domingo, 6 de abril de 2025

UMA CIDADE COSMOPOLITA

 

Mastro da bandeira paulista no alto do Edifício Altino Arantes (Banespa)


ÍNDICE

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PRIMEIRA PARTE

INTRODUÇÃO

A Urbis Paulistana: vila, cidade e metrópole
Poderes Municipais. Os governantes municipais e os prefeitos icônicos.
Zonas, Distritos. As avenidas mais longas da cidade.

PRINCIPAIS BAIRROS PAULISTANOS

1. Campos Elísios e República.
Praça Ramos e Praça do Patriarca.
2. Barra Funda, Santa Cecília e Vila Buarque.
Minhocão.
3. Cerqueira César.
Corrida de São Silvestre.
Avenida Paulista.
Parque Trianon. O Masp. Instituto Pasteur. Fiesp.
4. Consolação.
5. Pacaembu. Companhia City.
6. Perdizes e Sumaré 
Parque da Água Branca.
Puc, Espm. Curso e Colégio Objetivo.
7. Higienópolis.
Avenida Angélica. Mackenzie.
8. Jardins América e Europa. Itaim Bibi. Vila Olímpia.
Museu da Imagem e do Som.
Avenida 9 de Julho.
300 rios no subsolo.
Avenida Faria Lima.
Avenida JK.
9. Jaguaré e Butantã. 
Cidade Universitária (USP)
10. Morumbi e Paraisópolis.
11. Pinheiros. Alto de Pinheiros. Vila Beatriz e Vila Madalena. 
O Complexo Clínicas.
12. Moema e Ibirapuera.
O Mam e a Bienal.
13. Paraíso e Vila Mariana.
Museu Lasar Segall. O Complexo Ibirapuera.
14. Liberdade e Aclimação.
15. Brás, Pari. Gasômetro.
16. Jardim Anália Franco, Tatuapé, São Mateus.
Penha, Cangaíba, Belém, Belenzinho. Mooca, Vila Maria Zélia.
Parque Novo Mundo.Vila Matilde. Cidade Tiradentes. Itaquera.
Conjuntos Habitacionais.
17. Jabaquara.
18. Várzea do Carmo e Centro. Bixiga (Bela Vista). Bom Retiro.
Largo do Arouche. Museu das Favelas. Museu Catavento.
As grandes lojas de departamentos. O Vale do Anhagabaú. Galeria Prestes Maia. 
19. Indianópolis.
20. Ipiranga e Heliópolis. 
O Museu do Ipiranga. Água Funda. Zoológico.
21. Lapa, Vila Romana e Pompéia. 
Sesc Fábrica Pompéia.
22.Vila Maria, Casa Verde e Limão.
23.Freguesia do Ó, Pirituba e Brasilândia.
Pico do Jaraguá
24. Perus.
25. Brooklin Paulista e Campo Belo.
26. Santo Amaro, Interlagos, Capela do Socorro,
Jardim Ângela, Parelheiros e Cidade Dutra.
27. Campo Limpo e Vila Sônia.
28. Cambuci, Vila Prudente e Ipiranga
29. Santana, Tucuruvi, Carandiru, Vila Mazzei.
30. Mandaqui, Jaçanã e Tremembé.

SEGUNDA PARTE
GENTE, CULTURA, ARQUITETURA E COMUNICAÇÃ0

31. Capital da Vertigem e da Solidão
32. Mulheres Paulistanas.
33. Abastecimento e Gastronomia Paulistana.
34.A Publicidade, a Propaganda e a Pop Art
35.A Época das Salas de Cinema.
36.Jornais Paulistanos e Paulistas.
37. A Companhia e Editora Melhoramentos.
38. O Liceu de Artes e Ofícios.
39. Os Civita e a Editora Abril.
40. Livrarias e Sebos Literários.
41.Rádio e Tv Tupi.
Rádio, Tv Paulista e TV Globo.
Rádio e TV Cultura.
A Morte de Vlado Herzog.
TV e Rede Record.
Paulo Machado de Carvalho.
Silvio Santos e Edir Macedo.
42. Vida e Morte. Paulicéia Adoentada.
Modernas Necrópoles Paulistanas. Tragédias Paulistanas.
43. São Paulo de tempos remotos e hoje periféricos.
44. Arenas da Velocidade.
45. Pinacoteca do Estado.
46. Urbanização e Paisagem.
Lei Cidade Limpa.

TERCEIRA PARTE
EMPRESAS PÚBLICAS, MISTAS E MOBILIDADE

47.Transporte coletivo e mobilidade urbana:
Carroças, Metrô e Ciclovias.
Aviação e Aeronáutica.
Aeroportos Paulistanos e Regionais.
48. Bolsa de Valores-Bovespa.
49. Empresas Públicas Paulistas:
Vasp. Banespa. Caixa Econômica.
Telesp. Cosipa. Sabesp. Cesp. Cpfl. Emtu.
Metrô. Terminais Rodoviários e Travessias.
50. Arquivo Público Municipal de São Paulo.
51. Capitania, Província e Estado
52. Regiões Administrativas e Micro-Regiões.
53. A Era das Ferrovias e o Porto do Café.
O Trem de Prata SP-Rio.
54. Poderes de São Paulo. Alesp, Palácios dos Bandeirantes e Justiça.
55.Exército, Polícias e Bombeiros.
56. O Arquivo do Estado.
57. A Orquestra Sinfônica do Estado.
58. Industrialização, Urbanização e Poluição.
A Indústria Paulista e a Fiesp.
A Emblemática Votorantim.
A Beneficência Portuguesa.
Antônio Ermírio de Moraes. O Colégio Rio Branco.
59. Cidades Regionais do Centro e Oeste Paulista.
60. O Abc Paulista.
61.Franco da Rocha e o Complexo Psiquiátrico do Juquery
62. O Vale do Paraíba.
63. O Ita e o Centro Aeroespacial em S.J. dos Campos
64. Serra da Mantiqueira. Serra da Bocaina.
66. Pontal do Paranapanema.
67. Localidades Históricas e Turísticas
68. Unesp e Unicamp.
69. A Era das Rodovias e o Porto das Indústrias.
70. O Porto Federal em Santos, Guarujá e Cubatão.
O Porto Estadual de São Sebastião.

A Guerra Civil Paulista de 1924.

O Movimento Constitucionalista de 1932

*

INTRODUÇÃO

A URBIS PAULISTANA

VILA, CIDADE E METRÓPOLE 



Rua XV de Novembro em 1920. #SPFotos

Quem nasceu e viveu em São Paulo talvez não compreenda o olhar e as impressões de quem vem de fora sobre essa grande cidade, principalmente quem veio de lugares pequenos, silenciosos e calmos. 
Um dessas impressões foram - e ainda são- as rápidas mudanças que acontecem nesse universo urbano gigantesco e que recebe conhecidas classificações da dimensão da sua urbanidade. Metrópole e megalópole são as mais conhecidas. 

Em outros países, sobretudo na Europa, as grandes cidades atingiram seu ápice urbano de grandeza e complexidade no século XIX , apogeu da industrialização, principal fator do rápido e intenso   crescimento demográfico nessas localidades. 

São Paulo industrializou-se tardiamente, se comparada com as grandes metrópoles do mundo, porque desenvolveu-se sobretudo nas décadas do pós-guerra, quando muitas cidades do período industrial já tinham mais de um século de idade e de modernidade urbana. A capital paulista, nascida na segunda metade do século XVI, dormiu como uma província durante quatro séculos e só foi despertar quando milhares de imigrantes europeus e asiáticos, assim como os próprios brasileiros do interior e de outros estados, começaram a povoar suas pequenas ruas centrais e depois sua crescente periferia. 

Essa diferença em relação aos países já industrializados, impressionou fortemente alguns pesquisadores  europeus, convidados como professores visitantes da recém fundada Universidade de São Paulo no início dos anos 1930.  Claude Lévi-Strauss foi um deles e observou como a cidade  se transformou rapidamente de um território provinciano num imenso espaço urbano cheio de contrastes. Nessa mesma época, Pierre Monbeig viajou de São Paulo para o interior paulista e pôde observar o surgimento e transformação de arraiais em pequenas cidades a partir das estações ferroviárias que se instalavam nessas pequenas localidades. Algumas delas também se transformariam em grandes cidades tornando-se também referências e polos regionais. Tudo isso num curto período de pouco mais de 50 anos. 

Outro fenômeno  que ainda impressiona os novos moradores da cidade é como São Paulo é abastecido e dinamizado pelas novidades vindas de outras partes do mundo e que só vão repercutir no interior ou no litoral quase uma década depois. Isso acontece por causa das intensas e constantes viagens e intercâmbios de negócios com o exterior, permitido durante muitas décadas pelas viagens aéreas  e atualmente pela dinâmica das redes sociais na internet.  

Realmente São Paulo nunca dorme e não para. Essa tem sido a sua marca permanente desde quando resolveu se tornar uma gigantesca cultura cosmopolita. O cidadão paulistano e da Grande São Paulo é indiscutivelmente um Cidadão do Mundo. 

Antes de ser invadida por milhares edifícios de muitos andares e centenas de avenidas alargadas, efeitos da explosão demográfica e da industrialização, São Paulo dormiu por mais de três séculos o sono o sono provinciano de vila acanhada e rodeada de propriedades rurais. Com a o advento da república e sua ascensão politica e reconhecimento como Capital, a cidade rapidamente toma outros rumos de desenvolvimento.

No início do século XIX, como aconteceu nas demais capitais republicanas, a cidade adotou o modelo parisiense de modernização urbana, adotando uma estética dominante na época de construção e embelezamento de amplas áreas públicas como praças, largos, avenidas, estações ferroviárias, prédios de serviços públicos e principalmente parques de lazer e eventos. Essas transformações deram uma aparência de organização e sobriedade urbana, porém teria pouca durabilidade.

Nas décadas seguintes, atraídas pela beleza e praticidade, surgem rapidamente, na própria área central e também no seu entorno, as mudanças da verticalização que transformaram São Paulo num mar de prédio comerciais e residenciais. Eles tomaram conta da cidade na área central, forçando inicialmente a busca de ocupação nos bairros periféricos mais próximos, mas ainda dentro dos limites dos rios Tietê, Tamanduateí e Pinheiros.

Com o tempo, essa ocupação e verticalização atingiu as antigas freguesias, abrindo centenas de loteamentos para atender a crescente demanda de moradias. Surgem também no centro e nas áreas periféricas as ocupações precárias como os cortiços e favelas, que também vão se espalhando na medida que o crescimento urbano vai se deslocando no sentido inverso à área central.

Na década de 1970 tem início a ocupação organizada nas áreas limítrofes com outros municípios, que ainda tinham grande áreas verdes, antigos sítios e fazendas. Eram os primeiros condomínios suburbanos de luxo, construídos próximo às rodovias que davam acesso à Capital. Esse crescimento foi tão acelerado, muito estimulado pelo transporte de abastecimento, que houve a necessidade da construção gradual de um grande anel viário interligando as principais regiões e municípios da chamada Grande São Paulo.

O Rodoanel é hoje o grande ponto de transformação da Capital e sua expansão no sentido interior e litoral. Paralelamente, ocorreu nesse período, acentuadamente nas três últimas décadas, entre 1990 e 2020, uma intensa verticalização com a construção de edifícios com o dobro de andares dos que foram construídos nas décadas anteriores. Essas novas ocupações ocorreram principalmente em locais onde foram instaladas novas linhas e estações do Metrô, bem como novos terminais rodoviários.

Outro fator que facilitou essa expansão verticalizada foi a desativação de antigas fábricas e e galpões de empresas, que faliram ou que se deslocaram para o interior e outros estados. São Paulo atinge na terceira década do século XXI com cerca de 21 milhões de habitantes: "... é a sétima maior aglomeração urbana do planeta. São Paulo é a cidade brasileira mais influente no cenário global, sendo, em 2016, a 11.ª cidade mais globalizada do planeta". (texto do organizador)


MODELO PARISIENSE DE CIDADE ARISTOCRÁTICA



Guilherme Gaensly. Rua Libero Badaró, sentido Praça do Patriarca, c. 1920. Arquitetura semelhante aos edifícios da capital francesa, modelo de transformação urbanística da época. 
Acervo: Instituto Moreira Salles, São Paulo.



 Júlio Prestes então presidente do Estado de São Paulo (cargo equivalente ao atual de governador) em frente a antiga fábrica da Ford na rua Sólon, Bom Retiro, em 1929. Na foto Prestes é o que está mais na frente.  Influência da arquitetura fabril e pragmática norte-americana. São Paulo Antiga.


CONTRASTE : REALIDADE  DE CIDADE POPULAR


Vale do Anhangabaú em foto dos anos 60. / Foto / Carlos Moreira / Olhavê.

#

LEI CIDADE LIMPA



Calçadão da avenida Barão de Itapetininga nos anos 1970. 


Lei Cidade Limpa é um regulamento que ordena a paisagem do município de São Paulo que está em vigor desde 1 de janeiro de 2007. A lei foi sancionada pelo então prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e publicada no Diário Oficial da Cidade em 26 de dezembro de 2006 (Lei Municipal nº. 14.223/06) e proíbe a propaganda em outdoors na cidade, além de regular o tamanho de letreiros e placas de estabelecimentos comerciais, entre outras providências. Com a lei, foi anunciado a proibição de anúncios publicitários em muros, coberturas e laterais de lotes urbanos, a publicidade em bicicletas, motos, ônibus e carros. A legislação foi elaborada pela arquiteta e urbanista Regina Monteiro que estava a frente da Diretoria de Meio Ambiente e Paisagem Urbana da Emurb. A lei proíbe, em seu artigo 18, toda e qualquer forma de publicidade exterior: "Fica proibida, no âmbito do Município de São Paulo, a colocação de anúncio publicitário nos imóveis públicos e privados, edificados ou não."das consequências da lei é o desvio das publicidades para os outros meios de comunicação, pois, ao retirar as propagandas da rua os profissionais que trabalham com essa mídia passaram a redirecionarem seus veículos para outros locais, como sites em internet, spam online e outros locais, e ainda assim parte da população como comerciantes não se sentem favorecidos com a lei, já que foi retirada, através dela, parte de seu meio de veiculação de suas propagandas foi uma das principais e mais notáveis transformações urbanas que a cidade de São Paulo já passou na última década, tornando-se um marco histórico para a capital. O não cumprimento da lei implica uma série de punições, como por exemplo: intimação, multa, multa com reincidência (valor em dobro), cancelamento de licença/autorização (quando houver) e remoção do anúncio.



Rua Direita nos aos anos 1970 no auge da poluição visual.


A Rua Direita é um dos mais antigos logradouros da cidade de São Paulo, localizada na região da Sé. Tem início na Praça da Sé e término na Praça do Patriarca. Forma em conjunto com a rua Quinze de Novembro e a rua São Bento, o histórico "triângulo" do centro da cidade. Faz esquina com a rua José Bonifácio, o Largo da Misericórdia e a rua Quintino Bocaiuva. Foi aberta no final do século XVI para ligar o centro da cidade com a antiga estrada que levava à aldeia indígena de Pinheiros. Dar a denominação de Rua Direita a principal rua de uma cidade é um costume que veio de Portugal com os colonizadores. Não importando se a rua era reta ou não, sendo a principal rua da cidade ela tinha que se chamar Direita, e geralmente ficava à direita da principal igreja local, devido a influência religiosa na vida das pessoas. A rua inicialmente foi chamada "Direita de Santo Antônio" e também "Direita da Misericórdia", sendo os templos religiosos as referências. A rua tornou-se famosa nacionalmente nos ano 1970 quando tornou título de uma canção gravada pelo conjunto Os Originais do Samba, cujo verso inicial da letra brincava com esse nome: "Do lado direito da rua Direita", insinuando uma confusão geográfica e sentimental.[Textos e imagens da Wikipedia]

 

O LADO DIREITO DA RUA DIREITA


Rua Direita após  a Lei da Cidade Limpa.




Rua Direita: Luiz Carlos Evangelista de Souza e Francisco Serra. 


Do lado direito da rua direita
Olhando as vitrines coloridas eu a vi
Mas quando quis me aproximar de ti não tive tempo
Num movimento imenso da rua eu lhe perdi
Do lado direito da rua direita
Olhando as vitrines coloridas eu a vi
Mas quando quis me aproximar de ti não tive tempo
Num movimento imenso da rua eu lhe perdi
E cada menina que passava
Para o seu rosto eu olhava
E me enganava pensando que fosse você
E na rua direita eu voltarei pra lhe ver
Do lado direito da rua direita
Olhando as vitrines coloridas eu a vi
Mas quando quis me aproximar de ti não tive tempo
Num movimento imenso da rua eu lhe perdi
Do lado direito da rua direita
Olhando as vitrines coloridas eu a vi
Mas quando quis me aproximar de ti não tive tempo
Num movimento imenso da rua eu lhe perdi
E cada menina que passava
Para o seu rosto eu olhava
E me enganava pensando que fosse você
E na rua direita eu voltarei pra lhe ver...


*

HISTÓRIA

A ORIGEM PORTUGUESA E COLONIAL VICENTINA


Gravura de São Paulo na época do Império provinciana. Acervo da Biblioteca Nacional.


A história da cidade de São Paulo ocorre paralelamente à história do Brasil, ao longo de aproximadamente 469 anos de sua existência, contra os mais de quinhentos anos do país. Todavia tenha sido marcada por uma relativa inexpressividade, seja do ponto de vista político ou econômico, durante os primeiros três séculos desde sua fundação, São Paulo destacou-se em diversos momentos como cenário de variados e importantes momentos de ruptura na história do país.

Em 1532, Martim Afonso de Sousa fundou no litoral de São Paulo a primeira vila brasileira, de São Vicente. Onde ocorreu o primeiro conflito entre europeus na América Sul, a Guerra de Iguape. Donatário da capitania de São Vicente, Martim Afonso incentivava a ocupação da região e outras vilas são criadas no litoral, como Santos(1546) e Itanhaém (1561). Poucos anos depois, vencida a barreira representada pela serra do Mar, os colonizadores portugueses avançam pelo planalto Paulista, estabelecendo novos povoados. Em 1553, João Ramalho, que vivia no planalto desde antes da criação de São Vicente, funda a vila de Santo André da Borda do Campo, situada no caminho do mar (atual região do ABC paulista). Explorador português, João Ramalho era casado com a índia Bartira. Esta, por sua vez, era filha do cacique Tibiriçá, chefe da tribo dos tupiniquins. João Ramalho encontrava-se, dessa forma, apto a exercer a função de intermediário dos interesses portugueses junto aos indígenas.

Interessado em estabelecer um local onde pudesse catequizar os indígenas longe da influência dos homens brancos, o padre Manuel da Nóbrega, superior da Companhia de Jesus no Brasil, observou que uma região próxima, localizada sobre um planalto, seria o ponto ideal, então chamado de Piratininga. Em 29 de agosto de 1553, padre Nóbrega fez 50 catecúmenos entre os nativos, o que fez aumentar a vontade de fundar um colégio jesuíta no Brasil.
Ocupação da cidade

Desde o início, a ocupação das terras da cidade se deu de forma policêntrica, com diversos aldeamentos, principalmente jesuítas mas também de outras ordens eclesiásticas, em torno das quais iniciavam-se as aglomerações. A motivação mais natural para isso, em São Paulo, era o relevo da cidade, com muitos aclives e riachos. A organização urbana, da mesma forma que em toda a colônia, era centrada, administrativa e eclesiasticamente, nas paróquias. Cada paróquia era centrada em uma capela.A primeira paróquia foi, naturalmente, a Freguesia da Sé, fundada em 1589. Conforme os demais núcleos foram crescendo, eles desmembraram-se, com novas capelas ganhando status de paróquia. As paróquias desmembradas do centro foram:

1796, 26 de março: Paróquias de Nossa Senhora do Ó e Penha de França, ambas distantes cerca de 10 km do centro;  1809, 21 de abril: Paróquia da Santa Ifigênia, mais próxima mas naturalmente separada pelo rio Anhangabaú; 1812, 21 de outubro: Paróquia de São Bernardo, que no ano seguinte (1813, 9 de novembro) foi ainda elevado a distrito; 1818, 8 de junho: Paróquia do Brás, também mais próxima, mas naturalmente separada pelo rio Tamanduateí.

Além dessas, houve diversos aldeamentos mais distantes. Dentre eles, apenas dois prosperaram: o de Pinheiros e o de São Miguel, ambos fundados por José de Anchieta em 1560. Vários aldeamentos foram dizimados pela varíola, dentre os quais podemos citar: Itaquaquecetuba, Mboy, Itapecerica, Barueri, Guarapiranga, Carapicuíba, Ibirapuera e Guarulhos.

São desta época os primeiros caminhos: o que ia ao Campo do Guaré (hoje chamado bairro da Luz) tornou-se a atual rua Florêncio de Abreu. Os outros dois dariam origem às hoje denominadas rua 15 de Novembro e rua Direita.

Também no século XVI são fundadas novas igrejas: a Matriz, em 1588 (primeiro protótipo da Sé paulistana), a de Nossa Senhora do Carmo, de 1592 (demolida em 1928), a Igreja de Santo Antônio (ainda hoje na Praça do Patriarca), e a capela de Nossa Senhora da Assunção, por volta de 1600 (que daria origem ao atual Mosteiro de São Bento).




Túmulo do Chefe Tupiniquim Tibiriçá na Cripta da Catedral da Sé
, São Paulo. Aliado dos portugueses, Tibiriçá teve papel destacado na fundação da Vila de São Paulo de Piratininga, atual Cidade de São Paulo, em 1554. Foi convertido e batizado pelos jesuítas José de Anchieta e Leonardo Nunes. Seu nome de batismo cristão foi Martim Afonso, em homenagem ao fundador de São Vicente, Martim Afonso de Sousa. Por seu papel em proteger a Vila de Piratininga do ataque de indios hostis, Tibiriçá ganhou o título de Cavaleiro da Ordem de Cristo pelo Rei de Portugal. Foi também Proclamado por José de Anchieta como fundador e protetor da Vila da São Paulo de Piratininga, pois junto de seus guerreiros defendeu a jovem Vila da Invasão dos Índios Guaianases



Pátio do Colégio, no centro da cidade,  é onde foi levantada a primeira construção da atual cidade de São Paulo, quando o padre Manuel da Nóbrega e o então noviço José de Anchieta, bem como outros padres jesuítas a pedido de Portugal e da Companhia de Jesus, estabeleceram um núcleo para fins de catequização de indígenas no Planalto. É uma obra apostólica pertencente à Companhia de Jesus. Composto pelo Museu Anchieta, Auditório Manoel da Nóbrega, Galeria Tenerife, praça Ilhas Canárias (Café do Pátio), Igreja São José de Anchieta (abriga o fêmur de José de Anchieta), a Cripta Tibiriçá e a Biblioteca Padre Antônio Vieira. Também integram o complexo Pateo do Collegio o Museu de Arte Sacra dos Jesuítas e o projeto social Oficinas Culturais Anchieta, ambos no município de Embu das Artes.[Textos e imagens da Wikipedia]


Páteo do Colégio, em São Paulo, fundado por Nóbrega, Anchieta, Paiva e Brás em 1554. Fotografia de Militão Augusto de Azevedo, em 1862. Ponto de origem da expansão territorial e da colonização do interior do país, e hoje a maior cidade do Hemisfério Sul e a quinta maior cidade do mundo.


átio do Colégio, no centro da cidade,  é onde foi levantada a primeira construção da atual cidade de São Paulo, quando o padre Manuel da Nóbrega e o então noviço José de Anchieta, bem como outros padres jesuítas a pedido de Portugal e da Companhia de Jesus, estabeleceram um núcleo para fins de catequização de indígenas no Planalto. É uma obra apostólica pertencente à Companhia de Jesus. Composto pelo Museu Anchieta, Auditório Manoel da Nóbrega, Galeria Tenerife, praça Ilhas Canárias (Café do Pátio), Igreja São José de Anchieta (abriga o fêmur de José de Anchieta), a Cripta Tibiriçá e a Biblioteca Padre Antônio Vieira. Também integram o complexo Pateo do Collegio o Museu de Arte Sacra dos Jesuítas e o projeto social Oficinas Culturais Anchieta, ambos no município de Embu das Artes.[Textos e imagens da Wikipedia]

Bandeiras. No século XVII, as atividades econômicas da vila limitavam-se quase que exclusivamente à agricultura de subsistência. A produção e exportação de açúcar não tinha grande desenvolvimento, embora crescessem outros cultivos nos arredores da vila, como o de trigo, mandioca e milho, além da criação de gado. Não obstante, São Paulo permanecia como um núcleo de povoamento pobre e isolado das áreas mais dinâmicas da colônia. Assim, já nas primeiras décadas do século, os paulistas começaram a organizar as bandeiras – grandes expedições que partiam em direção aos sertões inexplorados da colônia, em busca de mão-de-obra indígena, pedras e metais preciosos. Em pouco tempo, os bandeirantes se tornaram os grandes responsáveis pela ampliação dos limites das fronteiras da colônia, incorporando ao território do Brasil inúmeras áreas que, de acordo com o Tratado de Tordesilhas, pertenciam à Espanha.. Os bandeirantes se tornaram figuras centrais na história política de São Paulo no século XVII, e a autoridade local dos exploradores por vezes sobrepujava os interesses da Igreja Católica e da própria coroa portuguesa. Em 1640, a forte oposição dos jesuítas à captura e comercialização da mão-de-obra indígena promovida pelos bandeirantes levou a uma série de conflitos entre os dois grupos, que culminariam, em 13 de julho daquele ano, com a expulsão dos jesuítas de São Paulo, medida que teve apoio dos comerciantes da vila. Os jesuítas só obteriam permissão para retornar a São Paulo em 1653.

É também na vila de São Paulo que se registra, no mesmo ano de 1640, o primeiro movimento nativista do Brasil, a chamada "Aclamação de Amador Bueno". Com o fim da Guerra da Restauração, em que Portugal restabeleceu sua independência política da Espanha, os moradores de São Paulo, principalmente bandeirantes e comerciantes, temiam ser prejudicados, já que haviam se beneficiado economicamente do tráfico de indígenas na região do rio da Prata durante as décadas em que vigorou a União Ibérica. Como forma de protesto, declararam São Paulo reino independente, e Amador Bueno, capitão-mor, rico morador da vila e irmão do bandeirante Francisco Bueno, é aclamado como rei. Amador Bueno, no entanto, rejeita o título e jura fidelidade à coroa portuguesa, encerrando o levante.


CICLODO OURO

Primeiros a explorar e ocupar o território mineiro, os paulistas logo enfrentariam a concorrência de luso-brasileiros de outras regiões da colônia, culminando no conflito denominado Guerra dos Emboabas. A descoberta paulista despertou pela primeira vez a atenção do reino português sobre a vila, já que São Paulo, a essa altura, não apenas concentrava a partida das expedições, mas também tornara-se o núcleo principal de irradiação das correntes de povoamento que se dirigiam para Minas Gerais e, posteriormente, para o Mato Grosso e Goiás. Como consequência, em 1709, São Paulo substitui São Vicente como sede administrativa da capitania (que tem seu nome alterado para Capitania de São Paulo e Minas de Ouro). Em 1711, São Paulo é elevada a cidade. Conta nesse ano 9 mil habitantes. Em 1745, torna-se sede de bispado autônomo, separando-se da diocese do Rio de Janeiro. Embora a corrida pelo ouro de Minas tenha enriquecido muitos desbravadores paulistas, o efeito sobre a cidade foi o oposto. O esvaziamento populacional empobreceu São Paulo, que assistiu a um longo período de estagnação em seu crescimento econômico. Com o esgotamento das jazidas mineiras, na segunda metade do século XVIII, a situação se agrava, e muitos paulistas retornam aos seus locais de origem. A cidade recebe novo fluxo populacional e tenta reorganizar sua atividade econômica.

O CICLO E O PORTO  DO AÇÚCAR 

O governo paulista passa a desenvolver um plano de fixação de suas populações em áreas exploradas da capitania, e começa a fornecer incentivos à lavoura e à indústria. O plantio da cana-de-açúcar é estimulado nas áreas a sudeste da capital, e grandes fábricas de tecelagem e fundição são instaladas.
De forma ainda intermitente, São Paulo começa a prosperar, e novas edificações são erguidas. Em 1750, com a expulsão dos jesuítas do Brasil, dessa vez por determinação do marquês de Pombal, os bens da ordem são confiscados. A igreja dos jesuítas, reconstruída no início do século XVIII, é transformada em sede da administração da capitania (agora, já separada de Minas Gerais e renomeada Capitania de São Paulo). Em 1765, é fundada a Casa de Ópera do Pátio do Colégio, primeiro teatro da cidade, e em 1775 é inaugurado o Cemitério dos Aflitos, primeira necrópole paulistana, destinada ao enterro de pobres, escravos e condenados à forca. Também do século XVIII são o Mosteiro da Luz(recolhimento de religiosas construído em taipa de pilão, a partir do projeto de Frei Galvão, de 1774) e a Igreja das Chagas do Seráfico Pai São Francisco (1787), entre outros. Em 1798, a cidade inaugura seu Jardim Botânico (atual Jardim da Luz). Ainda no fim do século XVIII, por iniciativa do marechal José Arouche de Toledo Rendon, os limites urbanos da cidade são expandidos, com a abertura da rua São João e da ponte do Marechal, sobre o rio Anhangabaú. Começa a ser formado o Campo do Curro, atual Praça da República.  Em 1792, a abertura da Calçada do Lorena, importante obra de engenharia do período colonial, ligando as cidades de São Paulo e Santos, forneceria condições adequadas para o transporte de açúcar e de outros gêneros alimentícios produzidos no interior da capitania. São Paulo é beneficiada por sua posição geográfica estratégica, como encruzilhada natural das vias de circulação entre o interior e o litoral da colônia. Afirma então seu papel de centro comercial, através do qual se fazia o escoamento da produção, rumo ao porto de Santos.

PROVÍNCIA E PALCO DA INDEPENDÊNCIA

Durante a maior parte de todo o século XIX, São Paulo preservaria as características de uma cidade provinciana, mas vê crescerem suas possibilidades de desenvolvimento após a transferência da Família Real Portuguesa para o Rio de Janeiro. A abertura dos portos às nações amigas, decretada por Dom João VI em 1808, dá novo alento à economia do litoral paulista, ao passo que interior da capitania continua a registrar relativa prosperidade com a plantação da cana-de-açúcar. A capital, situada em meio à rota obrigatória para o escoamento da produção do açúcar, assiste ao desenvolvimento do comércio. Cresce a importância política da capitania (que se torna província em 1821, e a cidade de São Paulo serve de palco para acontecimentos de grande importância na história do país. Entre os mais destacados nomes da campanha pela independência brasileira figurou um paulista, José Bonifácio de Andrada e Silva. E foi na capital paulista, à margens do riacho do Ipiranga, que Dom Pedro I proclamou a independência do Brasil. 

CIDADE IMPERIAL E BURGO DOS ESTUDANTES

Após a independência, São Paulo recebeu o título de "Imperial Cidade", outorgado por D. Pedro I em 1823. Em 1825, é criada a Biblioteca Pública Oficial de São Paulo, a primeira da província. Em 1827, é lançado o primeiro periódico da cidade, O Farol Paulistano. Em 1828, é inaugurada a Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Trata-se da mais antiga instituição de ensino jurídico do país, ao lado da Faculdade de Direito de Olinda, ambas instituídas por decreto imperial de 1827. Após a instalação da faculdade, a cidade recebe o título de "Imperial Cidade e Burgo dos Estudantes de São Paulo de Piratininga". O consequente afluxo de mestres e estudantes ocasiona uma radical mudança no cotidiano da cidade. Além de demandar a construção de hotéis, restaurantes e núcleos artísticos, a aglomeração de acadêmicos enriquece a vida cultural paulistana. Ao longo da história, a faculdade (incorporada à USP em 1934) formou parte considerável da elite intelectual e política brasileira, e seu edifício (instalado no local do antigo convento de São Francisco) foi palco de atos e manifestações públicas relacionadas a inúmeros fatos da vida política do país.


O II REINADO E O CICLO DO CAFÉ . 

Desde as primeiras décadas do século XIX, a queda dos preços do açúcar nos mercados internacionais havia motivado o cultivo do café no Brasil. Vindo do Rio de Janeiro, o café começou a ser extensivamente cultivado em São Paulo, sobretudo na região do Vale do Paraíba. Em 1850, o café já era o principal produto exportado por São Paulo. Do Vale do Paraíba, os cafezais se espalharam pelas terras roxas do oeste paulista, antes ocupadas com a cana-de-açúcar (Rio Claro, Campinas e Jaú), enriquecendo a província. A partir do reinado de D. Pedro II, a cidade ganha novo impulso com o desenvolvimento da economia cafeeira: os setores de comércio e de serviços aumentam consideravelmente e observa-se a formação de uma expressiva burguesia. Muitos fazendeiros prosperam, com lucros provenientes da utilização do trabalho assalariado e do emprego de mão-de-obra imigrante. A abundância de recursos financeiros propicia a realização de grandes investimentos, a maior parte custeada pela iniciativa privada. São abertas várias ferrovias, interligando a cidade de São Paulo às principais áreas produtoras da província e ao porto de Santos: a primeira é a São Paulo Railway, inaugurada em 1867, à qual se segue a Estrada de Ferro Sorocabana, entregue em 1870. Ao mesmo tempo, em áreas mais distantes do centro da cidade, as quais posteriormente seriam alcançados pela vertiginosa expansão urbana do século XX, um modo de vida rural ainda predominava, com diversas fazendas distribuídas por esse território.


MOVIMENTO REPUBLICANO E A MODERNIDADE URBANA

No primeiro censo nacional, realizado em 1872, São Paulo contabilizava 31 385 habitantes. A cidade ganha casas exportadoras e vários bancos de financiamento. Sua fisionomia começa a mudar: o casario baixo e acanhado começa a ceder lugar a edificações maiores e tipicamente urbanas. Com vistas a garantir a salubridade, é inaugurado, em 1858, o Cemitério da Consolação, o mais antigo em funcionamento da cidade. Em 1865, é fundado o Teatro São José. Em 1872, são instalados os serviços de abastecimento de água, esgoto e iluminação a gás, e é criado o sistema de transporte com bondes de tração animal. Em 1884, começam a funcionar as primeiras linhas telefônicas. Para suprir as necessidades educacionais da crescente elite paulistana e minorar os problemas provenientes da falta de habilitação técnica, a iniciativa privada inaugura as primeiras instituições de ensino (Instituto Presbiteriano Mackenzie, em 1870; Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, em 1873; Escola Alemã, em 1878). Após a década de 1880, o café teve nova valorização internacional. Os fazendeiros paulistas, entretanto, tinham de lidar com o problema da escassez de trabalhadores. Após a promulgação da Lei Eusébio de Queirós e a consequente abolição do tráfico negreiro, ocorrida em 1850, os negros escravizados tornaram-se escassos e cada vez mais caros. Para substituí-los, começaram a chegar os imigrantes, sobretudo italianos. Um número significativo desses imigrantes fixou-se na própria capital, empregando-se nas primeiras indústrias que se instalavam nos bairros do Brás e da Mooca, a partir de investimentos provenientes dos lucros obtidos pelos empresários do setor cafeicultor. Em 1882, é fundada a Hospedaria dos Imigrantes, a princípio no Bom Retiro (1882) e posteriormente na Mooca (1885).

A riqueza proveniente dos cafezais e de uma indústria ainda incipiente sustentou a liderança paulista no movimento republicano. Em 1873, realiza-se em Itu a primeira convenção republicana do Brasil, e é criado o Partido Republicano Paulista (PRP), que utilizará o periódico Correio Paulistano como veículo oficial. Com a extinção da escravidão após a promulgação da Lei Áurea, em 1888, os fazendeiros paulistas exigem indenização pela perda de propriedade. Sem conseguir, aderem ao movimento republicano como forma de pressão. O império perde sua última base de sustentação (crises políticas e econômicas iniciadas ou agravadas após a Guerra do Paraguai já haviam afastado a igreja e os militares da base de apoio da monarquia) e a república é proclamada no Rio de Janeiro, a 15 de novembro de 1889.

O SÉCULO XX E A INDUSTRIALIZAÇÂO

Com o crescimento industrial da cidade, no século XIX e XX, a sua área urbanizada passou a aumentar em ritmos acelerados, sendo que alguns bairros residenciais foram construídos em lugares de chácaras. O grande surto industrial se deu durante a Segunda Guerra Mundial, devido à crise na cafeicultura e às restrições ao comércio internacional, o que fez a cidade ter uma taxa de crescimento muito elevada até os dias atuais. Uma das indústrias de maior destaque nesse período é o conglomerado conhecido como Indústrias Reunidas Fábrica Matarazzo, a qual tinha seu parque industrial de cerca de 100 000 metros quadrados localizado no bairro da Água Branca, o qual funcionou entre as décadas de 1920 e 1980.

O fim da República Velha, assim como as seguidas crises econômicas que abalaram o café enquanto commodity na primeira metade do século XX, representam um marco político não só nacional, mas também da própria cidade de São Paulo. Nesse período, movimentos como a Greve Geral de 1917 e a Revolta Paulista de 1924 simbolizam a dimensão das manifestações populares que já ocorriam em São Paulo, bem como a disposição do governo federal em reprimir de forma veemente tais insurreições, ainda que à custa de parte da infraestrutura urbana paulistana. Por conseguinte, a chamada Revolução Constitucionalista de 1932 representa um choque mais amplo de interesses políticos, no qual parte da elite paulista e paulistana contestou a perda do poder político em escala nacional após a deposição de Washington Luís. Apesar da derrota paulista, um fato revelador da manutenção do prestígio político e econômico da elite paulistana foi a criação da Universidade de São Paulo em 1934, originalmente criada com a função de fornecer instrução de excelência para essa mesma elite, recebendo diversos professores estrangeiros de grande prestígio em seus anos iniciais.


A GREVE ANARCO-SINDICALISTA  DE 1917

Imagem de uma das ruas de São Paulo tomada de trabalhadores com bandeiras vermelhas na greve geral de 1917. Legenda n'A Cigarra diz: "A multidão de operários grevistas, depois de ter percorrido as ruas centraes, descendo a ladeira do Carmo, a caminho do Braz, empunhando bandeiras vermelhas" — A Cigarra, n.71 (26 July 1917),



Antecedentes. O período de 1917 a 1920 marcou o auge dos movimentos grevistas no Brasil. Liderado por imigrantes, principalmente italianos, esse processo entrou em declínio, principalmente devido à incompatibilidade entre as palavras de ordem dos movimentos, ditadas pelos organizadores, e os reais interesses do operariado. Com o crescimento industrial e urbano, surgiram bairros operários em várias cidades brasileiras. Formados em sua maioria por imigrantes estrangeiros, a vida nesses bairros era bastante precária, refletindo os baixos salários dos operários, a jornada de trabalho estafante, a absoluta falta de garantias de leis trabalhistas, como descanso semanal, férias e aposentadoria.

Em 1907, a cidade de São Paulo foi paralisada por uma greve que reivindicava: jornada de oito horas diárias de trabalho, direito a férias, proibição do trabalho infantil, proibição do trabalho noturno para as mulheres, aposentadoria e assistência médica hospitalar. A manifestação iniciada por trabalhadores da construção civil, da indústria de alimentos e metalúrgicos acabou contagiando outras categorias e atingindo diversas cidades do estado, como Santos, Ribeirão Preto e Campinas.

Contexto político econômico, Com o início da Primeira Guerra Mundial, o Brasil tornou-se exportador de gêneros alimentícios aos países da "Tríplice Entente"; essas exportações se aceleraram a partir de 1915, reduzindo a oferta de alimentos disponíveis para o consumo interno, e provocando altas em seus preços. Entre 1914 e 1923, o salário havia subido 71% enquanto o custo de vida havia aumentado 189%; isso representava uma queda de dois terços no poder de compra dos salários. Para salário médio de um operário de cerca de 100 mil réis correspondia um consumo básico que para uma família com dois filhos atingia a 207 mil réis. O trabalho infantil era generalizado. 

Exigências. A violenta greve geral estava deflagrada em São Paulo. Hermínio Linhares em seu livro Contribuição à história das lutas operárias no Brasil; 2ª Ed.; São Paulo; Alfa-Omega; 1977 diz: "O auge deste período foi a greve geral de julho de 1917, que paralisou a cidade de São Paulo durante vários dias. Os trabalhadores em greve exigiam aumento de salário. O comércio fechou, os transportes pararam e o governo impotente não conseguiu dominar o movimento pela força. Os grevistas tomaram conta da cidade por trinta dias. Leite e carne só eram distribuídos a hospitais e, mesmo assim, com autorização da comissão de greve. O governo abandonou a capital. (…)."


Trabalhadores cruzam os braços em uma fábrica em São Paulo.

As ligas e corporações operárias em greve, juntamente com o Comitê de Defesa Proletária decidiram na noite de 11 de Julho numeraram 11 tópicos através dos quais apresentavam suas reivindicações.

- Que sejam postas em liberdade todas as pessoas detidas por motivo de greve;
- Que seja respeitado do modo mais absoluto o direito de associação para os trabalhadores;
- Que nenhum operário seja dispensado por haver participado ativa e ostensivamente no movimento grevista;
- Que seja abolida de fato a exploração do trabalho de menores de 14 anos nas fábricas, oficinas etc.;
- Que os trabalhadores com menos de 18 anos não sejam ocupados em trabalhos noturnos;
- Que seja abolido o trabalho noturno das mulheres;
- Aumento de 35% nos salários inferiores a $5000 e de 25% para os mais elevados;
- Que o pagamento dos salários seja efetuado pontualmente, cada 15 dias, e, o mais tardar, 5 dias após o vencimento;
- Que seja garantido aos operários trabalho permanente;
- Jornada de oito horas e semana inglesa;
- Aumento de 50% em todo o trabalho extraordinário.

Negociações.Cerca de 70.000 pessoas aderiram ao movimento. Para defender a greve foi organizado o Comitê de Defesa Proletária, que teve Edgard Leuenroth como um dos principais porta-vozes.

Conclusão das paralisações. Os patrões deram um aumento imediato de salário e prometeram estudar as demais exigências. A grande vitória foi o reconhecimento do movimento operário como instância legítima, obrigando os patrões a negociar com os proletários e a considerá-los em suas decisões.

A ação do presidente Altino Arantes e do prefeito Washington Luís. O presidente do Estado de São Paulo, na época, Altino Arantes assumiria a defesa dos interesses das classes dominantes atribuindo à greve a uma infiltração de anarquistas e comunistas, considerados subversivos, em meio à classe trabalhadora. No entanto, em sua mensagem ao Congresso Legislativo do Estado de São Paulo, de 1918 assumiu ao menos em termos de discurso seu governo deveria agir "como elemento de mediação amparando concomitantemente os direitos de patrões e operários e velando pela ordem pública".


A SEGUNDA METADE DO SÉCULO XX

Segundo o censo realizado em 1960, a cidade de São Paulo contava com uma população de 3 825 350 habitantes. Nessa época, o município já era considerado o mais populoso do Brasil, também concentrando a maior parte da produção industrial e atividade econômica do país. Esse crescimento acelerado na primeira metade do século XX se deveu não só a imigração estrangeira, mas também à chegada de brasileiros de diversas regiões, em sua maioria atraídos pela demanda de mão-de-obra das indústrias localizadas em São Paulo. Nas palavras do geógrafo Pasquale Petrone, o qual escreveu em 1951 justamente sobre a rápida modificação urbana pela qual São Paulo esteve submetida no século XX:

“No que se refere à construção de prédios, parece não existir nenhuma cidade que a iguale: não há rua que não ofereça um telhado novo, raras são as que não assistem à construção de um prédio. Prédios residenciais, finos ou modestos, palacetes ou bangalôs estandartizados, arranha-céus, de 8 a 10 andares e gigantes de mais de 25 andares, com sua estrutura de cimento armado. Enquanto em Nova York constrói-se, a cada ano, uma casa para cada grupo de 423 habitantes, em Buenos Aires para 134, em São Paulo registra-se a média de 102. Nos últimos anos, o aumento médio anual de prédios foi mais de 18 000, embora já se tenha registrado um total de mais de 24 000 por ano. Pode-se afirmar, sem receio de errar, que se constrói em São Paulo uma casa em cada 20 minutos!"

Atualmente, o crescimento vem-se desacelerando, devido ao desenvolvimento industrial verificado em outras regiões do Brasil. A cidade passa por um processo de transformação em seu perfil econômico, convertendo-se de um centro industrial para um grande polo de comércio, serviços e tecnologia, sendo, atualmente, uma das mais importantes metrópoles do mundo.


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FERROVIA E URBANIZAÇÃO




A Estação da Luz em 1900: símbolo da prosperidade trazida pelo café. Ferrovias Paulistas. 

Ferrovias Paulistas


A SÃO PAULO RAIL COMPANY-SPR 

POR MARC FERREZ




Obras da Ferrovia São Paulo Railway. Fotografias de Marc Ferrez, c. 1870- 1880. Instituto Moreira Sales.


A São Paulo Railway inicia suas operações ligando Santos a São Paulo em 1865 e chegando a Jundiaí em 1867. No ano seguinte fazendeiros, capitalistas e grandes proprietários criaram uma nova empresa ferroviária – a Companhia Paulista de Estrada de Ferro, cujo objetivo inicial era ligar Jundiaí a Campinas. Os trilhos da ferrovia chegam a Campinas em 1872, Limeira em 1876, Rio Claro em 1884. Continuam sua expansão, através de construção e compra de outras companhias ferroviárias, ocupando uma enorme área do estado de São Paulo.  Seus trilhos percorriam milhares de quilômetros e chegavam nos limites do estado com Mato Grosso e Goiás, tendo incorporado, dentre outros, a Estrada de Ferro São Paulo Goiás, Estrada de Ferro Dourados, Estrada de Ferro Rio Claro.  Foram construídas em função dos interesses do café, caracterizando a clássica vinculação entre expansão cafeeira, ferrovia e urbanização. O trabalhador da ferrovia era preferencialmente brasileiro e com origem no estado de 
São Paulo. Quando estrangeiro basicamente português, sem distinção de ocupação por 
nacionalidade ( Brazil Imperial)


Obras da Ferrovia SPR. Fotografias de Marc Ferrez, c. 1870- 1880. Instituto Moreira Sales.

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MATARAZZO,  UMA FAMÍLIA PAULISTANA ICÔNICA



Francisco Matarazzo Júnior saindo com sua carruagem da cocheira da mansão da família, na avenida Paulista, em 1947. #SPFotos

Mansão Matarazzo em sua primeira versão em 1896, no estilo eclético. Foto da década de 1910. O palacete foi construído na avenida Paulista em estilo neoclássico, com área de 4.400 metros quadrados, implantado num terreno de doze mil metros quadrados de jardins. A casa foi cenário de festas grandiosas, frequentadas pela alta sociedade paulistana. Foi demolido em 1996 e o terreno foi vendido à Cyrela Commercial Properties e a uma empresa do grupo Camargo Corrêa (atual Mover Participações), por 125 milhões de reais, que no local construiu o Shopping Cidade São Paulo.


O ramo brasileiro foi fundado por Francesco Matarazzo, também conhecido no Brasil como Francisco, nascido em Castellabate em 9 de março de 1854, o primeiro dos nove filhos de Costabile Matarazzo, prestigiado advogado e proprietário terras, e de Mariangela Jovane. Francesco contraiu matrimônio com Filomena Sansivieri, com quem teve 13 filhos: Giuseppe, Andrea, Ermelino, Teresa, Mariangela, Attilio, Carmela, Lydia, Olga, Ida, Claudia, Francisco Júnior e Luís Eduardo. Em outubro de 1881 embarcou com a família para o Brasil, e quatro dos seus irmãos o acompanhariam pouco depois. Começou trabalhando em Sorocaba, onde foi tropeiro e abriu um comércio de alimentos, e mais tarde montou uma pequena fábrica para processar banha de porco. Uma segunda fábrica foi aberta em Capão Bonito, passando a acumular considerável fortuna também com o comércio de suínos e a produção de latas para embalar a banha produzida, uma novidade no Brasil. Em 1889 mudou-se para São Paulo. Seu sucesso empresarial levou à fundação em 1890 da Matarazzo & Irmãos, em sociedade com Giuseppe e Luigi, que foi a origem das Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo. Em 1900 a empresa já faturava 2 mil contos de réis. O império Matarazzo cresceu cada vez mais investindo em diversos setores, como o bancário, madeireiro, petrolífero, alimentício, têxtil, naval, siderúrgico, ferroviário e hidrelétrico. Foi um dos fundadores e primeiro presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo. Figura brilhante mas complexa e controversa, Matarazzo faleceu em 10 de fevereiro de 1937. Deixava uma fortuna estimada em 10 bilhões de dólares. Seu filho Ermelino havia sido preparado para sucedê-lo na direção do conglomerado empresarial, mas morreu antes do pai, recaindo o comando em Francisco Júnior. A divisão da herança deu origem a muitas disputas na família. 
[Textos e imagens da Wikipedia]


NASCIMENTO E MORTE DO RIO TIETÊ


O Clube de Regatas Tietê no início do século XX. Guilherme Gaensly. Museu Paulista


CHUVAS INTENSAS REDESENHARAM O TIETÊ HÁ 17 MIL ANOS. "Com um trajeto que corta quase todo o estado de São Paulo, desde a região metropolitana até a divisa com Mato Grosso do Sul, o rio Tietê tinha um formato bem diferente até cerca de 17 mil anos. Era um rio formado por uma rede de canais entrelaçados que corria 5 quilômetros (km) mais ao norte no interior paulista e a essa mesma distância ao sul na atual capital paulista, em comparação com o traçado de hoje.
A rede de canais percorria uma paisagem ocupada por árvores baixas e esparsas, similar ao Cerrado típico, entre terrenos com idades próximas a 17 mil anos e 35 metros (m) mais altos que os do atual leito. O rio era provavelmente três vezes mais largo e transportava rochas do tamanho de uma bola de tênis, que erodiam o leito e abriam caminho para terras mais baixas. A configuração atual do Tietê resultou das chuvas intensas que banharam a atual região Sudeste do Brasil. Em quase toda a área que hoje é o estado de São Paulo, períodos de chuva intensa e contínua, durante milhares de anos, transformaram a paisagem e alimentaram uma vegetação florestal, parcialmente eliminada nos últimos séculos com a expansão das cidades e da agricultura. O aguaceiro intensificou o transporte de sedimentos para o rio, que aos poucos migrou para terrenos mais baixos e jovens, com idade aproximada de 3 mil anos. Formou-se um canal principal sinuoso, as margens foram ocupadas por vegetação e, em consequência, o volume de água transportado para o rio diminuiu. Desde essa época, o rio carrega principalmente lama e sedimentos finos como a areia de praia".  Carlos Fioravanti. Revista PESQUISA Fapesp


Passagem da comitiva do Imperador Dom Pedro II pela Ponte Grande sobre o Rio Tietê, 1880. Foto Militão Augusto de Azevedo #SPFotos


TERRA DA NEBLINA  E DA GARÔA



Avenida 9 de Julho, anos 1950.


Do ponto de vista climático, São Paulo é caracterizada pelo clima tropical de altitude, devido ao gradativo aumento da umidade no final da primavera e início do outono, que são as estações de transição, respectivamente, para o verão (chuvoso) e inverno (seco). Uma intensa garoa regava o solo e o imaginário de artistas paulistanos. Atualmente, esta condição praticamente deixou de existir. Os motivos são os mais diversos, não sendo necessariamente ocasionados pela “martelada” mudança climática global, mas sim pelas modificações antrópicas associadas a um acelerado processo de crescimento urbano.

