinho, Franca, São João da Boa Vista, Espírito Santo do Pinhal, São Simão, Cajuru, Itapira, Mococa no estado de São Paulo, Uberaba, Uberlândia, Araguari, Poços de Caldas, Guaranésia, Guaxupé, Monte Santo de Minas, Conquista, Itaú de Minas, Passos em Minas Gerais.

Linhas: Tronco Campinas - Araguari
Ramais:  de Igarapava; de Caldas; de Sertãozinho; de Cajuru; de Serra Negra

Preservação. Atualmente, a Mogiana é uma das ferrovias que mais têm sua história preservada. Entre Campinas e Jaguariúna, na linha tronco (desativada em 1973 e substituída pelo Corredor de Exportação Araguari-Santos), a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária opera a Viação Férrea Campinas-Jaguariúna, desde 1977, possuindo em seu acervo, entre outros, 17 locomotivas a vapor e cerca de 40 carros de passageiros. Em Monte Alegre do Sul, a prefeitura mantém um trem turístico ao longo de 1,5 quilômetros do antigo Ramal de Socorro, utilizando a locomotiva #351 e um carro da Estrada de Ferro Sorocabana. Boa parte do material rodante originário da Companhia Mogiana se encontra preservado por todo o país:


 Mapa da malha ferroviária da Companhia Paulista de Estradas de Ferro publicado no Relatório n. 112 da Diretoria da Companhia Paulista de Estradas de Ferro para a sessão de Assembléia Geral Ordinária de 1961. Exercício de 1960. Acervo da Biblioteca do Ministério da Fazenda no Rio de Janeiro.


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A NOVA MALHA FERROVIÁRIA  PAULISTA






Propaganda da Fepasa sobre investimentos no Corredor de Exportação Araguari-Santos, 1986.

Apesar da grande contribuição das ferrovias paulistas ao desenvolvimento do estado de São Paulo até meados do século passado, a partir de 1945 elas entraram num processo de estagnação e obsoletismo pela falta de adequação técnica, operacional e física. Como forma de reverter essa situação, o governador Carvalho Pinto optou pela criação de uma empresa única, ideia que começou a tomar forma em 1961 quando o Instituto de Engenharia de São Paulo, por sua própria iniciativa, sugeriu a formação da Rede Ferroviária Paulista (RFP), sendo apresentada em 1962 com uma mensagem encaminhada à Assembleia Legislativa propondo a unificação das ferrovias paulistas por medida de ordem econômica, pois havia cinco ferrovias diferentes e estatais no estado. Houve rejeição desta proposta, sendo reencaminhada em 1966 e novamente rejeitada pela Assembleia Legislativa.

Em 29 de maio de 1967, com os decretos 48 028 e 48 029, o governador Abreu Sodré deu o primeiro passo ao transferir para a Companhia Paulista de Estradas de Ferro a administração da Estrada de Ferro Araraquara, e para a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro a administração da Estrada de Ferro São Paulo e Minas. Em seguida, a exemplo do que já ocorria com a Paulista e com a Mogiana, o governador através do decreto-lei de 18 de setembro de 1969 transformou as demais ferrovias de sua propriedade em sociedades anônimas.


Ferrovia Paulista S/A (Fepasa) foi uma empresa estatal paulista de transporte ferroviário de cargas e de passageiros, sendo constituída mediante a unificação das empresas Companhia Paulista de Estradas de Ferro, Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, Estrada de Ferro Sorocabana, Estrada de Ferro Araraquara e Estrada de Ferro São Paulo e Minas. Permaneceu em atividade de outubro de 1971 até maio de 1998, quando foi extinta e incorporada à Rede Ferroviária Federal.

Fundação. A consolidação da unificação das ferrovias vai ocorrer no governo de Laudo Natel, quando este através do decreto número 10 410, de 28 de outubro de 1971[1] sancionou a criação da nova empresa, oficializando a Fepasa - Ferrovia Paulista S/A. Ao invés de ocorrer uma fusão entre todas as companhias, como preceituava a letra da lei, foi decidido em Assembleia Geral Extraordinária convocada para o dia 10 de novembro de 1971, alterar previamente a denominação social da "Companhia Paulista de Estradas de Ferro" para "Fepasa - Ferrovia Paulista S/A", seguido de incorporação à Fepasa do acervo total da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, da Estrada de Ferro Araraquara, da Estrada de Ferro Sorocabana e da Estrada de Ferro São Paulo e Minas, onde logo em seguida as quatro companhias foram declaradas extintas. A unificação teve por objetivo possibilitar a centralização dos estudos de programa de investimentos e coordenação dos serviços ferroviários, a centralização das importações, da contabilidade e do orçamento; a uniformidade do serviço e do material, bem como o remanejamento do material existente e melhor aproveitamento do pessoal.

Textos e imagens da Wikipedia.


Negativo preto e branco, de autoria de Aristide Pedro da Silva, com vista da fachada da Estação da Ferrovia Paulista S.A. À frente, vêem-se pessoas, automóveis e uma banca de jornal. Idioma: português brasileiro. Centro de Memória - UNICAMP (CMU).


Em 28 de outubro de 1971 foi instituída a FEPASA - Ferrovia Paulista S.A. uma sociedade de economia mista pertencente ao governo do estado de São Paulo.

No início da década de 1960, antes mesmo do governo do estado encomendar os primeiros estudos para avaliar a viabilidade de unificar todas ferrovias estaduais em um só sistema, o Instituto de Engenharia de São Paulo recomendou a formação de uma rede ferroviária estadual. Essa medida acabou consolidada em 1971, com a criação da FEPASA, empresa que incorporou as Companhias Paulista de Estradas de Ferro, Mogiana, Sorocabana, Araraquara e São Paulo-Minas.

Em 10 de novembro de 1971, a criação da FEPASA foi ratificada por uma assembleia geral extraordinária, na qual aprovou-se o seu estatuto social. De acordo com o estatuto da entidade, a FEPASA ficou responsável pela exploração, manutenção e expansão do sistema de transporte ferroviário paulista, integrando-o à Rede Ferroviária Federal e aos outros meios de transporte.

Com a fusão das cinco linhas ferroviárias, a FEPASA passou a contar com 5.252 quilômetros de extensão, 622 locomotivas, 1.109 carros de passageiros, 116 trens urbanos e 17.200 vagões, tornando-se a maior rede ferroviária estadual do país.
Em 1998, a FEPASA foi federalizada e incorporada integralmente à Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA).

Saiba mais sobre o Fundo FEPASA em nosso Guia do Acervo:
 

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AS QUATRO FASES DA DESTRUIÇÃO DAS FERROVIAS NO BRASIL


História de um declínio planejado. Predominante até a década de 1950, rede de estradas de ferro foi golpeada pela emergência do automóvel. Poderia integrar o país. Hoje, subutilizada, serve apenas ao agronegócio e à mineração



Publicado 12/11/2021. Por Camilla Veras Mota, na BBC Brasil

Lançada em 1975, a canção Ponta de Areia, composta por Milton Nascimento e Fernando Brant, é um lamento do fim da Estrada de Ferro Bahia Minas, que ligava os 582 km entre Araçuaí (MG) e o distrito de Ponta de Areia (BA). Em 15 anos, o Brasil tinha perdido 8 mil km de ferrovias, que se estendiam naquele momento por cerca de 30 mil km do território nacional. Desde então, o tamanho da malha ferroviária patina no mesmo patamar. Atualmente, de acordo com o os dados do Anuário Estatístico de Transportes, tem 29,8 mil km. A BBC News Brasil perguntou a especialistas em história e engenharia ferroviária o porquê – sintetizado, a seguir, em quatro momentos.

A CRISE DO CAFÉ

O café é elemento central nos primeiros capítulos da história das ferrovias no Brasil – tanto na ascensão quanto na decadência, como explica Eduardo Romero de Oliveira, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp). É a razão para a construção das primeiras estradas de ferro no século 19: a primeira delas, a Estrada de Ferro Mauá, que começou a operar em 1854, levava em suas locomotivas a vapor a commodity do Vale do Paraíba ao porto de Magé, na baixada fluminense, que, de lá, seguia de barco até a cidade do Rio. Nessa época, o café representava quase 50% das exportações brasileiras.

A malha ferroviária foi aumentando com a expansão da atividade cafeeira e passou a deslocar também passageiros, que até então só conseguiam viajar longas distâncias com transportes movidos por tração animal, como as charretes puxadas por cavalos.

“Durante muito tempo, as ferrovias foram praticamente a única via de transporte de cargas e pessoas no país”, destaca Oliveira, um dos pesquisadores do projeto Memória Ferroviária.

E foi nesse contexto que a malha chegou a quase 30 mil km de extensão na década de 1920, quando veio o baque da crise de 29. O crash da bolsa nos Estados Unidos, na época o maior comprador de café brasileiro, e a grande depressão que se seguiu tiveram impacto direto sobre o Brasil. Em um curto espaço de tempo, as exportações da mercadoria despencaram, assim como os preços. As ferrovias, que eram administradas pelo setor privado sob regime de concessão, passaram a transportar cada vez menos carga e viram sua rentabilidade despencar. Tem início, nesse momento, um período lento de decadência que culminaria na estatização das estradas de ferro mais de duas décadas depois.


Trecho da São Paulo Railway Company na Serra do Mar: desde o início, ferrovias operaram sob regime de concessão.

JK e o nascimento da indústria automobilística

Antes, contudo, outros dois fatores importantes entram em cena: o crescimento das cidades e a popularização do automóvel. O país vive uma grande transformação depois de 1940. Até então baseada quase exclusivamente na agricultura, a economia brasileira se volta cada vez mais para a indústria. A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e a Vale do Rio Doce, então empresas estatais, são fundadas nessa época, em 1940 e 1942, respectivamente, no último período do governo de Getúlio Vargas, a ditadura do Estado Novo. Essa mudança na matriz de crescimento, por sua vez, catalisa um processo de migração das populações de áreas rurais para as cidades. As capitais ganham uma nova escala, vão inchando, um processo que tem como efeito colateral a diminuição da demanda por trens de passageiros em alguns trechos menores, entre cidades próximas. “As fábricas estão nas cidades”, pontua Oliveira. A política de industrialização continua com o presidente Juscelino Kubitschek, que assume em 1956 e elege a indústria automobilística como catalisador de seu plano de desenvolvimento. O Plano de Metas de JK, que ganhou o slogan “50 anos em 5”, é frequentemente apontado como o início do chamado “rodoviarismo” no Brasil. Um movimento cheio de nuanças e explicado por uma combinação de fatores, diz o professor de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ Hostílio Xavier Ratton Neto.
Um deles é a própria natureza da indústria automotiva, que tem uma cadeia de produção longa, com efeito multiplicador na economia, e emprega uma mão de obra qualificada que até então não existia no país.

“É nessa época que se cria a classe do operário especializado, com maior poder aquisitivo”, afirma.
Em paralelo, a construção das rodovias era menos custosa que as estradas de ferro e o petróleo usado para produzir combustível ainda era muito barato.

No pano de fundo, a Guerra Fria estreitava as relações entre Brasil e Estados Unidos. Na tentativa de barrar a expansão da influência da União Soviética no continente, os americanos firmaram acordos de cooperação técnica e de financiamento para investimentos com diversos países da América Latina.
Assim, ainda em 1956 foi criado o Grupo Executivo da Indústria Automobilística (GEIA), sob o comando do Capitão de Mar e Guerra Lúcio Meira. O Brasil, que até então só montava veículos, passaria a fabricar carros, caminhões e jipes, tendo como principal polo a região do ABC paulista. São desse período dois modelos que fizeram história no país: o Fusca e a Kombi, ambos da linha de montagem da Volkswagen em São Bernardo do Campo.
Com a produção de veículos nacionais, multiplicaram-se os quilômetros de rodovias. Só nos cinco anos de gestão JK, a malha rodoviária federal pavimentada foi multiplicada por três, de 2,9 mil km para 9,5 mil km.

As ferrovias, por sua vez, entravam os anos 1950 sucateadas. Além da redução da demanda de carga e passageiros, um outro fator contribuiu para o “estado bastante acentuado de degradação física das estradas de ferro”: “Muitas concessões já estavam no final, próximo da devolução, e não havia cláusula nos contratos que obrigassem as concessionárias a fazer investimentos ou devolver as ferrovias no estado em que as pegaram”, diz Ratton Neto, que tem larga experiência no planejamento, construção, operação e gestão de sistemas de transporte metroviário e ferroviário. É nesse contexto que, em 1957, surge a Rede Ferroviária Federal (RFFSA), estatal que passou a administrar as ferrovias que até então estavam nas mãos de diferentes empresas privadas.
Inicialmente, diz o historiador Welber Luiz dos Santos, do Núcleo de Estudos Oeste de Minas da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, a intenção não era “destruir” as ferrovias.
“Os primeiros relatórios da empresa demonstram que o projeto era de modernização e unificação administrativa para facilitar a integração entre os diferentes meios de transporte”, afirma o pesquisador.
“Os investimentos rodoviários do Plano de Metas de JK não eram uma ameaça ao sistema ferroviário”, avalia.

A extinção das linhas de passageiros

Os projetos de recuperação e melhoria, contudo, incluíam a desativação de uma série de linhas e “ramais” (jargão do setor para os trechos secundários) considerados deficitários.
A lógica, diz o historiador Eduardo Romero de Oliveira, é que o mundo de meados do século 20 era completamente diferente daquele que, muitas décadas antes, havia norteado a construção de parte das ferrovias.

“Houve uma mudança no negócio”, diz o professor da Unesp. “As estradas de ferro da música do Milton Nascimento eram de outra época, para pensar o transporte de café, de açúcar, em um período em que nem a legislação trabalhista existia.”

O químico Ralph Mennucci Giesbrecht, um “fanático por ferrovias” que há mais de duas décadas pesquisa sobre elas, especialmente sobre as estações, coleciona diversas histórias desse período turbulento.

“Nos anos 60 e 70 sumiram praticamente todas as ferrovias menores, aquelas consideradas deficitárias”, diz ele, autor do livro O Desmanche das Ferrovias Paulistas.

Os conflitos aparecem em histórias como a da desativação do trecho entre as cidades paulistas de São Pedro e Piracicaba, concluída em 1966. O prefeito de São Pedro na época chegou a enviar um telegrama incisivo ao governador, Laudo Natel, questionando o critério da baixa rentabilidade usado para justificar a extinção do ramal.

“Déficit, se não levarmos em conta o bem coletivo, também dá a polícia, dão as escolas e todas as repartições mantidas pelo Estado. O déficit do ramal é muito relativo, pois, não levando em conta o movimento das estações de Barão de Rezende, Costa Pinto, Recreio e Paraisolândia, a estação de São Pedro despachou este ano mais de 40.000 toneladas de cana. Finalizando, aqui deixo minha desilusão por tudo e por todos”, dizia a mensagem, conforme reportagem do jornal O Estado de S.Paulo de 30 de outubro de 1966 encontrada por Giesbrecht.

Aos poucos, as linhas de passageiros foram desaparecendo, permanecendo, em alguns casos, aquelas que cruzavam as regiões metropolitanas das grandes cidades, usadas até hoje.
Com o avanço da indústria automobilística e a entrada do avião em cena, as ferrovias entraram em crise, em maior ou menor medida, em todo o ocidente. Nos países em que foram mantidas para transporte de passageiros, o serviço, na maioria dos casos, passou às mãos do Estado.

É o caso, por exemplo, dos Estados Unidos. A estatal Amtrak foi fundada em 1971 e faz até hoje a gestão das linhas de passageiros no país. Também são estatais a alemã Deutsche Bahn, a espanhola Renfe e a francesa Société Nationale des Chemins de fer Français (SNCF).

A estagnação e o corredor de commodities

Do lado do transporte ferroviário de carga, parte dos investimentos vislumbrados no período JK não saíram do papel, diz o historiador Welber Santos. Em sua visão, a ditadura militar mudou o foco da política de transportes, que passou a ser mais voltada para as rodovias, com a aposta em grandes obras de engenharia, como a ponte Rio-Niterói, e alguns investimentos questionáveis, como a Transamazônica, que nunca foi concluída. A Ferrovia do Aço, ele diz, um dos projetos ferroviários que chegou a sair do papel nesse período, começou a ser construída em 1973 com a promessa de ser entregue em mil dias, mas só foi inaugurada em 1992, e com um porte muito mais modesto do que o projeto inicial. Para Ratton Neto, da Coppe/UFRJ, um dos principais obstáculos à realização dos investimentos necessários à malha ferroviária do país naquela época foi a crise do petróleo de 1973 e o período turbulento que se seguiu.

“Depois daquele choque na economia mundial, o Brasil, que até então tinha acesso fácil a crédito, passou a ser visto como país de alto risco. A partir daí, teve início uma crise que impediu que os planos nacionais de desenvolvimento pudessem ter sequência. Deixamos de planejar para apagar incêndio praticamente até os anos 90”, diz ele.

Nos anos 1990, em um contexto de baixo crescimento econômico, inflação elevada e alto nível de endividamento público, a RFFSA é liquidada e as ferrovias são novamente concedidas à iniciativa privada, por meio do Plano Nacional de Desestatização (PND). A partir daí, elas passam a funcionar majoritariamente como corredores de transporte de commodities para exportação, diz o professor da Coppe/UFRJ. Hoje, quase metade da malha, 14 mil km, está nas mãos da Rumo Logística, empresa do grupo Cosan. Outros 2 mil km são administrados pela Vale. Cerca de 75% da produção de transporte ferroviário é minério de ferro. “Outros 10% ou 12% são soja”, estima Ratton Neto. Como os contratos de concessão não preveem a realização de investimentos e melhorias, boa parte da malha segue como foi construída no segundo império, com a chamada bitola métrica, ultrapassada, bem mais estreita que a bitola internacional, hoje usada como padrão. O modo atual de exploração das ferrovias, na avaliação do especialista, subaproveita o potencial do país e deixa o Brasil refém das rodovias – consequentemente, mais suscetível a greves de caminhoneiros como a de 2018, que gerou caos e desabastecimento. As estradas de ferro poderiam ser mais utilizadas para transporte de bens industriais, ele exemplifica, de bobinas de ferro e cimento a automóveis, inclusive em trechos curtos, nos moldes das “short lines” dos Estados Unidos.

“Também poderiam ser usadas para transportar contêineres, uma tendência nova e muito rentável”, acrescenta.

Um entrave para o planejamento de novas linhas, contudo, é o apagão de dados sobre a movimentação interna de cargas. O Brasil não sabe, no detalhe, o que é transportado e de onde para onde. Iniciativas como o Plano Nacional de Contagem de Tráfego ainda não geram dados robustos nesse sentido, diz o professor. A outra é o próprio modelo de concessão, em que as concessionárias têm controle tanto sobre as vias quanto sobre os trens. Assim, essas empresas acabam tendo o monopólio do transporte ferroviário e, em última instância, decidem o que trafega ou não pelos trilhos.

“As ligações hoje atendem aos interesses dos próprios concessionários.”

Os nossos projetos anunciados recentemente pelo governo, na avaliação do professor, não chegam a quebrar a lógica das ferrovias como corredor de commodities. Em setembro, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, anunciou a autorização para construção, pela iniciativa privada, de 10 novas ferrovias, com investimentos da ordem de R$ 50 bilhões. Um paralelo, ele chama atenção também para o projeto da Ferrogrão, que deve ligar o Mato Grosso ao Pará em cerca de 933 km com a proposta de facilitar o escoamento de grãos pela região Norte do país. Na tentativa de tirar a ferrovia do papel, o governo sinalizou que disponibilizará para a futura concessionária até R$ 2,2 bilhões em recursos da União. O dinheiro, contudo, viria da outorga que será paga pela Vale para renovar a concessão de duas das ferrovias que administra hoje, a Estrada de Ferro Carajás e a Estrada de Ferro Vitória-Minas.

“Os recursos da outorga que poderiam ser usados para geração de benefícios econômicos e sociais nesse caso acabariam



Depósito e oficinas da antiga E.F. Sorocaba em Assis SP. Registro drone Mundozinhos.


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PODERES PÚBLICOS PAULISTAS

A  ALESP E O PALÁCIO DOS BANDEIRANTES




Sede da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, bairro do Ibirapuera, São Paulo-Capital. Após a independência do Brasil, a Constituição do Império, outorgada em 25 de março de 1824, criou, com funções legislativas nas Províncias, os Conselhos Gerais. O Conselho Geral da Província de São Paulo era composto por 21 membros, eleitos indiretamente. A Assembleia Legislativa da Província de São Paulo foi instalada no dia 2 de fevereiro de 1835. Funcionou, inicialmente, em prédio localizado no Pátio do Colégio. Nessa época, a Assembleia era composta por 36 membros, sendo Nicolau de Campos Vergueiro seu primeiro presidente. Em 1879, sua sede foi transferida para o Largo de São Gonçalo, próximo à atual praça João Mendes. Proclamada a República, em 15 de novembro de 1889, a Assembleia foi extinta, pelo Decreto n.º 7, de 20 de novembro de 1889, expedido pelo Governo Provisório. Promulgada em 24 de fevereiro de 1891, a Constituição Federal conferia aos Estados-membros autonomia para organizar o Poder Legislativo. Em São Paulo, a Constituição Política do Estado, promulgada em 14 de julho de 1891, determinava em seu artigo 5º que o Poder Legislativo paulista seria exercido pelo Congresso, composto pelo Senado e Câmara dos Deputados estaduais. O Congresso do Estado de São Paulo foi instalado em 8 de junho de 1891. Esse sistema durou até a Revolução de 1930, que propunha mudanças institucionais. Começava a Era Vargas (1930 - 1945) que, em 11 de novembro de 1930, dissolveu também o Congresso Estadual de São Paulo. Iniciou-se um dos períodos mais conturbados da história paulista, com a eclosão da Revolução Constitucionalista de 1932, que pugnava pela restauração da ordem constitucional no país, mediante convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.A Constituição Federal veio a ser promulgada em 1934 e previa um Legislativo estadual unicameral com o nome de Assembleia Legislativa.


