Poderes Municipais. Os governantes municipais e os prefeitos icônicos.
Zonas, Distritos. As avenidas mais longas da cidade.
1. Campos Elísios e República.
Praça Ramos e Praça do Patriarca.
2. Barra Funda, Santa Cecília e Vila Buarque.
Minhocão.
3. Cerqueira César.
Corrida de São Silvestre.
Avenida Paulista.
Parque Trianon. O Masp. Instituto Pasteur. Fiesp.
4. Consolação.
5. Pacaembu. Companhia City.
6. Perdizes e Sumaré
7. Higienópolis.
Avenida Angélica. Mackenzie.
8. Jardins América e Europa. Itaim Bibi. Vila Olímpia.
Museu da Imagem e do Som.
Avenida 9 de Julho.
300 rios no subsolo.
Avenida Faria Lima.
Avenida JK.
9. Jaguaré e Butantã.
10. Morumbi e Paraisópolis.
11. Pinheiros. Alto de Pinheiros. Vila Beatriz e Vila Madalena.
O Complexo Clínicas.
12. Moema e Ibirapuera.
O Mam e a Bienal.
13. Paraíso e Vila Mariana.
Museu Lasar Segall. O Complexo Ibirapuera.
14. Liberdade e Aclimação.
15. Brás, Pari. Gasômetro.
16. Jardim Anália Franco, Tatuapé, São Mateus.
Penha, Cangaíba, Belém, Belenzinho. Mooca, Vila Maria Zélia.
Parque Novo Mundo.Vila Matilde. Cidade Tiradentes. Itaquera.
Conjuntos Habitacionais.
17. Jabaquara.
18. Várzea do Carmo e Centro. Bixiga (Bela Vista). Bom Retiro.
Largo do Arouche. Museu das Favelas. Museu Catavento.
As grandes lojas de departamentos. O Vale do Anhagabaú. Galeria Prestes Maia.
19. Indianópolis.
20. Ipiranga e Heliópolis.
O Museu do Ipiranga. Água Funda. Zoológico.
21. Lapa, Vila Romana e Pompéia.
Sesc Fábrica Pompéia.
22.Vila Maria, Casa Verde e Limão.
23.Freguesia do Ó, Pirituba e Brasilândia.
24. Perus.
25. Brooklin Paulista e Campo Belo.
26. Santo Amaro, Interlagos, Capela do Socorro,
Jardim Ângela, Parelheiros e Cidade Dutra.
27. Campo Limpo e Vila Sônia.
28. Cambuci, Vila Prudente e Ipiranga
29. Santana, Tucuruvi, Carandiru, Vila Mazzei.
30. Mandaqui, Jaçanã e Tremembé.
31. Capital da Vertigem e da Solidão
32. Mulheres Paulistanas.
33. Abastecimento e Gastronomia Paulistana.
35.A Época das Salas de Cinema.
36.Jornais Paulistanos e Paulistas.
37. A Companhia e Editora Melhoramentos.
38. O Liceu de Artes e Ofícios.
39. Os Civita e a Editora Abril.
40. Livrarias e Sebos Literários.
41.Rádio e Tv Tupi.
Rádio, Tv Paulista e TV Globo.
Rádio e TV Cultura.
A Morte de Vlado Herzog.
TV e Rede Record.
Paulo Machado de Carvalho.
Silvio Santos e Edir Macedo.
42. Vida e Morte. Paulicéia Adoentada.
Modernas Necrópoles Paulistanas. Tragédias Paulistanas.
43. São Paulo de tempos remotos e hoje periféricos.
44. Arenas da Velocidade.
45. Pinacoteca do Estado.
46. Urbanização e Paisagem.
Lei Cidade Limpa.
Carroças, Metrô e Ciclovias.
Aviação e Aeronáutica.
Aeroportos Paulistanos e Regionais.
48. Bolsa de Valores-Bovespa.
49. Empresas Públicas Paulistas:
Vasp. Banespa. Caixa Econômica.
Telesp. Cosipa. Sabesp. Cesp. Cpfl. Emtu.
Metrô. Terminais Rodoviários e Travessias.
50. Arquivo Público Municipal de São Paulo.
51. Capitania, Província e Estado
52. Regiões Administrativas e Micro-Regiões.
53. A Era das Ferrovias e o Porto do Café.
O Trem de Prata SP-Rio.
54. Poderes de São Paulo. Alesp, Palácios dos Bandeirantes e Justiça.
55.Exército, Polícias e Bombeiros.
56. O Arquivo do Estado.
57. A Orquestra Sinfônica do Estado.
58. Industrialização, Urbanização e Poluição.
A Indústria Paulista e a Fiesp.
A Emblemática Votorantim.
A Beneficência Portuguesa.
Antônio Ermírio de Moraes. O Colégio Rio Branco.
59. Cidades Regionais do Centro e Oeste Paulista.
60. O Abc Paulista.
62. O Vale do Paraíba.
63. O Ita e o Centro Aeroespacial em S.J. dos Campos
64. Serra da Mantiqueira. Serra da Bocaina.
66. Pontal do Paranapanema.
67. Localidades Históricas e Turísticas
68. Unesp e Unicamp.
69. A Era das Rodovias e o Porto das Indústrias.
70. O Porto Federal em Santos, Guarujá e Cubatão.
O Porto Estadual de São Sebastião.
A Guerra Civil Paulista de 1924.
Antes de ser invadida por milhares edifícios de muitos andares e centenas de avenidas alargadas, efeitos da explosão demográfica e da industrialização, São Paulo dormiu por mais de três séculos o sono o sono provinciano de vila acanhada e rodeada de propriedades rurais. Com a o advento da república e sua ascensão politica e reconhecimento como Capital, a cidade rapidamente toma outros rumos de desenvolvimento.
No início do século XIX, como aconteceu nas demais capitais republicanas, a cidade adotou o modelo parisiense de modernização urbana, adotando uma estética dominante na época de construção e embelezamento de amplas áreas públicas como praças, largos, avenidas, estações ferroviárias, prédios de serviços públicos e principalmente parques de lazer e eventos. Essas transformações deram uma aparência de organização e sobriedade urbana, porém teria pouca durabilidade.
Nas décadas seguintes, atraídas pela beleza e praticidade, surgem rapidamente, na própria área central e também no seu entorno, as mudanças da verticalização que transformaram São Paulo num mar de prédio comerciais e residenciais. Eles tomaram conta da cidade na área central, forçando inicialmente a busca de ocupação nos bairros periféricos mais próximos, mas ainda dentro dos limites dos rios Tietê, Tamanduateí e Pinheiros.
Com o tempo, essa ocupação e verticalização atingiu as antigas freguesias, abrindo centenas de loteamentos para atender a crescente demanda de moradias. Surgem também no centro e nas áreas periféricas as ocupações precárias como os cortiços e favelas, que também vão se espalhando na medida que o crescimento urbano vai se deslocando no sentido inverso à área central.
Na década de 1970 tem início a ocupação organizada nas áreas limítrofes com outros municípios, que ainda tinham grande áreas verdes, antigos sítios e fazendas. Eram os primeiros condomínios suburbanos de luxo, construídos próximo às rodovias que davam acesso à Capital. Esse crescimento foi tão acelerado, muito estimulado pelo transporte de abastecimento, que houve a necessidade da construção gradual de um grande anel viário interligando as principais regiões e municípios da chamada Grande São Paulo.
O Rodoanel é hoje o grande ponto de transformação da Capital e sua expansão no sentido interior e litoral. Paralelamente, ocorreu nesse período, acentuadamente nas três últimas décadas, entre 1990 e 2020, uma intensa verticalização com a construção de edifícios com o dobro de andares dos que foram construídos nas décadas anteriores. Essas novas ocupações ocorreram principalmente em locais onde foram instaladas novas linhas e estações do Metrô, bem como novos terminais rodoviários.
Outro fator que facilitou essa expansão verticalizada foi a desativação de antigas fábricas e e galpões de empresas, que faliram ou que se deslocaram para o interior e outros estados. São Paulo atinge na terceira década do século XXI com cerca de 21 milhões de habitantes: "... é a sétima maior aglomeração urbana do planeta. São Paulo é a cidade brasileira mais influente no cenário global, sendo, em 2016, a 11.ª cidade mais globalizada do planeta". (texto do organizador)
Gravura de São Paulo na época do Império provinciana. Acervo da Biblioteca Nacional.
A história da cidade de São Paulo ocorre paralelamente à história do Brasil, ao longo de aproximadamente 469 anos de sua existência, contra os mais de quinhentos anos do país. Todavia tenha sido marcada por uma relativa inexpressividade, seja do ponto de vista político ou econômico, durante os primeiros três séculos desde sua fundação, São Paulo destacou-se em diversos momentos como cenário de variados e importantes momentos de ruptura na história do país.
Em 1532, Martim Afonso de Sousa fundou no litoral de São Paulo a primeira vila brasileira, de São Vicente. Onde ocorreu o primeiro conflito entre europeus na América Sul, a Guerra de Iguape. Donatário da capitania de São Vicente, Martim Afonso incentivava a ocupação da região e outras vilas são criadas no litoral, como Santos(1546) e Itanhaém (1561). Poucos anos depois, vencida a barreira representada pela serra do Mar, os colonizadores portugueses avançam pelo planalto Paulista, estabelecendo novos povoados. Em 1553, João Ramalho, que vivia no planalto desde antes da criação de São Vicente, funda a vila de Santo André da Borda do Campo, situada no caminho do mar (atual região do ABC paulista). Explorador português, João Ramalho era casado com a índia Bartira. Esta, por sua vez, era filha do cacique Tibiriçá, chefe da tribo dos tupiniquins. João Ramalho encontrava-se, dessa forma, apto a exercer a função de intermediário dos interesses portugueses junto aos indígenas.
Interessado em estabelecer um local onde pudesse catequizar os indígenas longe da influência dos homens brancos, o padre Manuel da Nóbrega, superior da Companhia de Jesus no Brasil, observou que uma região próxima, localizada sobre um planalto, seria o ponto ideal, então chamado de Piratininga. Em 29 de agosto de 1553, padre Nóbrega fez 50 catecúmenos entre os nativos, o que fez aumentar a vontade de fundar um colégio jesuíta no Brasil.
Desde o início, a ocupação das terras da cidade se deu de forma policêntrica, com diversos aldeamentos, principalmente jesuítas mas também de outras ordens eclesiásticas, em torno das quais iniciavam-se as aglomerações. A motivação mais natural para isso, em São Paulo, era o relevo da cidade, com muitos aclives e riachos. A organização urbana, da mesma forma que em toda a colônia, era centrada, administrativa e eclesiasticamente, nas paróquias. Cada paróquia era centrada em uma capela.A primeira paróquia foi, naturalmente, a Freguesia da Sé, fundada em 1589. Conforme os demais núcleos foram crescendo, eles desmembraram-se, com novas capelas ganhando status de paróquia. As paróquias desmembradas do centro foram:
1796, 26 de março: Paróquias de Nossa Senhora do Ó e Penha de França, ambas distantes cerca de 10 km do centro; 1809, 21 de abril: Paróquia da Santa Ifigênia, mais próxima mas naturalmente separada pelo rio Anhangabaú; 1812, 21 de outubro: Paróquia de São Bernardo, que no ano seguinte (1813, 9 de novembro) foi ainda elevado a distrito; 1818, 8 de junho: Paróquia do Brás, também mais próxima, mas naturalmente separada pelo rio Tamanduateí.
Além dessas, houve diversos aldeamentos mais distantes. Dentre eles, apenas dois prosperaram: o de Pinheiros e o de São Miguel, ambos fundados por José de Anchieta em 1560. Vários aldeamentos foram dizimados pela varíola, dentre os quais podemos citar: Itaquaquecetuba, Mboy, Itapecerica, Barueri, Guarapiranga, Carapicuíba, Ibirapuera e Guarulhos.
São desta época os primeiros caminhos: o que ia ao Campo do Guaré (hoje chamado bairro da Luz) tornou-se a atual rua Florêncio de Abreu. Os outros dois dariam origem às hoje denominadas rua 15 de Novembro e rua Direita.
Também no século XVI são fundadas novas igrejas: a Matriz, em 1588 (primeiro protótipo da Sé paulistana), a de Nossa Senhora do Carmo, de 1592 (demolida em 1928), a Igreja de Santo Antônio (ainda hoje na Praça do Patriarca), e a capela de Nossa Senhora da Assunção, por volta de 1600 (que daria origem ao atual Mosteiro de São Bento).
Túmulo do Chefe Tupiniquim Tibiriçá na Cripta da Catedral da Sé, São Paulo. Aliado dos portugueses, Tibiriçá teve papel destacado na fundação da Vila de São Paulo de Piratininga, atual Cidade de São Paulo, em 1554. Foi convertido e batizado pelos jesuítas José de Anchieta e Leonardo Nunes. Seu nome de batismo cristão foi Martim Afonso, em homenagem ao fundador de São Vicente, Martim Afonso de Sousa. Por seu papel em proteger a Vila de Piratininga do ataque de indios hostis, Tibiriçá ganhou o título de Cavaleiro da Ordem de Cristo pelo Rei de Portugal. Foi também Proclamado por José de Anchieta como fundador e protetor da Vila da São Paulo de Piratininga, pois junto de seus guerreiros defendeu a jovem Vila da Invasão dos Índios Guaianases
Pátio do Colégio, no centro da cidade, é onde foi levantada a primeira construção da atual cidade de São Paulo, quando o padre Manuel da Nóbrega e o então noviço José de Anchieta, bem como outros padres jesuítas a pedido de Portugal e da Companhia de Jesus, estabeleceram um núcleo para fins de catequização de indígenas no Planalto. É uma obra apostólica pertencente à Companhia de Jesus. Composto pelo Museu Anchieta, Auditório Manoel da Nóbrega, Galeria Tenerife, praça Ilhas Canárias (Café do Pátio), Igreja São José de Anchieta (abriga o fêmur de José de Anchieta), a Cripta Tibiriçá e a Biblioteca Padre Antônio Vieira. Também integram o complexo Pateo do Collegio o Museu de Arte Sacra dos Jesuítas e o projeto social Oficinas Culturais Anchieta, ambos no município de Embu das Artes.[Textos e imagens da Wikipedia]

Páteo do Colégio, em São Paulo, fundado por Nóbrega, Anchieta, Paiva e Brás em 1554. Fotografia de Militão Augusto de Azevedo, em 1862. Ponto de origem da expansão territorial e da colonização do interior do país, e hoje a maior cidade do Hemisfério Sul e a quinta maior cidade do mundo.
átio do Colégio, no centro da cidade, é onde foi levantada a primeira construção da atual cidade de São Paulo, quando o padre Manuel da Nóbrega e o então noviço José de Anchieta, bem como outros padres jesuítas a pedido de Portugal e da Companhia de Jesus, estabeleceram um núcleo para fins de catequização de indígenas no Planalto. É uma obra apostólica pertencente à Companhia de Jesus. Composto pelo Museu Anchieta, Auditório Manoel da Nóbrega, Galeria Tenerife, praça Ilhas Canárias (Café do Pátio), Igreja São José de Anchieta (abriga o fêmur de José de Anchieta), a Cripta Tibiriçá e a Biblioteca Padre Antônio Vieira. Também integram o complexo Pateo do Collegio o Museu de Arte Sacra dos Jesuítas e o projeto social Oficinas Culturais Anchieta, ambos no município de Embu das Artes.[Textos e imagens da Wikipedia]
Bandeiras. No século XVII, as atividades econômicas da vila limitavam-se quase que exclusivamente à agricultura de subsistência. A produção e exportação de açúcar não tinha grande desenvolvimento, embora crescessem outros cultivos nos arredores da vila, como o de trigo, mandioca e milho, além da criação de gado. Não obstante, São Paulo permanecia como um núcleo de povoamento pobre e isolado das áreas mais dinâmicas da colônia. Assim, já nas primeiras décadas do século, os paulistas começaram a organizar as bandeiras – grandes expedições que partiam em direção aos sertões inexplorados da colônia, em busca de mão-de-obra indígena, pedras e metais preciosos. Em pouco tempo, os bandeirantes se tornaram os grandes responsáveis pela ampliação dos limites das fronteiras da colônia, incorporando ao território do Brasil inúmeras áreas que, de acordo com o Tratado de Tordesilhas, pertenciam à Espanha.. Os bandeirantes se tornaram figuras centrais na história política de São Paulo no século XVII, e a autoridade local dos exploradores por vezes sobrepujava os interesses da Igreja Católica e da própria coroa portuguesa. Em 1640, a forte oposição dos jesuítas à captura e comercialização da mão-de-obra indígena promovida pelos bandeirantes levou a uma série de conflitos entre os dois grupos, que culminariam, em 13 de julho daquele ano, com a expulsão dos jesuítas de São Paulo, medida que teve apoio dos comerciantes da vila. Os jesuítas só obteriam permissão para retornar a São Paulo em 1653.
É também na vila de São Paulo que se registra, no mesmo ano de 1640, o primeiro movimento nativista do Brasil, a chamada "Aclamação de Amador Bueno". Com o fim da Guerra da Restauração, em que Portugal restabeleceu sua independência política da Espanha, os moradores de São Paulo, principalmente bandeirantes e comerciantes, temiam ser prejudicados, já que haviam se beneficiado economicamente do tráfico de indígenas na região do rio da Prata durante as décadas em que vigorou a União Ibérica. Como forma de protesto, declararam São Paulo reino independente, e Amador Bueno, capitão-mor, rico morador da vila e irmão do bandeirante Francisco Bueno, é aclamado como rei. Amador Bueno, no entanto, rejeita o título e jura fidelidade à coroa portuguesa, encerrando o levante.
CICLODO OURO
Primeiros a explorar e ocupar o território mineiro, os paulistas logo enfrentariam a concorrência de luso-brasileiros de outras regiões da colônia, culminando no conflito denominado Guerra dos Emboabas. A descoberta paulista despertou pela primeira vez a atenção do reino português sobre a vila, já que São Paulo, a essa altura, não apenas concentrava a partida das expedições, mas também tornara-se o núcleo principal de irradiação das correntes de povoamento que se dirigiam para Minas Gerais e, posteriormente, para o Mato Grosso e Goiás. Como consequência, em 1709, São Paulo substitui São Vicente como sede administrativa da capitania (que tem seu nome alterado para Capitania de São Paulo e Minas de Ouro). Em 1711, São Paulo é elevada a cidade. Conta nesse ano 9 mil habitantes. Em 1745, torna-se sede de bispado autônomo, separando-se da diocese do Rio de Janeiro. Embora a corrida pelo ouro de Minas tenha enriquecido muitos desbravadores paulistas, o efeito sobre a cidade foi o oposto. O esvaziamento populacional empobreceu São Paulo, que assistiu a um longo período de estagnação em seu crescimento econômico. Com o esgotamento das jazidas mineiras, na segunda metade do século XVIII, a situação se agrava, e muitos paulistas retornam aos seus locais de origem. A cidade recebe novo fluxo populacional e tenta reorganizar sua atividade econômica.
O CICLO E O PORTO DO AÇÚCAR
O governo paulista passa a desenvolver um plano de fixação de suas populações em áreas exploradas da capitania, e começa a fornecer incentivos à lavoura e à indústria. O plantio da cana-de-açúcar é estimulado nas áreas a sudeste da capital, e grandes fábricas de tecelagem e fundição são instaladas.
De forma ainda intermitente, São Paulo começa a prosperar, e novas edificações são erguidas. Em 1750, com a expulsão dos jesuítas do Brasil, dessa vez por determinação do marquês de Pombal, os bens da ordem são confiscados. A igreja dos jesuítas, reconstruída no início do século XVIII, é transformada em sede da administração da capitania (agora, já separada de Minas Gerais e renomeada Capitania de São Paulo). Em 1765, é fundada a Casa de Ópera do Pátio do Colégio, primeiro teatro da cidade, e em 1775 é inaugurado o Cemitério dos Aflitos, primeira necrópole paulistana, destinada ao enterro de pobres, escravos e condenados à forca. Também do século XVIII são o Mosteiro da Luz(recolhimento de religiosas construído em taipa de pilão, a partir do projeto de Frei Galvão, de 1774) e a Igreja das Chagas do Seráfico Pai São Francisco (1787), entre outros. Em 1798, a cidade inaugura seu Jardim Botânico (atual Jardim da Luz). Ainda no fim do século XVIII, por iniciativa do marechal José Arouche de Toledo Rendon, os limites urbanos da cidade são expandidos, com a abertura da rua São João e da ponte do Marechal, sobre o rio Anhangabaú. Começa a ser formado o Campo do Curro, atual Praça da República. Em 1792, a abertura da Calçada do Lorena, importante obra de engenharia do período colonial, ligando as cidades de São Paulo e Santos, forneceria condições adequadas para o transporte de açúcar e de outros gêneros alimentícios produzidos no interior da capitania. São Paulo é beneficiada por sua posição geográfica estratégica, como encruzilhada natural das vias de circulação entre o interior e o litoral da colônia. Afirma então seu papel de centro comercial, através do qual se fazia o escoamento da produção, rumo ao porto de Santos.
PROVÍNCIA E PALCO DA INDEPENDÊNCIA
Durante a maior parte de todo o século XIX, São Paulo preservaria as características de uma cidade provinciana, mas vê crescerem suas possibilidades de desenvolvimento após a transferência da Família Real Portuguesa para o Rio de Janeiro. A abertura dos portos às nações amigas, decretada por Dom João VI em 1808, dá novo alento à economia do litoral paulista, ao passo que interior da capitania continua a registrar relativa prosperidade com a plantação da cana-de-açúcar. A capital, situada em meio à rota obrigatória para o escoamento da produção do açúcar, assiste ao desenvolvimento do comércio. Cresce a importância política da capitania (que se torna província em 1821, e a cidade de São Paulo serve de palco para acontecimentos de grande importância na história do país. Entre os mais destacados nomes da campanha pela independência brasileira figurou um paulista, José Bonifácio de Andrada e Silva. E foi na capital paulista, à margens do riacho do Ipiranga, que Dom Pedro I proclamou a independência do Brasil.
CIDADE IMPERIAL E BURGO DOS ESTUDANTES
Após a independência, São Paulo recebeu o título de "Imperial Cidade", outorgado por D. Pedro I em 1823. Em 1825, é criada a Biblioteca Pública Oficial de São Paulo, a primeira da província. Em 1827, é lançado o primeiro periódico da cidade, O Farol Paulistano. Em 1828, é inaugurada a Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Trata-se da mais antiga instituição de ensino jurídico do país, ao lado da Faculdade de Direito de Olinda, ambas instituídas por decreto imperial de 1827. Após a instalação da faculdade, a cidade recebe o título de "Imperial Cidade e Burgo dos Estudantes de São Paulo de Piratininga". O consequente afluxo de mestres e estudantes ocasiona uma radical mudança no cotidiano da cidade. Além de demandar a construção de hotéis, restaurantes e núcleos artísticos, a aglomeração de acadêmicos enriquece a vida cultural paulistana. Ao longo da história, a faculdade (incorporada à USP em 1934) formou parte considerável da elite intelectual e política brasileira, e seu edifício (instalado no local do antigo convento de São Francisco) foi palco de atos e manifestações públicas relacionadas a inúmeros fatos da vida política do país.
O II REINADO E O CICLO DO CAFÉ .
Desde as primeiras décadas do século XIX, a queda dos preços do açúcar nos mercados internacionais havia motivado o cultivo do café no Brasil. Vindo do Rio de Janeiro, o café começou a ser extensivamente cultivado em São Paulo, sobretudo na região do Vale do Paraíba. Em 1850, o café já era o principal produto exportado por São Paulo. Do Vale do Paraíba, os cafezais se espalharam pelas terras roxas do oeste paulista, antes ocupadas com a cana-de-açúcar (Rio Claro, Campinas e Jaú), enriquecendo a província. A partir do reinado de D. Pedro II, a cidade ganha novo impulso com o desenvolvimento da economia cafeeira: os setores de comércio e de serviços aumentam consideravelmente e observa-se a formação de uma expressiva burguesia. Muitos fazendeiros prosperam, com lucros provenientes da utilização do trabalho assalariado e do emprego de mão-de-obra imigrante. A abundância de recursos financeiros propicia a realização de grandes investimentos, a maior parte custeada pela iniciativa privada. São abertas várias ferrovias, interligando a cidade de São Paulo às principais áreas produtoras da província e ao porto de Santos: a primeira é a São Paulo Railway, inaugurada em 1867, à qual se segue a Estrada de Ferro Sorocabana, entregue em 1870. Ao mesmo tempo, em áreas mais distantes do centro da cidade, as quais posteriormente seriam alcançados pela vertiginosa expansão urbana do século XX, um modo de vida rural ainda predominava, com diversas fazendas distribuídas por esse território.
MOVIMENTO REPUBLICANO E A MODERNIDADE URBANA
No primeiro censo nacional, realizado em 1872, São Paulo contabilizava 31 385 habitantes. A cidade ganha casas exportadoras e vários bancos de financiamento. Sua fisionomia começa a mudar: o casario baixo e acanhado começa a ceder lugar a edificações maiores e tipicamente urbanas. Com vistas a garantir a salubridade, é inaugurado, em 1858, o Cemitério da Consolação, o mais antigo em funcionamento da cidade. Em 1865, é fundado o Teatro São José. Em 1872, são instalados os serviços de abastecimento de água, esgoto e iluminação a gás, e é criado o sistema de transporte com bondes de tração animal. Em 1884, começam a funcionar as primeiras linhas telefônicas. Para suprir as necessidades educacionais da crescente elite paulistana e minorar os problemas provenientes da falta de habilitação técnica, a iniciativa privada inaugura as primeiras instituições de ensino (Instituto Presbiteriano Mackenzie, em 1870; Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, em 1873; Escola Alemã, em 1878). Após a década de 1880, o café teve nova valorização internacional. Os fazendeiros paulistas, entretanto, tinham de lidar com o problema da escassez de trabalhadores. Após a promulgação da Lei Eusébio de Queirós e a consequente abolição do tráfico negreiro, ocorrida em 1850, os negros escravizados tornaram-se escassos e cada vez mais caros. Para substituí-los, começaram a chegar os imigrantes, sobretudo italianos. Um número significativo desses imigrantes fixou-se na própria capital, empregando-se nas primeiras indústrias que se instalavam nos bairros do Brás e da Mooca, a partir de investimentos provenientes dos lucros obtidos pelos empresários do setor cafeicultor. Em 1882, é fundada a Hospedaria dos Imigrantes, a princípio no Bom Retiro (1882) e posteriormente na Mooca (1885).
A riqueza proveniente dos cafezais e de uma indústria ainda incipiente sustentou a liderança paulista no movimento republicano. Em 1873, realiza-se em Itu a primeira convenção republicana do Brasil, e é criado o Partido Republicano Paulista (PRP), que utilizará o periódico Correio Paulistano como veículo oficial. Com a extinção da escravidão após a promulgação da Lei Áurea, em 1888, os fazendeiros paulistas exigem indenização pela perda de propriedade. Sem conseguir, aderem ao movimento republicano como forma de pressão. O império perde sua última base de sustentação (crises políticas e econômicas iniciadas ou agravadas após a Guerra do Paraguai já haviam afastado a igreja e os militares da base de apoio da monarquia) e a república é proclamada no Rio de Janeiro, a 15 de novembro de 1889.
O SÉCULO XX E A INDUSTRIALIZAÇÂO
Com o crescimento industrial da cidade, no século XIX e XX, a sua área urbanizada passou a aumentar em ritmos acelerados, sendo que alguns bairros residenciais foram construídos em lugares de chácaras. O grande surto industrial se deu durante a Segunda Guerra Mundial, devido à crise na cafeicultura e às restrições ao comércio internacional, o que fez a cidade ter uma taxa de crescimento muito elevada até os dias atuais. Uma das indústrias de maior destaque nesse período é o conglomerado conhecido como Indústrias Reunidas Fábrica Matarazzo, a qual tinha seu parque industrial de cerca de 100 000 metros quadrados localizado no bairro da Água Branca, o qual funcionou entre as décadas de 1920 e 1980.
O fim da República Velha, assim como as seguidas crises econômicas que abalaram o café enquanto commodity na primeira metade do século XX, representam um marco político não só nacional, mas também da própria cidade de São Paulo. Nesse período, movimentos como a Greve Geral de 1917 e a Revolta Paulista de 1924 simbolizam a dimensão das manifestações populares que já ocorriam em São Paulo, bem como a disposição do governo federal em reprimir de forma veemente tais insurreições, ainda que à custa de parte da infraestrutura urbana paulistana. Por conseguinte, a chamada Revolução Constitucionalista de 1932 representa um choque mais amplo de interesses políticos, no qual parte da elite paulista e paulistana contestou a perda do poder político em escala nacional após a deposição de Washington Luís. Apesar da derrota paulista, um fato revelador da manutenção do prestígio político e econômico da elite paulistana foi a criação da Universidade de São Paulo em 1934, originalmente criada com a função de fornecer instrução de excelência para essa mesma elite, recebendo diversos professores estrangeiros de grande prestígio em seus anos iniciais.
A GREVE ANARCO-SINDICALISTA DE 1917
Imagem de uma das ruas de São Paulo tomada de trabalhadores com bandeiras vermelhas na greve geral de 1917. Legenda n'A Cigarra diz: "A multidão de operários grevistas, depois de ter percorrido as ruas centraes, descendo a ladeira do Carmo, a caminho do Braz, empunhando bandeiras vermelhas" — A Cigarra, n.71 (26 July 1917),
Antecedentes. O período de 1917 a 1920 marcou o auge dos movimentos grevistas no Brasil. Liderado por imigrantes, principalmente italianos, esse processo entrou em declínio, principalmente devido à incompatibilidade entre as palavras de ordem dos movimentos, ditadas pelos organizadores, e os reais interesses do operariado. Com o crescimento industrial e urbano, surgiram bairros operários em várias cidades brasileiras. Formados em sua maioria por imigrantes estrangeiros, a vida nesses bairros era bastante precária, refletindo os baixos salários dos operários, a jornada de trabalho estafante, a absoluta falta de garantias de leis trabalhistas, como descanso semanal, férias e aposentadoria.
Em 1907, a cidade de São Paulo foi paralisada por uma greve que reivindicava: jornada de oito horas diárias de trabalho, direito a férias, proibição do trabalho infantil, proibição do trabalho noturno para as mulheres, aposentadoria e assistência médica hospitalar. A manifestação iniciada por trabalhadores da construção civil, da indústria de alimentos e metalúrgicos acabou contagiando outras categorias e atingindo diversas cidades do estado, como Santos, Ribeirão Preto e Campinas.
Contexto político econômico, Com o início da Primeira Guerra Mundial, o Brasil tornou-se exportador de gêneros alimentícios aos países da "Tríplice Entente"; essas exportações se aceleraram a partir de 1915, reduzindo a oferta de alimentos disponíveis para o consumo interno, e provocando altas em seus preços. Entre 1914 e 1923, o salário havia subido 71% enquanto o custo de vida havia aumentado 189%; isso representava uma queda de dois terços no poder de compra dos salários. Para salário médio de um operário de cerca de 100 mil réis correspondia um consumo básico que para uma família com dois filhos atingia a 207 mil réis. O trabalho infantil era generalizado.
Exigências. A violenta greve geral estava deflagrada em São Paulo. Hermínio Linhares em seu livro Contribuição à história das lutas operárias no Brasil; 2ª Ed.; São Paulo; Alfa-Omega; 1977 diz: "O auge deste período foi a greve geral de julho de 1917, que paralisou a cidade de São Paulo durante vários dias. Os trabalhadores em greve exigiam aumento de salário. O comércio fechou, os transportes pararam e o governo impotente não conseguiu dominar o movimento pela força. Os grevistas tomaram conta da cidade por trinta dias. Leite e carne só eram distribuídos a hospitais e, mesmo assim, com autorização da comissão de greve. O governo abandonou a capital. (…)."
Trabalhadores cruzam os braços em uma fábrica em São Paulo.
As ligas e corporações operárias em greve, juntamente com o Comitê de Defesa Proletária decidiram na noite de 11 de Julho numeraram 11 tópicos através dos quais apresentavam suas reivindicações.
- Que sejam postas em liberdade todas as pessoas detidas por motivo de greve;
- Que seja respeitado do modo mais absoluto o direito de associação para os trabalhadores;
- Que nenhum operário seja dispensado por haver participado ativa e ostensivamente no movimento grevista;
- Que seja abolida de fato a exploração do trabalho de menores de 14 anos nas fábricas, oficinas etc.;
- Que os trabalhadores com menos de 18 anos não sejam ocupados em trabalhos noturnos;
- Que seja abolido o trabalho noturno das mulheres;
- Aumento de 35% nos salários inferiores a $5000 e de 25% para os mais elevados;
- Que o pagamento dos salários seja efetuado pontualmente, cada 15 dias, e, o mais tardar, 5 dias após o vencimento;
- Que seja garantido aos operários trabalho permanente;
- Jornada de oito horas e semana inglesa;
- Aumento de 50% em todo o trabalho extraordinário.
Negociações.Cerca de 70.000 pessoas aderiram ao movimento. Para defender a greve foi organizado o Comitê de Defesa Proletária, que teve Edgard Leuenroth como um dos principais porta-vozes.
Conclusão das paralisações. Os patrões deram um aumento imediato de salário e prometeram estudar as demais exigências. A grande vitória foi o reconhecimento do movimento operário como instância legítima, obrigando os patrões a negociar com os proletários e a considerá-los em suas decisões.
A ação do presidente Altino Arantes e do prefeito Washington Luís. O presidente do Estado de São Paulo, na época, Altino Arantes assumiria a defesa dos interesses das classes dominantes atribuindo à greve a uma infiltração de anarquistas e comunistas, considerados subversivos, em meio à classe trabalhadora. No entanto, em sua mensagem ao Congresso Legislativo do Estado de São Paulo, de 1918 assumiu ao menos em termos de discurso seu governo deveria agir "como elemento de mediação amparando concomitantemente os direitos de patrões e operários e velando pela ordem pública".
A SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX
Segundo o censo realizado em 1960, a cidade de São Paulo contava com uma população de 3 825 350 habitantes. Nessa época, o município já era considerado o mais populoso do Brasil, também concentrando a maior parte da produção industrial e atividade econômica do país. Esse crescimento acelerado na primeira metade do século XX se deveu não só a imigração estrangeira, mas também à chegada de brasileiros de diversas regiões, em sua maioria atraídos pela demanda de mão-de-obra das indústrias localizadas em São Paulo. Nas palavras do geógrafo Pasquale Petrone, o qual escreveu em 1951 justamente sobre a rápida modificação urbana pela qual São Paulo esteve submetida no século XX:
“No que se refere à construção de prédios, parece não existir nenhuma cidade que a iguale: não há rua que não ofereça um telhado novo, raras são as que não assistem à construção de um prédio. Prédios residenciais, finos ou modestos, palacetes ou bangalôs estandartizados, arranha-céus, de 8 a 10 andares e gigantes de mais de 25 andares, com sua estrutura de cimento armado. Enquanto em Nova York constrói-se, a cada ano, uma casa para cada grupo de 423 habitantes, em Buenos Aires para 134, em São Paulo registra-se a média de 102. Nos últimos anos, o aumento médio anual de prédios foi mais de 18 000, embora já se tenha registrado um total de mais de 24 000 por ano. Pode-se afirmar, sem receio de errar, que se constrói em São Paulo uma casa em cada 20 minutos!"
Atualmente, o crescimento vem-se desacelerando, devido ao desenvolvimento industrial verificado em outras regiões do Brasil. A cidade passa por um processo de transformação em seu perfil econômico, convertendo-se de um centro industrial para um grande polo de comércio, serviços e tecnologia, sendo, atualmente, uma das mais importantes metrópoles do mundo.
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FERROVIA E URBANIZAÇÃO
A Estação da Luz em 1900: símbolo da prosperidade trazida pelo café. Ferrovias Paulistas.
Ferrovias Paulistas
A SÃO PAULO RAIL COMPANY-SPR
POR MARC FERREZ
Obras da Ferrovia São Paulo Railway. Fotografias de Marc Ferrez, c. 1870- 1880. Instituto Moreira Sales.
A São Paulo Railway inicia suas operações ligando Santos a São Paulo em 1865 e chegando a Jundiaí em 1867. No ano seguinte fazendeiros, capitalistas e grandes proprietários criaram uma nova empresa ferroviária – a Companhia Paulista de Estrada de Ferro, cujo objetivo inicial era ligar Jundiaí a Campinas. Os trilhos da ferrovia chegam a Campinas em 1872, Limeira em 1876, Rio Claro em 1884. Continuam sua expansão, através de construção e compra de outras companhias ferroviárias, ocupando uma enorme área do estado de São Paulo. Seus trilhos percorriam milhares de quilômetros e chegavam nos limites do estado com Mato Grosso e Goiás, tendo incorporado, dentre outros, a Estrada de Ferro São Paulo Goiás, Estrada de Ferro Dourados, Estrada de Ferro Rio Claro. Foram construídas em função dos interesses do café, caracterizando a clássica vinculação entre expansão cafeeira, ferrovia e urbanização. O trabalhador da ferrovia era preferencialmente brasileiro e com origem no estado de
São Paulo. Quando estrangeiro basicamente português, sem distinção de ocupação por
nacionalidade ( Brazil Imperial)

Obras da Ferrovia SPR. Fotografias de Marc Ferrez, c. 1870- 1880. Instituto Moreira Sales.
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MATARAZZO, UMA FAMÍLIA PAULISTANA ICÔNICA
Francisco Matarazzo Júnior saindo com sua carruagem da cocheira da mansão da família, na avenida Paulista, em 1947. #SPFotos
Mansão Matarazzo em sua primeira versão em 1896, no estilo eclético. Foto da década de 1910. O palacete foi construído na avenida Paulista em estilo neoclássico, com área de 4.400 metros quadrados, implantado num terreno de doze mil metros quadrados de jardins. A casa foi cenário de festas grandiosas, frequentadas pela alta sociedade paulistana. Foi demolido em 1996 e o terreno foi vendido à Cyrela Commercial Properties e a uma empresa do grupo Camargo Corrêa (atual Mover Participações), por 125 milhões de reais, que no local construiu o Shopping Cidade São Paulo.