As alterações antrópicas que contribuíram decisivamente para acabar com a “garoa paulistana” estão ligadas ao próprio desenvolvimento da cidade. A construção das habitações em áreas legais e ilegais, de comércios, ruas, pontes resultou na retirada de árvores, importantes dispersoras de umidade (através da evapotranspiração); a impermeabilização do solo reduziu a infiltração e a umidade que ele proporcionava (também aumentou o escoamento superficial e contribuiu terminantemente para as enchentes). A retificação e canalização dos rios reduzem de forma marcante a oferta de umidade, a verticalização prejudica a circulação dos ventos e o deslocamento da umidade e a poluição, associada “às ilhas de calor”, aumenta muito a incidência de tempestades.

Pesquisas recentes (Fapesp e INPE) demostram o aumento de tempestades em detrimento da garoa, isso ocorre devido às ilhas de calor, que atuam aumentando a velocidade da evaporação, e à poluição, responsável pelo material particulado, que serve como “núcleo de condensação”. Assim, a velocidade de formação da precipitação (chuva) é muito maior, dessa maneira, vão ocorrer mudanças no padrão das precipitações com maior ocorrência dos eventos de tempestades.

São Paulo dificilmente voltará a ser a “terra da garoa”, pois medidas para reverter o processo de degradação que foi instalado são muito complexas e somente surtirão efeitos a longo prazo. Mas isso não quer dizer que devemos cruzar os braços. Medidas para mitigar os efeitos da poluição, das ilhas de calor (que também causam grande desconforto térmico) e das enchentes fazem parte da administração eficiente de uma cidade, devendo ser colocadas em prática algumas ações como: o plantio de árvores, a construção de praças, a retirada da cobertura de concreto e asfalto de áreas estratégicas (várzeas, por exemplo), a redução da verticalização em áreas de topos, a “descanalização” de rios e córregos, etc. Estas são medidas que no atual momento, apesar de serem mitigatórias, podem melhorar a vida das pessoas que moram em São Paulo. Mas, o título de “terra da garoa” já não vai mais ser de São Paulo.

Fonte: Hexag-Mackenzie


 Dia de chuva em 1940.  Avenida São João e o edifício da Delegacia Fiscal ao fundo.  #SPFotos


O DIA QUE A CIDADE CONGELOU 



Em 25 de junho de 1918, o Brasil presenciou um fenômeno curioso e encantador: a cidade de São Paulo parecia coberta de neve. No entanto, o que realmente aconteceu foi um evento raro, registrado pelo meteorologista José Nunes Belford Mattos em sua caderneta de observações, na estação meteorológica da Avenida Paulista, um dos pontos mais altos da cidade, ainda cercada de Mata Atlântica.

Naquele dia, a cidade estava envolta por uma forte neblina, e, de repente, o que parecia ser neve se formou rapidamente. Mas, ao contrário do que muitos pensaram, não era neve. O fenômeno foi causado pela sublimação do nevoeiro: a água passou diretamente do estado gasoso para o sólido, criando cristais de gelo finos, semelhantes à "poeira de neve" que vemos em geladeiras antigas. A quantidade de água era tão pequena que a condensação consumiu o vapor d'água em minutos, e o céu ficou bem azul.

Os termômetros marcavam 3,0°C negativos a 2 metros do solo e no chão certamente a temperatura era bem menor. Como estava muito frio, este gelinho não derreteu ao tocar o solo criando uma camada branca e dando um aspecto europeu à cidade. O fenômeno durou pouco, o gelo não resistiu ao sol da manhã.

Para os meteorologistas, a neve é uma precipitação que se forma dentro das nuvens, mas, naquele dia, não havia nuvens visíveis sobre São Paulo. Portanto, apesar do encantamento dos moradores, o fenômeno de 1918 não pode ser classificado como neve técnica, mas como um raro e fascinante exemplo de sublimação.

Fonte: Clima Tempo
Fotos: Antigo observatório da Paulista. Registro meteorológico realizado em 25 de junho de 1918.


PODERES MUNICIPAIS 



A criação da Câmara, importante marco da história da cidade de São Paulo, se deu por ato régio quando da criação da Vila de São Paulo de Piratininga, por ordem do governador-geral Mem de Sá, em 1560. As reuniões do Concelho, na época ocasionais, se davam na residência de um dos vereadores, uma vez que o paço municipal só viria a ser construído em 1575. Assim como em todo o Império Português, o funcionamento da Câmara era objeto de correições periódicas em que juízes togados examinavam a documentação e aferiam o cumprimento das Ordenações Manuelinas (depois de 1618, as Ordenações Filipinas). De acordo com a tradição ibérica, as antigas Câmaras exerciam, simultaneamente, os três poderes, legislativo, executivo e judiciário, conforme as Ordenações Filipinas, Título LXVI (Dos Vereadores):

Aos Vereadores pertence ter carrego [cargo] de todo o regimento da terra e das obras do Concelho, e de tudo o que poderem saber, e entender, porque a terra e os moradores della possam bem viver, e nisto hão de trabalhar. E se souberem que se fazem na terra malfeitorias, ou que não he guardada pela Justiça, como deve, requererão aos Juízes, que olhem por isso. E se o fazer não quizerem, façam-no saber ao Corregedor da Comarca, ou a Nós.


As atas da Câmara são fontes importantes para reconstruir a história da cidade, e estão hoje no Arquivo Histórico Municipal Washington Luís. Foram traduzidas e publicadas no começo do século XX pelo então prefeito Washington Luís. O tomo mais antigo sobrevivente é de 1562, como explica Taunay (1920):


De 1560 data, pois, a vida municipal de que deveriam constar os primeiros documentos comprobatórios se do arquivo da Câmara, não houvesse desaparecido o primeiro tomo das Atas, em época em que não é possível fixar, diz o Sr. Manuel Alves de Souza, um dos tradutores desses papéis de tão difícil leitura. Leu-o Azevedo Marques e Cândido Mendes de Almeida também o percorreu pouco antes de 1880. Não há 40 anos, ainda, foi subtraído o tão precioso livro... após uma permanência de mais de três séculos no arquivo paulistano. Para o período mais próximo da fundação do povoamento de José de Anchieta, há as Actas de Santo André da Borda do Campo, levadas à Piratininga em 1560. Como os primeiros habitantes de São Paulo de Piratininga, uma vila isolada no planalto, não tinham grande educação formal, os manuscritos são de difícil leitura e interpretação:

À primeira vista nem parecem as Atas da Câmara de São Paulo quinhentistas, escritas não em português, mas em idioma lusitaniforme, áspero e grosseiro, em que a grafia extravagante das palavras se une à confusão dos conceitos, às ambuiguidades da frase, à ausência de pontuação senão, frequentemente de termos indispensáveis à oração. Percorre-se toda a escala de atentados à gramática num estilo (?) bárbaro e tão cheio de vícios que torna os documentos de penosa leitura.
Já no século XIX, com a riqueza do café, vê-se algumas demonstrações de ostentação, como as capas dos tomos das atas com as letras folheadas a ouro.





Palacete da sede em 1862 em fotografia de Militão Augusto de Azevedo.


Já no período imperial, já sob a Constituição de 1824 e Lei de 1 de outubro de 1828, as primeiras eleições para vereador em São Paulo ocorreram em 1 de fevereiro de 1829, e a primeira sessão realizada no dia 22, presidida pelo juiz de fora da comarca. Os nove vereadores eleitos para o período 1829-1830 foram: sargento-mor José Manoel da Luz, presidente; alferes, José Manoel da França; capitão Antonio Bernardes Bueno da Veiga que, por ser idoso e doente, pediu escusas, sendo substituído pelo suplente, Pe. Ildefonso Xavier Ferreira; tenente Joaquim Antônio Alves Alvim; Cândido Gonçalves Gomide; capitão Francisco Mariano Galvão Bueno; sargento-mor Antônio Cardoso Nogueira.

Período republicano. Proclamada a República, a Câmara foi dissolvida pelo Ato n 26 de 10 de janeiro de 1890, e nomeado um Conselho de Intendência Municipal. Os vereadores depostos drs. Francisco de Penaforte Mendes de Almeida, José Evaristo Alves da Cruz e Vicente Ferreira da Silva consignaram protesto contra o ato de dissolução da Câmara "por ser um golpe no regime municipal, fundamento e origem das liberdades políticas do cidadão". No dia 13 foram empossados no Conselho de Intendência Antônio Pais de Barros, Cândido Franco de Lacerda, Dr. Clementino de Souza e Castro, Dr. José Álvares Rubião Júnior, João Batista de Melo Oliveira, Joaquim Paião, José Hipólito da Silva Dutra, Dr. Luís Anhaia Melo e Manoel Lopes de Oliveira.


COMO SE FAZ O PREFEITO DE SÃO PAULO


A eleição do prefeito e vereadores de São Paulo não é um pleito comum previsto superficialmente pela lei eleitoral. Trata-se um universo muito mais complexo. Ela reflete várias dimensões dos territórios da micro e macropolítica da megalópole formada pelas pequenas vilas, bairros, regionais urbanas, arredores de município vizinhos da chamada Grande São Paulo e também do litoral e interior do estado. 

Os tentáculos e relação da Capital com todas essas dimensões é fundamental para entender o processo eleitoral paulistano. É muito comum que o eleitor da Capital resida em trânsito nesses entornos divisórios paulistanos e paulistas. 

A complexidade eleitoral não para por aí e avança nas múltiplas organizações e instituições que funcionam como grêmios políticos-partidários: as empresas, as igreja, os times esportivos, as universidades, entidades corporativas e sindicais, associações de bairros, enfim, um imenso universo de interesses e expectativas que vão influir na composição do poder legislativo e executivo do município , do estado e da união. São mais de 18 milhões de habitantes e eleitores que definem seus representantes e seus mandatos. 

A eleição municipal de São Paulo é, desde sempre, uma vitrine e termômetro das tendências e anseios de todos esses fragmentos populacionais, organizados ou não. Todos sabemos que a maioria dos eleitores não tomam conhecimento das suas opções senão no dia do voto, fazendo escolhas improvisadas, pegando os folhetos de propaganda espalhados no chão próximo das suas zonas eleitorais. É ao mesmo tempo uma escolha individual e jurídica, mas também uma votação massiva e impessoal. Vem sendo assim desde que a cidade saltou de uma simples base provinciana para uma gigantesca megalópole. 

O prefeito de São Paulo pode ser um simples vereador ou líder local como também pode um vice-prefeito que herdou o mandato por acaso podendo torna-se rapidamente edil, o governador e o presidente da nação, como aconteceu com inúmeros antecessores. É um jogo muito interessante, como retrata esse artigo sobre uma recente sucessão politica e pleitos eleitorais na cidade. (Dalmo Duque, editor do blogue)



A EMBLEMÁTICA ELEIÇÃO PARA PREFEITO DE SÃO PAULO 

JOSÉ ANTÔNIO G. PINHO

Na eleição para Prefeito da cidade de São Paulo está em jogo muito mais do que a escolha do ocupante da cadeira do novo prefeito. A eleição se reveste de uma importância que transcende seu objetivo primeiro. Neste pleito estarão em confronto as duas forças políticas que emergiram da eleição presidencial de 2022, o lulopetismo e o bolsonarismo. Para caracterizar essas duas forças algumas nuances devem ser consideradas. Começando pelo lado mais fácil. Pela primeira vez, o PT não lançou candidato à prefeitura depois de sucessivos fracassos em eleições anteriores, o que pode indicar que o lulopetismo está se esgotando, se não já se esgotou. Ao reconhecer que não tinha em seus quadros um candidato natural, recorreu à Guilherme Boulos (PSOL), mais à esquerda no gradiente ideológico, o que deve ter animado alguns segmentos do partido, porém, causado desconforto em outros.
Do lado do bolsonarismo, a questão é mais complexa. Na verdade, o bolsonarismo, leia-se Jair Bolsonaro, não tem um candidato propriamente seu, embora teria dois. Por um lado, Ricardo Nunes (MDB), atual prefeito que herdou a cadeira de prefeito de Bruno Covas (PSDB) com seu falecimento. Com uma trajetória curta na política, com dois mandatos consecutivos de vereador e sem exibir grandes brilhantismos, foi ungido a vice de Bruno Covas na composição entre esses dois partidos em 2020. Com a vitória de Tarcísio de Freitas (Republicanos), para o governo do Estado em 2022, não teve muita opção do que se aproximar do governador para realizar seu mandato. Embora Tarcísio derive do bolsonarismo, já mostra uma certa independência do chefe, ainda que seja algo muito sutil e não explícito. Tem muita coisa em suspenso para Tarcísio definir uma rota própria, uma carreira solo, mesmo que se mantendo na raia bolsonarista. Se Tarcísio representa uma tentativa de um bolsonarismo de outro pedigree, Nunes não revela dotes bolsonaristas explícitos, o que tem levado o capitão a não se engajar na campanha.
Até aqui, o atual prefeito tem se mantido na “moita” sem declarar adesão explícita ao bolsonarismo, afinal de contas chegou aonde chegou sem o apoio do ex-presidente. A ligação mais explícita entre os dois se dá através da indicação do vice na chapa de Nunes feita por Bolsonaro, o Coronel da reserva da PM-SP, Mello Araújo. Este sim, bolsonarista de primeira hora, haja vista que ocupou os cargos de Comandante da ROTA (2017/19) e de diretor da Ceagesp (2020/23) por indicação do então presidente.
Por outro lado, tem-se Pablo Marçal que tem mais de bolsonarismo, possivelmente até mais do que o próprio Bolsonaro, se isto é possível. Porém, Marçal é uma ameaça inequívoca aos projetos do ex-presidente e de seu grupo. Por compartilhar traços comuns ao bolsonarismo, mas indo além dele, pode constituir um risco para estes. Se Bolsonaro mostrou alguns limites, mesmo tendo feito as barbaridades que fez, Marçal parece não ter limites.
Bolsonaro, inclusive, passou um certo período em quarentena, não se comprometendo com Nunes nem com Marçal, estudando o jogo, auscultando as pesquisas de opinião pública. A sede de poder de Marçal certamente atemoriza Bolsonaro, sabendo que o ex-coach revela-se capaz de tudo para lograr seus objetivos. Só para relembrar, Marçal postulava concorrer à Presidência já em 2022, algo um tanto petulante para alguém que entrava na política naquele ano. Tendo a candidatura não homologada concorreu à Câmara dos Deputados por SP (PROS). Alcançou o surpreendente 11o lugar, à frente de muitos políticos calejados, mas teve sua candidatura também não reconhecida. Em outras palavras, Marçal não está aí para brincar. Sua ambição, caso eleito prefeito, pode entrar em rota de colisão em um futuro breve com as pretensões do grupo Bolsonaro. Pode ser forçoso admitir que sem Bolsonaro, Pablo Marçal não existiria, porém esta não é uma hipótese descartável, pois Bolsonaro abriu caminho para assemelhados.

As pesquisas mais recentes, porém, mostram uma fadiga do material Marçal, principalmente por conta de sua atitude provocadora que resultou na resposta em forma de cadeirada por parte de  Datena. Na sequência, o soco desferido por seu principal assessor seu contra o marketeiro de Nunes só tem reforçado a resistência contra a candidatura do ex-coach, sem mencionar o vazio de suas propostas para a gestão municipal. Nesses últimos dias, Marçal sofreu uma queda, o que parecia indicar que seu manancial de apoios teria se esgotado e, assim, as dúvidas do clã Bolsonaro teriam se dissipado. Porém, na última pesquisa Datafolha, ele recuperou o fôlego e voltou a embolar subindo de 19% para 21%, acompanhando de perto o candidato Boulos, com 25% e nada distante de Nunes com 27%. Resta saber nesses últimos dias de campanha, com o decisivo debate a ser realizado pela Globo, se o candidato do PRTB vai continuar na recente estratégia de “Marçal, paz e amor” ou retomar seu curso natural do “deixa que eu chuto”, observando que os debates têm se constituído mais como um reality show, forma a qual Marçal se adapta bem.
A pesquisa mais recente (30/09/2024) da AtlasIntel mostra Boulos à frente, com 29,4%, Marçal em 2° com 25,4% e Nunes em 3° com 22,9%. Cabe observar que em relação à pesquisa anterior da mesma fonte, todos esses três cresceram, mas Marçal foi o que cresceu mais. Convém registrar que essa pesquisa é feita com entrevistas por telefone, o que pode causar distorções nos resultados. A pesquisa em tela ainda constata que o ex-coach é o preferido dos bolsonaristas. Se esses resultados de Marçal podem chocar os analistas, parece que ele está entregando o que boa parte do eleitorado quer, o que não deixa de ser um fator de grande preocupação. Suas propostas são um misto de teologia da prosperidade com coaching de prosperidade, nada incompatíveis entre si. O que Bolsonaro e Marçal têm em comum é uma crítica à política, colocando-se como paladinos de uma suposta nova política que, na verdade, traz em seu bojo o que tem de pior na atividade política com inquestionáveis riscos à democracia. Representam a fórmula de usar a democracia para se elegerem e, depois, minar as bases democráticas para implantação de regimes autocráticos, e, um passo adiante, ditatoriais.
Assim, parece que Bolsonaro terá que esperar até a última hora (embora o tempo esteja se esgotando) para entrar de vez na candidatura de Nunes, seu porto mais seguro, mesmo que esteja longe de morrer de amores pelo candidato.  Se Marçal é Bolsonaro demais, representando risco de a cópia superar o original, Nunes seria Bolsonaro de menos. Caso, Nunes saia vitorioso, Bolsonaro cantaria vitória, mas o vitorioso mesmo será Tarcísio, com Kassab na segunda fileira da foto. Na verdade, ao que tudo indica, o capitão só deve entrar na campanha no 2.o turno, caso Nunes passe.
Vale assinalar que Bolsonaro corre riscos em São Paulo, mas também em outras capitais. Se não conseguir emplacar candidatos vitoriosos caros à sua pregação, pode-se ver ameaçado de desaparecer na fumaça. Uma vitória de Nunes em São Paulo, ainda que de forma indireta, pode se constituir uma sobrevida ao capitão, sem considerar o reposicionamento das peças políticas que fatalmente ocorrerá. A mosca azul certamente morderá Tarcísio para se lançar candidato à presidência, aí já com uma autonomia mais larga em relação ao antigo chefe. A eleição de prefeito em São Paulo, se reveste, assim, de uma importância estratégica.
Do ponto de vista do lulopetismo, se Boulos vence a refrega, os créditos vão para ele próprio, credenciando-lhe para voos mais altos, mas também com intensidade para Lula. A vitória de Boulos, por outro lado, pode constituir uma ameaça ao PT, com uma diáspora para o partido vencedor de quadros mais à esquerda. É bom pontuar que o PT tem sido totalmente dependente de Lula, sem renovação de lideranças. Essa eleição ainda tem um outro componente. A ascensão de Marçal constitui mais um indicador da falência dos partidos. A sua opção pelo PRTB indica, por um lado, que o partido comprou sua proposta. Por outro lado, o fato do ex-coach buscar abrigo em um partido nanico indica que o porte do partido tanto faz desde que o candidato que “cause”, movimento que pode causar um grande estrago nos partidos estabelecidos. O PSDB já teve lavrado seu atestado de óbito, o PT, com exceção de Lula, já vem esmorecendo. O próprio MDB, mesmo sendo vencedor no pleito de São Paulo, vive uma esdrúxula situação de acabar nos braços do bolsonarismo ou de uma nova forma deste.
Faltando poucos dias para o pleito fica difícil cravar quem irá para o 2.o turno entre os três no pelotão dianteiro. Não é surpresa o ex-coach alcançar um patamar de uns 25% dos votos, em uma cidade com um eleitorado tão plural como São Paulo. Sempre pode ser argumentado que Nunes e Marçal disputam o mesmo eleitorado de direita e extrema direita e que, assim, Boulos seria beneficiado. Porém, este pode ser vítima do efeito Haddad. Na eleição de 2018 era esperado um crescimento de Haddad no 2° turno contra Bolsonaro. Isso até aconteceu animando o eleitorado petista/progressista, mas esse crescimento na decisiva reta final estancou. Pode ser que Boulos tenha atingido seu limite. Ainda não deve ser menosprezada a falibilidade das pesquisas com a presença dos indecisos e do voto envergonhado. De qualquer forma, no domingo à noite, dia 06 de outubro, saberemos que vai para o 2° turno, quais serão os primeiros vencedores, ainda que temporários, e os já derrotados.
FGV. Fundação Getúlio Vargas. Cadernos de Gestão e Cidadania. 


PREFEITOS PAULISTANOS


O primeiro administrador da cidade de São Paulo de que se tem notícia foi Salvador Pires, pai de Amador Bueno, o "homem que não quis ser rei". Salvador Pires era procurador do 2º Conselho (hoje Câmara Municipal), foi nomeado em 1563 e permaneceu à frente da então Vila de São Paulo de Piratininga por um ano. Até a promulgação da Lei municipal nº 374, de 29 de novembro de 1898, os homens que administravam a cidade eram chamados de intendentes (com exceção de um curto período entre 1835/38, quando a nomenclatura mudou para prefeito) e eram, no tempo do Império, os presidentes da Câmara Municipal de São Paulo, que, eleitos para a chefia do Legislativo municipal, eram automaticamente designados intendentes.

Com a nova lei e a criação do cargo de prefeito, coube ao conselheiro Antônio da Silva Prado ser eleito pela Câmara Municipal para assumir a prefeitura da capital, o que ocorreu em 7 de janeiro de 1899, sendo eleito e reeleito para a chefia do poder executivo por quatro vezes consecutivas, inclusive pelo voto direto dos paulistanos em 1907. Silva Prado administrou a cidade até 15 de janeiro de 1911, sendo o homem que mais tempo permaneceu como prefeito na história de São Paulo.

Até 1930, quando eclodiu a Revolução de 3 de outubro, os prefeitos eram eleitos diretamente pela população paulistana. A partir de então, coube aos governadores a escolha e a nomeação dos prefeitos (o que ocorreria também entre 1969/1988). Em 1953, foi restabelecido o voto direto para a prefeitura de São Paulo, tendo sido eleito o então deputado estadual Jânio da Silva Quadros. Jânio seria, novamente, o primeiro prefeito eleito pelo povo em 1988, depois de um jejum de 23 anos. Pois foi em 1965 que os paulistanos elegeram, na última eleição direta, o brigadeiro José Vicente de Faria Lima.

José Serra é o 41º prefeito da capital (considerados aqueles que assumiram por mais de uma vez o cargo), desde a posse Antônio da Silva Prado, entre eles duas mulheres. Nesse período, entre prefeitos, vice-prefeitos, presidentes da Câmara Municipal, secretários e diretores municipais, 59 pessoas ocuparam o cargo.

Veja abaixo a relação completa de todos os homens e mulheres que exerceram a chefia do Poder Executivo municipal de São Paulo com as respectivas datas:

07/01/1899-16/01/1911 - Antônio da Silva Prado - P

(23/01/1907-01/10/1907) - Asdrúbal Augusto do Nascimento - VP

16/01/1911-15/01/1914 - Raymundo da Silva Duprat - P

15/01/1914-16/08/1919 - Washington Luís Pereira de Sousa - P

16/08/1919-16/01/1920 - Álvaro Gomes da Rocha Azevedo - VP

16/01/1920-16/01/1926 - Firmiano de Moraes Pinto - P

16/01/1926-23/10/1930 - José Pires do Rio - P

24/10/1930-06/12/1930 - Joaquim José Cardozo de Mello Neto - P

06/12/1930-26/07/1931 - Luiz Inácio Romeiro de Anhaia Mello - P

26/07/1931-14/11/1931 - Francisco Machado de Campos - P

14/11/1931-05/12/1931 - Luiz Inácio Romeiro de Anhaia Mello - P

05/12/1931-24/05/1932 - Henrique Jorge Guedes - P

24/05/1932-03/10/1932 - Goffredo Teixeira da Silva Telles - P

03/10/1932-29/12/1932 - Arthur Saboya - DOV/RE

29/12/1932-02/04/1933 - Theodoro Augusto Ramos - P

02/04/1933-23/05/1933 - Arthur Saboya - DOV/RE

23/05/1933-31/07/1933 - Oswaldo Gomes da Costa - P

31/07/1933-22/08/1933 - Carlos dos Santos Gomes - P

22/08/1933-07/09/1934 - Antônio Carlos de Assumpção - P

07/09/1934-01/05/1938 - Fábio da Silva Prado - P

(01/02/1938-16/02/1938) - Paulo Barbosa de Campos Filho - DDJ/RE

01/05/1938-11/11/1945 - Francisco Prestes Maia - P

11/11/1945-15/03/1947 - Abrahão Ribeiro - P

15/03/1947-29/08/1947 - Christiano Stockler das Neves - P

29/08/1947-26/08/1948 - Paulo Lauro - P

26/08/1948-04/01/1949 - Milton Improta - SF/PI

04/01/1949-28/02/1950 - Asdrúbal Euritysses da Cunha - P

28/02/1950-01/02/1951 - Lineu Prestes - P

01/02/1951-08/04/1953 - Armando de Arruda Pereira - P

08/04/1953-31/01/1955 - Jânio da Silva Quadros - P

(07/07/1954-17/01/1955) - José Porphírio da Paz - VP

31/01/1955-22/06/1955 - William Salem - PCM

22/06/1955-13/04/1956 - Juvenal Lino de Mattos - P

(28/12/1955-04/01/1956) - Wladimir de Toledo Piza - VP

13/04/1956-08/04/1957 - Wladimir de Toledo Piza - VP/P

08/04/1957-08/04/1961 - Adhemar Pereira de Barros - P

(10/01/1958-06/02/1958) - Cantídio Nogueira Sampaio - VP

(09/02/1961-28/02/1961) - Manoel de Figueiredo Ferraz - PCM

08/04/1961-08/04/1965 - Francisco Prestes Maia - P

- Leôncio Ferraz Júnior - VP

08/04/1965-08/04/1969 - José Vicente de Faria Lima - P

- José Freitas Nobre - VP

08/04/1969-08/04/1971 - Paulo Salim Maluf - P

08/04/1971-21/08/1973 - José Carlos de Figueiredo Ferraz - P

21/08/1973-28/08/1973 - João Brasil Vita - PCM

28/08/1973-17/08/1975 - Miguel Colasuonno - P

17/08/1973-12/07/1979 - Olavo Egydio Setúbal - P

(04/01/1977-28/01/1977) - Carlos Eduardo Sampaio Dória - PCM

12/07/1979-15/05/1982 - Reynaldo Emygdio de Barros - P

15/05/1982-15/03/1983 - Antônio Salim Curiati - P

15/03/1983-10/05/1983 - Francisco Altino Lima - PCM

10/05/1983 - 01/01/1986 - Mário Covas Júnior - P

(17/05/1985-28/05/1985) - Marcos Ribeiro de Mendonça - PCM

01/01/1986-01/01/1989 - Jânio da Silva Quadros - P

(10/04/1986-12/05/1986) - Arthur Alves Pinto - VP

(08/03/1987-21/04/1987) - Antônio Sampaio - PCM

(29/05/1987-02/07/1987 - Cláudio Salvador Lembo - SNJ/RE

(11/12/1987-14/01/1988) - Antônio Sampaio - PCM

(20/07/1988-05/08/1988) - Cláudio Salvador Lembo - SNJ/RE

(26/12/1988-01/01/1989) - Antônio Sampaio - PCM

01/01/1989-01/01/1993 - Luiza Erundina de Sousa - P

(26/05/1989-03/06/1989) - Luis Eduardo Greenhalgh - VP

01/01/1993-01/01/1997 - Paulo Salim Maluf - P

(27/10/1993-21/11/1993) - Sólon Borges dos Reis - VP

(14/04/1995-08/05/1995) - Sólon Borges dos Reis - VP

01/01/1997-01/01/2001 - Celso Roberto Pitta do Nascimento - P

(24/03/2000-26/03/2000) - Régis Fernandes de Oliveira - VP

26/05/2000-13/06/2000 - Régis Fernandes de Oliveira - VP/P

01/01/2001-01/01/2005 - Marta Teresa Smith Vasconcellos Suplicy - P

(02/01/2002-04/01/2002) - Hélio Bicudo - VP

(27/01/2003-04/02/2003) - Hélio Bicudo - VP

(01/05/2004-09/05/2004) - Hélio Bicudo - VP

(13/10/2004-27/10/2004) - Hélio Bicudo - VP

(29/11/2004-08/12/2004) - Hélio Bicudo - VP

(01 /01 2005 -31/03/2006) - José Serra - P

(01/03/ 2006- 01/01/2013) - Gilberto Kassab - VP

(01/01- 2013- 01/2017)- Fernando Haddad-P

(01/01/2017-06/04/2018)- João Dória-P

(06/04/2018- 16/05/2021)- Bruno Covas-VP

(16/05/2021-01/01/2024)-Ricardo Nunes - VP

(01/01/2025)- Ricardo Nunes-P

Abreviaturas:

DDJ/RE - Diretor do Departamento Jurídico respondendo pelo Expediente da Prefeitura;

DOV/RE - Diretor de Obras e Viação respondendo pelo Expediente da Prefeitura;

P - Prefeito;

PCM - Presidente da Câmara Municipal;

SNJ/RE - Secretário dos Negócios Jurídicos respondendo pelo Expediente da Prefeitura;

SF/PI - Secretário das Finanças designado Prefeito Interino;

VP - Vice-prefeito;

VP/P - Vice-Prefeito que assumiu efetivamente o cargo de Prefeito.

(*) Antônio Sérgio Ribeiro, advogado e pesquisador, é funcionário da Secretaria Geral Parlamentar da Alesp.


O autor agradece a colaboração de: Sandra Sciulli Vital, da Divisão de Biblioteca e Documentação da Alesp; Supervisão de Biblioteca da Câmara Municipal de São Paulo; Gabinete do Vice-prefeito Hélio Bicudo.

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FARIA LIMA, UM PREFEITO ICÔNICO




José Vicente de Faria Lima (Rio de Janeiro, 7 de outubro de 1909 – Rio de Janeiro, 4 de setembro de 1969) foi um engenheiro militar e político brasileiro. Filho de João Soares de Lima, imigrante português vindo ao Brasil com apenas oito anos de idade que trabalhava no Arsenal da Marinha, e de Castorina de Faria descendente de velha estirpe espírito-santense. É irmão do almirante Floriano Peixoto Faria Lima, presidente da Petrobras nos anos de 1973 a 1974 e governador do Estado do Rio de Janeiro entre os anos de 1975 e 1979. Seu outro irmão, Roberto de Faria Lima, foi inspetor geral da Aeronáutica em 1974.

Carreira. Com 21 anos de idade foi graduado Oficial Aviador, logo depois iniciou sua carreira na aviação militar do exército, (depois incorporada pela Força Aérea Brasileira), chegando em 1958 a Brigadeiro do ar. Antes, no Colégio Militar, já havia mostrado ser um aluno aplicado. Na década de 1930, juntamente com Eduardo Gomes, do tenente Wanderley e do capitão Montenegro, voou muito pelo interior do país, fazendo as linhas do Correio Aéreo Nacional, sobrevoando por todo os recantos do território brasileiro, em uma missão de assistência e ligação desde os sertões até o litoral, que até então eram inacessíveis para populações do Brasil Central, do Mato Grosso e da Amazônia.

Na FAB fez cursos de aviador militar, de observador e de engenharia aeronáutica, especializando-se em engenharia na Escola Superior de Aeronáutica da Porta de Versalhes, na França, se destacando entre os alunos estrangeiros da escola. Participou da criação do Ministério da Aeronáutica e competiu com Nero Moura, no início da Segunda Guerra Mundial, para ser comandante do 1º Grupo de Aviação de Caça, mas, com especialidade na área técnica, cedeu seu lugar ao então major combatente, posteriormente se tornando assistente técnico do então Ministro Salgado Filho. Foi chefe da comissão da Aeronáutica nos Estados Unidos, em Washington, apesar das dificuldades, conseguiu suprir a aviação brasileira com material de voo necessário. Em 1948, tornou-se comandante do Parque de Aeronáutica de São Paulo, até o ano de 1954.

Chamado por Jânio Quadros, em 1955 assumiu a presidência da Vasp, transformando-a em uma das melhores empresas de aviação do país. Foi secretário de Estado da Viação e Obras Públicas, no governo Jânio Quadros, tendo permanecido no cargo durante a gestão Carvalho Pinto com administração exemplar. No ano de 1958, foi nomeado brigadeiro-do-ar, ainda exercendo a função de secretário, em que permaneceu até o ano de 1961, quando foi nomeado, pelo então presidente, Jânio Quadros, ao cargo de presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), cargo que permaneceu entre os meses de março a setembro, até a renúncia de Jânio Quadros.

Prefeitura de São Paulo. Em 22 março de 1965, foi eleito por voto direto ao cargo prefeito de São Paulo, após ser lançado pela legenda da União Democrática Nacional (UDN), disputando as eleições com o então vice-governador Laudo Natel, do Partido Republicano (PR), o senador Auro de Moura Andrade, do Partido Social Democrático (PSD), o deputado federal Franco Montoro, do Partido Democrata Cristão (PDC), o senador Lino de Matos, do Partido Trabalhista Nacional (PTN) e o engenheiro Paulo Egídio Martins. Assumiu a prefeitura de São Paulo no mês seguinte, sucedendo Francisco Prestes Maia. Sua gestão foi considerada excepcional pelo volume de obras e pela profunda alteração que promoveu na paisagem urbana da cidade. Para descentralizar a ação administrativa, a cidade de São Paulo foi dividida em 12 regiões, em que cada uma delas contava com subprefeitos e funcionários que eram responsáveis em acompanhar e levantar as necessidades de cada região.



Logomarca e slogan da administração Prestes Maia, copiado por muitas prefeituras na época.


Durante sua administração, Faria Lima notabilizou-se pelas diversas obras, entre elas a Marginal Tietê, a Marginal Pinheiros, avenidas Sumaré, Radial Leste, Vinte e Três de Maio, Rubem Berta, promovendo o alargamento e duplicando, dentre outras, a rua da Consolação e as avenidas Rebouças, Sumaré, Pacaembu, Cruzeiro do Sul e Rio Branco. Foram construídos inúmeros viadutos, como o Alcântara Machado, considerado um dos maiores da América Latina, mercados distritais, pavimentação de ruas, iluminação e logradouros públicos, como a praça Roosevelt, além de obras nas áreas de saúde, educação, bem-estar social etc. Foi durante este período que o serviço de bondes foi extinto em São Paulo, em 1967. Faria Lima começou as obras do Metrô de São Paulo, com a Companhia de Metrô em dezembro de 1968.

Foi também, durante sua gestão, que Faria Lima teve a iniciativa de criar um concurso para a criação de um piso padrão para as calçadas paulistanas, tendo como resultado a arte premiada de Mirthes Bernardes, representando de maneira minimalista o mapa do Estado de São Paulo em preto e branco, que tornou-se um dos principais símbolos da cidade.

Entre as obras para a melhoria do trânsito de São Paulo, Faria Lima começou a construção de uma avenida ligando os bairros de Pinheiros e Itaim Bibi. Após a sua morte a avenida, que se chamaria Radial Oeste, recebeu o nome de Avenida Brigadeiro Faria Lima em sua homenagem.

Sua eficiência administrativa fez com que Faria Lima ganhasse prestigio político no nacionalmente, chegando a ser considerado, ao lado do senador Carvalho Pinto e do governador Abreu Sodré, uma das três maiores forças políticas do Estado. Faria Lima só se filiou ao ARENA em maio de 1968, visando garantir sua chance de disputar o governo de São Paulo.

Faria Lima faleceu no dia 4 de setembro de 1969, no Rio de Janeiro, um ano antes das eleições que pretendia concorrer.



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JÂNIO, UM PREFEITO CARISMÁTICO E POLÊMICO



Jânio Quadros descendo a escadaria do Palácio das Indústrias, no centro de São Paulo, ao lado do Parque Dom Pedro, quando era governador de São Paulo, na década de 1950. Na época, o palácio era sede da Assembléia Legislativa de SP ( Alesp) Foto: Acervo Alesp/ antonio m. rudolf.


Jânio da Silva Quadros  (Campo Grande, 25 de janeiro de 1917 – São Paulo, 16 de fevereiro de 1992), Advogado, professor, letrólogo  e escritor. Foi prefeito e governador do estado de São Paulo nos anos 1950. Em seguida, foi o 22.º presidente do Brasil, entre 31 de janeiro de 1961 e 25 de agosto de 1961, data em que renunciou ao seu mandato. Em 1985, elegeu-se novamente prefeito de São Paulo dessa vez pelo PTB, tomando posse em 1 de janeiro de 1986, tendo sido este o seu último cargo eletivo. 

Filho do médico e engenheiro agrônomo Gabriel Quadros( vereador paulistano assassinado em crime passional por um correligionário), nasceu no estado de Mato Grosso (na porção que hoje corresponde ao Mato Grosso do Sul), mas foi criado em Curitiba. Em 1947, foi eleito vereador com 1 707 votos na cidade de São Paulo pelo Partido Democrata Cristão. A seguir elegeu-se prefeito do município de São Paulo, o que caracterizou uma grande façanha, pois enfrentou um enorme arco de partidos políticos. Após deixar o PDC e filiar-se ao Partido Trabalhista Nacional (PTN), foi candidato da aliança PTN-PSB a Governador de São Paulo, tendo ganhado o pleito sobre o favorito Ademar de Barros (um de seus maiores rivais políticos) por uma pequena margem de votos, de cerca de 1%. Sua gestão foi entre 1955 e 1959. 

Elegeu-se deputado federal pelo estado do Paraná em 1958, mas viajou para o exterior e não participou de nenhuma das sessões do Congresso. Ao retornar, preparou sua candidatura à presidência, com apoio da União Democrática Nacional (UDN). Utilizou como mote da campanha o "varre, varre vassourinha, varre a corrupção. Jânio chegou à presidência da República de forma muito veloz. Em São Paulo, exerceu sucessivamente os cargos de vereador, deputado, prefeito da capital e governador do estado. Tinha um estilo político exibicionista, dramático e demagógico. Conquistou grande parte do eleitorado prometendo combater a corrupção e usando uma expressão por ele criada: varrer toda a sujeira da administração pública. Por isso o seu símbolo de campanha era uma vassoura.

Foi eleito presidente em 3 de outubro de 1960, por uma coligação, para o mandato de 1961 a 1965, com 5,6 milhões de votos — a maior votação até então obtida no Brasil — vencendo o marechal Henrique Lott de forma arrasadora, por mais de dois milhões de votos. Porém não conseguiu eleger o candidato a vice-presidente de sua chapa, Milton Campos (naquela época votava-se separadamente para presidente e vice). Quem se elegeu para vice-presidente foi João Goulart, do Partido Trabalhista Brasileiro. Os eleitos formaram a chapa conhecida como chapa Jan-Jan. Embora tenha feito um governo bastante breve — que só durou sete meses — pôde-se, nesse período, traçar novos rumos à política externa e orientar, de maneira singular, os negócios internos. A posição de Cuba nas Américas após a vitória de Fidel Castro mereceu sua atenção. Na tarde de 25 de agosto, Jânio Quadros, para espanto de toda a nação, anunciou sua renúncia, que foi prontamente aceita pelo Congresso Nacional. 

Em 1985, contando com o proeminente apoio do empresariado (Olavo Setúbal, Herbert Levy) e dos setores e figuras mais conservadoras da sociedade paulistana, como a TFP, a Opus Dei, o ex-governador Paulo Maluf e o ex-ministro Antônio Delfim Netto, retornou aos cargos públicos elegendo-se prefeito de São Paulo também pelo PTB, derrotando o candidato situacionista, senador Fernando Henrique Cardoso (PMDB), e o representante das esquerdas, deputado federal Eduardo Suplicy (PT). Recebeu o cargo de Mário Covas, um santista e ex-janista que havia se tornado uma das principais lideranças do PMDB. "Com minha eleição a Prefeitura de São Paulo, encerro minha biografia política", afirmou em junho de 1985.

A morte da esposa Eloá, vítima de câncer, em novembro de 1990, agravou-se seu estado de saúde. Passou os últimos meses de sua vida entre casas de repouso e quartos de hospitais. Morreu em São Paulo, internado no Hospital Israelita Albert Einstein, em 16 de fevereiro de 1992, em estado vegetativo, vítima de três derrames cerebrais. Está sepultado no Cemitério da Paz em São Paulo.
(Resumido da Wikipédia)


Vale do Anhangabaú em 1952. Destaque para o então edifício sede da IRFM (atual prefeitura) e mais ao fundo outros edifícios como Palacete Prates, Sampaio Moreira, Martinelli, Banco do Brasil e Banespa.



O Poder Executivo do município de São Paulo é representado pelo Prefeito e seu Gabinete de Secretários, seguindo o modelo proposto pela Constituição Federal. A Lei Orgânica do Município e o atual Plano Diretor da cidade, porém, determinam que a administração pública deva garantir à população ferramentas efetivas de manifestação da democracia participativa, o que faz com que a cidade seja dividida em subprefeituras, cada uma delas liderada por um subprefeito, nomeado pelo prefeito. Cada subprefeitura conta com um conselho de representantes da sociedade civil eleito a cada 2 anos. A prefeitura atualmente é composta por 26 secretarias, aos quais são as seguintes de acordo com a Lei Municipal nº 17 776, de 13 de abril de 2022. O Poder Legislativo é representado pela Câmara Municipal, composta por 55 vereadores eleitos para cargos de quatro anos. Cabe à Câmara elaborar e votar leis fundamentais à administração e ao Executivo, especialmente leis relacionadas ao orçamento municipal, como, por exemplo, a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

Subprefeituras. São Paulo possui 32 pequenos "municípios" distribuídos pela cidade. Desde 2002, com a aprovação da lei 13.399, a maioria dos equipamentos públicos, como clubes da comunidade (antigos Clubes Desportivos Municipais - CDMs) e clubes da cidade foram transferidos para as Subprefeituras. As Subprefeituras têm o papel de receber pedidos e reclamações da população, solucionar os problemas apontados; preocupam-se com a educação, saúde e cultura de cada região, tentando sempre promover atividades para a população. Além disso, elas cuidam da manutenção do sistema viário, da rede de drenagem, limpeza urbana, vigilância sanitária e epidemiológica, entre outros papéis. Atualmente estas subprefeituras estão vinculadas à Administração Direta do Município por meio da Secretaria Municipal das Subprefeituras.

A política do Município de São Paulo, dado que o município possui posição de destaque na economia brasileira, tradicionalmente envolve interesses bastante diversos, não raro ligados a grupos sociais e políticos externos ao município. As decisões políticas que aí ocorrem costumam apresentar consequências em regiões alheias à cidade: visto que pela cidade circula grande parte dos capitais em fluxo no país, por exemplo, leis municipais envolvendo taxações diversas fatalmente acarretarão alterações econômicas em regiões distantes. Desta forma, a configuração política do Município é considerada bastante complexa, composta por grupos e forças sociopolíticas de caracterização bastante variada no espectro político. Muitos dos principais políticos do país são paulistanos, assim como vários dos maiores partidos políticos brasileiros possuem líderes importantes em São Paulo. Porém, são comuns ao longo da história política de São Paulo fenômenos essencialmente bairristas, exemplificados por políticos que possuem uma base de apoio restrita ao microcosmos paulistano.

Salto Industrial. O primeiro grande projeto para a instalação industrial na cidade foi o complexo industrial das indústrias Matarazzo na Barra Funda, na avenida Francisco Matarazzo, que aos poucos se expandia na cidade. Na década de 1930, os irmãos Jafet, atuando no ramo de tecidos, Rodolfo Crespi, os irmãos Puglisi Carbone e a família Klabin, que fundaria a primeira grande indústria de celulose do Brasil, a Klabin. Outro grande surto industrial deu-se, durante a Segunda Guerra Mundial, devido à crise na cafeicultura na década de 1930 e às restrições ao comércio internacional durante a guerra, o que fez a cidade ter uma taxa de crescimento econômico muito elevada que se manteve elevada no pós-guerra. Em 1947, São Paulo ganha sua primeira rodovia asfaltada: a Via Anchieta (construída sobre o antigo traçado do Caminho do Padre José de Anchieta), liga a capital ao litoral paulista. Na década de 1950, São Paulo era conhecida como A cidade que não pode parar e como A cidade que mais cresce no mundo. São Paulo realizou uma grande comemoração, em 1954, do "Quarto Centenário" de fundação da cidade. É inaugurado o Parque do Ibirapuera, lançados muitos livros históricos e descoberta a nascente do rio Tietê em Salesópolis. Com a transferência, a partir da década de 1950, de parte do centro financeiro da cidade que fica localizado no centro histórico (na região chamada de "Triângulo Histórico"), para a Avenida Paulista, as suas mansões foram, na sua maioria, substituídas por grandes edifícios. No período da década de 1930 até a década de 1960, os grandes empreendedores do desenvolvimento de São Paulo foram o prefeito Francisco Prestes Maia e o governador do estado de São Paulo Ademar de Barros, o qual também foi prefeito de São Paulo entre 1957 e 1961. Prestes Maia projetou e implantou, na década de 1930, o "Plano de Avenidas para a Cidade de São Paulo", que revolucionou o trânsito de São Paulo. Estes dois governantes são os responsáveis, também, pelas duas maiores intervenções urbanas, depois do Plano de Avenidas, e que mudaram São Paulo: a retificação do rio Tietê com a construção de suas marginais e do Metrô de São Paulo: em 13 de fevereiro de 1963, o Barros e Maia criaram as comissões (estadual e municipal) de estudos para a elaboração do projeto básico do Metrô de São Paulo, e destinaram ao Metrô suas primeiras verbas.

Salto populacional. No início dos anos 1960, São Paulo já somava quatro milhões de habitantes. Iniciado a sua construção em 1968, na gestão do prefeito José Vicente de Faria Lima, o metrô paulistano começou a operar comercialmente em 14 de setembro de 1974 e em 2016 contava com uma rede de 71,5 km de extensão e 64 estações distribuídas por cinco linhas. Naquele ano, foram transportados pelo sistema 1,1 bilhão de passageiros. No final do século XX e início do século XXI, São Paulo se tornou o principal centro financeiro da América do Sul[8] e uma das cidades mais populosas do mundo. Como a cidade brasileira mais influente no cenário global, São Paulo é atualmente classificada como uma cidade global alfa. A metrópole possui o 23.º maior PIB do mundo, representando, isoladamente, 9,2% de todo o PIB brasileiro e 34% do PIB do estado em 2018,sendo ainda responsável por 28% de toda a produção científica nacional em 2005.



Grande São Paulo vista da Estação Espacial Internacional à noite


Macrometrópole. O intenso processo de conurbação atualmente em curso na Grande São Paulo tem tornado inefetivas as fronteiras políticas entre os municípios da região, criando uma metrópole cujo centro está em São Paulo e atinge municípios, como por exemplo, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema (a chamada Região do Grande ABC), Osasco e Guarulhos, entre várias outros. A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) foi criada no ano de 1973 e atualmente é constituída por 39 municípios, sendo a maior aglomeração urbana brasileira e a terceira maior das Américas, com 20 820 093 habitantes. Outras regiões próximas a São Paulo são também regiões metropolitanas do estado, como Campinas, Baixada Santista, Vale do Paraíba e Sorocaba; outras cidades próximas compreendem aglomerações urbanas em processo de conurbação, como Jundiaí. O chamado Complexo Metropolitano Expandido, megalópole da qual a Grande São Paulo faz parte, ultrapassa os 32,2 milhões de habitantes, aproximadamente 75% da população do estado. As regiões metropolitanas de Campinas e de São Paulo, são interligadas pela aglomeração Urbana de Jundiaí, e formam a primeira macrometrópole do hemisfério sul, unindo 72 municípios que, juntos, abrigam 12% da população brasileira.

Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), também conhecida como Grande São Paulo, é a maior região metropolitana do Brasil, com cerca de 20,7 milhões de habitantes, e uma das dez regiões metropolitanas mais populosas do mundo. Reúne 39 municípios do estado de São Paulo em intenso processo de conurbação. O termo refere-se à extensão da capital paulista, formando com seus municípios lindeiros uma mancha urbana contínua.

A população, segundo a estimativa calculada para 1º de julho de 2021, era de 20 743 587 habitantes. Sua população é superior à de vários países, como o Chile (17 248 450), Países Baixos (17 100 475) e Portugal (10 487 289), além de ser mais populoso que a Bolívia, o Paraguai e o Uruguai juntos. Se a Região Metropolitana de São Paulo fosse uma nação, seria a 59ª mais populosa do mundo. Outros centros urbanos próximos a São Paulo são também regiões metropolitanas do estado, como Campinas, Baixada Santista, Vale do Paraíba, Sorocaba e Jundiaí. O chamado Complexo Metropolitano Expandido, megalópole da qual a Grande São Paulo faz parte, ultrapassa os 32,2 milhões de habitantes, aproximadamente 75% da população do estado. As regiões metropolitanas de Campinas e de São Paulo são interligadas pela Região Metropolitana de Jundiaí, e formam a primeira macrometrópole do hemisfério sul, unindo 72 municípios que, juntos, abrigam 12% da população brasileira.

A Região Metropolitana de São Paulo é o maior polo de riqueza nacional. A renda per capita em 2011 atingiu cerca de R$ 38 348. A metrópole detém a centralização do comando do grande capital privado, concentrando a maioria das sedes brasileiras dos mais importantes complexos industriais, comerciais e principalmente financeiros, que controlam as atividades econômicas no país Esses fenômenos fizeram surgir e condensar na região metropolitana uma série de serviços sofisticados, definidos pela íntima dependência da circulação e transporte de informações: planejamento, publicidade, marketing, seguro, finanças e consultorias, entre outros. A região exibe um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 760,04 bilhões (2011). Em 2011 representava 56,32% do PIB paulista.

A Grande São Paulo abriga quatro das trinta cidades com melhor infraestrutura no Brasil, tendo São Paulo em primeiro lugar, São Bernardo do Campo e Guarulhos empatadas na nona posição e Santo André na vigésima-sétima colocação.


Mapa político da região metropolitana e suas sub-regiões, conforme a lei complementar estadual 1 139, de 16 de junho de 2011:   Sub-região norte;   Sub-região leste;   Sub-região sudeste;   Sub-região sudoeste;   Sub-região oeste;   Município de São Paulo (integra todas as sub-regiões).



O Rodoanel Mário Covas (SP-21) é um anel rodoviário de 176 km de extensão que circunda a região central da Grande São Paulo. Construído ao longo de duas décadas (com a conclusão da última etapa prevista para 2025), o Rodoanel conecta todas as dez rodovias estaduais ou federais que passam pela Grande São Paulo, criando rotas alternativas que evitam, por exemplo, que caminhões vindos do interior do estado com destino ao porto de Santos circulem pelas vias urbanas já congestionadas da região metropolitana. A rodovia é dividida em 4 trechos, construídos em etapas separadas e operados por duas concessionárias diferentes. O primeiro trecho a ser aberto, o oeste, começou a ser construído em 1998 e foi inaugurado em 2002. O trecho sul foi aberto em 2010, e o leste em 2014. O trecho norte, ainda em construção. O congestionamento de veículos na cidade é recorrente, principalmente, mas não restrito, aos horários de pico. Desde 1996, a prefeitura adota medidas paliativas para amenizar os problemas causados pelo trânsito, como a adoção do Rodízio Municipal, a restrição de estacionamentos (Zona Azul) e de circulação de caminhões e veículos de carga. O recorde de congestionamento da cidade foi o de 344 km, em maio de 2014.


AS DEZ AVENIDAS MAIS LONGAS DA CAPITAL


Marginal Tietê – Crédito: Helvio Romero/Estadão


Marginal Tietê, com 22 km, aparece em primeiro lugar, de acordo com a Prefeitura de SP

São Paulo tem mais de 50 mil ruas e avenidas oficiais, que se estendem por mais de 19.400 quilômetros. Entre as mais longas da cidade estão a Marginal Tietê, considerada a principal via expressa da cidade; a avenida Sapopemba, que passa por regiões rurais e urbanas; e a avenida Aricanduva, importante acesso para os bairros da zona leste.