PODER EXECUTIVO



 Palácio dos Bandeirantes é o edifício-sede do Governo do Estado de São Paulo e residência oficial do governador. Localizado no distrito do Morumbi, na cidade de São Paulo, o palácio também abriga as Casas Civil e Militar, algumas secretarias de estado e um amplo acervo histórico e artístico aberto à visitação pública. O projeto inicial, idealizado em 1938 pelo arquiteto italiano Marcello Piacentini, apresentava linhas abstratas, muros lisos e ampla fachada. Com o início das obras, em 1954, sob a direção do engenheiro Francisco da Nova Monteiro, já possuía um estilo italiano com influência neoclássica. O principal objetivo era abrigar a Universidade Conde Francisco Matarazzo, mas, devido a problemas financeiros, teve suas obras paralisadas. Desapropriado durante a gestão de Adhemar de Barros, o edifício substituiu o Palácio dos Campos Elísios como sede do poder executivo paulista a partir de 19 de abril de 1964, quando recebeu o nome de Palácio dos Bandeirantes, além de tornar-se moradia oficial do governador e museu. Tornou-se um centro cultural em 1970, sob o governo de Abreu Sodré, com a iniciativa de reunir um acervo de móveis, quadros e objetos. Foi criada uma comissão com nomes como Paulo Mendes de Almeida, Oswald de Andrade, Sílvia Sodré Assunção, Pedro Antonio de Oliveira Neto e Marcelo Ciampolinni, para a aquisição das obras de arte que atualmente compõem o Acervo Artístico-Cultural dos Palácios Governamentais.


LISTA DOS GOVERNADORES DE SÃO PAULO


Visita diplomática do astronauta soviético Yuri Gagarin ao governador Carvalho Pinto (1959-1963)



Visita de de Richard Nixom, presidente dos EUA , ao governador Abreu Sodré em 1967. 



PODER JUDICIÁRIO


Sede do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJSP), constituído por 56 Circunscrições Judiciárias (CJ) pelo interior do estado e conta com 360 desembargadores, sendo considerado o maior tribunal do mundo. 


O Palácio de Justiça é a sede do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Localiza-se no centro antigo de São Paulo, entre a Praça da Sé, a Praça João Mendes Jr. e a Praça Clóvis Bevilácqua, próximo à Catedral da Sé, ao Palácio Anchieta (sede da Câmara Municipal de São Paulo) e ao Edifício Matarazzo (sede da Prefeitura Municipal de São Paulo). Em suas proximidades também se encontram as sedes da Ordem dos Advogados do Brasil e do Ministério Público do Estado de São Paulo, além da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Sua construção se deu graças à expansão do âmbito judiciário paulista e do crescimento demográfico, em que, o Tribunal da justiça necessitava ser abrigado em uma nova sede, e não mais em antigos casarões na região central de São Paulo. Com a Proclamação da República no Brasil, em 1889, seguiu-se a estruturação federativa do País, atribuindo-se, em 1891, a competência judiciária às antigas Províncias do Império, ora Estados. Com a crescente demanda decorrente do crescimento econômico de São Paulo nas primeiras décadas do Século XX, fez-se necessária a construção de uma sede para o poder judiciário paulista. Em 1911 foi contratado o escritório do famoso arquiteto Ramos de Azevedo, que, inspirado no Palácio da Justiça de Roma, o Palácio da Justiça de Calderini, realizou projeto que foi acolhido pelo Tribunal. A primeira sede do Tribunal de Justiça e levava o nome de Tribunal da Relação da Província de São Paulo e foi criada no dia 06 de agosto de 1873, pelo decreto de número 2.542. Nessa época, o Tribunal ficava localizado na Rua da Boa Vista, próximo das Rua 3 de Dezembro e a Rua 25 de Março. O edifício do Palácio da Justiça teve a pedra solenemente lançada no dia 24 de agosto de 1920, que ficava localizada em frente à Rua Onze de Agosto. Apesar da pedra só ter sido lançada nessa data, a ideia da realização do projeto já era incubida em junho de 1911 pelo então Secretário da Justiça e da Segurança Pública Washington Luís, que anos mais tarde se tornou o décimo terceiro presidente do Brasil. Após 13 anos de construção a contar a partir do lançamento da pedra, a instalação foi finalmente concluída, sendo inaugurada em 2 de janeiro de 1933.


No quinto pavimento, está localizado o grandioso Salão Nobre do Palácio da Justiça. Decorado com motivos clássicos gregos, mede 22 por 14 metros, é denominado “Sala Ministro Costa Manso” em homenagem a uma das maiores figuras da Magistratura paulista. Nesta sala, a simbologia ligada à Justiça foi ricamente representada, com pinturas folheadas a ouro nas suas paredes, arte em alto relevo no teto, além de exuberantes lustres de bronze, que reproduzem as imagens presentes em todo o salão. O Salão Nobre é destinado a sessões de julgamento do Órgão Especial, além de realização de solenidades e grandes eventos.


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EXÉRCITO, POLÍCIAS E BOMBEIROS




O Comando Militar do Sudeste (CMSE) é um dos oito Comandos Militares de Área do Exército Brasileiro, com sede na cidade de São Paulo. É o Comando enquadrante da 2ª Região Militar, da 2ª Divisão de Exército, do Comando de Aviação do Exército e do Comando de Defesa Antiaérea do Exército. É o único Comando Militar de Área que abrange apenas um Estado, justificado pela pujança e importância dentro do contexto nacional.O CMSE desempenha importantes funções junto à sociedade paulista. É o Comando Militar de Área responsável pelos Sistemas Operacionais, Logísticos e de Mobilização no Estado de São Paulo, sendo capaz de dispor da pronta resposta no cumprimento de sua missão constitucional. A Zona Militar do Centro, com sede na capital de São Paulo, foi criada em 24 de julho de 1946 pelo Decreto-Lei nº 9.510. O comando era cumulativo com o da 2ª Região Militar. Abrangia todos os Comandos e Forças com sede nos territórios dos Estados de São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais (2ª RM, 4ª RM e 9ª RM). Primeira sede. Antes de ocupar o Quartel-General do CMSE, a Zona Militar do Centro era sediada em um palacete localizado na Rua Conselheiro Crispiniano, entre a Rua Barão de Itapetininga e a Rua São João, hoje avenida. Construído em 1893, o palacete serviu de residência do político e empresário José Paulino Nogueira. Em 1919, a casa foi vendida pela família e passou a ser o Quartel-General da 2ª Região, sediada em São Paulo. Em 1946, a casa tornou-se a sede da Zona Militar do Centro.


Mudança de denominação para II Exército. Em 28 de agosto de 1956, mudou-se a denominação de Zona Militar do Centro para II Exército. A história do Quartel-General do CMSE começa em 15 de dezembro de 1955, quando o então Comandante da antiga Zona Militar do Centro, General de Exército Olympio Falconieri da Cunha, envia ao Prefeito de São Paulo, um ofício solicitando o atual terreno do quartel. Posteriormente, em 1956, a lei municipal nº 4.999 autoriza a cessão de uso do terreno. Um concurso público é, então, lançado, em 1965, para definir o projeto arquitetônico do edifício destinado ao então Quartel-General do II Exército. Entre os 28 trabalhos apresentados, o projeto vencedor foi elaborado pelos arquitetos Paulo Bastos, Léo Bomfim Jr. e Oscar Arine, com colaboração de Ubirajara Mota Lima Ribeiro, Paulo Sergio de Sousa e Silva, Gabriel Oliva Feitosa, Hitoshi Koyama, Koichi Shidara e Massayoshi Kamimura. Integraram o júri o Coronel Augusto Cid de Camargo Osório, o Major Heinz Haltenberg, o engenheiro Ricardo Capote Valente e os arquitetos Salvador Candia, Israel Sancovsci, Jean Maitrejean e Ari de Queirós Barros. Executada pela Construtora Ribeiro Franco, a obra foi concluída no ano de 1968. Também em 1968, o palacete da Rua Conselheiro Crispiniano foi vendido ao Governo do Estado. Em 1977, o prédio foi demolido por ordem do Prefeito Olavo Setúbal. Hoje existe uma praça, chamada de Praça das Artes, no mesmo local.

Inauguração do novo quartel em 1968.



Dentre seus 51 comandantes, destacam-se figuras notáveis como os Ministros e Comandantes do Exército Newton Estillac Leal, Odylio Denys, Nelson de Mello, Carlos Tinoco Ribeiro Gomes, Francisco Roberto de Albuquerque e Tomás Ribeiro Paiva; os Ministros Chefes do Estado-Maior das Forças Armadas Anor Teixeira dos Santos, Arthur Hescket Hall, Osvaldo de Araújo Mota, Pery Constant Bevilacqua e Jonas de Morais Correia Neto; um dos Generais integrantes da Força Expedicionária Brasileira Olympio Falconière da Cunha; o antigo Chefe do Estado-Maior do Exército e atual Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República Marcos Antonio Amaro dos Santos e o ex-Secretário de Segurança Pública de São Paulo João Camilo Pires de Campos.


POLÍCIA CIVIL



A Polícia Civil do Estado de São Paulo é uma Instituição que integra a estrutura da Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública e tem por atribuição principal (essencial) o desenvolvimento das atividades próprias administrativas e de Polícia Judiciária. Nasceu junto à Secretaria dos Negócios da Justiça, em 1841, tendo como primeiro chefe de polícia, o Conselheiro Rodrigo Antonio Monteiro de Barros. A primeira pessoa a pensar na estruturação da Polícia, tornando-a mais séria, profissional e remunerada: de carreira foi José Cardoso de Almeida, quando chefe de polícia no governo de Francisco de Paula Rodrigues Alves. Procurando alertar as autoridades para essa necessidade de melhoria organizacional, Cardoso de Almeida fez um relatório, em 1902, narrando as dificuldades policiais da época. As suas idéias de uma Polícia Civil de Carreira foram acompanhadas pelo delegado de polícia, Antonio de Godoi Moreira e Costa, que as aprofundou e lhes deu maior consistência. Finalmente, em 1905, mais precisamente no dia 7 de novembro, o presidente do Estado, Jorge Tibiriçá Piratininga deu início à tão sonhada reivindicação de José Cardoso de Almeida, criando a Polícia Civil de Carreira. A Polícia de Carreira foi se impondo e o delegado de polícia passou a exercer um papel civilizador dos mais importantes. Em 1912, a Lei nº 1.342, de 16 de dezembro, reorganizou vários departamentos da Secretaria da Justiça e da Segurança Pública e também o Gabinete de Investigações e Capturas, que teve suas seções distintas: investigação, capturas e de identificação. A Lei foi um dos pontos altos da Polícia paulista, porque possibilitou a melhor reaparelhagem dos serviços policiais. Pouco depois, já em 1916, sete delegacias regionais foram inauguradas: Santos, Campinas, Ribeirão Preto, Guaratinguetá, Botucatu, Araraquara e Itapetininga.

O Gabinete de Investigações e Capturas, atuante em todo o Estado de São Paulo através de suas sete delegacias especializadas, tornara-se o mais afamado departamento de nossa Polícia, principalmente pela elucidação de crimes de grande repercussão, motivo pelo qual recebeu nova denominação em 1924, passando a Gabinete Geral de Investigações, e dois anos depois, a Gabinete de Investigações.

A Delegacia de Ordem Pública e Social, já existente em 1940, recebeu novas denominações, como Superintendência de Segurança Política e Social, até que chegasse a Departamento Estadual de Ordem Política e Social – setor definitivamente extinto em 1991. O acervo do departamento foi transferido para o Arquivo do Estado, despertando enorme interesse da população, pois se trata de dados e documentos produzidos pela Polícia Política de 1924 a 1983.

Rádio Patrulha. Também faz parte da história da Polícia Civil, o serviço  criado em São Paulo no ano de 1935, entrou em funcionamento na capital e em algumas cidades do interior em 1937 - Esse moderno serviço policial de comunicações foi inspirado no modelo da Rádio Policial norte-americana e teve como sede, a 6ª Divisão Policial.

A Escola de Polícia foi outro setor que passou por modificações ao longo dos anos. De 1934 a 1936, funcionou em um prédio na Rua Visconde de Rio Branco, nº 541, e no ano seguinte, devido à ampla reforma no ensino técnico-policial realizada por Adhemar de Barros, foi substituída pelo Instituto de Criminologia do Estado de São Paulo, IC, pois o governador entendia que o ensino policial deveria incluir as questões de Criminologia.


O IC funcionou na Rua Conde do Pinhal, nº 52, onde hoje há um estacionamento, até 1942, quando o Decreto nº 12.497, de 7 de fevereiro (em seu artigo 19), determinou que o tradicional estabelecimento paulista de ensino técnico-policial voltasse a denominar-se Escola de Polícia, mantendo-se sua estrutura, e por quase dez anos (até 1951), funcionou no prédio da Rua da Glória, nº 410, o qual, atualmente preservado, mantém a sede do 1º distrito policial.

Apenas em 24 de julho de 1969, através do Decreto nº 52.213, a Escola de Polícia passou a se chamar Academia de Polícia, recebendo no dia 6 de março de 1975, a denominação de Divisão de Ensino e Aperfeiçoamento. Finalmente, em 27 de maio de 1970, foi realizado o ato de despedida do velho prédio da Rua São Joaquim, com celebração de missa de ação de graças, sendo transferida a Academia de Polícia para o prédio na Cidade Universitária, zona oeste de São Paulo.  Atualmente, a Academia, que se denomina “Dr. Coriolano Nogueira Cobra”, realiza concursos públicos para provimento de vagas das carreiras policiais, de caráter efetivo e temporário, das classes administrativas da Polícia Civil, e de despachantes policiais, e mantém o atual Museu do Crime, onde há objetos e documentos relacionados a crimes de grande repercussão e à história de “famosos” marginais. 

Dentre os avanços tecnológicos que fez a Polícia Civil nesses cem anos, está o Setor de Identificação. Em 1938, Ricardo Gumbleton Daunt o revolucionou dividindo-o em quatro fases: Fotografia, Antropometria, Dactiloscopia e Aplicação (de vários recursos da ciência da identidade), e desde a sua criação, o Instituto de Identificação, que leva o seu nome, o IIRGD, já identificou mais de 40 milhões de pessoas, e atualmente emite mais de 10 mil cédulas de identidade por dia, entre primeiras e segundas vias. Na década de 50, e especialmente no ano de 1954, novas formas de delinqüência se multiplicaram pelo Estado, o que suscitou nova reforma na Polícia Civil paulista. As autoridades da época pretendiam fazer de cada policial de São Paulo um especialista inteiramente integrado às suas funções específicas, dando-lhe treinamento cuidadoso, bem como aos meios materiais de que disporiam para trabalhar dignamente. Os ensinamentos a eles passados pela Academia da Polícia Civil “Coriolano Nogueira Cobra” são um exemplo dessa filosofia. Nessa linha de modificações, outro registro importante veio através do Decreto nº 25.409, de 30 de janeiro de 1956, do então Governador Jânio Quadros, que instituiu no Gabinete da Secretaria de Segurança Pública, a Assessoria Policial.

Um órgão de suma importância para a Polícia Civis é o Setor de Arte Forense, da Delegacia Geral de Polícia, o qual está inserido na Assistência Policial de Comunicação Social (APCS), cujo trabalho é feito a partir de todo e qualquer tipo de imagem de rosto, com o objetivo de identificar pessoas o mais convictamente possível. Através desse trabalho, grandes casos foram elucidados pela Polícia Civil de São Paulo. Ressalte-se, contudo, que muitos outros também foram esclarecidos pelos trabalhos manuais de desenhos e de lâminas de acetato feitos (e ainda hoje) por alguns departamentos de polícia.

Luta por melhoria salarial em 1.961.Discursando, o Investigador de Polícia Mário Gonçalves, Presidente da Associação dos Funcionários da Polícia Civil do Estado de São Paulo. Memória da PCSP.



Dando um salto até 1967, chegamos à modificação ocorrida no Departamento de Investigações, DI, que deixando de existir após outra grande reforma da estrutura policial civil, deu lugar ao Departamento Estadual de Investigações Criminais, o Deic. No final da década, em 1969, as circunscrições policiais se tornaram distritos policiais e a 1ª Divisão Policial, também conhecida como 1ª Auxiliar, teve sua denominação alterada para Departamento das Delegacias Regionais de Polícia da Grande São Paulo, Degran, ao mesmo tempo em que as zonas policiais receberam o nome de seccionais de polícia. Ainda em 1969, pelo Decreto-Lei nº 141, de 24 de julho, foi criado o Dicom, responsável pela instalação, operação e manutenção das redes de telecomunicações da Polícia Civil, incluindo o Cepol, Centro de Operações e Comunicações da Polícia Civil. Desaparecia, então, a denominação Departamento de Comunicações e Serviço de Rádio Patrulha - Rádio que passou a pertencer à Polícia Militar.

Paralelamente ao Degran, surgiram o Departamento das Delegacias Regionais de Polícia de São Paulo Interior, Derin, formado por dezoito delegacias regionais e cinqüenta e duas seccionais e o Departamento Regional de Polícia da Região de São Paulo Exterior, Derex, que, em 1975, foi transformado em Delegacia Regional da Polícia do Litoral, e subordinado ao Derin. Naquele mesmo ano, era criado o DEPC, Departamento Estadual de Polícia Científica, com a incumbência de realizar os trabalhos de pesquisa nos campos de Criminalística, Medicina Legal, Identificação e Cadastramento de interesse policial, bem como proceder às perícias médico-legais e técnico-científicas, coordenar e executar a formação, pesquisa, especialização e o aperfeiçoamento dos policiais civis, executar identificações civis e criminais e fazer o cadastramento de interesse policial. Posteriormente, o DEPC tornou-se DPC, Departamento de Polícia Científica, e hoje, DIRD, Departamento de Identificação e Registros Diversos, ao qual estão subordinados órgãos como o IIRGD e as Divisões: de Produtos Controlados, Registros Diversos, Capturas, Policial de Portos, Aeroportos, Proteção ao Turista e Dignitários, Administrativa e o Serviço de Fiscalização de Despachantes.

Ainda com referência à história da Polícia Civil de Carreira, não podemos deixar de mencionar o Detran, Departamento Estadual de Trânsito, órgão subordinado, diretamente, à Secretaria da Segurança Pública, mas que é dirigido por um delegado de polícia de classe especial. Também faz parte da história dessa Polícia de Carreira, o policiamento ostensivo, como o efetuado pela RONE, Ronda Noturna Especial, RUPA, Rondas Unificadas da Primeira Auxiliar, RUDI, Rondas Unificadas do Departamento de Investigações – que deu origem ao GARRA, CERCO, Corpo Especial de Repressão ao Crime Organizado, GOE, Grupo de Operações Especiais, do Decap e GARRA, Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos – que foi criado em 1976, por Mauricio Henrique Guimarães Pereira, tendo como primeiro supervisor, o delegado Alberto Angerami.

RUDI 4 -Ronda Unificada do Departamento de Investigações, no final dos anos 60. Memória da PCSO.


Nos anos 80, outras criações importantes: Em 1983, era criado o Decon, Departamento de Polícia do Consumidor, para apurar e investigar infrações penais contra a economia popular, a ordem econômica e as relações de consumo, além das infrações previstas no Código do Consumidor.

Com a extinção do DEOPS, o órgão responsável pela prevenção e repressão dos crimes contra a economia popular, o governo estadual se viu obrigado a dotar a Polícia de um meio para combater crimes dessa área – motivo da criação do Decon, que passou a operar no mesmo prédio em que o DEOPS estava instalado, e ainda, que ficou responsável pela fiscalização dos despachantes policiais. Hoje, porém, o Decon não existe mais.

Também em 1983, foi instituído o Deplan, Departamento de Planejamento e Controle da Polícia Civil, um dos órgãos de apoio da Delegacia Geral de Polícia, incumbido de planejar, coordenar e controlar os recursos humanos e materiais e de proceder à execução policial.

O Deplan ainda assessora a DGP em suas áreas de atuação, propondo alterações de sua legislação e apresentando sugestões para valorizar os trabalhos desenvolvidos pela Polícia Civil de São Paulo. Hoje, o Deplan é o DAP, Departamento de Administração e Planejamento.

No ano seguinte, 1984, surgiu o DHPP, Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa, que foi oficializado em 14 de março de 1986, pelo Decreto de nº 24.919, assinado pelo governador Franco Montoro.

Considerado “a menina dos olhos” da Polícia Civil, o DHPP, hoje, utiliza a Recognição Visuográfica, recurso amplamente utilizado na investigação de crimes contra a vida, bem como, contra o patrimônio e em acidentes de trânsito, cujo criador foi o então delegado geral de polícia, Marco Antonio Desgualdo. A Recognição é um relato do crime, detalhadamente descrito, esquematizado e ilustrado fotograficamente, considerada a verdadeira semente da futura investigação policial, considerando-se o seu dinamismo e praticidade.

DELEGACIAS ESPECIALIZADAS



Outro marco também importante da história da Polícia Civil de Carreira é a inauguração da primeira Delegacia de Defesa da Mulher, fundada no dia 6 de agosto de 1985, cuja primeira delegada foi Rosmary Corrêa - um ato inédito no País e no mundo. 

Dois anos depois, uma importante e estratégica divisão da Polícia foi transformada em departamento: a de entorpecentes. No dia 24 de setembro de 1987, foi criado o Denarc, Departamento de Investigações SobrNarcóticos, extinguindo a Dise, Divisão de Investigações Sobre Entorpecentes, do Deic (que existia desde 1975).

No Denarc funcionam divisões como a Diap, Divisão de Inteligência e Apoio Policial, órgão destinado a coletar, estudar e arquivar as informações obtidas das mais diversas formas e fontes, assessorando, colaborando e participando conjuntamente das ações das delegacias da Dise que foram mantidas no novo departamento, e a Dipe, Divisão de Prevenção e Educação, que mantém uma assistência social e uma seção de ensino, e faz encaminhamentos de dependentes químicos a hospitais e clínicas especializadas; grupos como o Gape, Grupo de Apoio e Proteção à Escola, criado em 1997, com a finalidade exclusiva de atender às solicitações recebidas da área educacional sobre a criminalidade circundante (As ações de apoio e proteção à escola, hoje, são atribuições de todas as unidades policiais do Denarc, não mais apenas do Gape); e setores como o SOE, Setor de Operações Especiais, criado em 1998, como órgão especializado em ações repressivas, e destinado ao apoio necessário às demais delegacias do departamento.