O ramo brasileiro foi fundado por Francesco Matarazzo, também conhecido no Brasil como Francisco, nascido em Castellabate em 9 de março de 1854, o primeiro dos nove filhos de Costabile Matarazzo, prestigiado advogado e proprietário terras, e de Mariangela Jovane. Francesco contraiu matrimônio com Filomena Sansivieri, com quem teve 13 filhos: Giuseppe, Andrea, Ermelino, Teresa, Mariangela, Attilio, Carmela, Lydia, Olga, Ida, Claudia, Francisco Júnior e Luís Eduardo. Em outubro de 1881 embarcou com a família para o Brasil, e quatro dos seus irmãos o acompanhariam pouco depois. Começou trabalhando em Sorocaba, onde foi tropeiro e abriu um comércio de alimentos, e mais tarde montou uma pequena fábrica para processar banha de porco. Uma segunda fábrica foi aberta em Capão Bonito, passando a acumular considerável fortuna também com o comércio de suínos e a produção de latas para embalar a banha produzida, uma novidade no Brasil. Em 1889 mudou-se para São Paulo. Seu sucesso empresarial levou à fundação em 1890 da Matarazzo & Irmãos, em sociedade com Giuseppe e Luigi, que foi a origem das Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo. Em 1900 a empresa já faturava 2 mil contos de réis. O império Matarazzo cresceu cada vez mais investindo em diversos setores, como o bancário, madeireiro, petrolífero, alimentício, têxtil, naval, siderúrgico, ferroviário e hidrelétrico. Foi um dos fundadores e primeiro presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo. Figura brilhante mas complexa e controversa, Matarazzo faleceu em 10 de fevereiro de 1937. Deixava uma fortuna estimada em 10 bilhões de dólares. Seu filho Ermelino havia sido preparado para sucedê-lo na direção do conglomerado empresarial, mas morreu antes do pai, recaindo o comando em Francisco Júnior. A divisão da herança deu origem a muitas disputas na família.
[Textos e imagens da Wikipedia]
NASCIMENTO E MORTE DO RIO TIETÊ
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O Clube de Regatas Tietê no início do século XX. Guilherme Gaensly. Museu Paulista
CHUVAS INTENSAS REDESENHARAM O TIETÊ HÁ 17 MIL ANOS. "Com um trajeto que corta quase todo o estado de São Paulo, desde a região metropolitana até a divisa com Mato Grosso do Sul, o rio Tietê tinha um formato bem diferente até cerca de 17 mil anos. Era um rio formado por uma rede de canais entrelaçados que corria 5 quilômetros (km) mais ao norte no interior paulista e a essa mesma distância ao sul na atual capital paulista, em comparação com o traçado de hoje.
A rede de canais percorria uma paisagem ocupada por árvores baixas e esparsas, similar ao Cerrado típico, entre terrenos com idades próximas a 17 mil anos e 35 metros (m) mais altos que os do atual leito. O rio era provavelmente três vezes mais largo e transportava rochas do tamanho de uma bola de tênis, que erodiam o leito e abriam caminho para terras mais baixas. A configuração atual do Tietê resultou das chuvas intensas que banharam a atual região Sudeste do Brasil. Em quase toda a área que hoje é o estado de São Paulo, períodos de chuva intensa e contínua, durante milhares de anos, transformaram a paisagem e alimentaram uma vegetação florestal, parcialmente eliminada nos últimos séculos com a expansão das cidades e da agricultura. O aguaceiro intensificou o transporte de sedimentos para o rio, que aos poucos migrou para terrenos mais baixos e jovens, com idade aproximada de 3 mil anos. Formou-se um canal principal sinuoso, as margens foram ocupadas por vegetação e, em consequência, o volume de água transportado para o rio diminuiu. Desde essa época, o rio carrega principalmente lama e sedimentos finos como a areia de praia". Carlos Fioravanti. Revista PESQUISA Fapesp

Passagem da comitiva do Imperador Dom Pedro II pela Ponte Grande sobre o Rio Tietê, 1880. Foto Militão Augusto de Azevedo #SPFotos
TERRA DA NEBLINA E DA GARÔA
Avenida 9 de Julho, anos 1950.
Do ponto de vista climático, São Paulo é caracterizada pelo clima tropical de altitude, devido ao gradativo aumento da umidade no final da primavera e início do outono, que são as estações de transição, respectivamente, para o verão (chuvoso) e inverno (seco). Uma intensa garoa regava o solo e o imaginário de artistas paulistanos. Atualmente, esta condição praticamente deixou de existir. Os motivos são os mais diversos, não sendo necessariamente ocasionados pela “martelada” mudança climática global, mas sim pelas modificações antrópicas associadas a um acelerado processo de crescimento urbano.
As alterações antrópicas que contribuíram decisivamente para acabar com a “garoa paulistana” estão ligadas ao próprio desenvolvimento da cidade. A construção das habitações em áreas legais e ilegais, de comércios, ruas, pontes resultou na retirada de árvores, importantes dispersoras de umidade (através da evapotranspiração); a impermeabilização do solo reduziu a infiltração e a umidade que ele proporcionava (também aumentou o escoamento superficial e contribuiu terminantemente para as enchentes). A retificação e canalização dos rios reduzem de forma marcante a oferta de umidade, a verticalização prejudica a circulação dos ventos e o deslocamento da umidade e a poluição, associada “às ilhas de calor”, aumenta muito a incidência de tempestades.
Pesquisas recentes (Fapesp e INPE) demostram o aumento de tempestades em detrimento da garoa, isso ocorre devido às ilhas de calor, que atuam aumentando a velocidade da evaporação, e à poluição, responsável pelo material particulado, que serve como “núcleo de condensação”. Assim, a velocidade de formação da precipitação (chuva) é muito maior, dessa maneira, vão ocorrer mudanças no padrão das precipitações com maior ocorrência dos eventos de tempestades.
São Paulo dificilmente voltará a ser a “terra da garoa”, pois medidas para reverter o processo de degradação que foi instalado são muito complexas e somente surtirão efeitos a longo prazo. Mas isso não quer dizer que devemos cruzar os braços. Medidas para mitigar os efeitos da poluição, das ilhas de calor (que também causam grande desconforto térmico) e das enchentes fazem parte da administração eficiente de uma cidade, devendo ser colocadas em prática algumas ações como: o plantio de árvores, a construção de praças, a retirada da cobertura de concreto e asfalto de áreas estratégicas (várzeas, por exemplo), a redução da verticalização em áreas de topos, a “descanalização” de rios e córregos, etc. Estas são medidas que no atual momento, apesar de serem mitigatórias, podem melhorar a vida das pessoas que moram em São Paulo. Mas, o título de “terra da garoa” já não vai mais ser de São Paulo.
Fonte: Hexag-Mackenzie

Dia de chuva em 1940. Avenida São João e o edifício da Delegacia Fiscal ao fundo. #SPFotos
O DIA QUE A CIDADE CONGELOU

Em 25 de junho de 1918, o Brasil presenciou um fenômeno curioso e encantador: a cidade de São Paulo parecia coberta de neve. No entanto, o que realmente aconteceu foi um evento raro, registrado pelo meteorologista José Nunes Belford Mattos em sua caderneta de observações, na estação meteorológica da Avenida Paulista, um dos pontos mais altos da cidade, ainda cercada de Mata Atlântica.
Naquele dia, a cidade estava envolta por uma forte neblina, e, de repente, o que parecia ser neve se formou rapidamente. Mas, ao contrário do que muitos pensaram, não era neve. O fenômeno foi causado pela sublimação do nevoeiro: a água passou diretamente do estado gasoso para o sólido, criando cristais de gelo finos, semelhantes à "poeira de neve" que vemos em geladeiras antigas. A quantidade de água era tão pequena que a condensação consumiu o vapor d'água em minutos, e o céu ficou bem azul.
Os termômetros marcavam 3,0°C negativos a 2 metros do solo e no chão certamente a temperatura era bem menor. Como estava muito frio, este gelinho não derreteu ao tocar o solo criando uma camada branca e dando um aspecto europeu à cidade. O fenômeno durou pouco, o gelo não resistiu ao sol da manhã.
Para os meteorologistas, a neve é uma precipitação que se forma dentro das nuvens, mas, naquele dia, não havia nuvens visíveis sobre São Paulo. Portanto, apesar do encantamento dos moradores, o fenômeno de 1918 não pode ser classificado como neve técnica, mas como um raro e fascinante exemplo de sublimação.
Fonte: Clima Tempo
Fotos: Antigo observatório da Paulista. Registro meteorológico realizado em 25 de junho de 1918.
PODERES MUNICIPAIS
A criação da Câmara, importante marco da história da cidade de São Paulo, se deu por ato régio quando da criação da Vila de São Paulo de Piratininga, por ordem do governador-geral Mem de Sá, em 1560. As reuniões do Concelho, na época ocasionais, se davam na residência de um dos vereadores, uma vez que o paço municipal só viria a ser construído em 1575. Assim como em todo o Império Português, o funcionamento da Câmara era objeto de correições periódicas em que juízes togados examinavam a documentação e aferiam o cumprimento das Ordenações Manuelinas (depois de 1618, as Ordenações Filipinas). De acordo com a tradição ibérica, as antigas Câmaras exerciam, simultaneamente, os três poderes, legislativo, executivo e judiciário, conforme as Ordenações Filipinas, Título LXVI (Dos Vereadores):
Aos Vereadores pertence ter carrego [cargo] de todo o regimento da terra e das obras do Concelho, e de tudo o que poderem saber, e entender, porque a terra e os moradores della possam bem viver, e nisto hão de trabalhar. E se souberem que se fazem na terra malfeitorias, ou que não he guardada pela Justiça, como deve, requererão aos Juízes, que olhem por isso. E se o fazer não quizerem, façam-no saber ao Corregedor da Comarca, ou a Nós.As atas da Câmara são fontes importantes para reconstruir a história da cidade, e estão hoje no Arquivo Histórico Municipal Washington Luís. Foram traduzidas e publicadas no começo do século XX pelo então prefeito Washington Luís. O tomo mais antigo sobrevivente é de 1562, como explica Taunay (1920):
De 1560 data, pois, a vida municipal de que deveriam constar os primeiros documentos comprobatórios se do arquivo da Câmara, não houvesse desaparecido o primeiro tomo das Atas, em época em que não é possível fixar, diz o Sr. Manuel Alves de Souza, um dos tradutores desses papéis de tão difícil leitura. Leu-o Azevedo Marques e Cândido Mendes de Almeida também o percorreu pouco antes de 1880. Não há 40 anos, ainda, foi subtraído o tão precioso livro... após uma permanência de mais de três séculos no arquivo paulistano. Para o período mais próximo da fundação do povoamento de José de Anchieta, há as Actas de Santo André da Borda do Campo, levadas à Piratininga em 1560. Como os primeiros habitantes de São Paulo de Piratininga, uma vila isolada no planalto, não tinham grande educação formal, os manuscritos são de difícil leitura e interpretação:
À primeira vista nem parecem as Atas da Câmara de São Paulo quinhentistas, escritas não em português, mas em idioma lusitaniforme, áspero e grosseiro, em que a grafia extravagante das palavras se une à confusão dos conceitos, às ambuiguidades da frase, à ausência de pontuação senão, frequentemente de termos indispensáveis à oração. Percorre-se toda a escala de atentados à gramática num estilo (?) bárbaro e tão cheio de vícios que torna os documentos de penosa leitura.
Já no século XIX, com a riqueza do café, vê-se algumas demonstrações de ostentação, como as capas dos tomos das atas com as letras folheadas a ouro.
Palacete da sede em 1862 em fotografia de Militão Augusto de Azevedo.
Já no período imperial, já sob a Constituição de 1824 e Lei de 1 de outubro de 1828, as primeiras eleições para vereador em São Paulo ocorreram em 1 de fevereiro de 1829, e a primeira sessão realizada no dia 22, presidida pelo juiz de fora da comarca. Os nove vereadores eleitos para o período 1829-1830 foram: sargento-mor José Manoel da Luz, presidente; alferes, José Manoel da França; capitão Antonio Bernardes Bueno da Veiga que, por ser idoso e doente, pediu escusas, sendo substituído pelo suplente, Pe. Ildefonso Xavier Ferreira; tenente Joaquim Antônio Alves Alvim; Cândido Gonçalves Gomide; capitão Francisco Mariano Galvão Bueno; sargento-mor Antônio Cardoso Nogueira.
Período republicano. Proclamada a República, a Câmara foi dissolvida pelo Ato n 26 de 10 de janeiro de 1890, e nomeado um Conselho de Intendência Municipal. Os vereadores depostos drs. Francisco de Penaforte Mendes de Almeida, José Evaristo Alves da Cruz e Vicente Ferreira da Silva consignaram protesto contra o ato de dissolução da Câmara "por ser um golpe no regime municipal, fundamento e origem das liberdades políticas do cidadão". No dia 13 foram empossados no Conselho de Intendência Antônio Pais de Barros, Cândido Franco de Lacerda, Dr. Clementino de Souza e Castro, Dr. José Álvares Rubião Júnior, João Batista de Melo Oliveira, Joaquim Paião, José Hipólito da Silva Dutra, Dr. Luís Anhaia Melo e Manoel Lopes de Oliveira.
COMO SE FAZ O PREFEITO DE SÃO PAULO
A eleição do prefeito e vereadores de São Paulo não é um pleito comum previsto superficialmente pela lei eleitoral. Trata-se um universo muito mais complexo. Ela reflete várias dimensões dos territórios da micro e macropolítica da megalópole formada pelas pequenas vilas, bairros, regionais urbanas, arredores de município vizinhos da chamada Grande São Paulo e também do litoral e interior do estado.
Os tentáculos e relação da Capital com todas essas dimensões é fundamental para entender o processo eleitoral paulistano. É muito comum que o eleitor da Capital resida em trânsito nesses entornos divisórios paulistanos e paulistas.
A complexidade eleitoral não para por aí e avança nas múltiplas organizações e instituições que funcionam como grêmios políticos-partidários: as empresas, as igreja, os times esportivos, as universidades, entidades corporativas e sindicais, associações de bairros, enfim, um imenso universo de interesses e expectativas que vão influir na composição do poder legislativo e executivo do município , do estado e da união. São mais de 18 milhões de habitantes e eleitores que definem seus representantes e seus mandatos.
A eleição municipal de São Paulo é, desde sempre, uma vitrine e termômetro das tendências e anseios de todos esses fragmentos populacionais, organizados ou não. Todos sabemos que a maioria dos eleitores não tomam conhecimento das suas opções senão no dia do voto, fazendo escolhas improvisadas, pegando os folhetos de propaganda espalhados no chão próximo das suas zonas eleitorais. É ao mesmo tempo uma escolha individual e jurídica, mas também uma votação massiva e impessoal. Vem sendo assim desde que a cidade saltou de uma simples base provinciana para uma gigantesca megalópole.
O prefeito de São Paulo pode ser um simples vereador ou líder local como também pode um vice-prefeito que herdou o mandato por acaso podendo torna-se rapidamente edil, o governador e o presidente da nação, como aconteceu com inúmeros antecessores. É um jogo muito interessante, como retrata esse artigo sobre uma recente sucessão politica e pleitos eleitorais na cidade. (Dalmo Duque, editor do blogue)
A EMBLEMÁTICA ELEIÇÃO PARA PREFEITO DE SÃO PAULO
JOSÉ ANTÔNIO G. PINHO
Na eleição para Prefeito da cidade de São Paulo está em jogo muito mais do que a escolha do ocupante da cadeira do novo prefeito. A eleição se reveste de uma importância que transcende seu objetivo primeiro. Neste pleito estarão em confronto as duas forças políticas que emergiram da eleição presidencial de 2022, o lulopetismo e o bolsonarismo. Para caracterizar essas duas forças algumas nuances devem ser consideradas. Começando pelo lado mais fácil. Pela primeira vez, o PT não lançou candidato à prefeitura depois de sucessivos fracassos em eleições anteriores, o que pode indicar que o lulopetismo está se esgotando, se não já se esgotou. Ao reconhecer que não tinha em seus quadros um candidato natural, recorreu à Guilherme Boulos (PSOL), mais à esquerda no gradiente ideológico, o que deve ter animado alguns segmentos do partido, porém, causado desconforto em outros.
Do lado do bolsonarismo, a questão é mais complexa. Na verdade, o bolsonarismo, leia-se Jair Bolsonaro, não tem um candidato propriamente seu, embora teria dois. Por um lado, Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito que herdou a cadeira de prefeito de Bruno Covas (PSDB) com seu falecimento. Com uma trajetória curta na política, com dois mandatos consecutivos de vereador e sem exibir grandes brilhantismos, foi ungido a vice de Bruno Covas na composição entre esses dois partidos em 2020. Com a vitória de Tarcísio de Freitas (Republicanos), para o governo do Estado em 2022, não teve muita opção do que se aproximar do governador para realizar seu mandato. Embora Tarcísio derive do bolsonarismo, já mostra uma certa independência do chefe, ainda que seja algo muito sutil e não explícito. Tem muita coisa em suspenso para Tarcísio definir uma rota própria, uma carreira solo, mesmo que se mantendo na raia bolsonarista. Se Tarcísio representa uma tentativa de um bolsonarismo de outro pedigree, Nunes não revela dotes bolsonaristas explícitos, o que tem levado o capitão a não se engajar na campanha.
Até aqui, o atual prefeito tem se mantido na “moita” sem declarar adesão explícita ao bolsonarismo, afinal de contas chegou aonde chegou sem o apoio do ex-presidente. A ligação mais explícita entre os dois se dá através da indicação do vice na chapa de Nunes feita por Bolsonaro, o Coronel da reserva da PM-SP, Mello Araújo. Este sim, bolsonarista de primeira hora, haja vista que ocupou os cargos de Comandante da ROTA (2017/19) e de diretor da Ceagesp (2020/23) por indicação do então presidente.
Por outro lado, tem-se Pablo Marçal que tem mais de bolsonarismo, possivelmente até mais do que o próprio Bolsonaro, se isto é possível. Porém, Marçal é uma ameaça inequívoca aos projetos do ex-presidente e de seu grupo. Por compartilhar traços comuns ao bolsonarismo, mas indo além dele, pode constituir um risco para estes. Se Bolsonaro mostrou alguns limites, mesmo tendo feito as barbaridades que fez, Marçal parece não ter limites.
Bolsonaro, inclusive, passou um certo período em quarentena, não se comprometendo com Nunes nem com Marçal, estudando o jogo, auscultando as pesquisas de opinião pública. A sede de poder de Marçal certamente atemoriza Bolsonaro, sabendo que o ex-coach revela-se capaz de tudo para lograr seus objetivos. Só para relembrar, Marçal postulava concorrer à Presidência já em 2022, algo um tanto petulante para alguém que entrava na política naquele ano. Tendo a candidatura não homologada concorreu à Câmara dos Deputados por SP (PROS). Alcançou o surpreendente 11o lugar, à frente de muitos políticos calejados, mas teve sua candidatura também não reconhecida. Em outras palavras, Marçal não está aí para brincar. Sua ambição, caso eleito prefeito, pode entrar em rota de colisão em um futuro breve com as pretensões do grupo Bolsonaro. Pode ser forçoso admitir que sem Bolsonaro, Pablo Marçal não existiria, porém esta não é uma hipótese descartável, pois Bolsonaro abriu caminho para assemelhados.
As pesquisas mais recentes, porém, mostram uma fadiga do material Marçal, principalmente por conta de sua atitude provocadora que resultou na resposta em forma de cadeirada por parte de Datena. Na sequência, o soco desferido por seu principal assessor seu contra o marketeiro de Nunes só tem reforçado a resistência contra a candidatura do ex-coach, sem mencionar o vazio de suas propostas para a gestão municipal. Nesses últimos dias, Marçal sofreu uma queda, o que parecia indicar que seu manancial de apoios teria se esgotado e, assim, as dúvidas do clã Bolsonaro teriam se dissipado. Porém, na última pesquisa Datafolha, ele recuperou o fôlego e voltou a embolar subindo de 19% para 21%, acompanhando de perto o candidato Boulos, com 25% e nada distante de Nunes com 27%. Resta saber nesses últimos dias de campanha, com o decisivo debate a ser realizado pela Globo, se o candidato do PRTB vai continuar na recente estratégia de “Marçal, paz e amor” ou retomar seu curso natural do “deixa que eu chuto”, observando que os debates têm se constituído mais como um reality show, forma a qual Marçal se adapta bem.
A pesquisa mais recente (30/09/2024) da AtlasIntel mostra Boulos à frente, com 29,4%, Marçal em 2° com 25,4% e Nunes em 3° com 22,9%. Cabe observar que em relação à pesquisa anterior da mesma fonte, todos esses três cresceram, mas Marçal foi o que cresceu mais. Convém registrar que essa pesquisa é feita com entrevistas por telefone, o que pode causar distorções nos resultados. A pesquisa em tela ainda constata que o ex-coach é o preferido dos bolsonaristas. Se esses resultados de Marçal podem chocar os analistas, parece que ele está entregando o que boa parte do eleitorado quer, o que não deixa de ser um fator de grande preocupação. Suas propostas são um misto de teologia da prosperidade com coaching de prosperidade, nada incompatíveis entre si. O que Bolsonaro e Marçal têm em comum é uma crítica à política, colocando-se como paladinos de uma suposta nova política que, na verdade, traz em seu bojo o que tem de pior na atividade política com inquestionáveis riscos à democracia. Representam a fórmula de usar a democracia para se elegerem e, depois, minar as bases democráticas para implantação de regimes autocráticos, e, um passo adiante, ditatoriais.
Assim, parece que Bolsonaro terá que esperar até a última hora (embora o tempo esteja se esgotando) para entrar de vez na candidatura de Nunes, seu porto mais seguro, mesmo que esteja longe de morrer de amores pelo candidato. Se Marçal é Bolsonaro demais, representando risco de a cópia superar o original, Nunes seria Bolsonaro de menos. Caso, Nunes saia vitorioso, Bolsonaro cantaria vitória, mas o vitorioso mesmo será Tarcísio, com Kassab na segunda fileira da foto. Na verdade, ao que tudo indica, o capitão só deve entrar na campanha no 2.o turno, caso Nunes passe.
Vale assinalar que Bolsonaro corre riscos em São Paulo, mas também em outras capitais. Se não conseguir emplacar candidatos vitoriosos caros à sua pregação, pode-se ver ameaçado de desaparecer na fumaça. Uma vitória de Nunes em São Paulo, ainda que de forma indireta, pode se constituir uma sobrevida ao capitão, sem considerar o reposicionamento das peças políticas que fatalmente ocorrerá. A mosca azul certamente morderá Tarcísio para se lançar candidato à presidência, aí já com uma autonomia mais larga em relação ao antigo chefe. A eleição de prefeito em São Paulo, se reveste, assim, de uma importância estratégica.
Do ponto de vista do lulopetismo, se Boulos vence a refrega, os créditos vão para ele próprio, credenciando-lhe para voos mais altos, mas também com intensidade para Lula. A vitória de Boulos, por outro lado, pode constituir uma ameaça ao PT, com uma diáspora para o partido vencedor de quadros mais à esquerda. É bom pontuar que o PT tem sido totalmente dependente de Lula, sem renovação de lideranças. Essa eleição ainda tem um outro componente. A ascensão de Marçal constitui mais um indicador da falência dos partidos. A sua opção pelo PRTB indica, por um lado, que o partido comprou sua proposta. Por outro lado, o fato do ex-coach buscar abrigo em um partido nanico indica que o porte do partido tanto faz desde que o candidato que “cause”, movimento que pode causar um grande estrago nos partidos estabelecidos. O PSDB já teve lavrado seu atestado de óbito, o PT, com exceção de Lula, já vem esmorecendo. O próprio MDB, mesmo sendo vencedor no pleito de São Paulo, vive uma esdrúxula situação de acabar nos braços do bolsonarismo ou de uma nova forma deste.
Faltando poucos dias para o pleito fica difícil cravar quem irá para o 2.o turno entre os três no pelotão dianteiro. Não é surpresa o ex-coach alcançar um patamar de uns 25% dos votos, em uma cidade com um eleitorado tão plural como São Paulo. Sempre pode ser argumentado que Nunes e Marçal disputam o mesmo eleitorado de direita e extrema direita e que, assim, Boulos seria beneficiado. Porém, este pode ser vítima do efeito Haddad. Na eleição de 2018 era esperado um crescimento de Haddad no 2° turno contra Bolsonaro. Isso até aconteceu animando o eleitorado petista/progressista, mas esse crescimento na decisiva reta final estancou. Pode ser que Boulos tenha atingido seu limite. Ainda não deve ser menosprezada a falibilidade das pesquisas com a presença dos indecisos e do voto envergonhado. De qualquer forma, no domingo à noite, dia 06 de outubro, saberemos que vai para o 2° turno, quais serão os primeiros vencedores, ainda que temporários, e os já derrotados.
FGV. Fundação Getúlio Vargas. Cadernos de Gestão e Cidadania.
PREFEITOS PAULISTANOS
O primeiro administrador da cidade de São Paulo de que se tem notícia foi Salvador Pires, pai de Amador Bueno, o "homem que não quis ser rei". Salvador Pires era procurador do 2º Conselho (hoje Câmara Municipal), foi nomeado em 1563 e permaneceu à frente da então Vila de São Paulo de Piratininga por um ano. Até a promulgação da Lei municipal nº 374, de 29 de novembro de 1898, os homens que administravam a cidade eram chamados de intendentes (com exceção de um curto período entre 1835/38, quando a nomenclatura mudou para prefeito) e eram, no tempo do Império, os presidentes da Câmara Municipal de São Paulo, que, eleitos para a chefia do Legislativo municipal, eram automaticamente designados intendentes.
Com a nova lei e a criação do cargo de prefeito, coube ao conselheiro Antônio da Silva Prado ser eleito pela Câmara Municipal para assumir a prefeitura da capital, o que ocorreu em 7 de janeiro de 1899, sendo eleito e reeleito para a chefia do poder executivo por quatro vezes consecutivas, inclusive pelo voto direto dos paulistanos em 1907. Silva Prado administrou a cidade até 15 de janeiro de 1911, sendo o homem que mais tempo permaneceu como prefeito na história de São Paulo.
Até 1930, quando eclodiu a Revolução de 3 de outubro, os prefeitos eram eleitos diretamente pela população paulistana. A partir de então, coube aos governadores a escolha e a nomeação dos prefeitos (o que ocorreria também entre 1969/1988). Em 1953, foi restabelecido o voto direto para a prefeitura de São Paulo, tendo sido eleito o então deputado estadual Jânio da Silva Quadros. Jânio seria, novamente, o primeiro prefeito eleito pelo povo em 1988, depois de um jejum de 23 anos. Pois foi em 1965 que os paulistanos elegeram, na última eleição direta, o brigadeiro José Vicente de Faria Lima.
José Serra é o 41º prefeito da capital (considerados aqueles que assumiram por mais de uma vez o cargo), desde a posse Antônio da Silva Prado, entre eles duas mulheres. Nesse período, entre prefeitos, vice-prefeitos, presidentes da Câmara Municipal, secretários e diretores municipais, 59 pessoas ocuparam o cargo.
Veja abaixo a relação completa de todos os homens e mulheres que exerceram a chefia do Poder Executivo municipal de São Paulo com as respectivas datas:
07/01/1899-16/01/1911 - Antônio da Silva Prado - P
(23/01/1907-01/10/1907) - Asdrúbal Augusto do Nascimento - VP
16/01/1911-15/01/1914 - Raymundo da Silva Duprat - P
15/01/1914-16/08/1919 - Washington Luís Pereira de Sousa - P
16/08/1919-16/01/1920 - Álvaro Gomes da Rocha Azevedo - VP
16/01/1920-16/01/1926 - Firmiano de Moraes Pinto - P
16/01/1926-23/10/1930 - José Pires do Rio - P
24/10/1930-06/12/1930 - Joaquim José Cardozo de Mello Neto - P
06/12/1930-26/07/1931 - Luiz Inácio Romeiro de Anhaia Mello - P
26/07/1931-14/11/1931 - Francisco Machado de Campos - P
14/11/1931-05/12/1931 - Luiz Inácio Romeiro de Anhaia Mello - P
05/12/1931-24/05/1932 - Henrique Jorge Guedes - P
24/05/1932-03/10/1932 - Goffredo Teixeira da Silva Telles - P
03/10/1932-29/12/1932 - Arthur Saboya - DOV/RE
29/12/1932-02/04/1933 - Theodoro Augusto Ramos - P
02/04/1933-23/05/1933 - Arthur Saboya - DOV/RE
23/05/1933-31/07/1933 - Oswaldo Gomes da Costa - P
31/07/1933-22/08/1933 - Carlos dos Santos Gomes - P
22/08/1933-07/09/1934 - Antônio Carlos de Assumpção - P
07/09/1934-01/05/1938 - Fábio da Silva Prado - P
(01/02/1938-16/02/1938) - Paulo Barbosa de Campos Filho - DDJ/RE
01/05/1938-11/11/1945 - Francisco Prestes Maia - P
11/11/1945-15/03/1947 - Abrahão Ribeiro - P
15/03/1947-29/08/1947 - Christiano Stockler das Neves - P
29/08/1947-26/08/1948 - Paulo Lauro - P
26/08/1948-04/01/1949 - Milton Improta - SF/PI
04/01/1949-28/02/1950 - Asdrúbal Euritysses da Cunha - P
28/02/1950-01/02/1951 - Lineu Prestes - P
01/02/1951-08/04/1953 - Armando de Arruda Pereira - P
08/04/1953-31/01/1955 - Jânio da Silva Quadros - P
(07/07/1954-17/01/1955) - José Porphírio da Paz - VP
31/01/1955-22/06/1955 - William Salem - PCM
22/06/1955-13/04/1956 - Juvenal Lino de Mattos - P
(28/12/1955-04/01/1956) - Wladimir de Toledo Piza - VP
13/04/1956-08/04/1957 - Wladimir de Toledo Piza - VP/P
08/04/1957-08/04/1961 - Adhemar Pereira de Barros - P
(10/01/1958-06/02/1958) - Cantídio Nogueira Sampaio - VP
(09/02/1961-28/02/1961) - Manoel de Figueiredo Ferraz - PCM
08/04/1961-08/04/1965 - Francisco Prestes Maia - P
- Leôncio Ferraz Júnior - VP
08/04/1965-08/04/1969 - José Vicente de Faria Lima - P
- José Freitas Nobre - VP
08/04/1969-08/04/1971 - Paulo Salim Maluf - P
08/04/1971-21/08/1973 - José Carlos de Figueiredo Ferraz - P
21/08/1973-28/08/1973 - João Brasil Vita - PCM
28/08/1973-17/08/1975 - Miguel Colasuonno - P
17/08/1973-12/07/1979 - Olavo Egydio Setúbal - P
(04/01/1977-28/01/1977) - Carlos Eduardo Sampaio Dória - PCM
12/07/1979-15/05/1982 - Reynaldo Emygdio de Barros - P
15/05/1982-15/03/1983 - Antônio Salim Curiati - P
15/03/1983-10/05/1983 - Francisco Altino Lima - PCM
10/05/1983 - 01/01/1986 - Mário Covas Júnior - P
(17/05/1985-28/05/1985) - Marcos Ribeiro de Mendonça - PCM
01/01/1986-01/01/1989 - Jânio da Silva Quadros - P
(10/04/1986-12/05/1986) - Arthur Alves Pinto - VP
(08/03/1987-21/04/1987) - Antônio Sampaio - PCM
(29/05/1987-02/07/1987 - Cláudio Salvador Lembo - SNJ/RE
(11/12/1987-14/01/1988) - Antônio Sampaio - PCM
(20/07/1988-05/08/1988) - Cláudio Salvador Lembo - SNJ/RE
(26/12/1988-01/01/1989) - Antônio Sampaio - PCM
01/01/1989-01/01/1993 - Luiza Erundina de Sousa - P
(26/05/1989-03/06/1989) - Luis Eduardo Greenhalgh - VP
01/01/1993-01/01/1997 - Paulo Salim Maluf - P
(27/10/1993-21/11/1993) - Sólon Borges dos Reis - VP
(14/04/1995-08/05/1995) - Sólon Borges dos Reis - VP
01/01/1997-01/01/2001 - Celso Roberto Pitta do Nascimento - P
(24/03/2000-26/03/2000) - Régis Fernandes de Oliveira - VP
26/05/2000-13/06/2000 - Régis Fernandes de Oliveira - VP/P
01/01/2001-01/01/2005 - Marta Teresa Smith Vasconcellos Suplicy - P
(02/01/2002-04/01/2002) - Hélio Bicudo - VP
(27/01/2003-04/02/2003) - Hélio Bicudo - VP
(01/05/2004-09/05/2004) - Hélio Bicudo - VP
(13/10/2004-27/10/2004) - Hélio Bicudo - VP
(29/11/2004-08/12/2004) - Hélio Bicudo - VP
(01 /01 2005 -31/03/2006) - José Serra - P
(01/03/ 2006- 01/01/2013) - Gilberto Kassab - VP
(01/01- 2013- 01/2017)- Fernando Haddad-P
(01/01/2017-06/04/2018)- João Dória-P
(06/04/2018- 16/05/2021)- Bruno Covas-VP
(16/05/2021-01/01/2024)-Ricardo Nunes - VP
(01/01/2025)- Ricardo Nunes-P
Abreviaturas:
DDJ/RE - Diretor do Departamento Jurídico respondendo pelo Expediente da Prefeitura;
DOV/RE - Diretor de Obras e Viação respondendo pelo Expediente da Prefeitura;
P - Prefeito;
PCM - Presidente da Câmara Municipal;
SNJ/RE - Secretário dos Negócios Jurídicos respondendo pelo Expediente da Prefeitura;
SF/PI - Secretário das Finanças designado Prefeito Interino;
VP - Vice-prefeito;
VP/P - Vice-Prefeito que assumiu efetivamente o cargo de Prefeito.
(*) Antônio Sérgio Ribeiro, advogado e pesquisador, é funcionário da Secretaria Geral Parlamentar da Alesp.
O autor agradece a colaboração de: Sandra Sciulli Vital, da Divisão de Biblioteca e Documentação da Alesp; Supervisão de Biblioteca da Câmara Municipal de São Paulo; Gabinete do Vice-prefeito Hélio Bicudo.
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FARIA LIMA, UM PREFEITO ICÔNICO
José Vicente de Faria Lima (Rio de Janeiro, 7 de outubro de 1909 – Rio de Janeiro, 4 de setembro de 1969) foi um engenheiro militar e político brasileiro. Filho de João Soares de Lima, imigrante português vindo ao Brasil com apenas oito anos de idade que trabalhava no Arsenal da Marinha, e de Castorina de Faria descendente de velha estirpe espírito-santense. É irmão do almirante Floriano Peixoto Faria Lima, presidente da Petrobras nos anos de 1973 a 1974 e governador do Estado do Rio de Janeiro entre os anos de 1975 e 1979. Seu outro irmão, Roberto de Faria Lima, foi inspetor geral da Aeronáutica em 1974.
Carreira. Com 21 anos de idade foi graduado Oficial Aviador, logo depois iniciou sua carreira na aviação militar do exército, (depois incorporada pela Força Aérea Brasileira), chegando em 1958 a Brigadeiro do ar. Antes, no Colégio Militar, já havia mostrado ser um aluno aplicado. Na década de 1930, juntamente com Eduardo Gomes, do tenente Wanderley e do capitão Montenegro, voou muito pelo interior do país, fazendo as linhas do Correio Aéreo Nacional, sobrevoando por todo os recantos do território brasileiro, em uma missão de assistência e ligação desde os sertões até o litoral, que até então eram inacessíveis para populações do Brasil Central, do Mato Grosso e da Amazônia.
Na FAB fez cursos de aviador militar, de observador e de engenharia aeronáutica, especializando-se em engenharia na Escola Superior de Aeronáutica da Porta de Versalhes, na França, se destacando entre os alunos estrangeiros da escola. Participou da criação do Ministério da Aeronáutica e competiu com Nero Moura, no início da Segunda Guerra Mundial, para ser comandante do 1º Grupo de Aviação de Caça, mas, com especialidade na área técnica, cedeu seu lugar ao então major combatente, posteriormente se tornando assistente técnico do então Ministro Salgado Filho. Foi chefe da comissão da Aeronáutica nos Estados Unidos, em Washington, apesar das dificuldades, conseguiu suprir a aviação brasileira com material de voo necessário. Em 1948, tornou-se comandante do Parque de Aeronáutica de São Paulo, até o ano de 1954.
Chamado por Jânio Quadros, em 1955 assumiu a presidência da Vasp, transformando-a em uma das melhores empresas de aviação do país. Foi secretário de Estado da Viação e Obras Públicas, no governo Jânio Quadros, tendo permanecido no cargo durante a gestão Carvalho Pinto com administração exemplar. No ano de 1958, foi nomeado brigadeiro-do-ar, ainda exercendo a função de secretário, em que permaneceu até o ano de 1961, quando foi nomeado, pelo então presidente, Jânio Quadros, ao cargo de presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), cargo que permaneceu entre os meses de março a setembro, até a renúncia de Jânio Quadros.
Prefeitura de São Paulo. Em 22 março de 1965, foi eleito por voto direto ao cargo prefeito de São Paulo, após ser lançado pela legenda da União Democrática Nacional (UDN), disputando as eleições com o então vice-governador Laudo Natel, do Partido Republicano (PR), o senador Auro de Moura Andrade, do Partido Social Democrático (PSD), o deputado federal Franco Montoro, do Partido Democrata Cristão (PDC), o senador Lino de Matos, do Partido Trabalhista Nacional (PTN) e o engenheiro Paulo Egídio Martins. Assumiu a prefeitura de São Paulo no mês seguinte, sucedendo Francisco Prestes Maia. Sua gestão foi considerada excepcional pelo volume de obras e pela profunda alteração que promoveu na paisagem urbana da cidade. Para descentralizar a ação administrativa, a cidade de São Paulo foi dividida em 12 regiões, em que cada uma delas contava com subprefeitos e funcionários que eram responsáveis em acompanhar e levantar as necessidades de cada região.
Logomarca e slogan da administração Prestes Maia, copiado por muitas prefeituras na época.
Durante sua administração, Faria Lima notabilizou-se pelas diversas obras, entre elas a Marginal Tietê, a Marginal Pinheiros, avenidas Sumaré, Radial Leste, Vinte e Três de Maio, Rubem Berta, promovendo o alargamento e duplicando, dentre outras, a rua da Consolação e as avenidas Rebouças, Sumaré, Pacaembu, Cruzeiro do Sul e Rio Branco. Foram construídos inúmeros viadutos, como o Alcântara Machado, considerado um dos maiores da América Latina, mercados distritais, pavimentação de ruas, iluminação e logradouros públicos, como a praça Roosevelt, além de obras nas áreas de saúde, educação, bem-estar social etc. Foi durante este período que o serviço de bondes foi extinto em São Paulo, em 1967. Faria Lima começou as obras do Metrô de São Paulo, com a Companhia de Metrô em dezembro de 1968.
Foi também, durante sua gestão, que Faria Lima teve a iniciativa de criar um concurso para a criação de um piso padrão para as calçadas paulistanas, tendo como resultado a arte premiada de Mirthes Bernardes, representando de maneira minimalista o mapa do Estado de São Paulo em preto e branco, que tornou-se um dos principais símbolos da cidade.
Entre as obras para a melhoria do trânsito de São Paulo, Faria Lima começou a construção de uma avenida ligando os bairros de Pinheiros e Itaim Bibi. Após a sua morte a avenida, que se chamaria Radial Oeste, recebeu o nome de Avenida Brigadeiro Faria Lima em sua homenagem.
Sua eficiência administrativa fez com que Faria Lima ganhasse prestigio político no nacionalmente, chegando a ser considerado, ao lado do senador Carvalho Pinto e do governador Abreu Sodré, uma das três maiores forças políticas do Estado. Faria Lima só se filiou ao ARENA em maio de 1968, visando garantir sua chance de disputar o governo de São Paulo.
Faria Lima faleceu no dia 4 de setembro de 1969, no Rio de Janeiro, um ano antes das eleições que pretendia concorrer.
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JÂNIO, UM PREFEITO CARISMÁTICO E POLÊMICO
Jânio Quadros descendo a escadaria do Palácio das Indústrias, no centro de São Paulo, ao lado do Parque Dom Pedro, quando era governador de São Paulo, na década de 1950. Na época, o palácio era sede da Assembléia Legislativa de SP ( Alesp) Foto: Acervo Alesp/ antonio m. rudolf.
Jânio da Silva Quadros (Campo Grande, 25 de janeiro de 1917 – São Paulo, 16 de fevereiro de 1992), Advogado, professor, letrólogo e escritor. Foi prefeito e governador do estado de São Paulo nos anos 1950. Em seguida, foi o 22.º presidente do Brasil, entre 31 de janeiro de 1961 e 25 de agosto de 1961, data em que renunciou ao seu mandato. Em 1985, elegeu-se novamente prefeito de São Paulo dessa vez pelo PTB, tomando posse em 1 de janeiro de 1986, tendo sido este o seu último cargo eletivo.
Filho do médico e engenheiro agrônomo Gabriel Quadros( vereador paulistano assassinado em crime passional por um correligionário), nasceu no estado de Mato Grosso (na porção que hoje corresponde ao Mato Grosso do Sul), mas foi criado em Curitiba. Em 1947, foi eleito vereador com 1 707 votos na cidade de São Paulo pelo Partido Democrata Cristão. A seguir elegeu-se prefeito do município de São Paulo, o que caracterizou uma grande façanha, pois enfrentou um enorme arco de partidos políticos. Após deixar o PDC e filiar-se ao Partido Trabalhista Nacional (PTN), foi candidato da aliança PTN-PSB a Governador de São Paulo, tendo ganhado o pleito sobre o favorito Ademar de Barros (um de seus maiores rivais políticos) por uma pequena margem de votos, de cerca de 1%. Sua gestão foi entre 1955 e 1959.
Elegeu-se deputado federal pelo estado do Paraná em 1958, mas viajou para o exterior e não participou de nenhuma das sessões do Congresso. Ao retornar, preparou sua candidatura à presidência, com apoio da União Democrática Nacional (UDN). Utilizou como mote da campanha o "varre, varre vassourinha, varre a corrupção. Jânio chegou à presidência da República de forma muito veloz. Em São Paulo, exerceu sucessivamente os cargos de vereador, deputado, prefeito da capital e governador do estado. Tinha um estilo político exibicionista, dramático e demagógico. Conquistou grande parte do eleitorado prometendo combater a corrupção e usando uma expressão por ele criada: varrer toda a sujeira da administração pública. Por isso o seu símbolo de campanha era uma vassoura.
Foi eleito presidente em 3 de outubro de 1960, por uma coligação, para o mandato de 1961 a 1965, com 5,6 milhões de votos — a maior votação até então obtida no Brasil — vencendo o marechal Henrique Lott de forma arrasadora, por mais de dois milhões de votos. Porém não conseguiu eleger o candidato a vice-presidente de sua chapa, Milton Campos (naquela época votava-se separadamente para presidente e vice). Quem se elegeu para vice-presidente foi João Goulart, do Partido Trabalhista Brasileiro. Os eleitos formaram a chapa conhecida como chapa Jan-Jan. Embora tenha feito um governo bastante breve — que só durou sete meses — pôde-se, nesse período, traçar novos rumos à política externa e orientar, de maneira singular, os negócios internos. A posição de Cuba nas Américas após a vitória de Fidel Castro mereceu sua atenção. Na tarde de 25 de agosto, Jânio Quadros, para espanto de toda a nação, anunciou sua renúncia, que foi prontamente aceita pelo Congresso Nacional.
Em 1985, contando com o proeminente apoio do empresariado (Olavo Setúbal, Herbert Levy) e dos setores e figuras mais conservadoras da sociedade paulistana, como a TFP, a Opus Dei, o ex-governador Paulo Maluf e o ex-ministro Antônio Delfim Netto, retornou aos cargos públicos elegendo-se prefeito de São Paulo também pelo PTB, derrotando o candidato situacionista, senador Fernando Henrique Cardoso (PMDB), e o representante das esquerdas, deputado federal Eduardo Suplicy (PT). Recebeu o cargo de Mário Covas, um santista e ex-janista que havia se tornado uma das principais lideranças do PMDB. "Com minha eleição a Prefeitura de São Paulo, encerro minha biografia política", afirmou em junho de 1985.
A morte da esposa Eloá, vítima de câncer, em novembro de 1990, agravou-se seu estado de saúde. Passou os últimos meses de sua vida entre casas de repouso e quartos de hospitais. Morreu em São Paulo, internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em 16 de fevereiro de 1992, em estado vegetativo, vítima de três derrames cerebrais. Está sepultado no Cemitério da Paz em São Paulo.
(Resumido da Wikipédia)
Vale do Anhangabaú em 1952. Destaque para o então edifício sede da IRFM (atual prefeitura) e mais ao fundo outros edifícios como Palacete Prates, Sampaio Moreira, Martinelli, Banco do Brasil e Banespa.
O Poder Executivo do município de São Paulo é representado pelo Prefeito e seu Gabinete de Secretários, seguindo o modelo proposto pela Constituição Federal. A Lei Orgânica do Município e o atual Plano Diretor da cidade, porém, determinam que a administração pública deva garantir à população ferramentas efetivas de manifestação da democracia participativa, o que faz com que a cidade seja dividida em subprefeituras, cada uma delas liderada por um subprefeito, nomeado pelo prefeito. Cada subprefeitura conta com um conselho de representantes da sociedade civil eleito a cada 2 anos. A prefeitura atualmente é composta por 26 secretarias, aos quais são as seguintes de acordo com a Lei Municipal nº 17 776, de 13 de abril de 2022. O Poder Legislativo é representado pela Câmara Municipal, composta por 55 vereadores eleitos para cargos de quatro anos. Cabe à Câmara elaborar e votar leis fundamentais à administração e ao Executivo, especialmente leis relacionadas ao orçamento municipal, como, por exemplo, a Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Subprefeituras. São Paulo possui 32 pequenos "municípios" distribuídos pela cidade. Desde 2002, com a aprovação da lei 13.399, a maioria dos equipamentos públicos, como clubes da comunidade (antigos Clubes Desportivos Municipais - CDMs) e clubes da cidade foram transferidos para as Subprefeituras. As Subprefeituras têm o papel de receber pedidos e reclamações da população, solucionar os problemas apontados; preocupam-se com a educação, saúde e cultura de cada região, tentando sempre promover atividades para a população. Além disso, elas cuidam da manutenção do sistema viário, da rede de drenagem, limpeza urbana, vigilância sanitária e epidemiológica, entre outros papéis. Atualmente estas subprefeituras estão vinculadas à Administração Direta do Município por meio da Secretaria Municipal das Subprefeituras.
A política do Município de São Paulo, dado que o município possui posição de destaque na economia brasileira, tradicionalmente envolve interesses bastante diversos, não raro ligados a grupos sociais e políticos externos ao município. As decisões políticas que aí ocorrem costumam apresentar consequências em regiões alheias à cidade: visto que pela cidade circula grande parte dos capitais em fluxo no país, por exemplo, leis municipais envolvendo taxações diversas fatalmente acarretarão alterações econômicas em regiões distantes. Desta forma, a configuração política do Município é considerada bastante complexa, composta por grupos e forças sociopolíticas de caracterização bastante variada no espectro político. Muitos dos principais políticos do país são paulistanos, assim como vários dos maiores partidos políticos brasileiros possuem líderes importantes em São Paulo. Porém, são comuns ao longo da história política de São Paulo fenômenos essencialmente bairristas, exemplificados por políticos que possuem uma base de apoio restrita ao microcosmos paulistano.
Salto Industrial. O primeiro grande projeto para a instalação industrial na cidade foi o complexo industrial das indústrias Matarazzo na Barra Funda, na avenida Francisco Matarazzo, que aos poucos se expandia na cidade. Na década de 1930, os irmãos Jafet, atuando no ramo de tecidos, Rodolfo Crespi, os irmãos Puglisi Carbone e a família Klabin, que fundaria a primeira grande indústria de celulose do Brasil, a Klabin. Outro grande surto industrial deu-se, durante a Segunda Guerra Mundial, devido à crise na cafeicultura na década de 1930 e às restrições ao comércio internacional durante a guerra, o que fez a cidade ter uma taxa de crescimento econômico muito elevada que se manteve elevada no pós-guerra. Em 1947, São Paulo ganha sua primeira rodovia asfaltada: a Via Anchieta (construída sobre o antigo traçado do Caminho do Padre José de Anchieta), liga a capital ao litoral paulista. Na década de 1950, São Paulo era conhecida como A cidade que não pode parar e como A cidade que mais cresce no mundo. São Paulo realizou uma grande comemoração, em 1954, do "Quarto Centenário" de fundação da cidade. É inaugurado o Parque do Ibirapuera, lançados muitos livros históricos e descoberta a nascente do rio Tietê em Salesópolis. Com a transferência, a partir da década de 1950, de parte do centro financeiro da cidade que fica localizado no centro histórico (na região chamada de "Triângulo Histórico"), para a Avenida Paulista, as suas mansões foram, na sua maioria, substituídas por grandes edifícios. No período da década de 1930 até a década de 1960, os grandes empreendedores do desenvolvimento de São Paulo foram o prefeito Francisco Prestes Maia e o governador do estado de São Paulo Ademar de Barros, o qual também foi prefeito de São Paulo entre 1957 e 1961. Prestes Maia projetou e implantou, na década de 1930, o "Plano de Avenidas para a Cidade de São Paulo", que revolucionou o trânsito de São Paulo. Estes dois governantes são os responsáveis, também, pelas duas maiores intervenções urbanas, depois do Plano de Avenidas, e que mudaram São Paulo: a retificação do rio Tietê com a construção de suas marginais e do Metrô de São Paulo: em 13 de fevereiro de 1963, o Barros e Maia criaram as comissões (estadual e municipal) de estudos para a elaboração do projeto básico do Metrô de São Paulo, e destinaram ao Metrô suas primeiras verbas.
Salto populacional. No início dos anos 1960, São Paulo já somava quatro milhões de habitantes. Iniciado a sua construção em 1968, na gestão do prefeito José Vicente de Faria Lima, o metrô paulistano começou a operar comercialmente em 14 de setembro de 1974 e em 2016 contava com uma rede de 71,5 km de extensão e 64 estações distribuídas por cinco linhas. Naquele ano, foram transportados pelo sistema 1,1 bilhão de passageiros. No final do século XX e início do século XXI, São Paulo se tornou o principal centro financeiro da América do Sul[8] e uma das cidades mais populosas do mundo. Como a cidade brasileira mais influente no cenário global, São Paulo é atualmente classificada como uma cidade global alfa. A metrópole possui o 23.º maior PIB do mundo, representando, isoladamente, 9,2% de todo o PIB brasileiro e 34% do PIB do estado em 2018,sendo ainda responsável por 28% de toda a produção científica nacional em 2005.