As vias da Capital paulista estão listadas na plataforma GeoSampa, mantida pela Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL): trata-se de um mapa digital em que é possível encontrar dados georreferenciados sobre o território. Além de informações sobre a rede de transporte público, mapas técnicos e dados de densidade demográfica e vulnerabilidade social, pode ser consultada pelo portal a Base de Logradouros do Município.
A seguir, estão listadas as vias mais longas, de acordo com a Base de Logradouros 2023. Segundo a Prefeitura, no caso de pistas contínuas que mudam de nome (a Radial Leste, por exemplo), cada trecho com nome diferente é medido separadamente.

1 – Marginal Tietê (22 quilômetros)
Considerada a via arterial mais importante do município, pois interliga as regiões central, norte, leste e oeste e tem conexões com as principais rodovias que dão acesso à região metropolitana. O trecho de 22 quilômetros considerado pela Base de Logradouros vai do viaduto Cebolão, na zona oeste, até o viaduto Imigrante Nordestino, na zona leste.

2 – Avenida Sapopemba (18,2 quilômetros)
As origens da avenida Sapopemba remontam ao século 19. Com o nome Estrada de Sapopemba, foi aberta para conectar os sítios e fazendas da região. De lá para cá, passou por retificações, mas permanece com seu percurso quase igual ao original. O nome, que significa “raízes angulosas” em tupi —  faz referência às árvores locais, que tinham raízes que se projetavam para fora da terra. A via começa na confluência da rua Água Rasa com a avenida Salim Farah Maluf e passa por regiões das subprefeituras Mooca; Aricanduva/Formosa/Carrão; Vila Prudente; Sapopemba e São Mateus (todas na zona leste). Nos 18,2 quilômetros, seu percurso termina próximo à divisa com Mauá.

3 – Avenida Aricanduva (16,8 quilômetros)
Do Tatuapé a São Mateus, estende-se por 16,8 quilômetros ao longo da zona leste. A via começa perto da rua Melo Freire, na Radial Leste, e termina na avenida Ragueb Chohfi. O termo Aricanduva vem do tupi para “terra das palmeiras da variedade airy”, já que “airica” significa palmeira e “duva” significa terra. Concluída na década de 1970, a via facilitou a ligação da Marginal Tietê com a Estrada de Itaquera, o que buscava facilitar o tráfego entre Itaquera, Penha e São Miguel Paulista.

4 – Avenida Jacu-Pêssego (12,5 quilômetros)
Esta avenida corre ao longo do córrego Jacu-Pêssego e é a junção da antiga estrada do Pêssego, área em que migrantes japoneses cultivavam a fruta, e da estrada do Jacu. Ela também é conhecida como avenida Nova Trabalhadores e seu percurso de 12,5 quilômetros corta os distritos de Vila Jacuí (subprefeitura São Miguel Paulista), Itaquera e José Bonifácio (subprefeitura Itaquera) e Iguatemi (subprefeitura São Mateus).

5 – Avenida do Estado (11,9 quilômetros)
Leva esse nome como uma homenagem ao Estado de São Paulo e margeia o canal do rio Tamanduateí. É uma importante conexão entre a capital e o ABC Paulista, que passa pelo centro da cidade e segue na direção das regiões das Subprefeituras Ipiranga e Vila Prudente.

6- Avenida das Nações Unidas (11,8 quilômetros)
É uma das vias que formam a Marginal Pinheiros. Nela está localizado um dos prédios mais altos da cidade; o Centro Empresarial Nações Unidas. A avenida leva esse nome em homenagem à Organização das Nações Unidas (ONU) e seu percurso vai da rua Hungria, na Subprefeitura Pinheiros (zona oeste), à avenida Interlagos, na Subprefeitura Santo Amaro (zona sul).

7 – Avenida Raimundo Pereira de Magalhães (11,7 quilômetros)
Começa na Subprefeitura Lapa (zona oeste), atravessa a Marginal Tietê e vai até o extremo norte da cidade, na região da Subprefeitura Perus (zona norte), passando por Jaraguá e Pirituba. O percurso chama atenção por contar com paisagens urbanas e também rurais. Leva o nome do português Raimundo Pereira de Magalhães, comerciante de açúcar e fundador, na Lapa, da Companhia Suburbana Imobiliária. Ele é apontado como responsável por custear o saneamento, abrir as ruas e construir os viadutos necessários para que o terreno se tornasse um parque industrial.

8 – Rua Doutor Assis Ribeiro (11 quilômetros)
O engenheiro Joaquim de Assis Ribeiro dá nome a essa rua de 11 quilômetros de extensão, que corre pela zona leste de São Paulo — da avenida Gabriela Mistral, na Penha, até a rua Frei Fidelis Mota, na Vila Jacuí. Nascido em Juiz de Fora (MG), Assis Ribeiro foi diretor da Estrada de Ferro Central do Brasil e membro da equipe de engenheiros envolvidos na construção de Belo Horizonte.

9 – Avenida Professor Luiz Ignácio Anhaia Mello (10,2 quilômetros)
Importante via arterial, liga os distritos São Lucas, Vila Prudente e Sapopemba, na zona leste, e dá acesso ao distrito do Ipiranga. Seu percurso inicia na avenida do Estado e termina na rua Milton da Cruz, na subprefeitura de Sapopemba. O homenageado pelo nome da avenida foi um engenheiro formado pela Escola Politécnica, ex-prefeito de São Paulo — por cerca de oito meses —, ex-vereador, professor universitário e fundador da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP.

10 – Avenida Salim Farah Maluf (10,2 quilômetros)
Com o nome do pai do político Paulo Maluf, a avenida Salim Farah Maluf tem 10,2 quilômetros de extensão e facilita o fluxo de veículos para a Marginal Tietê. Passa pelas áreas das Subprefeituras Mooca e Vila Prudente. Começa na avenida Condessa Elizabeth de Robiano, que integra a Marginal, e acaba na avenida Professor Luiz Ignácio Anhaia Mello.



 DISTRITOS E BAIRROS

TRANSFORMAÇÃO POLÍTICA E TERRITORIAL



Mapa das Regiões e Bairros da Cidade de São Paulo


Entre 1558, da sua elevação a categoria de Vila, e 2007, quando a cidade atingiu o ápice (sempre provisório) da sua dimensão e dinâmica geopolítica, a cidade passou por intensas mudanças, quase sempre acompanhadas pelo esforço de organização jurídica que respondesse às necessidades administrativas. A urbanização acelerada no início do século XX mudou totalmente a acanhada paisagem paulistana original, que ainda se mantinha nas primeiras décadas. Para acompanhar esse ritmo frenético, leis e decretos tiveram que ser sucessivamente aplicados para ordenar e organizar as ocupações. Essa evolução está descrita pelo IBGE no perfil da cidade, que obviamente muda de acordo com as rápidas e constantes transformações:

"Em divisão territorial datada de 2003, o município de São Paulo é constituído de 97 distritos: São Paulo e mais 96.

São Paulo tem cinco grandes zonas urbanas: Centro, Leste, Norte, Oeste e  Sul, com cerca de 96 bairros e centenas de vilas. Seguindo esse panorama, sem ordenar necessariamente por zona , inserimos os pontos e eventos considerados histórica e culturalmente  marcantes e mais ilustrativos do território municipal.  Escolhemos então as avenidas e ruas de grandes circulação com suas respectivas referências de notoriedade, assim como os seus estabelecimentos mais conhecidos e frequentados diariamente por milhões de paulistanos e paulistas.

Em seguida, na segunda parte da página, usando o mesmo critério (micro-regiões), escolhemos as cidades da grande região metropolitana de São Paulo e também das grandes regiões paulistas, do interior e do litoral:

1. Centro: Bela Vista; Bom retiro; Cambuci; Consolação; Liberdade; República; Santa Cecília; e Sé.

2. Zona Leste: Água Rasa; Aricanduva; Artur Alvim; Belém; Brás; Cangaíba; Carrão; Moóca; Pari; Penha; São Lucas; Sapopemba; Tatuapé; Vila Formosa; Vila Matilde; Vila Prudente; Cidade Líder; Cidade Tiradentes; Ermelino Matarazzo; Guaianases; Iguatemi; Itaim Paulista; Itaquera; Jardim Helena; José Bonifácio; Lajeado; Parque do Carmo; Ponte Rasa; São Mateus; São Miguel; São Rafael; Vila Curuçá; e Vila Jacuí.

3. Zona Norte: Jaçanã; Mandaqui; Santana; Tremembé; Tucuruvi; Vila Guilherme; Vila Maria; Vila Medeiros; Anhangüera; Brasilândia; Cachoeirinha; Casa Verde; Freguesia do Ó; Jaraguá; Limão; Perus; Pirituba; e São Domingos.

4. Zona Oeste: Alto de Pinheiros; Barra Funda; Butantã; Itaim Bibi; Jaguará; Jaguaré; Jardim Paulista; Lapa; Morumbi; Perdizes; Pinheiros; Raposo Tavares; Rio Pequeno; Vila Leopoldina; Vila Sônia

5. Zona Sul: Cursino; Ipiranga; Jabaquara; Moema; Sacomã; Saúde; Vila Mariana; Campo Belo; Campo Grande; Campo Limpo; Capão Redondo; Cidade Ademar; Cidade Dutra; Grajaú;; Jardim Ângela; Jardim São Luís; Marsilac; Parelheiros; Pedreira; Santo Amaro; Socorro; e Vila Andrade.


I

CAMPOS ELÍSIOS E REPÚBLICA


Alameda Nothmann, Campos Elísos. Embaixo dos trilhos da São Paulo Railway. Ao fundo a residência da família de Santos Dumont. 


 Campos Elíseos bairro  localizado no distrito de Santa Cecília, região central. Foi o primeiro bairro planejado da cidade, onde se fixaram vários dos antigos e abastados fazendeiros do café. No bairro está localizada a antiga sede do Governo do Estado de São Paulo, o Palácio dos Campos Elíseos, que pertenceu anteriormente ao aristocrata e político Elias Antônio Pacheco e Chaves, localizado na antiga Alameda dos Bambus, futura Avenida Rio Branco. A sede do Governo foi transferida posteriormente, após sofrer um incêndio, para o Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi. Veio a abrigar posteriormente a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo. A Sala São Paulo e a Estação Júlio Prestes, que foi reformada para ser a maior sala de concertos da cidade, também se localizam no bairro. O bairro  foi idealizado e loteado por empresários suíços no fim do século XIX, em 1878, notadamente pelo suíço Frederico Glete e o alemão Victor Nothmann, que adquiriram antiga chácara em um local conhecido como Campo Redondo e a lotearam. Para isso contrataram o arquiteto alemão Herman von Puttkamer, que desenhou o urbanismo da área. A localização era privilegiada: próximo da Estação Sorocabana, inaugurada em 1878 (atual estação Estação Júlio Prestes) e da Estação da Luz e, ao mesmo tempo, não muito longe do centro da cidade, os espaçosos terrenos do loteamento eram ideais para abrigar as mansões e residências dos barões do café quando vinham à capital a negócios. O Liceu Coração de Jesus, renomada instituição pedagógica também se instalou na área. E ficava nas cercanias o principal hospital da cidade à época, a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Algumas das ruas foram batizadas com os sobrenomes destes empresários ou em homenagem aos seus países de origem, como Alameda Glette, Alameda Nothmann, Alameda Cleveland e Rua Helvetia. Na Revolta Paulista de 1924 o bairro foi bombardeado e durantes os combates vários pontos da cidade foram atingidos, em especial bairros operários como Mooca, Ipiranga, Brás, Belenzinho e Centro, que foram seriamente afetados pelos bombardeios. A partir de década de 1930, os Campos Elíseos sofreram com o prejuízo dos barões do café que lá moravam. Com as dificuldades dos cafeicultores, e seus herdeiros que repartiam as heranças, e que optaram por mudarem para novos bairros, muitos casarões e mansões foram demolidos, cedendo espaço a prédios de apartamentos e galpões industriais. Outros continuaram de pé, sendo alugados e sublocados, transformando-se em pensões, cortiços e moradias coletivas precárias. Apenas um núcleo do bairro preservou características das décadas de 1930 e 1940. Trata-se da região próxima à rua Chácara do Carvalho (antiga propriedade do Conselheiro Antônio da Silva Prado, com seu majestoso palacete), onde fica o Colégio Boni Consilii: ali ainda existem alguns poucos casarões e edifícios residenciais de porte, muitos com garagem, ocupados ainda por pessoas de classe média. [Textos e imagens da Wikipedia]



O Palácio dos Campos Elísios, na Avenida Rio Branco.

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CAETANO DE CAMPOS, EDUCAÇÃO PÚBLICA DE ELITE


Escola Normal de São Paulo em 1908 


A Escola Normal Caetano de Campos, fundada inicialmente como Escola Normal da Capital, hoje é denominada como Escola Estadual Caetano de Campos. Funcionava no prédio anexo à Catedral da Sé velha e foi transferida para a Praça da República para o edifício projetado por Antônio Francisco de Paula Sousa e Ramos de Azevedo, inaugurado em 1894 e funcionou neste edifício até 1978, onde passou a abrigar a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Foi a primeira dessa modalidade , criada em 1846, com a primeira lei de instrução primária da Província de São Paulo que instituía: Art. 31º - 0 governo estabelecerá na Capital da Província uma escola normal de instrução primária. Todas as aulas eram dadas pelo mesmo professor, também fundador da escola, Dr. Manoel José Chaves. Havia uma variação de 11 a 21 alunos matriculados anualmente na escola. Esta escola atendia alunos exclusivamente do sexo masculino, que uma vez aprovados, poderiam prover instrução primária. No ano de 1867, a escola foi a fechada por ausência de verba, em razão da aposentadoria do professor. Após oito anos, foi reaberta devido a obrigatoriedade do ensino, consagrada na lei número 9 de 22 de março de 1874. Começa a funcionar em uma ala da Faculdade de Direito do Largo São Francisco e passou a aceitar estudantes do sexo feminino, que estudavam em horários e locais diferentes, já que não podiam ter contato com os estudantes do sexo masculino. Ocorre um novo fechamento das portas em 1878, por motivos de instalação, disponibilização de material didático, baixa frequência e alta evasão escolar: o curso começava com 214 alunos e alunas, terminando com apenas 44. Em 1880, a Escola foi novamente aberta, mas em outro local, mudando ainda mais duas vezes. Acomodou-se primeiramente na Rua do Tesouro; depois, no prédio do Fórum Civil. Mais tarde em 1881, foi transferida para a Rua da Boa Morte, conhecida hoje como Rua do Carmo.   Abrigava os cursos normais primários e secundários, para a formação de docentes nestes dois níveis de ensino. Tinha como anexo o Jardim da Infância, único caso de investimento pré-escolar na época da República e a Escola Modelo, destinada ao Ensino Primário masculino, dirigida pela professora Miss Browne. O Jardim de Infância foi inaugurado em 1896 e tinha como objetivo servir de estágio para aos professores normalistas. Com relação aos cursos normais, o espaço destinado a ela apresentava uma distinta separação entre a seção masculina situada na ala direita do edifício e a seção feminina, localizada na área esquerda. Essa diferenciação de gênero indicava também formações diferentes, que prescrevia disciplinas diferentes de acordo com o gênero. Por exemplo, na ala direita destinada aos alunos estavam as oficinas de tornos e marcenarias. Já na ala esquerda, situavam-se as oficinas de modelagem e esculturas em argila e gesso. Em anuários de ensino de 1907 e 1908, consta que a escola dispunha de um museu com mais de 600 espécies de zoologia, 257 fósseis, 150 espécies de mineralogia, um museu escolar de Saffray e aparelhos para o ensino de Anatomia. Nos meados dos anos 1870, o edifício contemplava várias salas para diferentes fins: sessenta amplas salas de aula, três salas dedicadas à música, quatro salas de professores, três secretarias, até dois gabinetes dentários, um gabinete médico, dois pátios abertos, dois cobertos, um auditório, uma sala nobre conhecida como sala Álvaro Guião, conservada até hoje, porém sem o mobiliário da época que eram poltronas de madeira, estas foram substituídas por poltronas de tecido, duas bibliotecas, quatro salas de orientação, além de porão, onde funcionava a cantina, o centro de documentação e depósitos . [Textos e imagens da Wikipedia]


PRAÇA RAMOS DE AZEVEDO





Em primeiro plano à esquerda o Theatro Municipal e o Hotel Esplanada. No centro o cruzamento da Praça Ramos de Azevedo com o Viaduto do Chá. Ao centro o Vale do Anhangabaú, os Palacetes Conde Prates. Ao fundo o Edifício Martinelli e Altino Arantes (Banespa), ainda em construção e à esquerda o Mosteiro São Bento, em 1949. São Paulo Antigamente.


A Praça Ramos de Azevedo é um logradouro situado no bairro da República, no Centro do município de São Paulo, no Brasil, famosa por abrigar o Theatro Municipal de São Paulo. A praça foi inaugurada junto com o Theatro Municipal em 1911, quando foi dado o nome de Esplanada do Theatro e passou a ter o nome de Praça Ramos de Azevedo após a morte do arquiteto apenas em 1928. A praça se localiza no espaço compreendido entre a Rua Conselheiro Crispiniano e Rua Formosa, à área frontal e atrás do Teatro Municipal de São Paulo e sob o Viaduto do Chá, ao lado do Prédio Alexandre Mackenzie e compõe, com tal espaço, um conhecido cartão-postal da cidade.

No terreno ficava a serralheria do imigrante alemão Gustav Sydow no antigo Morro do Chá, bem onde hoje é o Theatro Municipal. Após o local ter sido escolhido, o mesmo foi desapropriado pela Câmara Municipal em 1903. A Praça nasceu em 1911, juntamente com o Theatro Municipal de São Paulo, . naquela época, era mais conhecida como Esplanada do Theatro, e não fazia parte de um conjunto de obras para urbanização do Vale do Anhangabaú, hoje conhecida como Plano Bouvbaú. Antes da aparição do teatro, a região abrigava casas populares de aluguel que foram demolidas para abertura do Vale do Anhangabaú. O local passou a ser conhecido como Praça Ramos de Azevedo apenas em 1928 após seu falecimento, em homenagem ao arquiteto que construiu o Theatro Municipal.

O desenho da praça. A Praça Ramos de Azevedo fica em terreno onde antes estavam parte das terras da Chácara do Chá, pertencentes ao Barão de Itapetininga, José Joaquim dos Santos Silva, que realizava na região o cultivo de chá preto. O Governo exigiu que fosse aberta uma ligação entre o Largo da Memória e a Rua de São João em 1855, o que ocorreu com a abertura da Rua Formosa. No dia 21 de abril de 1863, a desapropriação de outros lotes foi autorizada pela Câmara Municipal de São Paulo, que decidiu reservar o local para a abertura das ruas Coronel Xavier de Toledo, Conselheiro Crispiniano, Barão de Itapetininga e 24 de maio. Estas vias foram oficialmente entregues entre 1875 e 1876. Em 6 de novembro de 1892, foi inaugurado o Viaduto do Chá, o primeiro da cidade de São Paulo, que passa sobre a praça.

A partir de 1895, gestores da prefeitura passaram a discutir a possibilidade de construção de um grande Theatro na capital paulista. O local, então conhecido como “Morro do Chá”, que viria a se transformar na Praça Ramos de Azevedo somente em 1928, foi o escolhido. O conjunto escultórico ali construído, chamado Monumento a Carlos Gomes, é um presente da comunidade italiana de São Paulo em homenagem ao grande compositor brasileiro de óperas – cujos personagens das mais importantes ilustram as estátuas e alegorias do monumento – e foi concluído em 1922, pelo escultor italiano Luigi Brizzolara. O conjunto passou a ser conhecido também como Fonte dos Desejos, em 1957.

Homenagem do Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da USP, a Ruy Barbosa.
As obras para a construção do Theatro Municipal foram iniciadas em 16 de junho de 1903. O trabalho foi projetado pelos arquitetos italianos Domiziano Rossi e Cláudio Rossi (apesar da coincidência, ambos não são irmãos), que prestavam serviços para o escritório do arquiteto brasileiro Francisco de Paula Ramos de Azevedo, conhecido como Ramos de Azevedo. O erguimento foi concluído após 8 anos, em 11 de outubro de 1911, com a inauguração oficial do Theatro Municipal de São Paulo.  Antes da chegada do prédio, a região abrigava a Serralheria e Marcenaria dos irmãos Adolph e Gustav Sidow além de suas residências, demolidos com a famosa edificação. A partir daí, a praça onde está situado o empreendimento passou a ser conhecida como Esplanada do Theatro. Em frente ao Theatro Municipal, desde 1907, já funcionava o Theatro São José, que acabou sendo demolido em 1924. Além destes, mais duas casas de espetáculos estavam instaladas no lado oeste do Anhangabaú. Para aprimorar as condições de acesso à região, técnicos da prefeitura decidiram realizar obras na região frontal ao Theatro. O projeto escolhido foi o de Joseph Antoine Bouvard, que previa a construção de uma área ajardinada que iria da Rua Líbero Badaró à Conselheiro Crispiniano e não incluía a área em torno do Teatro, pois tal projeto foi aprovado três dias antes da inauguração ds Praça . O nome do espaço só foi alterado para Praça Ramos de Azevedo em 1928, ano da morte do arquiteto, como homenagem ao responsável pelo Theatro Municipal. Após o ajardinamento da área da encosta do Morro do Chá, depois denominada Praça Ramos de Azevedo, o local, com alamedas curvas e tratamento paisagístico requintado, constituiu-se numa espécie de antessala para o Theatro, em uma ambientação que valorizava um dos mais importante espaços artísticos da cidade.


PRAÇA DO PATRIARCA



Vista frontal da praça por Júlia V.Z.


A Praça do Patriarca é um logradouro situado no Centro Histórico da cidade brasileira de São Paulo. A praça está situada no histórico distrito da Sé e é uma das praças mais antigas da cidade. A sua denominação homenageia o "Patriarca da Independência", José Bonifácio de Andrada e Silva. Apesar de fazer parte do Plano Bouvard de 1911 , e as primeiras desapropriações ocorrerem em 1913, o processo de abertura da praça ficou parado devido o estabelecimento de outras prioridades e a ocorrência de dificuldades financeiras fizeram com que as desapropriações só fossem retomadas em 1920. As últimas desapropriações foram autorizadas em 1 de abril de 1922. Construída em 1922 com a demolição de antigos casarões localizados entre a Ruas São Bento e Líbero Badaró, na continuidade das Ruas Direita e da Quitanda, lembrando que esta última terminava na Rua São Bento, não a cruzava. Foi inaugurada oficialmente em 13 de janeiro de 1926 com a instalação do Lampadário no centro da Praça, projetado por Ramos de Azevedo. 

A praça dá acesso a importantes pontos do Centro da cidade, como: Vale do Anhangabaú, Viaduto do Chá, Rua Líbero Badaró, Rua Direita, Rua São Bento, Rua da Quitanda, Rua XV de Novembro, dentre outros. Na esquina com a Ladeira Dr. Falcão, se encontra a sede da Prefeitura Municipal de São Paulo instalada no Edifício Matarazzo. Na região se localiza o prédio do Othon Palace Hotel, e o Edifício Barão de Iguape, o Edifício Sampaio Moreira entre outros tantos. A Igreja de Santo Antônio, que é considerada a Igreja mais antiga do centro, está na praça.

O Centro Histórico de São Paulo concentra o maior número de patrimônios tombados da cidade. São 910 exemplares em uma área de 4,4 km² nos distritos municipais da Sé e República, em que grande parte dessas construções aconteceram a partir de 1900. O surgimento da Praça do Patriarca se dá a partir da expansão do centro da cidade de São Paulo, com a travessia do Vale do Anhangabaú a partir do Triângulo Histórico (cujos vértices são o Mosteiro de São Bento, a Igreja de São Francisco e a Igreja da Ordem Terceira do Carmo) Até o início do século XIX, as ruas concentravam o comércio, a rede bancária e os principais serviços de São Paulo. Com a expansão da lavoura cafeeira, a cidade passou por transformações econômicas e sociais que refletiram na expansão da área urbana para além do perímetro do triângulo. São Paulo cresce e recebe muitos melhoramentos urbanos como calçamento, praças, viadutos, parques, trens, bondes, eletricidade, telefone, automóvel, e os primeiros arranha-céus. Anteriormente , a construção do Viaduto do Chá, projeto do arquiteto Jules Martins, em 1892 promoveu a ligação do "centro velho" com a "cidade nova. A partir da expansão da cidade para além do Anhangabaú, o Vale tornou-se um obstáculo geográfico e uma dificuldade para o deslocamento. Em 1911, o projeto do arquiteto francês Joseph Antoine Bouvard previa melhorias urbanas no centro da cidade e integração entre os espaços.

Praça do Patriarcha José Bonifácio, primeira denominação. No dia 22 de abril de 1922 , o Presidente da Câmara Municipal Raymundo Duprat assina a Lei nº 2475 que denomina Praça do Patriarcha José Bonifácio a praça fronteira ao Viaduto do Chá, entre as Ruas São Bento , Direita e Líbero Badaró e o prolongamento da Rua da Quitanda, lembrando que esta rua terminava na Rua São Bento, não a cruzava. A praça foi aberta nos mesmos dias em que passou a ter recebido o nome oficial junto ao centro comercial mais moderno da época, com a presença da loja de departamentos Mappin Stores, Grand Hotel de La Rotisserie Sportsman, e tempos depois mudaria para o novo Prédio na esquina da Rua da Quitanda a Casa Fretin , relojoaria e ótica fundada em 1885 pôr Louis Fretin, na rua São Bento, uma referência em equipamentos médicos, de laboratório e engenharia na época.

O primeiro traçado da Praça foi projetada por Rudge Ramos, por indicação de Raymundo Duprat, Presidente da Câmara Municipal. A inauguração oficial da Praça do Patriarca aconteceu com a instalação no dia 13 de janeiro de 1926 do monumento projetado pelos Escritórios de Arquitetura Ramos de Azevedo no centro da nova Praça. Batizado de Lampadário era composta de 4 luminárias para clarear o logradouro. Um dia antes do Prefeito Firmiano de Morais Pinto terminar o mandato. O Lampadário erroneamente foi chamado de Coluna Rostral, porém são algos completamente distintos.
As melhorias do Anhangabaú, com o Viaduto do Chá e o Parque de Bovard arrematavam construções imponentes, como o Teatro Municipal. Em 1929, em visita a São Paulo, o arquiteto francês Le Corbusier esboçou um importante projeto para a cidade. É contemporâneo a esse projeto o Plano de Avenidas para São Paulo, elaborado por Prestes Maia e Ulhôa Cintra, publicado em 1930. Tratava-se de um plano abrangente, que foi implantado em grande parte e é o principal projeto responsável pela atual feição da cidade de São Paulo, não tanto pela sua arquitetura, mas pela sua lógica e avenidas. Foi através dele que Prestes Maia impôs uma centralidade à cidade.

Meados do século XX. No início dos anos 90, o processo de abandono e deterioração do Centro de São Paulo atingiu seu auge. Nesta ocasião um grupo de empresários, em maioria representantes do setor financeiro se uniram a representantes de vários setores da sociedade e fundaram a Associação Viva o Centro, com o objetivo de reverter este quadro de degradação do patrimônio histórico de São Paulo. O grupo técnico da Associação elaborou o documento denominado “O Coração da Cidade”, que posteriormente foi entregue à Prefeitura de São Paulo. Este documento serviu como base para uma série propostas e decretos municipais , apresentando um diagnóstico das principais possíveis causas de deterioramento e soluções consideradas fundamentais para a reversão do processo, como por exemplo: a deterioração ambiental e paisagística; a dificuldade de acesso, circulação e estacionamento; a obsolescência e insuficiência do estoque imobiliário e a deficiência da segurança pessoal e patrimonial. O resultado foi a abertura do processo de tombamento de perímetro referente ao Parque do Anhangabaú, em abril de 1991. Entre os projetos, apresentava: Fachadas do Centro; Plano de incentivo à Cultura, Lazer e Turismo; Plano de revisão da ocupação e utilização do espaço público; Projeto Centro Acessível e o Projeto Patriarca, que englobava o Pórtico, e Praça e Galeria.

Características arquitetônicas. A iniciativa da Associação Viva o Centro levou à implantação de um pórtico projetado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, marcando a reurbanização da praça, que fora ocupada pelo trânsito e havia se transformado num terminal de ônibus. Um lugar onde as pessoas já não paravam mais e que com a reforma ganhou novas funções, recuperando seu sentido na cidade. Com a retirada dos ônibus, o amplo espaço existente foi designado aos pedestres, que conseguem acessar a praça por seis diferentes vias, e ganhou um piso de mosaico para delimitar a área. O arabesco de mosaico português existente foi reconstituído, com o auxílio de montagens de fotos, e cortado em uma das laterais por uma baia para veículos (carga e descarga, táxis e ônibus turísticos, entre outros). Outro elemento significativo no projeto do arquiteto Paulo Mendes Rocha é a cobertura metálica com 40 metros de vão, demarcando os limites entre o centro velho e novo, do interior ao exterior da Galeria Prestes Maia. A estrutura da cobertura se assemelha a uma asa de avião recoberta por chapas metálicas com dois pontos de apoio assimétricos. Na parte mais baixa, uma calha capta águas pluviais.

Detalhe do pórtico. A reforma da Praça do Patriarca levou, ao todo, nove meses para ficar pronta. As fundações, do tipo radier (tipo de fundação que distribui toda a carga da edificação de maneira uniforme no terreno), foram situadas fora dos limites da galeria subterrânea, com cuidado para não atingir tubulações de água, luz, gás e telefone. Depois, foi montado o pórtico e, em seguida, içada a cobertura metálica. Na parte interna da galeria, Mendes Rocha implantou a instalação de peças de diversos museus da cidade de São Paulo em vitrines, possibilitando o contato de transeuntes com obras de arte. O MASP (Museu de Arte de São Paulo) já mantém, ali, um espaço. A Praça também abriga a escultura de José Bonifácio, o Patriarca da Independência. A peça foi criada em 1972 por Alfredo Ceschiatti (1918-1989), destacado artista plástico brasileiro, com o incentivo da comunidade libanesa de São Paulo, em comissão formada por figuras como então ex-prefeito Paulo Maluf (1969-1971) e o engenheiro Miguel Badra.



PROJETO AULA PÚBLICA NO GLICÉRIO




"Desde o primeiro dia que entrou em sala de aula, há 33 anos, o professor de geografia Paulo Roberto Magalhães, 57 anos, sonha em contribuir para melhorar a sociedade e fazê-la acreditar que o caminho da mudança está atrelado à educação.  Professor de uma escola pública na região central de São Paulo, ele conta que a violência urbana é a tônica local e que as famílias dos alunos fogem à estrutura nuclear tradicional e muitas vivem em situação de vulnerabilidade. Mestre em arquitetura e urbanismo, o professor desenvolveu um projeto, em 2016, para levar os estudantes a visitações em vários pontos da capital paulista, para mostrar, a partir de fotografias antigas, como se deu a ocupação do espaço e como isso influencia a vida na região, em especial no Glicério, onde está inserida a escola em que ele trabalha: Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Duque de Caxias. Surgiu assim o projeto Aula Pública: Além dos muros da escola". Correio Brasiliense. 


Itinerários externos do Projeto Aula Pública.



II

BARRA FUNDA, SANTA CECÍLIA E VILA BUARQUE



Barra Funda é um distrito situado na região oeste do município de São Paulo, com 5,6 km² de superfície. Situado em uma área de várzea ao sul do rio Tietê, cortada desde o século XIX por duas ferrovias (Santos-Jundiaí e Sorocabana), foi durante muitos anos uma região de vocação industrial. Atualmente se tornou uma zona de classe média e pequenos escritórios. Em seu limite se encontram o Parque Fernando Costa (Parque da Água Branca) e o terminal rodoviário da Barra Funda, que funciona junto com a estação terminal da Linha 3 (vermelha) do Metrô de São Paulo. Foi retratada na obra de Alcântara Machado "Brás, Bexiga e Barra Funda", que aborda o cotidiano das classes proletárias da cidade de São Paulo na primeira metade do século XX. Por volta de 1850, a região que corresponde atualmente à Barra Funda fazia parte da antiga Fazenda Iguape, propriedade de Antônio da Silva Prado, o Barão de Iguape. Essa fazenda após loteada deu origem a várias chácaras, entre elas a Chácara do Carvalho, pertencente ao Conselheiro Antônio Prado, neto do Barão de Iguape, e que mais tarde se tornaria prefeito do município de São Paulo. As outras áreas loteadas deram origem ao distrito da Barra Funda e a parte dos atuais distritos da Casa Verde e Freguesia do Ó.[Textos e imagens da Wikipedia]

O desenvolvimento maior da região ocorreu após a inauguração da Estação Barra Funda da Estrada de Ferro Sorocabana, em 1875, funcionando como escoamento da produção de café paulista e também como armazém dos produtos que eram transportados do porto de Santos para o interior.
Isso incentivou o aumento populacional e a ocupação da região e de seus arredores, que se intensificou com a criação, em 1892, da São Paulo Railway, inaugurada próxima à Estrada Sorocabana, justamente onde se encontra atualmente o Viaduto da Avenida Pacaembu. O crescimento demográfico na região proporcionado pela ferrovia fez com que essa passasse a transportar, a partir de 1920, não apenas cargas mas também passageiros. A partir do século XX a população negra começou a povoar a região, alterando a característica essencialmente italiana da Barra Funda. O primeiro bonde elétrico de São Paulo foi lançado em 7 de Maio de 1902, ligando a Barra Funda ao Largo São Bento. Neste trajeto, passava nas ruas Barra Funda, Brigadeiro Galvão, até seu ponto final na rua Anhanguera. Também na Barra Funda, na rua Brigadeiro Galvão, foi inaugurada pela Companhia Telefônica Brasileira (CTB) em 14 de julho de 1928 a primeira central telefônica automática da cidade de São Paulo. Este prédio encontra-se conservado até os dias atuais. Esse desenvolvimento comercial do bairro, aliado à grande facilidade no transporte e à proximidade dos elitizados bairro de Higienópolis e Campos Elísios, fez com que parte da elite paulista da indústria e do café se instalasse nessa região ao sul do bairro, entre a linha férrea e as margens do rio Tietê. Outro fator que colaborou para o desenvolvimento da Barra Funda foi a proximidade com o Parque Industrial das Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo, instalado no bairro vizinho da Água Branca, em 1920. As Indústrias Matarazzo empregavam boa parte da população da região, assim como em grande parte da cidade e foram a base do conhecido "Império Matarazzo", que foi se enfraquecendo até se extinguir na década de 1980. O desenvolvimento da região sofreu um forte abalo com a Grande Depressão, que resultou no fechamento de indústrias e deslocamento da elite dessa região, abandonando seus casarões (alguns se tornaram cortiços mais adiante). Restou basicamente a indústria artesanal com oficinas, marcenarias, serraria ou indústrias alimentícias e têxteis de pequeno porte.

CULTURA. Em 1917 foi inaugurado o Teatro São Pedro. Três anos depois, o Palestra Itália de São Paulo comprou um terreno em que foi construído o Estádio Palestra Itália, pertencente ao clube que em 1942 mudaria seu nome para Sociedade Esportiva Palmeiras, em 2014 foi inaugurado o novo estádio do clube, o Allianz Parque, no mesmo local do antigo estádio. A Barra Funda também foi palco da criação do mais antigo cordão de carnaval da cidade: o Grupo Carnavalesco Barra Funda. O Grupo foi perseguido por pressão do presidente Getúlio Vargas, que confundiu a associação já que os mesmos utilizavam camisas verdes e calças brancas, mesmas cores da ação Integralista de Plinio Salgado. Finalmente, mudou de nome em 1953 para cordão Camisa Verde e Branco, mais tarde tornando-se escola de samba em 1972, ganhando o carnaval paulistano por 9 vezes e mantém sua sede no distrito.

A partir da década de 1970 começou a migração nordestina para a região e a atividade industrial, anteriormente um dos grandes pontos fortes da Barra Funda, diminuiu sensivelmente. Essa situação começou a mudar apenas no final da década seguinte, com a construção do Terminal Intermodal Barra Funda, um dos maiores do país e com importância semelhante ao Terminal Tietê, pois reunia todas os tipos de transporte coletivo existentes na capital paulista: Metrô (com a inauguração da estação terminal da linha 3 - Barra Funda), trens das antigas linhas Sorocabana e Santos-Jundiaí, além de ônibus para viagens municipais, intermunicipais e internacionais. Tais obras trouxeram novo desenvolvimento a área, com a revitalização de imóveis antigos, novos estabelecimentos comerciais e inclusive a instalação dos estúdios da Rede Record de televisão em 1995. Antes eram ocupados pela extinta TV Jovem Pan. Neste bairro também se encontram os Fóruns Trabalhista Rui Barbosa e Criminal Mário Guimarães, além de abrigar a nova sede da Federação Paulista de Futebol. A FPF, antigamente, era situada na Av. Brigadeiro Luiz Antônio, centro da Capital.


Santa Cecília é um distrito situado na zona central do município de São Paulo. O distrito compreende os bairros de: Campos Elísios, Santa Cecília, Várzea da Barra Funda (triângulo formado entre as vias férreas do Trem Metropolitano e as avenidas Abraão Ribeiro e Rudge), e parte da Vila Buarque onde estão localizados o Largo Santa Cecília e a estação do metrô Santa Cecília. Em seus domínios encontram-se a maior parte do Elevado Presidente João Goulart (vulgo Minhocão), a Praça Marechal Deodoro, a Praça Princesa Isabel, a Praça Júlio Prestes e o Largo Coração de Jesus.

Enquanto a área do distrito ao sul das linhas de trem é caracterizada pelo alto adensamento e pelo uso misto residencial e comercial, as localizadas ao norte dele são menos verticalizadas, marcadas pela presença de casas, galpões e indústrias. Regiões como o bairro de Campos Elíseos e o entorno do Elevado, outrora habitadas por uma população de alta renda, atualmente se caracterizam por maior diversidade no perfil socioeconômico. Edifícios históricos se concentram notadamente nos Campos Elíseos, tais como o Palácio dos Campos Elísios, a antiga residência da família de Elias Antônio Pacheco e Chaves, mais tarde sede do Governo do Estado de São Paulo e residência oficial do Governador do Estado de São Paulo antes da mudança para o Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi.

Santa Cecília é um bairro situado zona central do município de São Paulo pertencente ao distrito homônimo de Santa Cecília. Foi um dos primeiros loteamentos de alto padrão do município, onde se fixaram vários dos antigos fazendeiros do café. A localização privilegiada e os espaçosos terrenos do loteamento eram ideais para abrigar as mansões e residências dos fazendeiros quando vinham à capital a negócios. Também ficava nas cercanias o principal hospital do município à época, a Santa Casa.
A partir de década de 1930, com a epidemia de febre amarela que assolou localidades do interior do estado fazendo com que cafeicultores mudassem suas residências para a capital, somadas a Grande Depressão (a Crise de 1929) e a Revolução de 1930 trouxeram mudanças a muitas famílias, que, instalados no bairro, tiveram muitos de seus casarões e mansões demolidos, cedendo espaço a prédios de apartamentos, cedendo à especulação imobiliária. Outros continuaram de pé, sendo alugados e sublocados, transformando-se em pensões, cortiços e moradias coletivas precárias.

Mas outros fatores também contribuíram para a decadência progressiva do bairro, entre as décadas de 1930 e 1990: herdeiros de imóveis que na partilha de bens e desinteresse pelo bairro, os venderam ;
o processo de decadência e esvaziamento da região central do município, a partir da década de 1970, com a transferência de muitos escritórios para a região da Avenida Paulista; a falta de atratividade do bairro para a classe média, uma vez que a maioria dos prédios de apartamentos lá construídos, das décadas de 1930 e 1940, não tinham garagem nem área de lazer (os edifícios passaram a ser ocupados por famílias de renda mais modesta, que não tinham condições de conservar adequadamente os imóveis); a construção em 1970 do Elevado Presidente João Goulart (vulgo Minhocão) na Consolação sobre a rua Amaral Gurgel e na Santa Cecília sobre boa parte das avenidas São João e General Olímpio da Silveira, contribuiu ainda mais para a progressiva decadência da região. Apenas um núcleo do bairro preservou características das décadas de 1930 e 1940. Trata-se da região próxima à alameda Barros, onde fica o Externato Casa Pia São Vicente de Paulo[2], onde há a casa de D. Maria Angélica de Souza Queiroz, também antiga Chácara das Palmeiras; ali ainda existem alguns poucos casarões e edifícios residenciais de porte, muitos com garagem, ocupados ainda por pessoas de classe média-alta.


Vila Buarque é um bairro de São Paulo localizado parte no distrito da Consolação, parte no distrito da República, parte no distrito da Santa Cecília na região central da capital paulista. É administrado pela Prefeitura Regional da Sé. Logradouros: ruas Maria Antônia, Major Sertório, General Jardim, Marquês de Itu, Dr. Vila Nova, Dr. Cesário Motta Júnior, Cunha Horta, Maria Borba, Amaral Gurgel, Rego Freitas, Bento Freitas, Santa Isabel e praça Rotary. É o bairro onde se localizam a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e a Universidade Presbiteriana Mackenzie. Também estão localizados na Vila Buarque a Escola da Cidade, o SESC Consolação, o Centro Universitário Maria Antônia (no antigo prédio da FFCL-USP), a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, o Teatro Aliança Francesa, o Tribunal de Justiça Militar do Estado de São Paulo, a sede do IAB, a Biblioteca Monteiro Lobato  A região que forma atualmente a Vila Buarque constituía uma Chácara, primeiro pertencente ao marechal José Toledo de Arouche Rendon e mais tarde ao Senador Antônio Pinto do Rego Freitas. Em 1893, seus herdeiros a venderam à Empresa de Obras do Brasil, que arruou a chácara. A empresa era propriedade do Senador Rodolfo Miranda e do engenheiro de obras Manuel Buarque de Macedo, que deu nome ao bairro. O desenvolvimento do bairro e de outros adjacentes, como Santa Cecília e Higienópolis, foi fruto do processo migratório das classes mais abastadas, que começavam a sair do centro da cidade ou até mesmo do isolamento das fazendas. Até a década de 1940, a região possuía espaçosas casas, que depois deram lugar a edifícios de classe média. A partir de 1960 o bairro cresceu, ganhando também diversas boates. Um dos points da bossa nova em São Paulo ficava no bairro: o Juão Sebastião Bar, que ficava na Rua Major Sertório, 772 (no porão do casarão) onde atualmente é a Pizzaria Veridiana; entre a UNE – União Nacional de Estudantes e a Universidade Mackenzie, esse lendário bar viu apresentações de Carlos Lyra, João Gilberto, Cesar Camargo Mariano, Arthur Moreira Lima, Billy Blanco, Lúcio Alves, Elza Soares, Vinicius de Moraes e Tom Jobim. Cortada pelo Minhocão, a Vila Buarque sofreu com a degradação do centro de São Paulo na década de 1970. 


Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Foto de 1938.  é uma instituição privada e laica considerada como um dos maiores hospitais filantrópicos da América Latina. A assistência é financiada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) conjuntamente com as serventias extrajudiciais (cartórios) e o Governo do Estado de São Paulo. O atual prédio da Irmandade da Santa Casa foi planejado em 1897, quando o Senador Antônio Pinto de Rego Freitas doou o terreno no quarteirão hoje compreendido pelas Ruas Santa Isabel, Dr. Domingos José Nogueira Jaguaribe, Marquês de Itu e Dr. Cesario Mota - coincidentemente os mesmos espaços antes ocupados pela plantação de chá do general José Arouche - para a construção da nova unidade. Para tanto, foi criado uma comissão com membros notáveis da sociedade paulistana para decidir o caminho da construção. Então, no dia primeiro de outubro de 1878, aproveitando a estada na cidade do Imperador D. Pedro II e da Imperatriz D. Teresa Cristina, a partir de um concurso, foi escolhido o projeto do engenheiro Luiz Pucci. Mais tarde, a elaboração do hospital foi constituída por outras duas comissões, uma para diligenciar sobre o terreno e cuidar da venda do prédio antigo da Irmandade, e a segunda, formada pelo médicos Antônio Caetano de Campos e José Maria Correia de Sá e Benevides foi responsável por estudar o terreno a fim de estudar a disposição dos serviços e pavilhões. Em 31 de agosto de 1884, foi inaugurado o prédio da nova Santa Casa da Misericórdia, na presença da sociedade paulistana e dos membros da lrmandade. As enfermarias foram batizadas com os nomes dos patrocinadores: Condessa de Três Rios - dedicada a São José de Três Rios, o maior doador; Barão de Iguape - em homenagem ao Dr. Antônio da Silva Prado, provedor durante 1846 e 1875; Viscondessa de Itu - dedicada a Santo Antônio, e Baronesa de Piracicaba, dedicada ao Sagrado Coração de Maria. A irmandade da Santa Casa era constituída por seis hospitais, um colégio e uma faculdade de medicina: Hospital Central; Hospital Santa Isabel; Centro de Atenção Integrada á Saúde Mental; Hospital Geriátrico e de Convalescentes D. Pedro II; Hospital São Luiz Gonzaga; Colégio São José e Faculdade de Ciências Médicas Santa Casa de São Paulo.

Enfermeiras da Santa Casa em 1921. 


A Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo (FCMSCSP) é uma instituição de ensino superior de São Paulo voltada ao ensino das ciências da saúde. Possui cursos de bacharel em Medicina (considerado como um dos melhores e mais tradicionais cursos do país), Enfermagem e Fonoaudiologia, além de cursos tecnológicos em Radiologia e Sistemas Biomédicos. Também oferece cursos de pós-graduação (especialização lato sensu), mestrado e doutorado (stricto sensu) e pós-doutorado. A faculdade é uma instituição de ensino particular, cuja mantenedora é a Fundação Arnaldo Vieira de Carvalho. A Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, hospital-escola da instituição, foi o primeiro local a formar médicos e cirurgiões no estado de São Paulo, tendo sido o berço dos cursos de medicina da Universidade de São Paulo (USP) e da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo, mas seu ensino foi interrompido durante algumas décadas do século XX. Na década de 1950 o corpo docente da Santa Casa se mobilizou para organizar uma nova faculdade de medicina no local, a FCMSCSP, iniciando suas atividades acadêmicas em 24 de maio de 1963, dentro do hospital-escola da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (primeiro hospital da cidade de São Paulo). A Faculdade já formou mais de 3.500 médicos, além de 274 mestres, 114 doutores e 26 livres-docentes. Apresenta grupos de pesquisa científica, tanto nas áreas básicas quanto clínicas. Em 2013, a Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo completou 50 anos de fundação. A maioria do seu corpo docente graduou-se na própria Faculdade e, atualmente, existem 374 professores, sendo 284 (75,9%) doutores,  77 (20,6%) mestres e 13 (3,5%) especialistas, que lecionam para mais de 1.100 alunos dos cinco cursos de graduação, 200 alunos dos cursos de pós-graduação (stricto sensu) e 1.650 alunos de especialização (lato sensu)


MEMORIAL DA AMÉRICA LATINA




O Memorial da América Latina é um centro cultural, político e de lazer, inaugurado em 18 de março de 1989 na cidade de São Paulo, Brasil. O conjunto arquitetônico, projetado por Oscar Niemeyer, é um monumento à integração cultural, política, econômica e social da América Latina, situado em um terreno de 84 482 metros quadrados no bairro da Barra Funda. Seu projeto cultural foi desenvolvido pelo antropólogo Darcy Ribeiro. É uma fundação de direito público estadual, com autonomia financeira e administrativa, vinculada à Secretaria de Estado da Cultura. O complexo é constituído por vários edifícios dispostos ao longo de duas áreas unidas por uma passarela, que somam ao todo 25 210 metros quadrados de área construída: o Salão de Atos, a Biblioteca Latino-Americana, a Galeria Marta Traba, o Pavilhão da Criatividade, o Anexo dos Congressistas e o Auditório Simón Bolívar — que sofreu um incêndio em novembro de 2013. Na Praça Cívica, encontra-se a escultura em concreto, também de Niemeyer, representando uma mão aberta, em posição vertical, com o mapa da América Latina pintado em vermelho na palma, simbolizando uma mancha de sangue, em referência aos episódios turbulentos do passado e aos problemas sociais da região. O Memorial possui um acervo permanente de obras de arte, exibidas ao longo da esplanada e nos espaços internos, e conta com um centro de documentação de arte popular latino-americana. A biblioteca possui cerca de 30 mil volumes, além de seção de música e imagens. Mantém o Centro Brasileiro de Estudos da América Latina. [Textos e imagens da Wikipedia]


O MINHOCÃO


Rua Amaral Gurgel nos anos 1960 sobre a qual foi contruída a via elevada expressa.


O Elevado Presidente João Goulart, nomeado anteriormente Elevado Presidente Costa e Silva, e popularmente conhecido como Minhocão, é uma via expressa elevada da cidade de São Paulo, Brasil, que liga a região da Praça Roosevelt, no centro da cidade, ao Largo Padre Péricles, na Barra Funda. Foi construído com o intuito de desafogar o trânsito de vias que, por cortarem regiões centrais da cidade, não poderiam ser alargadas para ter sua capacidade ampliada. Assim, a solução seria a construção de uma via paralela sobre os logradouros para que a capacidade de tráfego fosse duplicada.

Desde que começou a ser construído, o Minhocão gerou desconforto e reclamações da população lindeira. A poluição do ar, sonora e visual causadas pelo Elevado são evidentes, principalmente para os edifícios vizinhos, que sofrem mais com a situação. Juntamente com o abandono do centro ao longo das décadas de 1980, 1990 e 2000, a região degradou-se, virando local de abrigo para pessoas em situação de rua, prostituição e usuários de droga.

Há décadas, existem pressões pela sua desativação e as negociações que têm sido desenvolvidas apontam para sua transformação em área de lazer, parque linear e local para eventos, como forma de valorizar a região. Apesar disso, seu papel no escoamento do tráfego na região justifica inclusive a defesa de sua permanência como via expressa. A complexidade do debate inclui também a vulnerabilidade da população local, que, devido à desvalorização que o Elevado carrega, criou uma região de aluguéis — tanto residenciais como comerciais — mais acessíveis em uma área cercada de infraestrutura na franja de dois bairros historicamente destinados às classes mais abastadas: Higienópolis e Campos Elíseos. Portanto, há também o temor de que a desativação induza um processo de gentrificação decorrente da reurbanização e revalorização da área, expulsando a população mais pobre e vulnerável.

Como estratégia para diminuir o impacto negativo do Elevado desde 1976, ele é interditado de segunda a sábado, das 21h30 às 6 horas, com fechamento total aos domingos. Atualmente, a via fica aberta para carros de segunda a sexta, das 7 às 20 horas, permanecendo fechada para veículos nos demais dias e horários, inclusive em feriados nacionais, quando é aberta apenas a pedestres e ciclistas.

Desde o Plano Diretor Estratégico de 2016, aprovado em 2014 na gestão de Fernando Haddad, já existe previsão para a transformação do elevado em parque, deixando o planejamento para o porvir. Em fevereiro de 2018, a lei que cria o Parque Municipal do Minhocão foi promulgada pelo então prefeito João Doria e publicada no Diário Oficial.Um ano depois, em 21 de fevereiro de 2019, o prefeito Bruno Covas anunciou o início do planejamento, prevendo a desativação do elevado e a criação de um parque suspenso num primeiro trecho de novecentos metros que liga a Praça Roosevelt ao Largo do Arouche.