A disciplina da Polícia Civil de Carreira também faz parte de sua história. Através do Decreto nº 25.440, de 3 de fevereiro de 1956, foi criado um órgão para sistematizá-la e aplicá-la aos policiais: Sua primeira sede foi instalada na antiga 8ª divisão policial, e sua primeira qualificação foi Serviço Disciplinar da Polícia, SDR - sendo extintas as comissões de correição. Anos depois, em 1975, o SDR deu origem à Corregedoria da Polícia Civil, a qual, finalmente, foi estruturada em 15 de setembro de 1989, pelo Decreto de nº 30.413.

A Corregedoria da Polícia foi criada com o objetivo de apoiar a Delegacia Geral, e dentre suas atribuições, está a elaboração de procedimentos referentes às infrações administrativas e penais praticadas por policiais civis no exercício de suas funções.

Na década seguinte, mais precisamente no dia 18 de maio de 1990, o Decreto nº 31.581 criava a Deatur, Delegacia Especializada de Atendimento ao Turista, que ficaria subordinada ao Degran, e estaria incumbida de prestar assistência de natureza policial aos turistas, durante sua permanência no município de São Paulo. Ao mesmo tempo, pretendia-se um entrosamento entre os órgãos policiais civis e as entidades ligadas ao turismo na cidade, para que se solucionassem adequadamente os problemas ocorrentes.

No ano de 1991, o Degran foi extinto, dando lugar ao Decap, Departamento de Polícia Judiciária da Capital, que foi instalado na Rua Ferreira de Araújo, nº 653, no bairro de Pinheiros, onde se formou o GOE, e, paralelamente, ao Demacro, Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo.

O Decap dirige as delegacias seccionais, delegacias de defesa da mulher, a Delegacia de Proteção ao Idoso – criada através do Decreto nº 35.696, de 21 de setembro de 1992, para atender, auxiliar e orientar pessoas idosas, bem como encaminhá-las, quando necessário, aos órgãos competentes -, as Delegacias de Polícia da Infância e da Juventude, a Delegacia de Polícia de Investigações Sobre Infrações Contra o Meio Ambiente e a Saúde Pública e os distritos policiais da capital.

Também em 1991, surgiu o Dinfor, Departamento de Informática da Polícia Civil, com a finalidade de gerir e coordenar a elaboração, implantação e operação na Polícia Civil de um sistema de coleta, armazenamento e recuperação de dados de interesse policial civil, por processamento eletrônico. Seis anos depois, em 1997, ele foi extinto, criando-se em seu lugar, o Detel, Departamento de Telemática da Polícia Civil, ao qual ficou subordinada a Dicom, Divisão de Comunicações da Polícia Civil.

O Deic, em fevereiro de 1995, foi denominado Departamento de Investigações Sobre Crimes Patrimoniais, ou seja, Depatri, deixando o Palácio da Polícia e ganhando novas instalações na Avenida Zacki Narchi, nº 152, e em 2001, tornou-se o hoje conhecido, Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado.

Ainda em 1995, outras novidades: foi implantado o site da Polícia Civil na Internet, um trabalho da equipe de policiais do extinto Departamento de Informática (Dinfor), que hoje é o Departamento de Inteligência da Polícia Civil (Dipol), através do qual a população tem acesso aos links da Polícia, como da Sala de Imprensa da DGP, Academia de Polícia, Decap, Demacro, Denarc, DHPP, Dipol, Garra e outros, bem como a consultas referentes a editais de licitações, concursos públicos, pessoas desaparecidas, procurados da Justiça e informações sobre antecedentes criminais, cédula de identidade, dicas de segurança, dentre outras; e foi dado início ao processo de desativação das cadeias anexas aos distritos policiais da capital, Grande São Paulo e interior.

No final da década, em 1999, o Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior, Deinter, substituiria o Derin. Atualmente, para facilitar o trabalho policial e administrativo, existem nove Deinteres: Deinter-1, São José dos Campos; Deinter-2, Campinas, Deinter-3, Ribeirão Preto; Deinter-4, Bauru; Deinter-5, São José do Rio Preto; Deinter-6, Santos; Deinter-7, Sorocaba; Deinter-8, Presidente Prudente e Deinter-9, Piracicaba.

Também em 1999, o Departamento de Administração e Planejamento da Polícia Civil, DADG, foi extinto para que surgisse o atual Departamento de Administração e Planejamento, DAP, criado em novembro daquele ano, pelo Decreto nº 44.448, órgão que sofreu intensa reorganização em 2000, assumindo várias atribuições, e desde então, sua estrutura básica constitui as Divisões: de Planejamento e Controle de Recursos Humanos, Controle de Recursos Materiais, Controle de Execução Policial, de Administração de Pessoal, de Finanças, Suprimentos, Transportes, Protocolo e Arquivo, Serviços Diversos e Saúde.

Atuando em parceria com o Dipol, o DAP mantém um cadastro atualizado dos quadros de recursos humanos, materiais e de toda a frota da Polícia Civil, o que possibilita o vislumbramento imediato das necessidades de cada unidade, sanando as defasagens existentes, ao mesmo tempo em que as corrige de forma adequada às necessidades prioritárias da instituição.

Dentro dessa visão, foram adquiridos armamentos, munições, viaturas e outros equipamentos necessários à segurança dos policiais e da população.

Por um bom tempo, os policiais civis de São Paulo portaram revólveres do calibre 38, Puma do calibre 38, Calibre 12 e alguns policiais, o Taurus 357 - armas que ficaram obsoletas com o passar dos tempos. Uma curiosidade: A primeira arma automática adquirida pela Polícia foi a Imbel calibre 45.

Um importante setor do DAP é a Divisão de Prevenção e Apoio Assistencial (DPAA), que tem como atribuição prestar ao policial civil e a seus familiares, serviços médicos, odontológicos, psicológicos e fisioterápicos. Hoje, a Polícia Civil conta com um amplo Ambulatório Médico para consultas e atendimentos.

Em janeiro de 2000, a Polícia Civil de São Paulo inovou em relação a todo o País com a inauguração da Delegacia Eletrônica, acessada pela população através dos sites www.policia-civ.sp.gov.br e www.ssp.sp.gov.br. A Delegacia Eletrônica foi idealizada para descongestionar os distritos policiais de todo o Estado, objetivo que vem sendo cumprido nesses sete anos de funcionamento. De pouco mais de vinte mil boletins eletrônicos de ocorrência registrados em 2000, chegou-se a quase duzentos mil em 2006. Um aumento considerável que impulsionou o crescimento do setor: o número de policiais civis da unidade passou de cinco a quarenta e quatro e o de terminais, de cinco a trinta (após a reforma pela qual passou, finalizada em 2007). A Delegacia atende casos de furtos e perdas de documentos, celulares e placas de veículos, furtos de veículos, desaparecimento e encontro de pessoas, e disponibiliza consultas dos BEOs pelos sistemas Infocrim (Informações Criminais) e RDO (Registro Digital de Ocorrência), o que impossibilita a duplicidade de comunicação de um crime e viabiliza o compartilhamento de informações por toda a Polícia Civil do Estado.

Também em 2000 foi criado o Gradi, Grupo de Repressão e Análise aos Delitos de Intolerância, com o objetivo de reprimir crimes e ataques contra minorias da população e executar o trabalho preventivo de crimes de intolerância de qualquer espécie, como racial, religioso, sexual, esportivo, dentre outros.

Em 2002, o Detel foi substituído pelo Dipol, um órgão projetado para planejar e apoiar as atividades de telecomunicações, informática e de inteligência da Polícia Civil, ao qual ficou subordinado o Setel, Serviço Técnico de Monitoramento Legal de Telecomunicações.

Entre 2003 e 2005, o Departamento de Inteligência da Polícia Civil desenvolveu dois projetos de inteligência policial: o Ômega e o Phoenix.

Ômega é um sistema que integra diversas bases de dados em um único ambiente, viabilizando o agrupamento de ocorrências e a identificação automática de relacionamento entre pessoas, veículos, armas e endereços. Por meio de alertas e pesquisas realizadas nos bancos de dados do Registro Digital de Ocorrência e da Delegacia Eletrônica ele é usado para aprimorar cada vez mais as investigações policiais.

O Phoenix possibilita a identificação criminal por meio de boletins de identificação digitalizados, além da elaboração de retratos falados. Ele possui banco de dados de vozes e de individuais dactiloscópicas digitalizadas, fazendo com que detalhes como características físicas, incluindo tatuagens, cicatrizes, deformações do corpo, cor da pele, olhos e tipo do rosto da pessoa pesquisada, além do modus operandi de um criminoso possam ser pesquisados. Ainda em 2002, a Resolução Conjunta nº 1, do dia 21 de março, da Secretaria de Governo e Gestão Estratégica e da Secretaria da Segurança Pública, estabeleceu que fossem concebidas e implantadas as delegacias de polícia participativas no Estado – um programa que visa oferecer à comunidade atendimento gratuito e de boa qualidade, ou seja, de forma padronizada, rápida, transparente e eficiente, sem discriminações ou privilégios, nas áreas social, jurídica e psicológica, além da policial, durante vinte e quatro horas.


POLÍCIA MILITAR



Polícia Militar de São Paulo. Em 15 de dezembro de 1831, por lei da Assembleia Provincial, foi criado o Corpo de Guardas Municipais Permanentes, composto de cem praças a pé, e trinta praças a cavalo, em atendimento ao decreto Imperial baixado pelo Regente Feijó. Dentro da província (atual estado de São Paulo), a Polícia Militar, assim como o Corpo de Bombeiros, a Guarda Nacional, a Marinha e as tropas regulares do Exército, faziam parte da Força Pública de São Paulo. Seus integrantes são denominados militares estaduais (artigo 42 da CRFB), assim como os membros do Corpo de Bombeiros Militar de São Paulo (CB PMESP). Atualmente, em efetivo, é a maior polícia do Brasil e a terceira maior Instituição Militar da América Latina, contando com aproximadamente 82 500 policiais. Em 1926, é criada a Guarda Civil do Estado, como auxiliar da Força Pública, mas sem o caráter militar desta. Às vésperas da Revolução de 1930, a Força Pública do Estado de São Paulo já era o segundo maior corpo armado da América Latina, somente superada pelo próprio Exército Brasileiro. Possuía desde infantaria até aeronáutica militar. No entanto, a oposição de São Paulo contra essa Revolução levou a cortes drásticos no poderio bélico da Força por parte do Governo Provisório de Getúlio Vargas, devido ao medo do presidente de uma possível reação paulista ao golpe dado contra o Governo Washington Luís. Em 1970, a Força Pública se fundiria com Guarda Civil, originando a denominação atual de Polícia Militar. Desde então, a PMESP é uma organização fardada e organizada militarmente. Fica subordinada ao Governador do Estado, por meio da Secretaria da Segurança Pública e do Comando Geral da Corporação. A PMESP tem a obrigação constitucional, assim como todas as outras PMs brasileiras, de prestar seus serviços dentro dos limites do rigoroso cumprimento do dever legal. [Textos e imagens da Wikipedia]



Soldado PM em ação urbana de controle de trânsito e fluxo de pedestres.


Treinamento de tiro  no início do século XX. 


Primeira turma da Polícia Feminina SP 1955.


Registro das primeiras ações ostensivas e repressivas de PMs femininas
 

Centro de comunicações, atendimento e operações da PM em São Paulo nos anos 1970. 

Patrulhamento preventivo apelidado de "Romeu e Julieta"  no comércio das ruas do centro, década de 1970. 

Patrulhamento da cavalaria  no centro de São Paulo nos anos 1980.


QUARTÉIS DA CAPITAL




Ao ser elevado a predicamento de cidade, em 11 de junho de 1711, o núcleo existente com o nome de São Paulo, desde 25 de janeiro de 1554, não havia nele prédio algum, que merecesse o nome de quartel.
Nessa época existia na povoação, sede da capitania, apenas um grupo insignificante de homens armados que constituia a guarda da pessoa do capitão general. Esse pugilo de militares alojava-se na própria residência do Governador. A tropa da linha, quando em trânsito para as fronteiras, aquartelava-se em armazéns, e barracões, improvisados ou em simples ranchos de palha, que ofereciam insuficiente abrigo e eram totalmente desprovidos de qualquer conforto.

"Quartel de Linha"

Somente 64 anos depois em 1775, foi dado início a construção de um quartel destinado a tropa colonial. Havia sido criado nesse ano, pelo governo da metrópole, o corpo de voluntários reais, composto de regimentos de infantaria e cavalaria. Como se tratava de um corpo de elite, ostentando inusitado garbo e brilhante uniforme, afluiam em grande numero os indivíduos para nele se engajarem. Não podiam esses voluntários ser imediatamente acolhidos e incorporados, por não existirem armazéns ou quartéis nem enfermarias disponíveis.

Não somente por isso, mas também porque São Paulo, já nessa época era o centro militar obrigado, e de onde partiam as tropas em socorro das capitanias das fronteiras, quase sempre invadidas e taladas, o governo precisava cuidar, sem perda de tempo, da construção de quartéis e de hospitais militares, que pudessem receber e abrigar as tropas que se tornavam numerosas.

Existiam algumas casas alugadas que serviam de depósito de materiais bélicos, casernas e uma pequena enfermaria particular que era denominada "Misericórdia".
Essa enfermaria porém, pela sua exiguidade não comportava senão um número muito reduzido de militares doentes, sendo necessário improvisar outras em casas particulares, que não ofereciam naturalmente nenhum conforto aos enfermos.

Ao capitão general Martins Lopes Lobo Saldanha, havia o bispo Fr. Manuel da Ressurreição, doado em, 1775 um terreno situado na parte mais alta da cidade, onde já existia uma construção em início. Lembrou-se ele então de aproveitar esse terreno para construir um quartel, visto a isso se prestar magnificamente, devido a sua localização, a cavaleiro da cidade. Esse terreno é o mesmo onde se acha o velho quartel , na rua Onze de Agosto.

Tomada essa resolução, representou o capitão general a S.M. , sobre a urgência que tinha a cidade de São Paulo de possuir um quartel digno desse nome e uma enfermaria militar que oferecesse conforto aos soldados nele recolhidos e propunha os meios e modos de se poderem fazer com pouca despesa da Real Fazenda.

Parte posterior do velho quartel do 2º Batalhão

Pondo justamente, em execução essa proposta, dirigiu em 10 de novembro de 1875, um ofício a S.M. , no qual lembrava o alvitre de se convocarem os escravos de algumas fazendas que haviam sido confiscadas na capitania de São Paulo, aos proprietários denominados jesuítas, para com poucos mestres que os dirigissem socarem as paredes de taipa de que eram formadas nesta cidade todas as casas por falta de pedras, em cujo extração pouco ou nada se perdia porque, achava que também pouco ou nada tinham rendido as mesmas fazendas, totalmente destruídas.

Com esses escravos, entre os quais havia alguns carpinteiros, dizia ele, entrando em detalhes sobre a construção projetada, seriam feitos os cortes das madeiras que não custariam mais que a condução e contratariam mais alguns carpinteiros para lavrarem-se e fazerem-se as obras.

Quanto as ferragens e pregos que em São Paulo eram excessivamente caros seriam adquiridos em Lisboa.

Mandar-se-ia fazer telhas pelos mesmos escravos das fazendas confiscadas.

Para o custeio das obras, que o mesmo capitão general avaliava em oito ou dez mil cruzados, achava suficiente a importância que se obtivesse com a venda dos bens deixados pelos jesuítas proscritos.
No ano seguinte, conseguidos os meios propostos, foi dado início a construção do quartel, cujo ala direita ficou concluída em 1790, sob o governo do então capitão general Bernardo José de Lorena. Somente muitos anos depois, 20 aproximadamente, foi socada a última camada de terra da grossa taipa e colocada a última trave do teto. O vasto edifício ocupava toda a quadra limitada pelas ruas Anita Garibaldi, Teatro, Onze de Agosto e Travessa do Quartel.



Esse vetusto casarão de feição antiquada e colonial, reclama urgentemente a ação da picareta demolidora das obras públicas, para dar lugar a um elegante palácio que faça honra ao adiantamento e ao progresso assombroso da capital paulista.

A ação do tempo a muito que se encarregou de fazê-lo ruir pouco a pouco. A parte Sul do edifício já havia desaparecido a mais de dez anos e o restante, mau grado os esforços do atual comandante do segundo batalhão, nele aquartelado, que se empenha pela sua conservação, não se manterá por muito tempo em pé.

Já em 1887, está antiquissima construção se achava em mau estado. O relatório apresentado pelo Visconde de Parnaíba, presidente da Província, dizia que todo e qualquer reparo seria feito sem vantagem alguma e que a reforma deveria ser radical.
Lembrava ele, nesse mesmo relatório, a assembleia, que lhe desse autorização para a venda do velho edifício, para com o produto construir um novo com todas as acomodações necessárias a um quartel moderno.

A câmara concedeu a autorização pedida, porém não chegou a alcançar aprovação do senado, ficando assim burlado o plano de possuir a cidade um edifício apropriado ao seu fim e continuando o velho quartel a ameaçar ruína e a dispensar os piores cômodos aos continentes de linha nele aquartelados, além do depor de modo sensível contra o grau de adiantamento da nossa culta capital e de nossa cara província, dizia ele no citado relatório.

Penso que não vem longe o dia em que esse casarão terá de desaparecer, para ser substituído por um belo, majestoso e moderno palácio, capaz de figurar ao lado dos que já embelezam a nossa capital.
Os urbanos tiveram o seu primeiro quartel em 1873, na rua das Flores, esquina da rua de Santa Tereza, edificio de sobrado, em cujos altos funcionava a repartição da polícia. Transferiu-se depois para um prédio da rua do Quartel e decorridos dez anos, para um outro na rua do Carmo, próximo ao largo do Palácio, onde permaneceu até sua extinção em 1891.

Os bombeiros aquartelaram-se em 1880, por ocasião de sua criação em umas exiguas dependências do Quartel de Urbanos, na rua do Quartel, mudando-se depois, em 1886 para o prédio adaptado na rua do Trem.




Fonte: Jornal O Estado de S.Paulo 19/08/1911 pág. 3. Pesquisa: Eduardo Marques de Magalhaes .


O VIGILANTE RODOVIÀRIO



Carlos Miranda, ator do primeiro seriado produzido especialmente para a televisão em toda a América Latina, com o maior índice de audiência já registrado no Brasil, nasceu em São Paulo, capital, a 29 de julho de 1933. Começou sua carreira como cantor de circo e de parques de diversões aos 15 anos, logo em seguida indo trabalhar nas empresas Maristela e freqüentando os grupos do Teatro Popular do SESI, onde fez curso de ator, estreando na peça “O Ídolo das Meninas” de Gastão Tojeiro, levada no teatro Colombo no Largo da Concórdia em São Paulo, hoje Praça da Concórdia (o teatro já não existe mais). Trabalhou nos estúdios da Maristela no Jaçanã até o seu fechamento. De lá saíram os equipamentos para a montagem do primeiro estúdio de dublagem de filmes estrangeiros do Brasil. O seriado “Vigilante Rodoviário”, era patrocinado pelos produtos Nestlé e o nome da série para a TV era para ser: “O Patrulheiro” e o registro foi feito naquela ocasião, porém pouco antes da data de lançamento, a Toddy (Achocolatados) estreou um seriado estrangeiro com o titulo “Patrulheiros Toddy”. O Sr. Ary Fernandes (Criador e diretor da série “Vigilante Rodoviário”), em reunião com o Sr. Gilberto Valtério (Diretor da Nestlé), sugeriu o embargo da concorrente pelo uso do título registrado, mas este diretor da Nestlé, solicitou ao Sr. Ary Fernandes que colocasse outro nome no seriado, para evitar conflitos com uma concorrente do mesmo seguimento de mercado, sendo assim o Sr. Ary rebatizou sua série, com o nome que a fez tão famosa até os dias de hoje.

O seriado “Patrulheiros do Oeste” existiu, porém foi exibido pela TV muitos anos depois do “Vigilante Rodoviário”.  O primeiro episódio da série O Vigilante Rodoviário®, foi ao ar em março de 1961, na Rede Tupi Canal 4 numa (4ª) quarta-feira, às 20:05pm. Já no primeiro mês de exibição disparou na frente dos concorrentes para se tornar o campeão de audiência com a expressiva marca de +-45%. Como na época só 30 % das casas possuíam televisão, o produtor e o diretor acharam importante transformar a série em um filme de longa metragem, unindo 4 episódios e em seguida mais 4. O lançamento foi no cine Art-Palácio em São Paulo, resultando em uma divulgação nacional e assim , um fenômeno de bilheteria. Curiosidades a respeito da produção não faltam: como o orçamento era apertado foram convidados a fazer parte do filme atores em início de carreira como: Fulvio Stefanini, Rosamaria Murtinho, Ari Fontoura, Stenio Garcia, Juca Chaves, Ari Toledo, Toni Campelo, Milton Gonçalves, Luis Guilherme, e outros. Hoje são nomes conhecidos nacionalmente. Na época não havia televisão colorida, vídeo tape, e o equipamento era simples de cinema profissional de bitola de 35 mm. Para ser exibido em televisão era reduzido para 16 mm.

 O Oficial. Após o término da série em 1962, Carlos foi convidado pelo então Comandante Geral da Força Pública General de Exército João Franco Pontes para ingressar na carreira de policial, pois para interpretar o personagem do Vigilante, ele tinha feito a escola de Policiais Rodoviários em Jundiaí. Depois de 25 anos na Polícia, e tendo feito todos os cursos na corporação, em 1998 passou para a reserva como Tenente Coronel PM RES.  O Legado. Hoje Carlos Miranda participa de encontros de colecionadores de carros antigos, além de dar palestras e de se apresentar em comemorações de festas cívicas como símbolo das Polícias. O sucesso da série, lembrada até hoje pelas pessoas com mais de 45 anos, é digno de estudos na área de propaganda e marketing, bem como na de antropologia e sociologia.
Carlos MIranda faleceu em março de 2025.