Grande São Paulo vista da Estação Espacial Internacional à noite
Macrometrópole. O intenso processo de conurbação atualmente em curso na Grande São Paulo tem tornado inefetivas as fronteiras políticas entre os municípios da região, criando uma metrópole cujo centro está em São Paulo e atinge municípios, como por exemplo, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema (a chamada Região do Grande ABC), Osasco e Guarulhos, entre várias outros. A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) foi criada no ano de 1973 e atualmente é constituída por 39 municípios, sendo a maior aglomeração urbana brasileira e a terceira maior das Américas, com 20 820 093 habitantes. Outras regiões próximas a São Paulo são também regiões metropolitanas do estado, como Campinas, Baixada Santista, Vale do Paraíba e Sorocaba; outras cidades próximas compreendem aglomerações urbanas em processo de conurbação, como Jundiaí. O chamado Complexo Metropolitano Expandido, megalópole da qual a Grande São Paulo faz parte, ultrapassa os 32,2 milhões de habitantes, aproximadamente 75% da população do estado. As regiões metropolitanas de Campinas e de São Paulo, são interligadas pela aglomeração Urbana de Jundiaí, e formam a primeira macrometrópole do hemisfério sul, unindo 72 municípios que, juntos, abrigam 12% da população brasileira.
Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), também conhecida como Grande São Paulo, é a maior região metropolitana do Brasil, com cerca de 20,7 milhões de habitantes, e uma das dez regiões metropolitanas mais populosas do mundo. Reúne 39 municípios do estado de São Paulo em intenso processo de conurbação. O termo refere-se à extensão da capital paulista, formando com seus municípios lindeiros uma mancha urbana contínua.
A população, segundo a estimativa calculada para 1º de julho de 2021, era de 20 743 587 habitantes. Sua população é superior à de vários países, como o Chile (17 248 450), Países Baixos (17 100 475) e Portugal (10 487 289), além de ser mais populoso que a Bolívia, o Paraguai e o Uruguai juntos. Se a Região Metropolitana de São Paulo fosse uma nação, seria a 59ª mais populosa do mundo. Outros centros urbanos próximos a São Paulo são também regiões metropolitanas do estado, como Campinas, Baixada Santista, Vale do Paraíba, Sorocaba e Jundiaí. O chamado Complexo Metropolitano Expandido, megalópole da qual a Grande São Paulo faz parte, ultrapassa os 32,2 milhões de habitantes, aproximadamente 75% da população do estado. As regiões metropolitanas de Campinas e de São Paulo são interligadas pela Região Metropolitana de Jundiaí, e formam a primeira macrometrópole do hemisfério sul, unindo 72 municípios que, juntos, abrigam 12% da população brasileira.
A Região Metropolitana de São Paulo é o maior polo de riqueza nacional. A renda per capita em 2011 atingiu cerca de R$ 38 348. A metrópole detém a centralização do comando do grande capital privado, concentrando a maioria das sedes brasileiras dos mais importantes complexos industriais, comerciais e principalmente financeiros, que controlam as atividades econômicas no país Esses fenômenos fizeram surgir e condensar na região metropolitana uma série de serviços sofisticados, definidos pela íntima dependência da circulação e transporte de informações: planejamento, publicidade, marketing, seguro, finanças e consultorias, entre outros. A região exibe um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 760,04 bilhões (2011). Em 2011 representava 56,32% do PIB paulista.
A Grande São Paulo abriga quatro das trinta cidades com melhor infraestrutura no Brasil, tendo São Paulo em primeiro lugar, São Bernardo do Campo e Guarulhos empatadas na nona posição e Santo André na vigésima-sétima colocação.
Mapa político da região metropolitana e suas sub-regiões, conforme a lei complementar estadual 1 139, de 16 de junho de 2011: Sub-região norte; Sub-região leste; Sub-região sudeste; Sub-região sudoeste; Sub-região oeste; Município de São Paulo (integra todas as sub-regiões).
O Rodoanel Mário Covas (SP-21) é um anel rodoviário de 176 km de extensão que circunda a região central da Grande São Paulo. Construído ao longo de duas décadas (com a conclusão da última etapa prevista para 2025), o Rodoanel conecta todas as dez rodovias estaduais ou federais que passam pela Grande São Paulo, criando rotas alternativas que evitam, por exemplo, que caminhões vindos do interior do estado com destino ao porto de Santos circulem pelas vias urbanas já congestionadas da região metropolitana. A rodovia é dividida em 4 trechos, construídos em etapas separadas e operados por duas concessionárias diferentes. O primeiro trecho a ser aberto, o oeste, começou a ser construído em 1998 e foi inaugurado em 2002. O trecho sul foi aberto em 2010, e o leste em 2014. O trecho norte, ainda em construção. O congestionamento de veículos na cidade é recorrente, principalmente, mas não restrito, aos horários de pico. Desde 1996, a prefeitura adota medidas paliativas para amenizar os problemas causados pelo trânsito, como a adoção do Rodízio Municipal, a restrição de estacionamentos (Zona Azul) e de circulação de caminhões e veículos de carga. O recorde de congestionamento da cidade foi o de 344 km, em maio de 2014.
AS DEZ AVENIDAS MAIS LONGAS DA CAPITAL
Marginal Tietê – Crédito: Helvio Romero/Estadão
Marginal Tietê, com 22 km, aparece em primeiro lugar, de acordo com a Prefeitura de SP
São Paulo tem mais de 50 mil ruas e avenidas oficiais, que se estendem por mais de 19.400 quilômetros. Entre as mais longas da cidade estão a Marginal Tietê, considerada a principal via expressa da cidade; a avenida Sapopemba, que passa por regiões rurais e urbanas; e a avenida Aricanduva, importante acesso para os bairros da zona leste.
As vias da Capital paulista estão listadas na plataforma GeoSampa, mantida pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL): trata-se de um mapa digital em que é possível encontrar dados georreferenciados sobre o território. Além de informações sobre a rede de transporte público, mapas técnicos e dados de densidade demográfica e vulnerabilidade social, pode ser consultada pelo portal a Base de Logradouros do Município.
A seguir, estão listadas as vias mais longas, de acordo com a Base de Logradouros 2023. Segundo a Prefeitura, no caso de pistas contínuas que mudam de nome (a Radial Leste, por exemplo), cada trecho com nome diferente é medido separadamente.
1 – Marginal Tietê (22 quilômetros)
Considerada a via arterial mais importante do município, pois interliga as regiões central, norte, leste e oeste e tem conexões com as principais rodovias que dão acesso à região metropolitana. O trecho de 22 quilômetros considerado pela Base de Logradouros vai do viaduto Cebolão, na zona oeste, até o viaduto Imigrante Nordestino, na zona leste.
2 – Avenida Sapopemba (18,2 quilômetros)
As origens da avenida Sapopemba remontam ao século 19. Com o nome Estrada de Sapopemba, foi aberta para conectar os sítios e fazendas da região. De lá para cá, passou por retificações, mas permanece com seu percurso quase igual ao original. O nome, que significa “raízes angulosas” em tupi — faz referência às árvores locais, que tinham raízes que se projetavam para fora da terra. A via começa na confluência da rua Água Rasa com a avenida Salim Farah Maluf e passa por regiões das subprefeituras Mooca; Aricanduva/Formosa/Carrão; Vila Prudente; Sapopemba e São Mateus (todas na zona leste). Nos 18,2 quilômetros, seu percurso termina próximo à divisa com Mauá.
3 – Avenida Aricanduva (16,8 quilômetros)
Do Tatuapé a São Mateus, estende-se por 16,8 quilômetros ao longo da zona leste. A via começa perto da rua Melo Freire, na Radial Leste, e termina na avenida Ragueb Chohfi. O termo Aricanduva vem do tupi para “terra das palmeiras da variedade airy”, já que “airica” significa palmeira e “duva” significa terra. Concluída na década de 1970, a via facilitou a ligação da Marginal Tietê com a Estrada de Itaquera, o que buscava facilitar o tráfego entre Itaquera, Penha e São Miguel Paulista.
4 – Avenida Jacu-Pêssego (12,5 quilômetros)
Esta avenida corre ao longo do córrego Jacu-Pêssego e é a junção da antiga estrada do Pêssego, área em que migrantes japoneses cultivavam a fruta, e da estrada do Jacu. Ela também é conhecida como avenida Nova Trabalhadores e seu percurso de 12,5 quilômetros corta os distritos de Vila Jacuí (subprefeitura São Miguel Paulista), Itaquera e José Bonifácio (subprefeitura Itaquera) e Iguatemi (subprefeitura São Mateus).
5 – Avenida do Estado (11,9 quilômetros)
Leva esse nome como uma homenagem ao Estado de São Paulo e margeia o canal do rio Tamanduateí. É uma importante conexão entre a capital e o ABC Paulista, que passa pelo centro da cidade e segue na direção das regiões das Subprefeituras Ipiranga e Vila Prudente.
6- Avenida das Nações Unidas (11,8 quilômetros)
É uma das vias que formam a Marginal Pinheiros. Nela está localizado um dos prédios mais altos da cidade; o Centro Empresarial Nações Unidas. A avenida leva esse nome em homenagem à Organização das Nações Unidas (ONU) e seu percurso vai da rua Hungria, na Subprefeitura Pinheiros (zona oeste), à avenida Interlagos, na Subprefeitura Santo Amaro (zona sul).
7 – Avenida Raimundo Pereira de Magalhães (11,7 quilômetros)
Começa na Subprefeitura Lapa (zona oeste), atravessa a Marginal Tietê e vai até o extremo norte da cidade, na região da Subprefeitura Perus (zona norte), passando por Jaraguá e Pirituba. O percurso chama atenção por contar com paisagens urbanas e também rurais. Leva o nome do português Raimundo Pereira de Magalhães, comerciante de açúcar e fundador, na Lapa, da Companhia Suburbana Imobiliária. Ele é apontado como responsável por custear o saneamento, abrir as ruas e construir os viadutos necessários para que o terreno se tornasse um parque industrial.
8 – Rua Doutor Assis Ribeiro (11 quilômetros)
O engenheiro Joaquim de Assis Ribeiro dá nome a essa rua de 11 quilômetros de extensão, que corre pela zona leste de São Paulo — da avenida Gabriela Mistral, na Penha, até a rua Frei Fidelis Mota, na Vila Jacuí. Nascido em Juiz de Fora (MG), Assis Ribeiro foi diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil e membro da equipe de engenheiros envolvidos na construção de Belo Horizonte.
9 – Avenida Professor Luiz Ignácio Anhaia Mello (10,2 quilômetros)
Importante via arterial, liga os distritos São Lucas, Vila Prudente e Sapopemba, na zona leste, e dá acesso ao distrito do Ipiranga. Seu percurso inicia na avenida do Estado e termina na rua Milton da Cruz, na subprefeitura de Sapopemba. O homenageado pelo nome da avenida foi um engenheiro formado pela Escola Politécnica, ex-prefeito de São Paulo — por cerca de oito meses —, ex-vereador, professor universitário e fundador da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.
10 – Avenida Salim Farah Maluf (10,2 quilômetros)
Com o nome do pai do político Paulo Maluf, a avenida Salim Farah Maluf tem 10,2 quilômetros de extensão e facilita o fluxo de veículos para a Marginal Tietê. Passa pelas áreas das Subprefeituras Mooca e Vila Prudente. Começa na avenida Condessa Elizabeth de Robiano, que integra a Marginal, e acaba na avenida Professor Luiz Ignácio Anhaia Mello.
DISTRITOS E BAIRROS
TRANSFORMAÇÃO POLÍTICA E TERRITORIAL
Mapa das Regiões e Bairros da Cidade de São Paulo
Entre 1558, da sua elevação a categoria de Vila, e 2007, quando a cidade atingiu o ápice (sempre provisório) da sua dimensão e dinâmica geopolítica, a cidade passou por intensas mudanças, quase sempre acompanhadas pelo esforço de organização jurídica que respondesse às necessidades administrativas. A urbanização acelerada no início do século XX mudou totalmente a acanhada paisagem paulistana original, que ainda se mantinha nas primeiras décadas. Para acompanhar esse ritmo frenético, leis e decretos tiveram que ser sucessivamente aplicados para ordenar e organizar as ocupações. Essa evolução está descrita pelo IBGE no perfil da cidade, que obviamente muda de acordo com as rápidas e constantes transformações:
"Em divisão territorial datada de 2003, o município de São Paulo é constituído de 97 distritos: São Paulo e mais 96.
São Paulo tem cinco grandes zonas urbanas: Centro, Leste, Norte, Oeste e Sul, com cerca de 96 bairros e centenas de vilas. Seguindo esse panorama, sem ordenar necessariamente por zona , inserimos os pontos e eventos considerados histórica e culturalmente marcantes e mais ilustrativos do território municipal. Escolhemos então as avenidas e ruas de grandes circulação com suas respectivas referências de notoriedade, assim como os seus estabelecimentos mais conhecidos e frequentados diariamente por milhões de paulistanos e paulistas.
Em seguida, na segunda parte da página, usando o mesmo critério (micro-regiões), escolhemos as cidades da grande região metropolitana de São Paulo e também das grandes regiões paulistas, do interior e do litoral:
1. Centro: Bela Vista; Bom retiro; Cambuci; Consolação; Liberdade; República; Santa Cecília; e Sé.
2. Zona Leste: Água Rasa; Aricanduva; Artur Alvim; Belém; Brás; Cangaíba; Carrão; Moóca; Pari; Penha; São Lucas; Sapopemba; Tatuapé; Vila Formosa; Vila Matilde; Vila Prudente; Cidade Líder; Cidade Tiradentes; Ermelino Matarazzo; Guaianases; Iguatemi; Itaim Paulista; Itaquera; Jardim Helena; José Bonifácio; Lajeado; Parque do Carmo; Ponte Rasa; São Mateus; São Miguel; São Rafael; Vila Curuçá; e Vila Jacuí.
3. Zona Norte: Jaçanã; Mandaqui; Santana; Tremembé; Tucuruvi; Vila Guilherme; Vila Maria; Vila Medeiros; Anhangüera; Brasilândia; Cachoeirinha; Casa Verde; Freguesia do Ó; Jaraguá; Limão; Perus; Pirituba; e São Domingos.
4. Zona Oeste: Alto de Pinheiros; Barra Funda; Butantã; Itaim Bibi; Jaguará; Jaguaré; Jardim Paulista; Lapa; Morumbi; Perdizes; Pinheiros; Raposo Tavares; Rio Pequeno; Vila Leopoldina; Vila Sônia
5. Zona Sul: Cursino; Ipiranga; Jabaquara; Moema; Sacomã; Saúde; Vila Mariana; Campo Belo; Campo Grande; Campo Limpo; Capão Redondo; Cidade Ademar; Cidade Dutra; Grajaú;; Jardim Ângela; Jardim São Luís; Marsilac; Parelheiros; Pedreira; Santo Amaro; Socorro; e Vila Andrade.
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CAMPOS ELÍSIOS E REPÚBLICA
Alameda Nothmann, Campos Elísos. Embaixo dos trilhos da São Paulo Railway. Ao fundo a residência da família de Santos Dumont.
Campos Elíseos bairro localizado no distrito de Santa Cecília, região central. Foi o primeiro bairro planejado da cidade, onde se fixaram vários dos antigos e abastados fazendeiros do café. No bairro está localizada a antiga sede do Governo do Estado de São Paulo, o Palácio dos Campos Elíseos, que pertenceu anteriormente ao aristocrata e político Elias Antônio Pacheco e Chaves, localizado na antiga Alameda dos Bambus, futura Avenida Rio Branco. A sede do Governo foi transferida posteriormente, após sofrer um incêndio, para o Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi. Veio a abrigar posteriormente a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo. A Sala São Paulo e a Estação Júlio Prestes, que foi reformada para ser a maior sala de concertos da cidade, também se localizam no bairro. O bairro foi idealizado e loteado por empresários suíços no fim do século XIX, em 1878, notadamente pelo suíço Frederico Glete e o alemão Victor Nothmann, que adquiriram antiga chácara em um local conhecido como Campo Redondo e a lotearam. Para isso contrataram o arquiteto alemão Herman von Puttkamer, que desenhou o urbanismo da área. A localização era privilegiada: próximo da Estação Sorocabana, inaugurada em 1878 (atual estação Estação Júlio Prestes) e da Estação da Luz e, ao mesmo tempo, não muito longe do centro da cidade, os espaçosos terrenos do loteamento eram ideais para abrigar as mansões e residências dos barões do café quando vinham à capital a negócios. O Liceu Coração de Jesus, renomada instituição pedagógica também se instalou na área. E ficava nas cercanias o principal hospital da cidade à época, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Algumas das ruas foram batizadas com os sobrenomes destes empresários ou em homenagem aos seus países de origem, como Alameda Glette, Alameda Nothmann, Alameda Cleveland e Rua Helvetia. Na Revolta Paulista de 1924 o bairro foi bombardeado e durantes os combates vários pontos da cidade foram atingidos, em especial bairros operários como Mooca, Ipiranga, Brás, Belenzinho e Centro, que foram seriamente afetados pelos bombardeios. A partir de década de 1930, os Campos Elíseos sofreram com o prejuízo dos barões do café que lá moravam. Com as dificuldades dos cafeicultores, e seus herdeiros que repartiam as heranças, e que optaram por mudarem para novos bairros, muitos casarões e mansões foram demolidos, cedendo espaço a prédios de apartamentos e galpões industriais. Outros continuaram de pé, sendo alugados e sublocados, transformando-se em pensões, cortiços e moradias coletivas precárias. Apenas um núcleo do bairro preservou características das décadas de 1930 e 1940. Trata-se da região próxima à rua Chácara do Carvalho (antiga propriedade do Conselheiro Antônio da Silva Prado, com seu majestoso palacete), onde fica o Colégio Boni Consilii: ali ainda existem alguns poucos casarões e edifícios residenciais de porte, muitos com garagem, ocupados ainda por pessoas de classe média. [Textos e imagens da Wikipedia]
O Palácio dos Campos Elísios, na Avenida Rio Branco.
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CAETANO DE CAMPOS, EDUCAÇÃO PÚBLICA DE ELITE
Escola Normal de São Paulo em 1908
A Escola Normal Caetano de Campos, fundada inicialmente como Escola Normal da Capital, hoje é denominada como Escola Estadual Caetano de Campos. Funcionava no prédio anexo à Catedral da Sé velha e foi transferida para a Praça da República para o edifício projetado por Antônio Francisco de Paula Sousa e Ramos de Azevedo, inaugurado em 1894 e funcionou neste edifício até 1978, onde passou a abrigar a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Foi a primeira dessa modalidade , criada em 1846, com a primeira lei de instrução primária da Província de São Paulo que instituía: Art. 31º - 0 governo estabelecerá na Capital da Província uma escola normal de instrução primária. Todas as aulas eram dadas pelo mesmo professor, também fundador da escola, Dr. Manoel José Chaves. Havia uma variação de 11 a 21 alunos matriculados anualmente na escola. Esta escola atendia alunos exclusivamente do sexo masculino, que uma vez aprovados, poderiam prover instrução primária. No ano de 1867, a escola foi a fechada por ausência de verba, em razão da aposentadoria do professor. Após oito anos, foi reaberta devido a obrigatoriedade do ensino, consagrada na lei número 9 de 22 de março de 1874. Começa a funcionar em uma ala da Faculdade de Direito do Largo São Francisco e passou a aceitar estudantes do sexo feminino, que estudavam em horários e locais diferentes, já que não podiam ter contato com os estudantes do sexo masculino. Ocorre um novo fechamento das portas em 1878, por motivos de instalação, disponibilização de material didático, baixa frequência e alta evasão escolar: o curso começava com 214 alunos e alunas, terminando com apenas 44. Em 1880, a Escola foi novamente aberta, mas em outro local, mudando ainda mais duas vezes. Acomodou-se primeiramente na Rua do Tesouro; depois, no prédio do Fórum Civil. Mais tarde em 1881, foi transferida para a Rua da Boa Morte, conhecida hoje como Rua do Carmo. Abrigava os cursos normais primários e secundários, para a formação de docentes nestes dois níveis de ensino. Tinha como anexo o Jardim da Infância, único caso de investimento pré-escolar na época da República e a Escola Modelo, destinada ao Ensino Primário masculino, dirigida pela professora Miss Browne. O Jardim de Infância foi inaugurado em 1896 e tinha como objetivo servir de estágio para aos professores normalistas. Com relação aos cursos normais, o espaço destinado a ela apresentava uma distinta separação entre a seção masculina situada na ala direita do edifício e a seção feminina, localizada na área esquerda. Essa diferenciação de gênero indicava também formações diferentes, que prescrevia disciplinas diferentes de acordo com o gênero. Por exemplo, na ala direita destinada aos alunos estavam as oficinas de tornos e marcenarias. Já na ala esquerda, situavam-se as oficinas de modelagem e esculturas em argila e gesso. Em anuários de ensino de 1907 e 1908, consta que a escola dispunha de um museu com mais de 600 espécies de zoologia, 257 fósseis, 150 espécies de mineralogia, um museu escolar de Saffray e aparelhos para o ensino de Anatomia. Nos meados dos anos 1870, o edifício contemplava várias salas para diferentes fins: sessenta amplas salas de aula, três salas dedicadas à música, quatro salas de professores, três secretarias, até dois gabinetes dentários, um gabinete médico, dois pátios abertos, dois cobertos, um auditório, uma sala nobre conhecida como sala Álvaro Guião, conservada até hoje, porém sem o mobiliário da época que eram poltronas de madeira, estas foram substituídas por poltronas de tecido, duas bibliotecas, quatro salas de orientação, além de porão, onde funcionava a cantina, o centro de documentação e depósitos . [Textos e imagens da Wikipedia]
PRAÇA RAMOS DE AZEVEDO
Em primeiro plano à esquerda o Theatro Municipal e o Hotel Esplanada. No centro o cruzamento da Praça Ramos de Azevedo com o Viaduto do Chá. Ao centro o Vale do Anhangabaú, os Palacetes Conde Prates. Ao fundo o Edifício Martinelli e Altino Arantes (Banespa), ainda em construção e à esquerda o Mosteiro São Bento, em 1949. São Paulo Antigamente.
A Praça Ramos de Azevedo é um logradouro situado no bairro da República, no Centro do município de São Paulo, no Brasil, famosa por abrigar o Theatro Municipal de São Paulo. A praça foi inaugurada junto com o Theatro Municipal em 1911, quando foi dado o nome de Esplanada do Theatro e passou a ter o nome de Praça Ramos de Azevedo após a morte do arquiteto apenas em 1928. A praça se localiza no espaço compreendido entre a Rua Conselheiro Crispiniano e Rua Formosa, à área frontal e atrás do Teatro Municipal de São Paulo e sob o Viaduto do Chá, ao lado do Prédio Alexandre Mackenzie e compõe, com tal espaço, um conhecido cartão-postal da cidade.
No terreno ficava a serralheria do imigrante alemão Gustav Sydow no antigo Morro do Chá, bem onde hoje é o Theatro Municipal. Após o local ter sido escolhido, o mesmo foi desapropriado pela Câmara Municipal em 1903. A Praça nasceu em 1911, juntamente com o Theatro Municipal de São Paulo, . naquela época, era mais conhecida como Esplanada do Theatro, e não fazia parte de um conjunto de obras para urbanização do Vale do Anhangabaú, hoje conhecida como Plano Bouvbaú. Antes da aparição do teatro, a região abrigava casas populares de aluguel que foram demolidas para abertura do Vale do Anhangabaú. O local passou a ser conhecido como Praça Ramos de Azevedo apenas em 1928 após seu falecimento, em homenagem ao arquiteto que construiu o Theatro Municipal.
O desenho da praça. A Praça Ramos de Azevedo fica em terreno onde antes estavam parte das terras da Chácara do Chá, pertencentes ao Barão de Itapetininga, José Joaquim dos Santos Silva, que realizava na região o cultivo de chá preto. O Governo exigiu que fosse aberta uma ligação entre o Largo da Memória e a Rua de São João em 1855, o que ocorreu com a abertura da Rua Formosa. No dia 21 de abril de 1863, a desapropriação de outros lotes foi autorizada pela Câmara Municipal de São Paulo, que decidiu reservar o local para a abertura das ruas Coronel Xavier de Toledo, Conselheiro Crispiniano, Barão de Itapetininga e 24 de maio. Estas vias foram oficialmente entregues entre 1875 e 1876. Em 6 de novembro de 1892, foi inaugurado o Viaduto do Chá, o primeiro da cidade de São Paulo, que passa sobre a praça.
A partir de 1895, gestores da prefeitura passaram a discutir a possibilidade de construção de um grande Theatro na capital paulista. O local, então conhecido como “Morro do Chá”, que viria a se transformar na Praça Ramos de Azevedo somente em 1928, foi o escolhido. O conjunto escultórico ali construído, chamado Monumento a Carlos Gomes, é um presente da comunidade italiana de São Paulo em homenagem ao grande compositor brasileiro de óperas – cujos personagens das mais importantes ilustram as estátuas e alegorias do monumento – e foi concluído em 1922, pelo escultor italiano Luigi Brizzolara. O conjunto passou a ser conhecido também como Fonte dos Desejos, em 1957.
Homenagem do Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da USP, a Ruy Barbosa.
As obras para a construção do Theatro Municipal foram iniciadas em 16 de junho de 1903. O trabalho foi projetado pelos arquitetos italianos Domiziano Rossi e Cláudio Rossi (apesar da coincidência, ambos não são irmãos), que prestavam serviços para o escritório do arquiteto brasileiro Francisco de Paula Ramos de Azevedo, conhecido como Ramos de Azevedo. O erguimento foi concluído após 8 anos, em 11 de outubro de 1911, com a inauguração oficial do Theatro Municipal de São Paulo. Antes da chegada do prédio, a região abrigava a Serralheria e Marcenaria dos irmãos Adolph e Gustav Sidow além de suas residências, demolidos com a famosa edificação. A partir daí, a praça onde está situado o empreendimento passou a ser conhecida como Esplanada do Theatro. Em frente ao Theatro Municipal, desde 1907, já funcionava o Theatro São José, que acabou sendo demolido em 1924. Além destes, mais duas casas de espetáculos estavam instaladas no lado oeste do Anhangabaú. Para aprimorar as condições de acesso à região, técnicos da prefeitura decidiram realizar obras na região frontal ao Theatro. O projeto escolhido foi o de Joseph Antoine Bouvard, que previa a construção de uma área ajardinada que iria da Rua Líbero Badaró à Conselheiro Crispiniano e não incluía a área em torno do Teatro, pois tal projeto foi aprovado três dias antes da inauguração ds Praça . O nome do espaço só foi alterado para Praça Ramos de Azevedo em 1928, ano da morte do arquiteto, como homenagem ao responsável pelo Theatro Municipal. Após o ajardinamento da área da encosta do Morro do Chá, depois denominada Praça Ramos de Azevedo, o local, com alamedas curvas e tratamento paisagístico requintado, constituiu-se numa espécie de antessala para o Theatro, em uma ambientação que valorizava um dos mais importante espaços artísticos da cidade.
PRAÇA DO PATRIARCA
Vista frontal da praça por Júlia V.Z.
A Praça do Patriarca é um logradouro situado no Centro Histórico da cidade brasileira de São Paulo. A praça está situada no histórico distrito da Sé e é uma das praças mais antigas da cidade. A sua denominação homenageia o "Patriarca da Independência", José Bonifácio de Andrada e Silva. Apesar de fazer parte do Plano Bouvard de 1911 , e as primeiras desapropriações ocorrerem em 1913, o processo de abertura da praça ficou parado devido o estabelecimento de outras prioridades e a ocorrência de dificuldades financeiras fizeram com que as desapropriações só fossem retomadas em 1920. As últimas desapropriações foram autorizadas em 1 de abril de 1922. Construída em 1922 com a demolição de antigos casarões localizados entre a Ruas São Bento e Líbero Badaró, na continuidade das Ruas Direita e da Quitanda, lembrando que esta última terminava na Rua São Bento, não a cruzava. Foi inaugurada oficialmente em 13 de janeiro de 1926 com a instalação do Lampadário no centro da Praça, projetado por Ramos de Azevedo.
A praça dá acesso a importantes pontos do Centro da cidade, como: Vale do Anhangabaú, Viaduto do Chá, Rua Líbero Badaró, Rua Direita, Rua São Bento, Rua da Quitanda, Rua XV de Novembro, dentre outros. Na esquina com a Ladeira Dr. Falcão, se encontra a sede da Prefeitura Municipal de São Paulo instalada no Edifício Matarazzo. Na região se localiza o prédio do Othon Palace Hotel, e o Edifício Barão de Iguape, o Edifício Sampaio Moreira entre outros tantos. A Igreja de Santo Antônio, que é considerada a Igreja mais antiga do centro, está na praça.
O Centro Histórico de São Paulo concentra o maior número de patrimônios tombados da cidade. São 910 exemplares em uma área de 4,4 km² nos distritos municipais da Sé e República, em que grande parte dessas construções aconteceram a partir de 1900. O surgimento da Praça do Patriarca se dá a partir da expansão do centro da cidade de São Paulo, com a travessia do Vale do Anhangabaú a partir do Triângulo Histórico (cujos vértices são o Mosteiro de São Bento, a Igreja de São Francisco e a Igreja da Ordem Terceira do Carmo) Até o início do século XIX, as ruas concentravam o comércio, a rede bancária e os principais serviços de São Paulo. Com a expansão da lavoura cafeeira, a cidade passou por transformações econômicas e sociais que refletiram na expansão da área urbana para além do perímetro do triângulo. São Paulo cresce e recebe muitos melhoramentos urbanos como calçamento, praças, viadutos, parques, trens, bondes, eletricidade, telefone, automóvel, e os primeiros arranha-céus. Anteriormente , a construção do Viaduto do Chá, projeto do arquiteto Jules Martins, em 1892 promoveu a ligação do "centro velho" com a "cidade nova. A partir da expansão da cidade para além do Anhangabaú, o Vale tornou-se um obstáculo geográfico e uma dificuldade para o deslocamento. Em 1911, o projeto do arquiteto francês Joseph Antoine Bouvard previa melhorias urbanas no centro da cidade e integração entre os espaços.
Praça do Patriarcha José Bonifácio, primeira denominação. No dia 22 de abril de 1922 , o Presidente da Câmara Municipal Raymundo Duprat assina a Lei nº 2475 que denomina Praça do Patriarcha José Bonifácio a praça fronteira ao Viaduto do Chá, entre as Ruas São Bento , Direita e Líbero Badaró e o prolongamento da Rua da Quitanda, lembrando que esta rua terminava na Rua São Bento, não a cruzava. A praça foi aberta nos mesmos dias em que passou a ter recebido o nome oficial junto ao centro comercial mais moderno da época, com a presença da loja de departamentos Mappin Stores, Grand Hotel de La Rotisserie Sportsman, e tempos depois mudaria para o novo Prédio na esquina da Rua da Quitanda a Casa Fretin , relojoaria e ótica fundada em 1885 pôr Louis Fretin, na rua São Bento, uma referência em equipamentos médicos, de laboratório e engenharia na época.
O primeiro traçado da Praça foi projetada por Rudge Ramos, por indicação de Raymundo Duprat, Presidente da Câmara Municipal. A inauguração oficial da Praça do Patriarca aconteceu com a instalação no dia 13 de janeiro de 1926 do monumento projetado pelos Escritórios de Arquitetura Ramos de Azevedo no centro da nova Praça. Batizado de Lampadário era composta de 4 luminárias para clarear o logradouro. Um dia antes do Prefeito Firmiano de Morais Pinto terminar o mandato. O Lampadário erroneamente foi chamado de Coluna Rostral, porém são algos completamente distintos.
As melhorias do Anhangabaú, com o Viaduto do Chá e o Parque de Bovard arrematavam construções imponentes, como o Teatro Municipal. Em 1929, em visita a São Paulo, o arquiteto francês Le Corbusier esboçou um importante projeto para a cidade. É contemporâneo a esse projeto o Plano de Avenidas para São Paulo, elaborado por Prestes Maia e Ulhôa Cintra, publicado em 1930. Tratava-se de um plano abrangente, que foi implantado em grande parte e é o principal projeto responsável pela atual feição da cidade de São Paulo, não tanto pela sua arquitetura, mas pela sua lógica e avenidas. Foi através dele que Prestes Maia impôs uma centralidade à cidade.
Meados do século XX. No início dos anos 90, o processo de abandono e deterioração do Centro de São Paulo atingiu seu auge. Nesta ocasião um grupo de empresários, em maioria representantes do setor financeiro se uniram a representantes de vários setores da sociedade e fundaram a Associação Viva o Centro, com o objetivo de reverter este quadro de degradação do patrimônio histórico de São Paulo. O grupo técnico da Associação elaborou o documento denominado “O Coração da Cidade”, que posteriormente foi entregue à Prefeitura de São Paulo. Este documento serviu como base para uma série propostas e decretos municipais , apresentando um diagnóstico das principais possíveis causas de deterioramento e soluções consideradas fundamentais para a reversão do processo, como por exemplo: a deterioração ambiental e paisagística; a dificuldade de acesso, circulação e estacionamento; a obsolescência e insuficiência do estoque imobiliário e a deficiência da segurança pessoal e patrimonial. O resultado foi a abertura do processo de tombamento de perímetro referente ao Parque do Anhangabaú, em abril de 1991. Entre os projetos, apresentava: Fachadas do Centro; Plano de incentivo à Cultura, Lazer e Turismo; Plano de revisão da ocupação e utilização do espaço público; Projeto Centro Acessível e o Projeto Patriarca, que englobava o Pórtico, e Praça e Galeria.
Características arquitetônicas. A iniciativa da Associação Viva o Centro levou à implantação de um pórtico projetado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, marcando a reurbanização da praça, que fora ocupada pelo trânsito e havia se transformado num terminal de ônibus. Um lugar onde as pessoas já não paravam mais e que com a reforma ganhou novas funções, recuperando seu sentido na cidade. Com a retirada dos ônibus, o amplo espaço existente foi designado aos pedestres, que conseguem acessar a praça por seis diferentes vias, e ganhou um piso de mosaico para delimitar a área. O arabesco de mosaico português existente foi reconstituído, com o auxílio de montagens de fotos, e cortado em uma das laterais por uma baia para veículos (carga e descarga, táxis e ônibus turísticos, entre outros). Outro elemento significativo no projeto do arquiteto Paulo Mendes Rocha é a cobertura metálica com 40 metros de vão, demarcando os limites entre o centro velho e novo, do interior ao exterior da Galeria Prestes Maia. A estrutura da cobertura se assemelha a uma asa de avião recoberta por chapas metálicas com dois pontos de apoio assimétricos. Na parte mais baixa, uma calha capta águas pluviais.
Detalhe do pórtico. A reforma da Praça do Patriarca levou, ao todo, nove meses para ficar pronta. As fundações, do tipo radier (tipo de fundação que distribui toda a carga da edificação de maneira uniforme no terreno), foram situadas fora dos limites da galeria subterrânea, com cuidado para não atingir tubulações de água, luz, gás e telefone. Depois, foi montado o pórtico e, em seguida, içada a cobertura metálica. Na parte interna da galeria, Mendes Rocha implantou a instalação de peças de diversos museus da cidade de São Paulo em vitrines, possibilitando o contato de transeuntes com obras de arte. O MASP (Museu de Arte de São Paulo) já mantém, ali, um espaço. A Praça também abriga a escultura de José Bonifácio, o Patriarca da Independência. A peça foi criada em 1972 por Alfredo Ceschiatti (1918-1989), destacado artista plástico brasileiro, com o incentivo da comunidade libanesa de São Paulo, em comissão formada por figuras como então ex-prefeito Paulo Maluf (1969-1971) e o engenheiro Miguel Badra.
PROJETO AULA PÚBLICA NO GLICÉRIO