Etimologia. Desde antes de as obras iniciarem, o nome do elevado tinha sido anunciado por Paulo Maluf, responsável pela obra, como Elevado Presidente Costa e Silva, em homenagem a um dos generais-presidentes do Brasil no período da ditadura militar, que fora, também, o responsável pela indicação do prefeito para seu cargo. Ainda na época de sua construção, o Elevado já ganhou apelidos. Além de já ser conhecido por Minhocão, devido à sua forma alongada que se esgueira ininterrupta pelo centro novo, a estrutura também era chamada de Estrada da Serraria, pois desembocava em frente à EUCATEX, fábrica de móveis da família Maluf na Barra Funda.

Desde a redemocratização, a estrutura foi renomeada duas vezes. As duas alcunhas oficiais, Parque Minhocão e Elevado Presidente João Goulart, coexistem desde 2016. A primeira é usada quando as pistas estão abertas para pedestres, enquanto que a segunda é utilizada quando estão abertas para veículos. A mudança de nome foi feita em desrespeito à Lei Municipal 13 180.

Trajeto. O Minhocão é uma via expressa com duas pistas de tráfego separadas por barreiras de concreto e com duas faixas de tráfego por sentido. Os acessos ao Elevado ocorrem a leste pela Praça Franklin Roosevelt e a oeste pela Avenida Francisco Matarazzo. A estrutura possui, também, cinco acessos intermediários, sendo três entradas e duas saídas. Os 3,4 quilômetros que o compõem, sendo 2.500 metros de via principal e 900 de acessos, são sustentados por 514 vigas, que pesam entre 80 e 120 toneladas cada.

As ruas e avenidas que se localizam sob e/ou sobre o Elevado Presidente João Goulart são:
Largo Padre Péricles, Avenida Francisco Matarazzo, Avenida General Olímpio da Silveira
Praça Marechal Deodoro, Avenida São João, Rua Amaral Gurgel e Praça Roosevelt.
1971- Inauguração do Elevado, que liga o centro de São Paulo ao Largo Padre Péricles, em Perdizes, na Zona Oeste, com uma extensão total de 3,4 mil metros. O Minhocão ganha o nome oficial de Elevado Costa e Silva. 

LINHA DO TEMPO DA VIA EXPRESSA ELEVADA

1976- O Elevado, que funcionava 24 horas para o tráfego de veículos, passa a ser fechado diariamente, da meia-noite às 5 horas, a fim de diminuir o barulho causado pelo tráfego e também o número de acidentes.

1989- A Prefeitura determina a interdição, de segunda a sábado, das 21h30 às 6 horas, e fechamento total aos domingos.

2014- O artigo 375 da lei número 16 050 (o Plano Diretor Estratégico) diz que "uma lei específica deverá ser elaborada determinando a gradual restrição ao transporte individual motorizado no Elevado Costa e Silva, definindo prazos até sua completa desativação como via de tráfego, sua demolição ou transformação, parcial ou integral, em parque".

2015- A via passa a ser fechada das 15 horas nos sábados até a manhã das segundas-feiras.

2016- Decreto muda o nome oficial do Minhocão para Elevado João Goulart.

2018- É promulgada a lei 16 833, instituindo o Parque Municipal do Minhocão, estabelecendo que será gerido democraticamente com a participação de um conselho gestor com controle social popular. O fechamento passa a ser da noite de sexta-feira até a manhã de segunda-feira. 

2019- A Prefeitura anuncia o início do planejamento para a desativação e a transformação em parque.





O Elevado em construção nos anos 1970. Rua Amaral Gurgel. 


HISTÓRIA. Idealizado por Luiz Carlos Gomes Cardim Sangirdadi, arquiteto do Departamento de Urbanismo da Prefeitura de São Paulo, em 1968, o projeto do Minhocão foi apresentado ao prefeito Brigadeiro José Vicente de Faria Lima como uma solução ao tráfego pesado da Avenida São João, duplicando sua capacidade sem alargá-la, indo até a Praça Marechal Deodoro. À época, a via elevada era uma tipologia consagrada, que resolvia uma das questões fundamentais do século XX: o conflito entre trajetórias diferentes de veículos ou pedestres, tendo em vista o vertiginoso aumento nos volumes de tráfego urbano. O Brigadeiro recusou a obra, considerando-a radical demais, e deu prioridade à construção do metrô. Contudo, enviou o projeto para a Câmara dos Vereadores e reservou a área necessária para a construção, caso algum de seus sucessores se interessasse.  No ano seguinte, o engenheiro Paulo Maluf assumiu como prefeito biônico da cidade disposto a fazer uma obra que marcasse sua gestão. Maluf teria tentado imprimir sua marca, para se contrapor ao prefeito anterior como um bom administrador público, uma vez que, aos 38 anos, nunca havia assumido um cargo dessa envergadura. Assim, retomou o projeto do Elevado, uma construção grandiosa e de rápida execução, que contrastava com o prefeito anterior pela importância que o projeto dava ao automóvel. Deste modo, dia 24 de janeiro de 1971, aniversário da cidade de São Paulo, apenas 11 meses após o começo da construção, era inaugurado o Elevado Presidente Costa e Silva, uma via expressa com velocidade máxima de 80 km/h. 950 homens trabalharam em um ritmo febril de 16 horas por dia, totalizando seis milhões e 80 mil horas.

Construído para desafogar o tráfego, o Minhocão ironicamente foi cenário de um congestionamento em seu primeiro dia de funcionamento, quando um carro quebrado provocou um engarrafamento, agravado já que os demais motoristas não podiam fazer uma rota alternativa pela pequena quantidade de acessos e saídas à via elevada. O equipamento possuía torres de observação para alertar os motoristas sobre acontecimentos assim, algo importante quando rádios não eram acessórios comuns em carros.

A questão do custo final do Elevado não é totalmente esclarecida. Ao anunciar o projeto em 1969, Maluf assegurou um preço de 37 milhões de cruzeiros. No entanto, a Folha de S.Paulo aponta um valor de cinquenta milhões de cruzeiros, discriminando o valor pago às duas vencedoras da licitação pública: ao Consórcio Brasileiro Construtor de Estruturas, foram repassados Cr$ 32 milhões para a construção do trecho entre as praças Roosevelt e Marechal Deodoro, e à Rossi Engenharia, responsável pela parte até o Largo Padre Péricles, se transferiu um montante de Cr$ 18 milhões.

Passando a cinco metros dos prédios de apartamentos, o elevado tem 3,4 quilômetros de extensão e liga a região central à zona oeste da cidade. Foram usados na obra trezentos mil sacos de cimento, sessenta mil metros cúbicos de concreto e duas mil toneladas de cabos de aço, entre outros materiais. A obra recebeu diversas críticas, sendo chamado de "cenário com arquitetura cruel" e "uma aberração arquitetônica". O jornal O Estado de S. Paulo criticou a obra, em dezembro de 1970, alegando que ela não tinha "um objetivo definido": "A via elevada não é resposta a nenhuma pesquisa de origem e destino da população, não tem um objetivo definido. É apenas uma obra. O prefeito [Maluf] já tentou explicá-la, mas não apresentou nenhum argumento técnico, nenhum dado de pesquisa". Houve críticas, ainda, relacionadas à obra do Metrô, que teria sido atrasada por causa do Minhocão, que também causaria mudanças no trajeto da então futura Linha Leste-Oeste, que passaria sob a Avenida São João, mas teria de mudar de lugar ou receber um método de construção mais caro, por causa dos pilares do elevado. Ainda hoje, não é bem visto pela população da região, devido à desvalorização dos imóveis próximos e à deterioração do local.[Textos e imagens da Wikipedia]

Minhocão em 1969 em registro de uma revista da época. 


Impacto e transformações. Com o Minhocão, um novo projeto urbano foi posto em prática em São Paulo. No entanto, diferente de todos os outros que haviam transformado São Paulo em sua história, esse se diferenciava pelas escalas, não apenas da estrutura em si, mas também pela força do autoritarismo com que foi imposto, sem abrir espaços para a consulta popular. Ainda que as reformas públicas anteriores não tenham sido modelos de participação cidadã, essa em particular envolveu uma deliberação que atingiu um novo nível autocrata.

Sendo uma construção tão grande e impactante, o Minhocão funciona como uma metonímia das mudanças que São Paulo atravessou ao entrar na fase de sua história em que pode ser definida como metrópole. Sua construção desvalorizou imediatamente o metro quadrado das ruas sobre as quais lançou suas sombras, ao mesmo tempo em que permitiu o desenvolvimento de regiões mais distantes do centro, e incentivou o uso do transporte individual sobre rodas, e todas as consequências que isso acarreta.

Simultaneamente a essa construção, novas avenidas eram traçadas nas zonas oeste e sul, tornando-as cada vez mais acessíveis por automóvel e assim atraindo as camadas superiores da sociedade para longe do caótico centro. Nem a inauguração do Metrô em 1974 foi capaz de frear essa tendência, considerando a predileção das elites pelo transporte individual. O Minhocão fazia parte de um processo mais amplo de abandono do centro pelas elites, que ia muito além de seu próprio traçado, não sendo plausível apontá-lo como único responsável pela degradação da área. Ainda que faça parte de um contexto maior da mudança demográfica e da deterioração do Centro, o Elevado foi um catalisador dessa nova configuração social da região.

No caso do Minhocão, a fuga dos moradores da classe média e o fato de que as pessoas não queriam utilizar aquele espaço tornaram a estrutura um chamariz para atividades como a prostituição e o consumo de drogas, afastando mais o restante da população, em um ciclo que se mantém até hoje. Além disso, com a mudança do perfil dos moradores do entorno de classe média para a baixa, havia pouca verba para a manutenção estética dos edifícios, o que contribui para a atmosfera degradada. É importante ressaltar que a desvalorização imobiliária da região central não pode ser entendida como algo necessariamente negativo, pois possibilitou a ocupação dessa área por uma população de renda mais baixa e por serviços e lojas populares. Por meio desse processo, a parcela menos favorecida da sociedade conseguiu viver perto de seus trabalhos e ter fácil acesso à rede de transporte público, acabando com o paradigma de centro abastado e periferia pobre e longe das oportunidades e comodidades centrais.

Outra grande transformação do centro da cidade ocorreu em 1976, quando o prefeito biônico Olavo Setúbal inaugura o que chamava de “Reino do Pedestre”. Vinte ruas dos centros velho e novo foram fechadas para os veículos e convertidas em calçadões totalizando 60 mil metros quadrados de espaços pedonais. Tratava-se de uma tentativa de revalorizar essa área, inspirada no sucesso do calçadão da Rua das Flores em Curitiba, reurbanizada quatro anos antes com um intuito similar, e em outros projetos do tipo na Europa. Era também o oposto do Minhocão, tirando qualquer prioridade do automóvel e contando com a locomoção a pé e pelo metrô. Buscando acabar com a degradação do centro, também foram feitos grandes investimentos para reformar a Praça da Sé e o Edifício Martinelli, símbolos de uma época melhor para a região. No entanto, como normalmente ocorre com grandes obras que não são discutidas, o projeto teve grandes falhas. A falta de acesso aos carros afastou as classes sociais que os utilizavam e que, portanto, passaram a fazer compras nos shopping centers que surgiam na cidade, como o Iguatemi, fortalecendo ainda mais o caráter popular que o centro adquiria na época.

Voltando ao Elevado, a estrutura funciona como um muro, separando a região rica de Higienópolis do empobrecido bairro dos Campos Elísios e a região da Cracolândia.

Durante alguns anos o equipamento foi ocupado por blocos durante o Carnaval e pelas atividades da Virada Cultural. No entanto, logo foi determinado que o Elevado não possui estrutura de segurança necessária para eventos desse porte, uma vez que seus gradis são muito baixos e não possui acessos suficientes para o caso de uma emergência. Mesmo assim, milhares de pessoas usufruem do espaço quando esse se encontra sem veículos. Em uma cidade tão carente de equipamentos de lazer como São Paulo, a população aproveita quaisquer frestas que permitam um respiro da vida na metrópole, ainda que nesse caso isso ocorra em um local cercado de concreto por três lados.

Técnico da CET medindo o nível de ruido no trânsito do elevado. 


O Minhocão já foi cenário de filmes, como os longas Terra Estrangeira, de Walter Salles, As Meninas, adaptação do romance de Lygia Fagundes Telles dirigido por Emiliano Ribeiro e protagonizado por Cláudia Liz e Otávio Augusto, Não Por Acaso, de Philippe Barcinski, e Ensaio Sobre a Cegueira, dirigido por Fernando Meirelles e protagonizado por Mark Ruffalo, Julianne Moore, Alice Braga, Danny Glover e Gael García Bernal. Também foi utilizado na série da HBO Alice.


O Grito é uma telenovela brasileira produzida pela TV Globo e exibida de 27 de outubro de 1975 a 30 de abril de 1976, em 125 capítulos. Escrita por Jorge Andrade, foi dirigida por Walter Avancini, Gonzaga Blota e Roberto Talma.  O cenário principal e centro da trama é o Edifício Paraíso, construído por uma família aristocrática na cidade de São Paulo, que sofre desvalorização com a construção do Elevado Presidente Costa e Silva, mais conhecido como "Minhocão", que passa à altura de seu segundo andar. Os personagens são os moradores do edifício, cada qual com sua história. No térreo moram os zeladores e nos demais andares, os vários tipos característicos da classe média paulistana. A cobertura é habitada por remanescentes da família que construiu o prédio. Em meio à variada gama de personagens, está a ex-freira Marta, que vai morar no prédio, e cujo filho Paulinho grita horrivelmente durante a noite, suscitando um movimento para expulsá-los, mas nem todos concordam, formando-se grupos a favor e contra. Um clima de tensão se forma quando um interceptador telefônico é roubado e alguém pode estar ouvindo as conversas dos moradores. Preocupado, o síndico Otávio convoca uma reunião com os moradores para esclarecer o roubo do equipamento e também para decidir sobre a expulsão de Marta. Entre acusações mútuas, todos são considerados suspeitos, e a reunião é interrompida pelo zelador, que encontrou uma carta anônima no prédio, com a mensagem: "Conheço o segredo de todos! Ainda estão escondidos, mas poderão ser revelados! Cada um terá o seu preço. Assinado... o interceptador!". A reunião é encerrada e os moradores seguem lidando com suas culpas e problemas, pressionando pela expulsão de Marta, que recebe uma segunda carta anônima: "Como os outros, você sabe o que fez. O preço de seu segredo é sair do prédio. Se não sair, ele será comunicado aos condôminos. Assim vou fazer com todos. Da cobertura ao térreo, cada um tem um delito escondido que será revelado ao prédio." O síndico marca uma nova reunião quando Marta recebe uma outra carta anônima, em que o suposto o ladrão do interceptador ameaça revelar o segredo de cada morador ao delegado Sérgio, que se instala numa sala do edifício, para interrogar os moradores sobre uma investigação de contrabando. Ele desconfia de uma ligação entre o roubo do interceptador e supostos contrabandistas moradores do prédio. A proposta principal da novela era mostrar a realidade de se viver na cidade de São Paulo, que em 1975 já era bastante caótica. O ponto de partida da história era o convívio entre os moradores do Edifício Paraíso, que havia se desvalorizado com a construção do Minhocão.

“O paraíso de se viver em São Paulo. O retrato dessa realidade. A vida nas suas vinte e quatro horas de correria, poluição, gente se esbarrando e nem sentindo, solidão, superpopulação e potencialidades, marginalidades e neurose
—  Jorge Andrade, autor da novela.


               


Minhocão interditado e funcionando como parque nos finais de semana.


*



III

CERQUEIRA CÉSAR 



Vista do Parque Trianon sobre a avenida Nove de Julho Cerqueira César e Jardim Paulista. 


Cerqueira César é um bairro nobre do município de São Paulo, capital do estado de São Paulo. Tem como limites ao noroeste Avenida Rebouças e Rua da Consolação; ao nordeste: Rua Caio Prado, Rua Frei Caneca, Rua Dr. Penaforte Mendes e Rua Herculano de Freitas; ao sudeste a Rua Plínio Figueiredo, a Avenida Nove de Julho e a Alameda Casa Branca; e ao sudoeste a Rua Estados Unidos.
Sua área localizada ao sul da Avenida Paulista costuma frequentemente ser classificada como parte da região dos Jardins. Já a região localizada ao norte da mesma avenida recebe o nome de Baixo Augusta. Está situado em uma das regiões mais altas da cidade, chamada de Espigão da Paulista. Limita-se com os bairros: Higienópolis, Jardim Paulista, Vila Buarque, República, Jardim América, Bela Vista e Pacaembu. O bairro surgiu com o nome de Villa América em 1890, do loteamento de propriedades rurais, como: a chácara Água Branca, chácara dos Pinheiros e sítio Rio Verde. Todas pertenciam ao Dr. José Oswald Andrade, pai do escritor paulista Oswald de Andrade. Horácio Belfort Sabino, também, possuía uma extensa gleba de terra nas extensões do atual bairro de Cerqueira César. Era casado com América Milliet - filha de Afonso Augusto Milliet - razão do nome do bairro vizinho ser Jardim América. Ele construiu, em 1902, sua residência projetada pelo arquiteto Victor Dubugras, onde encontra-se, atualmente, o Conjunto Nacional. Coincidentemente seu neto e bisneto de Cesário Cecílio de Assis Coimbra, Horácio Sabino Coimbra - descendente, por seu pai Cesário de Lacerda Coimbra, do Barão de Arary e do Barão de Araras - foi casado na família Cerqueira César, com Maria Yolanda Cerqueira Cesar. Residência Joaquim Franco de Melo na Avenida Paulista, resquício da ocupação inicial do bairro. Anos antes houve a inauguração do Parque Trianon e da Avenida Paulista, via destinada a construção de imóveis horizontais de alto-padrão, tendo seu crescimento ligado à evolução da mesma. Assim como Pinheiros e Consolação, bairros vizinhos, tornou-se um tradicional bairro da classe média alta paulistana. Em 1938 tornou-se subdistrito da capital. Seu nome é uma homenagem ao ex-vice-presidente do Estado de São Paulo Dr. José Alves de Cerqueira César. Após a segunda metade do século XX a região onde se encontra adquire características comerciais, tornando-se o principal centro financeiro da cidade. Esse desenvolvimento levou à verticalização do bairro com a perda de suas características essenciais. Prova dessa mudança foi a construção do Conjunto Nacional e do Museu de Arte de São Paulo, símbolos da nova economia. Com o passar dos anos antigas residências tornavam-se pequenos prédios de escritórios e comércio. Na reforma de distritos ocorrida em 1991 o bairro fora fragmentado entre os distritos de Consolação, Bela Vista e Jardim Paulista. Seu cartório de registro civil, porém, continua em operação com os limites da divisão anterior. Em 2008 foi inaugurado em sua extensão o Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, administrado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, sendo o maior centro de oncologia da América Latina.



CORRIDA DE SÃO SILVESTRE




A Corrida Internacional de São Silvestre é uma corrida de rua realizada anualmente na cidade de São Paulo, Brasil, em 31 de dezembro, dia de São Silvestre (data de morte do Papa da Igreja Católica, canonizado também neste dia, anos depois, no quarto século da Era Cristã) e de onde vem o seu nome.

A corrida, a mais famosa e tradicional do Brasil e a da América do Sul, tem um percurso atual de 15 km pelo centro de São Paulo e é uma corrida mista desde 1975, quando começou a participação oficial das mulheres. Entre 1925, ano de sua criação e 1944, foi disputada apenas por corredores brasileiros.

O maior vencedor da prova — e recordista até a edição de 2019, quando afinal teve sua marca quebrada após 25 anos — é o queniano Paul Tergat com cinco vitórias e, entre as mulheres, a portuguesa Rosa Mota, que com seis vitórias consecutivas nos anos 1980 é a maior vencedora geral. Entre os brasileiros, o título fica com Marílson Gomes dos Santos, com três vitórias.

Alguns dos maiores fundistas da história do atletismo já participaram e venceram a prova. Além de Paul Tergat e Rosa Mota, já correram nas ruas de São Paulo, campeões e medalhistas olímpicos e recordistas mundiais como Franjo Mihalic, Gaston Roelants, Frank Shorter, Carlos Lopes, Arturo Barrios, Ronaldo da Costa, Priscah Jeptoo, Derartu Tulu e a "Locomotiva Humana", o tcheco Emil Zatopek, campeão em 1953. A Corrida Internacional de São Silvestre é transmitida ao vivo pela televisão para o Brasil e para o mundo pela TV Gazeta e pela TV Globo desde 1982.

História. Cásper Líbero, um jornalista e advogado paulista milionário que fez fortuna no início do século XX no setor de imprensa era um apaixonado por esportes, tanto que ele foi o idealizador da Gazeta Esportiva, que havia sido lançada inicialmente como coluna do jornal A Gazeta e posteriormente, em 1947, foi lançada como jornal (4 anos após a morte de Cásper). Em uma viagem que fez a Paris, ficou maravilhado com uma corrida realizada à noite, em que os corredores carregavam tochas ao longo do percurso. Decidido a promover algo semelhante no Brasil, criou uma corrida noturna a ser realizada no último dia do ano de 1925. Estava fundada a Corrida de São Silvestre, que recebeu esse nome em homenagem ao santo do dia.

Em sua primeira edição, de 60 inscritos, 48 compareceram para disputar a prova e apenas 37 foram oficialmente classificados, já que as regras exigiam que todos os corredores cruzassem a linha de chegada no máximo 3 minutos após a chegada do vencedor. O primeiro vencedor foi o atleta fundista l Alfredo Gomes, que completou os 6,2  km do percurso em 33:21. Inicialmente aceitando apenas a participação de brasileiros natos, nos anos seguintes a inscrição foi permitida a estrangeiros morando no Brasil, o que permitiu ao italiano Heitor Blasi, radicado em São Paulo, ser convidado a disputá-la e vencer duas das primeiras edições da prova, em 1927 e 1929. Sem grande experiência na organização deste tipo de evento, as primeiras edições impediam os corredores de beberem qualquer tipo de líquido durante a prova, e os atletas muitas vezes nela competiam com os próprios sapatos que usavam para treino no dia a dia e roupas que acumulavam suor.

Ao contrário de outros eventos desportivos tão ou mais antigos, a Corrida de São Silvestre nunca deixou de realizar-se, nem mesmo durante a Revolução Constitucionalista de 1932 ou a Segunda Guerra Mundial.

Em 1941, atletas do estado de São Paulo perderam a invencibilidade. Desde a inauguração da prova em 1925, apenas atletas paulistas haviam vencido a disputa da São Silvestre. Este domínio só acabou após o mineiro José Tibúrcio dos Santos vencer esta edição, quebrando uma hegemonia paulista de 16 anos.

A partir de 1945, com o fim da guerra, passou a contar com a participação de estrangeiros, mas apenas para corredores convidados provenientes de outros países da América do Sul. O sucesso das duas primeiras edições internacionais, no entanto, levou os organizadores a permitirem a participação de corredores de todo o mundo a partir de 1947. Este ano marcou o início de período de 34 anos durante o qual nenhum brasileiro venceria a prova, o que se encerrou somente quando o garçom pernambucano José João da Silva venceu a edição de 1980, feito que repetiria em 1985.

A primeira transmissão ao vivo da corrida ocorreu no ano de 1948, graças à Rádio Gazeta, que comprou um aparato de frequência modulada. O dispositivo foi instalado em um carro situado na rua com receptação no topo do prédio da emissora. Desde 1945, a ideia estava sendo planejada, mas foi em 1948 que a transmissão via rádio da Corrida de São Silvestre aconteceu.

A corrida permaneceria restrita a homens até 1975, quando as Nações Unidas declararam aquele ano como o Ano Internacional da Mulher. Os organizadores da São Silvestre aproveitaram o momento para realizar a primeira corrida feminina no mesmo ano. Nesse sentido, como uma resposta ao apelo da igualdade entre os gêneros, a organização da prova incluiu as mulheres na disputa. O evento feminino começou já com livre participação internacional, e a primeira mulher a vencê-lo foi a alemã-ocidental Christa Vahlensieck, o que fez duas vezes seguidas.[ A primeira vitória brasileira ocorreria somente vinte anos depois, quando a brasiliense Carmem de Oliveira venceu em 1995.

Além de Paul Tergat e Rosa Mota, outros grandes campeões na história da São Silvestre são o belga Gaston Roelants, recordista mundial e campeão olímpico dos 3 000 m c/ obstáculos em Tóquio 1964 e o equatoriano Rolando Vera, os dois quatro vezes vencedores da prova, sendo que Rolando Vera foi o único a vencê-la por quatro vezes consecutivas entre os homens, nos anos 1980. A queniana Lydia Cheromei a venceu três vezes entre 1999 e 2004.

Já famosa em toda a América Latina e na Europa desde 1953, quando a presença e a vitória do multicampeão olímpico tcheco Emil Zatopek a transformou num evento realmente internacional de ponta,[7] em 1970 a São Silvestre começou a chamar a atenção da imprensa especializada dos Estados Unidos, quando o norte-americano Frank Shorter, futuro campeão olímpico da maratona em Munique 1972, veio ao Brasil e a venceu. A vitória de Frank Shorter provocou uma posterior invasão de corredores americanos na prova, que veria Dana Slater ser bicampeã entre as mulheres em 1978–79 e o fundista Herb Lindsay vencê-la em 1979, ano em que a vitória no masculino e no feminino pertenceu aos Estados Unidos, feito nunca mais repetido. O Brasil repetiria o mesmo feito na edição de 2006, com a vitória de Franck Caldeira no masculino e Lucélia Peres no feminino.

Em 1964, atletas indígenas se inscreveram para a 40ª corrida internacional de São Silvestre. Cinco atletas da Ilha do Bananal formaram uma equipe para competir. Na época, um dos organizadores do evento, Aurélio Bellotti, e o indianista Willy Aureli, visitaram a tribo para dar orientações e explicar o funcionamento e regras da São Silvestre.

Em 1967 a corrida passou a ser uma atração turística. No dia 10 de dezembro, a prova passou a integrar o calendário turístico paulista graças ao Decreto de Oficialização da Corrida Internacional de São Silvestre, que foi assinado pelo então governador de São Paulo, Roberto Costa de Abreu Sodré.

No ano de 1968, O cantor e compositor Jorge Ben Jor tentou correr no pelotão de elite masculino. O brasileiro se inscreveu na XV Preliminar Paulista da Corrida Internacional de São Silvestre. Nessa prova, Jorge Ben estava entre os 700 atletas inscritos, mas havia apenas 250 vagas. O músico não conseguiu garantir o seu lugar.

Até 1988, a corrida era realizada à noite, geralmente iniciando-se às 23h30, de forma que os primeiros classificados cruzavam a linha de chegada por volta da meia-noite, mas o ano de 1989 foi marcado por sensíveis modificações no formato do evento. O objetivo era cumprir as determinações da Federação Internacional de Atletismo — IAAF. O horário de início da corrida foi alterado, passando às 15 horas para mulheres e às 17 horas para homens; a distância a ser percorrida, que variava quase que anualmente (geralmente entre 6,5 e 8,8 km) foi definitivamente fixada em 15 km em 1991, o mínimo exigido pelas regras da Federação. Em 1989, a Corrida Internacional de São Silvestre foi oficialmente reconhecida e incluída no calendário internacional da IAAF.


Tradicional percurso noturno da prova nos anos 1970. 

Em 2003, Marílson Gomes dos Santos conquistou o topo mais alto do pódio pela primeira vez. Essa vitória foi apenas o início, pois em 2005 e 2010 o atleta voltou a vencer, se consagrando como o primeiro corredor do Brasil tricampeão da Corrida de São Silvestre desde o início de sua fase internacional.

Em 2011, pela primeira vez desde sua criação, a São Silvestre teve o tradicional local de chegada alterado. Ao invés da Avenida Paulista, passou a ser no Parque do Ibirapuera. A modificação viu a queniana Priscah Jeptoo, vice-campeã olímpica da maratona em Londres 2012, vencer a prova feminina em 48:48, recorde e a primeira vez que uma mulher completou os 15 km da São Silvestre em menos de 50 minutos. Esta edição também assistiu a uma das maiores tragédias da história da corrida, com a morte do atleta paraolímpico Israel Cruz de Barros, que, disputando a divisão de cadeira de rodas, perdeu o controle na descida da Rua Major Natanael, de acentuado declive, e chocou-se com o muro em volta do Estádio do Pacaembu, morrendo no hospital.

Crescendo e sendo prestigiada através dos anos não apenas por atletas de elite mas também pelos corredores amadores, os números da São Silvestre fazem dela a maior corrida de massas da América do Sul, também em quantidade. Os 48 participantes da edição inicial em 1925 transformaram-se em cerca de 2 mil ainda no fim da década de 1950, mais de 10 mil por edição nos anos 1980, até alcançar um recorde de cerca de 25 mil participantes na edição de 2011.

Desde 2011, todos os campeões masculinos, são de nacionalidade africana, e desde 2007, as campeãs femininas também. Esta hegemonia africana na prova começou em 1992, ano em que o queniano Simon Chemwoyo conquistou o primeiro título à África, desde então, foram 19 vitórias africanas, contra apenas 6 brasileiras. O último brasileiro a vencer a prova foi Marilson, no ano de 2010, e a última mulher foi Lucélia Peres, em 2006.

Além do prestígio nacional e internacional, financeiramente a São Silvestre também compensa para seus campeões: em 2013, o vencedor recebeu R$ 60 mil (US$ 30 mil), o segundo colocado R$ 35 mil (US$ 17 mil) e o terceiro colocado R$ 20 mil (US$ 10 mil).

Pessoas portadoras de deficiências também participam da prova. Há largadas especificas para atletas cadeirantes e outra para portadores de outros tipos de deficiência. Só depois é que largam as elites feminina e masculina e o pelotão geral.

Em 22 de setembro de 2020, a organização resolveu adiar em razão da Pandemia de COVID-19 no Brasil a 96ª edição da corrida inicialmente para 11 de julho de 2021. No entanto, a organização optou por fixar esta edição no último dia de 2021. Entre as mudanças na edição de 2021 está o uso obrigatório de máscaras, a adoção de passaporte vacinal e a realização da corrida sem a presença de público por conta das medidas de segurança contra a COVID-19.

Em 2022, a corrida volta aos seus moldes tradicionais como a presença de público pelas calçadas do trajeto, mas mantendo apenas a regra do passaporte vacinal, adotada em 2021.

Participação feminina. Desde sempre, o conceito de que mulheres são mais frágeis é propagado por toda sociedade, acabando interferindo na participação feminina nas competições esportivas como, por exemplo, nos Jogos Olímpicos. Até que então, em 11 de julho de 1924 (Jogos de Paris) a primeira mulher consegue conquistar a primeira medalha de ouro nas Olimpíadas: Charlotte Cooper. Desde então, as mulheres foram conseguindo conquistar cada vez mais seu espaço nos esportes, inclusive na São Silvestre quando o jornal A Gazeta Esportiva (o jornal era organizador do evento) resolveu acompanhar a mudança e evolução social e incluiu, em 1975, a prova feminina da São Silvestre.

A primeira vencedora foi Christa Vahlensieck, que deu o título para a Alemanha. A primeira vencedora brasileira foi Carmem de Oliveira, somente em 1995, vinte anos após a estreia feminina na maratona. Porém, o maior destaque vai para a portuguesa Rosa Mota, que é recordista de títulos com seis vitórias seguidas nos anos de 1981, 1982, 1983, 1984, 1985 e 1986. A participação de mulheres na São Silvestre aumentou, tendo na 91° edição da corrida, 28,55% finalistas femininas, ou seja 6 645 dos 23 268. Sendo esse número extremamente representativo, pois em 1999 o número era oito vezes menor, tendo apenas 795 mulheres e 10 758 homens.


Percurso. Realizada em grande parte pelo centro da cidade de São Paulo, a São Silvestre já teve vários percursos e distâncias diferentes através das décadas. Um erro comum, mesmo em parte da imprensa, é se referir à São Silvestre como uma maratona (para isso, precisaria ter 42,195 quilômetros). O atual percurso tem 15 km de distância e a seguinte composição:

Largada na Avenida Paulista, nas proximidades da Alameda Ministro Rocha Azevedo; Rua HaddockLobo; Túnel José Roberto Fanganiello Melhem; Avenida Doutor Arnaldo;Rua Major Natanael;
Rua Desembargador Paulo Passalaqua; Avenida Pacaembu; Rua Margarida; Alameda Olga; Rua Tagipuru; Rua Fuad Naufel; Avenida Auro Soares de Moura Andrade; Rua Mário de Andrade;
novamente Avenida Pacaembu em direção à Marginal Tietê; Viaduto Pacaembu;m Av. Dr. Abraão Ribeiro; Av. Marquês de São Vicente; Rua Norma Pieruccini Giannotti; Avenida Rudge; Viaduto Eng. Orlando Murgel; Av. Rio Branco; Av. Duque de Caxias; Avenida São João; Largo do Arouche;
Av. Vieira de Carvalho; Praça da República; Avenida Ipiranga; novamente Av. São João; Largo do Paiçandu; Rua Conselheiro Crispiniano; Praça Ramos de Azevedo; Viaduto do Chá; Rua Líbero Badaró; Largo de São Francisco; Avenida Brigadeiro Luís Antônio; Viaduto Brigadeiro Luiz Antônio; Av. Paulista, com chegada em frente ao prédio da Gazeta Esportiva.[2


A  AVENIDA  PAULISTA



A avenida Paulista foi criada no final do século XIX, a partir do desejo de paulistas em expandir na cidade novas áreas residenciais que não estivessem localizadas imediatamente próximo às mais movimentadas centralidades do período, por essa época altamente valorizadas e totalmente ocupadas, tais como a Praça da República, o bairro de Higienópolis e os Campos Elísios. A avenida Paulista foi inaugurada no dia 8 de dezembro de 1891, por iniciativa do engenheiro Joaquim Eugênio de Lima e do dr. Clementino de Sousa e Castro (na época Presidente do conselho de intendências da cidade de São Paulo, atual cargo de prefeito), para abrigar paulistas que desejavam adquirir seu espaço na cidade.
Naquela época, houve grande expansão imobiliária em terrenos de antigas fazendas e áreas devolutas, o que deu início a um período de grande crescimento. As novas ruas seguiam projetos desenvolvidos por engenheiros renomados, e nas áreas mais próximas à avenida e a seu parque central os terrenos eram naturalmente mais caros que nas áreas mais afastadas; não havia apenas residências de maior porte, mas também habitações populares, casebres e até mesmo cocheiras em toda a região circundante. "Avenida Paulista no dia da inauguração, 8 de dezembro de 1891". Aquarela de Jules Martin.



A Paulista está localizada no limite entre as zonas Centro-Sul, Central e Oeste; e em uma das regiões mais elevadas da cidade, chamada de Espigão da Paulista. Considerado uma das mais importantes vias e um dos principais centros financeiros da cidade, assim como também um dos seus pontos turísticos mais característicos, a avenida revela sua importância não só como polo econômico, mas também como centralidade cultural e de entretenimento. Abriga um grande número de sedes de empresas, bancos, consulados, hotéis, hospitais, como o tradicional Hospital Santa Catarina e instituições científicas, como o Instituto Pasteur, culturais, como o MASP e o Sesc Avenida Paulista e educacionais, como os tradicionais Colégio São Luís e a Escola Estadual Rodrigues Alves. Também não deixa de existir o lazer, contém grandes shoppings e uma diversidade enorme de lugares para comprar, desde o Shopping Pátio Paulista e o Cidade São Paulo, até os camelôs. Por ela, todos os dias, movimentam-se milhares de pessoas oriundas de todas as regiões da cidade e de fora dela, é um dos lugares de São Paulo com a maior diversificação cultural possível. Além disso, a avenida é um importante eixo viário da cidade ligando importantes avenidas como a Dr. Arnaldo, Rebouças, 9 de Julho, Brigadeiro Luís Antônio, 23 de Maio, rua da Consolação e a Avenida Angélica. De acordo com a Associação Paulista Viva, a população residente na avenida era de 5 mil em 2014.[Textos e imagens da Wikipedia]


"O Projeto Nova Paulista previa pistas abaixo do nível em toda a extensão da Avenida. Porém, devido ao corte de verbas do Governo Militar, que se posicionou contra o projeto por ser muito caro, a obra foi interrompida. Hoje vemos apenas um pequeno trecho do Projeto do Engenheiro José Carlos de Figueiredo Ferraz que inclusive era o prefeito de São Paulo na época". Roberto de Castro. Amo SP-  SP em Fotos Antigas. 




Avenida Paulista nos anos 1970. A avenida foi criada no final do século XIX, a partir do desejo de paulistas em expandir na cidade novas áreas residenciais que não estivessem localizadas imediatamente próximo às mais movimentadas centralidades do período, por essa época altamente valorizadas e totalmente ocupadas, tais como a Praça da República, o bairro de Higienópolis e os Campos Elísios. A avenida Paulista foi inaugurada no dia 8 de dezembro de 1891, por iniciativa do engenheiro Joaquim Eugênio de Lima e do dr. Clementino de Sousa e Castro (na época Presidente do conselho de intendências da cidade de São Paulo, atual cargo de prefeito), para abrigar paulistas que desejavam adquirir seu espaço na cidade. 

O MUSEU DE ARTE DE SÃO PAULO-MASP


A Rainha Elizabeth II inaugurando o Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista em 1968. Na sua agenda paulistana, visitou o terraço do Edifício Itália, o Museu do Ipiranga e assistiu o show musical com Wilson Simonal, Jair Rodrigues e Elza Soares.


Avenida Paulista e o Masp, 1972. #SPFotos



Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - MASP é um centro cultural e museu de arte brasileiro fundado em 1947 pelo empresário e jornalista paraibano Assis Chateaubriand. Entre os anos de 1947 e 1990, o crítico e marchand italiano Pietro Bardi assumiu a direção do MASP a convite de Chateaubriand. Inicialmente instalado na rua 7 de abril, desde 7 de novembro o prédio está localizado de 1968 na Avenida Paulista, cidade de São Paulo (estado homônimo), em um edifício projetado pela arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi para ser sua sede, é considerado uma das mais importantes instituições culturais brasileiras. O MASP possui a mais importante e abrangente coleção de arte ocidental da América Latina e do hemisfério sul, abrangendo arte africana, das Américas, asiática, brasileira e europeia, desde a Antiguidade até o século 21, incluindo pinturas, esculturas, desenhos, fotografias e roupas, entre outros, totalizando aproximadamente 10 mil peças. O acervo é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Também abriga uma das maiores bibliotecas especializadas em arte do país. É o museu mais visitado do Brasil e frequentemente listado entre os melhores do mundo. É conhecido pelos cavaletes de cristal de autoria de Lina Bo Bardi, conhecidos por suspender as obras de arte em suportes transparentes com o objetivo de aproximá-las do público, que desta forma pode circular em seu entorno. ( Ver no capitulo 11 artigo sobre a construção do MASP .[Textos e imagens da Wikipedia]

Salão principal de exposições do MASP



PARQUE TRIANON




O Parque Tenente Siqueira Campos, mais conhecido como Parque Trianon ou Parque do Trianon, foi inaugurado no dia 3 de abril de 1892 na cidade de São Paulo, um ano após a abertura da Avenida Paulista. Foi projetado pelo paisagista francês Paul Villon e inaugurado pelo inglês Barry Parker. O nome Trianon foi dado por conta da existência do Restaurante Trianon inaugurado em 10 de junho de 1916, que foi criado e fundado pelos irmãos Vicente Rosati e Luigi Rosati (imigrantes italianos provenientes da cidade de Fontecchio) nas dependências do Belvedere da Paulista localizado em frente ao parque, onde hoje está situado o Museu de Arte de São Paulo. O proprietário do elegante "Bar e Restaurante" escolheu o nome que provém do Palacete Grand Trianon em Versáilles, que foi propriedade de Maria Antonieta, pela semelhança das construções. O arquiteto Ramos de Azevedo desenvolveu, de 1911-1914, na administração do Barão de Duprat, o projeto do chamado Belvedere, construído em 1916 e demolido em 1951 para dar lugar à primeira edição da Bienal de Arte de São Paulo.

O Parque foi comprado pela Prefeitura com auxílio financeiro da Câmara Municipal, em 1911. Em 1931 recebeu sua denominação atual em homenagem a um dos heróis da Revolução do forte de Copacabana, na Revolta Tenentista de 1924, o Tenente Antônio de Siqueira Campos. Aberto todos os dias da semana, das 6:00 até as 18:00, o parque conta com playgrounds, aparelhos de ginástica e a "Trilha do Fauno", nome dado devido à presença da escultura "Fauno" do artista Victor Brecheret e da escultura "Aretusta" de Francisco Leopoldo.



Avenida Paulista, anos 1920: O Parque e Belvedere Trianon. Pinterest. 


O parque foi inaugurado em 3 de abril de 1892 e teve seu surgimento entendido no contexto do processo de urbanização da cidade de São Paulo daquela época. No ano anterior, ocorrera a inauguração da Avenida Paulista. Naquela época, o ambiente cultural da aristocracia cafeeira era dominado por influências do romantismo europeu do século XIX; dessa forma, o parque acabou ganhando ares de um jardim inglês, apesar de sua exuberante vegetação tropical, remanescente da Mata Atlântica da região do alto do Caaguaçu, atual espigão da Paulista.

O Parque Tenente Siqueira Campos é o nome oficial do parque que foi dado em homenagem ao militar e político brasileiro que participou da Revolta Tenentista ocorrida em 1924, um dos acontecimentos mais importantes ocorridos na cidade de São Paulo.

O responsável pelo projeto paisagístico foi o francês Paul Villon, motivo pelo qual o parque às vezes é citado, em textos antigos, como Parque Villon. O nome Trianon veio do fato de, naquele tempo, existir no local onde hoje se situa o Museu de Arte de São Paulo, em frente ao parque, o Belvedere da Paulista, nome oficial do lugar porém havia nas dependências um restaurante/bar e um mirante no nível da avenida com o nome Trianon, administrado pelo italiano Vicente Rosati e o irmão Luigi, os mesmos que gerenciavam o Bar do Theatro Municipal, onde foi construído de 1914-1916 o chamado Belvedere Trianon, com projeto do arquiteto Ramos de Azevedo. Tal restaurante era frequentado pela elite paulista e chegou a ter como frequentadores, príncipes europeus e Getúlio Vargas. Na região do parque havia também a casa de chá da família Rosati. Por muitos anos, foi ainda conhecido como Parque da Avenida e era frequentado pela alta sociedade que passou a morar na região da Paulista.

Na avenida entre ambos ocorria a largada de várias corridas de automóveis. Em 1925 ocorreu a primeira Corrida de São Silvestre, largando desse mesmo lugar. Em 1924 foi doado à Prefeitura de São Paulo e em 1931 o parque recebeu seu nome atual em homenagem ao tenente Antônio de Siqueira Campos, um paulista de Rio Claro e herói do Movimento Tenentista de 1924. A partir de 1968, na gestão do prefeito Faria Lima, o parque passou por várias mudanças que tiveram a assinatura do paisagista Burle Marx e do arquiteto Clóvis Olga. O parque é tombado pelo CONDEPHAAT e pelo CONPRESP.

Descrição. O piso das pistas e trilhas o diferencia de outros parques pois é formado por pedras portuguesas. Conta com locais para recreação infantil, aparelhos de ginástica, sanitários públicos e centro administrativo, tornando-se um refúgio de lazer e descanso no meio da agitada Avenida Paulista.
Ainda há outros atrativos como a Trilha do Fauno, um caminho com 600 metros que conecta a Avenida Paulista à Alameda Santos, onde é possível encontrar duas estátuas: Fauno, de Vítor Brecheret, e Aretusa, de Francisco Leopoldo e Silva. Próxima a entrada do parque ainda é possível visualizar uma obra em mármore de Luigi Brizzollara, a qual representa Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera.

Vegetação e Fauna.  Dentro de seus 48,6 mil m² de área verde, o Parque incorpora uma vasta vegetação composta por espécies remanescentes da Mata Atlântica, além de espécies exóticas e mudas da vegetação nativa que foram introduzidas no sub-bosque para aumentar a flora, que totaliza 135 espécies registradas. Destaque para os exemplares de de araribá-rosa, canela-poca, cedro, jequitibá, pau-ferro, sapopemba, sapucaia, palmeira-de-leque-da-china, seafórtia e tamboril. Das 135 espécies encontradas no parque, 8 estão ameaçadas como a cabreúva, o chichá e o palmito-jussara. Apesar de o parque ser localizado no meio da Avenida Paulista, um ambiente hostil para uma fauna diversificada, quem anda por entre as árvores pode se surpreender. A grande área verde serve de micro-habitat para diversas espécies, sendo um dos poucos lugares da cidade que proporciona uma condição adequada para a reprodução desses animais. Com exceção dos aracnídeos e a rãzinha-piadeira, uma espécie de anfíbio encontrado na Mata Atlântica, a fauna do parque abriga 37 espécies de animais alados catalogados, sendo duas espécies de borboletas, sete de morcegos e 28 de aves, entre elas o piriguari, tico-tico e sabiá-ferreiro.

INSITUTO PASTEUR


O Instituto Pasteur é uma entidade centenária ligada à Secretaria da Saúde do Governo do estado de São Paulo dedicada à pesquisa científica sobre a raiva animal, doença infecciosa que atinge o Sistema Nervoso Central e que através da transmissão do vírus pode contaminar todos os grupos de mamíferos, sendo potencialmente fatal em casos mais graves. A grande missão do Instituto é, com as atividades em laboratórios e projetos de pesquisa, controlar e atentar a população em relação à raiva e outras encefalites virais fazendo atividades de laboratório com pesquisas e inovações. Ele está localizado atualmente no logradouro: Avenida Paulista, 393 - Cerqueira César. São Paulo - SP. Foi fundado por iniciativa privada em 5 de agosto de 1903 como uma instituição particular e altruística, tendo como seu primeiro presidente Ignácio Wallace da Gama Cochrane, ex-deputado e diretor da Superintendência de Obras Públicas do Estado. 

No início do século XX, a raiva canina não era controlada, provocando mortes em humanos. Moradores da capital, do interior de São Paulo e de outros estados procuravam o Instituto em busca do tratamento preventivo. Chegavam também pessoas já doentes e/ou com suspeita de raiva humana que eram encaminhadas ao Hospital de Isolamento Emilio Ribas, mas acabavam morrendo. Nos canis do IP eram observados animais suspeitos.

Em novembro de 1903, as primeiras vacinas contra a raiva produzidas em São Paulo começaram a ser distribuídas para a população da cidade. As culturas das primeiras amostras foram fornecidas pelo Instituto Pasteur do Rio de Janeiro, inaugurado em 1888. Em 1906, o patologista italiano Antonio Carini assumiu a presidência do Instituto e impulsionou as pesquisas sobre bacteriologia e patologia animal, consolidando a entidade e trazendo recursos provenientes de empresários como Francisco Matarazzo e de empresas como a Light and Power. No período de 1908 adiante, as vacinas eram feitas na própria instituição. Eles se preocupavam com a divulgação dos serviços e a dissipação das informações sobre a doença para uma publicação chamada "Noções Populares sobre a Hydrophobia"
Em 1956, foi criado o fundo destinado à pesquisa(Decreto Nº 26.978) a instituição impulsionou o estudo sobre a raiva. A partir de 1958, a fabricação de vacinas contra a raiva foi transferida ao Instituto Butantã.


RUA AUGUSTA

A rua Augusta nos anos 1950.


A Rua Augusta é uma via arterial da cidade de São Paulo que conecta o bairro dos Jardins a região do Centro Histórico de São Paulo. A rua é conhecida por suas lojas, boutiques e estabelecimentos de luxo na região do Jardins e por suas boates, casas noturnas, bares e vida noturna na região que parte da Avenida Paulista em direção ao Centro, passando pela região conhecida como Baixo Augusta.

A rua segue em subida a partir de seu início no entroncamento das ruas Martins Fontes, Martinho Prado e a Praça Franklin Roosevelt, até o cruzamento com a Avenida Paulista. Após cruzar a Paulista, ela se torna uma descida seguindo em direção a rua Colômbia, no Jardim Europa.

A Rua Augusta é conhecida principalmente por sua vida noturna que inclui bares, baladas e casas de shows variadas, mas também por algumas casas de prostituição, saunas e boates adultas.

As primeiras referências dela datam de 1875, chamando-se primeiramente Rua Maria Augusta; em 1897 já aparece como Rua Augusta. Foi parte das terras do português Mariano António Vieira, dono da Chácara do Capão desde 1880, quando abriu várias ruas no Bairro da Bela Sintra, inclusive a Rua da Real Grandeza, atual Avenida Paulista. Resolveu abrir uma trilha, pois os caminhos eram muito íngremes, para posteriormente serem instalados bondes puxados por burros, em 1890.

Apenas em 1891, com a inauguração da luz elétrica, foram movidos com eletricidade. Entre 1910 e 1912 ela foi estendida até a Rua Álvaro de Carvalho, ficando oficial em 1927. Até 1942, a Rua Martins Fontes fazia parte da Rua Augusta. Ela aos poucos virou um grande ponto de prostituição, ocasião em que foi desmembrada (Decreto Lei N.º 153). Do lado oposto, em direção aos "Jardins", o seu prolongamento até a Rua Estados Unidos foi oficializado em 1914.

O nome "Augusta": tudo leva a crer que o responsável pela sua abertura, o português Mariano Antonio Vieira, não quis homenagear uma pessoa e sim aplicar algo como um título de nobreza (ou adjetivo) ao chamá-la de "Rua Augusta". Colabora para esta versão o fato de que o mesmo Mariano, ao abrir uma "picada" no alto do Morro do Caaguaçu, chamou este logradouro de "Rua da Real Grandeza".

Com o tempo, vieram os loteamentos, quando surgiram confortáveis residências e algum comércio para servi-las. Pouco a pouco começaram a surgir pequenos edifícios de moradia.

Grande parte de comércio fino de decoração se instalou na região central-ascendente, a partir da Rua Marquês de Paranaguá. As casas residenciais deram lugar ao comércio de rua. Shoppings, Galerias e Cinemas de categoria se instalaram frequentados pelas famílias e mais tarde pelos jovens que buscavam distração. Caminho certo rumo aos bairros dos Jardins e seus clubes, como o Club Athletico Paulistano, a Sociedade Harmonia de Tênis e o Esporte Clube Pinheiros.

Década de 1960. A Rua Augusta representou para os jovens paulistanos na década de 1960 boêmia, glamour e diversão, onde eram instaladas diversas lojas e mais cinemas de categoria, como os cines Paulista, Astor, Bristol, Majestic, Marachá, Regência e outros. A canção Rua Augusta, de Ronnie Cord, lançada em 1964 foi uma espécie de hino da juventude paulistana que frequentava o logradouro nesta época. Mais tarde também seria regravada pelos Mutantes (no álbum Mutantes e Seus Cometas no País do Baurets) e por Raul Seixas.


A rua Augusta nos anos 1970. 

A partir da década de 1970, começou a adaptar-se às mudanças, dado o pesado tráfego de automóveis e ônibus e a criação de inúmeras galerias e centros comerciais, aliado à falta de estacionamento. Mesmo assim, os jovens continuaram a estar por lá com suas motos, carros envenenados e muito congestionamento, principalmente, entre 1976 e 1980. Haviam muitas discotecas para acompanhar os "embalos de sábado à noite", pistas de esqui no gelo, doceiras, academias de musculação e aeróbicas.

Está sempre sendo atualizada desde aquela época, com a reforma do calçamento, decoração com vasos, retirada de uma parte dos postes de iluminação pública (que estavam obsoletos), colocação de carpete, estacionamento Zona Azul e subterrâneo e a construção de um boulevard e por fim a eliminação dos ônibus elétricos com as novas calçadas.