Fonte: site da corporação


Um Simca Chambord usado na série "O Vigilante Rodoviário"


HERÓIS EM SÃO VICENTE

 

ZELADOR E RODOVIÁRIO EVACUARAM O PRÉDIO EM POUCOS MINUTOS


imagem da "Revista Enciclopédia Bloch", do Edifício Vista Linda, que tombou em 1966 em São Vicente. São Vicente de Outrora.

Queda do Edifício Vista Linda  na saída da Ponte Pênsil. 23  de Dezembro de 1966, às 17:28 horas, o sargento Jaime de  Miranda, de plantão no posto rodoviário, ouviu um estalo achando que parte do Morro dos Barbosas, atrás do edifício, poderia desabar e provocar uma tragédia. Com a ajuda do zelador do prédio, o oficial conseguiu evacuar em poucos minutos os  38 moradores que estavam espalhados pelos 10 andares. Logo em seguida, uma  pedra rola pelo morro abaixo e atinge parte das vigas de sustentação do edifício provocando sua queda junto ao morro.  



O HERÓI DO VISTA LINDA. Na esquerda da imagem dos anos de 1960,o lendário policial rodoviário Jaime Miranda, o "Turco Louco", herói da retirada dos moradores do edifício "Vista Linda", literalmente tombado em São Vicente. A imagem é no antigo posto da Polícia Rodoviária na Ponte Pênsil. Claudio Sterque. 


Posto rodoviário da Ponte Pênsil no Japui nos anos 1960. Claudio Sterque



BOMBEIROS


O Centro de Memória do Corpo de Bombeiros é um museu localizado na cidade de São Paulo, Brasil. Foi criado e inaugurado em 10 de maio de 2005, em comemoração dos 125 anos da instauração da corporação. Ocupa o espaço de um casarão projetado em 1927 por um engenheiro italiano, situado no bairro Vila Mariana, na capital de São Paulo. O museu tem como objetivo conservar o histórico da corporação, através de um acervo, ainda em construção, que conta com reportagens, instrumentos antigos e atuais, vestimentas e outros itens que foram colecionados durante todos esses anos. O público pode acompanhar, portanto, a evolução dos serviços prestados aos paulistas, inclusive em grandes incêndios que atingiram a cidade e tornaram-se famosos, como os ocorridos nos edifícios Grande Avenida, Andraus e Joelma. 

O Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo (CBMESP) possui como missão primordial a execução de atividades de defesa civil, prevenção e combate a incêndios, buscas, salvamentos e socorros públicos no âmbito do estado de São Paulo. É atualmente o maior Corpo de Bombeiros do Brasil e da América Latina em termos de efetivo. Ele é Força Auxiliar e Reserva do Exército Brasileiro, e integra o Sistema de Segurança Pública e Defesa Social do Brasil. Seus integrantes são denominados Militares dos Estados pela Constituição Federal de 1988, assim como os demais membros da Polícia Militar do Estado de São Paulo. Em 23 de outubro de 2014, ganhou autonomia em relação a Polícia Militar passando a reportar-se diretamente ao Secretário da Segurança Pública, sobre temas relacionados às operações.

Histórico. Desde 1851 existiram iniciativas no sentido de constituir um serviço de combate à incêndios na cidade de São Paulo. Porém, oficialmente isso somente se concretizou em 10 de março de 1880, com a promulgação de uma lei da Província de São Paulo que instituiu um Corpo de Bombeiros com vinte integrantes, anexo à Companhia de Urbanos que era a Corporação Policial da época. Sendo assim, ao contrário dos bombeiros fluminenses, o de São Paulo tem origem dentro da Corporação Policial.

Em 1887 essa Seção foi transferida para o prédio da Rua do Trem (atual Rua Anita Garibaldi); endereço que permanece até os dias de hoje, como uma das sedes do Corpo de Bombeiros de São Paulo.

Em 1890 o efetivo foi ampliado para uma Companhia. Em 1900 as diversas Instituições de Segurança foram reunidas numa só, denominada Força Pública de São Paulo. Desde então o Corpo de Bombeiros teve sua história ligada a essa Corporação a qual, posteriormente, viria a se tornar na Polícia Militar de São Paulo.

Cronologia do Corpo de Bombeiros no século XIX
1850 - Ocorre um incêndio na Rua do Rosário (atual Rua XV de Novembro), o incêndio é extinto por uma bomba manual emprestada por um francês chamado Marcelino Gerard.
1852 - Em decorrência de tal incêndio é apresentado na Assembleia Provincial, pelo então Brigadeiro Machado de Oliveira um Projeto de Lei de um Código sobre Prevenção de Incêndios. Nesse Código estavam regulamentados os serviços de prevenção e extinção de incêndios, ficando o povo, por lei, obrigado a cooperar com a polícia nos dias de incêndio.
1856 - Surge o Corpo de Bombeiros da Corte (atual Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro).
1861 - Ocorre um incêndio em uma livraria na Rua do Carmo.
1863 - Novo incêndio, desta vez na Rua do Comércio em uma loja de ferragens.
1870 - Um barril de pólvora explode no centro da cidade de São Paulo.
1875 - É criada uma "Turma de Bombeiros" com dez homens egressos do Corpo de Bombeiros da Corte e que ficaram adidos à Companhia de Guarda de Urbanos.
1880 - Um incêndio na Faculdade de Direito, determina a criação oficial do Corpo de Bombeiros (10 de março de 1880). O então Alferes José Severino Dias é designado em 24 de julho Comandante da Seção de Bombeiros com vinte homens (praças) oriundos da Cia de Urbanos.
1883 - Ocorre a primeira troca de comando.
1888 - O efetivo da Seção de Bombeiros aumenta para trinta praças.
1890 - Elevação a categoria de "Companhia de Bombeiros". O efetivo aumenta para sessenta homens. O Comandante passa a ser um capitão. É criada a 6ª Zona de Bombeiros no município de Santos (atual 6º Grupamento de Incêndio).
1891 - O’Connel Jersey assume o comando. É criado a Estação Oeste de Bombeiros (2ª Zona) - atual 2º Grupamento de Incêndio responsável pelo atendimento dos bairros da Barra Funda, Campos Elíseos e Lapa e a Estação Norte de Bombeiros (3ª Zona).
1893 - Os movimentos de tropas federalistas no sul do país e a situação agitada do povo diante dos acontecimentos subversivos (Revolta da Armada), faziam com que os brasileiros temessem uma guerra civil. Um contingente do Corpo de Bombeiros segue para Santos integrando à Força Policial, juntando-se às tropas em defesa da causa republicana.
1895 - É inaugurada a 3ª Zona de Bombeiros, responsável pelo atendimento dos bairros da Moóca, Brás, Belém, Penha e Vila Prudente (atual 3º Grupamento de Incêndio).
1896 - São inauguradas as estações do Norte e Oeste, inicia-se o funcionamento do 1º Sistema de Alarmes, o "Generst".
1900 - Unem-se todas as forças de segurança em uma só "Força Pública". É criado o Corpo Municipal de Bombeiros de Campinas, seu efetivo inicial era de oito homens.




ARQUIVO PÚBLICO DE SP




O Arquivo Público do Estado de São Paulo (APESP) é a instituição arquivística do Poder Executivo do Estado de São Paulo responsável por formular e implementar a política estadual de arquivos, por meio da gestão dos documentos produzido pelo poder executivo paulista, da preservação dos documentos categorizados como "de guarda permanente" (também chamados de "históricos"), da difusão do patrimônio documental e do acesso à informação contida em tais documentos. O APESP encontra-se instalado em um conjunto de edifícios no bairro de Santana, cidade de São Paulo, próximo à Rodoviária do Tietê. É um dos maiores arquivos públicos do Brasil, que compõem um abundante acervo para a pesquisa e ajudam no resgate da memória pública paulista.

Criado em 1891, o Arquivo Público é uma das repartições mais antigas do estado de São Paulo. Seu acervo é composto por documentos provenientes tanto das secretarias de Estado quanto do Poder Judiciário, prefeituras, cartórios e fundos privados, abrangendo manuscritos do Brasil Colônia, importantes registros pertencentes ao extinto DOPS e acervos particulares de ex-governadores e ex-presidentes, como Júlio Prestes, Washington Luis e Adhemar de Barros.

Vinculado atualmente à Secretaria de Projetos, Orçamento e Gestão, o APESP é o órgão central do Sistema de Arquivos do Estado de São Paulo (SAESP), sendo responsável pela coordenação e sistematização dos arquivos públicos paulistas, envolvendo confecção de Tabelas de Temporalidade, montagem e coordenação de Comissões de Avaliação, efetivação de descarte ou recolhimento de conjuntos documentais produzidos pelo governo paulista.

É um dos maiores arquivos públicos do Brasil, contendo um rico acervo disponível para a pesquisa pública, com mais de 25 milhões de documentos textuais e 3 milhões de documentos iconográficos e cartográficos, disponíveis para a pesquisa. Seu acervo é constituído por documentos de órgãos e entidades da Administração Públi­ca paulista, bem como por documentos privados de pessoas físicas ou jurídicas declarados de interesse público e social Possui documentos manuscritos do Brasil Colônia, registros pertencentes ao extinto DOPS, arquivos privados de ex-governadores como Mário Covas, Júlio Prestes, Washington Luis e Adhemar de Barros, bem como documentos digitais do século XXI.

O Arquivo Público do Estado também custodia acervos de órgãos e entidades extintas e, recentemente, incorporou os documentos da Companhia Paulista de Obra e Serviços (CPOS), Desenvolvimento Rodoviário S/A (DERSA), Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano S.A. (EMPLASA), Fundação do Desenvolvimento Administrativo (FUNDAP), Fundação Prefeito Faria Lima - Centro de Estudos e Pesquisas de Administração Municipal (CEPAM) etc. Além da consulta ao acervo, o Arquivo Público do Estado oferece, entre outros, os serviços de certidões e cópias certificadas; reprodução de documentos; visitas monitoradas; ação educativa e edição de manuais técnicos e a Revista do Arquivo.

A instituição. O Arquivo Público do Estado é uma das mais antigas repartições públicas de São Paulo. Suas origens remontam a 1721, por iniciativa do capitão-mor Dom Rodrigues César de Meneses. Governador da então Capitania de São Paulo, César de Meneses havia determinado a seu secretário de governo, Gervásio Leite Rabelo, que desse início ao “Inventário dos Documentos da Governança”. Armazenados no Pátio do Colégio, à época sede do governo, os documentos amealhados por Rabelo constituíram o núcleo inicial do atual acervo da instituição.

Em 1892, o decreto de número 30, instituído pelo vice-governador do Estado, José Alves de Cerqueira César, criou a “Repartição de Estatística e do Archivo do Estado”, subordinado à Secretaria do Interior, e que tinha por objetivo “a guarda, coordenação e classificação de todos os papéis , documentos e livros atinentes ao Direito Constitucional, à História Política e Administrativa, à Legislação e à Geografia de São Paulo, e de todos os demais que as autoridades competentes determinarem que ali se depositem”. Assim, o “Archivo do Estado” passou a armazenar não apenas os ofícios e materiais das secretarias governamentais, mas também documentos oriundos das municipalidades, do poder judiciário, de cartórios e de particulares.[

Em 1899, o coronel Fernando Prestes de Albuquerque, então presidente do Estado de São Paulo, instituiu a Lei nº 666, de 6 de setembro, onde mandou "remover para o archivo publico do Estado todos os papeis, autos e livros existentes no cartorios dos escrivães do judicial, officiaes de registros e tabelliães de notas, anteriores ao século 19º." Dessa forma, um grande volume de documentação do período colonial e imperial passou para a guarda do Arquivo Público Estadual.

No ano de 2012, um novo prédio para a instituição foi inaugurado, este foi o primeiro prédio para suporte de grandes arquivos do Brasil. Além disso, nesse mesmo ano, foi decretada uma lei em São Paulo que regula o acesso de informações no estado, dando competência para o Arquivo Público coordenar as integrações sistêmicas dos Serviços das Informações aos Cidadãos (SIC).

As sedes


Sede atual do Arquivo Público

Do ano em que foi criado até 1906, o arquivo ocupou primeiramente o pavimento térreo e, posteriormente, parte do convento do Pátio do Colégio. Foi então transferido para os fundos do prédio da igreja Nossa Senhora dos Remédios, localizada na Rua Onze de Agosto, número 80, na região central paulistana, tendo sido demolida na década de 1940. Ocupou ainda um edifício na rua Visconde do Rio Branco esquina com rua dos Timbiras, onde funcionou até 1949. Nesse ano, o arquivo foi fechado, retomando suas atividades somente no final do ano seguinte, ou seja; em 26 de novembro de 1949 sofre um tremendo golpe: sendo obrigado a mudar-se repentinamente do prédio que foi desapropriado. 

Em 1951 o arquivo foi instalado no edifício da E. F. Sorocabana, no largo General Osório (onde funcionou o Departamento de Ordem Política e Social. Em 1953, o arquivo instalou-se na Rua Dona Antônia de Queiroz nº 183 (antigo edifício da “Manufactura de Tapetes Santa Helena”), onde o edifício contava com 165 janelas e uma boa iluminação natural, "facilitando muito menos cansaço visual dos leitores de documentação antiga", onde permaneceu até 1997.

Em 22 de abril de 1997, o Arquivo do Estado mudou-se para um conjunto de edifícios no bairro de Santana, sede da antiga "Fábrica de Tapetes Ita". Reformados para atender às necessidades da instituição, os edifícios contam com depósitos para o acervo, além de laboratórios, salas de consulta e um anfiteatro. Parte de seu acervo, denominado Arquivo Administrativo, é conservado em um antigo depósito industrial na Mooca (bairro de São Paulo), de acesso restrito.

E, em 2012, foi inaugurado um novo prédio para o conjunto. Este é o primeiro prédio brasileiro projetado especificamente para ser um Arquivo moderno, em conformidade com as especificações técnicas necessárias para garantir a guarda e a preservação de documentos permanentes. São vinte e três mil metros quadrados de área construída, distribuída em dez andares, sendo cinco com pé-direito duplo para abrigar os documentos de guarda permanente; laboratórios de conservação preventiva, restauro, microfilmagem, digitalização e acondicionamento.

O acervo 

Criado oficialmente em 1892, o Arquivo Público do Estado de São Paulo é uma das principais fontes para pesquisas documentais no Brasil e uma importante referência na historiografia brasileira. É um dos maiores arquivos públicos do Brasil, contendo um rico acervo disponível para a pesquisa pública, com mais de 25 milhões de documentos textuais e 3 milhões de documentos iconográficos e cartográficos, disponíveis para a pesquisa. A instituição abriga aproximadamente 26 mil metros lineares de documentação textual, além de um acervo iconográfico com cerca de um milhão e meio de imagens (fotografias, negativos, postais, caricaturas e ilustrações) e alguns milhares de rolos de microfilmes. Abriga ainda uma biblioteca de apoio à pesquisa, com 45 mil volumes, além da mapoteca e de uma grande hemeroteca. O acervo é dividido em “fundos públicos” (produzidos pelos órgãos do Poder Executivo Paulista, fundações e universidades públicas), “fundos privados” (documentos privados de pessoas físicas ou jurídicas declarados de interesse público e social, doados ou comprados pelo estado), “fundos cartoriais” (registros civil e de imóveis).

Do período colonial, o arquivo abriga cerca de sete milhões de manuscritos avulsos e outros mil livros manuscritos, desde inventários e testamentos a cartazes de “procura” por escravos foragidos. O item mais antigo é o chamado “Inventário do Sapateiro”, um registro dos bens de Damião Simões, datado de 1578. O setor denominado Arquivos Privados conserva documentos de particulares, como a coleção do ex-presidente Washington Luís, doada ao arquivo em testamento.

Em 1994, o Governo do Estado transferiu para o Arquivo do Estado e liberou para consulta os documentos provenientes do extinto DOPS (Departamento de Ordem Política e Social) - o órgão governamental responsável por controlar e reprimir os movimentos políticos e sociais contrários ao regime no poder. Nessa coleção podem ser vistos desde fichas prisionais, prontuários de personalidades brasileiras e estrangeiras - como Elis Regina, Jânio Quadros, Papa João Paulo II e Adolf Hitler -, até correspondências privadas e oficiais, trocadas por titulares da ditadura militar no Brasil.

Possui parcerias com diversas instituições, públicas e privadas, nacionais e internacionais para o desenvolvimento de projetos e difusão do acervo, contribuindo, assim, com a formação de acadêmicos, pesquisadores e profissionais. Entre os seus parceiros estão o Ministério Público Estadual, a Imprensa Oficial, a Cinemateca Brasileira e a Universidade de São Paulo.

Sistema de Arquivos do Estado de São Paulo

Vinculado atualmente à Secretaria de Projetos, Orçamento e Gestão,[4] o APESP é o órgão central do Sistema de Arquivos do Estado de São Paulo (SAESP). O SAESP é composto ainda pelos serviços de arquivos e de protocolos da administração direta do governo estadual (secretarias de estado e Procuradoria Geral do Estado), autarquias e fundações estaduais (inclusos as universidades públicas e institutos de pesquisa), empresas públicas ou de economia mista. Ministério Público de São Paulo (desde o ano de 2000) e o Tribunal de Contas do Estado (desde o ano de 2018) também integram o SAESP por meio de termos de cooperação técnica.

Dentro do conjunto de instituições do SAESP, a função do Arquivo Público do Estado de São Paulo é a coordenação e implantação da política arquivística, estabelecendo normas e procedimentos para a organização dos arquivos, bem como para produção, tramitação e eliminação de documentos. Além disso, desenvolve atividades de assistência técnica, capacitação e monitoramento dos órgãos setoriais do SAESP, mantendo interlocução permanente com as Comissões de Avaliação de Documentos e Acesso (CADA). E, por meio do Programa de Institucionalização de Arquivos Públicos Municipais, fornece orientação técnica a prefeituras e câmaras municipais dos municípios paulistas.

Lei Estadual de Acesso à Informação

O Arquivo Público do Estado de São Paulo (APESP) também é responsável por propor a política do Estado de São Paulo para o acesso aos documentos públicos. Por isso, o APESP participou ativamente da regulamentação da Lei de Acesso à Informação (LAI) no âmbito da Administração Estadual, resultando no Decreto Estadual n° 58.052/2012, que definiu a gestão documental como condição necessária para garantir o direito de acesso às informações. O Decreto também atribuiu ao Arquivo Público do Estado as competências de: presidir a Comissão Estadual de Acesso à Informação (CEAI),
propor normas, procedimentos e requisitos técnicos complementares para o tratamento da informação,
coordenar os Serviços de Informação ao Cidadão (SIC), e gerenciar o Sistema SIC.SP, ferramenta de registro de pedidos de acesso à informação e controle de prazos de resposta, por meio de sua Central de Atendimento ao Cidadão (CAC).

A CEAI (item 1) é a terceira e última instância recursal para os indeferimento de pedidos de acesso à informação recebidos pela Administração Estadual. O tratamento da informação (item 2) diz respeito a "produção, recepção, classificação, utilização, acesso, reprodução, transporte, transmissão, distribuição, arquivamento, armazenamento, eliminação, avaliação, destinação ou controle da informação". Os SICs (item 3) são unidades criadas nos órgãos e entidades da Administração Pública Estadual para receber recursos e pedidos de acesso à informação, e para controlar os prazos de resposta. Já o CAC (item 4) capacita, orienta, coordena e integra os SICs em sua atuação, além de gerenciar o sistema online SIC.SP por onde tramitam os pedidos e recursos.

A ação educativa do Arquivo Público do Estado de São Paulo tem como responsabilidade elaborar alguns programas educativos que tem por objetivo a aproximação do APESP com instituições educacionais e com toda a sociedade em geral. Algumas das atividades realizadas pelo conjunto são as oficinas pedagógicas direcionadas a professores e alunos de todos os graus de ensino e as exposições virtuais. O processo pedagógico é feito com professores da rede pública e privada, com propósito de aproximação dos envolvidos com artigos históricos da cidade de São Paulo.

SP Sem Papel. No âmbito do Programa SP Sem Papel, o Arquivo Público do Estado de São Paulo e a Companhia de Processamento de Dados do Estado de São Paulo (PRODESP) realizaram testes, fizeram análise de requisitos, mapearam e modelaram documentos, além de elaborarem regras para parametrização e aprimoramento tecnológico do sistema SIGAdoc. A ideia do Programa é transicionar a Administração Estadual para a produção digital de documentos, em vez de produzí-los e tramitá-los em papel.

ArquivoDigital.SP. Considerando a inclusão progressiva e segura da administração pública nas práticas digitais, o Arquivo Público do Estado criou o Programa Arquivo Digital.SP, composto por diversas ações que visam adotar políticas, técnicas e procedimentos de preservação e segurança digital capazes de controlar os riscos decorrentes da degradação do suporte, da obsolescência tecnológica, bem como garantir a integridade, autenticidade e disponibilidade dos documentos, dados e informações governamentais. Nesse sentido, está em construção um piloto de repositório arquivístico digital confiável (RDC-Arq) capaz de garantir a preservação de documentos de guarda intermediária longa e de guarda permanente.

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OSESP-ORQUESTRA SINFÔNICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, também conhecida como Osesp, é um equipamento cultural do Governo do Estado de São Paulo e uma das principais orquestras do Brasil, fundada pela Lei nº 2 733, de 13 de setembro de 1954. A maioria de suas apresentações acontecem dentro de sua temporada anual – em 2022, foram 91 concertos na "Temporada Osesp – Vasto Mundo". Realiza de forma recorrente turnês nacionais e internacionais e marca presença em festivais, como o Festival de Inverno de Campos do Jordão, e outros projetos, como o OsespMASP.