"Desde o primeiro dia que entrou em sala de aula, há 33 anos, o professor de geografia Paulo Roberto Magalhães, 57 anos, sonha em contribuir para melhorar a sociedade e fazê-la acreditar que o caminho da mudança está atrelado à educação. Professor de uma escola pública na região central de São Paulo, ele conta que a violência urbana é a tônica local e que as famílias dos alunos fogem à estrutura nuclear tradicional e muitas vivem em situação de vulnerabilidade. Mestre em arquitetura e urbanismo, o professor desenvolveu um projeto, em 2016, para levar os estudantes a visitações em vários pontos da capital paulista, para mostrar, a partir de fotografias antigas, como se deu a ocupação do espaço e como isso influencia a vida na região, em especial no Glicério, onde está inserida a escola em que ele trabalha: Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Duque de Caxias. Surgiu assim o projeto Aula Pública: Além dos muros da escola". Correio Brasiliense.

Itinerários externos do Projeto Aula Pública.
II
BARRA FUNDA, SANTA CECÍLIA E VILA BUARQUE

Barra Funda é um distrito situado na região oeste do município de São Paulo, com 5,6 km² de superfície. Situado em uma área de várzea ao sul do rio Tietê, cortada desde o século XIX por duas ferrovias (Santos-Jundiaí e Sorocabana), foi durante muitos anos uma região de vocação industrial. Atualmente se tornou uma zona de classe média e pequenos escritórios. Em seu limite se encontram o Parque Fernando Costa (Parque da Água Branca) e o terminal rodoviário da Barra Funda, que funciona junto com a estação terminal da Linha 3 (vermelha) do Metrô de São Paulo. Foi retratada na obra de Alcântara Machado "Brás, Bexiga e Barra Funda", que aborda o cotidiano das classes proletárias da cidade de São Paulo na primeira metade do século XX. Por volta de 1850, a região que corresponde atualmente à Barra Funda fazia parte da antiga Fazenda Iguape, propriedade de Antônio da Silva Prado, o Barão de Iguape. Essa fazenda após loteada deu origem a várias chácaras, entre elas a Chácara do Carvalho, pertencente ao Conselheiro Antônio Prado, neto do Barão de Iguape, e que mais tarde se tornaria prefeito do município de São Paulo. As outras áreas loteadas deram origem ao distrito da Barra Funda e a parte dos atuais distritos da Casa Verde e Freguesia do Ó.[Textos e imagens da Wikipedia]
O desenvolvimento maior da região ocorreu após a inauguração da Estação Barra Funda da Estrada de Ferro Sorocabana, em 1875, funcionando como escoamento da produção de café paulista e também como armazém dos produtos que eram transportados do porto de Santos para o interior.
Isso incentivou o aumento populacional e a ocupação da região e de seus arredores, que se intensificou com a criação, em 1892, da São Paulo Railway, inaugurada próxima à Estrada Sorocabana, justamente onde se encontra atualmente o Viaduto da Avenida Pacaembu. O crescimento demográfico na região proporcionado pela ferrovia fez com que essa passasse a transportar, a partir de 1920, não apenas cargas mas também passageiros. A partir do século XX a população negra começou a povoar a região, alterando a característica essencialmente italiana da Barra Funda. O primeiro bonde elétrico de São Paulo foi lançado em 7 de Maio de 1902, ligando a Barra Funda ao Largo São Bento. Neste trajeto, passava nas ruas Barra Funda, Brigadeiro Galvão, até seu ponto final na rua Anhanguera. Também na Barra Funda, na rua Brigadeiro Galvão, foi inaugurada pela Companhia Telefônica Brasileira (CTB) em 14 de julho de 1928 a primeira central telefônica automática da cidade de São Paulo. Este prédio encontra-se conservado até os dias atuais. Esse desenvolvimento comercial do bairro, aliado à grande facilidade no transporte e à proximidade dos elitizados bairro de Higienópolis e Campos Elísios, fez com que parte da elite paulista da indústria e do café se instalasse nessa região ao sul do bairro, entre a linha férrea e as margens do rio Tietê. Outro fator que colaborou para o desenvolvimento da Barra Funda foi a proximidade com o Parque Industrial das Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo, instalado no bairro vizinho da Água Branca, em 1920. As Indústrias Matarazzo empregavam boa parte da população da região, assim como em grande parte da cidade e foram a base do conhecido "Império Matarazzo", que foi se enfraquecendo até se extinguir na década de 1980. O desenvolvimento da região sofreu um forte abalo com a Grande Depressão, que resultou no fechamento de indústrias e deslocamento da elite dessa região, abandonando seus casarões (alguns se tornaram cortiços mais adiante). Restou basicamente a indústria artesanal com oficinas, marcenarias, serraria ou indústrias alimentícias e têxteis de pequeno porte.
CULTURA. Em 1917 foi inaugurado o Teatro São Pedro. Três anos depois, o Palestra Itália de São Paulo comprou um terreno em que foi construído o Estádio Palestra Itália, pertencente ao clube que em 1942 mudaria seu nome para Sociedade Esportiva Palmeiras, em 2014 foi inaugurado o novo estádio do clube, o Allianz Parque, no mesmo local do antigo estádio. A Barra Funda também foi palco da criação do mais antigo cordão de carnaval da cidade: o Grupo Carnavalesco Barra Funda. O Grupo foi perseguido por pressão do presidente Getúlio Vargas, que confundiu a associação já que os mesmos utilizavam camisas verdes e calças brancas, mesmas cores da ação Integralista de Plinio Salgado. Finalmente, mudou de nome em 1953 para cordão Camisa Verde e Branco, mais tarde tornando-se escola de samba em 1972, ganhando o carnaval paulistano por 9 vezes e mantém sua sede no distrito.
A partir da década de 1970 começou a migração nordestina para a região e a atividade industrial, anteriormente um dos grandes pontos fortes da Barra Funda, diminuiu sensivelmente. Essa situação começou a mudar apenas no final da década seguinte, com a construção do Terminal Intermodal Barra Funda, um dos maiores do país e com importância semelhante ao Terminal Tietê, pois reunia todas os tipos de transporte coletivo existentes na capital paulista: Metrô (com a inauguração da estação terminal da linha 3 - Barra Funda), trens das antigas linhas Sorocabana e Santos-Jundiaí, além de ônibus para viagens municipais, intermunicipais e internacionais. Tais obras trouxeram novo desenvolvimento a área, com a revitalização de imóveis antigos, novos estabelecimentos comerciais e inclusive a instalação dos estúdios da Rede Record de televisão em 1995. Antes eram ocupados pela extinta TV Jovem Pan. Neste bairro também se encontram os Fóruns Trabalhista Rui Barbosa e Criminal Mário Guimarães, além de abrigar a nova sede da Federação Paulista de Futebol. A FPF, antigamente, era situada na Av. Brigadeiro Luiz Antônio, centro da Capital.
Santa Cecília é um distrito situado na zona central do município de São Paulo. O distrito compreende os bairros de: Campos Elísios, Santa Cecília, Várzea da Barra Funda (triângulo formado entre as vias férreas do Trem Metropolitano e as avenidas Abraão Ribeiro e Rudge), e parte da Vila Buarque onde estão localizados o Largo Santa Cecília e a estação do metrô Santa Cecília. Em seus domínios encontram-se a maior parte do Elevado Presidente João Goulart (vulgo Minhocão), a Praça Marechal Deodoro, a Praça Princesa Isabel, a Praça Júlio Prestes e o Largo Coração de Jesus.
Enquanto a área do distrito ao sul das linhas de trem é caracterizada pelo alto adensamento e pelo uso misto residencial e comercial, as localizadas ao norte dele são menos verticalizadas, marcadas pela presença de casas, galpões e indústrias. Regiões como o bairro de Campos Elíseos e o entorno do Elevado, outrora habitadas por uma população de alta renda, atualmente se caracterizam por maior diversidade no perfil socioeconômico. Edifícios históricos se concentram notadamente nos Campos Elíseos, tais como o Palácio dos Campos Elísios, a antiga residência da família de Elias Antônio Pacheco e Chaves, mais tarde sede do Governo do Estado de São Paulo e residência oficial do Governador do Estado de São Paulo antes da mudança para o Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi.
Santa Cecília é um bairro situado zona central do município de São Paulo pertencente ao distrito homônimo de Santa Cecília. Foi um dos primeiros loteamentos de alto padrão do município, onde se fixaram vários dos antigos fazendeiros do café. A localização privilegiada e os espaçosos terrenos do loteamento eram ideais para abrigar as mansões e residências dos fazendeiros quando vinham à capital a negócios. Também ficava nas cercanias o principal hospital do município à época, a Santa Casa.
A partir de década de 1930, com a epidemia de febre amarela que assolou localidades do interior do estado fazendo com que cafeicultores mudassem suas residências para a capital, somadas a Grande Depressão (a Crise de 1929) e a Revolução de 1930 trouxeram mudanças a muitas famílias, que, instalados no bairro, tiveram muitos de seus casarões e mansões demolidos, cedendo espaço a prédios de apartamentos, cedendo à especulação imobiliária. Outros continuaram de pé, sendo alugados e sublocados, transformando-se em pensões, cortiços e moradias coletivas precárias.
Mas outros fatores também contribuíram para a decadência progressiva do bairro, entre as décadas de 1930 e 1990: herdeiros de imóveis que na partilha de bens e desinteresse pelo bairro, os venderam ;
o processo de decadência e esvaziamento da região central do município, a partir da década de 1970, com a transferência de muitos escritórios para a região da Avenida Paulista; a falta de atratividade do bairro para a classe média, uma vez que a maioria dos prédios de apartamentos lá construídos, das décadas de 1930 e 1940, não tinham garagem nem área de lazer (os edifícios passaram a ser ocupados por famílias de renda mais modesta, que não tinham condições de conservar adequadamente os imóveis); a construção em 1970 do Elevado Presidente João Goulart (vulgo Minhocão) na Consolação sobre a rua Amaral Gurgel e na Santa Cecília sobre boa parte das avenidas São João e General Olímpio da Silveira, contribuiu ainda mais para a progressiva decadência da região. Apenas um núcleo do bairro preservou características das décadas de 1930 e 1940. Trata-se da região próxima à alameda Barros, onde fica o Externato Casa Pia São Vicente de Paulo[2], onde há a casa de D. Maria Angélica de Souza Queiroz, também antiga Chácara das Palmeiras; ali ainda existem alguns poucos casarões e edifícios residenciais de porte, muitos com garagem, ocupados ainda por pessoas de classe média-alta.
Vila Buarque é um bairro de São Paulo localizado parte no distrito da Consolação, parte no distrito da República, parte no distrito da Santa Cecília na região central da capital paulista. É administrado pela Prefeitura Regional da Sé. Logradouros: ruas Maria Antônia, Major Sertório, General Jardim, Marquês de Itu, Dr. Vila Nova, Dr. Cesário Motta Júnior, Cunha Horta, Maria Borba, Amaral Gurgel, Rego Freitas, Bento Freitas, Santa Isabel e praça Rotary. É o bairro onde se localizam a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e a Universidade Presbiteriana Mackenzie. Também estão localizados na Vila Buarque a Escola da Cidade, o SESC Consolação, o Centro Universitário Maria Antônia (no antigo prédio da FFCL-USP), a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, o Teatro Aliança Francesa, o Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo, a sede do IAB, a Biblioteca Monteiro Lobato A região que forma atualmente a Vila Buarque constituía uma Chácara, primeiro pertencente ao marechal José Toledo de Arouche Rendon e mais tarde ao Senador Antônio Pinto do Rego Freitas. Em 1893, seus herdeiros a venderam à Empresa de Obras do Brasil, que arruou a chácara. A empresa era propriedade do Senador Rodolfo Miranda e do engenheiro de obras Manuel Buarque de Macedo, que deu nome ao bairro. O desenvolvimento do bairro e de outros adjacentes, como Santa Cecília e Higienópolis, foi fruto do processo migratório das classes mais abastadas, que começavam a sair do centro da cidade ou até mesmo do isolamento das fazendas. Até a década de 1940, a região possuía espaçosas casas, que depois deram lugar a edifícios de classe média. A partir de 1960 o bairro cresceu, ganhando também diversas boates. Um dos points da bossa nova em São Paulo ficava no bairro: o Juão Sebastião Bar, que ficava na Rua Major Sertório, 772 (no porão do casarão) onde atualmente é a Pizzaria Veridiana; entre a UNE – União Nacional de Estudantes e a Universidade Mackenzie, esse lendário bar viu apresentações de Carlos Lyra, João Gilberto, Cesar Camargo Mariano, Arthur Moreira Lima, Billy Blanco, Lúcio Alves, Elza Soares, Vinicius de Moraes e Tom Jobim. Cortada pelo Minhocão, a Vila Buarque sofreu com a degradação do centro de São Paulo na década de 1970.

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Foto de 1938. é uma instituição privada e laica considerada como um dos maiores hospitais filantrópicos da América Latina. A assistência é financiada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) conjuntamente com as serventias extrajudiciais (cartórios) e o Governo do Estado de São Paulo. O atual prédio da Irmandade da Santa Casa foi planejado em 1897, quando o Senador Antônio Pinto de Rego Freitas doou o terreno no quarteirão hoje compreendido pelas Ruas Santa Isabel, Dr. Domingos José Nogueira Jaguaribe, Marquês de Itu e Dr. Cesario Mota - coincidentemente os mesmos espaços antes ocupados pela plantação de chá do general José Arouche - para a construção da nova unidade. Para tanto, foi criado uma comissão com membros notáveis da sociedade paulistana para decidir o caminho da construção. Então, no dia primeiro de outubro de 1878, aproveitando a estada na cidade do Imperador D. Pedro II e da Imperatriz D. Teresa Cristina, a partir de um concurso, foi escolhido o projeto do engenheiro Luiz Pucci. Mais tarde, a elaboração do hospital foi constituída por outras duas comissões, uma para diligenciar sobre o terreno e cuidar da venda do prédio antigo da Irmandade, e a segunda, formada pelo médicos Antônio Caetano de Campos e José Maria Correia de Sá e Benevides foi responsável por estudar o terreno a fim de estudar a disposição dos serviços e pavilhões. Em 31 de agosto de 1884, foi inaugurado o prédio da nova Santa Casa da Misericórdia, na presença da sociedade paulistana e dos membros da lrmandade. As enfermarias foram batizadas com os nomes dos patrocinadores: Condessa de Três Rios - dedicada a São José de Três Rios, o maior doador; Barão de Iguape - em homenagem ao Dr. Antônio da Silva Prado, provedor durante 1846 e 1875; Viscondessa de Itu - dedicada a Santo Antônio, e Baronesa de Piracicaba, dedicada ao Sagrado Coração de Maria. A irmandade da Santa Casa era constituída por seis hospitais, um colégio e uma faculdade de medicina: Hospital Central; Hospital Santa Isabel; Centro de Atenção Integrada á Saúde Mental; Hospital Geriátrico e de Convalescentes D. Pedro II; Hospital São Luiz Gonzaga; Colégio São José e Faculdade de Ciências Médicas Santa Casa de São Paulo.

Enfermeiras da Santa Casa em 1921.
A Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) é uma instituição de ensino superior de São Paulo voltada ao ensino das ciências da saúde. Possui cursos de bacharel em Medicina (considerado como um dos melhores e mais tradicionais cursos do país), Enfermagem e Fonoaudiologia, além de cursos tecnológicos em Radiologia e Sistemas Biomédicos. Também oferece cursos de pós-graduação (especialização lato sensu), mestrado e doutorado (stricto sensu) e pós-doutorado. A faculdade é uma instituição de ensino particular, cuja mantenedora é a Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho. A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, hospital-escola da instituição, foi o primeiro local a formar médicos e cirurgiões no estado de São Paulo, tendo sido o berço dos cursos de medicina da Universidade de São Paulo (USP) e da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, mas seu ensino foi interrompido durante algumas décadas do século XX. Na década de 1950 o corpo docente da Santa Casa se mobilizou para organizar uma nova faculdade de medicina no local, a FCMSCSP, iniciando suas atividades acadêmicas em 24 de maio de 1963, dentro do hospital-escola da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (primeiro hospital da cidade de São Paulo). A Faculdade já formou mais de 3.500 médicos, além de 274 mestres, 114 doutores e 26 livres-docentes. Apresenta grupos de pesquisa científica, tanto nas áreas básicas quanto clínicas. Em 2013, a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo completou 50 anos de fundação. A maioria do seu corpo docente graduou-se na própria Faculdade e, atualmente, existem 374 professores, sendo 284 (75,9%) doutores, 77 (20,6%) mestres e 13 (3,5%) especialistas, que lecionam para mais de 1.100 alunos dos cinco cursos de graduação, 200 alunos dos cursos de pós-graduação (stricto sensu) e 1.650 alunos de especialização (lato sensu)
MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA
O Memorial da América Latina é um centro cultural, político e de lazer, inaugurado em 18 de março de 1989 na cidade de São Paulo, Brasil. O conjunto arquitetônico, projetado por Oscar Niemeyer, é um monumento à integração cultural, política, econômica e social da América Latina, situado em um terreno de 84 482 metros quadrados no bairro da Barra Funda. Seu projeto cultural foi desenvolvido pelo antropólogo Darcy Ribeiro. É uma fundação de direito público estadual, com autonomia financeira e administrativa, vinculada à Secretaria de Estado da Cultura. O complexo é constituído por vários edifícios dispostos ao longo de duas áreas unidas por uma passarela, que somam ao todo 25 210 metros quadrados de área construída: o Salão de Atos, a Biblioteca Latino-Americana, a Galeria Marta Traba, o Pavilhão da Criatividade, o Anexo dos Congressistas e o Auditório Simón Bolívar — que sofreu um incêndio em novembro de 2013. Na Praça Cívica, encontra-se a escultura em concreto, também de Niemeyer, representando uma mão aberta, em posição vertical, com o mapa da América Latina pintado em vermelho na palma, simbolizando uma mancha de sangue, em referência aos episódios turbulentos do passado e aos problemas sociais da região. O Memorial possui um acervo permanente de obras de arte, exibidas ao longo da esplanada e nos espaços internos, e conta com um centro de documentação de arte popular latino-americana. A biblioteca possui cerca de 30 mil volumes, além de seção de música e imagens. Mantém o Centro Brasileiro de Estudos da América Latina. [Textos e imagens da Wikipedia]
O MINHOCÃO

Rua Amaral Gurgel nos anos 1960 sobre a qual foi contruída a via elevada expressa.
O Elevado Presidente João Goulart, nomeado anteriormente Elevado Presidente Costa e Silva, e popularmente conhecido como Minhocão, é uma via expressa elevada da cidade de São Paulo, Brasil, que liga a região da Praça Roosevelt, no centro da cidade, ao Largo Padre Péricles, na Barra Funda. Foi construído com o intuito de desafogar o trânsito de vias que, por cortarem regiões centrais da cidade, não poderiam ser alargadas para ter sua capacidade ampliada. Assim, a solução seria a construção de uma via paralela sobre os logradouros para que a capacidade de tráfego fosse duplicada.
Desde que começou a ser construído, o Minhocão gerou desconforto e reclamações da população lindeira. A poluição do ar, sonora e visual causadas pelo Elevado são evidentes, principalmente para os edifícios vizinhos, que sofrem mais com a situação. Juntamente com o abandono do centro ao longo das décadas de 1980, 1990 e 2000, a região degradou-se, virando local de abrigo para pessoas em situação de rua, prostituição e usuários de droga.
Há décadas, existem pressões pela sua desativação e as negociações que têm sido desenvolvidas apontam para sua transformação em área de lazer, parque linear e local para eventos, como forma de valorizar a região. Apesar disso, seu papel no escoamento do tráfego na região justifica inclusive a defesa de sua permanência como via expressa. A complexidade do debate inclui também a vulnerabilidade da população local, que, devido à desvalorização que o Elevado carrega, criou uma região de aluguéis — tanto residenciais como comerciais — mais acessíveis em uma área cercada de infraestrutura na franja de dois bairros historicamente destinados às classes mais abastadas: Higienópolis e Campos Elíseos. Portanto, há também o temor de que a desativação induza um processo de gentrificação decorrente da reurbanização e revalorização da área, expulsando a população mais pobre e vulnerável.
Como estratégia para diminuir o impacto negativo do Elevado desde 1976, ele é interditado de segunda a sábado, das 21h30 às 6 horas, com fechamento total aos domingos. Atualmente, a via fica aberta para carros de segunda a sexta, das 7 às 20 horas, permanecendo fechada para veículos nos demais dias e horários, inclusive em feriados nacionais, quando é aberta apenas a pedestres e ciclistas.
Desde o Plano Diretor Estratégico de 2016, aprovado em 2014 na gestão de Fernando Haddad, já existe previsão para a transformação do elevado em parque, deixando o planejamento para o porvir. Em fevereiro de 2018, a lei que cria o Parque Municipal do Minhocão foi promulgada pelo então prefeito João Doria e publicada no Diário Oficial.Um ano depois, em 21 de fevereiro de 2019, o prefeito Bruno Covas anunciou o início do planejamento, prevendo a desativação do elevado e a criação de um parque suspenso num primeiro trecho de novecentos metros que liga a Praça Roosevelt ao Largo do Arouche.
Etimologia. Desde antes de as obras iniciarem, o nome do elevado tinha sido anunciado por Paulo Maluf, responsável pela obra, como Elevado Presidente Costa e Silva, em homenagem a um dos generais-presidentes do Brasil no período da ditadura militar, que fora, também, o responsável pela indicação do prefeito para seu cargo. Ainda na época de sua construção, o Elevado já ganhou apelidos. Além de já ser conhecido por Minhocão, devido à sua forma alongada que se esgueira ininterrupta pelo centro novo, a estrutura também era chamada de Estrada da Serraria, pois desembocava em frente à EUCATEX, fábrica de móveis da família Maluf na Barra Funda.
Desde a redemocratização, a estrutura foi renomeada duas vezes. As duas alcunhas oficiais, Parque Minhocão e Elevado Presidente João Goulart, coexistem desde 2016. A primeira é usada quando as pistas estão abertas para pedestres, enquanto que a segunda é utilizada quando estão abertas para veículos. A mudança de nome foi feita em desrespeito à Lei Municipal 13 180.
Trajeto. O Minhocão é uma via expressa com duas pistas de tráfego separadas por barreiras de concreto e com duas faixas de tráfego por sentido. Os acessos ao Elevado ocorrem a leste pela Praça Franklin Roosevelt e a oeste pela Avenida Francisco Matarazzo. A estrutura possui, também, cinco acessos intermediários, sendo três entradas e duas saídas. Os 3,4 quilômetros que o compõem, sendo 2.500 metros de via principal e 900 de acessos, são sustentados por 514 vigas, que pesam entre 80 e 120 toneladas cada.
As ruas e avenidas que se localizam sob e/ou sobre o Elevado Presidente João Goulart são:
Largo Padre Péricles, Avenida Francisco Matarazzo, Avenida General Olímpio da Silveira
Praça Marechal Deodoro, Avenida São João, Rua Amaral Gurgel e Praça Roosevelt.
1971- Inauguração do Elevado, que liga o centro de São Paulo ao Largo Padre Péricles, em Perdizes, na Zona Oeste, com uma extensão total de 3,4 mil metros. O Minhocão ganha o nome oficial de Elevado Costa e Silva.
LINHA DO TEMPO DA VIA EXPRESSA ELEVADA
1976- O Elevado, que funcionava 24 horas para o tráfego de veículos, passa a ser fechado diariamente, da meia-noite às 5 horas, a fim de diminuir o barulho causado pelo tráfego e também o número de acidentes.
1989- A Prefeitura determina a interdição, de segunda a sábado, das 21h30 às 6 horas, e fechamento total aos domingos.
2014- O artigo 375 da lei número 16 050 (o Plano Diretor Estratégico) diz que "uma lei específica deverá ser elaborada determinando a gradual restrição ao transporte individual motorizado no Elevado Costa e Silva, definindo prazos até sua completa desativação como via de tráfego, sua demolição ou transformação, parcial ou integral, em parque".
2015- A via passa a ser fechada das 15 horas nos sábados até a manhã das segundas-feiras.
2016- Decreto muda o nome oficial do Minhocão para Elevado João Goulart.
2018- É promulgada a lei 16 833, instituindo o Parque Municipal do Minhocão, estabelecendo que será gerido democraticamente com a participação de um conselho gestor com controle social popular. O fechamento passa a ser da noite de sexta-feira até a manhã de segunda-feira.
2019- A Prefeitura anuncia o início do planejamento para a desativação e a transformação em parque.