Atualidade. Na década de 70 a rua Augusta perdeu seu prestígio e comércio por conta da abertura de shoppings centers na cidade de São Paulo. Nessa época também foram abertos diversos prostíbulos em seu entorno. A rua modernizou-se em 1993 com a abertura do cinema Espaço Unibanco. A partir da década de 2000, a Rua Augusta voltou a ser parte da vida noturna dos jovens. Nessa época a Augusta abriu o Vegas Club, The Pub, Club Noir, o Comedy Club Comedians, primeiro clube de comédias do Brasil, YO restaurante, entre outros. Seu entorno está movimentado por bares, restaurantes, casas noturnas, lojas e os antigos prostíbulos.




IV

CONSOLAÇÃO


Rua da Consolação em 1957. Do lado esquerdo a igreja da Consolação , e ao fundo a praça Roosevelt em um dia de feira. / F. / Almanaque Folha.


Consolação é um distrito da região central do município de São Paulo e uma das regiões históricas e culturais mais importantes do município. Compreende parte do bairro de Vila Buarque, onde está sediada a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, o teatro da Universidade de São Paulo (TUSP) e o Centro Universitário Maria Antônia; parte do bairro de Cerqueira César, onde está o Colégio São Luís. Também estão dentro do distrito os bairros nobres de Higienópolis e do Pacaembu, tradicionais redutos intelectuais e de famílias descendentes dos grandes cafeicultores do início do século XX onde estão situadas a Universidade Presbiteriana Mackenzie e a Fundação Armando Álvares Penteado. O distrito é atendido pela linhas 2-Verde (Estações Clínicas e Consolação) do Metrô de São Paulo e 4-Amarela (Estações Paulista e Higienopolis-Mackenzie) da ViaQuatro. Futuramente também será atendido pela Linha 6-Laranja, com a construção da Estação Higienópolis–Mackenzie e Estação FAAP–Pacaembu.

Formação. Um dos distritos da cidade de São Paulo, é composto pelos bairros da Consolação, Higienópolis, Vila Buarque e Pacaembu. Seu desenvolvimento se deu a partir do Caminho de Pinheiros ou Caminho de Sorocaba, a atual Rua da Consolação, principal via do bairro. Região distante da cidade, havia na época plantações de hortaliças e frutas e foi só por volta de 1779 que um pequeno povoado começou a habitar a região. Eram os devotos de Nossa Senhora da Consolação, que construíram em taipa de pilão uma capela para a santa. A igreja transformou-se na Paróquia Nossa Senhora da Consolação, fundada em 1798. Foi a construção da igreja que trouxe mais moradores para o logradouro que, graças à sua recém-adquirida importância, ganhou atenção do governo da cidade, que construiu ali vias e ruas, possibilitando e facilitando o acesso. Como estava à margem do Caminho de Pinheiros, utilizado pelos condutores de tropas que iam do Largo da Memória a Pinheiros para fechar acordos com negociantes de cidades como Itu e Sorocaba, tem significado histórico para a construção do bairro e da cidade. Após a construção da igreja, foi criada em 1855 a Irmandade de Nossa Senhora da Consolação e São João Batista, ano em que uma epidemia de cólera atingiu a região. Com o objetivo de “amparar os morféticos que em grande número vagavam pela Província”, a instituição garantiu à igreja um novo significado. Havia, também, cuidado com outras doenças. A ação da Irmandade presenteou-lhe com uma doação da Santa Casa de Misericórdia: um prédio e a prerrogativa de tratar os doentes acometidos pelo mal de Hansen. O aumento de doentes e a iniciativa de tratamento da Irmandade garantiu o crescimento populacional e consequente urbanização da região.

Foi o surto de cólera que fez surgir o Cemitério da Consolação, inaugurado em 1858, pois fez-se necessário enterrar as vítimas fatais. A Câmara Municipal escolheu o endereço por estar afastado da população também foi fundamental para a consolidação do bairro. É lá que estão enterrados nomes como Ramos de Azevedo, Oswald de Andrade, Monteiro Lobato e o próprio Caetano de Campos.
Em 1870, com uma população aproximada de 3,5 mil habitantes, a Igreja da Consolação foi elevada a sede da paróquia. Em 23 de março do mesmo ano, o bairro passou a ser denominado distrito. Nas redondezas, instalaram-se famílias abastadas da cidade, que construíram grandes chácaras e surgiram bairros como Higienópolis e Santa Cecília. O surgimento da Avenida Paulista em 1891 também conferiu à Consolação importância, dada a proximidade das duas áreas. A partir de então, o bairro popularizou-se entre os moradores da cidade e ganhou destaque na vida noturna, social e cultural de São Paulo.

Rua da Consolação no século XIX, por Almeida Júnior.

A Rua da Consolação é uma das mais importantes vias da cidade de São Paulo. Tem início no Centro da cidade, próximo ao Vale do Anhangabaú e termina na Rua Estados Unidos, nos Jardins. Apresenta três trechos bem distintos. No primeiro e no terceiro trechos, entre o Vale do Anhangabaú até a Avenida São Luís e depois, entre a Avenida Paulista e a Rua Estados Unidos, é uma via comum, de uma única pista. No trecho central, entretanto, é uma avenida de oito pistas (duas de corredor exclusivo de ônibus), que integra o Corredor de ônibus Campo Limpo-Rebouças-Centro. Originou-se de um caminho já existente na época da colônia, o Caminho de Pinheiros. Um dos principais caminhos da região na época colonial ligava a Vila de São Paulo à Vila de Pinheiros e era início de caminho para as cidades no oeste.
Essa antiga estrada começava no final da Rua Direita, passava pelo Anhangabaú e tomava o rumo de Pinheiros até encontrar a Estrada de Sorocaba. Conhecido também como "Caminho do Aniceto" e "Rua do Taques", a antiga estrada transformou-se hoje na conhecida Rua da Consolação. Sua denominação deve-se a construção, em 1800, da antiga Igreja de Nossa Senhora da Consolação. Apesar da existência desta igreja, em 1855 o atual bairro da Consolação ainda era ermo, afastado da cidade e com pouquíssimos moradores. A Rua da Consolação, por sua vez, passou por muitas transformações. Em 1858 foi inaugurado o Cemitério da Consolação e, já no final do século XIX, era uma das principais vias que levavam à Avenida Paulista. Outras como o estádio dos jogos em casa da extinta Associação Atlética Mackenzie College. Cemitério da Consolação. Entre as décadas de 1950 e 1960, passou por uma ampla reforma com a ampliação do seu leito. Data dessa mesma época a instalação das primeiras casas especializadas em iluminação e lustres. Apesar de possuir todas as características de uma avenida (pelo menos no trecho entre a Rua Bráulio Gomes e a Avenida Paulista), o seu nome oficial continua sendo Rua da Consolação. Na década de 60, o prefeito Faria Lima decidiu duplicar a rua, tendo as obras sido iniciadas em 1965, e terminadas em 1968, depois de desapropriações e demolições do lado ímpar da Consolação, entre a rua Dona Antônia de Queirós e a avenida Paulista. A área expropriada para o seu alargamento foi de 21 600 metros quadrados. Em 1972, foi construída uma passagem de pedestres que fica embaixo da via, na altura da Avenida Paulista, onde são realizadas exposições diversas.




V

PACAEMBU


Abertura da avenida Pacaembú nos anos 1938. Na imagem, a Praça Charles Miller e arredores do bairro do Pacaembu em 1938, ano da inauguração Avenida Pacaembu, o trecho completo só seria concluído vinte anos depois.
1938 - Ano da inauguração do primeiro trecho Avenida Pacaembu, entre a Praça Charles Miller e a Rua das Palmeiras (atual General Olímpio da Silveira).
1942 - Após a inauguração do Viaduto Gen. Olímpio da Silveira, a avenida foi estendida até as imediações das ruas Lavradio e Margarida.
1945 - A avenida foi prolongada até as proximidades da Estrada de Ferro Sorocabana, junto à antiga Estação Barra Funda.
1958 - Com a construção do viaduto sobre a estrada de ferro, a última parte da avenida foi concluída, chegando até a Ponte da Casa Verde. O Estádio do Pacaembu seria inaugurado dois anos após essa foto.

Fonte: Amao SP Fotos Antigas. Valmir Almeida. 
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OS BAIRROS DA COMPANHIA CITY

A Companhia City é a empresa fundada em 1912 com o nome de "City of São Paulo Improvements and Freehold Land Company Limited" que participou ativamente do processo urbanístico da cidade de São Paulo.
A cia. foi fundada em 1912 com o nome de "City of São Paulo Improvements and Freehold Land Company Limited", a Companhia City, como ficou conhecida, urbanizou vários bairros importantes de São Paulo, como o Jardim América, Anhangabaú, City Butantã, Alto da Lapa, City América, Planalto Paulista, Alto de Pinheiros e Pacaembu. Além disso projetaram o loteamento City Bussocaba, na cidade de Osasco. Os urbanistas ingleses Barry Parker e Raymond Unwin foram contratados para o projeto de um bairro que ficaria conhecido como Jardim América.

Previamente a isso a Cia. City havia adquirido duas áreas que totalizavam aproximadamente 960.000 m² e localizadas na antiga Chácara Bela Veneza e na Freguesia da Consolação que eram áreas inóspitas e inundadas em boa parte do ano por estarem situadas na várzea do Rio Pinheiros. A partir da década de 1970 retomou suas atividades de urbanização iniciando por cidades do Estado de São Paulo implantando os loteamentos Nova Piracicaba na cidade de Piracicaba, Parque do Martim Cererê na cidade de São José dos Campos, Campos Elísios na cidade de Taubaté, City Ribeirão na cidade de Ribeirão Preto, City Barretos na cidade de Barretos, City Figueiras na cidade de Blumenau em Santa Catarina e retornando a cidade de São Paulo na década de 1980 implantando os loteamentos Parque das Nações Unidas, City América I , City América II e Jardim dos Pinheiros todos na zona norte da capital de São Paulo.

Todos estes projetos e sua implantação tiveram as autorias dos Engenheiros Victor Malamud, João Pereira de Castro, Kerginaldo da Siva e Pedro Ernesto Francisco Py. Todos trabalhando com a mesma filosofia que deu origem a esta empresa e que a tornou a referencia de urbanização na cidade e estado de São Paulo e em alguns outros estados.




Projeto de doação da área para construção do Estádio do Pacaembu em 1935, pela Companhia City. A construção das vias já era prevista no projeto do estádio, elaborado por Domício Pacheco, do escritório técnico Ramos de Azevedo - Severo & Villares. Também informa que a prefeitura, como beneficiária, comprometeu-se a erguer um estádio para ao menos 50 mil pessoas e com valor mínimo de quatro mil contos de réis.

Também foi acordado na escritura o calçamento, em asfalto, da avenida Pacaembu, de uma praça diante do complexo esportivo e das ruas Itápolis, Itatiara, Itapecuá, 9A e 32A. Com isso, nota-se a visão empreendedora da Cia. City em doar os terrenos ao poder público. Apesar de abrir mão de uma área do bairro, a empresa se beneficiou dos melhoramentos que a prefeitura fez no Pacaembu, os quais valorizaram a região e facilitaram a venda dos lotes.

Empreendimento da Cia. City no Butantã no início do século XX.


A partir da década de 1970 retomou suas atividades de urbanização iniciando por cidades do Estado de São Paulo implantando os loteamentos Nova Piracicaba na cidade de Piracicaba, Parque do Martim Cererê na cidade de São José dos Campos, Campos Elísios na cidade de Taubaté, City Ribeirão na cidade de Ribeirão Preto, City Barretos na cidade de Barretos, City Figueiras na cidade de Blumenau em Santa Catarina e retornando a cidade de São Paulo na década de 1980 implantando os loteamentos Parque das Nações Unidas, City América I , City América II e Jardim dos Pinheiros todos na zona norte da capital de São Paulo. Todos estes projetos e sua implantação tiveram as autorias dos Engenheiros Victor Malamud, João Pereira de Castro, Kerginaldo da Siva e Pedro Ernesto Francisco Py. Todos trabalhando com a mesma filosofia que deu origem a esta empresa e que a tornou a referencia de urbanização na cidade e estado de São Paulo e em alguns outros estados.


Pacaembú Como a maioria dos bairros paulistanos, formou-se do loteamento de diversas propriedades rurais originadas com os jesuítas. Uma delas era o Sítio do Pacaembu. Com o passar dos anos, o sítio isolado coberto por vegetação foi subdividido em pequenas chácaras majoritariamente cultivadoras de chá. Entre o bairro de Pinheiros e do futuro Pacaembu, foi criado, em 1887, o Cemitério do Araçá, importante necrópole do município, que abriga os mausoléus da elite paulistana. No ano de 1912, a empresa inglesa City of São Paulo Improvements and Freehold Company Limited adquiriu terrenos na cidade. Uma dessas áreas seria o futuro bairro do Pacaembu. A empresa anunciava a criação de bairros baseados nos princípios básicos da garden-city, causando alvoroço entre os paulistanos. Pelo fato de o bairro se situar em um vale, a City enfrentou diversos desafios, como o terreno acidentado e dificuldades de logística e transportes, onde eram utilizados burros de carga.Pelo fato de ser um plano arquitetônico ambicioso, nunca visto na cidade e bem maior do que o pioneiro Jardim América, foi embargado de início pela Câmara Municipal. Com a aprovação dos órgãos municipais, o projeto foi retomado em 1925, quando a Cia. City começou o loteamento e a urbanização da região. As primeiras modificações na região foram a canalização do ribeirão Pacaembu, a formação da primeira via do bairro, a Avenida Pacaembu, além da drenagem e aterramento de grandes áreas.

Em 1935, a empresa inglesa doou, ao poder público, um terreno 75 000 metros quadrados para a construção do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho (mais conhecido por seu nome antigo, Estádio Municipal do Pacaembu). Projetada pela Companhia Severo e Villares, a obra foi concluída em 1938, sendo inaugurada em 27 de abril de 1940, com a presença do então presidente da república, Getúlio Vargas, o qual foi recebido por estrondosa vaia pelos paulistas. Na época, era o maior estádio da América Latina. Quatro anos mais tarde, uma parte significativa dos terrenos do bairro fora comprada, tornando-se um dos endereços preferidos da alta sociedade paulistana. A partir da década de 1970, algumas de suas vias ganharam caráter comercial e de serviços, caso da Avenida Pacaembu. No ano de 1991, foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico, devido à intensa arborização das ruas e praças públicas, à grande área de solo permeável e a sua baixa taxa de densidade populacional. Este decreto evitou alterações em suas vias e modificações na estrutura das edificações, dentre outras minuciosas especificações.


VI

PERDIZES E SUMARÉ



Cruzamento da rua Caiubi com Cardoso de Almeida nos ano anos 1960. 

Perdizes é um bairro nobre situado na zona oeste do município de São Paulo e pertencente ao distrito de Perdizes. Possui o terceiro maior IDH entre os distritos paulistas, ficando atrás apenas de Moema e Pinheiros.Limita-se com os bairros de: Sumaré, Vila Pompéia, Água Branca, Barra Funda e Pacaembu.

História. A exemplo de muitos bairros paulistanos, Perdizes proveio de propriedades rurais, sendo uma delas a Sesmaria do Pacaembu. Há registros, datados de 1850, que indicam a presença de chácaras na região, algumas delas criavam animais, como a perdiz. Uma dessas propriedades pertencia a Joaquim Alves, um vendedor de garapa que criava perdizes em seu quintal, onde hoje é o Largo Padre Péricles. A ave batizou a localidade, informalmente chamada até então de Campo das Perdizes. Devido ao crescimento da cidade as características rurais da área desaparecem pelo loteamento e venda das terras. Ao final do século XIX, especificamente em 1897, Perdizes entra na planta oficial da cidade. Nas primeiras décadas do século vindouro houve um crescimento imobiliário do novo bairro, sendo consolidado na década de 1940 como um bairro de classe-média. Com o passar do século verticaliza-se e sedia importantes instituições educacionais, como a PUC-SP em 1946. A quadra, onde atualmente se encontra a PUC-SP, formada pelas atuais ruas Monte Alegre, João Ramalho, Ministro Godoy e Bartira, constituía-se na antiga Chácara Lúcia de propriedade de Germaine Lucie Buchard, Condessa de Gontand Birou. Em 1948, as Carmelitas deixaram o Mosteiro que foi doado para a Universidade Católica. O conjunto é formado pelo antigo Convento das Carmelitas Descalças e Capela, projetado por Alexandre Albuquerque, no início da década de 1920, em estilo neocolonial e pelo Teatro da Universidade Católica – TUCA, de 1965. A mesma universidade foi alvo de emblemáticas intervenções e manifestos ocorridos na ditadura militar, como a: invasão de seu câmpus em 1977 e as manifestações no TUCA, teatro da universidade.


Tombamentos. Neste bairro, em 1900, no Largo das Perdizes, existia uma Capela, ou seja, uma igreja nacional, muito pequena e pobre, dedicada à nossa Senhora da Conceição e Santa Cruz. E nesta Capela funcionou a primeira Matriz da nova Paróquia de São Geraldo. No Largo Padre Péricles (antigo Largo das Perdizes), se localiza a Paróquia São Geraldo das Perdizes, criada em 15 de fevereiro de 1914, por Dom Duarte Leopoldo e Silva, Arcebispo Metropolitano de São Paulo. Na Paróquia São Geraldo, muitos tesouros arquitetônicos e artísticos estão guardados, mas o de maior destaque é o que está protegido no Campanário: o Sino que anunciou a Sete de Setembro de 1822, uma hora após a proclamação, a Independência do Brasil, às margens do Ipiranga pelo príncipe D. Pedro. O CONDEPHAAT tombou alguns edifícios do bairro, bem como o histórico Sino da Independência do Brasil, localizado no campanário da Igreja de São Geraldo. Além desse objeto, tombado em 1972, a dita igreja também possui outros acervos significativos, entre eles o conjunto de sessenta vitrais, alguns deles executados pela famosa Casa Conrado Sogenith, de São Paulo. e o conjunto de edifícios da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Em estudos para Tombamento pelo Conpresp, a pedido de moradores, estão 38 imóveis, visando a preservação de sobrados e casarões históricos. Estão em sua maioria em ruas como Doutor Homem de Mello, Turiaçu, Ministro Godoy, Germaine Burchard, Monte Alegre, Itapicuru, Bartira, Caiubi e Vanderlei. Perdizes e o Parque da Água Branca. Outras paróquias históricas do bairro são: a Paróquia de Santa Rosa de Lima em honra a Santa Rosa de Lima, padroeira do bairro e a Igreja de São Domingos.

Avenida Heitor Penteado. 

Sumaré é um bairro nobre da cidade de São Paulo localizado na zona oeste, no distrito de Perdizes. Está localizado em uma das regiões mais altas da cidade, chamada de Espigão da Paulista. O bairro-jardim é resultado do loteamento original da Sociedade Paulista de Terrenos e Construções Sumaré Ltda., moldado com extensa porcentagem de área verde e solo permeável, apresentando também traçado viário tortuoso. Seu nome se deve a uma espécie de orquídea de nome científico Cyrtopodium puntactum. No Sumaré, foi inaugurado o primeiro canal de televisão da América Latina, a TV Tupi, em 1950. Em 1983 foi construída ali a primeira sede da Rede Manchete em São Paulo, idealizada por Oscar Niemeyer, na rua Bruxelas. No ano de 1981 o SBT iniciou suas atividades no bairro, onde tinha prédios com antena de transmissão. No ano de 1991 o SBT reativou seus estúdios no bairro, onde foram gravadas algumas de suas novelas, além do talk-show Jô Soares Onze e Meia. Esses estúdios foram parcialmente abandonados em 1996, como foi na Vila Guilherme, quando a emissora mudou-se para o CDT da Anhanguera. Ainda hoje, o bairro é lembrado e caracterizado pelas diversas antenas de transmissão cortando sua paisagem, composta também por muitas árvores e ruas sinuosas e inclinadas, além de casas de alto-padrão, vielas grafitadas, prédios de poucos andares - característicos da década de 1950, casinhas geminadas e pequenas vilas. É classificado pelo CRECI como "Zona de Valor B", assim como: Brooklin, Alto da Lapa e Vila Madalena. No bairro, há grandes exemplares da arquitetura moderna paulista, como o Edifício Jaraguá, de autoria de Paulo Mendes da Rocha, o Spazio 2222, de Décio Tozzi, e residências de Vilanova Artigas. O Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Fátima é muito procurado pela colônia portuguesa, notadamente no mês de maio. Nele foi gravada a última cena da novela Éramos Seis, da autoria da escritora Maria José Dupré, em 1994 pelo SBT. Em virtude deste aparato arquitetônico o Sumaré é tombado pelo CONDEPHAAT, e com isso sua área está preservada da verticalização e de mudanças no traçado das ruas, mantendo suas características originais. A população do Sumaré é bairrista, fato comprovado no ano de 2003, quando impediu a construção de um prédio de oito andares nos territórios do bairro.


Anos 60. Ao centro, o Córrego Sumaré antes da construção da Avenida Sumaré. Em primeiro plano (a esquerda) a Rua Juazeiro. A bifurcação (a direita) é a Rua Ministro de Godoy. As ruas que cruzam o córrego (ao alto) são a Ministro Gastão Mesquita (a esquerda) e a João Arruda (a direita).
A Avenida Sumaré teve sua construção iniciada na década de 1960. O projeto havia sido planejado pelo então prefeito Prestes Maia em 1944, mas só foi retomado em 1961, quando reassumiu a prefeitura. As obras foram concluídas em 1965. Já a Avenida Paulo VI, continuação da Sumaré no sentido de Pinheiros, foi inaugurada em 1978. SP em Fotos Antigas. 




Estação Sumaré.Encontram-se no bairro as sedes da Pró-TV, e da Ideal TV, situada no Edifício Victor Civita, o mesmo prédio na qual já sediou as extintas Rede Tupi, MTV Brasil e Loading. Apresenta também uma quantidade considerável de antenas de transmissão de emissoras nacionais, exemplos das torres: Cultura, da TV Cultura, Bruxelas, da RedeTV!, Victor Civita, que transmite a Ideal TV, e Assis Chateaubriand, do SBT, localizada no Estúdio S. Este estúdio é a base operacional de transporte da rede, sendo alugado também pela ESPN. Suas vias principais são Rua Heitor Penteado, Rua Apinagés, Avenida Sumaré, Avenida Doutor Arnaldo e Avenida Professor Alfonso Bovero, por onde circulam linhas de ônibus para as zonas Oeste, Sul e Norte de São Paulo. Além disso, o bairro é servido por duas estações de metrô da Linha 2 - Verde: Estação Sumaré e Estação Vila Madalena.

1960 - Avenida Sumaré  e Rua Grajaú .Fotos antigas de SP, Cidade


Carro descendo a rua Caiubi no cruzamento com a avenida Sumaré (lado Sumaré) nos anos 1960.


A Avenida Sumaré é uma importante avenida da zona oeste de São Paulo. Corta o bairro de Perdizes, estendendo-se sobre o Córrego Sumaré, canalizado em direção à Avenida Antártica. Embaixo do viaduto da Avenida Doutor Arnaldo e sobre a Avenida Sumaré, foi construída a Estação Santuário Nossa Senhora de Fátima-Sumaré. Pela avenida, é possível acessar diversos pontos referenciais da região, como a Sociedade Esportiva Palmeiras, o Allianz Parque, as escolas de samba Tom Maior e Camisa Verde e Branco, a universidade PUC-SP, o Parque da Água Branca, o Terminal Rodoviário Barra Funda, os estúdios da MTV, Record e ESPN Brasil, o Museu das Invenções e os shopping centers West Plaza e Bourbon. É considerada uma avenida radial pela prefeitura, por cortar em forma longitudinal um bairro e construída num fundo de vale de um córrego canalizado na década de 1960.
História. A construção da avenida já era prevista desde um projeto elaborado pelo prefeito Prestes Maia, em 1944, mas a ideia foi deixada em segundo plano pelas administrações posteriores. Ao assumir novamente a Prefeitura, em 1961, Prestes Maia voltou a dar atenção ao projeto e deu início às obras de canalização de 3,4 mil metros do Córrego Sumaré. Com a conclusão dessa obra, em 1965 foi dado início à pavimentação na nova via, com pistas de dez metros de largura cada e um canteiro central com dez ou catorze metros de largura, dependendo do trecho. A partir do segundo semestre de 2006, a avenida foi utilizada para o projeto piloto de uma faixa exclusiva para motocicletas. Para isso, suas três faixas foram estreitadas e a velocidade máxima na via caiu para 60 km/h. O projeto foi considerado polêmico, pois ao mesmo tempo em que garantia maior segurança aos motociclistas, diminuiria a fluidez do trânsito na região. Além disso, o fato de a faixa de motos não poder ser utilizada por automóveis, mas as faixas de automóveis poderem ser utilizadas livremente pelas motocicletas foi alvo de protestos e ação por parte da população local. Em resposta, a Prefeitura desativou provisoriamente as pistas exclusivas das motos.

Sumaré anos 1970, divisa com Pinheiros. Ao fundo a sede do Instituto Goethe na rua Lisboa. Paulista Paulistano. 




PARQUE DA ÁGUA BRANCA


Parque da Água Branca, ou Parque Fernando Costa, na atual Avenida Francisco Matarazzo, na época, Avenida Água Branca, na zona oeste da cidade de São Paulo, nos anos 30.
Fonte - Acervo do álbum de Júlio Prestes/ antonio m. rudolf.




O Parque Estadual da Água Branca (oficialmente Parque Fernando Costa) é um parque localizado no distrito da Barra Funda, na cidade de São Paulo, Brasil. O local possui 136.765.41m², e fica na Avenida Francisco Matarazzo no bairro da Água Branca. Idealizado pela Sociedade Rural Brasileira (SRB), entidade representativa da agropecuária brasileira, o Parque começou as ser formado em 1905 e foi inaugurado em 2 de junho de 1929 pelo Secretário de Agricultura Dr. Fernando de Sousa Costa, responsável por fornecer novas vertentes à indústria animal, criando também o Departamento de Lacticínios da Indústria Animal.


Fernando de Sousa Costa (São Paulo, 10 de junho de 1886 - Jacareí, 21 de janeiro de 1946) foi um político e agrônomo brasileiro. Formado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, de Piracicaba, foi prefeito de Pirassununga (1912), deputado estadual (1919), secretário da Agricultura de São Paulo (1927 — 1930), no governo Júlio Prestes, ministro da Agricultura (1938 - 1941) na primeira metade do Estado Novo - tendo fundado o Instituto Biológico e o Parque da Água Branca, que leva seu nome, além de ter realizado pesquisas de exploração de petróleo - e interventor do Estado de São Paulo (1941 - 1945).


Com o objetivo de abrigar exposições e provas zootécnicas, o parque foi criado em um período em que a Avenida Água Branca sequer havia sido asfaltada. O parque foi tombado em 1996 pelo Condephaat como patrimônio cultural, histórico, arquitetônico, turístico, tecnológico e paisagístico do estado de São Paulo, e em 2004 pelo CONPRESP, por seu valor histórico, arquitetônico e paisagístico-ambiental. O local abriga o Fundo Social de São Paulo, (antigo Fundo de Assistência Social do Palácio do Governo). A sede do Fundo funcionava em um palacete antigo da avenida Rio Branco, em Campos Elísios, em frente ao Palácio dos Campos Elísios, o antigo palácio do governo paulista. Em 1980, na administração de Paulo Maluf, a sede foi transferida para o atual endereço, no Parque Fernando Costa (Água Branca). O Parque também abriga diversas associações de criadores de raças de equinos e bovinos e a AAO (Associação dos Agricultores Orgânicos de São Paulo), além do Instituto de Pesca e o Museu Geológico Valdemar Lefèvre, entre outras instituições.

Antecedentes. Em 1890 foi criado o serviço agronômico em São Paulo, que reunindo legislações já existentes, definiu atividades e codificou a ação oficial do Departamento de Agricultura Estadual. Já em 1896, surgiu o Instituto Agronômico, que em 1898 teve suas funções reorganizadas e ampliadas, como o Posto Zootécnico, anexo ao Instituto e responsável por realizar estudos sobre animais domésticos e suas aptidões e emprego na agricultura. Naquela época, assim como a cultura do algodão, a industria animal se tornava muitas vezes desprezada ou restringida por depender de inúmeros fatores. Alguns anos depois, o período entre 1904 e 1908 ficou marcado por grandes mudanças e pela participação oficial da indústria animal, responsável pelo desenvolvimentos da cidade e por melhorias nos rebanhos paulistas. O então prefeito de São Paulo, Antônio da Silva Prado, reconhecendo que a atividade agrícola se encontrava em estágio inicial, onde a população abastecia-se de produtos em pequenas hortas e galinheiros, assim como em áreas periféricas, notou que era hora de oferecer novas perspectivas ao setor.


Entrada principal do Parque da Água Branca, na Avenida Francisco Matarazzo.


Com isso, o Parque da Água Branca passou a ser formado em 1905, quando a lei 811 de 14 de março daquele ano autorizou a Prefeitura de São Paulo a possuir um terreno de João Batista de Souza e também de outras pessoas. A área total do local era de 91.781,27 m², destinada à Escola Municipal de Pomologia e Horticultura, criada pelo então prefeito Antônio da Silva Prado para que pessoas pudessem se dedicar profissionalmente à agricultura. A escola funcionou até 1911. Após a escola ser desativada, o local passa um período desativado, embora fosse conhecido pela população como um viveiro de plantas da Prefeitura. Nos anos seguintes, ampliações do terreno foram realizadas, como em 24 de dezembro de 1912, com o espaço de 1.742 m² e em 25 de setembro de 1913, com a aquisição de terrenos remanescentes de 31.211, 87 m² pertencentes a João Batista de Souza. Com isso, nos anos 20 o Parque possuía uma área de 126.556,14 m².




O ano de 1911 marcou um grande retrocesso e atraso do setor da pecuária, com a Diretoria de Indústria Animal se transformando em uma Seção da Diretoria de Agricultura, que passou a ser chamada de Diretoria de Agricultura e Indústria Pastoril. Em 1928 O governador de São Paulo, Júlio Prestes, que tinha Dr. Fernando de Souza Costa como Secretário da Agricultura, decidiu transferir as dependências de Produção animal e de Exposições da Mooca para o bairro da Água Branca, criando o "Pavilhão de Exposições de Animais", que no futuro passaria a se chamar Parque Estadual "Dr. Fernando Costa"O Posto Zootécnico Central, criado em 1905 na Mooca, onde permaneceu até 1929 e depois transferiu-se para o Parque da Água Branca foi suprimido. Em 1918 o Posto foi restabelecido.

A inauguração e ampliação de território. No dia 2 de junho de 1929, o Parque foi oficialmente inaugurado, pertencendo à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, com o objetivo de abrigar o Recinto de Exposições e Provas Zootécnicas. Em suas dependências haviam estábulos, pavilhão de equinos, tanques para peixes, além de estufas e pomares, tornando-se também um local para passeios. O Parque surgiu em uma época de desenvolvimento agropecuário, tornando-se um patrimônio nesse setor. As feiras e exposições de animais que aconteciam no local se tornavam acontecimentos marcantes para a sociedade paulistana.  Uma das grandes atrações na época era visitar o local à noite, para ver os prédios projetados e construídos pelo engenheiro Mário Wathely no estilo Normando, construções que usam elementos comuns à arquitetura típica da região da Normandia, na França. O parque também foi palco para o cinema mudo, passeio famoso entre os visitantes, e também permaneceu ocupado por militares durante a Revolução Constitucionalista de 1932. Também foi usado para venda de queijos, frios e manteigas. Com a inauguração do Parque, também foram criadas as Seções de Veterinária, Defesa Sanitária Animal e de Caça e Pesca, e a atual sede do Departamento de Produção Animal. Além disso, foram instalados pavilhões de administração, recintos para exposições, estações de laticínio, tanques e escadas de peixes.



No dia 25 de abril de 1928 a área do Parque da Água Branca foi transferida ao Estado pela Prefeitura, que recebeu como permuta um terreno "da Fazenda do Estado", situado no Parque do Ibirapuera. Com isso, o Estado ampliou o terreno em mais 35.000 m². Com o apelo de criadores e fazendeiros para a criação de um recinto de exposições e um local para sediar o antigo Departamento de Produção Animal, em 1928 o então governador do Estado de São Paulo, Júlio Prestes, que tinha como secretário da Agricultura Fernando Costa, decidiu transferir o antigo Departamento e Parque de exposições da Mooca para a Água Branca, local que ficou conhecido por um tempo como Pavilhão de Exposições de Animais, até ganhar o seu nome oficial. No período de 1939 a 1942 foram adquiridos pelo governo do Estado de São Paulo mais 12.022,27 m², totalizando a área atual do parque, de 136.765.41 m2².






Fotos: Arquivo Público do Estado. Acervo: Álbum de Júlio Prestes/ Antônio M. Rudolf.


PUC PERDIZES


Prédios da Pontifícia Universidade Católica no bairro de Perdizes nos anos 1960

PUC São Paulo. O Campus de Perdizes, situado na rua Monte Alegre e sede da universidade, é o maior da PUC-SP, tanto em tamanho quanto em número de alunos. Nele estão a Reitoria e os principais serviços administrativos da Universidade divididos em dois complexos, o Edifício Cardeal Motta (antigo Convento Carmelita datado do século XIX), também chamado de Edifício Sede ou de Prédio Velho, e o Edifício Reitor Bandeira de Mello, conhecido como Prédio Novo. Ao lado da entrada principal do Edifício Sede está o histórico e emblemático Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, o TUCA. Além disso, o campus abriga o enorme acervo da Biblioteca Nadir Gouvêa Kfouri (5° Reitora da Universidade) e a Paróquia Imaculado Coração de Maria, apelidada de Capela da PUC. Situa-se em Perdizes, na zona oeste da cidade de São Paulo. O Campus da Consolação, na rua Marquês de Paranaguá, ocupa a área da antiga sede do Instituto Sedes Sapientae.[Textos e imagens da Wikipedia]

Missa no Pátio da Cruz nos anos 1950
 

Assembleia de protesto em frente ao TUCA. Teatro da Universidade Católica de São Paulo nos anos 1970. 

Resistência  crítica ao Regime Militar. Durante a época da Ditadura Militar, vários estudantes e professores da PUC-SP participaram de várias manifestações contra o regime, e o então Grão-Chanceler, Dom Paulo Evaristo Arns, admitiu professores de universidades públicas que tinham sido cassados pela ditadura. Nomes como Florestan Fernandes, Octávio Ianni, Bento Prado Jr., José Arthur Giannotti, Celso Furtado e Paulo Freire, perseguidos pela ditadura militar, passaram a fazer parte do quadro de docentes da universidade. Em meados da década de 1970, o curso de filosofia é ameaçado de extinção, sendo que em 1974, a reitoria chegou a anunciar o fechamento do curso. O departamento de filosofia, através de elaboração de relatórios e reorganização administrativa, reage e consegue sustentar a existência do mesmo. INVASÃO. Foi no campus sede da PUC-SP, em meados de 1977, que ocorreu a 29ª reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), até então proibida. Pouco tempo depois, em 22 de setembro de 1977, a instituição foi local da reunião de retomada da UNE - União Nacional dos Estudantes, outrora fechada pelo regime militar. Nesta mesma reunião com estudantes de diversas universidades brasileiras, como a Universidade de São Paulo (USP), Fundação Getúlio Vargas (FGV) e a Universidade Presbiteriana Mackenzie, a PUC-SP foi invadida por tropas militares comandadas pelo Secretário de Segurança Pública, Coronel Erasmo Dias,[23] onde centenas estudantes foram presos. O episódio ficou conhecido como "a invasão da PUC", como descrito pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) no Jornal Folha de São Paulo. Na manhã seguinte ao fato, o então Cardeal-Arcebispo e Grão-Chanceler da PUC-SP, Dom Paulo Evaristo Arns, ao saber do ocorrido e voltando com urgência de Roma, manifestou a frase mais marcante do período: Na PUC só se entra prestando exame vestibular, e só se entra na PUC para ajudar o povo, não para destruir as coisas.

Prédio Novo da Puc da rua Ministro Godoy esquina com a rua Caiubi, em Perdizes.



ENTRE SÃO VICENTE E SÃO PAULO, FUI ESTUDAR NA PUC
 

DALMO  DUQUE


Morei em São Vicente pela primeira vez  entre março de 1974 e janeiro de 1985, quando pedi demissão da Liquid Química em Cubatão. Em 1985 fui para São Paulo acompanhar minha família. Minha mãe finalmente tinha conseguido realizar o sonho dela: morar e trabalhar em São Paulo. Fomos residir na região do Butantã, especificamente no Jardim Bonfiglioli, entre a Avenida Corifeu de Azevedo Marques e a rodovia Raposo Tavares, altura do quilômetro 13. 

Já era fascinado pela grandiosidade paulistana, que visitava com frequência desde o final da década de 1970. Durante a semana, trabalhando como voluntário do Centro Espírita Irmão Timóteo e do CVV, sempre subia a Serra para comprar livros para abastecer a livraria do centro (o qual eu era responsável). Além das visitas frequentes à Editora Aliança e Secretaria do CVV, na rua Genebra, percorria os principais pontos de venda de livros e discos no eixo Maria Paula-Praça da Sé. Meu ponto preferido era a Livraria Freitas Bastos.

Em São Paulo as coisas eram bem diferentes. Sempre foram. Realmente uma cidade de muitas faces e oportunidades. Fui estudar História na PUC e lá entrei definitivamente na educação. Como estudante, dava aulas no Colégio e no Curso Objetivo. Também lecionava, como estagiário, num supletivo de funcionários da manutenção do prédio da Secretaria da Fazenda, na Avenida Rangel Pestana, através da FUNDAP. Saía de casa às cinco da manhã e só voltava às onze ou meia noite. Estava mais fascinado ainda pelo ritmo elétrico da cidade e por tudo que estava acontecendo naquela época. 

Certa vez, não sei por qual motivo, enfiei na cabeça que queria ser redator de publicidade. Tinha pensado em fazer jornalismo, mas esse desejo há muito não me atraia mais. Matriculei-me, então, numa oficina de texto publicitário na Escola Superior de Propaganda e Marketing-ESPM, cuja sede ainda era na Rua Rui Barbosa, no Bexiga, próximo do Teatro Franco Zampari (onde o Faustão gravava o Perdidos na Noite). As aulas eram ministradas pelo escritor Ricardo Ramos (filho do Graciliano e parecidíssimo com o pai). Foi o verão mais deslumbrante (literalmente) que passei em São Paulo, ouvindo mil histórias e experiências da propaganda brasileira. Fiquei tão animado que comecei a pesquisar textos publicitários de todas as épocas, para aprender estilos, vocabulário, macetes, intenções, superlativos, adjetivos, slogans, títulos, enfim, tudo sobre essa arte que antigamente era exercida nas agências pelos melhores escritores e jornalistas: Orígenes Lessa, Mário Prata e dezenas de outros, como próprio Ricardo Ramos. Sabia que essa não seria a minha carreira, mas não deixava de sonhar com essa possibilidade. Não foi em vão, pois cultura e tecnologia a gente nunca perde e acaba sempre transformando em algo útil e diferente em situações e diferentes circunstâncias.

Realmente ainda tem gente que pensa que os anos 1980 foram uma década perdida e concordo, radicalmente, que, ao contrário, foram os anos nos quais foi inventado o século XXI, a Era da Informação e do Conhecimento. Foram muitas mudanças importantes: o surgimento da informática, a redemocratização no Brasil, a queda do Muro de Berlim, o fim da Guerra Fria, as guerras na Iugoslávia e no Golfo, enfim, mil coisas ao mesmo tempo. Dava aulas de manhã e à noite e estudava no período da tarde, no campus das Perdizes. Época maravilhosa, na qual ocorreu a minha formação intelectual, proporcionada pela intensa vida cultural de São Paulo: o Centro Cultural do Paraíso, a USP, as livrarias e sebos no centro e em torno da PUC, feiras, cinemas alternativos, teatros, shows e grandes espetáculos ao ar livre no Ibirapuera.

Em 1986 a Polícia Federal invadiu a PUC, quando assistíamos ao filme "Je Vous salue, Marie", proibido pelo governo Sarney. A PUC tinha uma história de invasões e violências na época do regime militar. Nesse dia, para fugir da polícia, os alunos atiravam a fita de vídeo do prédio velho para o prédio novo. Lá tinha uma molecada que adorava provocar e apanhar da polícia. Todos os anos eles levavam "bombas" de chocolate de presente para o Coronel Erasmo Dias (deputado), na Assembleia Legislativa. Erasmo havia invadido o campus em 1977, quando era secretário de segurança. Ele recebia cordialmente os alunos, mas sempre um deles, de propósito, falava um desaforo e ele, muito nervoso, perdia a paciência, começava a xingar e logo chamava a segurança.

Calçada dos diretórios acadêmicos e passagem do prédio velho para o novo prédio da PUC



Permaneci no Objetivo por seis anos, uma grande escola de docentes. Tinha aprendido a dar aulas ainda na adolescência num centro espírita, com grandes oradores como Jacques e Sueli Conchon, Valentim Lorenzetti, Flávio Focassio e Adolfo Marreiro. Porém, o meu modelo de docência para grandes plateias, com quem praticamente dei os primeiros passos (e substituía eventualmente) foi o professor José Jobson Arruda, que era uma mistura de acadêmico e show-man, com aulas curiosíssimas sobre Grécia e Roma. Depois de assistir a uma aula dele sobre Maomé e a expansão muçulmana, nunca mais fui a mesma pessoa. Na cadeira de História tinha verdadeiros ícones do cursinho paulistano: Heródoto Barbeiro (depois jornalista e apresentador de TV). Isso acontecia na unidade da Paulista, 900, no prédio da TV Gazeta e Fundação Cásper Líbero. Era registrado em três empresas: Di Gênio & Patti (Cursinho), Colégio Integrado Objetivo e Bricor (franquia). 

Trabalhei em vários bairros cujas unidades do Objetivo eram um autêntico reflexo social das classes, costumes e etnias da nossa pauliceia desvairada: na Paulista e Aclimação, os japoneses, coreanos, chineses e mestiços de italianos com orientais, de classe média; em Pinheiros, Altos da Lapa e Santo Amaro (região do Brooklin), muitos descendentes de italianos e judeus de classe média alta; no Morumbi e Alfaville, os ricos e novos ricos, filhos de grandes e famosos empresários, que não se adaptavam nos colégios tradicionais e mais rigorosos (Pueri Domus, Miguel de Cervantes, Porto Seguro, Augusto Laranja e outros). Interessante lembrar que nas unidades onde frequentava a classe alta os professores eram muito bem tratados pelos alunos.  Já nas unidades de classe média tínhamos muitos problemas de disciplina, que obviamente aliviávamos aparentando certa informalidade e irreverência ao expor as aulas, sobretudo os assuntos polêmicos. 

Os próprios professores da nossa turma e época eram uma complexa e rica diversidade étnica e racial. Ao sentarmos numa mesa para tomar chope e bater papo nas calçadas daqueles barzinhos de Cerqueira César, dava para ter uma ideia das nossas diferenças e semelhanças culturais: Gabriel Bandouk (palestino); James Kobayashi, Issao e Yumiko (japoneses); Wu (chinês); Moré (judeu, irmão do jornalista Gilberto Dimenstein); eu (mulato, neto de negros, nordestinos e húngaros); as irmãs Marisol e Nuricel, e Luizinho “Torquemada”- especialista em Inquisição - (espanhóis); Nogueira e Gomes (portugueses); as também as irmãs Eva e Benê Turim, Sidnei Malena (italianos); Eduardo Silva - Dudu – biólogo e ator afro que fazia o Bongô do RA-TIM-BUM – e finalmente o Altino, talvez descendente de alguma família quatrocentona, pois morava numa bela casa em Moema e hoje mora no Canadá. O Cidão Malena dizia que ele certamente iria ficar famoso porque um dia existiu o Al Johnson, existia o Al Jarreau e ele seria o Al Tino. Nosso coordenador na unidade Vergueiro era o Renato e o primo dele, Ermínio, caipirão muito divertido de Ourinhos e fã do Roberto Carlos e, na época, do Fernando Collor de Melo. No Morumbi era o Otto, alemãozão muito gente boa; em Pinheiros era o Domingos.  

Essa era apenas a nossa turma, pois havia, na unidade da Paulista uma verdadeira legião de professores controlados por uma enorme sala de horário comandada pelo Professor Fazzoli e o Armandinho (japonezinho de Álvares Machado). Nessa época as estrelas e veteranos do cursinho eram Fernando Teixeira, Honda (de Tupã), Kvork, Clézio, Eduardo, Sales (de Piracicaba), Derville, Jobson, Nicola, Moacir, Fazzoli, Vera e Hernani (ex-vocalista dos Sombras, de Presidente Prudente). Nós éramos apenas seus aprendizes. 

Alguns professores do Objetivo se tornaram políticos influentes, vereadores e deputados, como os irmãos biólogos Ricardo e Roberto Trípoli; e o geógrafo Paulo Kobaiashy. Alguns alunos também entraram para a política como Aurélio Miguel e Robson Tuma (filho do Romeu Tuma). 

No mundo artístico, a lista de alunos é interminável. Só para citar alguns: Gretchen (nos anos 70), Luciana Vendramini, Mara Maravilha e Roger (Ultraje à Rigor, que também foi professor de inglês). Outra figura importante do Objetivo foi o Dr. Dráuzio Varela, que conheci quando estava fazendo sua pesquisa no presídio do Carandiru. Desses estudos surgiram as primeiras aulas e materiais didáticos sobre AIDS nas escolas e, anos depois, o famoso livro Estação Carandiru.  Dráuzio Varella foi colega de faculdade do também médico João Carlos Di Gênio e criador do nome “Objetivo”. Apesar de toda essa badalação, o Objetivo era, na verdade uma passarela de uma grande maioria de alunos e professores anônimos, desconhecidos, que por ali passam como meros aprendizes. Histórias como a minha e desses colegas citados são inúmeras e se perdem nessa multidão paulistana. (Dalmo Duque- organizador)

Alunos do Objetivo no Edifício Gazeta durante a saída do período vespetino. nos anos 1980.





Edifício Gazeta, sede da Fundação Casper Líbero (Rádio e TV Gazeta) e também a mais famosa unidade do Curso e Colégio Objetivo. 

A MORTE DE DI GÊNIO

Eduardo Suplicy- Nota na pagina pessoal do Facebook
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Expresso meus sentimentos à família, aos amigos e a toda comunidade que trabalha e estuda , tanto no Objetivo quanto na UNIP, pelo falecimento de seu fundador, João Carlos di Gênio, neste sábado, 12, aos 83 anos. Di Gênio abriu oportunidades de ensino a um número extraordinário de estudantes. Agradeço muito o apoio que deu às minhas campanhas quando fui candidato nas eleições.



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Morreu João Carlos Di Gênio, um dos profetas do fim da sala de aula e empreendedor do pragmatismo escolar. Dono do império Unip-Objetivo, fundado com Roger Patti, Drauzio Varella e Tadashi Ito. 

Entrou na medicina da USP no ano em que nasci. Fui funcionário do grupo durante seis anos e também franqueado. Ele também não tinha jeito para os negócios. Quem fazia isso por ele eram os amigos-sócios sírio-libaneses Jorginho Brihy (morreu alguns meses depois do Di Gênio) e o professor de química, Nasser. 

Era literalmente um gênio da educação. Dizia que ler, interpretar e fazer as quatro contas era o foco do ensino e o único pré-requisito para ingressar e concluir um curso superior. O resto era tudo bobagem e burrice do sistema. Colocou em prática suas ideias e ficou bilionário. 

Solitário e notívago, telefonava de madrugada para os funcionários mais próximos para falar das novas ideias. Odiava puxa-sacos. Dava carros e casas para os melhores professores e os transformava em sócios em novas unidades. 

Montou uma escola num circo em Brasília depois que os professores de lá fizeram uma greve e criaram um cursinho próprio e concorrente. Levou ao DF os melhores dos cursinhos de SP e os manteve lá até que o concorrente fechasse as portas. Toda noite tinha um show musical, depois das aulas. 

Era fissurado por educação especial e superdotados, sobretudo estudantes pobres. Foi o primeiro a oferecer informática e falar de AIDs para os alunos, nos anos 80. 

Vaidoso (comentavam que que ele comprou uma capa da Veja, mesmo sabendo que o valor era altíssimo), politicamente conservador e cheio de inimigos e críticos mordazes que tinham inveja do seu sucesso financeiro. Foi acusado pela esquerda de financiar a Operação Bandeirantes e manipular o MEC para fins pessoais. 

A primeira aula via satélite no Brasil aconteceu no Objetivo da Paulista, 900 (prédio da Gazeta), durante a Guerra do Golfo. O historiador Jobson Arruda e Joelmir Beting conduziram o evento. Era a época das parabólicas. 

Uma greve de alunos paralisou o trânsito da paulista e deu notícia no Jornal Nacional. Ficou furioso e demitiu vários professores suspeitos de aliciamento político (a maioria de História e OSPB). Eu e o Moacyr (professor antigo, meu professor no cursinho em Santos em 83) assistimos tudo sem abrir a boca. Fomos salvos. 

Di Gênio não cumprimentava ninguém, era grosso com os funcionários que cometiam erros de correção de vestibular. Ficávamos de plantão no dia da FUVEST. Era tenso. Um colega nosso viu ele em um dos corredores e o cumprimentou: "Oi , tudo bem. Eu sou professor" . E o Di Gênio respondeu: "Tá, e daí"? E foi embora. Bem feito, puxa-saco tem mesmo é que se ferrar. Zoamos o colega durante anos nos almoços da churrascaria do Estádio do Pacaembú, nos dias de pagamento. 

Vai com Deus, Di Gênio. E não diga a São Pedro que era professor-empresário porque você já sabe qual vai ser a resposta. 

Dalmo Duque. São Vicente, 14 de fevereiro de 2022



VII

HIGIENÓPOLIS 


Rua Maranhão, no bairro paulistano de Higienópolis, em 1911.


Higienópolis. A região ocupada desde o século XVI, tendo seu desenvolvimento se dado paralelamente àquele da própria cidade. O bairro se destaca pela presença de grande quantidade de exemplares da arquitetura de tendências diversas. Sempre foi endereço de expressivas famílias tradicionais da aristocracia paulista, de maioria de origem portuguesa no início e depois de norte americanos e outras nacionalidades, passando a abrigar, nos dias de hoje, habitantes de variadas origens, migrantes e imigrantes, inclusive judeus de diversas nacionalidades provindos em sua maioria da Europa Central. Tendo ainda se tornado um dos bairros preferidos por artistas em geral, sendo palco de grandes atividades na semana de arte moderna. História A região onde se situam os atuais bairros de Higienópolis, Pacaembu e Perdizes compreendia a "Sesmaria do Pacaembu", que era dividida em Pacaembu de Cima, do Meio e de Baixo. O bairro de Higienóplis está localizado em parte do que era conhecida como "de Cima". A extensa propriedade rural pertencia à Companhia de Jesus. Seus membros, os jesuítas, receberam-na no século XVI como resultado de uma doação feita pelo donatário Martim Afonso de Sousa. Esses religiosos foram violentamente expulsos do Reino de Portugal e de suas colônias em 1760, através da determinação de Marquês de Pombal e seus bens foram confiscados e vendidos, dentre eles a sesmaria. E ali, com o passar dos anos, integrantes da aristocracia paulistana construíam suas chácaras, propriedades urbano-rurais e autossuficientes em água e subsistência. Já existia na região do Bairro da Vila Buarque a Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, inaugurada em 1884, bem como, inaugurou-se em 1892 o viaduto do Chá que trouxeram ao lugar, desenvolvimento e fluxo respectivamente àquele local que era considerado inóspito. Devido ao crescimento da cidade, causado pelo êxodo rural e o Ciclo do café, essas terras foram loteadas. As antigas terras do Barão de Ramalho e do legado do espólio do padre pernambucano Wanderley, que juntas apresentavam 847.473 m², foram compradas em 1893 por Martinho Buchard e Victor Nothmann, capitalistas alemães. Os dois empreendedores trouxeram da França o projeto e os materiais para a construção do segundo loteamento planejado e de alto-padrão da cidade, destinado especificamente para a elite paulistana. Chamado primeiramente de "Boulevard Bouchard", o loteamento fora lançado em 1895. Com os acréscimos posteriormente dos já existentes sítios de Dona Veridiana que mandou construir em 1884 uma "villa" denominada Maria que ladeava a hoje avenida Higienóplis até ao que hoje é a avenida Angélica e Dona Angélica que possuía também um sítio; que se juntaram todas essas terras formando o que hoje é o bairro de Higienópolis (cidade ou lugar de higiene), nome atribuído por conta de um hotel indicado por suas condições de limpeza e climáticas que era administrado pela Cia Higienópolis, acrescente-se a isso que ressaltadas pela altitude do bairro, que impedia o acúmulo de grandes enchentes, que poderia resultar em áreas de fácil contaminação da Malária, Febre Amarela e Tifo e pela publicidade do empreendimento, tais como o fornecimento de água e esgoto que vieram logo depois, que na época eram proporcionados em poucos locais da cidade. Além disso possuiria também iluminação à gás, arborização e seria atendido por linhas de bondes, sendo considerado como o maior loteamento em extensão territorial e em importância social e econômica.