Desde 1999 tem como sede a Sala São Paulo, considerada uma das melhores salas de concerto do mundo,onde são realizadas apresentações sinfônicas, corais e de câmara de grupos artísticos variados.

Desde 2005, a Osesp é gerenciada pela Fundação Osesp, organização social de cultura que mantém contrato de gestão com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo para a manutenção e desenvolvimento da Orquestra, bem como a Sala São Paulo, o Coro da Osesp, os coros Infantil e Juvenil da Osesp, a Academia de Música da Osesp, a Editora da Osesp, o Centro de Documentação Musical ‘Maestro Eleazar de Carvalho’ e o Festival de Inverno de Campos do Jordão. Realiza, ainda no escopo do contrato de gestão, ações de educação musical para crianças, jovens e adultos; promoção, capacitação e treinamento de profissionais das áreas da música e da educação; e formação de plateias.


Apesar de ter realizado seu primeiro concerto no dia 18 de julho de 1953, a fundação da Osesp – na época denominada Orquestra Sinfônica Estadual – foi oficializada somente em 13 de setembro de 1954, pela Lei Estadual nº 2 733, na gestão do então governador do Estado Lucas Nogueira Garcez. Quem assume como primeiro Regente Titular é o pianista, maestro e compositor João de Sousa Lima. Mesmo tendo sido criada por lei, os concertos não têm continuidade nos anos seguintes e a orquestra passa por um recesso de 10 anos.

A Osesp só volta à ativa em 1964, quando o maestro italiano Bruno Roccella assume o cargo de Regente e Diretor Artístico. Na época, o contingente de músicos chegava a 80 pessoas. Este período de atividades durou cerca de quatro anos, durante os quais a orquestra se apresentou ao menos 22 vezes na capital paulista.

Após outro recesso de quase cinco anos, em 1973 a Osesp passa por seu primeiro grande processo de reestruturação sob a condução do então Diretor Artístico e Regente Eleazar de Carvalho. O maestro dedicou 23 anos de vida à frente da orquestra, período intenso de atividades e muito importante para consolidar a orquestra e pavimentar o caminho para o reconhecimento que cresceu nas décadas seguintes. Um exemplo disso foi a criação, em 1973, da programação pedagógica dentro do Festival de Inverno de Campos do Jordão, evento criado por Carvalho, Camargo Guarnieri e João de Sousa Lima em 1970. O objetivo era conceder bolsas de estudo para jovens no campo da música. Até hoje, a iniciativa possibilita que estudantes tenha contando com professores renomados.

A mudança do nome da época, Orquestra Sinfônica Estadual, para o atual (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), acontece em 1978. O objetivo era de "distingui-la, convenientemente, de outras, da mesma natureza, pertencentes aos diferentes estados da federação".

A década de 1980 é marcada por maiores dificuldades financeiras. Foi apenas em 1980 que os músicos da Osesp passaram a ser contratados no regime CLT.A regularização dos contratos, somada à contratação de mais 42 músicos, deu início ao período mais produtivo sob a regência de Eleazar de Carvalho. A orquestra se apresentava semanalmente no Teatro Cultura Artística, que tinha a presença de uma audiência fiel e da atenção dos críticos dos principais jornais do país. Isso criou um "tímido mas efetivo sistema de música clássica". O movimento só durou até 1985, quando o convênio com o Teatro venceu e a Osesp precisou se deslocar para o antigo cinema do Edifício Copan.


Em 1989, a Osesp foi realocada novamente, dessa vez para o Auditório Simón Bolívar, no então recém-inaugurado Memorial da América Latina. O auditório era usado para outras finalidades e muitas vezes a orquestra não podia nem mesmo ensaiar. Essa precariedade das instalações, somada ao desânimo causado nos músicos por conta dos salários baixos, estabeleceu um dos momentos de maiores privações da Osesp.

O cenário muda com a morte de Eleazar de Carvalho, em 1996. No ano seguinte, a convite do então Secretário do Estado da Cultura Marcos Mendonça, John Neschling assume como Regente Titular e inicia a maior reestruturação da história da Osesp. O processo é pautado por diretrizes que já haviam sido estabelecidas por Carvalho em seus últimos meses de cargo: uma nova sede e melhores salários para os músicos.


O IMPACTO INDUSTRIAL PAULISTA E A FIESP


Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) MHMAIC é entidade politica da indústria paulista entre seus pares na indústria brasileira. A FIESP é filiada à Confederação Nacional da Indústria (CNI). A entidade reúne 52 unidades representativas no estado de São Paulo, que representam 133 sindicatos patronais e 130 mil indústrias


A federação localiza-se na cidade de São Paulo. O edifício das entidades da indústria paulista hospeda o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP), o Serviço Social da Indústria de São Paulo (SESI-SP), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de São Paulo (SENAI-SP), o Instituto Roberto Simonsen (IRS) e a sede de alguns sindicatos filiados.


Paulo Skaf foi eleito presidente da FIESP, em 2004. Ele foi reeleito presidente da federação em 2007 e reeleito novamente em 2011 e 2017, ficando no cargo até 31 de Dezembro de 2021. Em junho de 2014, o empresário Benjamin Steinbruch, diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e do Grupo Vicunha, assumiu a presidência da FIESP em substituição a Skaf, que foi candidato ao governo do Estado de São Paulo.


Em Julho de 2021, o empresário Josué Gomes da Silva foi eleito presidente do CIESP e Rafael Cervone Netto 1º vice-presidente, junto com a nova diretoria para o quadriênio 2022-2025. Gomes sofreu um processo de impeachment e foi removido do cargo em janeiro de 2023.


História. Durante a Revolução de 1924 comandada pelo general Isidoro Dias Lopes, o presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), José Carlos de Macedo Soares permaneceu na cidade de São Paulo, que estava sendo bombardeada para proteger os bairros operários, as fábricas e os estabelecimentos comerciais. Com a derrota da resistência, Macedo Soares foi acusado de ter cooperado com a revolução e foi mandado para o exílio. A ACSP ficou enfraquecida sem o seu presidente.


Em 1928, um grupo de empresários da Associação Comercial de São Paulo, liderados por Jorge Street, Francisco Matarazzo e Roberto Simonsen fundaram o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo CIESP, uma associação privada que apoia e representa os interesses das Indústrias. Em 1931, Matarazzo, Simonsen, Street e um grupo de empresários fundaram a FIESP para pleitear pela competitividade das indústrias no Brasil, reivindicar para diminuir os custos de produção e conter a desindustrialização. Durante o governo Vargas, o CIESP e a FIESP permaneceram separados. Após a Segunda Guerra Mundial, as entidades voltaram a atuar juntas.


Após o Golpe Militar de 1964 a Federação foi desmobilizada, perdeu seu presidente Rafael Noschese (em 1966), desmontou seu departamento econômico e ficou incapaz de produzir documentos sobre a economia brasileira por oito anos.


Em 18 de agosto de 1997 foi agraciado como membro-honorário da Ordem Civil do Mérito Agrícola, Industrial e Comercial Classe Industrial de Portugal. Em 2002, a foi concedida a insígnia da Ordem do Mérito Militar pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.



Edifício sede da FIESP na avenida Paulista na Capital. Foto: Wilfredo Rafael Rodríguez Hernández


A FIESP possui 52 unidades representativas no estado de São Paulo. A federação reúne 133 sindicatos patronais e 130 mil indústrias, reunindo setores que, segundo o ex-presidente Skaf informou para o ano de 2008, compõem 42% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial do Brasil. Skaf foi eleito presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo FIESP, do do Serviço Social da Indústria SESI-SP, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SENAI-SP e do Instituto Roberto Simonsen IRS em 2004. Ele foi reeleito presidente das federações em 2007 e reeleito novamente em 2011.

 Possui também diversos comitês, departamentos e conselhos que representam diferentes setores industriais. Entre os comitês estão o Comitê de Jovens Empreendedores (CJE) da FIESP, que é um grupo formado por jovens empreendedores que participam de diversas atividades da federação, acompanhando reuniões dos conselhos superiores, departamentos e outros comitês. O CJE interage com diversas entidades para promover o empreendedorismo. O Comitê de Ação Cultural (Comcultura) da FIESP, que é um grupo que promove ações culturais de acesso à arte e à cultura junto à comunidade. O Comitê de Responsabilidade Social da FIESP (Cores), que é um grupo formado por profissionais de diversos setores que orientam sindicatos e indústrias na gestão de responsabilidade social, meio ambiente e direitos humanos.

A Câmara de Conciliação, Mediação e Arbitragem de São Paulo da FIESP, que atua na administração, conciliação, mediação de arbitragens de conflitos empresariais para que diminua o número de processos abertos nos tribunais do Brasil.

Sede. O edifício sede da FIESP é um dos principais marcos arquitetônicos da cidade, além de uma das principais atrações da Avenida Paulista, por conta do seu formato de pirâmide. O edifício tem 92 metros de altura e é um dos maiores da avenida. O edifício foi projetado pelo escritório de arquitetura Rino Levi, vencedor de um concurso em 1969, e inaugurado em 1979. Em 1998 o prédio foi reformulado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha para a criação de um centro cultural nos pisos do térreo.


Centro Cultural Ruth Cardoso. A FIESP financia e apoio culturalmente o Centro Cultural FIESP Ruth Cardoso, fundado em março de 1998 e cujo nome homenageia a antropóloga Ruth Cardoso. O espaço inclui o Teatro do SESI, a galeria de arte do SESI-SP e o Espaço Mezanino. O Centro Cultural apresenta espetáculos teatrais, exposições, shows, projeções de filmes e palestras. 


CENTRO DAS INDÚSTRIAS

Jornada de mais de 95 anos. O Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), entidade civil sem fins lucrativos, fundado em 1928, reúne empresas industriais e suas controladoras, e associações ligadas ao setor produtivo, bem como empresas que possuem por objeto atividades diretamente relacionadas aos interesses da Indústria.

Com sede na capital, o Ciesp também está presente no interior do Estado de São Paulo, por meio de suas 42 Diretorias Regionais, Municipais e Distritais, formando uma sólida estrutura a serviço de mais de 8 mil empresas associadas.

Suas ações são baseadas na preservação dos interesses gerais da Indústria e de seus associados.Mais de 95 anos trabalhando em defesa da indústria representando os interesses do setor no âmbito Municipal, Estadual e Federal. Atua em todos os segmentos, incentivando a produtividade e fomentando a geração de novos negócios.

Os associados ao Ciesp têm à disposição um conjunto de serviços, bem como assessoria nas áreas jurídico-consultiva e técnica, econômica, comércio exterior, infraestrutura, tecnologia industrial, responsabilidade social, desenvolvimento sustentável, crédito, e apoio em pesquisas, feiras, simpósios, rodadas de negócios, cursos, convênios e demais eventos promovidos pela entidade.


A EMBLEMÁTICA  VOTORANTIM



História. José Ermírio de Moraes, um engenheiro pernambucano formado pela Escola de Minas do Colorado, compra as ações e assume o controle da empresa de seu sogro, o imigrante português Antônio Pereira Inácio, que em 1918 havia adquirido uma fábrica de tecelagem localizada no bairro Votorantim em Sorocaba, São Paulo. É neste ponto que se inicia a história da companhia.

A Votorantim S/A (VSA) é uma multinacional brasileira de controle familiar, criada pelo engenheiro pernambucano José Ermírio de Moraes. Com presença global, atua hoje em 19 países com investimentos nos setores de mineração, cimento, energia, finanças, investimentos imobiliários e produção de suco de laranja concentrado, possui mais de 34 mil funcionários e registrou um lucro líquido de R$ 2 bilhões em 2018.

Em função da Grande Depressão, ocorrida alguns anos depois, José Ermírio passou a diversificar as frentes de negócios da empresa, que até então atuava somente no setor têxtil, e ingressou no setor químico através da aquisição da Companhia Nitro Química. Investiu também na produção de cimento e alumínio, fundando a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) e passou a atuar nos setores de energia, siderúrgico, papel e celulose, financeiro e suco de laranja. Com o seu falecimento em 1973, seu filho Antônio Ermírio de Moraes assumiu o controle da companhia, juntamente com seu irmão José Ermírio de Moraes Filho.

Em 2001, a investidora inicia seu processo de internacionalização através da compra da St. Marys Cement, no Canadá, dando início à Votorantim Cimentos North America.

Em 2003, a Votorantim cria um centro de documentação e pesquisa responsável pelo legado e preservação da história da empresa, que desenvolve um trabalho de catalogação e registro da história oral dos empregados. Contando com uma lista de empresas em seu portfólio, a Votorantim se torna a única holding brasileira de capital fechado a possuir classificação nas três mais importantes agências de rating: Moody’s (2007), Fitch Ratings (2006) e Standard & Poor’s (2005).

Em 2009, um estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet) classifica a gestora como uma das cinco multinacionais brasileiras com maiores ativos no exterior, somando US$ 7.8 bilhões.

Em 2016, 2017 e 2018, a Votorantim é mencionada nos rankings Melhores Empresas para Trabalhar e Melhores Empresas para Começar a Carreira, ambos organizados pela revista Você S/A. Também foi reconhecida em 2018 pela premiação das 150 melhores empresas para trabalhar, pela Great Place to Work (GPTW) com publicação na Época Negócios.

Governança Corporativa. O sistema de Governança Corporativa do Grupo começou nos anos 90 quando a 3ª geração de acionistas da família ficou responsável por criar um modelo de gestão de acordo com a competitividade industrial da época, mais agressivo e globalizado.

Com isso, a gestora passa a utilizar um formato de governança que assegurava o crescimento e o equilíbrio entre acionistas familiares e executivos da companhia. Esse modelo foi consolidado em 2001 e passou a ser exercido pelo Conselho de Administração da Hejoassu, empresa que opera o controle acionário da Votorantim.

A estrutura englobava o Conselho da Família, responsável pela interface entre os familiares e empresas do portfólio com o acompanhamento da sua educação, e o Conselho da Votorantim Participações, encarregado de definir estratégias e diretrizes da companhia como a validação do planejamento de todas as frentes de negócio.

Em função do seu modelo de governança, a Votorantim recebeu o reconhecimento internacional do Instituto suíço IMD Business School e do Lombard Oder Darier Hentsch Bank em 2005, sendo considerada a melhor empresa familiar do mundo e sendo a primeira companhia latino-americana a receber este reconhecimento.

Para seguir aprimorando seu sistema de gestão, foram criados, em 2013, novos Conselhos e Comitês de Supervisão para cada empresa do portfólio, liderados por conselheiros Votorantim Participações, executivos e representantes independentes.

Em janeiro de 2016, houve uma reestruturação societária das holdings em que a Votorantim Participações foi incorporada pela Votorantim Industrial, que passou a se chamar Votorantim S.A .

Segmentos de atuação. As empresas investidas da Votorantim S/A são:

Votorantim Cimentos. Fundada em 1936, através da fábrica Santa Helena, é primeira empresa da companhia. No início, produzia cimentos da marca Votoran e estava localizada em uma área industrial de Sorocaba (São Paulo). Em 2002 a Votorantim Cimentos expandiu a sua presença no mercado brasileiro com a aquisição da empresa Engemix, especializada em serviços de concretage. Dois anos mais tarde, a empresa Holcim, que atuava no mesmo segmento, foi incorporada à Engemix. Sendo três vezes destaque no prêmio “Melhores e Maiores” da revista Exame (2014, 2015 e 2016), a Votorantim Cimentos atua em 14 países e é a 7ª maior companhia do setor cimenteiro em capacidade instalada do mundo. Em 2017, liderou o ranking Transparência em Relatórios Corporativos, divulgado pela organização Transparência Internacional Brasil.
Acerbrag

Em 2017, a Votorantim firma um acordo com a ArcelorMittal pelo qual as operações de siderurgia da Votorantim no Brasil, controladas pela Votorantim Siderurgia, passam a ser subsidiárias da ArcelorMittal. Com isso, a Votorantim se torna acionista da empresa. A gestora continua a investir no setor siderúrgico por meio de sua empresa internacional: a AcerBrag. Em 2022, a Paz del Río foi vendida pelo grupo Trinity.

CBA. As atividades ligadas à produção de alumínio têm início com a construção da Companhia Brasileira de Alumínio, a CBA, inaugurada em 1955, localizada no interior de São Paulo.

Em função da alta demanda de energia das plantas de alumínio da companhia, a Votorantim inicia a construção de usinas hidrelétricas na bacia do Rio Juquiá (Vale do Ribeira/SP). Esse investimento cresce para formar o Complexo Juquiá que conta, ao todo, com sete usinas. Para assegurar o abastecimento contínuo de águas nas usinas dessa região, são adquiridos 31 mil hectares de Mata Atlântica nas áreas próximas de rios e nascentes, mantendo assim sua proteção. Em 2012, a área se transforma na Reserva Legado das Águas, embora a região seja conservada por mais de 50 anos pela Votorantim. Nos anos que seguem, a CBA conquista o Prêmio de Excelência da Indústria Minero-metalúrgica Brasileira, realizado pela revista Minérios y Minerales.

Nexa Resources. A Votorantim Metais (atual Nexa) é inaugurada em 1956 com a produção de zinco feita pela refinaria Três Marias, em Minas Gerais. Suas operações iniciam em 1969, com o uso do minério tratado em Vazante. 

Em 2004, a empresa aumenta a sua abrangência com a aquisição da refinaria Cajamarquilla, no Peru, e torna-se internacional. Um ano depois, compra participações da mineradora Milpo e, em 2010, assume o controle total da terceira maior produtora de zinco do Peru. Nos anos seguintes, amplia sua atuação para os Estados Unidos e Luxemburgo

Em 2005, a Votorantim Metais é classificada como uma das 10 maiores empresas de mineração do Brasil, segundo a “Melhores e Maiores” da Revista Exame e, em 2012, conquista o título de uma das “Melhores Empresas para se Trabalhar” no Brasil pela Você S/A. 

Em 2017, a empresa muda seu nome e torna-se Nexa Resources ao realizar a precificação da sua oferta pública de ações (IPO) nas Bolsas de Toronto e Nova York. Considerada uma das cinco maiores produtoras de zinco do mundo e a líder na América Latina, a Nexa Resources conta com um portfólio diversificado que inclui ainda: chumbo, prata, cobre, ouro, minérios, metais não-ferrosos e químicos. 

Citrosuco. A Votorantim inicia suas operações dentro do setor de suco de laranja concentrado em 1989 com a criação da Citrovita. Em 2010, essa empresa se funde à Citrosuco, do Grupo Fisher, e passa a adotar este nome, tornando-se a maior produtora mundial de suco de laranja concentrado.

Banco BV. O Banco BV foi fundado em 1988, como uma distribuidora de valores mobiliários (DTVM). Em 1991, se torna um banco múltiplo. Devido seu crescimento nos anos seguintes, é considerado uma das cinco instituições com maior grau de acerto em suas projeções de curto, médio e longo prazo. Em 2009, visando a expansão dos negócios e o reforço da competitividade do Banco, a Votorantim firma um acordo de parceria estratégica com o Banco do Brasil, dando direito ao equivalente de 50% do capital social total dele para o BB. O Banco BV conta com 5.052 funcionários e soma um total de ativos equivalente a R$ 108.028 milhões (2016).

Votorantim Energia. Criada em 1996, a Votorantim Energia é uma das maiores autoprodutoras de energia do setor privado. A primeira usina da companhia foi construída com o objetivo de suprir a necessidade energética. O grupo tem sob sua gestão 33 hidrelétricas.

Em 2018, a Votorantim Energia inaugura o Complexo Eólico Ventos do Piauí anunciando a entrada da empresa no investimento em energia eólica.

No dia 19 de outubro de 2018, o consórcio São Paulo Energia, formado entre as empresas Votorantim Energia e o Canada Pension Plan Investment Board (CPPIB), arrematou o controle acionário do governo paulista na CESP, pelo v alor de R$ 1,7 bilhão.Adicionalmente, o consórcio deveria pagar R$ 1,397 bilhão de outorga pela renovação antecipada da concessão da Usina Engenheiro Sérgio Motta (Porto Primavera), por 30 anos, até 2048. O contrato de concessão com o governo federal venceria em 2028.

Em 28 de março de 2022, a CESP foi incorporada pela VTRM Energia, joint venture da Votorantim Energia e do CPPIB, e a nova empresa resultante da fusão passou a se chamar Auren Energia.

Em 15 de maio de 2024, foi anunciada a compra da AES Brasil pela Auren. Com a incorporação dos ativos da AES Brasil, seria criada a terceira maior geradora do Brasil, com 8,8 GW de capacidade instalada. Será feita uma reorganização societária que converterá a AES em subsidiária integral da Auren e ocorrerá a unificação das bases acionárias da Auren e da AES Brasil.

Altre. Constituída no fim de 2020 como uma plataforma de investimentos imobiliários da Votorantim, a Altre avançou em diversas frentes no decorrer de seu primeiro ano completo de atuação — a começar pela estruturação da governança, com a nomeação de Diretor-Presidente e a instituição de seu Conselho de Administração, incluindo membros independentes. A Altre escolheu instalar-se na Vila Leopoldina, bairro da capital paulista onde, desde 2016, a empresa vem conduzindo um inovador projeto de ressignificação urbana sob o conceito de smart cities, que consiste em aliar desenvolvimento econômico a ganhos sociais.

O complexo instalado na região, que, em 2021, passou a ser denominado Spark e ganhou marca própria, agrega o espaço de entretenimento ARCA e o hub de inovação e tecnologia STATE — resultados de retrofits realizados em antigos galpões de propriedade da holding —, além do empreendimento Atlas Office Park, de escritórios corporativos.