O Elevado em construção nos anos 1970. Rua Amaral Gurgel.
HISTÓRIA. Idealizado por Luiz Carlos Gomes Cardim Sangirdadi, arquiteto do Departamento de Urbanismo da Prefeitura de São Paulo, em 1968, o projeto do Minhocão foi apresentado ao prefeito Brigadeiro José Vicente de Faria Lima como uma solução ao tráfego pesado da Avenida São João, duplicando sua capacidade sem alargá-la, indo até a Praça Marechal Deodoro. À época, a via elevada era uma tipologia consagrada, que resolvia uma das questões fundamentais do século XX: o conflito entre trajetórias diferentes de veículos ou pedestres, tendo em vista o vertiginoso aumento nos volumes de tráfego urbano. O Brigadeiro recusou a obra, considerando-a radical demais, e deu prioridade à construção do metrô. Contudo, enviou o projeto para a Câmara dos Vereadores e reservou a área necessária para a construção, caso algum de seus sucessores se interessasse. No ano seguinte, o engenheiro Paulo Maluf assumiu como prefeito biônico da cidade disposto a fazer uma obra que marcasse sua gestão. Maluf teria tentado imprimir sua marca, para se contrapor ao prefeito anterior como um bom administrador público, uma vez que, aos 38 anos, nunca havia assumido um cargo dessa envergadura. Assim, retomou o projeto do Elevado, uma construção grandiosa e de rápida execução, que contrastava com o prefeito anterior pela importância que o projeto dava ao automóvel. Deste modo, dia 24 de janeiro de 1971, aniversário da cidade de São Paulo, apenas 11 meses após o começo da construção, era inaugurado o Elevado Presidente Costa e Silva, uma via expressa com velocidade máxima de 80 km/h. 950 homens trabalharam em um ritmo febril de 16 horas por dia, totalizando seis milhões e 80 mil horas.
Construído para desafogar o tráfego, o Minhocão ironicamente foi cenário de um congestionamento em seu primeiro dia de funcionamento, quando um carro quebrado provocou um engarrafamento, agravado já que os demais motoristas não podiam fazer uma rota alternativa pela pequena quantidade de acessos e saídas à via elevada. O equipamento possuía torres de observação para alertar os motoristas sobre acontecimentos assim, algo importante quando rádios não eram acessórios comuns em carros.
A questão do custo final do Elevado não é totalmente esclarecida. Ao anunciar o projeto em 1969, Maluf assegurou um preço de 37 milhões de cruzeiros. No entanto, a Folha de S.Paulo aponta um valor de cinquenta milhões de cruzeiros, discriminando o valor pago às duas vencedoras da licitação pública: ao Consórcio Brasileiro Construtor de Estruturas, foram repassados Cr$ 32 milhões para a construção do trecho entre as praças Roosevelt e Marechal Deodoro, e à Rossi Engenharia, responsável pela parte até o Largo Padre Péricles, se transferiu um montante de Cr$ 18 milhões.
Passando a cinco metros dos prédios de apartamentos, o elevado tem 3,4 quilômetros de extensão e liga a região central à zona oeste da cidade. Foram usados na obra trezentos mil sacos de cimento, sessenta mil metros cúbicos de concreto e duas mil toneladas de cabos de aço, entre outros materiais. A obra recebeu diversas críticas, sendo chamado de "cenário com arquitetura cruel" e "uma aberração arquitetônica". O jornal O Estado de S. Paulo criticou a obra, em dezembro de 1970, alegando que ela não tinha "um objetivo definido": "A via elevada não é resposta a nenhuma pesquisa de origem e destino da população, não tem um objetivo definido. É apenas uma obra. O prefeito [Maluf] já tentou explicá-la, mas não apresentou nenhum argumento técnico, nenhum dado de pesquisa". Houve críticas, ainda, relacionadas à obra do Metrô, que teria sido atrasada por causa do Minhocão, que também causaria mudanças no trajeto da então futura Linha Leste-Oeste, que passaria sob a Avenida São João, mas teria de mudar de lugar ou receber um método de construção mais caro, por causa dos pilares do elevado. Ainda hoje, não é bem visto pela população da região, devido à desvalorização dos imóveis próximos e à deterioração do local.[Textos e imagens da Wikipedia]
Minhocão em 1969 em registro de uma revista da época.
Impacto e transformações. Com o Minhocão, um novo projeto urbano foi posto em prática em São Paulo. No entanto, diferente de todos os outros que haviam transformado São Paulo em sua história, esse se diferenciava pelas escalas, não apenas da estrutura em si, mas também pela força do autoritarismo com que foi imposto, sem abrir espaços para a consulta popular. Ainda que as reformas públicas anteriores não tenham sido modelos de participação cidadã, essa em particular envolveu uma deliberação que atingiu um novo nível autocrata.
Sendo uma construção tão grande e impactante, o Minhocão funciona como uma metonímia das mudanças que São Paulo atravessou ao entrar na fase de sua história em que pode ser definida como metrópole. Sua construção desvalorizou imediatamente o metro quadrado das ruas sobre as quais lançou suas sombras, ao mesmo tempo em que permitiu o desenvolvimento de regiões mais distantes do centro, e incentivou o uso do transporte individual sobre rodas, e todas as consequências que isso acarreta.
Simultaneamente a essa construção, novas avenidas eram traçadas nas zonas oeste e sul, tornando-as cada vez mais acessíveis por automóvel e assim atraindo as camadas superiores da sociedade para longe do caótico centro. Nem a inauguração do Metrô em 1974 foi capaz de frear essa tendência, considerando a predileção das elites pelo transporte individual. O Minhocão fazia parte de um processo mais amplo de abandono do centro pelas elites, que ia muito além de seu próprio traçado, não sendo plausível apontá-lo como único responsável pela degradação da área. Ainda que faça parte de um contexto maior da mudança demográfica e da deterioração do Centro, o Elevado foi um catalisador dessa nova configuração social da região.
No caso do Minhocão, a fuga dos moradores da classe média e o fato de que as pessoas não queriam utilizar aquele espaço tornaram a estrutura um chamariz para atividades como a prostituição e o consumo de drogas, afastando mais o restante da população, em um ciclo que se mantém até hoje. Além disso, com a mudança do perfil dos moradores do entorno de classe média para a baixa, havia pouca verba para a manutenção estética dos edifícios, o que contribui para a atmosfera degradada. É importante ressaltar que a desvalorização imobiliária da região central não pode ser entendida como algo necessariamente negativo, pois possibilitou a ocupação dessa área por uma população de renda mais baixa e por serviços e lojas populares. Por meio desse processo, a parcela menos favorecida da sociedade conseguiu viver perto de seus trabalhos e ter fácil acesso à rede de transporte público, acabando com o paradigma de centro abastado e periferia pobre e longe das oportunidades e comodidades centrais.
Outra grande transformação do centro da cidade ocorreu em 1976, quando o prefeito biônico Olavo Setúbal inaugura o que chamava de “Reino do Pedestre”. Vinte ruas dos centros velho e novo foram fechadas para os veículos e convertidas em calçadões totalizando 60 mil metros quadrados de espaços pedonais. Tratava-se de uma tentativa de revalorizar essa área, inspirada no sucesso do calçadão da Rua das Flores em Curitiba, reurbanizada quatro anos antes com um intuito similar, e em outros projetos do tipo na Europa. Era também o oposto do Minhocão, tirando qualquer prioridade do automóvel e contando com a locomoção a pé e pelo metrô. Buscando acabar com a degradação do centro, também foram feitos grandes investimentos para reformar a Praça da Sé e o Edifício Martinelli, símbolos de uma época melhor para a região. No entanto, como normalmente ocorre com grandes obras que não são discutidas, o projeto teve grandes falhas. A falta de acesso aos carros afastou as classes sociais que os utilizavam e que, portanto, passaram a fazer compras nos shopping centers que surgiam na cidade, como o Iguatemi, fortalecendo ainda mais o caráter popular que o centro adquiria na época.
Voltando ao Elevado, a estrutura funciona como um muro, separando a região rica de Higienópolis do empobrecido bairro dos Campos Elísios e a região da Cracolândia.
Durante alguns anos o equipamento foi ocupado por blocos durante o Carnaval e pelas atividades da Virada Cultural. No entanto, logo foi determinado que o Elevado não possui estrutura de segurança necessária para eventos desse porte, uma vez que seus gradis são muito baixos e não possui acessos suficientes para o caso de uma emergência. Mesmo assim, milhares de pessoas usufruem do espaço quando esse se encontra sem veículos. Em uma cidade tão carente de equipamentos de lazer como São Paulo, a população aproveita quaisquer frestas que permitam um respiro da vida na metrópole, ainda que nesse caso isso ocorra em um local cercado de concreto por três lados.
Técnico da CET medindo o nível de ruido no trânsito do elevado.
O Minhocão já foi cenário de filmes, como os longas Terra Estrangeira, de Walter Salles, As Meninas, adaptação do romance de Lygia Fagundes Telles dirigido por Emiliano Ribeiro e protagonizado por Cláudia Liz e Otávio Augusto, Não Por Acaso, de Philippe Barcinski, e Ensaio Sobre a Cegueira, dirigido por Fernando Meirelles e protagonizado por Mark Ruffalo, Julianne Moore, Alice Braga, Danny Glover e Gael García Bernal. Também foi utilizado na série da HBO Alice.
O Grito é uma telenovela brasileira produzida pela TV Globo e exibida de 27 de outubro de 1975 a 30 de abril de 1976, em 125 capítulos. Escrita por Jorge Andrade, foi dirigida por Walter Avancini, Gonzaga Blota e Roberto Talma. O cenário principal e centro da trama é o Edifício Paraíso, construído por uma família aristocrática na cidade de São Paulo, que sofre desvalorização com a construção do Elevado Presidente Costa e Silva, mais conhecido como "Minhocão", que passa à altura de seu segundo andar. Os personagens são os moradores do edifício, cada qual com sua história. No térreo moram os zeladores e nos demais andares, os vários tipos característicos da classe média paulistana. A cobertura é habitada por remanescentes da família que construiu o prédio. Em meio à variada gama de personagens, está a ex-freira Marta, que vai morar no prédio, e cujo filho Paulinho grita horrivelmente durante a noite, suscitando um movimento para expulsá-los, mas nem todos concordam, formando-se grupos a favor e contra. Um clima de tensão se forma quando um interceptador telefônico é roubado e alguém pode estar ouvindo as conversas dos moradores. Preocupado, o síndico Otávio convoca uma reunião com os moradores para esclarecer o roubo do equipamento e também para decidir sobre a expulsão de Marta. Entre acusações mútuas, todos são considerados suspeitos, e a reunião é interrompida pelo zelador, que encontrou uma carta anônima no prédio, com a mensagem: "Conheço o segredo de todos! Ainda estão escondidos, mas poderão ser revelados! Cada um terá o seu preço. Assinado... o interceptador!". A reunião é encerrada e os moradores seguem lidando com suas culpas e problemas, pressionando pela expulsão de Marta, que recebe uma segunda carta anônima: "Como os outros, você sabe o que fez. O preço de seu segredo é sair do prédio. Se não sair, ele será comunicado aos condôminos. Assim vou fazer com todos. Da cobertura ao térreo, cada um tem um delito escondido que será revelado ao prédio." O síndico marca uma nova reunião quando Marta recebe uma outra carta anônima, em que o suposto o ladrão do interceptador ameaça revelar o segredo de cada morador ao delegado Sérgio, que se instala numa sala do edifício, para interrogar os moradores sobre uma investigação de contrabando. Ele desconfia de uma ligação entre o roubo do interceptador e supostos contrabandistas moradores do prédio. A proposta principal da novela era mostrar a realidade de se viver na cidade de São Paulo, que em 1975 já era bastante caótica. O ponto de partida da história era o convívio entre os moradores do Edifício Paraíso, que havia se desvalorizado com a construção do Minhocão.
“O paraíso de se viver em São Paulo. O retrato dessa realidade. A vida nas suas vinte e quatro horas de correria, poluição, gente se esbarrando e nem sentindo, solidão, superpopulação e potencialidades, marginalidades e neurose ”
— Jorge Andrade, autor da novela.
Minhocão interditado e funcionando como parque nos finais de semana.
*
III
CERQUEIRA CÉSAR
Vista do Parque Trianon sobre a avenida Nove de Julho Cerqueira César e Jardim Paulista.
Cerqueira César é um bairro nobre do município de São Paulo, capital do estado de São Paulo. Tem como limites ao noroeste Avenida Rebouças e Rua da Consolação; ao nordeste: Rua Caio Prado, Rua Frei Caneca, Rua Dr. Penaforte Mendes e Rua Herculano de Freitas; ao sudeste a Rua Plínio Figueiredo, a Avenida Nove de Julho e a Alameda Casa Branca; e ao sudoeste a Rua Estados Unidos.
Sua área localizada ao sul da Avenida Paulista costuma frequentemente ser classificada como parte da região dos Jardins. Já a região localizada ao norte da mesma avenida recebe o nome de Baixo Augusta. Está situado em uma das regiões mais altas da cidade, chamada de Espigão da Paulista. Limita-se com os bairros: Higienópolis, Jardim Paulista, Vila Buarque, República, Jardim América, Bela Vista e Pacaembu. O bairro surgiu com o nome de Villa América em 1890, do loteamento de propriedades rurais, como: a chácara Água Branca, chácara dos Pinheiros e sítio Rio Verde. Todas pertenciam ao Dr. José Oswald Andrade, pai do escritor paulista Oswald de Andrade. Horácio Belfort Sabino, também, possuía uma extensa gleba de terra nas extensões do atual bairro de Cerqueira César. Era casado com América Milliet - filha de Afonso Augusto Milliet - razão do nome do bairro vizinho ser Jardim América. Ele construiu, em 1902, sua residência projetada pelo arquiteto Victor Dubugras, onde encontra-se, atualmente, o Conjunto Nacional. Coincidentemente seu neto e bisneto de Cesário Cecílio de Assis Coimbra, Horácio Sabino Coimbra - descendente, por seu pai Cesário de Lacerda Coimbra, do Barão de Arary e do Barão de Araras - foi casado na família Cerqueira César, com Maria Yolanda Cerqueira Cesar. Residência Joaquim Franco de Melo na Avenida Paulista, resquício da ocupação inicial do bairro. Anos antes houve a inauguração do Parque Trianon e da Avenida Paulista, via destinada a construção de imóveis horizontais de alto-padrão, tendo seu crescimento ligado à evolução da mesma. Assim como Pinheiros e Consolação, bairros vizinhos, tornou-se um tradicional bairro da classe média alta paulistana. Em 1938 tornou-se subdistrito da capital. Seu nome é uma homenagem ao ex-vice-presidente do Estado de São Paulo Dr. José Alves de Cerqueira César. Após a segunda metade do século XX a região onde se encontra adquire características comerciais, tornando-se o principal centro financeiro da cidade. Esse desenvolvimento levou à verticalização do bairro com a perda de suas características essenciais. Prova dessa mudança foi a construção do Conjunto Nacional e do Museu de Arte de São Paulo, símbolos da nova economia. Com o passar dos anos antigas residências tornavam-se pequenos prédios de escritórios e comércio. Na reforma de distritos ocorrida em 1991 o bairro fora fragmentado entre os distritos de Consolação, Bela Vista e Jardim Paulista. Seu cartório de registro civil, porém, continua em operação com os limites da divisão anterior. Em 2008 foi inaugurado em sua extensão o Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, administrado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, sendo o maior centro de oncologia da América Latina.
CORRIDA DE SÃO SILVESTRE
A Corrida Internacional de São Silvestre é uma corrida de rua realizada anualmente na cidade de São Paulo, Brasil, em 31 de dezembro, dia de São Silvestre (data de morte do Papa da Igreja Católica, canonizado também neste dia, anos depois, no quarto século da Era Cristã) e de onde vem o seu nome.
A corrida, a mais famosa e tradicional do Brasil e a da América do Sul, tem um percurso atual de 15 km pelo centro de São Paulo e é uma corrida mista desde 1975, quando começou a participação oficial das mulheres. Entre 1925, ano de sua criação e 1944, foi disputada apenas por corredores brasileiros.
O maior vencedor da prova — e recordista até a edição de 2019, quando afinal teve sua marca quebrada após 25 anos — é o queniano Paul Tergat com cinco vitórias e, entre as mulheres, a portuguesa Rosa Mota, que com seis vitórias consecutivas nos anos 1980 é a maior vencedora geral. Entre os brasileiros, o título fica com Marílson Gomes dos Santos, com três vitórias.
Alguns dos maiores fundistas da história do atletismo já participaram e venceram a prova. Além de Paul Tergat e Rosa Mota, já correram nas ruas de São Paulo, campeões e medalhistas olímpicos e recordistas mundiais como Franjo Mihalic, Gaston Roelants, Frank Shorter, Carlos Lopes, Arturo Barrios, Ronaldo da Costa, Priscah Jeptoo, Derartu Tulu e a "Locomotiva Humana", o tcheco Emil Zatopek, campeão em 1953. A Corrida Internacional de São Silvestre é transmitida ao vivo pela televisão para o Brasil e para o mundo pela TV Gazeta e pela TV Globo desde 1982.
História. Cásper Líbero, um jornalista e advogado paulista milionário que fez fortuna no início do século XX no setor de imprensa era um apaixonado por esportes, tanto que ele foi o idealizador da Gazeta Esportiva, que havia sido lançada inicialmente como coluna do jornal A Gazeta e posteriormente, em 1947, foi lançada como jornal (4 anos após a morte de Cásper). Em uma viagem que fez a Paris, ficou maravilhado com uma corrida realizada à noite, em que os corredores carregavam tochas ao longo do percurso. Decidido a promover algo semelhante no Brasil, criou uma corrida noturna a ser realizada no último dia do ano de 1925. Estava fundada a Corrida de São Silvestre, que recebeu esse nome em homenagem ao santo do dia.
Em sua primeira edição, de 60 inscritos, 48 compareceram para disputar a prova e apenas 37 foram oficialmente classificados, já que as regras exigiam que todos os corredores cruzassem a linha de chegada no máximo 3 minutos após a chegada do vencedor. O primeiro vencedor foi o atleta fundista l Alfredo Gomes, que completou os 6,2 km do percurso em 33:21. Inicialmente aceitando apenas a participação de brasileiros natos, nos anos seguintes a inscrição foi permitida a estrangeiros morando no Brasil, o que permitiu ao italiano Heitor Blasi, radicado em São Paulo, ser convidado a disputá-la e vencer duas das primeiras edições da prova, em 1927 e 1929. Sem grande experiência na organização deste tipo de evento, as primeiras edições impediam os corredores de beberem qualquer tipo de líquido durante a prova, e os atletas muitas vezes nela competiam com os próprios sapatos que usavam para treino no dia a dia e roupas que acumulavam suor.
Ao contrário de outros eventos desportivos tão ou mais antigos, a Corrida de São Silvestre nunca deixou de realizar-se, nem mesmo durante a Revolução Constitucionalista de 1932 ou a Segunda Guerra Mundial.
Em 1941, atletas do estado de São Paulo perderam a invencibilidade. Desde a inauguração da prova em 1925, apenas atletas paulistas haviam vencido a disputa da São Silvestre. Este domínio só acabou após o mineiro José Tibúrcio dos Santos vencer esta edição, quebrando uma hegemonia paulista de 16 anos.
A partir de 1945, com o fim da guerra, passou a contar com a participação de estrangeiros, mas apenas para corredores convidados provenientes de outros países da América do Sul. O sucesso das duas primeiras edições internacionais, no entanto, levou os organizadores a permitirem a participação de corredores de todo o mundo a partir de 1947. Este ano marcou o início de período de 34 anos durante o qual nenhum brasileiro venceria a prova, o que se encerrou somente quando o garçom pernambucano José João da Silva venceu a edição de 1980, feito que repetiria em 1985.
A primeira transmissão ao vivo da corrida ocorreu no ano de 1948, graças à Rádio Gazeta, que comprou um aparato de frequência modulada. O dispositivo foi instalado em um carro situado na rua com receptação no topo do prédio da emissora. Desde 1945, a ideia estava sendo planejada, mas foi em 1948 que a transmissão via rádio da Corrida de São Silvestre aconteceu.
A corrida permaneceria restrita a homens até 1975, quando as Nações Unidas declararam aquele ano como o Ano Internacional da Mulher. Os organizadores da São Silvestre aproveitaram o momento para realizar a primeira corrida feminina no mesmo ano. Nesse sentido, como uma resposta ao apelo da igualdade entre os gêneros, a organização da prova incluiu as mulheres na disputa. O evento feminino começou já com livre participação internacional, e a primeira mulher a vencê-lo foi a alemã-ocidental Christa Vahlensieck, o que fez duas vezes seguidas.[ A primeira vitória brasileira ocorreria somente vinte anos depois, quando a brasiliense Carmem de Oliveira venceu em 1995.
Além de Paul Tergat e Rosa Mota, outros grandes campeões na história da São Silvestre são o belga Gaston Roelants, recordista mundial e campeão olímpico dos 3 000 m c/ obstáculos em Tóquio 1964 e o equatoriano Rolando Vera, os dois quatro vezes vencedores da prova, sendo que Rolando Vera foi o único a vencê-la por quatro vezes consecutivas entre os homens, nos anos 1980. A queniana Lydia Cheromei a venceu três vezes entre 1999 e 2004.
Já famosa em toda a América Latina e na Europa desde 1953, quando a presença e a vitória do multicampeão olímpico tcheco Emil Zatopek a transformou num evento realmente internacional de ponta,[7] em 1970 a São Silvestre começou a chamar a atenção da imprensa especializada dos Estados Unidos, quando o norte-americano Frank Shorter, futuro campeão olímpico da maratona em Munique 1972, veio ao Brasil e a venceu. A vitória de Frank Shorter provocou uma posterior invasão de corredores americanos na prova, que veria Dana Slater ser bicampeã entre as mulheres em 1978–79 e o fundista Herb Lindsay vencê-la em 1979, ano em que a vitória no masculino e no feminino pertenceu aos Estados Unidos, feito nunca mais repetido. O Brasil repetiria o mesmo feito na edição de 2006, com a vitória de Franck Caldeira no masculino e Lucélia Peres no feminino.
Em 1964, atletas indígenas se inscreveram para a 40ª corrida internacional de São Silvestre. Cinco atletas da Ilha do Bananal formaram uma equipe para competir. Na época, um dos organizadores do evento, Aurélio Bellotti, e o indianista Willy Aureli, visitaram a tribo para dar orientações e explicar o funcionamento e regras da São Silvestre.
Em 1967 a corrida passou a ser uma atração turística. No dia 10 de dezembro, a prova passou a integrar o calendário turístico paulista graças ao Decreto de Oficialização da Corrida Internacional de São Silvestre, que foi assinado pelo então governador de São Paulo, Roberto Costa de Abreu Sodré.
No ano de 1968, O cantor e compositor Jorge Ben Jor tentou correr no pelotão de elite masculino. O brasileiro se inscreveu na XV Preliminar Paulista da Corrida Internacional de São Silvestre. Nessa prova, Jorge Ben estava entre os 700 atletas inscritos, mas havia apenas 250 vagas. O músico não conseguiu garantir o seu lugar.
Até 1988, a corrida era realizada à noite, geralmente iniciando-se às 23h30, de forma que os primeiros classificados cruzavam a linha de chegada por volta da meia-noite, mas o ano de 1989 foi marcado por sensíveis modificações no formato do evento. O objetivo era cumprir as determinações da Federação Internacional de Atletismo — IAAF. O horário de início da corrida foi alterado, passando às 15 horas para mulheres e às 17 horas para homens; a distância a ser percorrida, que variava quase que anualmente (geralmente entre 6,5 e 8,8 km) foi definitivamente fixada em 15 km em 1991, o mínimo exigido pelas regras da Federação. Em 1989, a Corrida Internacional de São Silvestre foi oficialmente reconhecida e incluída no calendário internacional da IAAF.
Tradicional percurso noturno da prova nos anos 1970.
Em 2003, Marílson Gomes dos Santos conquistou o topo mais alto do pódio pela primeira vez. Essa vitória foi apenas o início, pois em 2005 e 2010 o atleta voltou a vencer, se consagrando como o primeiro corredor do Brasil tricampeão da Corrida de São Silvestre desde o início de sua fase internacional.
Em 2011, pela primeira vez desde sua criação, a São Silvestre teve o tradicional local de chegada alterado. Ao invés da Avenida Paulista, passou a ser no Parque do Ibirapuera. A modificação viu a queniana Priscah Jeptoo, vice-campeã olímpica da maratona em Londres 2012, vencer a prova feminina em 48:48, recorde e a primeira vez que uma mulher completou os 15 km da São Silvestre em menos de 50 minutos. Esta edição também assistiu a uma das maiores tragédias da história da corrida, com a morte do atleta paraolímpico Israel Cruz de Barros, que, disputando a divisão de cadeira de rodas, perdeu o controle na descida da Rua Major Natanael, de acentuado declive, e chocou-se com o muro em volta do Estádio do Pacaembu, morrendo no hospital.
Crescendo e sendo prestigiada através dos anos não apenas por atletas de elite mas também pelos corredores amadores, os números da São Silvestre fazem dela a maior corrida de massas da América do Sul, também em quantidade. Os 48 participantes da edição inicial em 1925 transformaram-se em cerca de 2 mil ainda no fim da década de 1950, mais de 10 mil por edição nos anos 1980, até alcançar um recorde de cerca de 25 mil participantes na edição de 2011.
Desde 2011, todos os campeões masculinos, são de nacionalidade africana, e desde 2007, as campeãs femininas também. Esta hegemonia africana na prova começou em 1992, ano em que o queniano Simon Chemwoyo conquistou o primeiro título à África, desde então, foram 19 vitórias africanas, contra apenas 6 brasileiras. O último brasileiro a vencer a prova foi Marilson, no ano de 2010, e a última mulher foi Lucélia Peres, em 2006.
Além do prestígio nacional e internacional, financeiramente a São Silvestre também compensa para seus campeões: em 2013, o vencedor recebeu R$ 60 mil (US$ 30 mil), o segundo colocado R$ 35 mil (US$ 17 mil) e o terceiro colocado R$ 20 mil (US$ 10 mil).
Pessoas portadoras de deficiências também participam da prova. Há largadas especificas para atletas cadeirantes e outra para portadores de outros tipos de deficiência. Só depois é que largam as elites feminina e masculina e o pelotão geral.
Em 22 de setembro de 2020, a organização resolveu adiar em razão da Pandemia de COVID-19 no Brasil a 96ª edição da corrida inicialmente para 11 de julho de 2021. No entanto, a organização optou por fixar esta edição no último dia de 2021. Entre as mudanças na edição de 2021 está o uso obrigatório de máscaras, a adoção de passaporte vacinal e a realização da corrida sem a presença de público por conta das medidas de segurança contra a COVID-19.
Em 2022, a corrida volta aos seus moldes tradicionais como a presença de público pelas calçadas do trajeto, mas mantendo apenas a regra do passaporte vacinal, adotada em 2021.
Participação feminina. Desde sempre, o conceito de que mulheres são mais frágeis é propagado por toda sociedade, acabando interferindo na participação feminina nas competições esportivas como, por exemplo, nos Jogos Olímpicos. Até que então, em 11 de julho de 1924 (Jogos de Paris) a primeira mulher consegue conquistar a primeira medalha de ouro nas Olimpíadas: Charlotte Cooper. Desde então, as mulheres foram conseguindo conquistar cada vez mais seu espaço nos esportes, inclusive na São Silvestre quando o jornal A Gazeta Esportiva (o jornal era organizador do evento) resolveu acompanhar a mudança e evolução social e incluiu, em 1975, a prova feminina da São Silvestre.
A primeira vencedora foi Christa Vahlensieck, que deu o título para a Alemanha. A primeira vencedora brasileira foi Carmem de Oliveira, somente em 1995, vinte anos após a estreia feminina na maratona. Porém, o maior destaque vai para a portuguesa Rosa Mota, que é recordista de títulos com seis vitórias seguidas nos anos de 1981, 1982, 1983, 1984, 1985 e 1986. A participação de mulheres na São Silvestre aumentou, tendo na 91° edição da corrida, 28,55% finalistas femininas, ou seja 6 645 dos 23 268. Sendo esse número extremamente representativo, pois em 1999 o número era oito vezes menor, tendo apenas 795 mulheres e 10 758 homens.
Percurso. Realizada em grande parte pelo centro da cidade de São Paulo, a São Silvestre já teve vários percursos e distâncias diferentes através das décadas. Um erro comum, mesmo em parte da imprensa, é se referir à São Silvestre como uma maratona (para isso, precisaria ter 42,195 quilômetros). O atual percurso tem 15 km de distância e a seguinte composição:
Largada na Avenida Paulista, nas proximidades da Alameda Ministro Rocha Azevedo; Rua HaddockLobo; Túnel José Roberto Fanganiello Melhem; Avenida Doutor Arnaldo;Rua Major Natanael;
Rua Desembargador Paulo Passalaqua; Avenida Pacaembu; Rua Margarida; Alameda Olga; Rua Tagipuru; Rua Fuad Naufel; Avenida Auro Soares de Moura Andrade; Rua Mário de Andrade;
novamente Avenida Pacaembu em direção à Marginal Tietê; Viaduto Pacaembu;m Av. Dr. Abraão Ribeiro; Av. Marquês de São Vicente; Rua Norma Pieruccini Giannotti; Avenida Rudge; Viaduto Eng. Orlando Murgel; Av. Rio Branco; Av. Duque de Caxias; Avenida São João; Largo do Arouche;
Av. Vieira de Carvalho; Praça da República; Avenida Ipiranga; novamente Av. São João; Largo do Paiçandu; Rua Conselheiro Crispiniano; Praça Ramos de Azevedo; Viaduto do Chá; Rua Líbero Badaró; Largo de São Francisco; Avenida Brigadeiro Luís Antônio; Viaduto Brigadeiro Luiz Antônio; Av. Paulista, com chegada em frente ao prédio da Gazeta Esportiva.[2
A AVENIDA PAULISTA
A avenida Paulista foi criada no final do século XIX, a partir do desejo de paulistas em expandir na cidade novas áreas residenciais que não estivessem localizadas imediatamente próximo às mais movimentadas centralidades do período, por essa época altamente valorizadas e totalmente ocupadas, tais como a Praça da República, o bairro de Higienópolis e os Campos Elísios. A avenida Paulista foi inaugurada no dia 8 de dezembro de 1891, por iniciativa do engenheiro Joaquim Eugênio de Lima e do dr. Clementino de Sousa e Castro (na época Presidente do conselho de intendências da cidade de São Paulo, atual cargo de prefeito), para abrigar paulistas que desejavam adquirir seu espaço na cidade.
Naquela época, houve grande expansão imobiliária em terrenos de antigas fazendas e áreas devolutas, o que deu início a um período de grande crescimento. As novas ruas seguiam projetos desenvolvidos por engenheiros renomados, e nas áreas mais próximas à avenida e a seu parque central os terrenos eram naturalmente mais caros que nas áreas mais afastadas; não havia apenas residências de maior porte, mas também habitações populares, casebres e até mesmo cocheiras em toda a região circundante. "Avenida Paulista no dia da inauguração, 8 de dezembro de 1891". Aquarela de Jules Martin.
A Paulista está localizada no limite entre as zonas Centro-Sul, Central e Oeste; e em uma das regiões mais elevadas da cidade, chamada de Espigão da Paulista. Considerado uma das mais importantes vias e um dos principais centros financeiros da cidade, assim como também um dos seus pontos turísticos mais característicos, a avenida revela sua importância não só como polo econômico, mas também como centralidade cultural e de entretenimento. Abriga um grande número de sedes de empresas, bancos, consulados, hotéis, hospitais, como o tradicional Hospital Santa Catarina e instituições científicas, como o Instituto Pasteur, culturais, como o MASP e o Sesc Avenida Paulista e educacionais, como os tradicionais Colégio São Luís e a Escola Estadual Rodrigues Alves. Também não deixa de existir o lazer, contém grandes shoppings e uma diversidade enorme de lugares para comprar, desde o Shopping Pátio Paulista e o Cidade São Paulo, até os camelôs. Por ela, todos os dias, movimentam-se milhares de pessoas oriundas de todas as regiões da cidade e de fora dela, é um dos lugares de São Paulo com a maior diversificação cultural possível. Além disso, a avenida é um importante eixo viário da cidade ligando importantes avenidas como a Dr. Arnaldo, Rebouças, 9 de Julho, Brigadeiro Luís Antônio, 23 de Maio, rua da Consolação e a Avenida Angélica. De acordo com a Associação Paulista Viva, a população residente na avenida era de 5 mil em 2014.[Textos e imagens da Wikipedia]
"O Projeto Nova Paulista previa pistas abaixo do nível em toda a extensão da Avenida. Porém, devido ao corte de verbas do Governo Militar, que se posicionou contra o projeto por ser muito caro, a obra foi interrompida. Hoje vemos apenas um pequeno trecho do Projeto do Engenheiro José Carlos de Figueiredo Ferraz que inclusive era o prefeito de São Paulo na época". Roberto de Castro. Amo SP- SP em Fotos Antigas.
Avenida Paulista nos anos 1970. A avenida foi criada no final do século XIX, a partir do desejo de paulistas em expandir na cidade novas áreas residenciais que não estivessem localizadas imediatamente próximo às mais movimentadas centralidades do período, por essa época altamente valorizadas e totalmente ocupadas, tais como a Praça da República, o bairro de Higienópolis e os Campos Elísios. A avenida Paulista foi inaugurada no dia 8 de dezembro de 1891, por iniciativa do engenheiro Joaquim Eugênio de Lima e do dr. Clementino de Sousa e Castro (na época Presidente do conselho de intendências da cidade de São Paulo, atual cargo de prefeito), para abrigar paulistas que desejavam adquirir seu espaço na cidade.
O MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO-MASP
A Rainha Elizabeth II inaugurando o Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista em 1968. Na sua agenda paulistana, visitou o terraço do Edifício Itália, o Museu do Ipiranga e assistiu o show musical com Wilson Simonal, Jair Rodrigues e Elza Soares.
Avenida Paulista e o Masp, 1972. #SPFotos

Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - MASP é um centro cultural e museu de arte brasileiro fundado em 1947 pelo empresário e jornalista paraibano Assis Chateaubriand. Entre os anos de 1947 e 1990, o crítico e marchand italiano Pietro Bardi assumiu a direção do MASP a convite de Chateaubriand. Inicialmente instalado na rua 7 de abril, desde 7 de novembro o prédio está localizado de 1968 na Avenida Paulista, cidade de São Paulo (estado homônimo), em um edifício projetado pela arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi para ser sua sede, é considerado uma das mais importantes instituições culturais brasileiras. O MASP possui a mais importante e abrangente coleção de arte ocidental da América Latina e do hemisfério sul, abrangendo arte africana, das Américas, asiática, brasileira e europeia, desde a Antiguidade até o século 21, incluindo pinturas, esculturas, desenhos, fotografias e roupas, entre outros, totalizando aproximadamente 10 mil peças. O acervo é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Também abriga uma das maiores bibliotecas especializadas em arte do país. É o museu mais visitado do Brasil e frequentemente listado entre os melhores do mundo. É conhecido pelos cavaletes de cristal de autoria de Lina Bo Bardi, conhecidos por suspender as obras de arte em suportes transparentes com o objetivo de aproximá-las do público, que desta forma pode circular em seu entorno. ( Ver no capitulo 11 artigo sobre a construção do MASP .[Textos e imagens da Wikipedia]

Salão principal de exposições do MASP
PARQUE TRIANON

O Parque Tenente Siqueira Campos, mais conhecido como Parque Trianon ou Parque do Trianon, foi inaugurado no dia 3 de abril de 1892 na cidade de São Paulo, um ano após a abertura da Avenida Paulista. Foi projetado pelo paisagista francês Paul Villon e inaugurado pelo inglês Barry Parker. O nome Trianon foi dado por conta da existência do Restaurante Trianon inaugurado em 10 de junho de 1916, que foi criado e fundado pelos irmãos Vicente Rosati e Luigi Rosati (imigrantes italianos provenientes da cidade de Fontecchio) nas dependências do Belvedere da Paulista localizado em frente ao parque, onde hoje está situado o Museu de Arte de São Paulo. O proprietário do elegante "Bar e Restaurante" escolheu o nome que provém do Palacete Grand Trianon em Versáilles, que foi propriedade de Maria Antonieta, pela semelhança das construções. O arquiteto Ramos de Azevedo desenvolveu, de 1911-1914, na administração do Barão de Duprat, o projeto do chamado Belvedere, construído em 1916 e demolido em 1951 para dar lugar à primeira edição da Bienal de Arte de São Paulo.
O Parque foi comprado pela Prefeitura com auxílio financeiro da Câmara Municipal, em 1911. Em 1931 recebeu sua denominação atual em homenagem a um dos heróis da Revolução do forte de Copacabana, na Revolta Tenentista de 1924, o Tenente Antônio de Siqueira Campos. Aberto todos os dias da semana, das 6:00 até as 18:00, o parque conta com playgrounds, aparelhos de ginástica e a "Trilha do Fauno", nome dado devido à presença da escultura "Fauno" do artista Victor Brecheret e da escultura "Aretusta" de Francisco Leopoldo.
Avenida Paulista, anos 1920: O Parque e Belvedere Trianon. Pinterest.
O parque foi inaugurado em 3 de abril de 1892 e teve seu surgimento entendido no contexto do processo de urbanização da cidade de São Paulo daquela época. No ano anterior, ocorrera a inauguração da Avenida Paulista. Naquela época, o ambiente cultural da aristocracia cafeeira era dominado por influências do romantismo europeu do século XIX; dessa forma, o parque acabou ganhando ares de um jardim inglês, apesar de sua exuberante vegetação tropical, remanescente da Mata Atlântica da região do alto do Caaguaçu, atual espigão da Paulista.
O Parque Tenente Siqueira Campos é o nome oficial do parque que foi dado em homenagem ao militar e político brasileiro que participou da Revolta Tenentista ocorrida em 1924, um dos acontecimentos mais importantes ocorridos na cidade de São Paulo.
O responsável pelo projeto paisagístico foi o francês Paul Villon, motivo pelo qual o parque às vezes é citado, em textos antigos, como Parque Villon. O nome Trianon veio do fato de, naquele tempo, existir no local onde hoje se situa o Museu de Arte de São Paulo, em frente ao parque, o Belvedere da Paulista, nome oficial do lugar porém havia nas dependências um restaurante/bar e um mirante no nível da avenida com o nome Trianon, administrado pelo italiano Vicente Rosati e o irmão Luigi, os mesmos que gerenciavam o Bar do Theatro Municipal, onde foi construído de 1914-1916 o chamado Belvedere Trianon, com projeto do arquiteto Ramos de Azevedo. Tal restaurante era frequentado pela elite paulista e chegou a ter como frequentadores, príncipes europeus e Getúlio Vargas. Na região do parque havia também a casa de chá da família Rosati. Por muitos anos, foi ainda conhecido como Parque da Avenida e era frequentado pela alta sociedade que passou a morar na região da Paulista.
Na avenida entre ambos ocorria a largada de várias corridas de automóveis. Em 1925 ocorreu a primeira Corrida de São Silvestre, largando desse mesmo lugar. Em 1924 foi doado à Prefeitura de São Paulo e em 1931 o parque recebeu seu nome atual em homenagem ao tenente Antônio de Siqueira Campos, um paulista de Rio Claro e herói do Movimento Tenentista de 1924. A partir de 1968, na gestão do prefeito Faria Lima, o parque passou por várias mudanças que tiveram a assinatura do paisagista Burle Marx e do arquiteto Clóvis Olga. O parque é tombado pelo CONDEPHAAT e pelo CONPRESP.
Descrição. O piso das pistas e trilhas o diferencia de outros parques pois é formado por pedras portuguesas. Conta com locais para recreação infantil, aparelhos de ginástica, sanitários públicos e centro administrativo, tornando-se um refúgio de lazer e descanso no meio da agitada Avenida Paulista.
Ainda há outros atrativos como a Trilha do Fauno, um caminho com 600 metros que conecta a Avenida Paulista à Alameda Santos, onde é possível encontrar duas estátuas: Fauno, de Vítor Brecheret, e Aretusa, de Francisco Leopoldo e Silva. Próxima a entrada do parque ainda é possível visualizar uma obra em mármore de Luigi Brizzollara, a qual representa Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera.
Vegetação e Fauna. Dentro de seus 48,6 mil m² de área verde, o Parque incorpora uma vasta vegetação composta por espécies remanescentes da Mata Atlântica, além de espécies exóticas e mudas da vegetação nativa que foram introduzidas no sub-bosque para aumentar a flora, que totaliza 135 espécies registradas. Destaque para os exemplares de de araribá-rosa, canela-poca, cedro, jequitibá, pau-ferro, sapopemba, sapucaia, palmeira-de-leque-da-china, seafórtia e tamboril. Das 135 espécies encontradas no parque, 8 estão ameaçadas como a cabreúva, o chichá e o palmito-jussara. Apesar de o parque ser localizado no meio da Avenida Paulista, um ambiente hostil para uma fauna diversificada, quem anda por entre as árvores pode se surpreender. A grande área verde serve de micro-habitat para diversas espécies, sendo um dos poucos lugares da cidade que proporciona uma condição adequada para a reprodução desses animais. Com exceção dos aracnídeos e a rãzinha-piadeira, uma espécie de anfíbio encontrado na Mata Atlântica, a fauna do parque abriga 37 espécies de animais alados catalogados, sendo duas espécies de borboletas, sete de morcegos e 28 de aves, entre elas o piriguari, tico-tico e sabiá-ferreiro.
INSITUTO PASTEUR
O Instituto Pasteur é uma entidade centenária ligada à Secretaria da Saúde do Governo do estado de São Paulo dedicada à pesquisa científica sobre a raiva animal, doença infecciosa que atinge o Sistema Nervoso Central e que através da transmissão do vírus pode contaminar todos os grupos de mamíferos, sendo potencialmente fatal em casos mais graves. A grande missão do Instituto é, com as atividades em laboratórios e projetos de pesquisa, controlar e atentar a população em relação à raiva e outras encefalites virais fazendo atividades de laboratório com pesquisas e inovações. Ele está localizado atualmente no logradouro: Avenida Paulista, 393 - Cerqueira César. São Paulo - SP. Foi fundado por iniciativa privada em 5 de agosto de 1903 como uma instituição particular e altruística, tendo como seu primeiro presidente Ignácio Wallace da Gama Cochrane, ex-deputado e diretor da Superintendência de Obras Públicas do Estado.
No início do século XX, a raiva canina não era controlada, provocando mortes em humanos. Moradores da capital, do interior de São Paulo e de outros estados procuravam o Instituto em busca do tratamento preventivo. Chegavam também pessoas já doentes e/ou com suspeita de raiva humana que eram encaminhadas ao Hospital de Isolamento Emilio Ribas, mas acabavam morrendo. Nos canis do IP eram observados animais suspeitos.
Em novembro de 1903, as primeiras vacinas contra a raiva produzidas em São Paulo começaram a ser distribuídas para a população da cidade. As culturas das primeiras amostras foram fornecidas pelo Instituto Pasteur do Rio de Janeiro, inaugurado em 1888. Em 1906, o patologista italiano Antonio Carini assumiu a presidência do Instituto e impulsionou as pesquisas sobre bacteriologia e patologia animal, consolidando a entidade e trazendo recursos provenientes de empresários como Francisco Matarazzo e de empresas como a Light and Power. No período de 1908 adiante, as vacinas eram feitas na própria instituição. Eles se preocupavam com a divulgação dos serviços e a dissipação das informações sobre a doença para uma publicação chamada "Noções Populares sobre a Hydrophobia"
Em 1956, foi criado o fundo destinado à pesquisa(Decreto Nº 26.978) a instituição impulsionou o estudo sobre a raiva. A partir de 1958, a fabricação de vacinas contra a raiva foi transferida ao Instituto Butantã.
RUA AUGUSTA
A rua Augusta nos anos 1950.
A Rua Augusta é uma via arterial da cidade de São Paulo que conecta o bairro dos Jardins a região do Centro Histórico de São Paulo. A rua é conhecida por suas lojas, boutiques e estabelecimentos de luxo na região do Jardins e por suas boates, casas noturnas, bares e vida noturna na região que parte da Avenida Paulista em direção ao Centro, passando pela região conhecida como Baixo Augusta.
A rua segue em subida a partir de seu início no entroncamento das ruas Martins Fontes, Martinho Prado e a Praça Franklin Roosevelt, até o cruzamento com a Avenida Paulista. Após cruzar a Paulista, ela se torna uma descida seguindo em direção a rua Colômbia, no Jardim Europa.
A Rua Augusta é conhecida principalmente por sua vida noturna que inclui bares, baladas e casas de shows variadas, mas também por algumas casas de prostituição, saunas e boates adultas.
As primeiras referências dela datam de 1875, chamando-se primeiramente Rua Maria Augusta; em 1897 já aparece como Rua Augusta. Foi parte das terras do português Mariano António Vieira, dono da Chácara do Capão desde 1880, quando abriu várias ruas no Bairro da Bela Sintra, inclusive a Rua da Real Grandeza, atual Avenida Paulista. Resolveu abrir uma trilha, pois os caminhos eram muito íngremes, para posteriormente serem instalados bondes puxados por burros, em 1890.
Apenas em 1891, com a inauguração da luz elétrica, foram movidos com eletricidade. Entre 1910 e 1912 ela foi estendida até a Rua Álvaro de Carvalho, ficando oficial em 1927. Até 1942, a Rua Martins Fontes fazia parte da Rua Augusta. Ela aos poucos virou um grande ponto de prostituição, ocasião em que foi desmembrada (Decreto Lei N.º 153). Do lado oposto, em direção aos "Jardins", o seu prolongamento até a Rua Estados Unidos foi oficializado em 1914.
O nome "Augusta": tudo leva a crer que o responsável pela sua abertura, o português Mariano Antonio Vieira, não quis homenagear uma pessoa e sim aplicar algo como um título de nobreza (ou adjetivo) ao chamá-la de "Rua Augusta". Colabora para esta versão o fato de que o mesmo Mariano, ao abrir uma "picada" no alto do Morro do Caaguaçu, chamou este logradouro de "Rua da Real Grandeza".
Com o tempo, vieram os loteamentos, quando surgiram confortáveis residências e algum comércio para servi-las. Pouco a pouco começaram a surgir pequenos edifícios de moradia.
Grande parte de comércio fino de decoração se instalou na região central-ascendente, a partir da Rua Marquês de Paranaguá. As casas residenciais deram lugar ao comércio de rua. Shoppings, Galerias e Cinemas de categoria se instalaram frequentados pelas famílias e mais tarde pelos jovens que buscavam distração. Caminho certo rumo aos bairros dos Jardins e seus clubes, como o Club Athletico Paulistano, a Sociedade Harmonia de Tênis e o Esporte Clube Pinheiros.
Década de 1960. A Rua Augusta representou para os jovens paulistanos na década de 1960 boêmia, glamour e diversão, onde eram instaladas diversas lojas e mais cinemas de categoria, como os cines Paulista, Astor, Bristol, Majestic, Marachá, Regência e outros. A canção Rua Augusta, de Ronnie Cord, lançada em 1964 foi uma espécie de hino da juventude paulistana que frequentava o logradouro nesta época. Mais tarde também seria regravada pelos Mutantes (no álbum Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets) e por Raul Seixas.
A rua Augusta nos anos 1970.
A partir da década de 1970, começou a adaptar-se às mudanças, dado o pesado tráfego de automóveis e ônibus e a criação de inúmeras galerias e centros comerciais, aliado à falta de estacionamento. Mesmo assim, os jovens continuaram a estar por lá com suas motos, carros envenenados e muito congestionamento, principalmente, entre 1976 e 1980. Haviam muitas discotecas para acompanhar os "embalos de sábado à noite", pistas de esqui no gelo, doceiras, academias de musculação e aeróbicas.
Está sempre sendo atualizada desde aquela época, com a reforma do calçamento, decoração com vasos, retirada de uma parte dos postes de iluminação pública (que estavam obsoletos), colocação de carpete, estacionamento Zona Azul e subterrâneo e a construção de um boulevard e por fim a eliminação dos ônibus elétricos com as novas calçadas.
Atualidade. Na década de 70 a rua Augusta perdeu seu prestígio e comércio por conta da abertura de shoppings centers na cidade de São Paulo. Nessa época também foram abertos diversos prostíbulos em seu entorno. A rua modernizou-se em 1993 com a abertura do cinema Espaço Unibanco. A partir da década de 2000, a Rua Augusta voltou a ser parte da vida noturna dos jovens. Nessa época a Augusta abriu o Vegas Club, The Pub, Club Noir, o Comedy Club Comedians, primeiro clube de comédias do Brasil, YO restaurante, entre outros. Seu entorno está movimentado por bares, restaurantes, casas noturnas, lojas e os antigos prostíbulos.