Na época no bairro de Vila Buarque a região já contava com o Colégio Mackenzie - Gymnasio Americano, que gerou o atual campus paulistano da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Construído em 1874 no terreno de parte da antiga chácara de Dona Maria Antônia da Silva Ramos, e que foi um empreendimento idealizado pelo Reverendo Chamberlain.[5] Além do Hospital Samaritano de São Paulo, edificado em 1892 pela firma Krugg & Filho, através de doações diversas: de José Pereira Achao (por testamento), Victor Nothmann e Burchard, dos presbiterianos do Instituto Mackenzie, família Lee e Dona Maria Paes de Barros. O loteamento foi dividido em duas fases: Higienópolis 1 e Higienópolis 2, possuindo lotes de 700m² a 1000 m² juntamente com os sítios de Dona Veridiana e Dona Angélica. Na primeira etapa, a dos altos de Santa Cecília, vias foram criadas e receberam os nomes de 3 senhoras integrantes da aristocracia local, proprietárias de extensa áreas na região, todas filhas de abastados barões: Maria Angélica de Sousa Queirós, filha do barão de Sousa Queirós (Avenida Angélica), Maria Antônia da Silva Ramos, filha do barão de Antonina (Rua Maria Antônia) e Veridiana da Silva Prado, filha do barão de Iguape (Rua Dona Veridiana).

A Vila Penteado na Avenida Higienópolis em foto de 1900.Transcrição do texto no rodapé: "Martin Bouchard e Victor Nothmann foram responsáveis por esse loteamento urbano lançado em 1895."
São Paulo.


E logo a área foi ocupada pela aristocracia do café, fazendeiros, empresários, comerciantes, anglo-saxões e profissionais liberais; que erguiam seus palacetes, os mais elegantes da cidade. Muitos deles anteriormente moravam nos Campos Elísios, primeiro bairro nobre paulistano. Dentre os membros da elite destacam-se:as famílias Sousa Queirós, Prado, Alves Lima, Silva Telles, Toledo Piza, Pacheco e Silva, Paes de Barros, Barros Brotero, Amaral Souza, Lucas Garcia Borges, o conde Antônio Álvares Leite Penteado, o cafeicultor Carlos Leôncio de Magalhães, a família do presidente Rodrigues Alves, o presidente Fernando Henrique Cardoso, o empresário e comendador Franz Müller, o delegado Arthur Rudge da Silva Ramos, o jurista e político Jorge Americano, os ex-prefeitos da cidade: o urbanista e engenheiro Francisco Prestes Maia e o empresário, banqueiro e engenheiro Olavo Egydio Setúbal, o aristocrata e cafeicultor José de Queirós Aranha, a pintora modernista Tarsila do Amaral, a pianista Guiomar Novais, o jornalista Júlio Mesquita, o médico e ex-governador do estado Ademar de Barros, o médico Geraldo Vicente de Azevedo, e, dentre outros, Dom Luís Gastão de Orléans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil.  As mansões do bairro reproduziam os modelos franceses, procurava-se recriar o modo de vida das metrópoles europeias mais importantes do século XIX, tanto que a manutenção de um palacete exigia no mínimo de 10 a 15 criados. Os móveis, o material de construção e até a planta das casas eram trazidas da Europa. Possuíam pomares e jardins, algumas delas seriam tombadas pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico Cultural e Ambiental de São Paulo e, instituições educacionais e consulados se estabeleceriam nas tradicionais moradias. Uma das mais conhecidas da época chamava-se Vila Penteado. Construída em 1902 no estilo art nouveau, era pertencente ao conde Antônio Álvares Leite Penteado, fazendeiro de café e industrial paulista, detentor de grande riqueza. Projetada pelo engenheiro sueco Carlos Ekman foi a lançadora desse estilo na cidade. Decorada com estátuas, mobiliário, vitrais e mármores europeus. Ocupava toda a quadra entre a Avenida Higienópolis, ruas Sabará, Maranhão e Itambé, com grande área verde".


 Final da avenida Higienópolis em 1900. No primeiro plano o Hospital Samaritano e ao fundo a várzea do Rio Tietê. Publicação: SP Fotos Antigas. 


Desde sua fundação Higienópolis foi residência das classes mais abastadas. Os palacetes outrora pertencentes aos barões de café e seus filhos, aliados aos edifícios modernistas do início do século XX, o tornam uma miríade da arquitetura paulistana. Nele existem exemplares em estilos: eclético, neoclássico, pitoresco, normando, florentino, art nouveau, neocolonial, art déco, e outros, sendo objeto de estudos e pesquisas.Muitos desses imóveis foram tombados por órgãos governamentais. Ciclo do café. Bairro planejado por uma empresa privada ao final do século XIX, Higienópolis apresentava características que o diferenciavam do restante da cidade. Suas residências possuíam água tratada, esgoto além de apresentar vias arborizadas, praças, dentre as quais a Praça Higienópolis (de 1913) mais tarde denominada Praça Buenos Ayres, e enfim, Parque Buenos Aires. Os moradores, integrantes da elite paulistana, construíam seus palacetes baseados na arquitetura europeia, sendo trazidos de lá os materiais de construção e as plantas das futuras residências.


 A Vila Adelaide em 1911, na Avenida Higienópolis, entre as ruas Sabará e Itacolomi.


Residência de Dona Angélica: Por volta de 1893, Dona Maria Angélica de Sousa Queirós Aguiar de Barros, deixou a chácara de seu pai, o Barão de Souza Queiroz, para residir em um palacete da Avenida Angélica. A construção era uma réplica do Palácio de Charlottenburg, com materiais importados da Alemanha. Possuía um renque de palmeiras que vinha desde a estrada de Campinas, ladeando o caminho, e de onde surge o nome da Rua das Palmeiras. >.

Palácio de Charlottenburg, inspiração para residência de Dona Maria Angélica
Residência de Dona Veridiana: A filha do Barão de Iguape, Veridiana da Silva Prado, era personagem influente na sociedade da época. Sua mansão era ponto de encontro dos intelectuais e da elite paulistana, e mais tarde, palco das discussões da Semana de 1922. Denominada de Chácara Vila Maria, a propriedade da família Prado, se estendia até a Avenida Angélica e a Rua Dr. Martinico Prado. Apresentava uma mansão francesa, datada de 1884, e estava situada no quadrilátero entre as ruas Dona Veridiana, General Jardim, Sabará e Avenida Higienópolis. Nela funcionou o São Paulo Clube e posteriormente veio a abrigar o Iate Clube de Santos.

Vila Penteado: Em 1902, o conde Antônio Álvares Leite Penteado, fazendeiro de café e industrial paulista, detentor de grande fortuna, mandou construir suntuoso palacete em estilo art nouveau com projeto do arquiteto sueco Carlos Ekman. O palacete foi o lançador do estilo em São Paulo. Decorado com estátuas, mobiliário, vitrais e mármores europeus além de apresentar grande área verde. A Vila Penteado, como ficou conhecida, ocupava toda a quadra entre a Avenida Higienópolis e as ruas: Sabará, Maranhão e Itambé. Seus herdeiros, doaram a propriedade à Universidade de São Paulo, onde tornou-se, em seus fundos, sede dos cursos de pós-graduação da FAU-USP, na Rua Maranhão. Tombada pelo Condephaat em 1978.

Vila Antonieta: Em 1903, Antonieta Álvares Penteado e o marido Caio Prado foram residir em palacete construído pelo engenheiro sueco Carlos Ekman, com tendência art nouveau.
Residência de Maximilian Emiliano Hehl: O arquiteto construiu sua residência, baseando-se nos castelos medievais e na art nouveau. Situava-se no lado impar da Avenida Higienópolis. Por sua arquitetura, recebeu a denominação de Château de France.

Cúria Metropolitana: construção de 1916, na Avenida Higienópolis, abriga sede da Cúria Metropolitana, onde funcionava o Colégio Santa Cruz, em estilo de influência florentina.

Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus: inaugurada na Rua Maranhão, no ano de 1928. Projetada pelo engenheiro italiano Antonio Vincenti, executada a obra pelo arquiteto Fiorello Panelli, com seu interior inacabado. A imagem de Santa Teresinha, trazida de Lisieux (França), foi doação de Dona Sofia Neves Torres e o sino, foi presente do empresário ítalo-brasileiro Conde Matarazzo. A paróquia, uma das mais ricas de São Paulo, realiza inclusive obras assistenciais e filantrópicas.

Residência de Carlos Leôncio de Magalhães: O palacete do "rei do café", apelidado de Nhonhô Magalhães, foi construído na década de 1930. Foi erguido na Avenida Higienópolis pela empresa Siciliano & Silva, com estilo eclético e requinte em toda construção. Apresentando cinco pavimentos, no estilo manuelino português, e abrigando também uma capela, inspirada no Mosteiro dos Jerônimos, de Lisboa; além de um anfiteatro para acolher até 50 pessoas. O proprietário faleceu antes da conclusão do palacete, desfrutado por sua esposa, dona Ernestina e os filhos. Em 1974 se instalou no local a Secretaria da Segurança e Anti-Sequestro. Preservado pelo Patrimônio Histórico, foi vendido em leilão pelo Governo do estado ao grupo que administra o Shopping Pátio Higienópolis.

Casarão de Antonieta Cintra Gordinho: na Avenida Higienópolis, um casarão tombado, mais tarde tornou-se salão de entrada do Edifício Maria Antonieta que fica atrás. O casarão, construção de 1947 para o casal Antonieta e Antonio Cintra Gordinho, foi projeto do arquiteto francês Jacques Pilon, com inspiração no Petit Trianon, de Versalhes.

Casa de Franz Müller: propriedade do empresário alemão Franz Müller, construída no ano de 1895, na Rua Maranhão, de estilo neoclássico, foi em 1969 comprada e recuperada pela Sociedade Tradição, Família e Propriedade, sendo tombada pelo Condephaat.

Casa de Henrich Trost, na Rua Maranhão, uma das três casas primitivas do loteamento.

Residência de Martinho Burchard, vizinha das três casas pioneiras do bairro, de 1892, na Rua Maranhão, que abrigou pensionato de religiosas por anos, sendo demolida mais tarde.

Casa modernista da Rua Bahia, situada no nº 1126, tombada pelo IPHAN, residência de Luiz da Silva Prado. Construção de Gregori Warchavchik (1930).

Na Avenida Higienópolis, o palacete da família de Oscar Rodrigues Alves, filho do presidente da República Rodrigues Alves, de 1922 em estilo neoclássico, foi inspirado no Petit Trianon, conservado e tombado pelo Condephaat, e abrigou o Consulado Geral da Itália e posteriormente o Instituto Italiano de Cultura de São Paulo (IICSP), com construção prevista para ser iniciada, de um moderno anexo do Instituto Italiano que vai abrigar restaurante, teatro, duas galerias e centro multimídia, obra do arquiteto italiano Massimiliano Fuksas. "Trata-se de uma ideia que temos desde 2005, quando o instituto passou a ocupar o atual endereço", conta o diretor adjunto da entidade, Claudio D’Agostini.

O fazendeiro de café em Jaú, Alcides Ribeiro de Barros foi proprietário da residência seguinte, construção de Ramos de Azevedo, do ano de 1927, com mobiliário do Liceu de Artes e Ofícios, demolida para construção dos edifícios Santa Sophia e Santa Odila, fazendo esquina com a Avenida Angélica.

Em frente, na esquina da Avenida Angélica com a Avenida Higienópolis, morava a família de Francisco Camargo Lima, posteriormente uma pensão e mais tarde adquirida pelo médico dr.Rubens de Brito, onde instalou sua clínica e posteriormente a alugou para instalação de agência bancária, sendo tombada pelo Condephaat em sua arquitetura externa e vitrais.

Na Rua Piauí, logo depois da Praça Vilaboim, ao lado do Edifício Louveira, antiga residência do médico paulista Dr. Geraldo Vicente de Azevedo, filho do Barão da Bocaina, Francisco de Paula Vicente de Azevedo, belo casarão antigo preservado, de tijolos aparentes, chama atenção por seu conjunto arquitetônico construído em ampla área e que contém inúmeros vitrais coloridos, todos com diferentes desenhos na temática de barcos à vela. Placa: "Dr. Geraldo V. de Azevedo - Médico Operador" .

A Vila da Rua Piauí, no nº 1164, com construção de 1925, apresenta conjunto de casas de estilo art déco num projeto do arquiteto Augusto Rodrigues.

A antiga residência de Gustavo Stahl e família, construída nas primeiras décadas do século XX, localizada na Rua Piauí ao lado do Parque Buenos Aires, e que já foi sede do Consulado do Japão, tendo tombamento pelo Conpresp, apresenta arquitetura eclética, com elementos do estilo Luís XVI modernizado, e requintados detalhes e pinturas, preservando na totalidade suas áreas internas e externas.

Na esquina das ruas Piauí e Itacolomi, à espera de nova finalidade, imponente casarão, construído entre os anos de 1910 e 1918 que já foi propriedade da família do ex-presidente Rodrigues Alves, é um dos últimos exemplares da arquitetura dos palacetes do período de ouro do café. Pertencente ao INSS, até o ano de 2003 abrigou a sede da PF (Polícia Federal), e que teve prisão funcionando em alguns de seus cômodos. Tombado pelo patrimônio histórico, entrou em um período de abandono e degradação, permanecendo fechado devido a questões judiciais.

Na Rua Maranhão em frente à Paróquia de Santa Teresinha, um prédio histórico de seis andares, e tombado pelo patrimônio, que já foi ateliê do artista modernista Di Cavalcanti, abriga galeria de arte.


Início da verticalização. Devido ao desejo da elite local por espaços segregados, Higienópolis se tornou junto com a Avenida São Luís uma das primeiras áreas a se verticalizar e abrigar edifícios de alto-padrão. Esse processo se iniciou na década de 1930. O primeiro edifício do bairro foi construído no ano de 1933, na Rua Alagoas esquina com a Avenida Angélica. O prédio de cinco pavimentos, Edifício Alagoas, foi construído onde mais tarde residiu o jurista Plínio Correia de Oliveira, fundador da Sociedade Tradição Família e Propriedade. Depois surgiu o Edifício Santo André em 1935, na esquina da Rua Piauí com a Avenida Angélica, frente ao Parque Buenos Aires, sendo construído pelo engenheiro Francisco Matarazzo e projetado pelo arquiteto francês Jacques Pilon, com painel, no hall de entrada, em alto relevo, do artista John Graz, e que foi considerado o edifício elegante da ocasião. Nesse edifício residiu a artista modernista Tarsila do Amaral. No ano de 1937, houve a construção do terceiro, o Edifício Augusto Barreto. Foi construído pelos engenheiros da empresa Barreto Xandi e Cia. e erguido por iniciativa do fazendeiro de café em Mococa, Augusto Barreto, para residência de seus familiares. O Edifício D. Pedro II, o primeiro da Avenida Higienópolis, possuidor de dois andares, foi levantado no ano posterior 1938, onde se situava casa da família de Nhonhô Magalhães. Por muitos anos foi escritório da Cia. Belgo Mineira, e o prédio passou a ser o Convento das Irmãs de Santa Zita, que se mudaram para o local quando as casas onde viviam desde o ano de 1946 foram demolidas para a construção do Shopping Higienópolis.

Efeitos da verticalização. A partir da década de 1950, o bairro começou a se verticalizar substancialmente e grande parte dos antigos casarões que o caracterizavam foram demolidos. Alguns desses palacetes foram ocupados por instituições, tais como: Na Avenida Angélica, esquina com Rua Alagoas, o palacete estilo neocolonial de dona Belinha e do jurista Eurico Sodré, passou a ser utilizado por agência bancária, tendo sua frente voltada para o Parque Buenos Aires. A Sociedade de Cultura Inglesa, se estabeleceu onde era a casa da família Fonseca Rodrigues. No ano de 1953, teve início a construção do Edifício Rotary, na Avenida Higienópolis, tendo sido doado ao Colégio Rio Branco em 1960. O Colégio Nuno de Andrade, ocupou o imóvel da família Pereira do Valle e na do advogado Antônio Caio da Silva Ramos, na Rua Itacolomi, se instalou o Colégio Higienópolis. Em 1970 foi instalada a Escola Panamericana de Arte e Design, na antiga residência de Izabel Maria de Lima, na Avenida Angélica, esquina com Rua Pará, de 1998, um projeto de Siegbert Zanettini. O prédio onde foi instalado o Colégio Nossa Senhora de Sion, o Colégio Sion, foi projetado pelo engenheiro-arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo, em estilo eclético e erguido nos terrenos do antigo Hotel Higienópolis, tendo sido gradativamente ampliado. A Capela de Nossa Senhora de Sion, provisória, foi construída mais tarde, em 1940. Em 28 de março de 1941, a atual capela tem suas obras iniciadas, seu estilo guarda as características das Capelas de Nossa Senhora de Sion de outros países. O conjunto arquitetônico foi tombado pelo Condephaat em 1986. Com tal fenômeno, o bairro tornou-se um ponto de destaque na cidade como um "mostruário" de exemplares diversos de arquitetura, ocupado quase que predominantemente por edifícios de apartamentos de múltiplos andares, como os que se seguem:

O delegado Arthur Rudge da Silva Ramos, era morador do palacete na esquina da Avenida Higienópolis com Rua Martim Francisco. Com seu falecimento, no local foi erguido o Edifício Mansão Orlandina Rudge Ramos, nome de sua esposa. A residência da família do Dr. Renato Rudge Ramos, na Avenida Angélica, deu lugar a prédio comercial. A casa de Fernando Chaves e após, residência de dona Maria Helena Prado Ramos e do doutor Eduardo da Silva Ramos, foi demolida após o falecimento do casal, sendo erguido no local o Edifício Barão de Antonina, nome em homenagem ao antepassado do proprietário, na Avenida Higienópolis.

O ex-prefeito de São Paulo, o engenheiro e urbanista Francisco Prestes Maia, residia em ampla casa do lado par, na Avenida Angélica, na região próxima da Avenida Paulista, sendo após demolida para construção de arranha-céu comercial. Em frente, lado impar, ficava a residência da família do fazendeiro de café em Campinas, José de Queirós Aranha, filho do Barão de Anhumas, também dando lugar mais tarde a novo prédio. A casa de seu filho, o jurista Cássio Egídio de Queirós Aranha, era na Rua Bahia, onde foi construído o Edifício Lafayette. Na residência do engenheiro Felix Dabus, na mesma avenida, ergueu-se o Edifício São José.

A família Gasparian habitava na Rua Pará, que deu lugar ao Edifício Solar do Conde, onde veio a residir o historiador José Aranha de Assis Pacheco e, na mesma via, o palacete da família Silva Telles sofreu demolição para dar lugar a um prédio. A pianista Guiomar Novais assim como a vizinha família Castilho de Andrade, tiveram a construção de condomínio em suas propriedades, na Rua Ceará, já liberada pelo então prefeito de São Paulo, Miguel Colasuonno. A família Rocha Campos residia na Avenida Angélica, posterior Edifício Paulistânia.

Na Rua Itacolomi, no antigo casarão do jurista Renato Egídio de Souza Aranha, ergueu-se o Edifício Marquês de Três Rios, homenagem a seu familiar. O empresário e ex-prefeito de São Paulo, Olavo Setúbal, tinha residência na Rua Sergipe, onde posteriormente foi erguido edifício de consultórios e escritórios. Na mesma rua, esquina com a Avenida Angélica, ficava a casa do jurista e professor de direito José Pedro Galvão de Souza, que deu lugar ao Edifício Palmares. E, mais adiante, na proximidade da Rua Bahia, o mesmo ocorreu com relação ao palacete do engenheiro Caio Sergio Paes de Barros, com a construção do Edifício São Vicente, denominação dada em homenagem à fazenda do mesmo nome, de seus antepassados, em Campinas.

No final da Avenida Higienópolis, esquina com a Rua Conselheiro Brotero, na antiga propriedade do jornalista Júlio Mesquita e vendida a Cássio Muniz, ergueu-se o Edifício Muniz de Sousa. Na Rua Maranhão, esquina com a Rua Rio de Janeiro o engenheiro Edgard de Sousa, superintendente da São Paulo Tramway, Light and Power Company, tinha casa térrea, no futuro, um prédio de apartamentos.

Os anos de 1940 surgiram com edificação de novos prédios a preços módicos, como o Edifício Rubayat e o Edifício Teresópolis, na avenida Higienópolis. Começou nova era para o bairro. Aconteceu o êxodo da elite deixando seus palacetes para locais mais aprazíveis, dando lugar aos edifícios para a classe média. Em 1946 o Edifício Louveira, edifício residencial com dois blocos interligados por rampa e jardins, localizado na Rua Piauí, junto à Praça Villaboim, foi projetado pelos arquitetos João Batista Vilanova Artigas e Carlos Cascaldi, sendo considerado importante representante da arquitetura moderna, tendo sido tombado pelo Condephaat.

Edifícios como os de Rino Levi tornaram-se logo exemplares do novo momento, tendo no Edifício Louveira, de Vilanova Artigas, um caso paradigmático. Seguiram-se a ele outros arquitetos influenciados pelo modernismo, tais como o Edifício Prudência e Capitalização, na Avenida Higienópolis (1950), de autoria de Rino Levi e Roberto Cerqueira César, com paisagismo de Burle Marx, e o Edifício Lausanne, na Avenida Higienópolis, projeto do suíço Franz Heep. Foi também local de surgimento de exemplares de uma arquitetura caracterizada pelo abuso da ornamentação de pastilhas de tonalidades vistosas, muito criticada em sua época porém hoje revalorizada, como o Edifício Bretagne, na Avenida Higienópolis e o Edifício Parque das Hortênsias, na Avenida Angélica, ambos projetados por João Artacho Jurado (1957). E ainda, pelo mesmo Artacho Jurado, o Edifício Cinderela (1956), na Rua Maranhão, em pastilhas rosa e elementos vazados que apresentam mosaicos de flores.

O Edifício Anchieta, projeto dos arquitetos Marcelo Roberto e Milton Roberto, de 1941, de um dos mais importantes escritórios da Arquitetura Moderna Brasileira, o MMM Roberto, é o último da Avenida Angélica, com frente para a Avenida Paulista.

O CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo, promove abertura do processo de estudo de tombamento de imóveis situados no Bairro de Higienópolis, assegurando a preservação dos bens até decisão final da autoridade competente, ficando, portanto, proibida, sem prévia autorização deste Conselho, qualquer intervenção nos mesmos em termos de modificação ou destruição que venham a descaracterizá-los.

Fonte: HOMEM, Maria Cecília Naclério: Higienópolis, grandeza e decadência de um bairro paulistano - Prefeitura do Município de São Paulo - Secretaria Municipal de Cultura - Departamento do Patrimônio Histórico, 1980.



O Edifício Bretagne (1959), construção projetada por João Artacho Jurado, na Avenida Higienópolis, tendo ao lado o palacete de Antonieta Cintra Gordinho e o da Cúria Metropolitana de São Paulo, e do mesmo, o Edifício Parque das Hortênsias (1957), o Edifício Piauí (1949) e o Edifício Cinderela (1956). de construção de Adolpho Lindenberg (engenheiro), na mesma confluência com a Rua Sabará, onde já havia o Domus de 1956, feito na obra de Ermanno Siffredi e Maria Bardelli. E os Edifícios Santa Francisca e Santa Cândida (1963) projetado por Salvador Candia, nas esquinas da Rua Marques de Itú com Rua Aureliano Coutinho, feitos embasados na obra de Ludwig Mies van der Rohe, todos de vidro e lajes nervuradas que dispensam colunas no interior do imóvel, são um ícone da arquitetura moderna da cidade. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (8º Distrito do IPHAN), ocupa, na Avenida Angélica nº 626, na Santa Cecília. O palacete que pertenceu a Dona Sebastiana de Souza Queiroz, de 1910, projeto do arquiteto Ramos de Azevedo, no antigo pomar da residência de Dona Angélica de Barros e que ainda conserva os portões originais para passagem dos veículos a tração animal.

Padeiro subindo a avenida Angélica. à esquerda, a rua Antônio Prado. 1945. 

A Avenida Angélica é uma via localizada nos bairros de Santa Cecília e Higienópolis, nos distritos de Santa Cecília e Consolação, na cidade de São Paulo, capital do Estado de São Paulo, Brasil.

História. Palácio de Charlottenburg, inspiração para residência de Dona Maria Angélica.
Homenageia Dona Maria Angélica de Sousa Queirós Aguiar de Barros, situando-se seu palacete (inspirado no Palácio de Charlottenburg, Alemanha), na esquina com a Alameda Barros, posteriormente demolido.

Tanto a avenida Angélica como a alameda Barros receberam seus nomes em homenagem à distinta senhora, filha do Barão de Sousa Queirós, senador do Império, abastado fazendeiro e proprietário na cidade de São Paulo, e de Antônia Eufrosina Vergueiro. Foi casada com Francisco Aguiar de Barros. Recebeu o título pessoal de baronesa outorgado pelo Vaticano, por seu trabalho de benemerência junto à Associação de Caridade Damas de São Vicente de Paulo.

O local onde hoje se situa a avenida era parte da Chácara das Palmeiras de mais de 25 alqueires, originalmente pertencente a Francisco José Leite Pereira da Gama e depois a Frederico Borghoff. Foi arrematada em leilão, em 23 de janeiro de 1874, por Francisco de Aguiar Barros.

Ocupada em seu início por chácaras, posteriormente por ricos palacetes da elite, mais tarde demolidos para darem lugar a edifícios residenciais em sua grande maioria. No nº 626, com um projeto de Ramos de Azevedo, de 1910, que pertenceu a Dona Sebastiana de Sousa Queirós, palacete construido no antigo pomar da residência de Dona Angélica de Barros, ainda conserva os portões que eram utilizados para passagem dos veículos a tração animal. Passou a pertencer ao Governo Federal, ocupado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (8º Distrito do IPHAN).

É cortada por importantes vias, como a Avenida Higienópolis, as ruas Maranhão, Piauí, esta cortando a Praça Vilaboim, a Rua Alagoas entre outras.

Abriga praças como a Praça Marechal Deodoro e o Parque Buenos Aires, que tem o parque dos cães, pensado especialmente para os cachorros, apresentando área cercada onde eles podem correr livres e se socializar. Em seu término, se encontra a Praça Marechal Cordeiro de Farias, que se localiza no final da Avenida Paulista.




MACKENZIE



Universidade Presbiteriana Mackenzie é uma instituição de ensino superior privada e confessional no Brasil. A universidade é mantida pelo Instituto Presbiteriano Mackenzie, uma associação civil de direito privado, sem fins lucrativos e de finalidade educacional. O associado vitalício do Mackenzie é a Igreja Presbiteriana do Brasil. Possui campi de graduação e pós-graduação em São Paulo (Campus Higienópolis), Campinas (Campus Campinas) e Barueri (Campus Alphaville). 

História. Em 1869 chega e se instala na cidade de São Paulo o casal de missionários presbiterianos George e Mary Ann Annesley Chamberlain. Em 1870, enquanto o reverendo Chamberlain empreendia viagens missionárias pelo interior do Estado, sua esposa, Mary, dedicava-se à área pedagógica na residência do casal. Três crianças, sendo dois meninos e uma menina, foram os primeiros alunos de um sistema educacional em turmas mistas, sem os castigos físicos adotados na época. Nascia, assim, uma escola socialmente responsável e integrada à sociedade.

George Whitehill Chamberlain. Em 1871, a escola da senhora Chamberlain mudou-se para um novo endereço, rua Nova São José, atual Líbero Badaró. A partir de 1872, as aulas passaram a ser pagas – 12 mil réis por trimestre – concedendo-se bolsas parciais e integrais para os alunos carentes. Aceitando a proposta do jornalista José Carlos Rodrigues, adotou-se o nome de Escola Americana. Estudaram na escola nessa época tanto filhos de escravos como de famílias tradicionais.[carece de fontes]

Em 1876, uma nova mudança, agora para a esquina das ruas Ipiranga e São João, com a implantação de dois novos cursos: Escola Normal e o Curso de Filosofia (nível superior). Em 3 de setembro do mesmo ano, era inaugurado um edifício de tijolinhos, cuja parte superior fora reservada para o internato feminino, e o térreo para dois escritórios e três espaçosas salas de aula. Em 1879, Dona Maria Antônia da Silva Ramos, baronesa de Antonina, vendeu ao Reverendo Chamberlain, por 800 mil réis, área de sua chácara em Higienópolis, onde pastavam os cavalos que puxavam suas carruagens e escravos plantavam frutas e hortaliças.

Finalmente, em 1880, adquiriu-se uma área de 27,7 mil metros quadrados no bairro de Higienópolis. A fama da Escola Americana não se restringia ao Brasil, chegando aos ouvidos do advogado americano John Theron Mackenzie que, sem nunca ter vindo ao Brasil, fez constar em seu testamento, em 1890, uma doação à Igreja Presbiteriana americana para que se construísse no Brasil uma escola de Engenharia. Desta forma, tem início o nome utilizado até hoje: Mackenzie. Em fevereiro de 1896, já em Higienópolis, teve início o primeiro ano letivo da Escola de Engenharia Mackenzie, sendo os diplomas ainda expedidos pela Universidade de Nova Iorque.[carece de fontes]

Na década de 1940, o Mackenzie começou introduzir novas unidades e cursos, como a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras em 1946; Faculdade de Arquitetura, em 1947 e a Faculdade de Ciências Econômicas, em 1950. Em 1952, com quatro escolas superiores, o Mackenzie é reconhecido por meio de decreto assinado pelo então presidente Getúlio Vargas como uma universidade. Neste mesmo ano, Dr. Henrique Pegado assume a primeira reitoria da universidade. Em 1955 se iniciam as aulas da primeira turma da então criada Faculdade de Direito, que desde sua fundação destaca-se como uma das escolas mais tradicionais de São Paulo.

Em 1965, o Mackenzie nomeia Esther de Figueiredo Ferraz para o cargo de reitora. Ela foi a primeira mulher a assumir um cargo de reitora em universidades brasileiras. Ainda durante o mandato de Esther de Figueiredo Ferraz, alunos da Presbiteriana Mackenzie e da Universidade de São Paulo entraram em um conflito conhecido como a Batalha da Maria Antônia. Na época a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (que depois mudou o nome para FFLCH) era na rua Maria Antônia. Houve um grande conflito violento e sangrento entre os alunos pró-ditadura e contra-ditadura, evento que ficou conhecido como a Batalha da Maria Antônia. Os estudantes de esquerda, opositores ao regime militar, se concentraram no prédio da USP, em contra partida, os alunos direitistas locaram-se no prédio Mackenzista, grupo denominado de CCC - Comando de Caça aos Comunistas.[ Pelas diferenças ideológicas contrastantes, o conflito foi inevitável e só acabou com a repressão da Tropa de Choque solicitada pela então reitora Esther de Figueiredo Ferraz.[carece de fontes]

Em 1970 o Mackenzie abre a Faculdade de Tecnologia para suprir os vários setores tecnológicos do mercado de trabalho de profissionais qualificados em cursos superiores. A Faculdade de Tecnologia se tornaria, em 1999, a Faculdade de Computação e Informática.

O campus São Paulo possui atualmente mais de 50 prédios e está localizado no bairro de Higienópolis. Cerca de 35 mil alunos frequentam mais de 40 cursos nos diversos campi do Mackenzie. As unidades de São Paulo e Tamboré oferecem desde a educação infantil à pós-graduação. 


FAAP


A Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) é uma instituição de ensino superior privada de caráter filantrópico e também uma das mais prestigiadas universidades do país. Possui campi em duas cidades: São Paulo; e Ribeirão Preto. Foi fundada em 1947 e contribui com a cultura, através do Museu de Arte Brasileira, do Teatro FAAP, do Colégio FAAP, da biblioteca (criada em 1959) e das faculdades. 

A FAAP nasceu em 1947 do sonho do conde Armando Alvares Penteado de criar uma escola de artes e um museu. Desde sua fundação, em 1947, expandiu sua missão inicial e criou um centro universitário de excelência, além de manter o Museu de Arte Brasileira (MAB), o Teatro FAAP, o Cine FAAP e programas de residência artística em São Paulo e Paris. Penteado tinha o sonho de colocar São Paulo, uma metrópole que começava a se modernizar, no mapa mundial das artes. Entusiasta do desenho, pintura, escultura e tecnologia, ele decidiu financiar a criação de uma “Eschola de Bellas Artes com uma Pinacoteca para quadros originais”. Infelizmente, não teve tempo de ver seu projeto tomar forma, mas deixou as instruções para a fundação da FAAP estabelecidas em seu testamento. No ano seguinte à morte do conde, sua viúva, Annie, e seu irmão, Sílvio Alvares Penteado, decidiram concretizar seu desejo. Sílvio foi o primeiro presidente da FAAP. A dupla contou com a ajuda decisiva de Celia Scarpa Comenale, melhor amiga de Annie, que desde sempre ajudou a tocar os projetos. 

Em 1948, foi lançada a pedra fundamental para as obras de construção da Escola de Artes e do Museu, que seguiria pelas próximas décadas. Assim começava a tomar forma o novo monumento à cultura e à educação de São Paulo. O projeto do prédio 1 da FAAP foi encomendado ao arquiteto francês Auguste Perret, um dos mais importantes de seu tempo. É a única obra dele na América Latina. Antes mesmo da conclusão do prédio principal, no entanto, a instituição começou a ministrar em 1954 os primeiros cursos de artes, em um prédio anexo. O trabalho de Perret foi coroado em 1959 com a instalação de um majestoso conjunto de vitrais no átrio central do prédio da FAAP. Projetado por Claudia Andujar, os vitrais causaram espanto, tanto pelo tamanho, com 350m², um recorde nacional para a época, quanto pela qualidade dos artistas convidados a colaborar com obras: Lasar Segall, Candido Portinari, Tarsila do Amaral, Tomie Ohtake, Lina Bo Bardi, Colette Pujol, Bruno Giorgi, entre outros. Os vitrais se tornaram um ícone das artes brasileiras. 

Em 1960 acontece a Inauguração do Museu de Arte Brasileira (MAB FAAP). A primeira exposição foi em agosto de 1961, dedicada aos 300 anos do Barroco no Brasil. A exposição reuniu 184 peças de pintura, ourivesaria, mobiliário, numismática e documentos. Na ocasião, Annie Penteado foi agraciada pelo então presidente Jânio Quadros com a Comenda Nacional do Mérito. As réplicas em gesso de esculturas de Aleijadinho, feitas a partir dos originais do artista mineiro, estão até hoje expostas no prédio principal.

Em 1967 a  FAAP torna-se uma Faculdade. Com a criação da Faculdade de Artes Plásticas e Comunicações, a FAAP ganha seu primeiro curso universitário. No ano seguinte, o governo federal reconheceu a Fundação como entidade de utilidade pública, reafirmando mais uma vez o compromisso da FAAP com o desenvolvimento educacional e cultural de São Paulo e do Brasil. Ao longo da década de 1970, a FAAP continua a investir no ensino superior e a ampliar a oferta de cursos, além de aprimorar os já existentes. Durante esse período foram lançadas as Faculdades de Administração, Economia, Engenharia, Rádio e TV e Cinema.

Em 1976 o Teatro FAAP já é um dos mais tradicionais e importantes da capital paulista, tendo se firmado como uma referência no universo das artes dramáticas. Inaugurado nos anos 1970, já recebeu diversos artistas de renome e produções que marcaram época. Até hoje é parada obrigatória para todos aqueles que apreciam e valorizam o teatro em São Paulo.




VIII

JARDINS, ITAIM BIBI E VILA OLÍMPIA

Avenida Joaquim Eugênio de Lima em 1920



Avenida Paulista ,1977, esquina com a Alameda Joaquim Eugênio de Lima. Casarão Abrão Andraus demolido em 1982.


Jardins  é uma região paulistana que compreende as ruas de quatro bairros nobres, todos pertencentes à Subprefeitura de Pinheiros: Jardim Paulista e Jardim América no Distrito de Jardim Paulista; e Jardim Europa e Jardim Paulistano no distrito de Pinheiros além de certos trechos de Cerqueira César, localizados na área sul à Avenida Paulista, que também são considerados como parte integrante da região. O Jardim América (jardim mais velho de todos) foi criado a partir de um loteamento feito pela Companhia City of S. Paulo Improvements and Freehold Land Co. Ltda. (do qual Horácio Sabino, dono das terras da Paulista em direção ao Rio Pinheiros na época, era um dos fundadores) e projeto urbanístico do inglês Barry Parker que também planejou o primeiro bairro-jardim de Londres. O projeto baseava-se no conceito de cidade-jardim e pretendia concentrar residências de alto padrão. A empresa impôs em contrato que os fechamentos dos terrenos para a rua deveriam ser baixos, afastados uns dos outros para que não pudessem impedir a visão dos imóveis. As obras foram iniciadas em 1913 e finalizadas em 1929. Industriais, políticos, famílias tradicionais da elite e profissionais liberais bem-sucedidos passaram a procurar lotes para construir suas residências, onde poderiam esbanjar e usufruir de sua riqueza.  



Rua Bela Cintra nos 1920. 

O sucesso do Jardim América levou ao lançamento, em 1922, do projeto para o Jardim Europa, seguindo as mesmas diretrizes urbanísticas, na continuação do terreno em direção ao rio Pinheiros. O projeto, neste caso, foi assinado pelo engenheiro-arquiteto carioca Hipólito Gustavo Pujol Júnior. O terreno, originalmente alagadiço, apresentou-se adequado à especulação imobiliária depois da retificação do Pinheiros, na década de 1920. Ainda na década de 20, foi feito o loteamento do Jardim Paulista, em terras pertencentes às famílias Pamplona e Paim, nas terras acima do Jardim América, até a Avenida Paulista. Diferente do bairro vizinho, o Jardim Paulista nasceu com propósito residencial e foi urbanizado com ruas de traçado retilíneo, que se cruzavam apenas em ângulos retos. Além disso, em vez de nomes de países da América ou da Europa, as alamedas deste loteamento receberam nomes de localidades do interior paulista. O bairro foi ocupado por famílias de classe média alta. Na mesma época foram loteados também os terrenos a oeste e noroeste do Jardim Europa, pertencentes às famílias Matarazzo e Melão. Esses lotes deram origem ao Jardim Paulistano. Sem ser assinado por um grande urbanista, o planejamento urbano da região manteve o padrão de grandes áreas verdes e construções de luxo. No ano de 1986, os quatro bairros-jardins, juntamente com a tradicional Sociedade Harmonia de Tênis,foram tombados pelo CONDEPHAAT em virtude de serem a primeira experiência de urbanização pelo modo cidade-jardim no país. O Tombamento dos Jardins incidiu sobre o traçado urbano, a vegetação e as linhas demarcatórias dos lotes. Já o clube em questão recebeu o destaque por sua arquitetura inovadora, que explorou ao máximo o visual dos jardins circundados pelo terreno.
O bairro Jardins é um dos principais pontos turísticos do município, devido à presença de diversas lojas consideradas luxuosas, por serem de grifes internacionais, restaurantes, bares, prédios de luxo, flats e hotéis. O Jardim Europa e Jardim América são formados majoritariamente por residências horizontais de alto padrão. Já o Jardim Paulista e Cerqueira César, bairros vizinhos, destacam-se por uma maior verticalização e desenvolvimento comercial, principalmente por abrigarem as avenidas Paulista, Rebouças e as ruas Oscar Freire, Haddock Lobo, Bela Cintra e Augusta, algumas das mais movimentadas do município. No bairro de Cerqueira César estão o Colégio Dante Alighieri, o Conjunto Nacional e o único parque da região, o Parque Trianon e o Museu de Arte de São Paulo (MASP). No Jardim Paulista estão o edifício sede da FIESP, sede do Grupo Pão de Açúcar, sede do Enjoei, o Club Homs, o Citibank Brasil e o Banco Mercantil do Brasil. E no Jardim Paulistano (Avenida Faria Lima e cercanias) encontram-se o Shopping Iguatemi, a Escola Panamericana de Arte, a St. Paul's School, as sedes: da Camargo Correa, da Marfig, da Even, da BRF, da Multilaser e da Bradesco Investimentos.
O bairro possui uma expressiva comunidade judaica, tendo como exemplo desta o clube "A Hebraica", um dos grandes clubes do município, que está localizado no Jardim Paulistano. Além da Hebraica, também existem outros clubes com grandes áreas privadas destinadas ao convívio social e à pratica de esportes, como o Clube Atlético Paulistano, a Sociedade Harmonia de Tênis e o Esporte Clube Pinheiros, frequentados por selecionados associados.

Rua Pamplona nos anos 1920.


Pontos turísticos: Museu da Casa Brasileira, rua Oscar Freire e Conjunto Nacional. A região apresenta diversos atrativos culturais, tais como o Museu de Imagem e do Som de São Paulo, Museu Brasileiro da Escultura, Fundação Cultural Ema Gordon Klabin, Teatro Procópio Ferreira, Museu da Casa Brasileira e o Monumento aos Heróis da Travessia do Atlântico. Seu território apresenta a maior concentração de consulados do município, tais como: Espanha, Costa Rica, Peru, Bangladesh, Venezuela, China, Portugal, México, Rússia, França, Alemanha, Índia, Dinamarca, Uruguai e Paraguai. Por ser um local conhecido como um bairro muito nobre e que representa as classes alta e média alta, geralmente, em tramas de novela onde os personagens mais ricos, as cenas são gravadas no Jardins. Como exemplo, pode-se citar as novelas Caras & Bocas e Sete Pecados (do autor Walcyr Carrasco) e Rainha da Sucata e Passione (de Silvio de Abreu). [Textos e imagens da Wikipedia]

Rua Augusta- 1965, lado Jardins. Fotos Antigas- Preservação Da Memória Fotográfica. 


A Rua Augusta é uma via arterial da cidade de São Paulo que conecta o bairro dos Jardins a região do Centro Histórico de São Paulo. A rua é conhecida por suas lojas, boutiques e estabelecimentos de luxo na região do Jardins e por suas boates, casas noturnas, bares e vida noturna na região que parte da Avenida Paulista em direção ao Centro, passando pela região conhecida como Baixo Augusta. A rua segue em subida a partir de seu início no entroncamento das ruas Martins Fontes, Martinho Prado e a Praça Franklin Roosevelt, até o cruzamento com a Avenida Paulista. Após cruzar a Paulista, ela se torna uma descida seguindo em direção a rua Colômbia, no Jardim Europa. As primeiras referências dela datam de 1875, chamando-se primeiramente Rua Maria Augusta; em 1897 já aparece como Rua Augusta. Foi parte das terras do português Mariano António Vieira, dono da Chácara do Capão desde 1880, quando abriu várias ruas no Bairro da Bela Sintra, inclusive a Rua da Real Grandeza, atual Avenida Paulista. Resolveu abrir uma trilha, pois os caminhos eram muito íngremes, para posteriormente serem instalados bondes puxados por burros, em 1890. Apenas em 1891, com a inauguração da luz elétrica, foram movidos com eletricidade. Entre 1910 e 1912 ela foi estendida até a Rua Álvaro de Carvalho, ficando oficial em 1927. Até 1942, a Rua Martins Fontes fazia parte da Rua Augusta. O nome "Augusta": tudo leva a crer que o responsável pela sua abertura, o português Mariano Antonio Vieira, não quis homenagear uma pessoa e sim aplicar algo como um título de nobreza (ou adjetivo) ao chamá-la de "Rua Augusta". Colabora para esta versão o fato de que o mesmo Mariano, ao abrir uma "picada" no alto do Morro do Caaguaçu, chamou este logradouro de "Rua da Real Grandeza".Com o tempo, vieram os loteamentos, quando surgiram confortáveis residências e algum comércio para servi-las. Pouco a pouco começaram a surgir pequenos edifícios de moradia. Grande parte de comércio fino de decoração se instalou na região central-ascendente, a partir da Rua Marquês de Paranaguá. As casas residenciais deram lugar ao comércio de rua. Shoppings e Cinemas de categoria se instalaram frequentados pelas famílias e mais tarde pelos jovens que buscavam distração. Caminho certo rumo aos bairros dos Jardins e seus clubes, como o Club Athletico Paulistano, a Sociedade Harmonia de Tênis e o Esporte Clube Pinheiros.

Décadas de 1960 e 70. A Rua Augusta representou para os jovens paulistanos na década de 1960, glamour e diversão. A canção Rua Augusta, de Ronnie Cord, lançada em 1964 foi uma espécie de hino da juventude paulistana que frequentava o logradouro nesta época. A partir da década de 1970, começou a adaptar-se às mudanças, dado o pesado tráfego de automóveis e ônibus e a criação de inúmeras galerias e centros comerciais, aliado à falta de estacionamento. Mesmo assim, os jovens continuaram a estar por lá com suas motos, carros envenenados e muito congestionamento, principalmente, entre 1976 e 1980. Haviam muitas discotecas para acompanhar os "embalos de sábado à noite", pistas de esqui no gelo, doceiras, academias de musculação e aeróbicas. Está sempre sendo atualizada desde aquela época, com a reforma do calçamento, decoração com vasos, retirada de uma parte dos postes de iluminação pública (que estavam obsoletos), colocação de carpete, estacionamento Zona Azul e subterrâneo e a construção de um boulevard e por fim a eliminação dos ônibus elétricos com as novas calçadas.[Textos e imagens da Wikipedia]



A Avenida Brasil é uma importante via da cidade de São Paulo, situada no bairro do Jardim Paulista, que tem início na Avenida Brigadeiro Luís Antônio, e término na Avenida Rebouças, cortando regiões valorizadas da cidade, como os bairros de Pinheiros, Jardim América, Jardim Paulistano, Jardim Europa e Ibirapuera. Com 2,3 quilômetros de extensão, a avenida tem como regra de zoneamento a construção apenas de edifícios com até doze metros de altura. Entre o início, na esquina com a Avenida Brigadeiro Luís Antônio, e a esquina com a Rua Colômbia é permitida a instalação de bancos, consulados e escritórios de profissionais liberais. No trecho a partir da Rua Colômbia e até o final da avenida, na esquina com a Avenida Rebouças, podem ser instalados orfanatos, museus, bibliotecas, serviços de saúde e showrooms — exceto de motocicletas —, e pode ser exercido ainda o comércio de alimentação, desde que sem consumo no local. A avenida foi projetada para cortar a região da cidade conhecida como Jardins, que foi projetada para ser um grande jardim, e concentrar grandes mansões.  O loteamento foi feito pela Companhia City, que impôs em contrato que os fechamentos dos terrenos para a rua deveriam ser baixos e não poderiam impedir a visão dos imóveis. Industriais e profissionais liberais bem-sucedidos passaram a procurar a avenida para construir suas casas, onde poderiam demonstrar sua riqueza nas respectivas fachadas. Até os anos 1960 apenas uma igreja, a Nossa Senhora do Brasil, até hoje na esquina com a Rua Colômbia, dividia espaço com residências na avenida. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, ela foi o "símbolo de riqueza e modernidade no início do século XX", mas passou a ter sinais de progressiva decadência no início do século XXI em meio à pujança do Jardim América, com diversos imóveis vazios, demolidos ou abandonados. 

Construção da Igreja Nossa Senhora do Brasil, Jardim América, 1940. 


Casarão antigo da avenida Brasil. 

Avenida Brasil em 1934


Rua Oscar Freire, Jardim América, em dia de feira livre nos anos 1950. #SPFotos


Oscar Freire é uma via localizada nos bairros Cerqueira César (Jardins) e Pinheiros, ambos pertencentes à zona oeste da cidade de São Paulo, e é considerada um dos principais endereços de compras de lojas de rua na cidade e uma das ruas mais luxuosas e caras do mundo, estando frequentemente na primeira posição a nível nacional. Entre as ruas Melo Alves e Padre João Manoel, os postes foram retirados e os fios da rede elétrica transformados em um sistema subterrâneo, tornando o visual do local mais agradável. A Avenida Rebouças cruza a rua separando os bairros acima citados. O nome da rua é uma homenagem ao médico legista baiano Oscar Freire de Carvalho, um dos principais discípulos do cientista maranhense Nina Rodrigues. Freire foi responsável pela introdução do ensino de medicina legal na Faculdade de Medicina da Universidade da Bahia e, posteriormente, em São Paulo.
Características. A rua é avaliada como um dos metros quadrados mais caros da América Latina, e reconhecida por ser um dos pontos de comércio mais elegantes e valorizados da cidade de São Paulo. Geralmente essas lojas fazem um espaço conceito, ou seja, uma loja diferenciada das que elas têm em outros bairros e cidades. [Textos e imagens da Wikipedia]


CLUBE ATHLETICO PAULISTANO

Vista aérea do Clube Athletico Paulistano  em 1979.


O Club Athletico Paulistano é um clube poliesportivo brasileiro sediado na cidade de São Paulo. Fundado no ano de 1900, está situado no Jardim América, bairro nobre da capital paulista. Teve como primeira sede o antigo Velódromo Paulista, localizado na Rua da Consolação, época na qual o futebol era a principal modalidade praticada pelo clube. Conhecido pelas cores branca e vermelha, o Paulistano conquistou 11 títulos do Campeonato Paulista de Futebol ao longo de três décadas. Após se tornar o único clube paulista campeão estadual quatro vezes seguidas, também foi o primeiro clube brasileiro a conquistar um torneio nacional oficial, o Campeonato Brasileiro de Clubes Campeões da CBD, em 1920, e também o primeiro a excursionar pela Europa, em 1925.

Contudo, o clube se recusava a aderir a profissionalização que ocorria com o futebol paulista, e departamento de futebol no início da década de 1930, ocasionando na dissidência de diretores e atletas do departamento de futebol, dos quais se uniram a Associação Atlética das Palmeiras, nascendo dessa fusão entre as duas equipes o atual São Paulo Futebol Clube. Desde então, o clube passou a investir em outras modalidades consideradas por muitos anos no país como amadoras, por exemplo, o atletismo, a natação, basquetebol e o voleibol.

História. No dia 30 de novembro de 1900, um grupo de jovens se reuniu na Rotisserie Sportsman, terceiro edifício dos famosos Palacetes Prates, na Rua São Bento, com o objetivo de criar um novo clube esportivo. A ideia era que a nova instituição pudesse ser frequentada por famílias brasileiras e também introduzir no país a cultura de valorização da educação física.