Em 2021, grande parte dos eventos realizados na ARCA foram on-line, em razão da pandemia, mas também ocorreram alguns presenciais com destaque para o SP-Arte, Festival Internacional de Arte de São Paulo, que levou ao espaço cerca de 7 mil pessoas por dia, no decorrer de cinco dias. Com o arrefecimento da crise sanitária, a agenda de eventos para 2022 está disputada. Ao lado do STATE, foram concluídas obras de ampliação e retrofit de novos espaços de escritório. Parte deles já foram locados e abrigam a nova sede de uma grande empresa de móveis e decoração. No Atlas Office Park, onde está instalada a sede da Altre, o destaque foi a aquisição dos 50% de participação remanescente do capital do empreendimento, que agora passou a pertencer integralmente à Altre.

Na vertical de desenvolvimento de bairros planejados, a Altre conduziu movimentos relevantes no ano, como o lançamento da primeira fase do Vivalegro, um novo bairro no município de Votorantim, em São Paulo, que teve os 450 lotes da 1ª fase 100% vendidos. A iniciativa foi a largada para o fortalecimento da estratégia da Altre no desenvolvimento de ativos próprios. Ao mesmo tempo, a empresa vem conduzindo o licenciamento de bairro planejado no município de Paulista, em Pernambuco, com previsão para lançamento da primeira fase ainda em 2022.

Na pauta de novos investimentos, além da aquisição da participação recente do Atlas Office Park, a Altre adquiriu 60% da torre corporativa do empreendimento Alto das Nações, que será o edifício mais alto da capital paulista após a sua conclusão, prevista para 2025. Além disso, iniciou a prospecção de oportunidades de investimento imobiliários nos Estados Unidos.

Instituto Votorantim. Com o intuito de fazer a gestão do investimento social privado, nasceu o Instituto Votorantim em 2002. O Instituto é responsável por definir o foco de atuação das empresas e definir suas diretrizes na área de responsabilidade social. O trabalho desenvolvido é voltado para as comunidades dos municípios s em que as empresas investidas da Votorantim estão presentes, atuando em políticas socioambientais, educação e desenvolvimento local. O Instituto também atua em parceria com ONGs e monitora resultados dos trabalhos nas comunidades.

Em 2013 e 2015, o Instituto ganha o Prêmio Latino Americano de Desenvolvimento de Base, cujo objetivo é valorizar iniciativas comunitárias focadas no combate à pobreza na América Latina. Também em 2015, o Programa ReDes, desenvolvido pelo Instituto Votorantim e pelo BNDES, é reconhecido pelo PNUD como uma das iniciativas de inclusão social do Brasil.

Em 2016, o Instituto Votorantim executa 340 projetos entre iniciativas próprias e apoio a projetos locais, totalizando um investimento equivalente a R$ 108,50 milhões de reais. Motivado pela celebração de 100 anos da Votorantim, em 2018, o Instituto aumentou a abrangência do Parceria Votorantim pela Educação (PVE) para 103 municípios.

Legado das Águas. Entre 1920 e 1950, Antonio Ermírio de Morais, membro acionista da Votorantim, adquire 31 mil hectares de Mata Atlântica, a fim de garantir a proteção das nascentes e dos rios utilizados pelas usinas do Complexo Juquiá. Considerado a maior reserva de mata atlântica privada do Brasil, o Legado das Águas fica no Vale do Ribeira, sul do estado de São Paulo e abrange três municípios: Juquiá, Miracatu e Tapiraí. 

Até 2012, a Votorantim firma um acordo com o Governo do Estado de São Paulo para a implantação de uma reserva que oferece um legado positivo para a sociedade, desenvolvendo atividades de pesquisa, educação ambiental e turismo sustentável, além de possibilidades de negócio a partir dos recursos ambientais ali presentes. Com isso, a área adquirida entre as décadas de 20 e 50 transformam-se na Reserva Legado das Águas.

A BENEFICÊNCIA PORTUGUESA

A Real e Benemérita Associação Portuguesa de Beneficência , mais conhecida como BP, situada na cidade de São Paulo, no Brasil, é um dos maiores e mais avançados complexos hospitalares privados da América Latina.

Localizados no bairro Bela Vista, os hospitais da Beneficência contam com aproximadamente 7.500 colaboradores e 3.000 médicos, e atendem anualmente a cerca de 1,9 milhão de pacientes em mais de 50 especialidades médicas.


Hospital em fotografia de Guilherme Gaensly


História. A Beneficência Portuguesa foi criada por iniciativa dos pequenos comerciantes portugueses Luís Semeão Ferreira Viana e Joaquim Rodrigues Salazar, aos quais somou-se ainda Miguel Gonçalves dos Reis. A fundação oficial da organização benemérita realizou-se a 2 de outubro de 1859 numa reunião na residência do também português Aires Coelho da Silva Gameiro, mais tarde Barão da Silva Gameiro.
 Originalmente, a instituição destinava-se à ajuda mútua entre os sócios, membros da comunidade portuguesa de São Paulo. Os estatutos de 1859 especificavam que "Os Portugueses reunidos como membros d'esta Associação têm por objetivo contribuir com os meios pecuniários, e zelo munificiente para minorar os males que sobrevierem a qualquer dos associados."

Silva Gameiro foi o primeiro presidente da instituição, que inicialmente contava com 118 sócios. Em 1864 os associados eram já 290 pessoas, e começaram os preparativos para a construção de uma sede própria. Finalmente, em 1873, foi lançada a primeira pedra do Hospital São Joaquim, erguido na rua Alegre (hoje Brigadeiro Tobias). A inauguração foi realizada em 1876 e durante sessenta anos esse foi o único edifício da Beneficência.

Na década de 1950, já sob a presidência de José Ermírio de Moraes, foi construído na rua Maestro Cardim o primeiro edifício do novo complexo do Hospital São Joaquim, inaugurado a 16 de junho de 1957. Entre 1971 e 2008 a Beneficência foi presidida por Antônio Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim. Atualmente é dirigida por Rubens Ermírio de Moraes.

Hospitais. A Beneficência Portuguesa possui três hospitais, dois deles estão localizados nos nobres bairros: Bela Vista e Paraíso (bairro de São Paulo). Hospital de São Joaquim: possui um total de cinco edifícios e uma área total de 143 mil m². Atende anualmente a 300 mil pacientes, 60% dos quais através do Sistema Único de Saúde (SUS). Hospital de São José: inaugurado em 2007 e com uma área total de 23 mil m², foi projetado para ser referência em oncologia, cardiologia, ortopedia e neurologia.

A Beneficência Portuguesa de São Paulo possui um total de 1.080 leitos, 233 destinados a UTI, 52 salas de cirurgia, além de setores de diagnóstico e ambulatório. Em 2010, realizaram-se 34 mil cirurgias e mais de 4 milhões de exames. Também é considerada um centro de referência em transplantes. Entre 1973 e 2010, foram realizados 4.050 transplantes de coração, fígado, medula, rim, pulmão, entre outros.

Homenagens. A denominação "Real e Benemérita" foi outorgada por El-Rei Dom Carlos I de Portugal em 22 de novembro de 1900. A 1 de Maio de 1947 foi feita Comendadora da Ordem de Benemerência e a 17 de Setembro de 1954 Comendadora da Ordem Militar de Cristo, tendo sido elevada a Grã-Cruz da Ordem de Benemerência a 12 de Outubro de 1959 de Portugal.

Em maio de 2008, Antônio Ermírio de Moraes, presidente da Beneficência, recebeu das mãos do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a Medalha de Mérito Oswaldo Cruz, pelo atendimento realizado pela Instituição para o Sistema Único de Saúde (SUS). Em agosto do mesmo ano, a Instituição foi homenageada por sua atuação no terceiro setor, com relevantes serviços prestados à população carente, no 11º Seminário CIEE/Gazeta Mercantil do Terceiro Setor.

Sua denominação anterior era Real e Benemérita Sociedade Portuguesa de Beneficência, que teve de ser modificada em virtude do surgimento do novo Código Civil Brasileiro, em vigor desde janeiro de 2003, que exigia que dentro de um ano as entidades beneficentes adequassem seus estatutos às novas disposições. Naquela ocasião verificou-se a necessidade de mudar de "Sociedade" para "Associação" por ser uma instituição totalmente sem fins lucrativos.


ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES


Foto: Saúde Business/ Informa Markets

Antônio Ermírio de Moraes  (São Paulo, 4 de junho de 1928 — São Paulo, 24 de agosto de 2014) foi um escritor, empresário, engenheiro e industrial brasileiro. Foi presidente e membro do conselho de administração do Grupo Votorantim. Filho do engenheiro pernambucano José Ermírio de Moraes, assumiu controle acionário do Grupo Votorantim, comprando as ações de uma empresa de tecelagem localizada na cidade homônima, no estado de São Paulo, que pertencia ao seu sogro, avô de Antônio Ermírio, o imigrante português António Pereira Inácio, e diversificando o negócio. Sua mãe, Helena Rodrigues Pereira, natural de Boituva, teve quatro filhos com José Ermírio, dos quais Antônio Ermírio foi o segundo.

Antonio Ermírio nasceu sem um rim e isso o ajudou a lutar toda a vida. Após se formar no Colégio Rio Branco, tradicional escola da cidade de São Paulo, formou-se em engenharia metalúrgica em 1949 pela Colorado School of Mines, mesma universidade que seu pai, José Ermírio, estudou. Casou em 1953 com Maria Regina.

Na década de 1950, sua família foi tachada de louca por querer concorrer com os grandes produtores de alumínio, como Alcan, Alcoa e Vale, fundou a Companhia Brasileira de Alumínio. A empresa iniciou suas operações em 1955 produzindo apenas 4 mil toneladas e completou seu cinquentenário com 400 mil toneladas.

Em 1956, teve de contrair empréstimos que equivaliam a 16 meses de faturamento, na mesma época sofreu um acidente ao visitar a unidade e, queimado por soda cáustica, ficou um mês de cama - esta experiência ajudou a sedimentar em sua obsessão por conduzir o Grupo Votorantim da forma mais conservadora possível, evitando contrair dívidas.

Após assumir o grupo, Antônio Ermírio transformou-o em uma multinacional, com a aquisição de uma fábrica de cimento Cimenteira St. Mary´s no Canadá. Expandiu o Grupo Votorantim, com mais de 60 mil funcionários, atua nas áreas de cimento, celulose, papel, alumínio, zinco, níquel, aços longos, filmes de polipropileno biorientado, especialidades químicas e suco de laranja.

Apesar de o grupo Votorantim possuir um Banco, Ermírio foi um crítico do sistema financeiro e da especulação financeira:

Se eu não acreditasse no Brasil, seria banqueiro.

Quando o Banco foi criado não se conformava com o fato dele, ocupando somente um andar e empregando poucos funcionários, ser mais lucrativo do que sua Companhia Brasileira de Alumínio. Em relação ao banco Ermírio costumava brincar que a instituição só foi criada "para não pagar os juros cobrados pelo mercado e estabelecidos pelo Banco Central".

Ao mesmo tempo que lida com matérias-primas, Ermírio deu o aval para a criação da Votorantim Ventures, a caçula das empresas do grupo criada há quase quatro anos. A Ventures é um fundo de investimento com trezentos milhões de dólares para investir em áreas tão diversas como biotecnologia, bioinformática, distribuição de MRO, serviços de datacenter e de call center, comércio eletrônico e biodiversidade.

Assim como o pai, ingressou na política, lançando-se à candidatura a governador nas eleições estaduais em São Paulo em 1986 pela União Liberal Trabalhista Social (PTB, PL e PSC), ficando em segundo lugar, perdendo para Orestes Quércia, do PMDB, em uma época em que não havia segundo turno). Durante esta experiência ficou chocado com as manobras políticas e fisiológicas, todos que o abordavam pediam cargos para poder ficar sem trabalhar.

***
Paródias da campanha política das eleições para governado em 1986:

"Orestes fala, Maluf faz...
Ermírio xinga, Maluf faz
Maluf faz, faz, faz, faz...
A gente andar pra trás faz, faz, faz..."

" Eu toco violão (boneco do Quércia, que tinha aparecido na TV tocando violão clássico)
Eu toco piano (boneco do Maluf, sugerindo que o candidato tinha ficha suja na polícia)
Eu toco o pau na cabeça na cabeça dos meus empregados (sugerindo Ermírio com o mau patrão e represssor das greves)"


HOMEM DE TEATRO

Foi a frustração com a política que levou Antônio Ermírio a escrever peças teatrais, dizia que "a política é o maior de todos os teatros". É autor de três peças de teatro, duas já lançadas no circuito paulistano: Brasil S.A., Acorda Brasil e S.O.S Brasil. Todas as peças acabaram virando livro, a peça "Acorda Brasil" foi vista por 26 mil pessoas. Também escreveu para a Folha de S. Paulo uma coluna dominical durante 17 anos. O empresário sempre dedicou parte de seu tempo à Sociedade Beneficência Portuguesa de São Paulo, uma hora e meia todo dia. Também se dedicou à Associação Cruz Verde de São Paulo, à Fundação Antônio Prudente, entre outras organizações não governamentais.

Em 2001 deixou a presidência do conselho de administração do Grupo Votorantim e entregou o comando do conglomerado aos filhos e sobrinhos. Trabalhador incansável, uma combinação de doenças afetaram sua mente e seus movimentos, imobilizando-o numa cama, levando-o a sofrer de hidrocefalia e mal de Alzheimer.

Resultados e homenagens. A fortuna pessoal do empresário quando faleceu foi estimada em US$ 12,7 bilhões, segundo Forbes em 2014, o que o torna uma das pessoas mais ricas do mundo

Pela intensa atividade social e pela trajetória empresarial ascendente, o empresário é um ícone da classe empresarial industrial. O currículo exibe ainda o Prêmio Eminente Engenheiro do Ano, mérito reconhecido em 1979. Em 2003 recebeu a Medalha do Conhecimento do Governo Federal.

Sua família ganhou o destaque do Prêmio Octavio Frias de Oliveira, tanto pela administração do Hospital Beneficência Portuguesa há mais de 50 anos, quanto pela participação no conselho curador e da rede voluntária do Hospital A.C. Camargo e a atuação e ser uma das maiores doadoras da Associação de Assistência à Criança Deficiente

Em 1972, Moraes foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique, de Portugal. Em 1979, foi admitido à Ordem do Mérito no grau de Grande-Oficial, sendo promovido em março de 1996 ao seu último grau, a Grã-Cruz. Em outubro do mesmo ano, no Brasil, foi admitido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso à Ordem do Mérito Militar no grau de Comendador especial
Participou com relevantes serviços em projetos humanitários como Associado do Rotary Club de São Paulo.

Corinthians. Sempre citado pelo clube, e também por alvinegros em geral como um dos torcedores mais ilustres, Antônio Ermírio de Moraes era conselheiro vitalício do Sport Club Corinthians Paulista.

Vida e Morte. Antônio Ermírio morreu na noite de 9 de agosto de 2014, em São Paulo, aos 86 anos, em decorrência de insuficiência cardíaca. O mesmo dia do falecimento de Getúlio Vargas (em 1954). Teve 9 filhos, entre eles Regina de Moraes, presidente da ONG Velho Amigo. Seu filho Carlos Ermírio de Moraes faleceu em 18 de agosto de 2011 após lutar durante 4 anos contra um câncer.


CENA DA MADRUGADA PAULISTANA
A CARAVAN BEGE DO HOMEM MAIS RICO DO BRASIL. 


 Indo trabalhar em 1987, em dia comum da semana, às 5 horas da manhã, vi   pela janela do ônibus que peguei na Raposo Tavares (no Bonfiglioli), uma cena curiosa. 

Ainda estava escuro. O ônibus da CMTC estava quase vazio. Estacionou num farol dos cruzamentos das avenidas Eusébio Matoso, Francisco Morato e Vital Brasil,

Da janela reparei quando parou ao lado uma Caravan-Chevrolet de cor bege, com vidros abertos. O motorista usava camisa de mangas curtas e descansava o braço esquerdo na porta do carro. 

Era Antônio Ermírio de Moraes. 

Sozinho, arrumava cabelo desgrenhado, passando rapidamente as mãos no rosto para espantar o sono. Incrível, pensei comigo: o que esse homem, rico desse jeito, está fazendo na rua a essa hora da madrugada... 

E seguiu, como nós, na direção da avenida Rebouças até a avenida Paulista, quando o perdi de vista. 

Um tempo depois, vendo uma entrevista num programa de TV (Acho foi o Bom dia São Paulo, da Globo), entendi a misteriosa e impressionante cena do cruzamento naquela manhã. 

Questionado sobre suas atividades rotineira de trabalho, Ermírio explicou que acordava muito cedo porque, antes de ir para os escritórios da Votorantim, dava plantão diário no Hospital da Beneficência Portuguesa. 

Contou que chegava cedo, para poder ter contato mais próximo com os funcionários durante a troca de turno. Fazia questão de conversar com todos que podia. Começava pelos vigilantes do estacionamento. 

Era um hábito que certamente ficou marcado na vida de cada um deles e que acrescentou muito no seu repertório pessoal, de empresário e também nos conteúdos de suas peças teatrais”. (Dalmo Duque)


O NECROLÓGIO DA "SAÚDE BUSINESS"

O presidente de honra do grupo Votorantim faleceu em casa, em São Paulo, por insuficiência cardíaca. Em maio de 2013, o empresário tinha sito afastado do comando do Grupo por problemas com Alzheimer.

Conhecido por seu conceito de gestão diferenciado, o empresário era filho de José Ermírio de Moraes, fundador do grupo que presidia. Começou sua carreira na empresa em 1949 e, em 1955 foi o responsável pela instalação da Companhia Brasileira de Alumínio. Em 2013, entrou na lista de bilionários da Forbes, com uma fortuna avaliada em 12,7 bilhões de dólares.

Antônio Ermírio de Moraes também teve atuação de destaque na área da saúde. Ele presidiu, por 40 anos, a diretoria administrativa do Hospital Beneficência Portuguesa, embora pouco falasse sobre o assunto.

O conceito de gestão de Antônio era, como o de seu pai, voltado ao nacionalismo. Porém, o empresário era mais irônico, polêmico e ácido do que seu patriarca, além de defender fortemente o regime democrático.

O empresário teve suas ideias contrárias ao governo ditatorial apoiadas no final da década de 1970, por empreendedores que concordavam com seu conceito de gestão e se reuniam no Fórum dos Líderes da Gazeta Mercantil. Em 1980, ao bater de frente com os ideais econômicos do governo Figueiredo, com o comando de Delfim Netto, ganhou o apelido de ”herói da resistência”. Antônio chegou a fechar por alguns dias a Siderúrgica de Santo Amaro, como protesto.

Outro ponto importante de seu conceito de gestão era seu discurso contra o capital externo. Para Antônio, as empresas estrangeiras eram ”parasitas”. O empresário também condenava os empreendedores que dependiam de multinacionais para crescerem.

A seguir, citaremos sete frases de Antônio Ermírio de Moraes sobre o empreendedorismo, o capital externo e o seu conceito de gestão:

“Estabeleçam-se, lutem com honestidade e não pensem na chamada economia de escala. E, quando alguma multinacional os procurar, resistam”.

(Em um discurso para empresários, em 1977)

“Se aproveitam de todas as facilidades que o governo brasileiro oferece, de mão de obra barata que encontram aqui, sugam o que podem e nada fica no Brasil”.

(Sobre as empresas estrangeiras, em 1977)

“Aceito muitas coisas, mas não posso me sujeitar a acatar lições de moral do Delfim e muito menos ainda de um moleque como o Viacava: o governo manda e desmanda na política econômica, mas nas minhas empresas quem manda sou eu. A siderúrgica foi desativada por um capricho meu, porque fui atingido no que tenho de mais caro: o meu caráter e o meu nome, jogados na lama pelo governo”.

(Sobre o fechamento da Siderúrgica de Santo André, em 1980)

“O empreendedor deve estudar muito, preparar-se enquanto for jovem, e depois trabalhar pensando no Brasil, com amor à terra. Se tivermos gente pensando no Brasil, como tem que pensar, este país será um dos grandes países do mundo.”

(Em entrevista à revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios)

“Trabalhamos com capital próprio e não temos grandes dívidas nem em real nem em dólar. Quem arrisca seu próprio capital acaba sendo forçado a ser mais eficiente”

(Em entrevista à revista IstoÉ)

“Há firmas estrangeiras que têm lavras imensas aqui no Brasil e que jamais mineraram, em tempo algum. Estão sentadas nessas lavras há dez, 15 anos e nada ocorre. Uma multinacional aqui, a 150 quilômetros de Brasília, tem a maior reserva de níquel do Brasil e ninguém fala nada”

(Em declaração aos constituintes da Subcomissão de Princípios Gerais, Intervenção do Estado, Regime da Propriedade do Subsolo e da Atividade Econômica, em 1987)

“O Brasil tornou-se um gigante de pés de barro. Na hora em que os credores fecharam a caixa, nós entramos numa crise sem tamanho”

(Sobre a dívida externa em entrevista para O Globo, em 1983)

 

O COLÉGIO RIO BRANCO

Edifício Rotary. Fotografia do Colégio Rio Branco. Rosana Maria Machado Marques 

Conhecida Escola  particular da cidade de São Paulo, o Colégio Rio Branco tem como finalidade maior formar as crianças desde a educação infantil até o ensino médio. Com mais de 70 anos de história, é considerado um dos mais tradicionais colégios da cidade de São Paulo. O colégio faz parte do Programa de Escolas Associadas da UNESCO, que o qualifica para partilhar práticas educacionais com instituições de todas as partes do mundo, por meio de projetos inovadores nas áreas de Ciência e Cultura.

Instalado em duas unidades, uma no bairro de Higienópolis, em São Paulo, com mais de 15.000m² de área construída, e outra na Granja Viana, município de Cotia, com área total de 80.000m² e 23.000m² de área construída. O colégio foi fundado por Savério Cristóforo, professor de um curso preparatório ao exame de admissão. Com o tempo, o curso se expandiu e precisou aumentar o espaço físico, mudando para outro local, e passou a chamar-se Instituto Rio Branco. Em 1926 foi trocado o nome para Liceu Nacional Rio Branco, passando por nova ampliação de suas instalações. Falecendo o professor Savério, em 1945, o Liceu foi comprado por dr. Antônio Sampaio Dória, mas acabou encerrando suas atividades logo no primeiro semestre.