IV
CONSOLAÇÃO
Rua da Consolação em 1957. Do lado esquerdo a igreja da Consolação , e ao fundo a praça Roosevelt em um dia de feira. / F. / Almanaque Folha.
Consolação é um distrito da região central do município de São Paulo e uma das regiões históricas e culturais mais importantes do município. Compreende parte do bairro de Vila Buarque, onde está sediada a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, o teatro da Universidade de São Paulo (TUSP) e o Centro Universitário Maria Antônia; parte do bairro de Cerqueira César, onde está o Colégio São Luís. Também estão dentro do distrito os bairros nobres de Higienópolis e do Pacaembu, tradicionais redutos intelectuais e de famílias descendentes dos grandes cafeicultores do início do século XX onde estão situadas a Universidade Presbiteriana Mackenzie e a Fundação Armando Álvares Penteado. O distrito é atendido pela linhas 2-Verde (Estações Clínicas e Consolação) do Metrô de São Paulo e 4-Amarela (Estações Paulista e Higienopolis-Mackenzie) da ViaQuatro. Futuramente também será atendido pela Linha 6-Laranja, com a construção da Estação Higienópolis–Mackenzie e Estação FAAP–Pacaembu.
Formação. Um dos distritos da cidade de São Paulo, é composto pelos bairros da Consolação, Higienópolis, Vila Buarque e Pacaembu. Seu desenvolvimento se deu a partir do Caminho de Pinheiros ou Caminho de Sorocaba, a atual Rua da Consolação, principal via do bairro. Região distante da cidade, havia na época plantações de hortaliças e frutas e foi só por volta de 1779 que um pequeno povoado começou a habitar a região. Eram os devotos de Nossa Senhora da Consolação, que construíram em taipa de pilão uma capela para a santa. A igreja transformou-se na Paróquia Nossa Senhora da Consolação, fundada em 1798. Foi a construção da igreja que trouxe mais moradores para o logradouro que, graças à sua recém-adquirida importância, ganhou atenção do governo da cidade, que construiu ali vias e ruas, possibilitando e facilitando o acesso. Como estava à margem do Caminho de Pinheiros, utilizado pelos condutores de tropas que iam do Largo da Memória a Pinheiros para fechar acordos com negociantes de cidades como Itu e Sorocaba, tem significado histórico para a construção do bairro e da cidade. Após a construção da igreja, foi criada em 1855 a Irmandade de Nossa Senhora da Consolação e São João Batista, ano em que uma epidemia de cólera atingiu a região. Com o objetivo de “amparar os morféticos que em grande número vagavam pela Província”, a instituição garantiu à igreja um novo significado. Havia, também, cuidado com outras doenças. A ação da Irmandade presenteou-lhe com uma doação da Santa Casa de Misericórdia: um prédio e a prerrogativa de tratar os doentes acometidos pelo mal de Hansen. O aumento de doentes e a iniciativa de tratamento da Irmandade garantiu o crescimento populacional e consequente urbanização da região.
Foi o surto de cólera que fez surgir o Cemitério da Consolação, inaugurado em 1858, pois fez-se necessário enterrar as vítimas fatais. A Câmara Municipal escolheu o endereço por estar afastado da população também foi fundamental para a consolidação do bairro. É lá que estão enterrados nomes como Ramos de Azevedo, Oswald de Andrade, Monteiro Lobato e o próprio Caetano de Campos.
Em 1870, com uma população aproximada de 3,5 mil habitantes, a Igreja da Consolação foi elevada a sede da paróquia. Em 23 de março do mesmo ano, o bairro passou a ser denominado distrito. Nas redondezas, instalaram-se famílias abastadas da cidade, que construíram grandes chácaras e surgiram bairros como Higienópolis e Santa Cecília. O surgimento da Avenida Paulista em 1891 também conferiu à Consolação importância, dada a proximidade das duas áreas. A partir de então, o bairro popularizou-se entre os moradores da cidade e ganhou destaque na vida noturna, social e cultural de São Paulo.
Rua da Consolação no século XIX, por Almeida Júnior.
A Rua da Consolação é uma das mais importantes vias da cidade de São Paulo. Tem início no Centro da cidade, próximo ao Vale do Anhangabaú e termina na Rua Estados Unidos, nos Jardins. Apresenta três trechos bem distintos. No primeiro e no terceiro trechos, entre o Vale do Anhangabaú até a Avenida São Luís e depois, entre a Avenida Paulista e a Rua Estados Unidos, é uma via comum, de uma única pista. No trecho central, entretanto, é uma avenida de oito pistas (duas de corredor exclusivo de ônibus), que integra o Corredor de ônibus Campo Limpo-Rebouças-Centro. Originou-se de um caminho já existente na época da colônia, o Caminho de Pinheiros. Um dos principais caminhos da região na época colonial ligava a Vila de São Paulo à Vila de Pinheiros e era início de caminho para as cidades no oeste.
Essa antiga estrada começava no final da Rua Direita, passava pelo Anhangabaú e tomava o rumo de Pinheiros até encontrar a Estrada de Sorocaba. Conhecido também como "Caminho do Aniceto" e "Rua do Taques", a antiga estrada transformou-se hoje na conhecida Rua da Consolação. Sua denominação deve-se a construção, em 1800, da antiga Igreja de Nossa Senhora da Consolação. Apesar da existência desta igreja, em 1855 o atual bairro da Consolação ainda era ermo, afastado da cidade e com pouquíssimos moradores. A Rua da Consolação, por sua vez, passou por muitas transformações. Em 1858 foi inaugurado o Cemitério da Consolação e, já no final do século XIX, era uma das principais vias que levavam à Avenida Paulista. Outras como o estádio dos jogos em casa da extinta Associação Atlética Mackenzie College. Cemitério da Consolação. Entre as décadas de 1950 e 1960, passou por uma ampla reforma com a ampliação do seu leito. Data dessa mesma época a instalação das primeiras casas especializadas em iluminação e lustres. Apesar de possuir todas as características de uma avenida (pelo menos no trecho entre a Rua Bráulio Gomes e a Avenida Paulista), o seu nome oficial continua sendo Rua da Consolação. Na década de 60, o prefeito Faria Lima decidiu duplicar a rua, tendo as obras sido iniciadas em 1965, e terminadas em 1968, depois de desapropriações e demolições do lado ímpar da Consolação, entre a rua Dona Antônia de Queirós e a avenida Paulista. A área expropriada para o seu alargamento foi de 21 600 metros quadrados. Em 1972, foi construída uma passagem de pedestres que fica embaixo da via, na altura da Avenida Paulista, onde são realizadas exposições diversas.
Largo do Arouche nos anos 1960. É uma praça tradicional da região central, considerada patrimônio cultural da cidade de São Paulo. Situa-se no distrito da República, próximo à estação República do metrô. O local também é conhecido como Praça das Flores ou Mercado de Flores e abriga diversos floristas que se instalaram após a retirada das bancas existentes na Praça da República pelo prefeito Armando de Arruda Pereira por volta de 1914. Durante os anos 1900 a praça abrigou a "Feira Livre do Arouche", a segunda da cidade, criada no contexto da crise do abastecimento de produtos hortifrutigranjeiros e encerrada em 1954. O nome atual remete ao tenente-general José Arouche de Toledo Rendon, reconhecido por ser o primeiro diretor da Faculdade de Direito de São Paulo e do Jardim Botânico. Durante a história, foi renomeada diversas vezes e já foi chamado de Largo do Ouvidor, Largo da Artilharia e Praça Alexandre Herculano.
O VALE DO ANHANGABAÚ
Vale do Anhangabaú em 1970. E uma região do centro da cidade de São Paulo, situada entre a Praça da Bandeira e a Avenida São João. É um espaço público comumente caracterizado como parque, onde tradicionalmente se organizam eventos, como manifestações públicas, comícios políticos, apresentações e espetáculos populares. É considerado o ponto que separa o Centro Velho do Centro Novo. Atualmente, os 43 mil metros quadrados do Vale do Anhangabaú são utilizados como um local de passagem para pessoas que desejam transitar entre as regiões leste e oeste do Centro, podendo ser definido como um extenso calçadão sob um entroncamento rodoviário. O espaço também interliga-se a outras praças da área central, como a Praça Ramos de Azevedo, justaposta ao Vale, ao Largo São Bento, por meio das escadarias do Metrô e a Praça da Bandeira, que atualmente abriga um terminal de ônibus.
Origem e primeiras ocupações
O vale do Anhangabaú tem suas orígens no Ribeirão Anhangabaú, que surge como Córrego Saracura, fluindo ao longo da Avenida 9 de Julho antes de adentrar o próprio vale e alcançar sua foz no Rio Tamanduateí, à beira do Mercado Municipal. Assim, o Tamanduateí constitui uma espécie de delta com o seu principal afluente, o Anhangabaú. Este econtro dos rios compõe o icônico trinagulo histórico de São Paulo, cuja acrópole outrora situava-se a aldeia do Inhapuambuçu, onde viveu o cacique Tibiriça e Potira. O nome Anhangabaú deriva de uma entidade sobrenatural denominada Anhangá, comumente retratada como um cervídeo branco, de porte atroz e olhos vermelhos de fogo, reconhecido pelos Tupi como o protetor da caça e da pesca[6] na região. Devido à sua natureza agressiva e por vezes maligna, o anhangá foi associado pelos colonizadores portugueses à figura do diabo para fins catequéticos. Outros estudiosos afrimam ainda que pelo fato de suas águas serem muito férreas e ácidas tem o significado de “água venenosa”. Atualmente, o mesmo está canalizado e escondido, exceto por suas nascentes, que se encontram ao ar livre, entre as regiões de Vila Mariana e Paraíso. O Vale, por causa de seu tamanho, foi palco de fatos históricos de grande importância nacional, como a inauguração do Viaduto do Chá, em 1892, a canalização do Ribeirão Anhangabaú, em 1906, e a substituição dos jardins do parque por avenidas, em 1940, seguindo as mudanças arquitetônicas da cidade.
Não se sabe ao certo quando a região do Vale do Anhangabaú foi ocupada, mas há registros que sinalizam que, em 1751, o governo já se preocupava com um vale aberto por Tomé de Castro na região localizada entre o Rio Anhangabaú e um lugar onde se tratava a água como "Nhagabaí". A área pertenceu ao Barão de Itapetininga, uma propriedade herdada de seu tio, Coronel Francisco Xavier dos Santos, conhecida como “Chácara do Chá”, localizada no “Morro do Chá”, cujos limites eram a Rua Líbero Badaró e todo o Vale do Anhangabaú, Largo da Memória, Rua Sete de Abril, Avenida Ipiranga e Praça da República, indo até a atual Avenida São João e daí até a Rua Líbero Badaró novamente.
Na região, para desviar da Chácara do Chá, os moradores eram obrigados a descer pela Rua Doutor Falcão Filho, atravessar a Ponte do Lorena e em seguida subir a Ladeira da Memória, para atingir o outro lado do morro, separado pelo rio. A Câmara Municipal de São Paulo pressionou o Barão de Itapetininga a ceder parte de suas terras, que foi posteriormente transformada na primeira rua do Vale, a Rua Formosa, em 1855.[7] Mais tarde, o presidente da província, João de Matos, solicitou a cessão de nova parte das terras do Barão, sendo atendido com uma condição específica, que acabaria respeitada: de que a ele fosse dado o nome de Rua Barão de Itapetininga.
Durante a década de 1870, a distribuição populacional da cidade de São Paulo era irregular em relação às outras cidades coloniais brasileiras, uma vez que carecia de pessoas em áreas urbanas, diferentemente de Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre e Belém. Sua população mantinha-se predominantemente na região da Sé, ao lado de terrenos que tinham a função de desenvolver vários tipos de serviço público especialmente para a parte mais pobre da população. Além disso, a cidade não possuía um sistema de transporte público muito desenvolvido e elaborado para a sua realidade, visto que as regiões mais afastadas do centro se conectavam a ele a partir de estradas precárias. No entanto, houve um aumento da demanda para incorporar áreas novas na cidade e, a partir desse acontecimento, a ocupação nas proximidades da região da Sé foi uma alternativa a grande parte da população e dos empreendedores da época, mas que teve de contornar os desníveis do local, as várzeas pantanosas e os terrenos que se faziam inadequados para ser ocupados por pessoas.Assim, a partir da necessidade de tornar a região mais acessível a moradores, foram grandes os tratamentos originados para que houvesse a expansão da cidade para o centro. Com isso, diversos programas de melhorias urbanas foram desenvolvidos para a região do Vale do Anhangabaú. Dessa forma, muitos tratamentos foram visíveis, principalmente entre 1872 e 1875, período no governo de João Teodoro, que ficou conhecido como "segunda fundação de São Paulo". Durante sua gestão, foram definidas muitas transformações que visavam ao progresso da cidade dentro de seu programa presidencial. Ele propôs mudanças na estrutura e na simbologia de São Paulo, mas não tinha como foco alterar a economia de agro-exportação do País na época. Assim, ele prometeu uma transformação na aparência das cidades do País, realizando uma junção entre estética e estrutura e, dessa forma, pensou em mudanças que pudessem transformar São Paulo na "capital do café".
Em 1877, teve início a urbanização da área, por meio da idealização do Viaduto do Chá — que só seria inaugurado em 1892. Para a construção do viaduto, foi desapropriada apenas a faixa utilizada para a obra. Em 1884, o decreto 233 (primeiro código sanitário do Estado de São Paulo) foi feito para contribuir com o recém-criado órgão de Serviço Sanitário. O código trazia em si algumas regras que proporcionavam melhorias para a questão do solo nas cidades, como mais árvores, calçamento de ruas e drenagem de terrenos úmidos, o que indicou que a drenagem das várzeas de São Paulo passasse a ser uma norma.
Durante a gestão de João Alfredo Correia, pernambucano que presidiu São Paulo entre 1885 e 1886, diversas obras também foram iniciadas. Ele trazia a proposta de criar um bulevar circular em torno da área central, de modo que compreendesse uma gigante avenida repleta de árvores, do Brás ao Ipiranga, na várzea saneada e drenada do Rio Tamanduateí, que, por sua vez, se ligaria a outras avenidas e inclusive ao Córrego do Anhangabaú — que estava sendo retificado na época. Mesmo com tantas sugestões de melhoria urbana, apesar de suas propostas, a complexidade de elaboração das obras eram maiores do que os governos monárquicos poderiam atuar naqueles momentos, de forma que não foram realizadas
Até 1900, os responsáveis pelas questões de obras públicas na cidade eram profissionais que tomavam conta das questões sanitárias da região, os chamados médicos e engenheiros sanitários conhecidos como "higienistas". Tratava-se de profissionais cujas funções designadas se restringiam a combater alguns desafios da saúde ou contribuir com o desenvolvimento das cidades a partir do saneamento urbano.[10] No fim do século XIX, no entanto, São Paulo conheceu uma nova concepção de "transformações urbanas", que surgiram com o decorrer das transformações ao redor da própria cidade, como a urbanização crescente em estados como o Rio de Janeiro. Assim, o Estado de São Paulo passou a estabelecer critérios mais objetivos, a fim de conseguir encontrar soluções para problemas enfrentados pela população. Dessa forma, o engenheiro e o médico abriram espaço para que novos engenheiros urbanistas e também sociólogos, juntos, construíssem e elaborassem ações a favor da modernização de São Paulo.
Por cuidarem de assuntos referentes ao desenvolvimento das cidades, os tais engenheiros e arquitetos também se consideravam urbanistas, portanto eram vistos pela maior parte da população como responsáveis por funções específicas e determinadas somente por um administrador público da cidade, que se encarregava de estabelecer melhorias às obras públicas de São Paulo. Foi justamente a ascensão dos ensinamentos de técnicas de autoridades do meio público é que propostas de melhoria começaram a ser elaboradas. Com isso, os desafios de São Paulo — que, aos poucos, absorvia a modernização que chegava a outras cidades do Brasil — tornaram necessária a reconfiguração do Vale do Anhangabaú, um dos locais que mais foram afetados por essa modernidade. Como grande transformação de seu espaço, os urbanistas responsáveis pelas mudanças na região se dispunham a novos pensamentos, saberes e experiências da modernização, tanto das técnicas quanto dos pensamentos.
A partir da criação da Superintendência de Obras Públicas, após a instauração da República em 1889, e a aprovação da Constituição de 1891, durante a gestão de Antônio Prado (1898 a 1911), este elaborou um programa que pretendia criar muitas paisagens, como a canalização de quase trezentos metros do leito das margens do Rio Tamanduateí e, entre outras obras, a cobertura e canalização do Anhangabaú, eliminando, assim, uma relíquia do século XVIII, a ponte Acu. A mudança foi inaugurada em 1904. Conforme as mudanças aconteciam, o ritmo populacional crescia, fazendo com que Ipiranga e Barra Funda concentrassem a classe operária, enquanto em bairros próximos a áreas valorizadas, como Anhangabaú, Bexiga e Cambuci, a participação em formas de valorização social e econômica foi um pouco mais complicada.
Após um longo período de descaso, em 1910 foi realizada uma grande arborização do Vale do Anhangabaú, resultando na formação do Parque do Anhangabaú. Esse projeto tomou forma a partir de uma combinação de três projetos, incluindo o "Grandes Avenidas", de autoria do arquiteto Alexandre Albuquerque, que resultaram na urbanização do vale com a inserção edifícios. Entre 1910 e 1911, importantes propostas de remodelação da área do Vale do Anhangabaú surgiram, visto que nenhuma construção de edifício era vista próxima a ele, que se encontrava "abandonado" pelo centro urbano, bem como a Várzea do Tamanduateí, com projetos de canalização não finalizadas.
A fonte localizada na encosta à esquerda do Vale, logo abaixo da escadaria, é de autoria do escultor italiano Luigi Brizzolara, inspirada na Fonte dos Desejos de Roma. O conjunto de escultura, que possui o mesmo nome da fonte, foi projetado em 1922 por uma promulgação da Prefeitura que não só aprovou a obra como destinou 65 contos de réis para seus gastos. Antes ocupado por um obelisco, o local ganhou o projeto como homenagem da comunidade italiana ao centenário da Independência do Brasil.
O conjunto conta com doze esculturas feitas em mármore, bronze e granito. A figura dominante é a escultura do compositor brasileiro Carlos Gomes, capturado em uma atitude de meditação. Na parte de baixo, sustentando o globo, três cavalos alteiam a figura alegórica de Glória e as náiades, entidades mitológicas que protegem fontes e rios. A obra é uma representação da música, da poesia e de alguns dos mais famosos personagens das óperas do compositor.
No fim da década de 1930, o parque foi desfeito e deu lugar a uma via expressa. Na década seguinte, foi criada uma ligação subterrânea entre as praças Ramos de Azevedo e do Patriarca: a Galeria Prestes Maia, onde foram instaladas as primeiras escadas rolantes da cidade. O cruzamento entre as avenidas Anhangabaú e a São João ganhou uma passagem em desnível em 1951, com a construção do Buraco do Ademar, que lá permaneceu durante 37 anos, sendo posteriormente substituído por dois túneis homônimos (Papa João Paulo II).[13] O lado leste do vale foi remodelado aos poucos em meados do século XX, com a demolição dos três Palacetes Prates, entre 1935 e 1970, dando lugares a prédios mais altos.
No início da década de 1980, a Prefeitura realizou um concurso público para a remodelação da região. Os urbanistas Jorge Wilheim e Rosa Grena Kliass foram os vencedores, propondo um projeto de revitalização que criava uma laje sobre as avenidas existentes no local, em uma altura suficiente para ligar os dois lados do Vale, com o tráfego de automóveis ficando abaixo e recriando a área verde entre os viadutos do Chá e Santa Ifigênia. O principal foco era transformar o Vale em um grande bulevar, para retomar a função original de sua construção no início do século XX. Este projeto acabou arquivado e assim permaneceu até o final daquela década, quando foi resgatado, na época em que era estudado o fim do Buraco do Ademar.
GALERIA PRESTES MAIA
A Galeria Prestes Maia é um espaço artístico e cultural da cidade de São Paulo, que também tem uma ligação subterrânea entre a Praça do Patriarca e o Vale do Anhangabaú, com saída abaixo do Viaduto do Chá. Foi na passagem da galeria que foram inauguradas as primeiras escadas rolantes públicas da cidade, em 1955. É formada por três andares: subsolo, que dá acesso ao Vale do Anhangabaú sob o Viaduto do Chá, térreo e mezanino, onde fica a Sala Almeida Júnior. Inaugurada em 1940 pelo então prefeito Francisco Prestes Maia, ela tem um espaço de seis mil metros quadrados batizado de Salão Almeida Júnior, onde, logo na inauguração, deu-se o Salão Paulista de Belas Artes, com a presença de artistas como Anita Malfatti. Durante a inauguração, o então presidente Getúlio Vargas preparava-se para fazer um longo discurso, mas o locutor do evento apresentou-o com a frase "Atenção, brasileiros, para as breves palavras de sua excelência, o presidente Getúlio Vargas", e Vargas limitou-se a dizer: "Tenho a honra de declarar inaugurada esta galeria."
Galeria Prestes Maia, entre a Praça do Patriarca e a parte baixa do Viaduto do Chá, no centro de São Paulo, em- dezembro de 1948, quando ali se realizava a VII Salão Internacional de Arte Fotográfica de São Paulo.
Fonte -IMS/ a. marcos rudolf.
Depois de um processo de degradação na década de 1970, o local passou a abrigar postos administrativos de órgãos públicos, como a Cohab, que ficou até outubro de 2000, e o Centro de Orientação e Aconselhamento (COA), voltado para doentes de Aids, que funcionou na galeria entre 1989 e 1995 e era "ponto de referência para médicos e doentes de Aids em todo o país", segundo o jornal Folha de S.Paulo. Esses postos só começaram a ser desativados a partir de 1995, quando se divulgou reformas e adaptações que incluíam uma praça de alimentação e um pequeno auditório para palestras, que nunca saíram do papel, além da remoção do trânsito pesado na Praça do Patriarca, próximo à entrada da galeria, com um orçamento total de cinco milhões de dólares. "Vamos fazer um prédio de Primeiro Mundo ali", disse em maio de 1995 Júlio Neves, então diretor-presidente do Masp. Esse projeto culminaria, no ano seguinte, com a cessão da galeria ao Masp por meio de decreto do então prefeito Paulo Maluf. "A galeria foi criada para ser um espaço de arte, mas tomou outros rumos. Vamos recuperar o projeto inicial", disse em março de 1995 Sanderley Fiusa, presidente da comissão criada pela prefeitura para a revitalização do Centro. Também havia sido cogitada a transformação da galeria em um shopping center 24 horas. "Vamos fazer um prédio de Primeiro Mundo ali", disse em maio de 1995 Júlio Neves, então diretor-presidente do Masp, que ainda revelou ser o interesse pela galeria anterior à sua gestão. Não estava prevista a exposição de nenhuma das trezentas obras do acervo permanente do Masp, mas partes das outras 4 700 obras que o museu tinha e, especialmente, exposições temporárias de que a matriz não dava conta. Ainda em 1995, falou-se de um projeto mais extenso, que transformaria o Vale do Anhangabaú em um centro cultural, o que basicamente transformaria o trecho da Galeria Prestes Maia ao Teatro Municipal em um único espaço cultural.
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SANTA EFIGÊNIA

Santa Efigênia. O bairro recebe este nome por lá ter sido construída em 1809, no mesmo lugar da antiga capela, uma igreja que homenageava Ifigênia da Etiópia que difundiu o catolicismo por lá. Era uma região que tinha uma bifurcação para os Caminhos de Pinheiros e Luz e abrigava inúmeras chácaras. A escolha do nome foi feita pelo rei Dom João VI. O bairro era uma mistura de classes. Na rua Santa Ifigênia, aberta em 1810 pelo Marechal Arouche de Toledo Rendom até a rua Elesbão (atual rua Aurora), concentrava a população mais abastada. A elite ocupava o chamado Campo Redondo (atual Campo Elíseos) e a rua Florêncio do Abreu. Já a Rua dos Bambus (atual Avenida Rio Branco) era ocupada por estudantes, o que explica a existência de muitas residências acadêmicas, como “repúblicas” de estudantes, onde moraram conhecidas personalidades que passaram pela Faculdade de Direito, como Afonso Arinos, Afrânio Melo Franco, Melo Pimentel e Francisco de Andrade. Descendo para as partes mais baixas da rua dos Bambus, Aurora, Triunfo e Duque de Caxias ficavam os cortiços. Estes cortiços foram detalhados em um relatório em 1893, com informações da área mínima destas habitações, valores pagos por seus moradores, nomes dos inquilinos e proprietários. Se por um lado este relatório era resultado da preocupação com questões sanitárias e recorrência de epidemias, por outro lado os cortiços eram um investimento lucrativo onde se aproveitava o mesmo imóvel para várias alocações. Em 1872, as chácaras são substituídas por residências, fábricas, lojas de comércio de roupas e artigos de formatura. Hotéis, pensões e cortiços também são atraídos para a região devido à existência das estações ferroviárias de São Paulo Railway e Sorocabana. No início do século XX, o centro de São Paulo passa por uma reformulação, com a implantação de grandes avenidas. Deste projeto resultou a implantação do Viaduto de Santa Ifigênia e o início da edificação da igreja Santa Ifigênia. Escolas, residências da elite ao lado de cortiços, lojas de luxo e comércio miúdo conferiram um caráter de transição ao bairro até 1930, quando a elite paulistana transfere-se para os bairros de Higienópolis e Paulista. Então os terrenos e estas casas são subdivididos, aumentando o número de habitações coletivas de baixo custo.
Comércio. No início do século XX, a rua Santa Ifigênia abrigou várias das melhores lojas de tecidos, peles e chapéus femininos. A sua clientela era formada principalmente pelas ricas famílias que moravam no elegante bairro dos Campos Elíseos. Depois especializou-se primeiro em produtos de rádios e TV e a partir da década de 40 e 50, surgem as primeiras lojas especializadas em material elétrico e produtos eletrônicos, que a partir da década de 70 e 80 já eram a maioria. Atualmente o bairro é um importante centro comercial da capital paulista, especialmente no ramo de eletrônicos (aparelhos, acessórios, peças etc.). As ruas mais movimentadas são Santa Ifigênia, Aurora, Vitória, dos Andradas e a avenida Rio Branco.
Pontos de Referência. A Igreja Santa Ifigênia foi projetada pelo arquiteto Johann Lorenz Madein e construída de 1904 e 1913. Edificada em estilo gótico e romano, contém diversas obras de artevitrais confeccionados em Venezatelas dos pintores Benedito Calixto, Henri Bernard, Dario V. Barbosa e Carlos Osvald,cúpulas do italiano Gino Catani, altares confeccionados pela Casa Pucci, pela Casa Tomagnini, Fratello e Ciao altar da Capela-Mor foi executado pelo Instituto Bryal de Mayer de Munique, caixas de esmolas e cofre confeccionados pelo Liceu de Artes e Ofícios. Em 1830, abrigou a primeira escola de primeiras letras depois de promulgada a lei que determinava a criação de escolas de primeiras letras em cidades, vilas e lugares populosos do Brasil. A escola chamava-se "Escola de Primeiras Letras da frequesia de Santa Ifigênia". O Instituto D. Ana Rosa, fundado em 1874, instalou-se inicialmente na chácara de seu fundador, o senador Francisco Antônio de Souza Queiróz, neste bairro, entre as ruas Brigadeiro Tobias e Florêncio de Abreu. Foi a primeira iniciativa particular de assistência e formação profissional do Brasil, abrigando inicialmente 62 alunos, a partir de 12 anos, na maioria órfão de pai. Depois transferiu-se para a "Chácara Velha" onde hoje é a Biblioteca Mário de Andrade na praça Dom José Gaspar. Também abrigou o Colégio Moretzsohn.
É nesse bairro também que se localiza o Viaduto Santa Ifigênia. A seu lado, está o maior edifício de São Paulo, o Mirante do Vale, com 170 metros de altura e 51 andares. Esse edifício parece menor por estar dentro do Vale do Anhangabaú. Santa Ifigênia

Rua Santa Efigênia esquina com a rua Aurora, com destaque para dois palacetes aristocráticos do início do século XX

O Viaduto Santa Ifigênia é um viaduto localizado no centro de São Paulo, com uso exclusivamente para pedestres. Ele começa no Largo São Bento, próximo a estação de metrô São Bento, e termina em frente à Igreja de Santa Ifigênia, interligando dois pontos históricos importantíssimos para o município de São Paulo. A estrutura, pensada pelo arquiteto Giulio Micheli e desenvolvida pelos engenheiros Giuseppe Chiapori e Mário Tibiriçá, foi totalmente fabricada na Bélgica e tinha o intuito de melhorar o trânsito e a circulação de carros, carruagens e bondes durante o período do século XIX, que atravessavam o Vale do Anhangabaú. O viaduto foi montado entre os anos 1910 e 1913 e inaugurado em 26 de julho de 1913, pelo prefeito Raymundo Duprat. Atualmente, o viaduto é uma das principais ligações dos pontos mais altos do centro de São Paulo, passando sobre o Vale do Anhangabaú e a avenida Prestes Maia e assim ligando o centro velho ao centro novo da cidade de São Paulo. O Viaduto Santa Ifigênia, de estilo Art Nouveau, é um dos principais cartões postais da cidade de São Paulo.
Entre o Viaduto Santa Ifigênia e a Rua Duque de Caxias, há diversas lojas e pequenas galerias que vendem os mais diversos tipos de produtos eletrônicos, como computadores, vídeo games, celulares, equipamentos de sons e luzes e instrumentos musicais e além da venda desses diversos produtos, também conta com lojas que disponibilizam o conserto deles por preços mais acessíveis. E além da diversidade, é possível adquirir descontos consideráveis nestes produtos pois os vendedores negociam os preços para que se tornem acessíveis para seus clientes. Assim como na famosa rua 25 de Março, a Santa Ifigênia (conhecida popularmente) é um excelente lugar para fazer compras, principalmente em datas comemorativas como Natal e Dia das Crianças.
História. São Paulo teve sua população multiplicada e sua malha urbana expandida ao final do século XIX, por conta da economia do café, criando uma demanda por melhorias no transporte e trânsito da cidade. Em 1901 foi apresentado à Câmara Municipal um projeto de um viaduto que ligaria o Largo de São Bento ao Largo Santa Ifigênia. Seria o segundo viaduto a transpor o Vale do Anhangabaú, já que já existia o Viaduto do Chá, inaugurado em 1892. A construção do Viaduto Santa Ifigênia só começou, de fato, em 1910 e foi concluída apenas em setembro de 1913. Mesmo com os três anos que a obra durou o viaduto foi começado e teve fim ainda no mandato do então prefeito Raymundo Duprat. Para a construção do projeto 250 mil libras foram emprestadas dos ingleses, foi o primeiro endividamento externo realizado pela Prefeitura de São Paulo.
A estrutura do viaduto foi totalmente fabricada na Bélgica. Cerca de mil e cem toneladas de estrutura metálica desembarcaram no porto de Santos e chegaram na região pela estrada de ferro São Paulo Railway. A montagem foi realizada pela empresa Lidgerwood Manufacturing Company Limited, sob a direção do engenheiro Giuseppe Chiappori, sócio de Giulio Micheli e Mário Tibiriçá, enquanto a execução das fundações ficou a cargo do mestre de obras e carpinteiro alemão Johann Grundt. Um ano além do prazo previsto, devido às desapropriações e indenizações, falta de mão-de-obra qualificada e orçamento comprometido, o Viaduto Santa Ifigênia foi finalmente inaugurado no 26 de julho de 1913 pelo prefeito Raymundo Duprat, com festa e travessia de bondes e automóveis. O objetivo ao construir este viaduto era, além de ligar os Largos São Bento e Santa Ifigênia, melhorar o trânsito de carros e carruagens que enfrentavam a ladeira da Av. São João, além de melhorar o trânsito da rua XV de Novembro e da rua São Bento, por onde passavam os bondes. Assim, haveria uma maneira mais eficiente de ligar um lado do Anhangabaú ao outro. Na década de 1970, a estrutura foi protegida por Lei Municipal de Zoneamento. No final da mesma década o Viaduto passou por uma reforma que recuperou sua estrutura e passou a ser exclusivo para passagem de pedestres. Com essa reforma, as luminárias foram substituídas por luminárias antigas, conhecidas como São Paulo Antigo, o calçamento passou a ser de pastilhas coloridas, com as cores do arco-íris, e foi colocada uma escada que dá acesso ao Vale do Anhangabaú.

Viaduto Santa Ifigênia, meados do século XX.
O Viaduto Santa Ifigênia sobre a Avenida Prestes Maia une o Largo de São Bento ao Largo de Santa Ifigênia. Possui bases de concreto decorados com pilares de onde se elevam arcos metálicos que proporcionam aparente leveza ao viaduto projetado pelo arquiteto Giulio Micheli e os engenheiros Giuseppe Chiapori e Mário Tibiriçá. O piso pavimentado de pastilhas sobre lajes de concreto, forma tapetes geométricos tricolores. Junto ao piso, destaca-se também pequenas valas com grelhas metálicas para captação de água da chuva. O viaduto também pode ser acessado a partir de uma escada pavimentada por pastilhas de borracha na Praça Pedro Lessa, onde, atualmente, encontra-se o Terminal Correio, localizado ao lado do edifício Mirante do Vale. Foi construído a partir de mil e cem toneladas de ferro que vieram da Bélgica. As peças que juntas compõem o estilo art noveau. Em 1978 o viaduto Santa Ifigênia foi entregue reformado e reinaugurado com a implementação de um calçadão, com peças da mesma empresa que havia fornecido as estruturas originais. Em 1982, foi pintado com as cores do arco-íris (Vermelho, Laranja, Amarelo, Verde, Azul, Anil Violeta). O estilo Art nouveau fica nítido nas grades de proteção do viaduto, que, seguindo o conceito do estilo, destaca as linhas curvas e formas inspiradas em flores e folhagens.

Importância cultural. O Viaduto Santa Ifigênia é uma via com duzentos e vinte e cinco metros de extensão, marcada pelo avanço econômico e cultural da cidade de São Paulo durante o século XIX. As atividades cafeeiras demandaram uma nova estrutura para o trânsito de carroças, bondes e para o trânsito de uma população que só tendia ao aumento. O viaduto veio como uma proposta de melhoria na circulação por dentro da cidade e, no decorrer dos anos, transformou-se em um dos principais pontos turísticos da cidade de São Paulo. Atualmente, o viaduto é exclusivamente para a travessia de pessoas, interligando pontos importantes do centro novo e do centro velho da cidade, como por exemplo Rua Santa Ifigênia, Avenida Cásper Líbero, Rua Antônio de Godói e o Largo do Paissandú, assim como fazia o viaduto do Chá que também foi construído com o intuito de otimizar o tempo dos paulistanos e turistas. O Viaduto Santa Ifigênia foi a primeira grande obra viária paulistana amplamente documentada através da fotografia, cujas imagens são pouco conhecidas pelos paulistanos.
Estado atual. O Viaduto Santa Ifigênia, apesar de protegido pela Lei de Zoneamento e tombado como um patrimônio histórico e cultural da cidade de São Paulo, é alvo de vandalismo, que ocorre pela falta de policiamento no local. Atualmente, sua estrutura encontra-se firme, porém gasta pelo tempo e pela depredação. Em toda a sua extensão, o viaduto tem pichações contrastando com a arquitetura Art Noveau. Ainda assim, possui postes quebrados e utilizados como lixeiras, ferrugem nas partes metálicas, pastilhas soltas pelo piso e pelas escadas e também moradores de rua localizados na Praça Pedro Lessa que vivem sob a cobertura do viaduto.