Nesta reunião estavam presentes amigos e parentes dos irmãos Martinico e Antônio da Silva Prado, um dos responsáveis pela criação do Velódromo Paulista em 1895, que ficava dentro dos limites da antiga chácara de propriedade de dona Veridiana Prado, sua avó, que decidiu alugar o terreno por 250 mil réis mensais. Assim, uma vez discutidos e aprovados os estatutos, foi fundado oficialmente o Club Athletico Paulistano em 29 de dezembro de 1900.

No ato de sua fundação, estiveram reunidos apenas 59 homens, e durante vários anos, o clube foi exclusivamente masculino. Em 1903, o número de sócios já havia crescido consideravelmente, chegando a 159, e depois ultrapassando os 200. O primeiro presidente do CAP foi o jornalista Bento Pereira Bueno (1900-1902), que foi também secretário do interior (1900-1906) em dois governos estaduais sucessivos, o de Rodrigues Alves e o de Bernardino de Campos.

Era comum que os clubes de São Paulo fundados no fim do século XIX e no começo do século XX fossem poliesportivos, mesclando as mais diversas modalidades, individuais ou coletivas. E o Paulistano não seria diferente. Entre os esportes que os sócios do CAP passaram a praticar estavam o ciclismo, a pelota basca e ginástica. Mas a primeira modalidade que de fato ganhou destaque foi o futebol.

Depois de 80 anos, o Paulistano ainda tem números no futebol que não foram ultrapassados. Até hoje, com 11 troféus, é o quinto time que conquistou mais títulos do Campeonato Paulista, atrás apenas de Corinthians, Santos, Palmeiras e São Paulo. Também segue sendo a única equipe paulista a conseguir o feito de ser tetra-campeã em anos consecutivos (1916, 1917, 1918 e 1919).

Em 1905, graças às bilheterias dos jogos de futebol e aos empréstimos de sócios, o CAP iniciou reformas em sua sede. O estádio foi reinaugurado em 30 de abril, contando com novos vestiários e arquibancadas pintadas em vermelho e branco, as cores do clube. Foram construídos também um frontão para o jogo de pelota e quatro novas quadras de tênis.

Após a morte de Veridiana da Silva Prado, proprietária do Velódromo Paulista, em 11 de julho de 1910, seus herdeiros anunciaram a venda do estádio e o terreno foi comprado pelo Banco Italiano, que pretendia abrir uma rua no local e loteá-la. O CAP manteve o arrendamento do velódromo com o novo proprietário até o final de 1915, quando foi anunciado que ele seria demolido para a criação da rua Nestor Pestana.

Precisando de uma nova sede, o clube encontrou um local no Jardim América, bairro ainda em formação, na Rua Augusta, 541. O então prefeito de São Paulo, Washington Luís contribuiu com a mudança, calçando a Rua Augusta para facilitar o acesso. Linhas de bonde também foram modificadas pela Light, empresa responsável, para que os passageiros chegassem mais rápido ao local, em cerca de 18 minutos. Assim, foi surgindo de fato o Jardim América, que passou a ser conhecido como bairro do Paulistano.

As obras foram oficialmente concluídas em 29 de dezembro de 1917. A inauguração da nova sede teve a presença do então prefeito e futuro presidente Washington Luís, do governador do estado de São Paulo, o Altino Arantes, e do poeta Olavo Bilac, que hasteou a bandeira do clube. A mudança de ares foi benéfica para o CAP. Já em 1916, o número de sócios aumentou para 398. Ao final do ano seguinte, já inaugurada a nova sede, eram 760 sócios, número que chegou a 1476 em 1920. Além disso, o Paulistano apostou também em novos objetivos, visando promover não só o esporte, mas a vida social.


Sede do Clube Atlhético Paulistano. Nome Oficial: Sede do Clube Atlhético Paulistano / Sede do Clube Atlético Paulistano / Sede do Club Atlhético Paulistano. Arquiteto: Gregori Warchavchik. Colaboradores: Abelardo de Souza, Hélio Duarte, Henrique Verona Cristofani, Zenon Lotufo. Ano Projeto: 1948. Construção: Sociedade Comercial e Construtora S.A. Período de Construção: 1950 - 1957.https://arquivo.arq.br/projetos/sede-do-clube-atletico-paulistano


Futebol. O Paulistano nasceu como um clube poliesportivo e inclusive demorou a aceitar a inclusão do futebol nas atividades do clube E a história de como ela aconteceu é curiosa. Em 1901, três sócios do clube (há discordância quanto ao nome de um deles: Clovis Glycerio ou Olavo de Barros, além de Renato Miranda e Silvio Penteado) foram assistir a uma partida de futebol entre o Mackenzie College e o Sport Club Internacional (SCI).

Os três encontraram um conhecido, Ibanez Salles, meia-direita do time da Associação Athletica Mackenzie College (AAMC), que sugeriu a introdução da modalidade no C.A. Paulistano. A ideia foi de fato levada ao clube, mas não foi para frente pela falta de interesse dos sócios. Meses mais tarde, no final daquele mesmo ano, Ibanez encontrou novamente os mesmos amigos no campo do São Paulo Athletic Club e insistiu na proposta. E desta vez, surtiu efeito e os treinos foram iniciados do Velódromo Paulista.


Time do futebol do Paulistano em 1905, quando conquistou o Campeonato Paulista pela primeira vez.


E não tardou para o futebol começar a fazer sucesso. No início da modalidade no país, as partidas eram disputas apenas entre sócios da mesma agremiação. Com o tempo, clubes diferentes começaram a se enfrentar entre si e dessa forma, em 13 de dezembro de 1901, foi fundada da Liga Paulista de Football, idealizada por Antônio Casimiro da Costa. E em maio de 1902, São Paulo Athletic Club (1888), Associação Athletica Mackenzie College (1898), Sport Club Internacional (1899), Sport Club Germania (1899) e Club Athletico Paulistano (1900) deram início ao primeiro campeonato organizado do Brasil.

Um dos grandes feitos do Paulistano na esfera do futebol foi a sua excursão pela Europa realizada em 1925, a primeira viagem oficial de um clube brasileiro ao velho continente, que foi organizada pelo então presidente e do clube, Antônio da Silva Prado Filho, diretamente com a Federação Francesa de Futebol. Além do feito inédito, o desempenho do time em terras estrangeiras foi notável. A delegação, composta por 21 jogadores, sendo quatro destes emprestados por outros clubes, disputou dez jogos em três países diferentes (Portugal, Suíça e Espanha), vencendo nove deles e perdendo apenas um.


MUSEU DA IMAGEM E DO SOM - MIS



O Museu da Imagem e do Som (MIS) é um museu público estadual, vinculado à Secretaria da Cultura e inaugurado no ano de 1970. Fruto de um projeto iniciado alguns anos antes por intelectuais e produtores culturais, como Ricardo Cravo Albin, Paulo Emílio Salles Gomes, Rudá de Andrade, Francisco Luiz de Almeida Salles e Luiz Ernesto Machado Kawall, o museu preserva hoje o patrimônio de audiovisual nacional e abriga diversos documentos sonoros e imagético. Localizado no Jardim Europa, distrito de Pinheiros, tem como objetivo principal, desde sua inauguração até atualmente, preservar e documentar o passado e o presente de manifestações que estão ligadas à arte, imagem e som, como música, cinema, fotografia, artes gráficas etc. para um levantamento de um painel da vida brasileira nos seus aspectos humanos, sociais e culturais. Nas década de 1970 e década de 1980, destacou-se como um importante núcleo de difusão artística e educativa, e se transformou em um centro de referência para a pesquisa da indústria audiovisual brasileira. Seu acervo conta com mais de duzentos mil itens e, atualmente, possui uma programação cultural variada, voltada a diversos públicos. Vem ganhando destaque na crítica e na mídia por suas exposições bem elaboradas e sobre grandes nomes da arte contemporânea, do cinema, da música, além de dar espaço a novos artistas.  Em 30 de outubro de 2019, foi inaugurado na Água Branca o novo museu MIS Experience. Criado em parceria com a Fundação Padre Anchieta, responsável pela TV Cultura, o espaço foi totalmente adaptado para receber exposições imersivas

Histórico. Foi o então governador de São Paulo, Roberto Costa de Abreu Sodré, que sugeriu a ideia de criar um Museu de Imagem e do Som na capital paulista visando a publicidade que a produção de tais entrevistas com nomes célebres da cultura brasileira poderia trazer para o governo. O MIS esteve entre as primeiras instituições culturais do Brasil a organizar e sediar festivais de vídeo, mostras audiovisuais e de fotografia, como a Mostra do Audiovisual Paulista, o Festival Internacional de Curtas e as primeiras exibições dos vídeos experimentais do norte-americano Bill Viola. Foi também precursor na exibição de filmes fora do circuito comercial, transformando-se em uma referência cultural da cidade e em um ponto de encontro de produtores, estudantes e profissionais da área audiovisual e interessados em gera. Em 1983, o MIS sediou a primeira edição do Festival de Vídeo Brasil, mostra competitiva que premiou o diretor de teatro José Celso Martinez Correa, por seu documentário abordando as relações ente o teatro e as artes plásticas. O então diretor do museu, Ivan Negro Isola, que permaneceria no cargo até 1987, buscou enfatizar as políticas estruturais e consolidar uma agenda fixa de eventos culturais e atividades didáticas. No começo da década de 1990, o museu criou o setor de artes gráficas, após a organizar a mostra Gráficos Brasileiros - Antes de Hards e Softs, em julho de 1991, e buscou dar continuidade a uma agenda cultural fixa. Não obstante, a multiplicação de espaços culturais na cidade e o aumento da oferta de eventos ligados à produção audiovisual contribuiriam, nos anos seguintes, para uma queda significativa no número de visitantes, em comparação às décadas de 1970 e 1980.


Exposição do Castelo Rá-Tim-Bum no MIS-SP.

Acervo. O acervo do MIS conta com mais de 200 mil itens relacionados à história da produção audiovisual brasileira. São fotografias, filmes (curtas, longas, vídeos e documentários), vídeos, cartazes, peças gráficas, equipamentos de imagem e som e registros sonoros e audiovisuais, além dos livros, catálogos, periódicos, CDs, DVDs, VHS, coleções, cuja coleta e criação esteve sempre ligada aos acontecimentos contemporâneos. As informações sobre a documentação do acervo estão disponíveis em um Banco de Dados online,[38] para facilitar seu acesso. O Museu da Imagem e do Som, fica localizado na Avenida Europa, número cento e cinquenta e oito, no Jardim Europa. O horário de funcionamento, de terça-feira a sábado, é das doze horas às vinte e uma horas, e aos domingos é das onze horas às vinte horas. A entrada custa dez reais ou cinco reais, meia entrada, as terças feiras é oferecido a entrada gratuita ao público para que possam visitar o acervo.

Fotografia. O núcleo de fotografias é composto por exemplares produzidos pelo próprio museu, adquiridos ou recebidos em doações. Possui autocromos, cartes-de-visite, ferrótipos, negativos e estereoscópios, diversas coleções especializadas em cinema, rádio e televisão e uma coletânea de trabalhos de fotógrafos contemporâneos.É particularmente relevante a coleção relacionada à iconografia paulistana, com obras de Militão Augusto de Azevedo, Guilherme Gaensly, Valério Vieira, Alice Brill, Hildegard Rosenthal e Hans Gunter Flieg, entre outros.

Vídeo. O acervo de vídeo conta com mais de 5.000 títulos, produzidos a partir de 1970. São documentários, obras de ficção, videoclipes, animações, exemplares de videoarte, programas de televisão, peças publicitárias, gravações de festivais e musicais. Há significativas coleções relacionadas à produção brasileira (como as coleções "Televisão no Brasil", "Pioneiros", "Modernismo", "O Olho do Diabo", etc) e internacional, incluindo títulos do Japão, França, Argentina, Estados Unidos e Alemanha. Além disso, estão no acervo as produções internas do museu, como os registros da conquista do tricampeonato de futebol em 1970, das comemorações do sesquicentenário da Independência (1972) e das demolições para a construção do metrô de São Paulo (1975).

Cinema.A coleção de cinema é reúne em torno de 13.000 títulos, entre curtas, médias e longas-metragens, em Super 8, 16 e 35 mm, dos mais variados gêneros e épocas. Foi formada a partir de exemplares coletados pela Comissão Nacional de Cinema do Conselho Estadual de Cultura, aos quais se somaram as próprias produções do museu, doações de particulares e de instituições culturais estrangeiras, títulos adquiridos por meio do Prêmio Estímulo de Curtas Metragens,[curtas apresentados no Festival de Gramado e o acervo de produções norte-americanas da Castle Rock Entertainment. Destaca-se o núcleo relativo à produção cinematográfica paulista, com títulos como Pixote, a Lei do Mais Fraco, de Héctor Babenco, O Homem que Virou Suco, de João Batista de Andrade, Cidade Oculta, de Chico Botelho, bem como títulos da Companhia Cinematográfica Vera Cruz. Conta ainda com nomes como Ozualdo Candeias, Anselmo Duarte, Paulo César Saraceni, Roberto Santos, Jean Manzon, Carlos Reichenbach, Guilherme de Almeida Prado, Suzana Amaral, José Mojica Marins, André Klotzel, Ugo Giorgetti, Alain Fresnot, Cláudio Tozzi, Flávio del Carlo, esses dois últimos em registro Super 8, integrantes da coleção Abrão Berman.Em 2016, o MIS recebeu a exposição "O Mundo de Tim Burton", na qual mostra os trabalhos criativos do diretor Tim Burton desde a infância até a carreira atual de diretor.

História Oral. O museu também tem uma coleção de mais de 3000 registros sonoros de depoimentos, entrevistas, debates e palestras. Essas gravações foram realizadas no âmbito de um projeto pioneiro de história oral desenvolvido pelo MIS, dedicado a coletar material sonoro de brasileiros famosos e anônimos, divididos nos núcleos “Histórias de Vida”, “Projetos Políticos, Sociais e Trabalhistas”, “Memória e Tradição Oral”. Estão representados nos depoimentos personalidades como Pietro Maria Bardi, Pelé, Gregori Warchavchik, Arrigo Barnabé, Cacá Rosset, José Celso Martinez Corrêa, Alfredo Volpi, Tarsila do Amaral, Camargo Guarnieri, Sérgio Buarque de Hollanda e Tom Jobim, entre muitos outros. Atualmente, a recolha de depoimentos tem continuidade pelo programa mensal "Notas Contemporâneas", que realiza gravações de entrevistas com músicos brasileiros por especialistas em música. O projeto, que teve sua primeira fase dedicada à música erudita, agora (2013) se volta para nomes consagrados da Música Popular Brasileira. A entrevista é dividida em duas partes, contando com participação do público na segunda.

Artes Gráficas. O departamento de artes gráficas é o mais recente do acervo do museu, inaugurado em 1990. Reúne catálogos, folhetos, embalagens, adesivos, selos, calendários, capas de livros, revistas, cartazes e materiais impressos em geral, agregando trabalhos de mais de 120 designers. A formação dessa coleção se iniciou em 1991, após a organização da exposição Gráficos Brasileiros – Antes de Hards e Softs. Por fim, o museu conserva uma amostra de mais de 300 equipamentos de imagem e de som, atestando a linha evolutiva da tecnologia de produção e reprodução audiovisual, incluindo câmeras fotográficas, filmadoras, projetores de filme, aparelhos de rádio e televisão, toca-discos etc.



AVENIDA FARIA LIMA


Avenida Prefeito Faria LimaA lei determinando a abertura da via foi promulgada em janeiro de 1968, prevendo uma ligação de cinco quilômetros entre os bairros de Pinheiros e Brooklin, mesmo sem a Prefeitura saber a quantidade de edifícios que deveriam ser desapropriados. Segundo a lei, a avenida começaria na Praça Roquete Pinto e seguiria até a atual Avenida dos Bandeirantes, seguindo pelas ruas Pedroso de Moraes, Coropés, Miguel Isasa e Martim Garcia, alcançando, a partir daí, a Rua Iguatemi após cruzar interiores de quarteirões. A lei também previa cruzamentos em desníveis com as avenidas Eusébio Matoso, Rebouças e Cidade Jardim, com o Córrego do Sapateiro e com a Rua Doutor Eduardo de Souza Aranha. 
A avenida teve sua construção iniciada na segunda metade dos anos 1960, com o alargamento do trecho da rua Iguatemi compreendido entre o Largo da Batata, em Pinheiros, e o cruzamento com a Avenida Cidade Jardim, no Itaim Bibi (atual praça Luís Carlos Paraná), cruzando todo o bairro denominado Jardim Paulistano. As obras foram iniciadas na gestão do prefeito José Vicente Faria Lima e obrigaram a demolição de cem prédios. Com a morte deste, em 1969, a nova artéria, que se chamaria Radial Oeste, recebeu o seu nome, oficializado quando da inauguração do trecho duplicado da avenida, em 28 de abril de 1970 — a primeira pista já havia sido entregue ao tráfego no fim de 1969. José Eduardo, filho de Faria Lima, participou da cerimônia, descerrando uma placa de bronze. Em seu discurso, o prefeito Paulo Maluf elogiou o homenageado: "Faria Lima não nasceu em São Paulo, mas deu sua vida em holocausto a esta capital. Esta homenagem, que ora prestamos ao saudoso administrador, era o mínimo que a Prefeitura Municipal poderia fazer pela sua memória. Ela deverá lembrar, às gerações futuras, a figura marcante que foi o Brigadeiro."

Com o atraso da entrega e o aumento dos custos, as informações constantes de uma placa conjunta do Governo Abreu Sodré e da Prefeitura foram alteradas com tinta branca. Maluf brincou com o atraso em seu discurso, dizendo que poderia ter sido escrito um livro sobre a obra, com o título "Odisseia da Construção de uma Avenida". Poucos minutos após a nova via ser aberta, operários começaram a quebrar o asfalto na esquina com a Avenida Cidade Jardim, em busca das tampas de ferro das galerias subterrâneas, cobertas durante o asfaltamento, promovido às pressas. Além disso, em frente ao Shopping Center Iguatemi haviam sido fechados buracos cujas obras não estavam prontas, que teriam de ser abertos novamente. "Em poucos dias, irão reabri-los, mas, então, a inauguração já terá passado", contou um morador da região ouvido por O Estado de S. Paulo. O jornal, entretanto, destacou os aspectos positivos da avenida, considerada "muito boa", como a marcação das faixas em relevo, faixas de pedestres (embora nenhuma delas com semáforo) e iluminação feita por postes altos, com luz de mercúrio. Os dois únicos semáforos da avenida inteira ficavam no início (à época, a Avenida Cidade Jardim) e no fim (à época, a Avenida Rebouças). Na inauguração, Maluf já falou sobre os planos de prolongamento: de um lado, até as proximidades do CEASA, correndo em paralelo à Avenida Pedroso de Morais; de outro, em diagonal rumo ao Córrego da Traição (atual Avenida dos Bandeirantes), que era previsto no projeto original. Esse último prolongamento, entretanto, já estava descartado, porque o prefeito pretendia entregar em breve a pista da marginal esquerda do Rio Pinheiros. O projeto ainda previa um "canteiro-balão" entre a Rua Tucumã e a Avenida Cidade Jardim, em formato de "v", para a construção de um "parque-estacionamento" com capacidade para sessenta veículos e largura máxima de sete metros. A largura da avenida variava de quarenta metros, na altura da Alameda Gabriel Monteiro da Silva, a sessenta metros, no cruzamento com a Avenida Cidade Jardim.

Já no início da década de 1970, teve início a construção de inúmeros edifícios comerciais que romperam com a antiga paisagem residencial arborizada do Jardim Paulistano, e que caracterizariam a avenida como uma espécie de "segunda Avenida Paulista", dada a semelhança entre seus skylines. Desde essa época, já existia a expectativa de ampliação da avenida no sentido sul: em 1972, essa ampliação avançou os primeiros quarteirões após a Avenida Cidade Jardim, entre as ruas Amauri e Jorge Coelho, mas a obra parou ali e, dois anos depois, os moradores da região já se preocupavam com uma eventual desapropriação que parecia nunca sair do papel. Em 1974, o prolongamento era tratado como prioridade da Prefeitura, para ligar a avenida (e, consequentemente, os bairros da zona oeste) à Avenida Santo Amaro, por meio da Avenida Juscelino Kubitschek, cujas obras de construção estavam sendo finalizadas juntamente com a canalização do Córrego do Sapateiro, que passa por baixo dela.

Entretanto, esse prolongamento levaria mais de vinte anos para ser concluído. Na década de 1990, Maluf, novamente ocupando o cargo de prefeito, promoveu a extensão da avenida em suas duas extremidades: entre o Largo da Batata e a Avenida Pedroso de Moraes (alargando a antiga rua Miguel Isasa), e entre as avenidas Cidade Jardim e Hélio Pellegrino (já na Vila Olímpia), alargando pequenas ruas residenciais do Itaim Bibi. O traçado originalmente projetado passaria pela Rua Elvira Ferraz, causando a demolição de vários imóveis, porém a pressão da associação de moradores do bairro fez com que a Prefeitura optasse por um novo traçado. Depois, esse traçado seria alterado para o que acabou efetivamente sendo construído.[Textos e imagens da Wikipedia]


A inauguração do novo trecho de Pinheiros, com 1,38 quilômetro, até a Avenida Pedroso de Moraes, deu-se em 23 de outubro de 1995, embora ele tenha sido mantido no início com os nomes de Rua Corupés e Rua Miguel Isasa, por depender ainda de uma mudança nos cadastros dos imóveis que não foram demolidos e ainda ocupavam o que agora era a Avenida Brigadeiro Faria Lima. A construção desse trecho custou cerca de quatro milhões de reais e foram desapropriados 107 imóveis para a obra, causando protesto entre os donos desses imóveis. O trecho do Itaim estava, então, previsto para ser entregue entre março e maio de 1996, embora a Prefeitura tivesse a intenção de antecipá-lo para janeiro.
Em 25 de maio de 2010, foi inaugurada a Estação Faria Lima, da Linha 4-Amarela do metrô. Ela foi, juntamente com a Estação Paulista, uma das primeiras da linha a ser inauguradas. Está situada na Avenida Brigadeiro Faria Lima, na altura do Largo da Batata. Nela estão localizadas importantes atrações paulistanas, tais como: o Shopping Iguatemi, shopping center pioneiro no Brasil, em 1966; O Museu da Casa Brasileira. O Esporte Clube Pinheiros.  O Edifício Dacon, com seu formato cilíndrico, um dos mais famosos de São Paulo. Inúmeros bares e pontos de agitação noturna, localizados principalmente nas extremidades da avenida. Nas proximidades da Estação Faria Lima do Metrô (Linha 4–Amarela) está a sede do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo. Nos arredores da avenida, encontram-se também outros importantes pontos de visitação da cidade, tais como o Shopping Eldorado, localizado próximo à Estação Hebraica-Rebouças do Trem Metropolitano (Linha 9–Esmeralda), e os luxuosos restaurantes e hotéis da região próxima aos cruzamentos com as avenidas Cidade Jardim e Juscelino Kubitschek.[Textos e imagens da Wikipedia]


Duas imagens do Shopping Center Iguatemi no ano da sua inauguração em 1966.




 Clube Pinheiros durante a realização da Copa Davis em 1971,  Ao fundo, letreiro do Shopping Iguatemi. São Paulo. Fonte: Blog Rádio Vitrola.

Piscinas e raias do Esporte Clube Pinheiros (Germânia) nos anos 1920 

O primeiro campeonato de Atletismo feminino do Brasil foi realizado no Sport Club Germania, em 1930.



A avenida, na altura do cruzamento com a Avenida Eusébio Matoso.


ITAIM BIBI


Córrego do Sapateiro, Itaim Bibi, 1950. Esse córrego, hoje todo canalizado, nasce no Paraíso, nas proximidades da Rua Rio Grande com Dr. Mario Cardim. Desce paralelo a avenida 23 de Maio em direção ao Parque do Ibirapuera, onde alimenta os três lagos. Depois segue a Avenida Juscelino Kubitschek em direção ao Rio Pinheiros, onde deságua próximo do Parque do Povo. Foto: Crianças no Córrego do Sapateiro, Itaim Bibi,1950. Folhapress.

Itaim Bibi é um bairro nobre situado na Zona Oeste do município de São Paulo no distrito de mesmo nome.  Popularmente e em algumas reportagens a região é erroneamente considerada como pertencente à Zona Sul, porém é administrada pela Subprefeitura de Pinheiros, sendo oficialmente integrada à Zona Oeste. A mudança de região geográfica ocorreu em 2002, na gestão Marta Suplicy, até então fazia parte da Zona Centro-Sul (Zona Sul), sendo administrado pela Subprefeitura de Santo Amaro. Compreende a área formada pelas avenidas Juscelino Kubitschek, São Gabriel, 9 de Julho e Brigadeiro Faria Lima, apesar de ser comum incluir o bairro Chácara Itaim e chamá-lo também de Itaim Bibi. Limita-se com os bairros de Vila Nova Conceição, Vila Olímpia, Jardim Europa, Ibirapuera e Jardim Paulistano. A Avenida Brigadeiro Faria Lima cruza o bairro do Itaim Bibi, trazendo muito movimento para o mesmo.


Cruzamento da Avenida Santo Amaro com a Avenida São Gabriel na altura do Itaim-Bibi. 



Etimologia. Bibi (bebê) era como as escravas chamavam o filho do médico Leopoldo Couto Magalhães, dono da Chácara Itaí, que cresceu e virou o "Seu Bibi". A palavra Bibi viria a acompanhar o nome do bairro, antes chamado Rio das Pedras. A Rua Renato Paes de Barros se chamava Rua Bibi, em sua homenagem.

História. Sua história começou em 1896, quando o general José Vieira Couto de Magalhães adquiriu uma extensão de 120 alqueires, que era propriedade de Bento Ribeiro dos Santos Camargo. Essas terras não tinham muito valor, pois eram inundáveis; sua função era meramente recreativa, para caça e pesca, e abrigava árvores frutíferas (principalmente jabuticabeiras). Embora não tenha se casado, o general teve um filho, José Couto de Magalhães, com uma índia do Pará. Em 1898, com a morte do general, seu filho herdou o local, conhecido como Chácara do Itahy ("pedra pequena", em tupi). Em 1907, Leopoldo Couto de Magalhães, irmão do general, comprou as terras por 30 contos de réis, fixando residência no lugar. A rua João Cachoeira leva o nome de um agregado da família que vivia cantando e contando causos por ali. A sede da chácara propriamente dita, hoje conhecida como Casa Bandeirista do Itaim, está localizada no início da atual rua Iguatemi. Tombada pelo Patrimônio Histórico, foi, porém, destruída pelos seus atuais proprietários. Antigamente era, durante vários anos, foi um sanatório (Casa de Saúde Bela Vista), fundado em 1927 pelo médico Brasílio Marcondes Machado, onde doentes mentais ou dependentes químicos de famílias abastadas se tratavam. Com o falecimento de Leopoldo, o local foi dividido entre seus herdeiros. Leopoldo Couto Magalhães Júnior, também 'Bibi', que era conhecido por possuir um dos primeiros automóveis da região e pelo hábito de usar boné de bico, continuou residindo na casa até a segunda metade da década de 1920. O filho de Bibi, Arnaldo Couto de Magalhães foi responsável pelo loteamento da chácara. Na década de 1920, surgiram pequenos sítios de um hectare, vendidos a italianos vindos da Bela Vista/Bixiga, um bairro central. Eles produziam verduras e legumes para o abastecimento local e dos bairros vizinhos. As terras foram vendidas e revendidas entre a década de 1920 e a década de 1950 e, com a ocupação da várzea próxima ao Rio Pinheiros, propiciou atividade a barqueiros, olarias e portos de areia, que forneciam tijolos e telhas para construções. Para diferenciá-lo do Itaim Paulista um subúrbio de São Paulo, depois da Penha de França, os moradores da região passaram a referir o local como os “terrenos do Bibi”. Hoje em dia, a antiga Rua do Porto é denominada de Rua Leopoldo Couto de Magalhães Júnior.

Avenida  Luiz Carlos Berrini nos anos 1970.


Avenida Juscelino Kubitschek., Até a década de 1930, a ocupação populacional do Itaim Bibi se restringiu ao quadrilátero formado entre o Rio Pinheiros e as atuais avenidas Nove de Julho, São Gabriel que era estreita e chamava-se Rua Ana Neri e a Juscelino Kubitschek. Após os anos 1950, o bairro passou a enfrentar um grande crescimento, causando o desaparecimento de chácaras e sítios.

Mappin Itaim Bibi em 1984


VILA OLÍMPIA


A Vila Olímpia é um bairro nobre localizado na Zona Oeste da cidade de São Paulo, capital do Estado de São Paulo, localizado no distrito do Itaim Bibi, sendo administrado pela Subprefeitura de Pinheiros. É também um dos grandes centros financeiros da cidade, assim como o Centro, a Avenida Paulista, Avenida Brigadeiro Faria Lima e o Brooklin Novo. Popularmente, e em algumas reportagens, a região é erroneamente considerada como pertencente à Zona Sul, porém é administrada pela Subprefeitura de Pinheiros, sendo oficialmente integrada à Zona Oeste. É limitada pela Avenida Santo Amaro, Avenida dos Bandeirantes, Marginal Pinheiros e Avenida Juscelino Kubitschek, sendo cortada ao meio pela Avenida Faria Lima e Avenida Hélio Pellegrino. Tem como limítrofes os bairros Itaim Bibi, Brooklin Novo, Moema, Vila Nova Conceição e Cidade Jardim. A Vila Olímpia é um dos mais movimentados e valiosos metros quadrados da América Latina.


Rua localizada no bairro da da VIla Olimpia, em 1966. Acervo:Silmara Feres Marsulo


Antes de sua urbanização, a região era habitada por indígenas durante o período pré-colonial e, com a chegada dos colonizadores portugueses, transformou-se em uma área periférica de São Paulo, coberta por matas e pequenos cursos d'água. No século XIX, o território ainda era predominantemente rural, composto por grandes propriedades de terra de imigrantes e descendentes de italianos e portugueses em sua parte mais alta e de terrenos aladiços na várzea do rio Pinheiros, na parte baixa. A partir do crescimento de São Paulo como um centro econômico e a expansão da malha ferroviária, a área começou a ser vista como potencial para urbanização. No início do século XX, a Vila Olímpia começou a ser loteada a partir de propriedades rurais, como a Chácara da Glória e a Fazenda Itahy. A urbanização foi inicialmente lenta, mas ganhou impulso com a chegada de imigrantes, principalmente italianos e japoneses, que vieram para São Paulo em busca de melhores oportunidades.

Nos anos 1930 houve um loteamento destas propriedades rurais e áreas verdes, havendo uma urbanização da área. Nas áreas de várzea, indústrias de médio e grande porte, sofriam pelas constantes enchentes do rio Pinheiros, tornando a região menos valorizada.

A partir dos anos 1990 o bairro recebeu melhorias, realizadas pela Prefeitura da cidade e a Associação Colmeia, tais como: a construção ou melhoramentos das avenidas e alargamentos de ruas que geraram uma ligação do bairro com diversas áreas da cidade. Após as obras subterrâneas nos rios Uberaba e Uberabinha houve um grande boom imobiliário por causa do fim dos grandes alagamentos.

Este processo cumulou em importantes mudanças na Vila, como a valorização dos imóveis, tráfego intenso de veículos e pessoas, migração das indústrias para outras localidades, investimentos privados em tecnologia de ponta, possibilitando a edificação de "prédios inteligentes" e mega empreendimentos.

No bairro, havia, na rua Coliseu, travessia da Avenida Funchal, uma favela chamada de "Favela Coliseu" ou "Favela Funchal", que foi removida no contexto do programa Operação urbana consorciada Faria Lima.


Atualidade. o bairro é um dos mais importantes centros empresariais de São Paulo, especialmente no setor de tecnologia e finanças, com a instalação de empresas multinacionais e a construção de arranha-céus modernos. A arquitetura da Vila Olímpia é marcada por prédios de vidro e aço que abrigam escritórios de empresas renomadas, além de uma oferta diversificada de restaurantes, bares e uma vida noturna agitada, tornando-se um importante polo de entretenimento. Embora o bairro não seja conhecido por igrejas históricas, reflete a diversidade cultural de São Paulo, com eventos e festivais que celebram a gastronomia e a música. O nome "Vila Olímpia" evoca um projeto de urbanização com referências gregas de beleza e progresso.


Estação Vila Olímpia (Linha 9 Esmeralda) com trem da CPTM. Luís Guilherme Fernandes Pereira.

AVENIDA NOVE DE JULHO


A avenida 9 de Julho em meado do século XX



A Avenida 9 de Julho ou Avenida Nove de Julho é uma via arterial da São Paulo.

Trata-se de uma importante artéria no sistema viário da capital paulista, principalmente por sua função como eixo radial que liga o centro da cidade a outras regiões, como Sudoeste, Avenida Paulista, Marginal Pinheiros e outras vias no município. A 9 de Julho, que fez parte da modernização de São Paulo e integrou o Plano de Avenidas de Prestes Maia, foi inaugurada em 1941 e é conhecida por ser uma via de fundo de vale, localizada sobre o Rio Saracura e o Córrego Iguatemi.

O nome da avenida remete a uma data relevante na história de São Paulo, 9 de julho de 1932, data do início da Revolução Constitucionalista de 1932, mais tarde feriado estadual instituído pelo governador Mario Covas.

A Avenida Nove de Julho passa a aproximadamente trinta metros abaixo da Avenida Paulista, por meio do Túnel Nove de Julho.

História. Construção. As obras de construção da Avenida 9 de Julho tiveram início em 1929, sob administração do prefeito José Pires do Rio, mas só foram concluídas doze anos depois, durante a gestão de Prestes Maia. Trata-se da primeira grande via integratória construída fora do centro de São Paulo, na época, ligando o Largo da Memória à Rua Estados Unidos.

O período de maior impulso na construção deu-se durante o mandato de Fábio Prado, prefeito da cidade entre 1934 e 1938. Juntamente com as avenidas Ipiranga e Rebouças, a concretização da 9 de Julho marca o início da implementação do Plano de Avenidas do engenheiro Prestes Maia, que, entre diversos objetivos, pretendia ampliar espaços abertos da região central, abrir avenidas diametrais e marginais na cidade, alargar ruas e construir um anel viário para distribuição do fluxo de veículos.

Foi, por fim, inaugurada em 25 de janeiro de 1941. Suas construções foram regulamentadas ainda no mesmo ano, em 11 de fevereiro, a partir do decreto-lei número 75, que fixou recuos obrigatórios, estabeleceu alturas mínimas e máximas para os edifícios, e determinou outras questões de caráter urbanístico para a região.

Sua construção foi fundamental não apenas para a integração entre centro e bairros, garantindo o escoamento do fluxo urbano, como também integrou um importante processo de valorização de espaços do ponto de vista imobiliário, por meio de uma lógica que se fez presente durante toda a urbanização de São Paulo. Áreas desvalorizadas, como fundos de vale, frequentemente afetados por alagamentos, recebiam infraestrutura e investimento do governo e, a partir de então, passavam a ter seus terrenos rapidamente valorizados, ao lado, por exemplo, de grandes avenidas.


300 RIOS ESCONDIDOS NO SUBSOLO


Rio Saracura, formador do rio Anhangabaú, no início século. 


Uma avenida sob rios. Por se tratar de uma avenida de fundo de vale, construída sobre dois cursos de água, a região apresenta muitos alagamentos até os dias atuais. Sob o trecho da região central da cidade, a 9 de Julho esconde o Rio Saracura, formador do Anhangabaú, afluente do Tamanduateí. O Saracura tem sua nascente atrás de onde atualmente se encontra o hotel Maksoud Plaza, na rua sem saída Garcia Fernandes. Retificado, seu caminho passa por uma galeria pluvial e desemboca no Tamanduateí.

Já na Zona Oeste, a Avenida 9 de Julho passa por cima de trecho do Córrego Iguatemi, afluente do Rio Pinheiros.

Ao todo, a cidade de São Paulo possui mais de trezentos rios escondidos em seu subsolo. Em seu processo de urbanização, a canalização e a transposição de rios passaram a representar, na subjetividade paulistana da época, a vitória humana sobre a natureza, por meio da engenharia, da construção de viadutos e do processo de verticalização.A condição de superação de obstáculos naturais levou lugares como o Vale do Anhangabaú e a Avenida 9 de Julho a se tornarem famosas paisagens fotográficas, frequentemente retratadas por fotógrafos como Werner Haberkorn, artista que documentou, por meio de suas fotografias, o processo de modernização da capital paulista durante as décadas de 1940 e 1950.

Nos cinquenta primeiros dias de 2010, o trecho na região central somou 38 pontos de alagamento, incluindo dez pontos intransitáveis, situação creditada a galerias de escoamento antigas, sem capacidade para receber grande quantidade de água.

Denominação. O nome da avenida remete à Revolução Constitucionalista de 1932, conflito armado que aconteceu no Estado de São Paulo e tinha como intuito derrubar o governo provisório de Getúlio Vargas, considerado antidemocrático pelos paulistas. Foi em 9 de Julho de 1932 que o movimento eclodiu na capital, colocando as forças paulistas, sob liderança de Isidoro Dias Lopes, contra as tropas do então chefe de Estado. Após três meses de combate, um termo de rendição, que colocou fim à revolução, foi assinado em 1 de outubro de 1932.

Urbanização e Plano de Avenidas de São Paulo

O Plano de  Avenidas, realizado pelo engenheiro Prestes Maia, foi encomendado por Pires do Rio em 1930, com o objetivo de solucionar o problema do tráfego no centro de São Paulo. Seu ponto de início não começou do zero, mas aproveitou um sistema já apresentado anteriormente por João F. Ulhoa Cintra, o “Perímetro de Irradiação”, que assim era chamado pois objetivava servir como linha de partida das artérias que conduziriam aos bairros. A principal proposta do plano era construir um anel envolvendo a área de congestionamento, com início na Praça de República e envolvendo outras áreas, como Rua dos Timbiras, Avenida Senador Queiroz, Parque D. Pedro II, Rua Tabatinguera, Praça João Mendes, Rua Santo Amaro, Rua 7 de Abril e Avenida São Luís.

O “Sistema Y”, formado pelas avenidas 9 de Julho, Itororó (que depois se tornou 23 de Maio) e Anhangabaú Inferior (hoje, nomeada Prestes Maia), foi efetivado durante o governo de Prestes Maia, que assumiu a prefeitura de São Paulo em maio de 1938, em gestão que duraria até novembro de 1945 e concretizaria a maior reforma urbanística da cidade até então, superando administrações como as de João Teodoro e Antônio Prado. Enquanto as avenidas 9 de Julho e Itororó levavam em direção à Zona Sul, a Anhangabaú Inferior tinha sentido ao bairro da Luz, unindo, assim, a Zona Norte e a Sul.

Túnel 9 de Julho


Túnel Nove de Julho, em fotografia do século XX, por Werner Haberkorn


Ao longo de sua extensão, a Avenida 9 de Julho apresenta um trecho subterrâneo de 450 metros, que passa por baixo de pontos como a Avenida Paulista, mais especificamente na altura onde está localizado o MASP e o Parque Tenente Siqueira Campos–Trianon. O túnel foi construído para ligar o centro de São Paulo à Zona Sul, onde ainda prevalecia a presença de grandes casarões, palacetes e construções rurais.

O acesso rápido entre centro e zona sul era sonho consagrado no pensamento paulistano da época, pois o trajeto só era possível para quem subia o espigão da Avenida Paulista, que se apresentava como obstáculo natural atrapalhando o desenvolvimento da Capital para os lados das chácaras do Itaim e Santo Amaro. A passagem subterrânea tornou-se uma alternativa mais eficiente e impactou na urbanização da região, que passou a receber grandes edifícios e maior fluxo de pessoas e veículos.
A obra levou um ano para ser finalizada e custou 17 192 contos de réis. Foi, por fim, inaugurada em 23 de julho de 1938, em cerimônia que reuniu o então presidente da República, Getúlio Vargas, e o prefeito da cidade e engenheiro do plano, Prestes Maia. Atualmente, continua sendo considerada um grande marco na história urbanística da cidade de São Paulo.

Em 2001, durante o mandato da prefeita Marta Suplicy, o Túnel 9 de Julho foi rebatizada como Daher E. Cutait. O nome, no entanto, não teve adesão popular e permanece apenas grafado entre parênteses nas placas de trânsito.

Mirante 9 de Julho

Quando inaugurado, em 1938, o Túnel 9 de Julho possuía um mirante, que permaneceu abandonado por 76 anos, até que, em 2015, por meio de uma parceria público-privada entre a prefeitura de São Paulo e o Grupo Vegas, o espaço foi revitalizado, transformando-se em uma área multicultural, com restaurante, café e eventos, como shows, feiras independentes, exibições ao ar livre, aulas e oficinas.
O local é aberto ao público, com entrada gratuita, e tornou-se um ponto turístico da cidade, pois proporciona aos visitantes uma bela vista da capital. Um dos projetos que acontecem no espaço recebe o nome de "18h30" e consiste de atrações musicais gratuitas que se apresentam de terça a domingo, a partir das 18h30, na escadaria do Mirante.[

Viaduto 9 de Julho


Entre 1940 e 1950, foram construídos viadutos do Perímetro de Irradiação, de Prestes Maia, como Dona Paulina, 9 de Julho e Jacareí. O Viaduto 9 de Julho cruza a Avenida de mesmo nome em trecho próximo à Praça da Bandeira. Ao longo de sua extensão, ele possui 220 metros, sendo o maior dentre os três citados.


Arquitetura. Masp

Vista de trás do MASP

Quando a prefeitura de São Paulo doou o terreno na Avenida Paulista para a construção do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, foi imposta a condição de que não fosse construído nenhum prédio que tapasse a vista para o centro da cidade, possibilitada através da Avenida Nove de Julho. Por isso, a arquiteta Lina Bo Bardi construiu o museu sobre um grande vão livre, que se tornaria uma referência de arquitetura por se tratar, na época, do maior vão livre do mundo. O endereço na Avenida Paulista foi inaugurado em 7 de novembro de 1968, e o vão continua sendo usado para manifestações, feiras livres, exibições de filmes, flashmobs e apresentações de artistas de rua.

Residência Castor Delgado Perez. Desenhada por Rino Levi, a residência, localizada na Avenida Nove de Julho, é um clássico da arquitetura moderna de São Paulo. Luiz Carvalho Franco e Roberto Cerqueira César são co-autores do projeto, que foi idealizado em 1958 e concluído em 1959.
Casarões antigos
A Avenida 9 de Julho possui muitos casarões antigos, erguidos entre as décadas de 1930 e 1940. Enquanto muitos seguem abandonados, alguns, como o que leva o número 4 180, foram revitalizados e apresentam atualmente boas condições. Um exemplo de edifício antigo, que ainda hoje preserva um grande legado, é a antiga sede do Colégio Sacré-Coeur de Marie, instituição fundada em 1938 que, durante 47 anos, ofereceu os cursos primário, ginasial e secundário em regimes de externato, internato e semi-internato. Atualmente, o casarão abriga a unidade paulistana da Escola Concept, com linha de ensino bilíngue.

Outros locais, eventos e prédios históricos da Avenida 9 de Julho

As obras que iniciaram a avenida, sua urbanização e decadência sempre foram assuntos rodeados de polêmicas nas administrações municipais. Por ser um marco da cidade, toda e qualquer ação na região causa um grande impacto. Desde sua construção, esta via perpassa toda a história da cidade e traz muitos acontecimentos, relatos, instituições, segredos e até crimes.

Praça 14 Bis. A praça já foi um bebedouro para os cavalos de carroceiros que faziam compras no Mercado Central. Na época, a avenida era repleta de mato. Hoje, a 14 Bis é basicamente uma saída dos pontos de ônibus da Estação Vai-Vai, que compõe o corredor da Avenida Nove de Julho, cercada por uma rotatória da própria avenida. Próximo a praça, futuramente estará localizada a Estação 14 Bis–Saracura da Linha 6–Laranja do Metrô.



Praça da Bandeira. No século XIX a Praça da Bandeira era um local onde aconteciam leilões de escravos. A praça é uma junção do Largo do Bixiga com o Largo do Piques, aonde chegavam grandes carregamentos na cidade, como o de açúcar, por exemplo.

Obra de arte no Edifício Brasilar. Uma pintura com influências cubistas foi encontrada no Edifício Brasilar, construído em 1973. Devido a uma série de inundações que acometeram o local, não foi possível identificar seu criador. Suspeita-se de que tenha sido alguém de renome. A obra já foi avaliada e considerada com valor artístico.

Edifício Praça da Bandeira/Edifício Joelma. Em 1974 um incêndio tomou conta do Edifício Joelma. O incidente marcou a população paulistana. Ao todo, 189 pessoas morreram e aproximadamente trezentas ficaram feridas. Após alguns anos de reforma, foi reinaugurado sob o nome de Edifício Praça da Bandeira.

Hotel Claridge/Cambridge. Hoje desapropriado pela Prefeitura, já foi um dos maiores da cidade. Seu funcionamento já abrigou balada, bar e a rotina de um dos mais badalados lugares para se hospedar na década de 1950, mas hoje está ocupado pela Frente de Luta por Moradia. Também foi inspiração para longa-metragem.



IX

JAGUARÉ E BUTANTÃ


Projeto urbanístico de Henrique Dumont Villares para o Jaguaré.


Jaguaré é um distrito situado na zona oeste do município de São Paulo e é administrado pela Prefeitura Regional da Lapa, possui uma área de aproximadamente 6,6 km² e uma população de 42,4 mil habitantes, relativamente heterogênea e de classe média em sua maioria. Limita-se com os distritos paulistanos de Vila Leopoldina, Alto de Pinheiros, Butantã e Rio Pequeno, e com a zona centro-sul do município de Osasco. O distrito de Jaguaré é constituído pelos bairros: Centro Industrial do Jaguaré, Super Quadra Jaguaré, Vila Nova Jaguaré, Parque Continental, Vila Graziela, Vila Jaguaré e Vila Lageado. Localizam-se no distrito o Mirante do Jaguaré, que é tombado pelo poder público municipal, e o Museu da Tecnologia de São Paulo, próximo à Cidade Universitária.

O distrito do Jaguaré foi projetado e construído pelo engenheiro Henrique Dumont Villares em 1935. Dono da Sociedade Imobiliária Jaguaré, Villares dividiu a região em áreas residenciais, comerciais e industriais, e incentivou sua ocupação, consolidada após a construção da ponte do Jaguaré, sobre o rio Pinheiros. Nas décadas seguintes, atraiu centenas de fábricas, tornando-se um dos distritos mais industrializados do município. O lento crescimento econômico registrado na década de 1980 afetou profundamente o distrito, que perdeu grande parte de suas empresas. Conserva-se até hoje, no entanto, como importante centro industrial, ao mesmo tempo em que assiste ao crescimento do terceiro setor. Nos últimos anos, registram-se investimentos no setor imobiliário, que começam a incentivar a verticalização das áreas residenciais, ainda predominantemente compostas por casas térreas e sobrados.

Vista do centro industrial

O Jaguaré foi uma das muitas áreas rurais situadas além dos rios Tietê e Pinheiros cuja ocupação e exploração só se iniciou após o expressivo crescimento do parque industrial paulistano e da explosão demográfica a que o município assistiu a partir das primeiras décadas do século XX. Por volta de 1925, alguns imigrantes europeus encontram-se instalados nos arredores do futuro distrito, ocupado por fazendas, sítios e chácaras. A região que compreende o Jaguaré propriamente dito era uma grande fazenda de 165 alqueires, pertencente à Companhia Suburbana Paulista, empresa responsável pelo loteamento de terras, fundada por Ramos de Azevedo. O nome "Jaguaré" deve-se ao ribeirão homônimo, que nascia em Osasco e cortava a região até desembocar no rio Pinheiros. 

Em 1935, a fazenda é adquirida pela Sociedade Imobiliária do Jaguaré, empresa criada por Henrique Dumont Villares, engenheiro agrônomo formado na Bélgica, sobrinho e afilhado de Santos Dumont. Henrique Dumont Villares idealizou um projeto de urbanização para a região, dividindo-a em áreas residenciais, comerciais e industriais. As ruas foram desenhadas de modo que o centro comercial fosse rodeado por residências e estas pelas indústrias. Foram construídas 42 praças e diversas casas para os funcionários da empresa. No ponto mais alto do Jaguaré, ergueu-se um mirante dotado de uma torre com relógio e sino, cuja função era servir de símbolo ao novo bairro. Canalizou-se o ribeirão Jaguaré e executou-se o traçado do sistema viário. Desde a fase de implementação do projeto, no entanto, o rio Pinheiros já constituía uma barreira natural que limitava a circulação das pessoas e atrapalhava o plano de instalar um centro industrial na região. Em 1940, para sanar o problema, Henrique Dumont Villares doou, à prefeitura, a quantia de 700 réis a serem aplicados na construção da ponte do Jaguaré, ligando o distrito à também incipiente região de Vila Leopoldina e, em seguida, à Lapa. O Grupo Matarazzo foi o primeiro a instalar uma fábrica na região. Com a conclusão da ponte, na década de 1940, outras dezenas de indústrias se instalariam no Jaguaré, incentivando o estabelecimento de funcionários e comerciantes e iniciando um período de grande crescimento econômico e demográfico. Em meados do século XX, o bairro já era considerado um dos mais industrializados do município, com mais de 125 fábricas e indústrias de pequeno, médio e grande porte.

Nas décadas seguintes, prosseguiu a expansão da região e novos bairros foram incorporados ao distrito, como Parque Continental (na divisa com Osasco), Vila Graziela, Vila Lageado e Conjunto Butantã. O longo período de recessão econômica iniciado nos anos 1970 e agravado nos anos 1980, no entanto, afetou, profundamente, o distrito, com a saída e fechamento de várias empresas. Apesar disso, o Jaguaré se mantém como importante centro industrial: no ano 2000, o distrito registrava a presença de 156 indústrias, que, juntas, respondiam por mais de 8 500 empregos diretos - mais do que o comércio (3 149) e o setor de serviços (6 126). Sem embargo, vem crescendo a participação do setor terciário na economia do distrito: em 1975, foi inaugurado o Shopping Continental, o primeiro centro comercial da região, e grandes empreendimentos imobiliários têm influenciado a verticalização em alguns bairros do Jaguaré, onde, em geral, predominam as casas térreas e sobrados.

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Estação Butantã do Metrô, na Avenida Vital Brasil Brasil, esquina com a avenida Corifeu de Azevedo Marques. USP imagens. 

Butantã é um distrito situado na zona oeste do município de São Paulo e é administrado pela subprefeitura do Butantã. Possui 12,5 quilômetros quadrados, sendo delimitado a leste pela margem do rio Pinheiros. A região é marcada pela heterogeneidade socioeconômica. Junto ao rio, há um bairro-jardim de alto padrão, o City Butantã, semelhante aos jardins América e Europa, localizados na outra margem do rio Pinheiros. O distrito faz divisa com os seguintes distritos: Pinheiros, Alto de Pinheiros, Jaguaré, Morumbi, Vila Sônia, Rio Pequeno e Raposo Tavares

Bairros do distrito Butantã: City Butantã; Vila Indiana; Jardim Rizzo; Vila Pirajussara; Conjunto Residencial Butantã (também conhecido como Inocoop); Jardim Christi; Jardim Ademar; Previdência; Caxingui; Rolinópolis; Jardim Esmeralda; Vila Gomes; Jardim Bonfiglioli; Jardim São Gilberto; Cidade dos Bandeirantes; Jardim Matarazzo; Jardim Pinheiros. Todos de perfil predominantemente residencial, com alguns corredores comerciais: as avenidas Vital Brasil, Corifeu de Azevedo Marques, Engenheiro Heitor Antônio Eiras Garcia, Eliseu de Almeida, Comendador Alberto Bonfiglioli e Professor Francisco Morato, além de ruas como Alvarenga, Camargo e MMDC.