José Ermírio de Moraes, que foi senador da República por Pernambuco em 1963, vendo que a escola tinha um valor institucional, adquiriu o Liceu em 1945, e deu-lhe o nome de Colégio Rio Branco. Em 1946, o colégio foi doado à Fundação de Rotarianos de São Paulo. Nessa época localizava-se na Rua Doutor Vila Nova, onde atualmente é o Tribunal de Justiça da Polícia Militar; posteriormente, nos anos 60, transferiu-se para o atual prédio da unidade Higienópolis, o Edifício Rotary (Rotary International).

O Teatro Rio Branco revelou atores como Antonio Fagundes, Dan Stulbach e Odilon Wagner.

Outras pessoas notórias que também estudaram na instituição incluem o locutor e narrador esportivo Galvão Bueno, o piloto de Fórmula 1 Ayrton Senna, o humorista e apresentador Carlos Alberto de Nóbrega, o zoólogo e compositor Paulo Vanzolini e o prefeito e ex-goverandor João Doria.





Embarcações fluviais no rio Paraná, divisa entre São Paulo e Mato Grosso (Atual Mato Grosso do Sul)





Porto Tibiriçá (abaixo)   e  Presidente Epitácio (acima) . Confluência entre os rios Paraná e Rio Pardo antes da formação do lago da Usina de Porto Primavera. Ao centro a ilha Tibiriçá (hoje inundada) e sobre ela a ponte que liga São Paulo e Mato Grosso do Sul. Liga também as rodovias Manoel da Costa Lima (MS) e Raposo Tavares (SP). Acima e antes da curva do rio Paraná, a Vila e o antigo Distrito Federal do Porto Tibiriçá, fundado em 1907 e incorporado ao governo federal durante a II Guerra Mundial. Mais acima o porto e cidade de Presidente Epitácio, fundada na década de 1924 com a chegado dos trilhos da E.F. Sorocabana.


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A ERA DAS RODOVIAS E O PORTO DAS INDÚSTRIAS



Caminho do Mar em 1920. 

A Rodovia Caminho do Mar (SP-148), também conhecida como Estrada Velha de Santos, é uma rodovia brasileira que liga o litoral do estado de São Paulo (Santos-Cubatão) ao planalto paulista (São Paulo, via Região do Grande ABC). Desde 1985 fechada para automóveis de passeio particulares,[1] só pode ser percorrida por visitantes a pé, veículos de manutenção e micro-ônibus da Fundação Patrimônio Histórico da Energia de São Paulo, administradora do Polo Ecoturístico Caminhos do Mar, abrangendo a própria rodovia, a Calçada do Lorena e outros monumentos, como Pouso de Paranapiacaba, Belvedere Circular, Rancho da Maioridade, Padrão do Lorena, dentre outros. A chamada Trilha dos Tupiniquins, também denominada Caminho de Paranapiacaba ou Caminho de Piaçaguera, foi a mais antiga e principal ligação entre o litoral (Baixada Santista) e a vila de São Paulo de Piratininga durante o período colonial. Iniciava-se na vila de São Vicente, atravessava uma área alagada (hoje Cubatão) e prosseguia Serra do Mar acima, até as nascentes do Rio Tamanduateí (no atual município de Mauá) e, daí, ao Córrego Anhangabaú, na aldeia do índio Tibiriçá, em Piratininga (atual Pátio do Colégio, no centro histórico de São Paulo). A escarpa da Serra do Mar entre a Baixada Santista e o planalto paulista foi transposta por distintos caminhos indígenas e posteriormente, na sequência, pela Calçada do Lorena, Estrada da Maioridade/Vergueiro/Caminho do Mar, Anchieta e Imigrantes. Com a crescente expansão dos parques industriais de São Paulo, o ABC e Cubatão, em 1947 foi inaugurada a primeira pista da Via Anchieta; em 1953, a segunda; em 1976, foi inaugurada a pista Norte da Rodovia dos Imigrantes; e, em 2002, a pista Sul. O fluxo de veículos pela Via Anchieta era mais eficiente do que pelo Caminho do Mar. Logo, a estrada passou a ser subutilizada, assim ficando por várias décadas. No período 1992-2004, a estrada foi fechada e reformada, tornando-se, atualmente, o Polo Ecoturístico Caminhos do Mar, que é formado pela estrada Caminho do Mar e por um trecho da Calçada do Lorena. [Textos e imagens da Wikipedia]



Trechos da Estrada Velha  nos anos 1950. 

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Via Anchieta em cartão postal dos anos 1960


Construção das marginais da Via Anchieta próximo ao município de São Paulo nos anos 1970. 


A Rodovia Anchieta ou anteriormente Via Anchieta(SP-150) faz a ligação entre a capital paulista, São Paulo e a Baixada Santista onde fica o Porto de Santos, passando pelo ABC Paulista. É uma das vias de maior movimentação de pessoas e de mercadorias de todo o Brasil, bem como a Rodovia dos Imigrantes, que constitui o mesmo sistema da Via Anchieta, o Sistema Anchieta-Imigrantes. Faz parte do sistema BR-050, que liga Brasília a Santos, passando pelo estado de Minas Gerais. A rodovia é o maior corredor de exportação da América Latina. Essa rodovia foi autorizada em lei em 4 de janeiro de 1929 pelo presidente de São Paulo Júlio Prestes, foi iniciada em 1939 pelo interventor Adhemar Pereira de Barros e por ele concluída, quando governador do estado, em 1947. Na Rodovia Anchieta está situada a matriz brasileira da Volkswagen, vista ao lado direito da imagem
Durante o período do Estado Novo, sob o governo do então presidente da República Getúlio Vargas, o projeto de construção de custos altíssimos levou o governo a considerar a obra desnecessária. Foi inaugurada em duas etapas: a pista norte em 1947 e a pista sul em 1953. A rodovia é considerada uma obra-prima da engenharia brasileira da época, dada a arrojada transposição da Serra do Mar por meio de túneis e viadutos. Em 1969, uma decisão do governo do estado de São Paulo concedia à Dersa, empresa estatal, o direito de explorar o uso da rodovia. Em 1972 são instalados os primeiros pedágios, ainda no trecho de São Bernardo do Campo. Em 29 de maio de 1998 a rodovia foi privatizada pelo então governador Mário Covas juntamente com a Rodovia dos Imigrantes através de uma licitação em que a empresa Ecovias, formada por um consórcio de empresas privadas, recebeu a concessão por um período de 20 anos para a operação e manutenção de todo o Sistema Anchieta-Imigrantes. [Textos e imagens da Wikipedia]



Trecho da Vida Anchieta na Serra do Mar nos anos 1950. 


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Rodovia dos ImigrantesEm 23 de janeiro de 1974 foi lançada a pedra fundamental da rodovia que seria inaugurada com sua primeira pista no trecho de serra, a ascendente. Durante a construção desta pista, os engenheiros perceberam vários problemas que inviabilizavam o projeto inicial de três pistas paralelas: a proximidade com as encostas havia criado problemas de deslizamentos de terra, com altos custos de obras de contenção e de pequenos túneis, e de que a geografia das outras duas pistas seria ainda mais complicada. Em 1974, surge a ideia de construir as pistas descendente e reversível como superpostas, basicamente com a pista reversível sendo construída em cima da pista descendente. As duas pistas contariam com túneis mais longos (seriam 5.438 metros de túneis, com o maior deles tendo 3.200 metros de extensão). A ideia logo seria abandonada porque se constataria que pistas colaterais permitiriam uma diminuição dos custos, aumento da segurança operacional ao permitir a ligação das duas pistas. Com sérias limitações orçamentárias, o DERSA deixa os projetos tanto da pista reversível quanto da pista descendente de lado. A pista ascendente passa a ser operada de forma reversível, com o sentido sendo revertido de acordo com as demandas de tráfego. A construção da pista ascendente, inaugurada em 28 de junho de 1976, teria usado cem engenheiros e treze mil operários.
[Textos e imagens da Wikipedia]





A Rodovia Presidente Dutra (anteriormente, Via Dutra) (BR-116, também chamada de SP-60 no estado de São Paulo), conhecida coloquialmente como Via Dutra, é uma rodovia que faz a ligação entre as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, no Brasil. Possui uma extensão total de 402 quilômetros, iniciando-se no Trevo das Margaridas, no acesso à Avenida Brasil, no Rio de Janeiro e terminando na Ponte Presidente Dutra, no acesso à Marginal Tietê, em São Paulo.[Textos e imagens da Wikipedia]

Rodovia Presidente Dutra em Guarulhos na década de 1970. Arquivo Histórico Guarulhos.




A Rodovia Fernão Dias  é a denominação que a BR-381 recebe no trecho entre duas regiões metropolitanas brasileiras: a Grande São Paulo e a Grande Belo Horizonte. Em 1959, foi inaugurada pelo presidente Juscelino Kubitschek a ligação Belo Horizonte-Pouso Alegre quando ainda estava inacabada a obra. Contudo, apenas em 1961 a rodovia havia sido totalmente concluída, com a finalização das obras no trecho paulista.[Textos e imagens da Wikipedia]

Trecho da Rodovia Régis Bittencourt em Cajati, São Paulo.



Rodovia Régis Bittencourt  é o nome que recebe o trecho da BR-116 entre São Paulo e a divisa entre o Paraná e Santa Catarina, no limite entre Rio Negro e Mafra. O engenheiro civil Edmundo Régis Bittencourt teve participação ativa na gestão do DNER nos anos 50 e se empenhou na construção da rodovia São Paulo-Paraná, que atualmente leva seu nome. Ela foi inaugurada, com a denominação de BR-2, por Juscelino Kubitschek de Oliveira, no começo de 1961. No estado de São Paulo é denominada SP-230. A Rodovia Régis Bittencourt é um trecho da BR-116 que liga os municípios de Taboão da Serra e Curitiba, no Paraná. É considerada uma das rodovias mais perigosas do Brasil, devido ao alto número de acidentes. Também lidera o número de acidentes ambientais no estado de São Paulo .

Duplicação. A Régis Bittencourt foi, em sua maior parte, duplicada por volta do ano 2000. No entanto, havia um trecho em pista simples, com 19 km de extensão, na região serrana entre Miracatu e Juquitiba , chamada Serra do Cafezal , no estado de São Paulo. Neste trecho, o tráfego intenso de veículos de carga pesada (correspondendo a até 60% do total), a topografia acidentada e a má conservação, vêm causando congestionamentos crescentes e acidentes fatais, sendo uma das rodovias com maior índice de acidentes com vítimas fatais.


A Rodovia Anhanguera liga São Paulo com a região nordeste do estado, passando por importantes cidades industriais e a uma das mais produtivas áreas agrícolas. É uma das mais importantes rodovias do Brasil e uma das mais movimentadas, com o trecho de maior tráfego entre São Paulo e Campinas, o primeiro a ser construído. É duplicada, contendo trechos com faixas adicionais e pistas marginais. Têm um tráfego pesado, especialmente de caminhões. É considerada, juntamente com a Rodovia dos Bandeirantes e Rodovia Washington Luís, o maior corredor financeiro do país, pois interliga algumas das regiões metropolitanas do estado como São Paulo, Jundiaí, Campinas e Ribeirão Preto, assim como o Aglomerado Urbano de Franca e a Região Administrativa Central.[Textos e imagens da Wikipedia]

A rodovia Anhanguera em 1955 na altura do município de Jundiaí



A Rodovia dos Bandeirantes faz a ligação entre importantes municípios paulistas como São Paulo, Caieiras, Cajamar, Franco da Rocha Jundiaí, Itupeva, Valinhos, Campinas, Hortolândia, Sumaré, Santa Bárbara d'Oeste, Limeira e Cordeirópolis. [Textos e imagens da Wikipedia]


A Rodovia Washington Luís  é uma rodovia radial do estado de São Paulo, sendo o maior e principal trecho da SP-310. Faz a ligação de São Paulo aos municípios de Rio Claro, São Carlos, Araraquara, Matão, Catanduva e São José do Rio Preto, dentre outros.[Textos e imagens da Wikipedia]

A Rodovia Presidente Castelo Branco (SP-280), também denominada BR-374 e originalmente chamada de Rodovia do Oeste) é a principal ligação entre a Região Metropolitana de São Paulo e o Centro-Oeste Paulista, iniciando-se no Complexo Viário Heróis de 1932, conhecido popularmente como "Cebolão", no acesso às vias marginais Tietê e Pinheiros, em São Paulo, com término no entroncamento com a SP-225, entre Espirito Santo do Turvo e Santa Cruz do Rio Pardo.



Trecho da rodovia Castelo Barnco ainda em construção no final dos anos 1960. 


Os primeiros estudos para a construção da rodovia datam de 1953, e, de acordo com o DER-SP, o projeto é de 1961. Destinada a ser a primeira autoestrada brasileira, sua construção teve início em 1963, pelo governador Adhemar Pereira de Barros, e o primeiro trecho, entre São Paulo e Torre de Pedra, foi entregue ao trânsito em 10 de novembro de 1968 pelo então governador Roberto de Abreu Sodré. Adhemar foi criticado na época porque estaria fazendo uma obra cara e desnecessária.

Segundo o jornal Diário Popular, em 1965, a estrada ofereceria "características técnicas somente encontradas nas mais recentes rodovias dos Estados Unidos e Europa Ocidental", como pistas com 10,5 metros de largura, com três faixas cada, canteiro central largo, faixas de acostamento amplas, curvas suaves, rampas com baixa inclinação e acessos sem cruzamento às cidades diretamente servidas pela rodovia. Porém, como o anel viário da Capital, que incluía as avenidas marginais Tietê e Pinheiros (em cuja confluência a rodovia teria início), não estava pronto ou mesmo com previsão de entrega, o jornal Diário da Noite criticou: "Nem mesmo para articulação com a imperial Rodovia do Oeste, o Palácio dos Bandeirantes encontrou ainda solução adequada e rasgou, através de morros e baixadas, a larguíssima estrada tendo início num ponto mais abstrato do que real, de coordenação com um segundo anel rodoviário a ser construído, não se sabe ainda quando.

Teve como primeiro nome Auto Estrada do Oeste e foi popularmente conhecida como Rodovia do Oeste. O nome oficial foi estabelecido pelo decreto número 48 275, de 1967, e constituiu-se em uma homenagem do governador Abreu Sodré ao ex-presidente Humberto de Alencar Castelo Branco. Por vezes o nome da rodovia é escrito com duas letras L, todavia o acordo ortográfico vigente é claro quanto à ortografia de nomes de pessoas falecidas e da toponimização desses antropônimos, que devem sempre respeitar as normas vigentes. A filha do militar, Antonieta, descerrou a placa alusiva à inauguração, discursando: "Este monumento evoca os governadores que tornaram possível esta obra."[4] Segundo ela, esses governadores seriam Carvalho Pinto ("que idealizou"), Ademar de Barros ("que iniciou") e Abreu Sodré ("que concluiu"). Mais informações: Wikipedia. 


Trecho da então quase deserta Rodovia Castelo Branco em dezembro de 1968. Liga SP ao interior com pista separadas até a metade do estado. Depois interliga-se com a Raposo Tavares, mais antiga e estreita.



Trecho inicial da Rodovia Raposo Tavares no Butantã.  Anteriormente Via Raposo Tavares e também denominada SP–270, é uma rodovia do estado de São Paulo. Inicia-se no final da Rua Reação, no distrito do Butantã, zona oeste da cidade de São Paulo e termina na divisa de estado com o Mato Grosso do Sul, no município de Presidente Epitácio.

EXTREMO OESTE  PAULISTA - ALTA SOROCABANA. Trecho da rodovia Raposo Tavares, entre os Km 400 e 600, cruzando a cidade de Assis na direção de Presidente Prudente, Bernardes, Santo Anastácio, Piquerubi, Presidente Venceslau, Caiuá e finalmente Presidente Epitácio, na divisa com Mato Grosso do Sul.  



Rodovia dos Tamoios (SP-99) é uma rodovia do estado de São Paulo, Brasil. Faz a ligação entre São José dos Campos, no planalto, e Caraguatatuba, na planície. É a principal ligação entre o Vale do Paraíba o Litoral Norte do estado de São Paulo. Em 2015, o maior trecho da rodovia passou a ser administrado pela Concessionária Tamoios, do Grupo Queiroz Galvão S/A. O Coronel Edgard Pereira Armond da então Força Pública de São Paulo e o engenheiro João Fonseca de Camargo e Silva, do DER foram os grandes responsáveis pela abertura e construção da antiga estrada. Em dezembro de 1931, em férias, o Coronel Armond embarcou em Santos no vapor Iraty com destino a São Sebastião. A bordo conheceu o ex-deputado estadual Manuel Hipólito do Rego, natural daquela cidade e, juntos conversaram sobre o estado decadente da região e da necessidade de comunicações terrestres com o planalto, pois o litoral norte estava abandonado.[Textos e imagens da Wikipedia]

Rodoanel Governador Mário Covas (SP-21), também conhecido simplesmente como Rodoanel, é um anel rodoviário de 176 quilômetros de extensão que circunda a região central da Grande São Paulo. Construído ao longo de duas décadas (com a conclusão da última etapa prevista para 2025), o Rodoanel conecta todas as 10 rodovias estaduais ou federais que passam pela Grande São Paulo, criando rotas alternativas que evitam, por exemplo, que caminhões vindos do interior do estado com destino ao porto de Santos circulem pelas vias urbanas já congestionadas da região metropolitana. A rodovia é dividida em 4 trechos, construídos em etapas separadas e operados por duas concessionárias diferentes. O primeiro trecho a ser aberto, o oeste, começou a ser construído em 1998 e foi inaugurado em 2002. O trecho sul foi aberto em 2010, e o leste em 2014. O trecho norte, ainda em construção, deve ser concluído em 2025. Há pedágios na divisa entre cada trecho e na saída para cada uma das rodovias interligadas. Além da capital paulista, o Rodoanel cruza outras 16 cidades da região metropolitana: Santana de Parnaíba, Barueri, Carapicuíba, Osasco, Cotia, Embu das Artes, Itapecerica da Serra, São Bernardo do Campo, Santo André, Mauá, Ribeirão Pires, Suzano, Poá, Itaquaquecetuba, Arujá e Guarulhos. É uma rodovia estadual, com a designação SP-21. Seu nome é uma homenagem a Mário Covas, governador do estado de São Paulo falecido durante o exercício do cargo em 2001.[Textos e imagens da Wikipedia]


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Bibliografia

DEAN, Warren. A industrialização de São Paulo (1880-1945). São Paulo: Difel, Edusp, 1971. [1a ed., 1969, link.]

MILLIET, Sérgio. Roteiro do Café. São Paulo: Ed. Bipa, 1946.
«Edição integral do livro História da Capitania de São Vicente Pedro Taques de Almeida Paes Leme (em formato PDF).

Memórias para a história da capitania de S. Vicente, autor Frei Gaspar da Madre de Deus

Capítulos da História Social de São Paulo, de Alfredo Ellis Júnior (1944). (PDF)

Referências e imagens : Wikipedia

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PORTO FEDERAL EM SANTOS, GUARUJÁ E CUBATÃO


Margens portuárias: a margem direita compreende a área insular (conjuntos de ilhas) da cidade de Santos, e sua margem esquerda, parte de Cubatão, a área continental de Santos e a Ilha de Santo Amaro, que compõe o município do Guarujá.


Inauguração: 2 de fevereiro de 1892 . Operado por Autoridade Portuária de Santos
Proprietário: Governo Federal
Tipo de porto Marítimo. Área: 7,8 milhões de m²
Dutos: 55 km
Empregados: 1 468

Estatísticas
Carga anual de toneladas:147,0 milhões (2021)
Volume anual de contêineres: 3,853 milhões de TEUs
Valor da carga: 103,3 bilhões de US$ FOB
Tráfego de passageiros: 243 mil (2017)
Lucro líquido: R$ 199,3 milhões (2012)"

Geografia. O Porto de Santos é um porto estuarino, localizado nos municípios de Santos, Guarujá e Cubatão, no estado de São Paulo. É o principal porto brasileiro, o maior complexo portuário da América Latina e um dos maiores do mundo. Possui uma grande variedade de terminais de carga para diversos produtos, que realizam a movimentação de granéis sólidos (principalmente de origem vegetal), líquidos, contêineres, carga geral e passageiros. A área de influência econômica do porto concentra aproximadamente 67% do produto interno bruto (PIB) do país e abrange principalmente os estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Aproximadamente 60% do comércio internacional do estado de São Paulo (em valores) são embarcados ou desembarcados através do Porto de Santos. O Complexo Portuário de Santos responde historicamente por mais de 25%, ou um quarto, da movimentação da balança comercial brasileira, e é o maior porto exportador de açúcar, suco de laranja e café em grãos do mundo. Outras cargas de importância são a soja, cargas conteinerizadas, milho, trigo, sal, papel, automóveis, álcool e outros granéis líquidos. Em 2016, foi considerado o 39.º maior porto do mundo por movimentação de contêineres, e 35.º por tonelagem, segundo ranking da AAPA — Associação Americana de Autoridades Portuárias, sendo o mais movimentado da América Latina.


História -Primeiras operações e concessão. As operações de carga na região de Santos e São Vicente remontam ao princípio do Século XVI, ocorrendo de forma primitiva com a utilização de trapiches, por meio dos quais a mão de obra humana ou animal transportava as mercadorias aos navios ou a barcos intermediários. A movimentação de cargas neste período era explorada de forma independente por diversos agentes. A partir de 1870, a Coroa passou a buscar alternativas de expansão do setor portuário para a crescente oferta de exportação da produção cafeeira. Em 1886, foi iniciado o processo de concessão do Porto de Santos, que envolvia os direitos de exploração da movimentação portuária por 90 anos, com a contrapartida de realização de obras de investimento em infraestrutura, operação e saneamento. Os vencedores da concessão foram o grupo liderado por Eduardo Guinle e Cândido Gaffrée, então comerciantes no Rio de Janeiro, que para tanto administraram o Porto de Santos com a Gaffrée, Guinle e Cia., depois renomeada Empresa de Melhoramentos do Porto de Santos e finalmente com o nome ficou amplamente conhecida, Companhia Docas de Santos (CDS). 