Mapa turístico de São Paulo nos anos 1950. Dá uma noção dos principais bairros da cidade, sem a periferia. Fonte: São Paulo em Fotos.
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O PALÁCIO DAS INDÚSTRIAS
O palácio em 1924, ano da sua inauguração.
O Palácio das Indústrias é uma edificação histórica localizada no parque Dom Pedro II, no centro da cidade de São Paulo, Brasil. Foi projetada por Domiziano Rossi em parceria com outros dois arquitetos, Francisco Ramos de Azevedo e Ricardo Severo. Faz parte dos patrimônios históricos tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico do estado de São Paulo (CONDEPHAAT). Com estilo arquitetônico eclético (elementos de diversos estilos contidos em um só), o prédio foi construído com o intuito de abrigar exposições relacionadas à indústria paulista, sendo inaugurado em 29 de abril de 1924, como mostra a placa de inauguração afixada na entrada do local, que atualmente abriga o Museu Catavento Cultural. A escolha do local e a construção do prédio foram iniciativas da Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Estado de São Paulo, órgão que estava sob a chefia de Antônio de Pádua Sales. O projeto de construção do Palácio das Indústrias fazia parte do plano de renascimento da capital paulista, esquematizado pelos arquitetos Joseph-Antoine Bouvard e Francisque Couchet, com o objetivo de revitalizar a região conhecida como Várzea do Carmo, levando a ela saneamento básico e melhorias. O Palácio teve sua primeira exposição em 1917, seguindo como centro de exposições até o ano de 1947, quando foi transformado em Assembleia Legislativa, tendo seu nome modificado, em 9 de julho daquele ano, para “Palácio Nove de Julho”, devido à promulgação da Constituição do Estado naquele dia. Entre 1947 e 1968, o edifício serviu de palco para atividades políticas. Posteriormente, na década de 70, abrigou também celas para presos comuns, configurando-se como sede da Secretaria de Segurança Pública. Passando por restauros projetados pela arquiteta Lina Bo Bardi, a partir de 1992 serviu de sede para a Prefeitura da Cidade de São Paulo, o que perdurou até o ano de 2004. Desde o dia 27 de março de 2009 o edifício abriga o Museu Catavento, museu dedicado às ciências e tecnologia.
Cartaz da Exposição Cafeeira de 1927
Fachada lateral do palácio
Domiziano Rossi tirar sua inspiração para o planejamento do Palácio das Indústrias da construção Castello Mackenzie, de Gino Coppedè e, à primeira vista, podem ser identificadas grandes semelhanças entre o Castello Mackenzie e o Palácio das Indústrias. São mais de oito mil metros quadrados distribuídos em um prédio principal com três pavimentos e um jardim interno; e um prédio anexo. Com estilo eclético, o edifício situado no Brasil possui uma fachada que faz alusão a castelos da época medieval, contendo estátuas embutidas na fachada que possuem estilo renascentista. O anexo lateral nos remete a galpão de fábrica, e seu jardim interior (onde atualmente está situado o Borboletário do Museu Catavento) possui características arquitetônicas religiosas - o claustro. Algumas figuras marcam a estrutura externa do Palácio, como as estátuas de Nicola Rollo, mencionadas no parágrafo anterior, representando o comércio, a pecuária, a agricultura e a indústria, assim como a estátua do Progresso, contendo um carro de bois no topo de uma das colunas. O relógio, no topo central da fachada principal, é um símbolo do progresso e reflexo da Revolução Industrial, similar à estrutura da Estação da Luz. Além desses elementos, frases em latim esculpidas nas paredes do lado de fora do prédio principal nos remetem ao trabalho e indústria, assim como os nomes de cidades paulistas dentro de brasões localizados ao topo de paredes internas, também compondo a estrutura do patrimônio. Internamente, os grandes lustres e vitrais aparecem como símbolo de riqueza da cidade em desenvolvimento, e que lucrava com as indústrias recém-instaladas, algo que também é visto na iluminação das cúpulas externas dos pontos mais altos do prédio principal.
Fachada do prédio principal do Palácio das Indústrias, contendo duas estátuas de Nicola Rollo.
O MUSEU CATAVENTO
O Museu Catavento é um museu interativo, inaugurado em 2009 com o propósito de se dedicar às ciências e sua divulgação e está localizado no Palácio das Indústrias, em São Paulo, Brasil. O espaço de 12.000 metros quadrados é dividido em 4 seções: "Universo", "Vida", "Engenho" e "Sociedade" e conta com mais de 250 instalações. Voltado ao público jovem, foi fundado pelas secretarias estaduais de cultura e educação, com um investimento de 20 milhões de reais após 14 meses de construção.
Embora o museu tenha iniciado seu funcionamento em 2009, a Prefeitura de São Paulo já estava discutindo sua criação desde 2005, quando enviou o projeto de lei 469/2005 à Câmara Municipal de São Paulo para que autorizasse o executivo a instituir a Fundação Catavento. O projeto só foi aprovado e transformado na lei 14.130 em 2006, depois de um ano de tramitação e alteração do texto original pelo político Chico Macena, que defendia a criação da Fundação Catavento para criar e administrar o Museu da Criança e não apenas um centro de desenvolvimento de crianças e adolescentes.
História. O Palácio das Indústrias foi erguido durante a época de 1911 a 1924, período em que a cidade de São Paulo continha menos de 1 milhão de habitantes. Foi programado como Palácio das Indústrias, porém o espaço também reunia a exposição da agricultura e da pecuária. Entre 1947 e 1968, o palácio foi sede da Assembleia Legislativa de São Paulo.
Em 1992, a então prefeita Luiza Erundina, transferiu a sede do governo municipal para lá. Em 2004, depois que Marta Suplicy mudou o gabinete para o Edifício Patriarca, no Viaduto do Chá, o Palácio ficou abandonado, e as grades que cercavam o prédio foram roubadas. A região passou a ser conhecida como “Faixa de Gaza”. A inauguração do Catavento revitalizou o local. Devido ao rápido crescimento de São Paulo, o Palácio das Indústrias criado para ser Palácio de Exposições também teve outros usos como: delegacia de polícia, Assembleia legislativa, e sede da Prefeitura de São Paulo. Em 2009, o local regressou à sua finalidade original, exposições, ao acolher o Catavento Cultural e Educacional.
Os edifícios São Vito e Mercúrio, que chegaram a abrigar 800 famílias em más condições, foram esvaziados em fevereiro de 2009. Enquanto isso, a prefeitura contratou uma empresa para demolir o Viaduto Diário Popular e definiu o projeto dos pontilhões que vão ligar o Mercado Municipal ao museu. Os prédios erguidos na década de 1950 foram demolidos entre 2010 e 2011. Em 2014 ocorreu a doação da área de 9,2 mil metros quadrados, sancionada pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e foi publicada no Diário Oficial do Município em julho do mesmo ano. O projeto de lei foi aprovado na Câmara de Vereadores em junho, três anos após ser encaminhado pela Prefeitura ao Legislativo. Originalmente, a medida fez parte de um plano de revitalização da região central da capital, incluindo a requalificação do Parque D. Pedro II. O terreno foi cedido ao SESC
Estado atual. O Museu recebeu duas novidades no dia 17 de fevereiro. A Instituição inaugurou uma nova sala, a Dinos do Brasil, além de restaurar a fachada histórica. A obra foi concluída no ano que se completa cem anos desde a primeira exposição realizada no Palácio das Indústrias.
O Museu Catavento inaugurou em fevereiro de 2017 a "Sala Dinos do Brasil", que com a ajuda de óculos de realidade virtual, conduz o visitante a uma viagem aos períodos Triássico e Cretáceo do Brasil, com os dinossauros que habitavam este território. Segundo o paleontólogo Luiz Anelli, o território já teve desertos e dinossauros que se espalharam por várias regiões como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e São Paulo. Destaque para os dinossauros que habitavam o Triângulo Mineiro, eram herbívoros e tinham aproximadamente 15 metros de altura os Uberaba titãs e o Abelissauro que era carnívoro e selvagem. Para refazer digitalmente os locais onde os dinossauros habitavam e simular alguns comportamentos que possuiam, o museu contou com a consultoria de Luiz Eduardo Anelli, professor de paleontologia do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGC-USP), e com a reconstrução dos dinossauros, feita pelo paleoartista Rodolfo Nogueira.
Iniciado em junho de 2016, o restauro da fachada do Catavento teve investimento de R$ 1,2 milhão disponibilizado pelo Fundo de Interesses Difusos (FID). Foram recuperados cerca de 70 elementos arquitetônicos, entre janelas, pilastras, esculturas e o sino da torre.[
Palácio das Indústrias. Edificado pelo Escritório de Ramos de Azevedo, encarregado também pelo Theatro Municipal, sua arquitetura exibe uma estrutura metálica importada no seu prédio principal. Faz uso de tijolo aparente como principal acabamento e tem inúmeros elementos decorativos, alguns ligados à produção, como touros, e outros não, como cachorros, e seteiras em vários cumes da murada, jardim circundante ao prédio principal e anexos e os três andares da construção que ocupa o centro do terreno: porão, térreo e andar superior. O arquiteto foi Domiziano Rossi. O complexo apresenta semelhanças com o Castello Mackenzie, um palacete localizado em Gênova, na Itália.
Área externa. Pátio externo. A parte externa do museu conta também com inúmeros objetos expostos. Há réplicas de carruagens, peças de engenhos antigos, vagões de trem, locomotivas e um avião antigo. Além disso algumas peças bélicas, como canhões de artilharia antiaérea também estão expostos Conta com uma grande fonte com peixes vivos, um borboletário e muitas árvores. Na frente entrada do museu há uma esfera de granito rolante
No pátio do museu, encontra-se um avião modelo DC-3 (prefixo PT-KUB), fabricado em 1936 pela Douglas Aircraft Company. Foi utilizado como cargueiro militar na Segunda Guerra Mundial, sendo posteriormente adquirido pela VASP e adaptado para a versão civil. Transportou passageiros e cargas na ponte área Rio-São Paulo até 1972. Em 1974, a VASP doou a aeronave ao Projeto Rondon. Em 1979, ele foi restaurado pela Aeronáutica e doado ao Museu da Tecnologia de São Paulo. Para equipá-lo foram utilizados peças e componentes de 3 outras aeronaves, que se encontravam no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro. Em 2011, após o encerramento das atividades do Museu, seu acervo foi transferido para o Museu Catavento.
Pátio interno. Em julho de 2015 o Museu inaugurou uma estrutura de ferro que abriga diferentes espécies de borboletas, como a borboleta-coruja. Mais de 20 variedades de plantas específicas para cada espécie de borboleta compõem o espaço e vão fazer com que as borboletas se sintam mais próximas da natureza. Os animais vieram do borboletário Laerte Brittes de Oliveiras, em Diadema, no ABC Paulista. No borboletério os visitantes conhecem as diferentes fases de desenvolvimento das borboletas.
O acervo exposto contém mais de 250 instalações, sendo 187 de propriedade da Fundação Museu de Tecnologia de São Paulo. As exposições são distribuídas em quatro seções, a saber: Universo, Vida, Engenho e Sociedade.
A seção "Universo" possui inúmeros painéis expositivos que representam o conhecimento do espaço tal como é conhecido atualmente pela humanidade. A interação é feita através de filmes didáticos incorporados a painéis pintados ou em relevo, outras construções artísticas que expõem o núcleo do sol e da terra e fornecem informações sobre a atuação desses astros. As obras expõem assuntos de sistema solar, geologia, viagem espacial, paisagens e relevos terrestres, contando com ferramentas audiovisuais e um meteorito real.
A seção "Engenho" é dedicada à engenhosidade humana, acumula um conjunto de obras interativas rico e diversificado, permitindo ao público uma proximidade interativa que faz despertar ainda mais a curiosidade inata dos seres humanos. Os aparatos culturais na totalidade são interativos e possuem, cada qual, uma função específica de conhecimento associada a determinado campo da física: mecânica, ótica, ondulatória, termodinâmica e eletromagnetismo.
Na seção "Sociedade" o primeiro assunto abordado é o meio ambiente e a sustentabilidade. É possível assistir o passeio virtual em 3D pelo Rio de Janeiro e conferir alguns dos animais ameaçados nos painéis espalhados pelo lugar. O espaço de Nanotecnologia, com games relacionados ao tema também é uma boa pedida. Os monitores conduzem uma verdadeira jornada pelos novos achados da robótica atual. Diferentemente da seção anterior, quem conduz a maioria das grandes atrações neste espaço são os monitores. O espaço de experimentos químicos, o game show com perguntas sobre história e a pista de escalada com intervenções de grandes pensadores merecem atenção nesta seção. E, se os visitantes forem maiores de 13 anos, o passeio pode ficar completo com uma volta pela sala Prevenção, que alerta para os perigos das drogas e também a palestra interativa que ilustra os riscos das relações sexuais sem segurança Discute aborto, mostra os males do consumo de álcool e drogas e permite avaliar decisões históricas, como o lançamento de bombas atômicas no Japão pelos EUA, na Segunda Guerra.
A seção "Vida" exibe diversos blocos:
Biomas: está localizado na entrada da Seção Vida, neste local se encontra painéis de texto, vídeos e imagens sobre os 6 biomas que compõem o Brasil : Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga,Floresta Amazonica, pantanal e Pampa.
Árvore da vida: retrata o tema da gênese comum da vida e da classificação biológica, exprime os principais grupos da sistemática.
Insetos: organizado em três grupos de animais bicho-pau (um viveiro contendo bichos-pau vivos e textos salientando o privilégio da camuflagem que a estrutura e forma do corpo deles); formiga (que conta com um modelo de formiga aumentado 100 vezes, ao lado de um painel retratando o núcleo de um formigueiro e conta também com um recurso audiovisual, um vídeo de alguns minutos que mostra o preenchimento de um formigueiro abandonado com cimento) e borboletas (um mostruário com exemplares de borboletas e mariposas reais (empalhadas), com informações de algumas espécies, contém também textos sobre mimetismo, do ciclo de vida das borboletas e mariposas e alguns dados sobre o bicho-da-seda).
Vida no Oceano: apresenta um painel pintado na parede com exemplos da diversidade de animais marinhos, com aves e mamíferos. Contamk com uma vitrine com exemplares de conchas, os nomes dos grupos de moluscos às quais pertencem, e mais algumas informações, como a indicação de uma das maiores conchas do mundo.
Aquários Marinhos: o aquário grande se encontra no centro do espaço de circulação dos visitantes, nele estão localizados espécimes vivos de peixes e invertebrados tropicais. Contém exemplares de peixe-palhaço e da anêmona, essas duas espécies mantêm uma relação de Mutualismo (biologia). Ao redor dos aquários lupas são disponibilizadas para os visitantes observarem os animais mais detalhadamente. O aquário pequeno tem menos espécies e fica ao lado do bloco " Do Veneno ao Remédio". Este aquário conta com uma moreia, há também um peixe-leão, espécime venenoso, entre outros.
Fotossíntese: mostra os anéis de crescimento das árvores e exibe algumas explicações textuais dispostas em placas ao redor dos troncos, é explicado que o número de anéis equivale a idade das árvores.
Do Veneno ao Remédio: um painel disposto na parede, mostra com textos e figuras ilustrativas, a importância do veneno para os animais e a possível produção de remédios proveniente destes venenos. A "bancada de observação" contém uma mesa com placas exibindo animais como escorpiões, aranhas e sapos, que podem ser observados em maiores detalhes com a utilização de lupas. Possui também um painel de texto sobre vertebrados. Há também um armário de madeira com portas de vidro, que conta com cobras e lagartos taxidermizados, incluindo uma serpente exibida em posição de predação de um rato.
Aves do Brasil: nas paredes é exibida uma imagem com o nome científico e comum de várias espécies de pássaros brasileiros. Na parte central da seção "Vida", há mesas com computadores e fones de ouvidos em que o público consegue ouvir diferentes cantos de aves.
Evolução e Darwin: tem modelos de crânios de espécies ancestrais de hominídeos, com textos informativos contendo nome científico, em que época viveu e da espécie humana contemporânea, seguindo uma ordem cronológica. Há também um painel de textos com dados sobre a vida e o trabalho do pesquisador Charles Darwin, que consagrou a Teoria da evolução das espécies, um modelo em tamanho real de um exemplar do extinto tigre-dente-de-sabre, um palanque com um mostruário eletrônico e interativo que possibilita realizar um exercício sobre seleção natural, uma disposição de figuras de diversos animais indicando quais são os vertebrados e uma mostra com modelos de esqueletos dos membros superiores de diversas espécies animais, mostrando a semelhança dos ossos apesar das diferentes funções que podem exercer.
Corpo humano: o acervo deste bloco foi produzido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. São exibidos em dois locais distintos dentro da seção "Vida". Primeiramente, com os equipamentos de reprodução humana, circulação, respiração, digestão e cérebro estão inclusos em uma sala de dois andares integrada ao salão principal da exposição. Os outros equipamentos estão organizados por divisórias no salão principal e o bloco é nomeado de "Homem Virtual". Oferece informações sobre os músculos, ossos, peles, visão e audição.
Célula e DNA: conta com um modelo do interior de uma célula, com seus componentes (organelas, membrana e núcleo), além de uma estrutura de cerca de 2 metros de altura, simula a estrutura de um DNA, textos e conta com representações de vírus e um grande painel que traz dados sobre o processo de fabricação de vacinas.
BELA VISTA

Bela Vista é um distrito situado na região central do município de São Paulo, que abrange os bairros do Morro dos Ingleses e Bixiga (não oficial).Dentro de seus limites estão localizadas algumas das mais importantes atrações paulistanas – como o lendário bairro do Bixiga, com cantinas, teatros e festas populares, e o Museu de Arte de São Paulo. Abriga também a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, referência no ensino de administração de empresas no Brasil. Mais recentemente foram instaladas no bairro a Escola de Economia e a Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas.
O distrito é atendido pela Linha 2-Verde do metrô e futuramente será também coberto pela Linha 6-Laranja. O romance Anarquistas, Graças a Deus de Zélia Gattai se passa no bairro, assim como parte do enredo de dois populares livros infanto-juvenis intitulados O Mistério do Cinco Estrelas e O Covil dos Vampiros.
A Bela Vista apresenta contrastes sociais, tendo famílias de classe média alta no Morro dos Ingleses, nas proximidades da Av. Paulista, e famílias operárias no Bixiga.
O bairro recebeu um grande número de imigrantes italianos na segunda metade do século XIX e início do século XX. Realiza um dos mais tradicionais eventos de rua de São Paulo, a Festa de Nossa Senhora de Achiropita, todos os finais de semana do mês de agosto.
BEXIGA

Bexiga, rua 13 de Maio com Santo Antônio, anos 1970.#SPFotos
“O Bixiga é um estado de espírito. Você sente quando está no Bixiga, você cheira à Bixiga”. Era assim que Armandinho Puglisi, o Armandinho do Bixiga, definia os limites do bairro, um tanto controversos. Bairro que, na verdade, deixou de ser chamado oficialmente de “Bexiga” em 1910 para tornar-se Bela Vista e cujo nome ele insistia em escrever com i, da maneira como é pronunciado pela maioria das pessoas. O fato é que, quase um século após a mudança, o Bixiga permanece no coração e na memória dos paulistanos por ser o mais fiel retrato da cidade: um pólo de cultura, gastronomia e dificuldades sociais, com seus teatros, cantinas e cortiços. Bixiga ou Bexiga? Há pelo menos duas teorias para a origem do nome. Primeira: foi tomado de Antonio Bexiga, dono da hospedaria no Largo do Piques (atual Praça da Bandeira) e das terras do bairro no início do século XIX e que teria sido vítima de varíola, recebendo por isso a alcunha. Segunda: veio do matadouro público da rua Santo Amaro, construído em 1774, que comercializava bexigas de boi. Em 1878, um jornal anunciou a venda dos terrenos “das matas do Bixiga”, iniciando então o processo de loteamento e formação do bairro. Para lá se mudaram imigrantes italianos que não se adaptavam ao trabalho nas lavouras e escravos fugidos ou recém libertos. “Os italianos desenhavam a planta da casa no chão de terra com uma bengala e assim determinavam os terrenos”, conta Afonso Roperto, cujo bisavô veio para o Brasil em 1886. Em 1942 ele abriu uma cantina na rua Treze de Maio, comandada hoje por Afonso. É por este costume que as casas mais antigas do Bixiga são estreitas e compridas. Como nos fundos era mata, cada um avançava até onde quisesse. A padaria Basilicata, fundada em 1904, segue a mesma ‘arquitetura’. Nos fundos da casa havia uma cocheira já que as entregas naquela época eram feitas a cavalo. Arcos da Rua Jandaia. Mais antigos que as cantinas e armazéns são os Arcos da Rua Jandaia, construídos provavelmente no século XIX como muros de arrimo para contenção de enchentes. Os arcos foram descobertos por acaso na década de 80, quando os prédios que haviam sido construídos em frente a eles foram demolidos. Outro pedaço da história do Bixiga está na Casa de Dona Yayá, hoje sede do Centro de Preservação Cultural da USP. Yayá era uma órfã rica que teria apresentado sinais de demência muito jovem, e foi internada em um sanatório por seus tutores. A casa foi construída no final do século XIX e restaurada em 2001 pela USP. O Bixiga é rico em histórias e personagens, muitas delas preservadas no Museu Memória do Bixiga. Como a do ladrão Gino Amleto Meneghetti, um “arrombador de classe”. Meneghetti, contam os mais antigos, roubava os casarões da avenida Paulista e fugia facilmente pelos telhados. Seu primeiro roubo teria sido aos 11 anos, em Pisa, sua cidade natal. Desafiava e desacatava a polícia, mas acabou passando 19 anos preso no Carandiru. No entanto, na rua em que morava era querido e considerado um benfeitor. O samba do Bixiga. A comunidade negra, que se concentrava nas áreas mais próximas à avenida Nove de Julho, deu a contribuição que faltava ao bairro: o samba. A Vai-Vai, fundada como bloco carnavalesco em 1930, é hoje uma das escolas de samba mais tradicionais da cidade, tendo sido campeã diversas vezes. Seus ensaios atraem jovens vindos de todos os cantos da cidade. Já Adoniram Barbosa não nasceu no Bixiga mas era freqüentador assíduo e homenageou seu bairro do coração em várias canções, entre elas “Samba no Bixiga”.
Cidade de São Paulo- Comunicação
Rua 13 de maio, 1950.
Dona Yayá, a herdeira que virou prisioneira na própria casa

Dona Yayá foi considerada incapaz e viveu quase toda a vida adulta dentro de casa, com cuidadores e empregados. Conheça sua história
Dona Yayá é o nome pelo qual ficou conhecida Sebastiana de Mello Freire, única sobrevivente de uma família rica que não pode usufruir a riqueza herdada do pai.
A história de Dona Yayá, que foi considerada incapaz e interditada na Justiça e viveu boa parte da vida dentro de casa, com cuidadores e empregados, inspira muitas versões diferentes: seria ela vítima de uma conspiração ou uma pessoa doente? Uma mulher à frente do seu tempo ou apenas louca?
Nascida em 21 de janeiro de 1887, em Mogi das Cruzes, a mais nova de cinco filhos de Manoel de Almeida de Mello Freire e Josephina Augusta de Almeida Mello. O pai, de uma família de proprietários de terras e políticos de Mogi das Cruzes, seguiu a tradição dos jovens da elite paulista, formando-se advogado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e dedicando-se à carreira política.
Dona Yayá. O pai e a mãe morreram em dezembro de 1900, com dois dias de diferença. Yayá e Nhonhô, seu irmão cinco anos mais velho, herdaram dinheiro, ações, terrenos, propriedades rurais e imóveis urbanos alugados tanto em São Paulo quanto em Mogi das Cruzes. Os outros filhos haviam morrido na infância. Cinco anos depois, Nhonhô cometeu suicídio, e Yayá ficou sozinha.
Ela nunca se casou e não teve filhos, mas teve duas afilhadas que criou como se fossem filhas. Ela vivia na companhia desses parentes e agregados em um palacete na Rua Sete de Abril, no centro de São Paulo, naquela época uma região nobre de moradias.
Em 1919, com 32 anos, Yayá apresentou recorrentes sinais de desequilíbrio emocional que levaram à sua internação em uma instituição hospitalar. Laudos médicos atestaram sua condição de paciente psiquiátrica e a necessidade de cuidados especiais para tratamento. Foi internada uma segunda vez, em 1920, e considerada incapaz de administrar sua própria vida e seus bens, recebendo interdição judicial. Nunca conseguiu recuperar a gestão sobre a própria vida.
Essa história, amplamente questionada pelo jornal sensacionalista O Parafuso, comoveu a sociedade paulistana. Um ano depois, por recomendações médicas, Yayá passaria a receber tratamento em casa, em melhores condições, em um ambiente de tranquilidade e segurança.
Mudou-se então para a casa na Rua Major Diogo, no Bixiga, uma antiga chácara onde Yayá permaneceu reclusa por 40 anos, em companhia de suas cuidadoras e empregados. Ela morreu em 4 de setembro de 1961, durante uma cirurgia para retirar um câncer de útero.
Casa da Dona Yayá. Em 1968, após um processo judicial que concluiu que ela não tinha herdeiros, a casa foi destinada à Universidade de São Paulo. Em 1990 a Usp fez as obras de recuperação e restauro do imóvel e desde 2004 o local é a sede do Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo. O imóvel foi tombado pelo Estado de São Paulo, em 1998, e pelo Município, em 2002

Um preconceito alimentado pelo estigma da doença mental. D. Yaya cuidava de si e aprendeu lidar com suas tormentas íntimas. Essa autonomia incomodava e ainda incomoda porque denuncia os abusos do tratamento químicos e as tentativas de reativação das práticas manicomiais ortodoxas.
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ANHAGABAÚ
O Vale do Anhangabaú no início do século XX
Vale do Anhangabaú, O Rio Anhangabaú é formado por três afluentes, Rio Saracura, Rio Itororó e Córrego do Bexiga, que preservam a memória da presença indígena no coração da metrópole. Por ser um obstáculo físico à expansão urbana, a primeira ponte registrada na cidade data de 1589 sobre seu leito. Outras duas pontes facilitavam sua travessia, a ponte do Lorena no Bixiga e a Ponte do Acú na Avenida São João.
No período colonial, o Vale do Anhangabaú era um território de populares e manifestações religiosas, local de roçados e hortas onde circulavam indígenas, caipiras, roceiras, quilombolas. Em suas pontes concentrava o comércio miúdo, quituteiras, quitandeiras, vendedores de frutas.
Nos anos de 1700 passou a acolher as irmandades negras com a construção das igrejas de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e de Santa Ifigênia e Santo Elesbão em seu entorno. No período imperial, sua paisagem foi tomada pelo plantio de agrião e chá da índia pertencente a Chácara do Barão de Itapetininga.
Na década de 1870 recebeu as primeiras intervenções urbanas com a canalização do rio, até que em 1910 obras de ajardinamento conformaram o Parque do Anhangabaú junto a inauguração do Teatro Municipal.
No período republicano, com a chegada das ferrovias, bondinhos e estruturas em aço, foi instalado em 1892 o Viaduto do Chá (com pedágio) e em 1910 o de Santa Ifigênia para traspor a vale profundo e impulsionar os loteamentos de Campos Elísios, República e Santa Cecília.
No final de 1930, o Parque do Anhangabaú foi destruído para dar lugar as vias expressas do Plano de Avenidas Preste Maia.
Em 1981 um novo projeto regatou o Parque com a retirada das vias expressas, interligando o “Centro Histórico” (Sé) ao “Centro Novo” (República) e tornando-se um local de encontro, lazer, festividades culturais e manifestações políticas.
Em 2021, o parque novamente foi destruído, dando lugar a um grande calçadão de gestão privada que limitou seu acesso e ampliou o controle dos usuários e eventos culturais. Insituto Bexiga

O Córrego do Saracura (foto de Vicenzo Pastre, 1910) Foi nomeado a partir da ave homônima, um símbolo tradicional do bairro do Bixiga e da escola de samba Vai-Vai, por onde passa. Suas nascentes ficam no espigão da Avenida Paulista: uma delas no encontro da Rua Doutor Seng com a Rua Garcia Fernandes, atrás do hotel Maksoud Plaza; outra na Almirante Marquês de Leão, a duas quadras. De lá desce, canalizado por galerias subterrâneas, pela Rua Rocha / Cardeal Leme, até a Praça 14 Bis e dali ao longo da Avenida Nove de Julho, até desaguar no Ribeirão Anhangabaú. Embora corra quase todo canalizado, é possível vê-lo em uma pequena abertura na Avenida Nove de Julho, na saída do Viaduto Doutor Plínio de Queiroz. Tem como afluente principal o Córrego da Mandioca, e várias outras pequenas nascentes que ficam nas proximidades da rua Barata Ribeiro, da rua Coronel Nicolau dos Santos, da rua Penaforte Mendes, entre outras. Acervo Instituto Moreira Salles. Mesbla foi uma rede de lojas de departamentos que iniciou suas atividades em 1912, como filial de uma firma francesa, e teve sua falência decretada em 1999.
Via expressa no vale do Anhangabaú, por volta dos anos 1940. Werner Haberkorn/Fotolabor/Museu Paulista da USP e mais um autor - Museu Paulista
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GRANDES LOJAS DE DEPARTAMENTOS
Imagem noturna icônica do Mappin da Praça Ramos nos ano 1970.
A origem do negócio do Mappin remete-se ao fato dos irmãos Mappin já possuírem negócios no Brasil, apesar de nunca terem vindo para a América do Sul . No Brasil, a Mappin & Webb, uma empresa fabricante de pratarias foi trazida em 1912 pelos irmãos Walter e Hebert Mappin que abriram primeiramente uma filial na Rua do Ouvidor na Capital da República - Rio de Janeiro, e em seguida, abriram uma filial em São Paulo. Os Irmãos Mappin em 1913, tiveram a iniciativa de criar uma Loja de Departamento colocando o inglês John Kitching como diretor e investiram cerca de £1000.000 e montaram uma nova loja totalmente independente de Mappin & Webb, surgindo assim uma loja-irmã , a Mappin Stores. A primeira loja criada no Brasil para vendas por departamentos, com história e administração independente da loja britânica citada.
Com objetivo de aumentar seus negócios no Brasil devido ao enorme retorno financeiro que o país emergente proporcionava, no ano de 1913 fundam o Mappin Stores com sede administrativa em Londresl. A primeira loja inaugurada na rua 15 de Novembro, região central de São Paulo em 29 de novembro de 1913, na sua primeira fase trazia o conceito dos grandes magazines franceses do "Palais de La Femme", ou seja , um grande estabelecimento voltado a satisfazer as necessidades de consumo feminino.Inicialmente foram estabelecidos onze departamentos com quarenta funcionários Em sua inauguração os departamentos eram : Roupas brancas, Layette (roupas de bebê),, Blusas femininas, Cortinas, Meia e Luvas, Rendas e Fitas, Golas e colarinhos, Artigos de Armarinho, Lenços, Leques e bolsas e, por fim, Lingeries. Em 1914 passou a oferecer moda masculina.
Pioneira com o conceito de Lojas de Departamentos reunindo produtos de diversos tipos em um único local. Em seu interior eram vendidos além de roupas femininas e masculinas, produtos de origem importada da Europa e forneciam serviços como Salão de Cabeleireiro Feminino e um concorrido Salão de Chá, que atraiam um público ainda maior para o espaço que se tornou um dos principais pontos de encontro da Capital. O interior da loja era muito luxuoso, possuía grandes lustres de cristais, móveis de madeira maciça e tapetes enormes importados da Europa. O ambiente proporcionava muito glamour para a elite paulista que frequentava constantemente as salas individuais com vendedores que traziam todas as mercadorias escolhidas no catálogo da loja, que era uma ideia extremamente inovadora na época. A loja era tão importante que, em 1914, foi palco da primeira exposição de arte de Anita Malfatti. Realizava liquidações semestrais, de inverno e verão, que tornaram-se verdadeiros acontecimentos na cidade e levavam famílias inteiras reunidas para às compras, inclusive, foi o primeiro estabelecimento a utilizar de técnicas de promoções temáticas principalmente na época de Natal em que a loja vendia decorações dos mais diversos tipos. Em 1919, já em seu novo endereço Na Praça do Patriarca, contava com 35 departamentos e cerca de 200 funcionários. O prédio, localizado na Praça do Patriarca, possuía arquitetura em estilo europeu e um relógio em sua fachada que, mais tarde, seria transferido para a próxima sede da loja.
No dia 20 de janeiro de 1922, a loja foi parcialmente destruída por um grande incêndio mas conseguiu diminuir o prejuízo ao promover em fevereiro próximo uma liquidação enorme com as mercadorias que restaram chamuscadas após a catástrofe, formando filas enormes em frente à loja. Foi a primeira vez que os mais pobres conseguiram entrar na loja.
Em 1929, com a crise econômica, o café perdeu grande valor afetando diretamente à elite paulistana da época. Na década de 30 as mercadorias ficaram paradas nas prateleiras. Foi então que John Kitching resolveu exibir os preços em etiquetas colocadas em todas as peças à venda na loja. A solução seria marcar os preços e, com isso, facilitar a compra para um público mais amplo. O Mappin inovou mais uma vez sendo o pioneiro a introduzir etiquetas de preços nas vitrines, atraindo consumidores de camadas mais populares. Com isso chegaria outra novidade na loja: o crediário. E desta forma o Mappin ganhou fôlego, retomou o crescimento. A possibilidade de popularização criou uma cisma entre cria e criador. Os Irmãos Mappin não concordavam com a alternativa apresentada pelo sócio John Kilching de fazer concessões e expandir os espectros sociais, atingindo um público mais popular, assim como acontecia com as lojas de departamento mundo afora.
A tradição do nome Mappin & Webb imperava para os Irmãos que davam nome a loja-irmã, e que também estavam acostumados a servir a elite do setor cuteleiro e de presentes finos em seu país de origem, a |Inglaterra. Apesar de terem os Irmãos Mappin e Henry Portlock como proprietários em comum, a Mappin & Webb e a Mappin Stores possuíam administração e gerências diferentes no Brasil, eram lojas com funcionamento independentes. Desta forma, em 1936, os Irmãos Mappin se retiraram da sociedade, colocando à venda suas ações no mercado londrino. Ao mesmo tempo que encerraram as atividade das Lojas Mappin & Webb no Brasil. Por anos eles reivindicaram na justiça a retirada de seu sobrenome Mappin do nome da loja brasileira.Mas não conseguiram.
Interior da loja em dia de liquidação nos anos 1980. Segunda Fase. Em 1939 o investidor Mr. Alfred Sim compra as cotas dos Irmãos Mappin e passa a ser o principal acionista da Mappin Stores, e por Decreto do Estado Novo de Getúlio Vargas e por pressão de forte propaganda nacionalista a mudança da razão social, que a partir de então passou a ser Casa Anglo-Brasileira S/A.em 02 de julho de 1939. Sua intenção principal era alterar a estrutura de vendas do Mappin, dando características mais brasileiras à loja e ampliando definitivamente seu público consumidor. Uma de sua primeiras providências foi a mudança para um prédio maior para adaptar-se à nova realidade econômica, e poder pensar em sua expansão, A mudança para o endereço ocorreria no mesmo ano de 1939.para seu novo e enorme prédio na Praça Ramos de Azevedo.
Já restabelecida economicamente, em 1939, a marca pôde expandir para o novo prédio na Praça Ramos de Azevedo. O edifício foi reformado pelo valor de 400 contos de réis na época e criava toda uma atmosfera de requinte para a clientela que, além de serem atendidos em salas de estar particulares, era servido com chás e petits-fours.[9] As novas instalações contavam com 5357m² em cinco andares que abrigavam 50 departamentos e mais de 500 funcionários.
O Edifício João Brícola, foi construído pelo arquiteto Elisário Bahiana, mesmo que projetou o Viaduto do Chá e o Jockey Club, e havia sido construído para ser a sede do Banespa mas, por conta da localização considerada distante do centro financeiro da época, houve uma troca e o prédio tornou-se propriedade da Santa Casa. Na época, era possível realizar as compras, também, pelo telégrafo, pelo telefone - bastava discar o número 45, ou pelos correios ao encaminhar os pedidos para uma caixa postal.
Possuía um famoso jingle que fazia parte das principais campanhas publicitárias da época, se tornando viral entre a população brasileira que, até hoje, se recorda da letra e ritmo da música:
“Mappin
Venha correndo, Mappin
Chegou a hora, Mappin
É a liquidação!
Mappin
Tem tudo aqui no Mappin
Muitos descontos, Mappin
É a liquidação!
Mappin
Venha correndo, Mappin
Chegou a hora, Mappin
É a liquidação!
Liquidação no Mappin!”
— Jingle Mappin
A loja na Praça Ramos de Azevedo, se tornou referência da marca. Os departamentos eram divididos nos vários andares do prédio, interligados por elevadores. Cada andar vendia um tipo de produto, como roupas, móveis, eletrodomésticos e brinquedos, etc. Mas crescer, requer, melhoria na gestão em proporção maior do que o esperado.Em 1947, foi inaugurado uma nova seção de roupas voltada para a classe média da população, que já era alvo das principais lojas da cidade.
Alguns anos depois, na segunda metade da década de 40, o Mappin começaria a sentir o peso da aceleração da economia brasileira que atraia novos concorrentes. e passou a ter dificuldades. A empresa apresentou grande dificuldade em entender às necessidades desse novo público que, queria ter acesso a produtos de grande qualidade sem precisar pagar muito por isso. O controle acionário foi vendido em 1950.[ passando a ser controlada pela família "Alves Filho.
O novo administrador, o advogado Alberto José Alves , fazendeiro e Industrial da Fábrica de Tecidos Santa Margarida em Guaranésia e seu filho, o negociador de café, advogado Alberto Alves Filho promoveriam uma série de mudanças na operação da empresa, principalmente sua total popularização, como a substituição dos produtos importados pelos nacionais, novas políticas de crediário e de funcionamento. O empresário Alberto Alves Filho seguiu inovando a frente do Mappin, deixando a empresa cada vez mais popular e conhecida e, em 1972, abriu o capital da empresa.
Alves Filho enxergando a necessidade de adequação à nova realidade econômica de seus consumidores, substituiu os produtos importados por nacionais para que tivessem uma maior rotatividade de seus estoques e menor margem, criou novas políticas de crédito que permitiam o parcelamento do pagamento em até dez vezes e abriu o capital da empresa, além de ter criado famosas propagandas de TV que passavam na extinta Rede Tupi e aumentaram ainda mais a popularidade da loja varejista. Em 1973, a empresa já apresentava um aumento de vendas de cerca de 54,86%.
No final da década de 70, se tornou a primeira empresa da América Latina a implantar o PDV - caixa no ponto de venda, que trouxeram ganhos de produtividade extremamente significativos. Em 1982 e no ano seguinte, o Mappin foi considerado a empresa do ano e segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Gallup, 97% da população paulistana conhecia a empresa. Antonio Alves Filho comandou até seu falecimento em 1982, assume a frente da empresa sua esposa Cosette Alves. Nos os próximos anos, a marca investiu na compra de outras empresas concorrentes do setor como a Sears que, na época, possuía cinco unidades localizadas em shoppings da capital e cidades próximas.
MESBLA
O começo. No prédio de número 83 da rua da Assembleia, no centro da cidade do Rio de Janeiro, foi instalada em 1912 uma filial da firma Mestre & Blatgé, com sede em Paris e especializada no comércio de máquinas e equipamentos.
A filial brasileira tinha pouca importância dentro da organização francesa espalhada pelo mundo. Quatro anos depois de sua instalação, sua administração foi entregue ao francês Louis La Saigne, até então subgerente da filial em Buenos Aires. Em 1924 La Saigne transformou o estabelecimento carioca numa firma autônoma, com o nome de Sociedade Anônima Brasileira Estabelecimentos Mestre et Blatgé, que em 1939 passou a denominar-se Mesbla S.A.. A nova denominação era uma combinação das primeiras sílabas do nome original, que foi sugerida pela secretária de Louis La Saigne, Isaura, por meio de um concurso interno. A preocupação era que no início da Segunda Guerra Mundial a França se manifestou solidária a Adolf Hitler, o que poderia ocasionar represálias no Brasil com referência ao nome.
La Saigne teve quatro filhas, e a mais velha casou-se com Henrique de Botton. Após um dia de intenso trabalho, Louis La Saigne, morreu em sua residência na noite do dia 18 de janeiro de 1961. Com sua morte foram eleitos presidente e vice-presidente dois de seus mais antigos funcionários, respectivamente, Silvano Santos Cardoso e Henrique de Botton. No ano seguinte, em 12 de agosto de 1962, a MESBLA celebraria seu Jubileu de Ouro já como uma empresa genuinamente brasileira, com seus mais de 8.000 funcionários operando em 13 filiais, lojas de varejo e agências de venda estabelecidas em pontos estratégicos do território nacional, após a morte de Silvano Santos Cardoso em de 29 de fevereiro de 1968, Henrique assumiu a presidência, e depois da morte de Henrique, seu filho André também assumiu a presidência. Ambos comandaram a expansão e o declínio da empresa até os anos 1980. Na década de 1950 a empresa tinha lojas instaladas nas principais capitais do país e em algumas cidades do interior. Nos anos 1980 a Mesbla tinha 180 pontos de venda e empregava 28 mil pessoas. Suas lojas de grande porte, com áreas raramente inferiores a 3 mil metros quadrados, eram pontos de referência nas cidades onde a Mesbla se fazia presente.
Por quase três décadas reinou praticamente sozinha no mercado de varejo, por ser a única empresa do gênero de abrangência nacional. Orgulhavam-se seus funcionários em afirmar que a Mesbla só não vendia caixões funerários, que são para os mortos; para os vivos tinham todas as mercadorias, desde botões até automóveis, lanchas e aviões.
SEARS ROEBUCK
Foi fundada por Richard Warren Sears (1863-1914) e Alvah Curtis Roebuck em 1893 na cidade de Chicago. Richard Sears era um agente ferroviário e iniciou a sua atividade de comerciante vendendo relógios de bolso, a associação com o relojoeiro Alvah Roebuck deu início ao negócio de vendas por catálogos tendo sido a primeira loja de departamentos a fazer este tipo de vendas. Foi também a primeira primeira varejista a suprir praticamente de quase tudo, abrindo depois lojas de departamento em todo o país.
A melhor época da empresa aconteceu na década de 1960, quando assumiu a posição de maior varejista do mundo, sendo ultrapassada pela rede Walmart em 1991.
Brasil. As lojas Sears chegaram ao Brasil em 1949 sendo inovadora no mercado varejista com uma ampla variedade de produtos, atuando em grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. O Mappin e Mesbla eram os principais concorrentes da época. Utilizou o slogan Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta e a empresa foi líder de mercado até o início da década de 1980.
Uma das lojas mais conhecidas estava localizada na Praça Oswaldo Cruz, no bairro Paraíso onde funcionava um salão de festas anexo conhecido como Blue Room, no local hoje funciona o Shopping Paulista. Outra loja muito procurada era a da Água Branca que em 1952 instalou a primeira escada rolante do Brasil.
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XIX
INDIANÓPOLIS
Cruzamento da Avenida Indianópolis com a Avenida Rubem Berta na distante década de 1960. Arquivo Nacional do Brasil. Acervo Fundo Correio da Manhã.
Avenida Indianópolis. Foi aberta em 1913 e 1915 pela Cia. Territorial Paulista, primeiramente a Avenida tinha o nome de Avenida Araci em forma de homenagem a filha de Fernando Árens, diretor da Cia. Territorial Paulista, porém no dia 18 de Agosto de 1933 por conta do Artigo nº 505 o nome foi mudado para Avenida Indianópolis.
"Frederico Guilherme Fernando Árens, filho de alemães, nasceu em Nova Friburgo, Rio de Janeiro. Engenheiro formado na cidade alemã de Hamburgo, em 1878 estabeleceu-se em Campinas com uma fábrica de carruagens e máquinas agrícolas. Casado com Felisbina Teixeira Nogueira Garcia, em 18 de abril de 1880 torna-se pai de Fernando Árens Júnior, jovem que aos sete anos segue para Hamburgo, onde cursa o secundário e faz aprendizado em fundição e montagem de máquinas. Volta para o Brasil em 1895, ingressando na Escola Politécnica. Com lucro apurado no primeiro loteamento da Praia Grande, hoje cidade de Mongaguá, Fernando comprou, em 1913, o Sítio Traição, com cerca de quatrocentos e quarenta e dois hectares de campo entre os córregos Uberaba e Traição, a Oeste da Vila Mariana e entre a primitiva estrada para Santo Amaro e Jabaquara. Pouco mais da quarta parte dessas terras acabaram vendidas, para custear o acerto de divisas e iniciar melhoramentos necessários. Fernando fundou, então, a “Companhia Territorial Paulista” e organizou o loteamento da área, à qual deu o nome de “Indianópolis”. Em uma época em que as máquinas de terraplanagem ainda estavam para serem inventadas, passou a executar esse trabalho com ferramentas manuais – enxadão, machado e picaretas – transportando a terra em carrocinhas puxadas por burros. Traçou a avenida principal, quase uma reta, sobre o espigão do Morro do Uberaba e a batizou com o nome da filha Aracy. Um mês após a constituição da companhia, efetuou a primeira venda de terrenos já urbanizados. Ao fundar esse que hoje é um dos mais bonitos e habitáveis bairros de São Paulo, Fernando doou terreno para a construção da primeira igreja com culto à padroeira do Brasil, a Igreja de Nossa Senhora Aparecida de Indianópolis; doou o terreno do Hospital da Cruz Vermelha Brasileira e para a construção do Club Suíço, na Avenida Aracy, atual Avenida Indianópolis". (Mano Fronberg. Portal Nogueirense)
Avenida Aracy (atual avenida Indianópolis), no bairro de Moema em obras de recapeamento em 1959.
Avenida Ruben Berta nos anos 1960. Avenida Rubem Berta é uma via que faz parte do corredor norte-sul de São Paulo. No trecho do corredor conhecido por esse nome, a via passa pelos distritos de Moema, Vila Mariana e Saúde Cruza com a Avenida Indianápolis. Ruben Martin Berta (Porto Alegre, 5 de novembro de 1907 — Rio de Janeiro, 14 de dezembro de 1966) foi um empresário brasileiro que ocupou a presidência da Varig, uma das empresas que impulsionaram o aeroporto de Congonhas, localizado nessa região.[Textos e imagens da Wikipedia]
Assentamento de trilhos na rua Vergueiro em direção a Vila Mariana em 1903. A esquerda nota-se mulas atreladas a carroção de entrega de cerveja e gelo da Cia Antarctica.
Rua Vergueiro - Distrito: Liberdade. Com mais de 9 km de extensão, entre a Rua São Joaquim na Liberdade e até às margens da Rodovia Anchieta, na Vila Vera, a Rua Vergueiro é uma das mais extensas de São Paulo. Essa característica é explicada pela sua origem, pois a princípio esta via era uma estrada que fazia a ligação da Capital com a antiga “Estrada da Maioridade”, também conhecida como estrada do Mar ou estrada de Santos.
A rua Vergueiro é uma importante rua da cidade de São Paulo. Seu nome é uma homenagem a José Vergueiro, responsável pela construção da variante da Rodovia Caminho do Mar na década de 1860, a Estrada do Vergueiro, que em seu trecho paulistano coincide com a referida rua. Possui mais de 9 km de comprimento, com duas pistas em seus 2,8 km. Começa no bairro da Liberdade (centro), corta o distrito de Vila Mariana, e alguns quilômetros adiante termina no distrito de Sacomã, na zona sul. Encontram-se com a Vergueiro vias importantes como Avenida da Liberdade, Avenida Bernardino de Campos (que faz ligação direta com a Avenida Paulista), Avenida Doutor Ricardo Jafet, Rua Santa Cruz, Avenida Dr. Gentil de Moura e Avenida Presidente Tancredo Neves. É a única via da cidade a ser servida por três linhas de metrô diferentes. Sob a rua Vergueiro passam trechos das linhas 1-Azul, 2-Verde e 5-Lilás do Metrô. As estações São Joaquim, Vergueiro, Paraíso, Ana Rosa e Chácara Klabin dão acesso à rua. Futuramente, a 6-Laranja atenderá a rua, através da Estação São Joaquim.[Textos e imagens da Wikipedia]
Até a década de 1850, a antiga estrada de Santos possuía outro trajeto, pois tinha início na Rua da Glória e depois seguia pelo Lavapés até atingir o Ipiranga e daí por diante buscava o rumo do litoral em Santos. Entretanto, no ano de 1862, e em decorrência dos desmoronamentos ocorridos na Serra do Mar em 1861, o governo da Província firmou contrato com o empresário José Pereira de Campos Vergueiro, filho do senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro.
Aproveitando a oportunidade, Vergueiro decidiu estudar o trecho mais próximo da cidade e verificou que melhor seria projetar outro traçado, já que as cheias do Tamanduateí por vezes se colocavam como um obstáculo aos viajantes. Assim, e ao invés de seguir pelo Lavapés, ele resolveu tangenciar o rio e buscou outro caminho que, da cidade, seguia o rumo da atual Vila Mariana para, mais adiante, encontrar a estrada do Mar. Para isso ele aproveitou algumas vias já abertas como o antigo “Caminho do Carro” para Santo Amaro, hoje trecho inicial da Rua Vergueiro entre a Liberdade e Vila Mariana. Em 1863, e por conta dos melhoramentos realizados, a nova via passou a ser chamada de “Estrada Vergueiro”, numa referência ao mesmo empresário José Pereira de Campos Vergueiro, seu construtor.
Poucos anos depois, mais especificamente em 1868, o seu nome já estava consolidado, ocasião em que o logradouro passou a ser conhecido como “Rua Vergueiro” conforme referencia um anúncio publicado no jornal Diário de São Paulo de 09/10/1868. Entretanto, a partir de 1885 – e por razões ainda desconhecidas, alguns órgãos de imprensa começam a vincular notícias e anúncios onde o nome da rua aparece alterado para “Rua do Senador Vergueiro” (Correio Paulistano de 20/03/1885 e O Estado de São Paulo de 19/02/1886 e também de 05/05/1897). Neste caso, o homenageado era o senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro. Uma hipótese para esta alteração seria a existência, no Rio de Janeiro, da Rua Senador Vergueiro, considerada na época como uma das mais elegantes da cidade, bem como em outras cidades a exemplo de Limeira e Santos, onde havia o Largo Senador Vergueiro. Porém, no caso de São Paulo, a homenagem não era ao senador e sim ao seu filho José Vergueiro. Nos registros oficiais da Câmara Municipal e da Prefeitura, por sua vez, o logradouro foi sempre tratado como “Rua Vergueiro”, exceto por um breve momento em 1911, quando o mesmo aparece como “Rua Senador Vergueiro”, retornando depois como “Rua Vergueiro”.
Nos mapas oficiais da cidade, por seu turno, e desde 1890, a mesma foi sempre tratada como “Rua Vergueiro”. Nesse sentido, a conclusão até o presente momento é que a Rua Vergueiro foi assim denominada em referência ao construtor da antiga estrada, o empresário José Pereira de Campos Vergueiro e não ao seu pai, o senador Vergueiro.
José Pereira de Campos Vergueiro – Nasceu em São Paulo, no bairro da Sé, e foi batizado em 1812. Era filho do senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro e de d. Maria Angélica de Vasconcelos. Casou-se em 1837, na igreja de Santa Ifigênia, com Maria Umbelina Gavião Peixoto e teve apenas um filho, o dr. Nicolau José Vergueiro, batizado em 1839 em Santa Ifigênia e falecido solteiro. Com negócios na cidade de Santos, foi vereador daquela cidade entre 1839 e 1841 e depois também em 1849 e 1850. No ano de 1841 representou aquela cidade nas cerimônias de coroação de D. Pedro II.
Eleito deputado provincial, cumpriu mandato na Assembleia paulista no biênio 1858/1859. Em conjunto com seu pai e na companhia dos irmãos Nicolau e Joaquim fundou, em 1846, a empresa Vergueiro & Cia que administrava a exportação de produtos no porto de Santos e também seria a responsável pela introdução de trabalhadores europeus livres nas fazendas da família, especialmente na fazenda Ibicaba, em Limeira, cidade esta onde também foi vereador entre 1883 e 1889. Entre 1862 e 1864 assumiu o comando das obras de reconstrução da antiga estrada da maioridade, que ligava São Paulo a Santos, sendo muito elogiado por este trabalho onde utilizou trabalhadores e engenheiros europeus.
Em 1864 foi condecorado pelo imperador D. Pedro II no grau de comendador. José Pereira de Campos Vergueiro faleceu em janeiro de 1894 na fazenda Saudade, localizada no então município de Xiririca, atual Eldorado Paulista. Nessa ocasião, assim publicou o jornal O Estado de São Paulo na sua edição de 17/01/1894: “Noticia o Diário de Santos, em sua edição de ontem, a morte em Xiririca, sul do nosso Estado, do venerando paulista sr. comendador José Vergueiro.
A morte desse homem não pode deixar de encher de mágoa a todos os que conheceram e souberam dar valor ao seu gênio arrojado e empreendedor, que nenhuma provação amarga conseguiu abater. Espírito inteligente e prático, prestou sempre o concurso de sua atividade inquebrantável ao Estado em que nasceu. A lavoura paulista teve nele um propugnador incansável, dando aos dois conhecidos estabelecimentos agrícolas de que foi sócio – as fazendas Angélica e Ibicaba – o desenvolvimento e importância a que atingiram, sendo sempre procurado pelo estrangeiro que desejava conhecer a riqueza e a propriedade da nossa lavoura.
Quando a fortuna não lhe foi propícia, o velho comendador José Vergueiro, espírito tenaz e lutador, e, contando 79 anos, foi para os sertões das matas de Xiririca e lá deixou o seu sinal, fundando a fazenda que denominou Saudade. Compreendendo a insuficiência da empresa São Paulo Railway para transportar a riqueza do nosso Estado, estudou e iniciou os trabalhos da Estrada do Sul Paulista procurando novos caminhos para o escoamentos de nossos gêneros de exportação e dar força à expansão industrial do nosso descurado sul.
O seu papel político não foi destituído de brilho. O dr. José Vergueiro foi sempre partidário das ideias liberais, o que lhe custou muitos dissabores. A República encontrou-o em sua linha de combatentes. Faleceu aos 82 anos de idade.” Não obstante ser esta homenagem uma referência ao empresário José Vergueiro, apresentamos a seguir alguns dados biográficos de seu pai, o Senador Vergueiro - Nicolau Pereira de Campos Vergueiro nasceu Val da Porca, Província de Traz os Montes, Portugal no dia 20 de dezembro de 1778.
Bacharel em leis pela Universidade de Coimbra, veio para o Brasil e em 1803 tendo se estabelecido em São Paulo com banca de advogado. Foi também fazendeiro, a princípio em sociedade com o Brigadeiro Luiz Antonio, e introduziu o trabalho livre do colono europeu pelo sistema de parceria. Representou a província de São Paulo nas Cortes portuguesas em 1822, na Constituinte brasileira em 1823 e na primeira legislatura.
Em 1828 foi eleito senador por Minas Gerais. Ocupou as pastas do Império, da Justiça e Fazenda. Foi membro da regência provisória que se seguiu à abdicação de D. Pedro I, diretor do Curso de Direito de São Paulo de 1837 a 1842, foi um dos primeiros membros do governo paulista.
Lutou pela Independência, tendo sido um dos mais enérgicos nessa empreitada, pois recusara-se a assinar a constituição portuguesa. Acusado como um dos promotores da revolução de 1842, o Senado julgou a acusação improcedente. Era do Conselho do Imperador, Grã Cruz da Ordem do Cruzeiro e membro do Instituto Histórico. Escreveu: "Memória Histórica", sobre a fundação da fábrica de ferro de Ipanema, em 1822, e "Resposta" dada ao Senado sobre a pronúncia contra ele proferida pelo Chefe de Polícia de São Paulo, J.A.G. de Menezes, no processo da revolta de 17 de maio de 1842, dada a lume no ano seguinte.
Foi casado com Maria Angélica de Vasconcelos e teve os filhos: Carolina de Campos Vergueiro, Angélica Joaquina Vergueiro, Luiz Pereira de Campos Vergueiro, José Pereira de Campos Vergueiro, Antonia Eufrosina Vergueiro, Maria do Carmo Vergueiro, Francisca de Campos Vergueiro, Nicolau José Vergueiro, Joaquim Vergueiro e Ana de campos Pereira Vergueiro.
O senador Vergueiro faleceu no Rio de Janeiro em 18 de setembro de 1859 e foi sepultado no cemitério São João Batista daquela cidade.
XX
IPIRANGA, ÁGUA FUNDA E HELIÓPOLIS
Ipiranga é um bairro localizado no distrito de homônimo no município de São Paulo, Brasil. É um dos bairros localizado na zona Sul do município de São Paulo e abriga importantes pontos históricos, como o Museu do Ipiranga, um dos mais conhecidos no Brasil, e o Parque da Independência, em frente ao edifício do museu. No Parque da Independência, há um monumento que simboliza a Independência do Brasil (proclamada onde hoje está o parque) e o famoso "Grito do Ipiranga". Dentro do parque, é possível se ver a Casa do Grito, que aparece no lado direito do quadro do pintor Pedro Américo que retrata a independência do Brasil.
Topônimo. O nome do bairro é uma referência ao riacho do Ipiranga, local onde foi proclamada a independência do Brasil, em 1822. De acordo com Eduardo de Almeida Navarro, o topônimo de origem tupi é formado pelas termos "y + pirang + a" e significa "rio vermelho" ou "água vermelha".
Além de ser um bairro residencial, também é um bairro comercial, tendo a avenida Nazaré como sua principal via. Paralelo à essa avenida está localizado o chamado "miolo do Ipiranga", entre as ruas Manifesto, Tabor, Comandante Taylor e a Avenida Nazaré, que é o ponto mais famoso do bairro. O bairro é atendido por quatro estações da Linha 2 do Metrô de São Paulo. São elas: Tamanduateí, Sacomã, Alto do Ipiranga e Santos-Imigrantes, e ainda pelas estações Tamanduateí e Ipiranga da Linha 10 do Trem Metropolitano de São Paulo. Também conta com boa parte da extensão do Expresso Tiradentes.
História. Conhecido como um dos bairros mais antigos do município de São Paulo, foi fundado em 7 de Setembro de 1822, data também da Proclamação da Independência, por Dom Pedro I às margens do ribeirão Ipiranga. O bairro foi povoado por índios guaianases, porém no século XVI os homens brancos chegaram nessas terras. O português João Ramalho foi um dos primeiros a chegar no bairro e a contribuir para o surgimento de uma população mesclada do lugar. João se casou com Bartira, filha do cacique com quem teve muitos filhos. Após um tempo, os índios que residiam naquelas terras foram embora, pois não queriam mais ser escravizados pelos homens brancos.
Com o passar do tempo, o bairro deixou de ser apenas uma passagem entre o mar e a cidade, e Ipiranga testemunhou e colaborou nas modificações urbanas provocadas pela indústria, em 1904, foi palco do primeiro bonde elétrico. Outro fator que provou a industrialização da região foi a inauguração da Rodovia Anchieta, que no ano de 1947 ocasionou na instalação de indústrias, comerciantes e novos moradores ao bairro. Durante a Revolta Paulista de 1924 o bairro foi bombardeado por aviões do Governo Federal. O exército legalista ao governo de Artur Bernardes se utilizou do chamado "bombardeio terrificante", atingindo vários pontos da cidade, em especial bairros operários como Mooca, Ipiranga, Brás, Belenzinho e Centro, que foram seriamente afetados pelos bombardeios.
A Família Jafet foi uma das primeiras de origem libanesa a chegar no Brasil. Benjamin Jafet foi o primeiro membro da família a chegar no país. Após alguns anos, os irmãos Jafet se tornariam os principais atacadistas e empreendedores da indústria têxtil brasileira. Sua Companhia Fabril de Tecelagem e Estamparia, contribuiu para o surgimento do bairro Ipiranga, auxiliando no seu desenvolvimento. A partir desse momento, a família Jafet em geral esteve presente nas principais obras da região do Ipiranga. Foram eles os responsáveis pela implantação de fábricas, obras de tratamentos as águas do rio Tamanduateí, construção de hospitais, escolas e estradas. Outra figura importante para o surgimento e desenvolvimento do bairro foi a do Conde José Vicente de Azevedo, advogado, professor, parlamentar e precursor da ação social católica. Nos últimos anos do Império, José adquiriu terras na colina do Ipiranga. Através da expansão urbana do bairro, se desenvolve o Conde Vicente de Azevedo sua obra, fundada nos princípios de solidariedade cristã, dispondo de colaboradores notáveis da época. No dia 22 de Novembro de 1896, é inaugurado o "Asilo de Meninas Órfãs", primeira grande empreitada do Conde no bairro. O asilo proporcionou diversas obras de cunho educacional e assistencial.
Através das mudanças, se tornou um dos bairros mais tradicionais e conhecidos do município de São Paulo. Hoje, é considerado um museu a céu aberto, pois em 8 de maio de 2007 as doze construções centenárias do bairro foram tombadas pelo Conpresp (Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental do Município de São Paulo).
O MUSEU DO IPIRANGA
Pedra Fundamental do Museu do Ipiranga. Pintura de Henrique Manzo. Acervo do museu.
Museu na época da sua construção em 1895.
O Museu Paulista da Universidade de São Paulo, também conhecido como Museu do Ipiranga ou Museu Paulista, é o museu público mais antigo da cidade de São Paulo, cuja sede é um monumento-edifício que faz parte do conjunto arquitetônico do
Parque da Independência. É o mais importante museu da Universidade de São Paulo e um dos mais visitados da capital paulista. O museu foi inaugurado oficialmente em 7 de setembro de 1895 com o nome Museu de História Natural. O edifício, inicialmente projetado para concretizar a versão conservadora da proclamação da independência, adquiriu outros significados a partir da Proclamação da República, dentre eles o de “renascimento da nação”. Com sua apropriação pelo governo do Estado de São Paulo, que o transformou em museu público, a ressignificação do monumento passou pela ideia de que a história do progresso nacional era a história do progresso de São Paulo, colocando a colina do Ipiranga como um caminho articulador das riquezas com o Porto de Santos, então recém-inaugurado. Em 1922, época do Centenário da Independência, o caráter histórico da instituição foi reforçado, quando novos acervos foram criados, com destaque para a História de São Paulo. A decoração interna do edifício foi criada, com pinturas e esculturas apresentando a História do Brasil no Saguão, Escadaria e Salão Nobre. Também foi inaugurado o Museu Republicano "Convenção de Itu", extensão do Museu Paulista no interior paulista. Ao longo do tempo, houve uma série de transferências de acervos para diferentes instituições. A última delas foi em 1989, para o Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. A partir daí, a instituição vem ampliando seus acervos referentes ao período de 1850 a 1950 em São Paulo. Como órgão da Universidade de São Paulo desde 1963, o museu exerce pesquisa, ensino e extensão. Até seu fechamento para reformas, o Museu Paulista possuía um acervo de mais de 125 mil unidades, entre objetos, iconografia e documentação textual, do século XVII até meados do século XX, significativo para a compreensão da sociedade brasileira, especialmente no que se refere à história paulista e conta com uma equipe especializada de curadoria. Desenvolve também um Projeto de Ampliação de seus espaços físicos.

Festa cívica no Museu do Ipiranga em 1912.
A CASA DO GRITO
A Casa do Grito em 1910.
Embora esta casa tenha sido vinculada à cena do "grito" de D. Pedro I pela independência do Brasil em 1822, data de 1884 o documento mais antigo sobre a sua origem. Desta forma, não é possível precisar o ano de sua construção e, consequentemente, comprovar a sua existência na época deste fato histórico.
Situada nas proximidades do Caminho do Mar e do Riacho do Ipiranga, foi originalmente construída em pau-a-pique, técnica que consistia no entrelaçamento de paus verticais fixados no solo, com vigas horizontais amarradas entre si por cipó, dando origem a um grande painel transfurado que, após ter os vãos preenchidos com barro, transformava-se em parede. A casa guarda, entretanto, vestígios de diversas reformas realizadas por seus sucessivos moradores, revelados nos diferentes materiais de construção a ela incorporados, como tijolos e até mesmo uma pequena intervenção em concreto.
Desapropriada em 1936, permaneceu semi-abandonada até 1955, quando foi realizada uma restauração fantasiosa que procurava aproximá-la à casa representada na tela "O Brado do Ipiranga" de autoria de Pedro Américo, que se encontra no Salão Nobre do Museu Paulista (Museu do Ipiranga), a ponto de lhe ser aplicada uma falsa janela em uma de suas paredes, a fim de torná-la o mais fiel possível à representação do pintor.
Foi nessa ocasião que o imóvel passou a ser conhecido como "Casa do Grito". Finalmente, em 1981, a casa foi submetida a pesquisas arqueológicas e a obras de restauro que procuraram corrigir os excessos das intervenções anteriormente realizadas. Tombado em 1975 pelo CONDEPHAAT, este imóvel integra o acervo de Casas Históricas sob a responsabilidade do Departamento do Patrimônio Histórico.
A Casa do Grito está situada no interior do Parque da Independência, no bairro do Ipiranga e apresenta exposições diversas com temas relacionados à cidade de São Paulo, permanecendo aberta à visitação pública de terça a domingo, das 9:00 às 17:00 horas.
(Texto: Departamento do Patrimônio Histórico/ Foto : acervo do Arquivo Histórico Municipal Washington Luís).
PARQUE DA INDEPENDÊNCIA
Vista aérea do parque em 2019.
O Parque da Independência, inaugurado em 1989, nas margens do córrego do bairro do Ipiranga, na cidade de São Paulo, faz parte do patrimônio histórico cultural brasileiro devido ao Grito da Independência do país, ali proclamada por D. Pedro I. Surgiu da preocupação em unir a região do Ipiranga enquanto um espaço de memória nacional e patriotismo, além de ser uma forma de preservação e demarcação do espaço e uma forma também de tornar comum uma memória coletiva.
A área, de 161.300 metros quadrados, abriga o Museu do Ipiranga, o Monumento à Independência e a Casa do Grito, além de um denso bosque e um grande trabalho de paisagismo no caminho entre o Monumento e o Museu. Também há os jardins franceses que foram recentemente criados.
Em 2018 a Prefeitura anunciou a ampliação do Parque da Independência com a incorporação de terreno adjacente de 26 mil m²,onde funcionou o Instituto Bom Pastor. Em 2022 as obras de ampliação ainda não haviam sido concluídas.
História. A região do Ipiranga, o parque e o tombamento. Na colina do Ipiranga, junto ao Riacho do Ipiranga, D. Pedro I declarou o Brasil um país independente de Portugal em 1822. Com a Constituição de 1891, a região passou para posse do governo estadual. A região do Ipiranga então passou por muitas mudanças de valor simbólico e histórico, passando a se tornar parte de um imaginário coletivo sobre a independência do país. Em 1888, o Museu do Ipiranga foi inaugurado como museu de História Natural e mais tarde foi reforçado seu caráter patriótico. No centenário da Independência, em 1922, como parte das comemorações foi inaugurado - apesar de ainda não concluído - o Monumento à Independência do Brasil, por Ettore Ximenes e Manfredo Manfredi. Já a Casa do Grito foi desapropriada em 1936 e em 1955 começou a passar por reformas para se aproximar à casa pintada por Pedro Américo na tela "Independência ou Morte". Essa sequência indica, no mínimo, a valorização do local para o país e o sentimento de necessidade de preservação da região do Ipiranga que passou a ser considerado um sítio histórico-cultural.
Somente em 1969 foi aberto um processo para integrar esses três bens culturais - Museu do Ipiranga, Monumento à Independência e a Casa do Grito - ao patrimônio histórico brasileiro com a criação do Parque da Independência. Os maiores argumentos no processo de tombamento CONDEPHAAT nº 08486/69 foram a relevância cívico-cultural do espaço, a importância dele como um ponto turístico e o feito enquanto comemoração dos 150 anos da independência. Além disso, é possível entender pelos documentos a preocupação social com a possibilidade de um espaço relevante historicamente e culturalmente para o país ser ressignificado ou então não preservado, e o tombamento, por sua vez, garante a integridade do bem em questão, no caso, a integridade da região do Ipiranga.
O parque, inaugurado em 1989, é um bem cultural tombado pelo CONDEPHAAT pela resolução de 2 de abril de 1975, Processo SET nº 8.486/79, e pelo CONPRESP – Resolução nº 05/91 tombamento "ex-officio". Em 3 de outubro de 1986, o governo estadual passou a administração das áreas que compõem o parque (exceto o Museu Paulista) à Prefeitura Municipal de São Paulo.
Em 2016, o parque fechou algumas partes de lazer, por conta da sua falta de conservação.
Público. O parque abriga o Museu do Ipiranga, que esteve fechado para reformas por quase dez anos, o Monumento à Independência e a Casa do Grito (aberta para visitação de terça à domingo, das 9h às 17h). A entrada é gratuita e o parque fica aberto todos os dias das 5h às 20h - durante o horário de verão, das 5h às 21h. A grande área verde é um diferencial do parque, que conta com um jardim projetado em estilo francês, unindo o Museu Paulista e o Monumento à Independência aos outros edifícios existentes no local, como o Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo. Além da arborização, são atrativos do parque uma pista de cooper, playground para crianças de até dez anos e uma praça contemplada pelo programa Wifi Livre SP. Estima-se uma frequência de 48.000 pessoas por mês no parque e, segundo o mesmo estudo, é o quarto melhor parque da cidade de São Paulo (dados de 2008).
Arquitetura. O Parque da Independência foi desenhado tanto aos moldes da Neorrenascença, ou seja, com um perfil estilístico revivalista, buscando uma obra imponente - tanto pela memória imperial do momento da proclamação da Independência quanto pela preservação do espírito patriótico - quanto aos moldes do paisagismo francês - mais especificamente, inspirado no jardim de Versalhes, na França. A grandiosidade da influência neorrenascentista é muito bem retratada no Museu Paulista, projetado para ser um palácio isolado, visto por todos da cidade - o que explica o jardim rebaixado cercando o museu. O Monumento à Independência, de Ettore Ximenes, alia-se a essa noção de grandiosidade com personagens greco-romanos junto com personagens da história do Brasil. A única estrutura no parque que rejeita essa postura é a Casa do Grito, que é exemplo de uma casa comum em São Paulo de 1822.
Os jardins que ligam o Monumento à Independência ao Museu Paulista, por sua vez, adotam o perfil de jardim francês, com chafarizes, lagos, fontes e estátuas, sempre com o perfil próprio da arquitetura monumental. Inclusive, devido ao processo de restauro do Parque da Independência promovido pela FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP), os chafarizes ainda preservam as características arquitetônicas do projeto de 1922. Esse restauro aconteceu em 2004, com patrocínio do Banco Real. As alterações feitas anteriormente no espaço dos chafarizes, em 1970, eram reversíveis, o que tornou possível retornar ao projeto original.
Fonte. Em frente ao museu, há uma fonte com chafarizes estabelecida em 1922, para o Centenário da Independência. A criação da estrutura deve-se a Prestes Maia. Com capacidade para 850 mil litros, a fonte é composta por um largo espaço de coleta de água, que transborda e com isso enche tanques piscinas menores, como uma cascata. Há ainda chafarizes com canhões de água. Para a instalação da fonte foi realizada o rebaixamento de toda a área em frente ao museu, em 14 metros. Entre 2003 e 2004, a fonte passou por uma restauração.
Flora. A partir do estudo Aspectos florísticos, históricos e ecológicos do componente arbóreo do Parque da Independência, São Paulo, SP, foram identificadas 160 espécies arbóreas, 8 espécies identificadas apenas ao nível de gênero, 7 espécies apenas ao nível de família e uma espécie não foi identificada. Desse total de 160, 81 (51%) são naturais da cidade de São Paulo, em contraposição a 63 (39%) que, por sua vez, são lidas como exóticas, não apresentando-se naturalmente na cidade de São Paulo - 16 espécies (10%) não tiveram sua identificação concluída. Da listagem de 160, destacam-se Araucaria heterophylla, Pau-ferro, Ceiba speciosa, conhecida como paineira, Árvore-da-borracha e Amendoim-acácia, que são usadas no trabalho de paisagismo do parque.
Aponta-se também que das 160 espécies arbóreas listadas no estudo, 18 estão registradas na lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (2010). Apesar de proporcionalmente ser um número baixo, é significativo e indica a necessidade de se pensar mais a preservação e conservação do Parque da Independência, especialmente por ser também apontado no estudo a verificação de uma interferência depredatória muito grande do homem, especialmente na área do bosque, onde foram encontradas sacolas plásticas e embalagens.
O Bosque. O denso bosque, que fica atrás do Museu do Ipiranga, conta com 71 espécies naturais da cidade de São Paulo, 40 exóticas e 13 não identificadas. Das 160 identificadas que compõem o Parque da Independência, 91 aparecem somente no bosque e 36 ocorrem em outros setores, mas não no bosque. Não coincidentemente destacam-se no bosque 11 espécies conhecidas pelo seu uso em arborização urbana e projetos paisagísticos, umas pelos seus frutos comestíveis e porte baixo e outras pelo grande porte e beleza.O bosque vem sofrendo uma grande perda de sua vegetação original. Ainda segundo o estudo de Rafael Felipe de Almeida, Simone Justamante De Sordi e Ricardo José Francischetti Garcia, "Hoehne (1925), em descrição sobre o antigo Horto do Ipiranga, relata um número de aproximadamente 350 espécies, entre árvores, arbustos, ervas, lianas, epífitas e fetos arborescentes. Por outro lado, Luderwaldt (1918), em descrição sobre os efeitos de uma forte geada sobre o antigo Horto Botânico do Ipiranga cita, aproximadamente, 140 espécies de plantas vasculares. Embora atualmente tenham sido levantadas 124 espécies no componente arbóreo, observou-se ao longo do estudo que os componentes herbáceo-arbustivo e epifítico apresentam-se pobres em espécies, com a escassez de epífitas e fetos arborescentes", o que significa uma última perda registrada de 16 espécies e um estado atual não-saudável das ainda presentes.
ÁGUA FUNDA
Água Funda, antigamente chamado Vila Parque Calabrês, é um bairro paulistano da Zona Sudeste, de classe média situado no distrito do Cursino, que por sua vez é administrado pela subprefeitura do Ipiranga. O nome do bairro tem origem em um lago com águas muito fundas que existia no local, onde atualmente é uma construção do governo.
Na região da Água Funda está situado o Zoológico de São Paulo e o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, onde se encontra a nascente do Rio Ipiranga. Além de uma extensa área verde de quase 250 mil metros quadrados, que tem capacidade para acolher cerca de 6 mil pessoas, onde está localizado o Parque de Exposições Água Funda ou Centro de Exposições Imigrantes – que passou a chamar-se São Paulo Expo Exhibition & Convention Center.
O bairro também abriga um conjunto arquitetônico-cultural, composto pelo Jardim Botânico, o Instituto de Botânica e o Museu Botânico João Barbosa Rodrigues.
História. Depois da família Stefano lotear suas terras, no ano de 1947, se começaram os primeiros arruamentos do local. Miguel Stefano, empresário e empreendedor de origem libanesa, que carrega o nome da principal avenida do bairro, começou a comprar terrenos do bairro e construir residências para depois poder revendê-las. Chegou até a comprar quarteirões inteiros com a intenção de, posteriormente, serem revendidos.
Informações. No bairro da Água Funda também é localizado o famoso centro de eventos São Paulo Expo Exhibition & Convention Center (antes conhecido como Parque de Exposições Água Funda ou Centro de Exposições Imigrantes), que é cercado por uma área verde de 250 mil metros quadrados de extensão, com capacidade para acolher cerca de 6 mil pessoas.
O Museu Botânico João Barbosa Rodrigues, também está situado no bairro da Água Funda. Inaugurado em 1942, o local possui inúmeras amostras de plantas da flora brasileira, uma coleção de produtos extraídos das plantas, como fibras, óleos, madeiras, sementes, além de quadros e fotos representativas dos diversos ecossistemas do estado de São Paulo. Além do Jardim Botânico e do Instituto de Botânica, onde é possível encontrar o Orquidiário de São Paulo que possui diversas espécies de orquídeas, inclusive as mais raras.
Está no bairro da Água Funda, também, o visitado Zoológico de São Paulo, que conta com mais de três mil e duzentos animais. A área onde o bairro se localiza integra o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, onde se encontra a nascente do Rio Ipiranga.
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PARQUE ZOOLÓGICO
Vista aérea do Zoológico de São Paulona Avenida Miguel Estéfano, 4241 Vista aérea do Zoológico de São Paulo na Avenida Miguel Estéfano, 4241
O Parque Zoológico de São Paulo, localizado na Zona Sul da cidade, é o maior jardim zoológico do Brasil em quantidade de animais. Abriga as nascentes do histórico riacho do Ipiranga, ao sul da cidade de São Paulo, localizado em uma área de 824 529 metros quadrados de Mata Atlântica original, com quatro quilômetros de alamedas. Contando com a presença de um pouco mais do que quatrocentos animais, o Parque Zoológico de São Paulo abriu e teve sua inauguração em 1958.
São mais de três mil e duzentos animais que populam o zoológico, sendo cento e duas espécies de mamíferos, duzentos e dezesseis espécies de aves, noventa e cinco espécies de répteis, quinze espécies de anfíbios e dezesseis espécies de invertebrados que, quando em recinto, reproduzem os habitats naturais desses animais. A fazenda do Zoológico, de quinhentos e setenta e dois há, produz hortaliças usadas na fabricação de rações variadas para os animais, além de material para os recintos onde ficam os animais. Nela também residem animais que precisam de maior área para seu acasalamento.
O zoológico possui creche para filhotes rejeitados pelas mães, chocadeiras elétricas e sala de incubação para ovos de aves e répteis. A função educativa é enfatizada no Parque. Sua biblioteca de mais de quatro mil volumes é aberta ao público. Suas parcerias com outras instituições estaduais, federais e estrangeiras incluem pesquisas que facilitem a preservação de espécies ameaçadas. Atualmente, o zoológico é o quarto maior do mundo e é considerado o maior e o quinto melhor jardim zoológico da América Latina.
História. O Zoológico de São Paulo, como também é chamado, foi criado em junho de 1957, a partir de uma instrução do então governador Jânio Quadros (PDC E PSB) ao Diretor do Departamento de Caça e Pesca da Secretaria da Agricultura, Emílio Varoli. Os primeiros animais de origem exótica, como por exemplo: leões, ursos e elefantes, foram adquiridos de circos particulares e os animais da fauna silvestre brasileira, como é o caso das onças e galos da serra, foram adquiridos em Botucatu.
A inauguração do Zoológico, inicialmente planejada para janeiro de 1958, foi adiada devido às fortes chuvas daquele ano. E assim, no dia 16 de março, foi inaugurado oficialmente o Zoológico de São Paulo, apresentando 445 animais, dentre eles: 9 cervos; 2 onças pintadas e 1 preta; 3 jaguatiricas; dois gatos do mato; 1 urso; 23 papagaios; 3 ararinhas-azuis; e o rinoceronte Cacareco, que ficou famoso pelo episódio de ter sido eleito vereador nas eleições de outubro de 1958.
Consciente de sua responsabilidade no contexto nacional, o Zoológico de São Paulo tornou-se a primeira instituição brasileira a propor e participar de forma efetiva em múltiplos programas de recuperação de espécies brasileiras seriamente ameaçadas de desaparecer da natureza, exemplo do mico-leão, pequenos felídeos neotropicais e araras-de-lear.
A Fundação Parque Zoológico de São Paulo obteve, em 1959, personalidade jurídica e autonomia administrativa, financeira e científica e é responsável pela administração do parque através dos seguintes órgãos: Conselho Superior; Conselho Orientador; Conselho Fiscal e Diretoria.[8]
Neste mesmo ano, foram definidos os objetivos da Fundação Parque Zoológico de São Paulo: manter uma população de animais vivos de todas as faunas, para educação e recreação do público, bem como para pesquisas biológicas; instalar em sua área de abrangência uma Estação Biológica, para investigações de fauna da região e pesquisas correlatas; e proporcionar facilidades para o trabalho de pesquisadores nacionais e estrangeiros no domínio da Zoologia, no seu sentido mais amplo, por meio de acordos, contratos ou bolsas de estudo.
Atualidade
O Zoo de São Paulo tornou-se a primeira instituição brasileira a propor e participar em diversos programas de recuperação de espécies brasileiras seriamente ameaçadas de extinção, tais como: os micos-leões, os pequenos felídeos neotropicais, arara-azul-de-lear e ararinhas-azuis, bisão europeu, cachorro do mato vinagre, condor, o único leopardo das neves do Brasil, o urso de óculos, o gavial da malásia, orangotangos e os rinocerontes brancos.
Pelo Guinness Book, desde 1994, o Zoológico de São Paulo é reconhecido como o maior zoológico do Brasil. Nesse mesmo ano, a Fundação Parque Zoológico de São Paulo foi classificada na categoria "E", a mais alta, junto ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) para entidades de manejo ambiental e preservação de espécies. Também é conhecido como o quinto melhor zoológico da América Latina pelo site especializado em turismo, TripAdvisor. Além de conhecer os animais existem palestras e oficinas possíveis para participa
Em maio de 2001, a área anexa ao zoológico que era ocupada pela empresa "Simba Safari" foi reincorporada ao Parque Zoológico de São Paulo, sendo reaberta ao público como "Zoo Safári" em 5 de junho do mesmo ano, proporcionando passeios por entre trilhas, onde pode-se ver os animais na mata, ou de carro por entre animais soltos.
Ocupando uma área de 824.529 m², em sua maior parte coberta por Mata Atlântica, o parque abriga as nascentes do histórico riacho do Ipiranga, cujas águas formam vários lagos que acolhem exemplares de aves de várias espécies exóticas, nativas, além de aves migratórias.