O porto foi explorado, desenvolvido e ampliado pela CDS, sob a gestão da então concessionária Companhia Docas de Santos, entre 7 de novembro de 1890 e 8 de novembro de 1980. Em 2 de fevereiro de 1892, o porto abriu suas portas ao comércio exterior como "porto organizado", com limites legalmente determinados, infraestrutura de 260 metros de cais construído e área específica para armazenagem. A primeira embarcação a atracar no novo porto, foi o Vapor britânico Nasmith. Francisco de Paula Ribeiro foi o superintendente da Companhia Docas de Santos entre os anos de 1888 e 1902, supervisionando e administrando a construção dessa infraestrutura.

No início do Século XIX, Santos foi um dos principais portos brasileiros para o desembarque de imigrantes, que afluíam principalmente da Itália e do Japão. Porém, a infraestrutura da cidade e suas atividades econômicas não comportavam o acolhimento destes indivíduos, que rapidamente se distribuíam para o interior do estado. Nesta época, Santos era conhecido como o "Porto da Morte", em virtude das diversas epidemias de doenças tropicais que acometiam periodicamente a população, acirradas pela falta de saneamento básico e condições precárias de moradia e higiene da população, bem como pela natureza alagadiça da cidade; este cenário alterou-se somente com as obras sanitárias realizadas por Saturnino de Britto a mando do então Secretário do Interior do Estado, Vicente de Carvalho, que criou os canais de drenagem que são hoje marcos da paisagem urbana santista. Em 1897, Santos teve a primeira greve organizada do País, deflagrada por um acidente em um navio.

Com o passar dos anos, a estrutura foi ampliada e desenvolvida de acordo com os investimentos realizados pela CDS, que chegou a empregar 15 000 funcionários. Além das diversas estruturas de terminais e dos prédios administrativos, a CDS executou diversas obras de engenharia de destaque para a época, seja por sua dimensão ou por sua complexidade. São particularmente notáveis o aterramento de Paquetá-Outeirinhos e a construção da Usina Hidrelétrica de Itatinga, ambas sob a direção do engenheiro Guilherme Benjamin Weinschenck.

Embarque exportaçãode veículos produzidos em São Bernardo do Campo nos anos 1970.

Região norte do complexo portuário em 2018.A área de Paquetá-Outeirinhos, na margem direita (Santos), entre os atuais armazéns 12 e 23, que era originalmente um golfo, foi aterrada para criar uma estrutura linear de cais que permitisse a atracação de navios de maior profundidade, bem como uma retroárea de armazenamento. Para este aterramento, foi criada uma linha férrea especial para transportar as pedras da pedreira do bairro Jabaquara. Em uma das pontas das áreas aterradas, foram construídos prédios para a administração portuária, que hoje compõem a sede oficial da administração do porto.

 A construção da Usina Hidrelétrica de Itatinga, concluída em 1910, às margens da Serra do Mar, foi outra obra de destaque. À época, Itatinga era uma das mais importantes hidrelétricas do país, em uma época em que poucos tinham acesso à rede elétrica; eletricidade gerada por ela foi utilizada inclusive na construção da usina hidrelétrica de Henry Borden, em Cubatão. Por conta da localização da usina, isolada no meio da Mata Atlântica a 7 Km de Bertioga, foi construída uma vila de apoio para a residência de funcionários que trabalham em sua manutenção e operação, na qual chegaram a residir 70 famílias simultaneamente. Mesmo sendo o efetivo de pessoal atual muito menor, ainda hoje a usina fornece eletricidade para a operação do porto e para suas instalações administrativas. Embora modernizada, parte de sua estrutura, como as turbinas por exemplo, são parte do equipamento original, em contínua operação há mais de cem anos.

Retorno à administração pública e Landlord Port. Após o vencimento da concessão, em outubro de 1980, a administração do porto e seu acervo voltaram ao domínio do Governo Federal, mais especificamente à então Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp), sociedade de economia mista que, até março de 1990, permaneceu sob controle da Empresa de Portos do Brasil S.A. (Portobras). A Codesp operou o porto em regime de monopólio até a promulgação da Lei 8.630/93, que instituiu o ambiente concorrencial por meio do arrendamento das áreas portuárias para terminais, passando os portos federais brasileiros a operar por meio de um sistema conhecido como Landlord Port. Com a instituição deste sistema, a Codesp (e consequentemente o Governo Federal) passou a exercer apenas a função administrativa do complexo portuário (conhecida como Autoridade Portuária), passando a operação às mãos de terminais portuários privados. Este conjunto de áreas, primárias (operacionais) e secundárias (administrativas), passa a configurar o Porto Organizado, área sob a jurisdição da Autoridade Portuária. Com a instituição da lei, a mão de obra operacional da Codesp foi transferida para o Órgão Gestor de Mão de Obra (Ogmo), e a Codesp passou a contar com um efetivo de aproximadamente 1 500 funcionários, distribuídos em funções administrativas, de fiscalização e de Guarda Portuária. A legislação foi atualizada quando da promulgação da Lei 12.815/2013.

Em 15/12/2010, o Porto de Santos recebeu da Comissão Nacional de Segurança Pública de Portos, Terminais e Vias Navegáveis (Conportos) o certificado internacional de implantação do ISPS Code, garantindo que a monitoração, fiscalização e controle dos meios de acesso às áreas primárias e secundárias estão adequados às exigências internacionais de segurança portuária.

No segundo semestre de 2018, o Governo Federal realizou a compra das ações dos acionistas minoritários da Codesp, buscando a nacionalização da empresa. Este processo foi concluído com sucesso, porém a Codesp permanece como sociedade de economia mista, uma vez que a Prefeitura de Santos é detentora de uma pequena parcela de ações da empresa, e a legislação atual não permite a negociação de ações entre diferentes esferas de governo.

A partir de outubro de 2019, a Codesp iniciou um processo de remodelagem de sua marca, passando a adotar o nome fantasia Santos Port Authority (SPA). Em março de 2020, a empresa alterou também sua razão social, para "Autoridade Portuária de Santos".

Incêndios. Em 18 de outubro de 2013, ocorreu o pior incêndio da história do Porto até aquela data. As chamas se iniciaram no sistema de esteiras de transporte de dois armazéns de açúcar da empresa Copersucar, deixando quatro trabalhadores feridos e queimando cerca de 180 mil toneladas de açúcar. Foram necessários dez caminhões do Corpo de Bombeiros, um caminhão da Petrobras, dois carros da Guarda Portuária, um helicóptero Águia da Polícia Militar e uma equipe vindo de São Paulo para combater o fogo. O açúcar carbonizado junto com a água utilizada no combate ao incêndio atingiram o estuário de Santos, contaminando as águas e matando milhares de peixes.

No ano seguinte, dia 03 de agosto de 2014, um incêndio de grandes proporções atingiu outro armazém de açúcar no Porto de Santos. O armazém X (terminal 19), operado pela Rumo Logística do grupo Cosan, tinha capacidade para estocar 18 mil toneladas de açúcar, sendo que 15 mil toneladas estavam armazenadas e foram completamente destruídas pelas chamas. As chamas iniciadas pela tarde, só foram extintas na madrugada do dia seguinte, após a atuação de doze caminhões do corpo de bombeiros. Cerca de 100 funcionários trabalhavam no local durante o acidente, mas ninguém foi ferido.

Cerca de dois meses depois, no dia 20 de outubro de 2014, outro incêndio destruiu um armazém inteiro de açúcar da empresa Cargill na margem esquerda do Porto de Santos no Guarujá. As chamas foram controladas pelos bombeiros antes de atingirem outro armazém. Nenhuma pessoa foi ferida no acidente.

No dia 2 de abril de 2015, principiou um incêndio em um dos terminais de armazenamento de combustíveis e fertilizantes líquidos no complexo da Alemoa. Os tanques onde ocorreu o incêndio são ligados por dutos ao terminal portuário e pertenciam à empresa Ultracargo. As chamas duraram mais de uma semana, e durante este período a água utilizada no combate ao incêndio, contaminada com combustível e outros produtos químicos, fluiu para o estuário, causando alteração da temperatura e saturação do oxigênio, o que causou a morte de milhares de peixes. Apesar de não ter havido registro de vítimas, foi um dos maiores e mais longos incêndios a acometer o complexo portuário.[33] O combate à ocorrência teve ajuda federal da FAB e da Infraero, sendo inclusive utilizada uma espuma especial gelatinosa conhecida como cold fire, que foi fornecida pela Petrobras, específica para o combate a incêndios em combustíveis.



Estrutura física. O estuário do Porto de Santos é um braço d'água natural, no qual foram instalados os terminais de carga. Sua margem direita compreende a área insular da cidade de Santos, e sua margem esquerda, parte de Cubatão, a área continental de Santos e a Ilha de Santo Amaro, que compõe o município do Guarujá. Não houve aterramentos ou expansões físicas da estrutura terrestre, com a exceção dos atuais terminais açucareiros, localizados na área de Paquetá-Outeirinhos.

A profundidade natural do estuário de Santos é de 6 metros. Para viabilizar o acesso de navios de maior calado, é necessária a realização constante de esforços de dragagem. Em 2018, o calado permitido para a atracação de embarcações é de 13m.

O Porto Organizado possui 66 berços de atracação, distribuídos entre 15 Km de cais e suas duas margens, nos quais operam os diversos operadores portuários de Santos. O Complexo Portuário de Santos é composto pelo Porto Organizado de Santos, administrado pela SPA, e por cinco Terminais de Uso Privado (TUP):

Terminais de uso privado (TUPs)
TUP DP World Santos
TUP Sucocítrico Cutrale
TUP Dow Brasil Sudeste (Terminal Marítimo Dow)
Terminal Integrador Portuário Luiz Antônio Mesquita (Tiplam)
TUP Saipem

Porto Organizado de Santos margem direita (Santos)

Terminais de Granéis Líquidos da Alamoa Brasil
Terminal Portuário (BTP)
Cais do Saboó
Cais do Valongo
Cais do Paquetá
Cais de Outeirinhos (Terminais Açucareiros)
Cais de Outeirinhos (Terminais da Curva 23)
Cais de Outeirinhos (Seção Sul)
Cais do Macuco

Terminais da Ponta da Praia

Porto Organizado de Santos margem esquerda (Guarujá)

Terminal de Veículos de Santos (TEV)
Terminal de Contêineres (Tecon) da Santos Brasil
Terminais de Granéis Líquidos da Ilha Barnabé
Terminais de Granéis Sólidos da Conceiçãozinha


BERÇOS DE ATRACAÇÃO

Acessibilidade

Distante cerca de 70 quilômetros da cidade de São Paulo, o porto é servido por ligações ferroviárias, rodoviárias e dutoviárias. O sistema de acessos terrestres diretos ao porto é formado por três modais: rodoviário, pelas rodovias do complexo Anchieta-Imigrantes e pela Rio-Santos; ferroviário, por duas malhas que são operadas pelas empresas Rumo Logística (malha sul) e MRS Logística, (malha norte); e dutoviário, estando integrado ao sistema de dutos da Transpetro. De acordo com suas atribuições de prover infraestrutura de acesso terrestre e aquaviária, a Codesp mantém e investe nas infraestruturas relativas a estes acessos. O complexo portuário possui 100 quilômetros de malha ferroviária interna (dentro do Porto Organizado), operada pela Portofer Transportes Ferroviários. O modal ferroviário responde por cerca de 27% da movimentação de cargas, em particular cargas derivadas do agronegócio (soja, milho, açúcar, celulose, fertilizantes, café, etc.), das quais 53% se utilizam deste modal. A Autoridade Portuária também é responsável pelo sistema conhecido como avenidas perimetrais, que busca garantir a qualidade dos acessos rodoviários, evitar conflitos com o fluxo urbano e evitar entroncamentos rodo-ferroviários. Da mesma forma, realiza também os esforços de dragagem de aprofundamento e manutenção, de forma a permitir o acesso de navios com o calado operacional necessário.

Movimentação de cargas


Terminal de contêineres na margem do Guarujá. 


Em 2016, o Porto de Santos foi considerado o 39º maior porto do mundo por movimentação de contêineres, e 35º por tonelagem, segundo ranking da AAPA — Associação Americana de Autoridades Portuárias, sendo o mais movimentado da América Latina. O porto recebe navios de contêineres com capacidade de até de 11 mil TEUs.

O perfil de carga do Porto de Santos, segundo dados de 2017, é de aproximadamente 47% granel sólido (soja, açúcar, milho, café, fertilizantes, etc.); 39% carga geral (contêineres, cargas de projeto, veículos); e 14% granel líquido (óleos vegetais, petroquímicos, gases, etc). O movimento acumulado de 2017 em tonelagem atingiu 129 865 022 toneladas, sendo 36 307 745 t de importações e 93 557 277 t de exportações. A movimentação de contêineres acumulou 2 495 397 unidades, representando 3 853 719 TEU, dos quais 1 259 163 unidades (1 947 082 TEU) foram importadas, e 1 236 234 unidades (1 906 637 TEU), exportadas. Em toneladas, a movimentação geral de cargas conteinerizadas totalizou 44 534 271 t.

Os distritos industriais da Grande São Paulo e o complexo industrial de Cubatão devem grande parte de sua existência à proximidade ao Porto de Santos. O município de Cubatão tem acesso direto ao mar por meio do Canal de Piaçaguera, braço aquático que conecta o canal de navegação do porto aos Terminais de Uso Privado (TUPs) lá instalados — como é o caso da siderúrgica USIMINAS, de Minas Gerais, e do TIPLAM, terminal da VLI Multimodal S.A.

Tarifa portuária. A Autoridade Portuária tem a responsabilidade de prover infraestrutura de acesso terrestre e marítimo, bem como outras garantias contratuais, e cobra tarifas e taxas de seus arrendatários pela utilização dessa estrutura. Os arrendamentos são viabilizados por meio de licitações públicas, e ao término dos contratos, os bens vinculados aos espaços arrendados revertem ao patrimônio da União. Em contrapartida, cobra taxas e tarifas pelos serviços ou vantagens auferidos de sua atuação.



A praticagem no Porto de Santos, o maior porto da América Latina, desempenha um papel crucial na segurança e eficiência das operações marítimas. Vamos explorar alguns detalhes sobre a praticagem nesse contexto. É um serviço de assessoria náutica prestado por práticos altamente treinados e experientes. Esses profissionais auxiliam os navios durante suas manobras de entrada e saída nos portos, garantindo a segurança da navegação. No Porto de Santos, a praticagem é essencial para lidar com as complexidades da entrada e saída de embarcações em uma área com 67 pontos de atracação distribuídos ao longo de 16 quilômetros de cais1. A Santos Pilots é uma empresa de praticagem que atua no Porto de Santos. Ela oferece serviços especializados para garantir a segurança e eficiência das manobras de navios. Além disso, a Santos Pilots fornece informações sobre as condições meteorológicas e as manobras realizadas no porto. A operação de praticagem no Brasil remonta à abertura dos portos com D. João VI. Em Santos, a organização dessa profissão começou em 1870. A regulamentação oficial da praticagem ocorreu em 1961, e a Marinha do Brasil tornou-se o órgão gestor dessa profissão. Condições Meteorológicas e Operações  afetam diretamente as operações no Porto de Santos. Por exemplo, rajadas de vento e ondas podem interromper as atividades portuárias. Acompanhar as informações meteorológicas é fundamental para garantir a segurança das manobras e a eficiência das operações.Em resumo, a praticagem é um elemento vital para o funcionamento seguro e eficiente do Porto de Santos, contribuindo para o sucesso do comércio marítimo na região.


O PORTO DE SÃO SEBASTIÃO



Porto de São Sebastião ou Companhia Docas de São Sebastião está localizado na costa do litoral norte do estado de São Paulo, na cidade de São Sebastião, a 180 km da capital do estado. É administrado atualmente pela Companhia Docas de São Sebastião (criada pelo decreto estadual 52.102 de 29/08/07).

Sua localização geográfica é 23°49'S e 45°24'W na baía da cidade. Para navegação, através de Cartas Náuticas, se utiliza a carta nº 1645, da Diretoria de Hidrografia e Navegação da Marinha do Brasil.

História. O governo federal brasileiro já tinha planos para construir um segundo porto no estado de São Paulo desde meados dos anos 1920. Na época, o jornalista Assis Chateaubriand usou seu recém-comprado jornal Diario da Noite para atacar a proposta, embora tal investida tenha sido considerada por opositores como mero "agradecimento" a Guilherme Guinle, dono da Companhia Docas de Santos, que havia lhe emprestado dinheiro para financiar a compra do periódico.

A União celebrou contrato de concessão com o governo do estado de São Paulo, em 26 de outubro de 1934, autorizando a construção e a exploração comercial do porto de São Sebastião pelo prazo de 60 anos, prorrogado até junho de 2007. As obras, no entanto, começaram somente em 26 de abril de 1936, a cargo da Companhia Nacional de Construção Civil e Hidráulica. O período de implantação, fixado inicialmente em três anos, foi prorrogado para 25 de abril de 1943, pelo Decreto nº 8.231, de 17 de novembro de 1941. A inauguração oficial do porto aconteceu em 20 de janeiro de 1955, com a sua exploração exercida pelo órgão estadual - Administração do Porto de São Sebastião, criado em 18 de setembro de 1952 e reestruturado em 04 de julho de 1978. O convênio de Delegação entre a União e o Estado de São Paulo para o exercício da função, pelo último, de Autoridade Portuária do Porto de São Sebastião, que vigora a partir de 1/06/2007, foi formalizado nos moldes da legislação vigente, além da estrita observância às normas estabelecidas na Lei 8.630/93 com acompanhamento técnico e profissional de todas às etapas prévias de sua modelagem, adaptado às peculiaridades do porto e de suas interfaces diante dos potenciais negócios ligados ao comércio internacional. Foi criada pelo decreto estadual 52.102 de 29/08/07, a Companhia Docas de São Sebastião, que administra desde então, a delegação do Porto de São Sebastião, em nome do Governo do Estado de São Paulo.

Administração e localização. O porto é administrado pela Companhia Docas de São Sebastião, empresa de propósito específico criada por Decreto Estadual 52.102/07, subordinada à Secretaria dos Transportes do Governo do Estado de São Paulo. Está localizado na cidade de São Sebastião, em frente à ilha de São Sebastião (Ilhabela), no litoral norte do Estado de São Paulo.

Gestão Ambiental. O porto de São Sebastião é o primeiro porto público a receber a certificação ambiental ISO 14001, ocupando o primeiro lugar em qualidade de gestão ambiental, segundo o índice de Desempenho Ambiental Portuário da ANTAQ.

É o primeiro porto a ter um plano contra vazamento de óleo aprovado pelos órgãos ambientais.

Área do porto organizado. O Porto Público insere-se na área do Porto Organizado de São Sebastião, a qual conforme Decreto S/N° de 27 de agosto de 2007, publicado no Diário Oficial da União, no dia 28 de agosto de 2007.

Acessos

• RODOVIÁRIO: Pela zona urbana de São Sebastião, através das Av. São Sebastião e Dr. Altino Arantes. O município é alcançado pelas SP-055/BR-101, que encontram a SP-099, em Caraguatatuba, dando acesso ao Vale do Paraíba, às Regiões Metropolitanas de São Paulo e Campinas, pelas rodovias Presidente Dutra (BR-116, Rio – São Paulo), Ayrton Senna/Carvalho Pinto (SP-070) e D. Pedro I (SP-065).

• MARÍTIMO: O canal de acesso dispõe, respectivamente, de largura e profundidade de 500 m e 18 m (norte) e 300 m e 25 m (sul), com 22,8 km de extensão. Oferece duas barras de entrada demarcadas pelos faróis, respectivamente, da Ponta das Canas, no norte, e da Ponta das Selas, no sudoeste da ilha de São Sebastião.

Instalações

As instalações de atracação, em formato de píer, medem 362 m distribuídos em 4 berços. O principal com 150 m de comprimento esta associado a dois dolfins, o que permite atracação de navios de até 250 m, e profundidade de 9 m. Os outros 03 berços de menor comprimento e profundidade de 7,0 m atendem embarcações de menor porte. Para armazenagem, o porto conta com 1 armazém em alvenaria com 1.131 m2, três armazéns estruturados em lona, com 5.000 m2 de área cada um, e dois pátios perfazendo 58.500 m2, para carga geral. Na área do porto organizado está situado o Terminal de Uso Privativo - TEBAR (Terminal Marítimo Almirante Barroso), da PETROBRAS, para petróleo e derivados, operando em 2 píeres e compondo quatro berços numa extensão de 905 m, com profundidade variando entre 14 m e 26 m. Para depósito, são utilizados 43 tanques, representando 2.100.000 t de capacidade.




ÚNICO PORTO PAULISTA

O Porto de São Sebastião é o único paulista delegado ao Estado, por essa razão a Alesp se envolve e debate o tema, o de Santos é da União.

O modelo que se pretende implantar no Porto de São Sebastião, segundo Zangado, já aconteceu em Vitória, onde está em fase de transição, e querem fazer com o de Santos, de Itajaí, e em todos os portos brasileiros.

Inicialmente, esse modelo, foi implantado na Austrália, por isso é chamado modelo australiano. “Na Austrália ocorreu aumentos tarifários no momento em que passou da iniciativa do poder público para a iniciativa privada. Não há interesse em se fazer nada de cunho social, pra discutir o planejamento estratégico, geopolítico, militar, comercial ou o que seja. Isso desencadeou na Austrália, além de alguns erros de logística, piora no serviço, e um efeito econômico muito negativo pro país chamado inflação portuária”, relata Zangado.

O porto de São Sebastião, apesar de pequeno, é o principal porto importador de barrilha do Brasil, cerca de 40% do produto que entra no país passa por ele. A barrilha é utilizada em vidros, cosméticos e produtos de limpeza. (Tamoios News)

Divulgação. Prefeitura de Ilha Bela.





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