 Começo da avenida professor Francisco Morato ,  próximo a famosa paineira do Butantã nos anos 1950. Essa avenida é bem extensa ,  e abrange muitos bairros em seu trajeto , alguns como o bairro da Previdência,  Caxingui , Morumbi , vila Sônia , Jardim Perí Perí ,Jardim Ferreira , e terminando em Taboão da Serra , antigamente era passagem dos caminhões , que saíam das marginais , em direção  a Régis Bitencourt , ( antiga BR2 ) para o Sul do País . Fonte : Viva o Butantã.



O Butantã é, ainda, atravessado pelos quilômetros iniciais da rodovia Raposo Tavares. Destacam-se, também, no distrito, a Cidade Universitária, sede da Universidade de São Paulo, e, vizinho à universidade, o Instituto Butantan. No censo de 2000, apresentava uma população de 52649 habitantes. O distrito é atendido pela Linha 4–Amarela do Metrô de São Paulo por meio da Estação Butantã, inaugurada em 28 de março de 2011, e da Estação São Paulo–Morumbi, inaugurada em 27 de outubro de 2018. Esta última está localizada na divisa com os distritos do Morumbi e da Vila Sônia.

 A grande enchente de 1929 ocorrida em Sâo Paulo. Na imagem o encontro entre as estradas de Butantã e Osasco (atuais avenidas Corifeu de Azevedo Marques e Autonomistas).

História. A região do Butantã era rota de passagem de bandeirantes e jesuítas que se dirigiam ao interior do país. Foi na região do Butantã que Afonso Sardinha montou o primeiro trapiche de açúcar da vila de São Paulo, em sesmaria obtida em 1607. As terras da antiga sesmaria tiveram várias denominações: Ybytatá, Uvatantan, Ubitatá, Butantan e, finalmente, Butantã. Após a expulsão dos jesuítas do Brasil, em 1759, as suas terras foram confiscadas e vendidas. Um dos últimos proprietários foi a família Vieira de Medeiros que vendeu as terras para a Companhia City Melhoramentos, em 1915, responsável pela urbanização das margens do Rio Pinheiros. Datam do século XVII e XVIII duas construções históricas localizadas na região do Butantã, respectivamente a Casa do Sertanista e a Casa do Bandeirante, ambas tombadas. A região do Butantã era constituída por sítios, como o Sítio Butantã, Sítio Rio Pequeno, Sítio Invernada Grande ou Votorantim, Sítio Campesina ou Lageado e Sítio Morumbi. O desenvolvimento do bairro ocorreu a partir de 1900, sobretudo com a implantação do Instituto Butantan e da Cidade Universitária.


Parque do Instituto Butantan

O Instituto Butantan foi oficialmente inaugurado em 1901. Sua origem está associada ao combate da peste bubônica, que por volta de 1898 causava uma epidemia em Santos, no litoral paulista. Para produzir o soro contra a peste, foi escolhida uma área fora do perímetro urbano da cidade de São Paulo. Assim, foi instalado um laboratório junto ao Instituto Bacteriológico, na fazenda Butantã, que dois anos mais tarde recebeu o nome de Instituto Serumteráphico, passando a atuar na área de pesquisa e produção de soros, sob a coordenação do médico Vital Brazil. Somente em 1925, o nome oficial passou a ser Instituto Butantã, hoje vinculado à Secretaria de Estado da Saúde. O conjunto arquitetônico foi tombado pelo Patrimônio Histórico em 1981. O local onde está instalado o Instituto é apenas uma parte da propriedade que abrangia também o campus da Universidade de São Paulo.

Visita do ex-presidente Theodore Roosevelt ao Instituto Butantã em 1913. No mesmo ano iniciaria sua famosa expedição na Amazônia:

 "Os escalados para a aventura no "mato grosso" do oeste brasileiro foram seu secretário Frank Harper e o filho Kermit Roosevelt, um jovem de 24 anos formado em Harvard que vivia no Brasil como engenheiro em ferrovias do interior paulista. O grupo era formado também por dois cientistas indicados pelo Museu Americano de História Natural de Nova York (o ornitólogo George K. Cherrie e o especialista em mamíferos, Leo E. Miller) e o padre John Augustine Zahm, quem dera a ideia de exploração na América do Sul"  

Fonte: https://www.uol.com.br/nossa/noticias/redacao/2021/10/11/

Ponto de ônibus no Largo da Batata (Pinheiros) em 1950. O destino dos passageiros é o Butantã e suas vilas nascentes. Uma das placas de publicidade ao fundo anuncia a venda de lotes do Jardim Bonfiglioli, vizinho da Vila Gomes.  


A partir dos anos 1920, começaram a surgir os primeiros bairros, como Vila Butantã, Vila Lageado e Cidade Jardim. 

Nos anos 1930, surgiram os bairros Peri Peri, Vila Clotilde, Vila Gomes, Água Podre e Caxingui. 

Nas décadas de 1940 e 1950, foram os bairros Jardim Guedala, Previdência, Vila Progresso, Vila Hípica, Jardim Ademar, Jardim Trussardi, Vila Pirajussara. 

Nos anos 1940, a Companhia Imobiliária Morumby dividiu os últimos lotes da antiga Fazenda Morumbi. Até então ocupado por chácaras e pequenas fazendas, o Morumbi se tornaria área residencial a partir de 1948. Seu nome possui duas interpretações: uma corruptela de Meru-obi, que significa "mosca verde", ou Marâ-bi, que significa "luta oculta". 

Entre os anos 1950 e 1960, surgiram os bairros Rolinópolis, Esmeralda, Ferreira, Jardim Monte Kemel, Jardim Bonfiglioli, Jardim Pinheiros entre outros. Quase a totalidade da área abrangida pela Subprefeitura do Butantã está conurbada aos municípios vizinhos de Taboão da Serra e Osasco. 
O intercâmbio entre esses municípios e o município de São Paulo é intenso em termos de comércio,
serviços e lazer.

MORRO DO QUEROSENE



Existe um refúgio no Butantã, mais especificamente entre a Avenida Corifeu de Azevedo Marques e os primeiros quilômetros da Rodovia Raposo Tavares, chamado Vila Pirajussara, popularmente conhecida como Morro do Querosene.

O Morro teve o início da sua ocupação em 1940, alguns anos após a retificação do Rio Pinheiros, data esta em que o distrito do Butantã deixa de ser considerado zona rural.

Em 1950, muitos lotes do morro são ocupados por estudantes da USP, artistas e trabalhadores do Jockey Club, muitos deles maranhenses. Os lotes comprados demoraram para serem registrados e a “vila” fica durante muitos anos sem energia elétrica. Por isso, ao entardecer, lampiões clareavam o morro, dando origem ao nome mais conhecido “Querosene“.

O mais interessante é que por conta da falta de luz elétrica, os moradores iam para as calçadas no fim da tarde para papear, jogar capoeira, contar histórias e dançar. Aos domingos se reuniam para comer feijoada e para aprender a tocar instrumentos, como o berimbau por exemplo.

Todos esses fatores contribuíram para uma tradição viva até hoje no bairro: celebrar uma das festas mais tradicionais do folclore brasileiro, o Bumba Meu Boi. São três datas em que a festa ocorre: Sábado de Aleluia, onde comemora-se o nascimento do Boi, que é batizado no mês de junho e morre no fim do ano, perto do dia de Finados, renascendo no ano seguinte.

A festa é aberta ao público e acontece na parte mais alta do morro, onde a comunidade apelidou de “Praça do Boi”. Nos dias de evento é possível apreciar comidas típicas do Maranhão, dançar ao som dos tambores, matracas e da orquestra de berimbaus.




Para saber mais: Memórias do Butantan: https://www.facebook.com/profile.php?id=100083364901119



A CIDADE UNIVERSITÁRIA

Vista do campus em 2024 a partir da Vila Indiana, com muitas áreas arborizadas. Ao fundo, pode ser vista a roda gigante do Parque Villa-Lobos. Foto: Hector Carvalho. Wikipédia.


Mapa de Trtansporte e Mobilidade. Publicado pelo Instituto de Física da USP

A Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira (CUASO) sedia a Universidade de São Paulo (USP), fazendo parte do campus USP da Capital. Está localizada na zona oeste da cidade de São Paulo, bairro do Butantã. Leva o nome do fundador da universidade, o então interventor do estado, Armando de Salles Oliveira, político liberal paulista.

Na Cidade Universitária, estão localizadas a maioria das unidades de ensino, pesquisa e extensão da Universidade de São Paulo. Encontram-se também os órgãos centrais e administrativos da USP, como a Reitoria, gabinete do reitor, secretarias, superintendências e as pró-reitorias. A Cidade Universitária possui mais de 3,7 milhões de metros quadrados.

Também estão sediados na Cidade Universitária: o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), o Instituto Geográfico e Cartográfico (IGC), a Academia de Polícia (Acadepol), o Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM), a Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados e uma ETEC do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza.

História. A construção da Cidade Universitária já estava prevista no projeto original da USP na década de 1930. Intelectuais paulistanos basearem-se no modelo alemão de universidade moderna, e uma comissão de estudos reservou a área da antiga Fazenda Butantã para a instalação da universidade. A USP foi oficialmente fundada em 23 de janeiro de 1934, assinado pelo Armando Salles de Oliveira, então governador de São Paulo. Por isso é a personalidade que nomeia o campus.

O projeto dessa cidade seria integrar os cursos já existentes, como a Faculdade de Medicina, a Escola Politécnica e a Faculdade de Direito, além de atrair atenção à pesquisa e ao desenvolvimento do Brasil. 

No entanto, por diferentes motivos, sua implementação efetiva foi postergada diversas vezes. Sua ocupação, com a construção de edifícios para diversas unidades, deu-se a partir da segunda metade dos anos 50.

O primeiro departamento a chegar no novo campus foi o do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, na década de 1940, mas foi na primeira metade da década de 1960, com maior investimento na Universidade, que houve maiores transferências ao campus. 


Imagem do Conjunto Residencial (CRUSP) na Cidade Universitária. O Museu de Arte Contemporânea (MAC) pode ser visto no canto inferior direito. Ao fundo, é possível identificar a Avenida Paulista. Foto : Gaf. arq. Wikipédia.


A Cidade Universitária tem registrados em sua história uma grande quantidade de projetos, muitos dos quais bastante divergentes em relação ao desenho geral da cidade e de seus espaços. Porém, a constituição da forma pela qual hoje ela se configura é resultado tanto da ação individual de cada uma das unidades que aí se instalaram, como da adequação e da reformulação dos vários projetos para ela desenvolvidos. Isto fez com que, apesar da CUASO apresentar um caráter urbano relativamente homogêneo atualmente, também se verificam nela diferentes propostas arquitetônicas e urbanísticas isoladas.

Com a escala de um parque urbano, a Cidade Universitária, pelas suas características, não se assemelha nem a um parque, efetivamente (pois seu uso como tal não é atualmente incentivado pela Reitoria), nem a uma "cidade", em seu entendimento mais comum. Possui apenas três ligações viárias com a cidade (seus três "portões") e mais algumas entradas de pedestres.

Urbanismo funcionalista

A maior parte dos edifícios existentes hoje na Cidade Universitária foram construídos a partir de meados da década de 1960. Desta forma, apresentou-se de forma bastante evidente uma intenção urbanismo funcionalista na constituição de seus espaços e na organização de suas unidades. Apesar de não ter havido um plano original para a Cidade (segundo esta linha de pensamento, pois havia antes dela uma série de outros planos com caráter historicista), os edifícios foram sendo implantados segundo a lógica da arquitetura moderna e do funcionalismo, buscando espaços que se assemelham a superquadras. É possível dizer que parte dos arquitetos ligados a estes projetos buscavam um ideal de cidade diverso daquele encontrado em São Paulo (ou seja, buscavam um desenho aparentemente ordenado em oposição a uma organização urbana informal e desprovida de planejamento). O resultado, porém, foi um bairro dentro de São Paulo com poucas ligações com a cidade que o rodeia e altamente dependente do automóvel.

De uma forma geral, os edifícios da Cidade Universitária possuem implantação isolada, apresentando grandes distâncias entre uns e outros. Eventualmente, algumas unidades possuem cercamentos em seu perímetro, mas a permeabilidade é mais comum à maioria das unidades. Junto a elas, normalmente são encontrados grandes bolsões de estacionamento e espaços livres desqualificados, cobertos por vegetação.

A Cidade Universitária foi reformada na década de 1960, de modo a abrigar os atletas dos Jogos Pan-americanos de 1963, que se realizaram em São Paulo. O bairro é classificado pelo CRECI como "Zona de Valor C", assim como outros bairros da capital como Santana, Tatuapé e Barra Funda.

Locais na Cidade Universitária

A Torre do Relógio. A Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira apresenta parte de seu terreno localizado na região da várzea do Rio Pinheiros, onde a maior parte dos primeiros edifícios foi construída. A partir daí, a medida que se distancia dele, verifica-se nela um acentuado aclive, no qual implantaram-se as demais unidades.

Praça do Relógio. Originalmente foi pensada para acolher uma unidade da USP que seria conhecida como o cuore ("coração") da Universidade, na qual seriam reunidos equipamentos para receber os visitantes e para reunir os alunos (como rodoviária, restaurante, dormitórios, etc). Atualmente, esse local caracteriza-se como um grande espaço livre marcado pela presença de uma torre monumental, projetada pelo arquiteto Rino Levi, na qual verifica-se um relógio em seu topo (daí o nome da praça).  Em meados da década de 1990 a praça passou por profunda reforma, adquirindo a forma que possui hoje. Próximo à Praça do Relógio localizam-se o Conjunto Residencial da USP (CRUSP), o edifício da Reitoria e a Raia Olímpica.

Praça do Relógio Solar. A Praça do Relógio Solar funciona dentro da Cidade Universitária, no bairro do Butantã (Avenida da Universidade s/número, São Paulo, SP). Nela está instalada uma escultura que funciona como um relógio de sol, projetada por Caetano Fraccaroli, da FAU-USP.

A Praça do Relógio é um espaço público na Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira, sede da Universidade de São Paulo (USP) localizada na capital paulista. A praça conta com os seis ecossistemas vegetais predominantes no estado de São Paulo e tem uma área de 176 mil metros quadrados.[1]

Próximo à praça localizam-se o Conjunto Residencial da USP (CRUSP), o edifício da Reitoria e a Raia Olímpica, assim como o Instituto de Psicologia, a Escola de Comunicações e Artes (ECA) e a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH).

História

Em junho de 1935, o governador do estado de São Paulo, Armando de Salles Oliveira, nomeou uma comissão presidida por Reinaldo Porchat, primeiro reitor da USP, para estudar uma localização que pudesse abrigar a Cidade Universitária e reunir numa única área as escolas da USP, que se encontravam em sua maioria em instalações provisórias espalhadas por diversos locais da cidade de São Paulo. No entanto, a construção do campus dependia de investimentos do governo estadual, que por sua vez dependia da Programação dos Investimentos Públicos e do Apoio à Educação, o que resultou em planos desconexos para a Cidade Universitária e na demora para a transferência dos cursos.

Um plano de desenvolvimento de 1954 menciona um "espaço cívico" em uma área mais ou menos correspondente à atual Praça do Relógio, contando com uma biblioteca, edifícios administrativos, e um lago, que serviria como um "core" para reunir "organicamente" as unidades universitárias. Em 1960, é instituído o Fundo para Construção da Cidade Universitária, permitindo maior agilidade na construção no campus. Em um plano de 1962, a área aparece como "Convivência geral"; em 1966 como "Centro cívico-cultural e de convivência geral".

A praça é inaugurada em 1971 quando a USP começou a fechar o campus durante os fins de semana, afetando bastante o programa da Praça, tanto que os arquitetos do projeto foram proibidos de colocar qualquer equipamento de recreação, tornando a praça apenas um espaço contemplativo com grandes áreas de pisos e gramados que pudessem ser adaptadas para usos diversos, e alguns bosques com vegetações nativas de São Paulo, como a Mata Atlântica e de Araucárias, por exemplo Entre 1988 e 1991, durante a gestão do Reitor José Goldenberg, foram realizadas obras de limpeza e recuperação da Torre do Relógio e do espelho d’água na praça

Em 1997, uma grande obra mudou o projeto paisagístico da área, ao custo de R$1,2 milhão pagos pela iniciativa privada, criando bolsões que replicam os 6 ecossistemas vegetais paulistas,[ a saber:

Mata Atlântica. Mata de Araucária. Campos rupestres. Mata caducifólia. Restinga. Cerrado

Entre 2013 e 2014 foi realizada uma nova reforma para a troca do pavimento e a instalação de um novo projeto de iluminação. A praça abrigou, entre 28 de outubro de 2013 e 30 de junho de 2014, a Tenda Cultural Ortega y Gasset, oferecendo palestras, debates, conferências, apresentações artísticas, exposições, oficinas e workshops em vários campos do conhecimento, assim como projetos realizados pela própria USP. Ao longo dos seus dez meses de funcionamento, a Tenda Cultural recebeu 25.807 pessoas em 213 diferentes atividades, todas gratuitas. O auditório da tenda contava com capacidade para 565 lugares, em uma área de 912 m² incluindo plateia, circulações e palco multifuncional com cerca de 112 m²

Torre do Relógio



Detalhe da fachada oeste da torre, com os painéis dedicados à poesia, às ciências sociais e às ciências econômicas


No centro da praça, fica a torre que nomeia o espaço, projetada pelo arquiteto paulistano Rino Levi e com a parte escultórica sendo confiada a escultora vicentina Elisabeth Nobiling, sendo composta por duas placas em concreto armado que possuem 50 metros de altura por 10 metros de largura cada uma, ligadas por escadas.

No topo da torre, estão localizados os relógios, um em cada lâmina, seus mostradores tem mais de três metros de diâmetro; os ponteiros de minutos tem 1,50 m e os das horas, 1,30 m, acompanhado por um sinos. O carrilhão é regulado por um impulso atômico vindo do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da universidade, o que garante uma precisão-padrão de um centésimo de segundo em 24 horas. O relógio mestre ("cérebro" do aparelho), as baterias e o motor estão localizados em uma câmara subterrânea sob a estrutura.

A torre é decorada com 6 painéis em alto e baixo-relevo em cada face, medindo 5 metros de altura por 5,50 metros de largura cada, projetados por Nobiling, escultora e professora de design da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e inspirados pelos conceitos de domínios da mente Benedetto Croce. O lado voltado para o prédio da nova reitoria, a oeste, representa “o mundo da fantasia”, com painéis representando,de cima para baixo:

A poesia (os namorados com a lua);
As ciências sociais (as forças agressoras emergindo do caos em contraposição às forças protetoras e, no centro, a criança);
As ciências econômicas (um gráfico estatístico);
A dança, a música e o teatro (lira e máscara);
A arquitetura e as artes plásticas;
A filosofia (Sofia).
Já a face leste, que aponta para a antiga reitoria, simboliza “o mundo da realidade”, com esculturas homenageando, de cima para baixo:

A astronomia (a lua e as estrelas);
A química (instrumentos de laboratório);
As ciências biológicas (vegetais e animais);
A física (raios solares, magnéticos e cósmicos);
As ciências geológicas (arado);
A matemática (parábolas, curvas e hipérboles).

Em torno da torre há um espelho d'água circular, bordeado pela frase "No Universo da Cultura o centro está em toda parte", escrita em mosaico português. A frase é de autoria de Miguel Reale, paulista de S. Bento do Sapucaí, São reitor da USP entre 1949 e 1950 e de 1969 a 1973.

Com a pedra inicial sendo lançada em 23 de janeiro de 1954 como parte das celebrações do IV centenário de São Paulo, a construção foi financiada pela colônia portuguesa sob os auspícios da Casa de Portugal de São Paulo, mas as obras começaram apenas em 1972, com a inauguração da torre ocorrendo em 1973.

Fonte: Oba, Rosana (2006). Universidade de São Paulo, seus reitores e seus símbolos - Um pouco da história. São Paulo: Edusp. p. 118. 



Plano de Zoneamento e Urbanização da Cidade Universitária de São Paulo. Projeto: Escritório Técnico da Comissão da Cidade Universitária, 1952. Planta Geral da Cidade Universitária “Armando de Salles Oliveira”. Projeto: Escritório Técnico do Fundo de Construção Civil da Cidade Universitária “Armando de Salles Oliveira”, 1962

Fonte: O Espaço da USP: Presente e Futuro. Publicação Mémórias do Butantan

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X

MORUMBI E PARAISÓPOLIS


Construção da primeira ponte do Morumbi nos anos 1950. 

Morumbi é um distrito da cidade de São Paulo. Situado na zona oeste, apesar de comumente ser considerado zona sul, já que parte do bairro Morumbi, está localizado no distrito de Vila Andrade, este sim situado na Zona Sul.

Topônimo. Existem várias explicações etimológicas para "Morumbi": é um termo de origem tupi que significa "mosca verde", através da junção dos termos moru (mosca) e mbi (verde).Eduardo de Almeida Navarro, "Morumbi" viria do termo da língua geral maromby, que significa "rio dos peixe e jubileusa foi quem cria língua portuguesa "marumbi", que significa "lagoa cheia de taboas".
Características. Popularmente e em algumas reportagens, é considerado como parte da Zona Sul, porém é administrado pela Prefeitura Regional do Butantã, sendo oficialmente pertencente à Zona Oeste. Afastado do centro de São Paulo em cerca de quinze quilômetros, o distrito ocupa parte da margem oeste do Rio Pinheiros e se limita com os distritos de Vila Sônia, Vila Andrade, Itaim Bibi, Pinheiros e Butantã.

História. É o resultado do loteamento de chácaras e pequenas fazendas, descendentes da Fazenda Morumbi, propriedade cultivadora de chá pertencente ao inglês John Rudge, introdutor do chá da Índia no Brasil. Acompanhando o crescimento do sentido sudoeste (a partir do Centro Histórico) do município, o engenheiro Oscar Americano iniciou, em 1948, o loteamento e o futuro povoamento do distrito. Oscar Americano adquiriu grandes glebas e iniciou um processo urbanização da área. Além disso fez a arborização dos futuros bairros-jardins ao plantar um exemplar de cada uma das espécies da flora brasileira na área. Os lotes à venda pela Companhia Imobiliária Morumby eram extensos e, logo, muitas das famílias ricas paulistanas se instalaram nas ruas sinuosas da área. Com destaque para a arquiteta ítalo-brasileira Lina Bo Bardi, autora de projetos emblemáticos como o Museu de Arte de São Paulo e o Serviço Social do Comércio de Pompeia, que projetou sua residência, a primeira do distrito, em meados da década de 1950. A empresa imobiliária também contratou o arquiteto Gregori Warchavchik, que restaurou as ruínas da Casa Grande e da capela da antiga Fazenda Morumbi. Em dezembro de 2005, as mesmas foram tombadas pelo CONPRESP. Devido à construção do Estádio Cícero Pompeu de Toledo, no final dos anos 1950 e a transferência da sede do governo do estado para o Palácio dos Bandeirantes, foi rápida a ocupação dos terrenos livres. Nos anos 1980 e 1990, a verticalização atingiu o Morumbi, principalmente nos arredores da Avenida Giovanni Gronchi.


Hospital Albert Einstein em 1971 . O empreendimento foi um dos fatores marcantes do desenvolvimento do bairro Morumbi e da região. 


O Hospital Israelita Albert Einstein é um hospital brasileiro, localizado no distrito do Morumbi, zona sul do município de São Paulo. Foi fundado pela comunidade judaica da cidade de São Paulo em 4 de junho de 1955. É uma das unidades de saúde mais conhecidas do Brasil pela qualidade de atendimento e pelos equipamentos e especialidades médicas de que dispõe para tratar os principais tipos de patologias. Possui um programa de assistência social na comunidade de Paraisópolis, próximo ao hospital. Tem mais de 10 mil médicos cadastrados, sendo o hospital privado mais moderno da América Latina. Em 1999 tornou-se a primeira instituição de saúde fora dos Estados Unidos a ser reconhecida pela Joint Commission International (a certificadora de serviços de saúde mais importante do mundo). É considerado a melhor instituição de saúde da América Latina e frequentemente listado entre os melhores e mais inteligentes do planeta, sendo classificado, em estudos da Newsweek, entre as 50 melhores instituições médicas do mundo. Configura-se como um complexo de saúde cujo foco de atuação está nas áreas da medicina de alta complexidade. Por isto, se tornou referência na prevenção, diagnóstico e tratamento de doenças na área da cardiologia, oncologia, ortopedia, neurologia e cirurgia.
A Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein havia em 2010, 8.655 funcionários. Destes, aproximadamente 40% possuíam ensino superior; 68% eram mulheres e 32% homens.


Atualidade. O distrito do Morumbi concentra alguns dos bairros mais nobres do município de São Paulo e do Brasil, sendo um reduto da classe alta paulistana. Ao mesmo tempo apresenta favelas, tais como: Real Parque e Jardim Panorama e também faz divisa com a favela de Paraisópolis, a segunda maior do município, no distrito vizinho de Vila Andrade.  O distrito tem a maior concentração de renda e uns dos mais elevados índices de desenvolvimento da capital, seus moradores têm o maior poder aquisitivo do município. Exemplo desses bairros são: Cidade Jardim, Jardim Everest, Jardim Leonor, Jardim Morumbi, Jardim Panorama, Real Parque, Rolinópolis, Vila Morumbi, Vila Progredior e Vila Tramontano. É também um dos distritos mais arborizados do município, contando com inúmeros parques e praças, como a praça Vinícius de Moraes e o Parque Alfredo Volpi.

Dentro dos limites do distrito encontram-se o Palácio dos Bandeirantes, sede do Governo do Estado de São Paulo (uma construção originalmente erguida pela família Matarazzo no final dos anos 1950 para tornar-se uma universidade) e residência oficial do governador; o Hospital Israelita Albert Einstein, um dos mais importantes hospitais privados do município, o Hospital São Luiz, a sede da Rede Bandeirantes de rádio e televisão, o clube Paineiras do Morumby, o luxuoso Shopping Cidade Jardim, a sede do São Paulo Futebol Clube, o Hipódromo de Cidade Jardim, pertencente ao Jockey Club de São Paulo e colégios da colônia espanhola e alemã.

Produções cinematográficas, como Sinhá Moça, produzido pela Vera Cruz Cinematográfica e dirigido por Tom Payne, foi rodado na Casa da Fazenda do Morumbi, por seu significado histórico, e ainda A Moreninha e Beto Rockfeller, de Oliver Perroy e A Nova Primavera, de Franco Zeffirelli.

Segundo o Metrô de São Paulo, está em estudos o projeto da construção da Linha 17-Ouro, que cortaria o distrito em direção aos bairros de Panamby e Paraisópolis, sendo construído em vias elevadas, monotrilhos. Com isso, os moradores organizaram protestos, reuniões e abaixo-assinados contra a intervenção, alegando que haveria um grande impacto visual, parecido com o do Elevado Presidente João Goulart, na Zona Central de São Paulo.

Subdivisões. O distrito do Morumbi engloba os seguintes bairros:Cidade Jardim, Hipódromo de Cidade Jardim, Jardim Everest, Jardim Leonor (parte), Jardim Morumbi, Jardim Panorama,Real Parque, Rolinópolis, Vila Morumbi, Vila Progredior, Vila Tramontano



Paraisópolis é um bairro favelizado, localizado na zona sul da cidade de São Paulo, e pertencente ao distrito de Vila Andrade. É derivado do loteamento de Paraisópolis, e sua população, aferida no Censo de 2010, era de 42 826 habitantes.

História. O bairro de Paraisópolis originou-se de um loteamento destinado à construção de residências para a classe alta realizado em 1921, resultado da divisão da antiga Fazenda do Morumbi em 2 200 lotes com quadras regulares de 10m x 50m e ruas de 10 metros de largura. A partir da década de 1950 iniciou-se a ocupação dos terrenos, na época não habitados e de caráter semi rural, por famílias de baixa renda, em sua maioria migrantes nordestinos, atraídos pelo emprego na construção civil. Devido ao descaso público e a dificuldade da regularização dos terrenos, em 1970 já residiam irregularmente vinte mil habitantes, e ao mesmo tempo novos bairros nobres e seus condomínios luxuosos eram criados ao redor das áreas de ocupação, que eram muitas vezes construídos utilizando a mão de obra dos próprios moradores de Paraisópolis. Houve uma tentativa de remoção da área de ocupação, por meio de uma obra rodoviária, elaborada na gestão de Paulo Maluf, no início da década de 1980. Devido à construção de uma avenida que visava interligar a Avenida Giovanni Gronchi à Marginal Pinheiros, haveria a remoção de uma grande área de habitações de baixa renda, porém a obra foi suspensa, sendo retomada parcialmente em 2012, tornando-se a Avenida Hebe Camargo.

No início do século XXI Paraisópolis já era a segunda maior favela em solo paulistano e começaria a receber investimentos públicos. Em 2005, foi iniciado um processo de urbanização e regularização dos imóveis construídos lá irregularmente, semelhante ao processo que aconteceu na antiga favela de Heliópolis. Há investimentos do poder público (municipal, estadual e federal) em mais de R$ 250 milhões de reais e da iniciativa privada, onde, de acordo com decreto assinado pelo prefeito Gilberto Kassab, donos de imóveis ocupados poderão doar seus antigos terrenos em troca de abatimento de eventuais dívidas com a prefeitura. Entre as ações de urbanização realizadas em Paraisópolis encontram-se: a pavimentação das vias de tráfego; obras emergenciais de reparos da infraestrutura; regularização fundiária; canalização de córregos; abertura de novas ruas, parte invadida e novamente suprimida do arruamento oficial, adequação das calçadas, também invadidas e estreitadas irregularmente a seguir, construção de rede integral de água e esgoto, construção de escadarias hidráulicas, também em seguida invadidas parcialmente, construção da avenida perimetral Hebe Camargo, desocupação do leito dos córregos, em seguida re-ocupados, remoção de moradias em área de risco, construção de novas calçadas e sarjetas, construção de espaços de lazer e de um parque linear e construção de 2.500 unidades habitacionais em convênio com a CDHU.


Incêndio em Paraisópolis em 2013.

A partir destas obras de urbanização a favela começou a receber investimentos privados, como na abertura da primeira filial de uma loja das Casas Bahia na região, ocorrida no dia 12 de novembro de 2008 com a presença do então prefeito Gilberto Kassab. Paraisópolis recebeu no dia 13 de dezembro de 2008 a escola CEU Paraisópolis, que apresenta mais de 10 mil m² de área construída, num terreno de 25.400 m², com a capacidade para atender 2.800 alunos, eliminando o terceiro turno em três escolas municipais de Ensino Fundamental (EMEFs). Apesar dos investimentos em educação as piores escolas da cidade situam-se no bairro, segundo dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica divulgados em 2010. Essa realidade contrasta com os colégios particulares presentes ao redor do bairro, exemplo da: Graded School, escola estadunidense e do Colégio Visconde de Porto Seguro, e da ETEC Abdias do Nascimento). Em março de 2008 delegações internacionais de Lagos (Nigéria), Ekurhuleni (África do Sul), Cairo (Egito), Manila (Filipinas), Bombaim (Índia), Rio de Janeiro (Brasil), La Paz (Bolívia), Chile, Île-de-France (França) e Gana, visitaram diversas favelas de São Paulo. Paraisópolis foi um dos destaques, devido a sua infraestrutura, sendo muito elogiada pelos urbanistas estrangeiros, os quais chegaram à conclusão de que a "favela" é "incomparável a qualquer outra no mundo" e não poderia assim ser classificada. Bastante evidente que a análise foi apenas superficial, visto que o viário da região é caótico. Nos anos seguintes ganha maior repercussão internacional e recebe delegações de diversas localidades como: França, Anistia Internacional, pesquisadores das escolas de Arquitetura das universidades estadunidenses Colúmbia e Harvard e até visitas de personalidades internacionais como o rapper Ja Rule e de Stefania Fernández, ganhadora do Miss Universo 2009.

Apesar de haver uma convivência pacífica na região, em fevereiro de 2009 houve uma série de confrontos entre moradores e autoridades públicas. Ocorreram assaltos a residências próximas às zonas de menor renda, atos de vandalismo e troca de tiros, devido à presença do PCC na área. Em dezembro de 2013, um incêndio em Paraisópolis deixou cerca de 250 famílias desabrigadas. Além de apresentar uma extensão do Corredor Parelheiros-Rio Bonito-Santo Amaro, o maior corredor de ônibus da cidade e sete linhas de micro-ônibus fazerem ponto final em suas ruas, está em projeto a chegada do Metrô de São Paulo, que passaria por dois pontos do bairro.[19] O metrô chegaria através da Linha 17-Ouro, ligando-se com os distritos de: Santo Amaro, Itaim Bibi, Campo Belo e Jabaquara.

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 XI

PINHEIROS



O rio Pinheiros é um curso de água que banha a cidade de São Paulo, no estado de São Paulo, no Brasil. Nasce do encontro do rio Guarapiranga com o rio Grande e deságua no rio Tietê. No passado, os rios Grande, Jurubatuba e Pinheiros formavam um único rio, com nascentes situadas na serra do Mar e com a foz no rio Tietê. A construção do barramento que deu origem à represa Billings, na década de 1920, criou uma ruptura em seu curso natural, que descaracterizou a noção de continuidade desses corpos hídricos. Na cidade de São Paulo, é margeado pela via expressa Professor Simão Faiguenboim (Marginal Pinheiros), um dos principais eixos viários da cidade. Nos tempos coloniais, o rio Pinheiros foi chamado de Jurubatuba, que, em língua tupi, significa "lugar com muitas palmeiras jerivás", pela junção dos termos jeri'wa ("jerivá") e tyba ("ajuntamento"). Passou a ser chamado de rio Pinheiros pelos jesuítas, em 1560, quando eles criaram um aldeamento indígena de nome Pinheiros. Foi chamado assim por causa da grande quantidade de araucárias (ou pinheiros-do-brasil) que cobriam a região. O principal caminho que dava acesso à aldeia era o Caminho de Pinheiros, que, hoje, é a Rua da Consolação. Formação do Pinheiros, à direita, no encontro do rio Jurubatuba à esquerda, com o rio Guarapiranga no centro. O rio Pinheiros recebe os seguintes afluentes: ribeirão Jaguaré, rio Pirajuçara, córrego Poá, córrego Belini, córrego Corujas, córrego Verde, córrego Iguatemi, córrego Sapateiro, córrego Uberaba, córrego Traição, córrego Água Espraiada (Jabaquara), ribeirão Morro do S, córrego Ponte Baixa, córrego Zavuvus e Córrego Olaria. As nascentes destes córregos estão parte em São Paulo, parte no município de Taboão da Serra e parte no município de Embu das Artes. A maior parte das pessoas tem total desconhecimento sobre eles porque estão quase totalmente canalizados e cobertos por ruas.[Textos e imagens da Wikipedia]


Curso do rio Pinheiros  na zonal sul da cidade. 



Pinheiros é um distrito situado na zona oeste do município de São Paulo e é administrado pela subprefeitura de Pinheiros, tido por alguns historiadores como um dos mais antigos distritos paulistanos, serviu por muito tempo como passagem dos tropeiros para a atual Região Sul do Brasil. A área do distrito é limitada pelo Rio Pinheiros, Av. Prof. Frederico Herman Júnior, R. Natingui, R. Heitor de Andrade, caminho de pedestres entre a R. Heitor de Andrade e a R. Cristóvão de Burgos, R. Paulistânia, R. Heitor Penteado, Av. Dr. Arnaldo, Av. Paulo VI, R. Henrique Schaumann, início da Av. Brasil, Al. Gabriel Monteiro da Silva, R. Groenlândia, Av. Nove de Julho, Av. Cidade Jardim, até chegar novamente ao Rio Pinheiros. É um dos mais sofisticados distritos do município, tem intensa vida cultural e gastronômica. Entre as etnias estrangeiras predominantes no distrito destacam-se os alemães, italianos, judeus, franceses, portugueses, japoneses, chineses e coreanos. Entre os imigrantes brasileiros destacam-se os fluminenses, em especial na região da Rua Fradique Coutinho.

História. A região de Pinheiros é considerada pela grande maioria dos historiadores como o primeiro bairro de São Paulo, tanto por suas origens indígenas quanto portuguesas. Após a chegada dos jesuítas ao planalto que originaria a cidade de São Paulo, um grupo indígena instalou-se, por volta de 1560, às margens do rio Grande - que posteriormente conhecido como rio Pinheiros - supostamente no local hoje ocupado pelo largo de Pinheiros. A área fazia parte de uma enorme sesmaria doada por Martim Afonso de Sousa a Pero de Góis, em 1532, cujas terras se estendiam do Butantã à cabeceira do riacho Água Branca. Em 1584, estas terras passaram a pertencer a Fernão Dias Paes. No início do século XVII, o Caminho de Pinheiros (que atualmente corresponde à rua da Consolação, à parte alta da Av. Rebouças e à rua Pinheiros) era um dos mais destacados da Vila de São Paulo, por ser o único acesso à aldeia e a outras terras além do rio. O desenvolvimento econômico e populacional do bairro posteriormente foi causado pelo sítio do Capão, uma propriedade altamente produtiva que se localizava nas terras da sesmaria, principalmente quando esta se encontrava sob comando de Fernão Dias Paes Leme, o "Caçador de Esmeraldas" e neto do antigo dono da sesmaria.


Largo de Pinheiros nos anos 1950


Solicitada desde 1632, uma ponte de madeira sobre o rio foi construída apenas no século XVIII, ligando a região às vilas de Parnaíba, Cotia, Itu e Sorocaba. A ponte foi várias vezes destruída, principalmente por enchentes, cabendo aos moradores das vilas vizinhas arcar com as despesas de reconstrução. Somente em 1865 foi erguida uma ponte de metal. Além da ponte, os moradores custeavam a manutenção do Caminho de Pinheiros que levava ao centro da vila de Piratininga, passando pela atual rua Butantã, Largo de Pinheiros, rua Pinheiros, Avenida Rebouças e rua da Consolação. Em 1786 iniciou-se a construção de estrada ligando Pinheiros aos campos de Santo Amaro, o que hoje corresponde à Av. Faria Lima. Posteriormente, a estrada foi estendida para o sentido oposto até a Lapa, e este novo trecho recebeu o nome de Estrada da Boiada, hoje rua Fernão Dias, rua dos Macunis e Av. Diógenes Ribeiro de Lima. A região foi pouco habitada ao longo do século XIX, chegando ao seu final com 200 casas. A primeira padaria foi inaugurada em 1890 e a segunda em 1900. Havia um pouso para tropeiros e a economia era baseada em agricultura, carvoarias e, devido à excelente argila, olarias. Nestas eram fabricados tijolos e telhas que aos poucos foram substituindo o pau a pique nas construções de toda a cidade de São Paulo. A linha de bonde ligando Pinheiros ao centro da cidade foi iniciada em 1904 e, passando pelo cemitério do Araçá, chegava até o cruzamento da rua Teodoro Sampaio com a Capote Valente. Como não havia um pátio de manobras, os bancos do bonde eram virados. 

O Largo de Pinheiros foi alcançado apenas em 1909, após drenagem e aterro em toda a área entre os dois pontos. O Mercado de Pinheiros foi inaugurado em 1910 e não passava de uma área cercada por arame farpado com pequeno galpão no centro, onde agricultores locais e de Cotia, Itapecerica da Serra, Carapicuíba, Piedade, MBoy, etc. comercializavam seus produtos.[A área que ficava entre o Mercado de Pinheiros e o Largo de Pinheiros, e que, a partir do início do século XX, começou a receber os agricultores de Cotia (predominantemente japoneses) que se dirigiam à Vila de Pinheiros para comercializar batatas (o principal produto agrícola de Cotia nas primeiras décadas do século XX) e lá estacionavam sua carroças e animais, acabou sendo denominada, por essa razão, de Largo da Batata.



Acima, a rua Teodoro Sampaio em 1920. Embaixo a mesma rua nos anos 1980, um dos pontos comerciais mais  frequentados da região. 

Avenida Teodoro Sampaio em 1952


Avenida Teodoro Sampaio nos anos 1980.
     

Largo da Batata, confluência da avenida Brigadeiro Faria Lima e das ruas dos Pinheiros, Teodoro Sampaio, Cardeal Arcoverde, Baltazar Carrasco, Martim Carrasco, Chopin Tavares de Lima e Fernão Dias.  Já no século XX, foi fundado o Mercado Caipira, mercado de produtos agrícolas e, a partir de 1909, foi construído um mercado municipal, fortalecendo sua característica comercial. É conhecido como Largo da Batata desde a década de 1920, por concentrar vendedores de batatas. Possui também importância histórica no transporte, recebendo na década de 1930 bondes elétricos que ligavam o bairro ao centro da cidade. Fatos históricos importantes ocorreram no Largo da Batata, tais como: a chegada de portugueses e indígenas, pois foi o local onde estes se instalaram. Foi nesta região onde ocorreu também a catequese de índios. O Mercado Caipira, que logo após se transformou no mercado de Pinheiros foi o local onde agricultores vindo do interior vendiam seus produtos. Agricultores de origem japonesa deram origem a Cooperativa Agrícola de Cotia para comercializar batatas e que logo passou a ser o local de distribuição de frutas legumes e cereais[Textos e imagens da Wikipedia]

Largo da Batata, 1970. 


A urbanização e desenvolvimento econômico tiveram seu início na região apenas na época do ciclo do café no Brasil, principalmente em São Paulo, e foi constituído com o dinheiro proveniente das exportações do produto. Ao final do século XIX a região recebeu um bom número de imigrantes italianos e, posteriormente, já no século XX, de japoneses. O início da construção, em 1922, da Estrada São Paulo-Paraná (futura Rodovia Raposo Tavares), sobre a antiga Estrada de Cotia ou Estrada de Sorocaba, acelerou o desenvolvimento da região e atraiu os agricultores de Cotia a comercializar seus produtos no Mercado de Pinheiros. O bairro começou a se firmar como uma região de classe média, com grande presença de comércio e indústrias.

Por volta de 1920 é fundada a Sociedade Hípica Paulista, que gozava de intenso movimento, principalmente das classes mais abastadas, sendo um dos grandes pontos de encontro dessa elite paulistana até meados do século XX. Cinco anos antes, em 1915, foi firmado um acordo entre o governo do estado de estado de São Paulo e a Fundação Rockefeller para a construção da sede da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo. Este acordo também previa a criação de um hospital para ser utilizado no aprimoramento dos estudantes e ao mesmo tempo no atendimento da população mais carente da capital paulista e até do interior do estado. Este hospital, que por uma série de dificuldades começou a ser construído apenas em 1938, foi chamado de Hospital das Clínicas e foi inaugurado oficialmente em 19 de abril de 1944. O hospital ainda é um dos principais da cidade e é considerado o maior complexo hospitalar da América Latina.

Com a consolidação da cidade de São Paulo como maior centro econômico e financeiro do país, o distrito de Pinheiros teve algumas de suas áreas escolhidas pela elite mais rica da cidade para fixar residência. Estas áreas são os atuais bairros Jardim Europa, Jardim Paulista, Jardim América e Jardim Paulistano e formam a região conhecida como Jardins, o reduto de boa parte da classe mais abastada da cidade.

O COMPLEXO CLÍNICAS



Hospital das Clínicas , Faculdade de Medicina da USP e Cemitério do Araçá, na avenida Dr. Arnaldo nos anos 1940.


Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) é um complexo hospitalar localizado na cidade de São Paulo e uma autarquia do governo do estado de São Paulo, vinculada à Secretaria de Estado da Saúde para fins de coordenação administrativa, associado à Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo (USP) para fins de ensino, pesquisa e prestação de ações e serviços de saúde destinados à comunidade.

Na área assistencial, atua por meio de ações de promoção da saúde, prevenção das doenças, atenção médico-hospitalar no nível terciário de complexidade e reabilitação de sequelas após o tratamento das doenças. Na área acadêmica, desenvolve cursos de graduação e pós-graduação senso lato e senso estrito. Na área de pesquisa, atua em todos os ramos das ciências da saúde, por meio de seus 62 Laboratórios de Investigação Médica. Desde sua inauguração, em 19 de abril de 1944, o Complexo Hospital das Clínicas da FMUSP é considerado um dos mais importantes polos brasileiros de disseminação de informações técnico-científicas, sendo um Centro de excelência e referência no campo de ensino, pesquisa e assistência. Com área construída de cerca de 380 mil metros quadrados conta com dois mil leitos e 15 mil profissionais nas mais diversas profissões. É formado por sete institutos, dois hospitais auxiliares, laboratórios de investigação médica, unidades especializadas e demais áreas de apoio como o Prédio da Administração e Anexos, o Centro de Convenções Rebouças e a Escola de Educação Permanente. A obra foi reiniciada em 10 de outubro de 1938 com a cerimônia de lançamento da pedra fundamental por Adhemar Pereira de Barros, que veio a ser homenageado com a inauguração do Instituto Central. Atualmente, é considerado o maior complexo hospitalar da América Latina e uma das melhores instituições médicas latino-americanas, sendo considerada a melhor unidade pública do Brasil, segundo a Newsweek, e uma das melhores do mundo.

Hospital das Clínicas em seus primeiros anos. Museu Paulista da USP. Coleção Werner Haberkorn

O HCFMUSP é formado, atualmente, por sete institutos especializados, correspondentes aos departamentos congêneres da Faculdade de Medicina.

Institutos


Instituto Central (ICHC). Primeiro prédio a ser inaugurado em 1944, com a cerimônia de lançamento da pedra fundamental em 10 de outubro de 1938, pelo Adhemar Pereira de Barros, simboliza o início desse gigantesco complexo hospitalar. Abriga a maioria das especialidades de clínicas médicas e cirúrgicas, e onde está localizado Pronto-Socorro, que é considerado Unidade de Emergência Referenciada, prestando atendimento a casos de alta complexidade. Destaca-se a atuação das equipes multiprofissionais, entre elas, a Divisão de Nutrição e Dietética - primeira unidade de Nutrição, em Hospital Público do Brasil e do Mercosul, a conquistar a Certificação NBR ISO 9001.

Prédio dos Ambulatórios (PAMB). Inaugurado em 1981, é diretamente ligado ao Instituto Central, oferece tratamento a pacientes ambulatoriais, além de contar com áreas de apoio diagnóstico e terapêutico. Tem em sua estrutura a Divisão de Farmácia, responsável pelo sistema de doses individualizadas de medicamentos para atender os leitos do Instituto como forma de aumentar a segurança ao paciente internado e ter maior controle e combate ao desperdício. Nesse prédio, encontra-se também o maior centro cirúrgico e a Divisão de Laboratório Central, primeira área do HC e primeiro laboratório do serviço público no país a receber o certificado ISO 9002.

Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT).  Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da FMUSP. Inaugurado em 1952, presta atendimento especializado a pacientes com afecções ortopédicas e traumatológicas, sendo centro de referência para lesões raquimedulares e reimplantes de membros. O Laboratório de Estudos do Movimento é especializado na avaliação funcional do movimento e capaz de realizar todas as análises relacionadas à fisiologia do exercício. Também se destacam nesse Instituto o Banco de Tecidos do Sistema Músculo-Esquelético, a Divisão de Próteses e Órteses e a Unidade de Emergência Referenciada para tratamento de trauma ortopédico de alta complexidade.

Instituto de Psiquiatria (IPq). Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP
É um avançado centro de assistência, pesquisa e ensino em psiquiatria e neurocirurgia funcional. Há quase seis décadas o IPq vem combinando sensibilidade humana e progresso cientifico, reunindo alguns dos melhores profissionais do país para oferecer aos pacientes atendimento personalizado e de alto nível. O IPq é pioneiro na criação de programas e serviços especializados, abrangendo todos os transtornos psiquiátricos, nas diferentes fases da vida. Sua estrutura conta com ambulatórios,unidades de internação, laboratórios, serviços de diagnóstico, hospital-dia, centros de reabilitação, psicoterapia, odontologia para pacientes psiquiátricos, além de um moderno centro de neurocirurgia funcional.

Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP. Inaugurado em 1976, é considerado um centro de referência nacional em saúde da criança pelo Ministério da Saúde, é reconhecido pela qualidade do seu atendimento, capacitação de sua equipe profissional e incorporação dos mais modernos recursos de tratamento, reunindo as especialidades pediátricas do HCFMUSP. A utilização de tecnologia de ponta por parte de profissionais qualificados possibilita a realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos de alta complexidade. Estes procedimentos incluem transplantes de fígado, de rim e de medula óssea, diálise especializada para crianças, tratamento de recém-nascidos de alto risco, atendimento de Terapia Intensiva, além da assistência ambulatorial e de internações para doenças complexas e crônicas na infância e na adolescência.

Instituto do Câncer de São Paulo (ICESP). Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira. É um dos maiores hospitais especializados em tratamento de câncer da América Latina. Com 112 metros de altura, foi construído em uma área aproximada de 84 mil metros quadrados na Avenida Doutor Arnaldo, próximo à Avenida Paulista. O Instituto é um órgão do governo de São Paulo, em parceria com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, localizado no complexo do Hospital das Clínicas de São Paulo. Inaugurado em 2008, contava com 578 leitos, sendo 12 de UTI dentre os 29 do prédio. É uma instituição que realiza atendimento ambulatorial em oncologia clínica e ginecológica, além de tratamentos de quimioterapia.


Instituto do Coração (InCor). Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da FMUSP. Inaugurado em 1977, o Instituto do Coração é um dos três maiores centros cardiológicos do mundo em volume de atendimento e em número de subespacialidades da cardiologia e da pneumologia reunidas num único hospital. Além de ser pólo de atendimento para a população desde a prevenção até o tratamento, o InCor, também se destaca como um grande centro de pesquisa e de ensino, sendo o hospital latino-americano que mais tem trabalhos aceitos para a apresentação em congressos americanos e europeu da especialidade. Esse atributo qualifica o InCor como um centro de referência no tratamento de alta complexidade das doenças do coração e do pulmão e o coloca na posição de melhor hospital cardiológico do Brasil na opinião de médicos paulistas consultados por Instituto de Pesquisa.


Zerbini com Crhristian Barnard

Filho de Eugênio Hugo Zerbini e de Enerstina Teani, Euryclides de Jesus Zerbini nasceu na cidade de Guaratinguetá-SP em 7 de maio de 1912, sendo o caçula de sete irmãos. Médico cardiologista brasileiro, foi o primeiro da América Latina e o quinto do mundo a realizar um transplante de coração.

Em dezembro de 1929, Zerbini mudou-se para São Paulo e em 1930 foi aprovado no vestibular da Faculdade de Medicina de São Paulo, sendo diplomado em 6 de dezembro de 1935. Em 1936, Zerbini iniciou suas atividades cirúrgicas no Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Em 1939, trabalhando no Hospital São Luiz Gonzaga da Santa Casa, passou a se dedicar à cirurgia torácica e pulmonar, o que o levou, em 26 de março de 1941, a defender a sua tese de Livre-Docência, cujo conteúdo dizia a respeito à colapsoterapia do pulmão afetado pela tuberculose.

Professor da Universidade de São Paulo, criou o Centro de Ensino de Cirurgia Cardíaca, semente do futuro Instituto do Coração (InCor). Sua concepção como um centro de excelência no ensino, pesquisa e assistência em cardiologia, pneumologia e cirurgias cardíaca e torácica é feita na década de 50, época em que a cardiologia, tanto no Brasil quanto no exterior, iniciava seus primeiros passos como especialidade.

Na Universidade de Minneapolis, Estados Unidos, foi colega de Cristian Barnard, cirurgião da África do Sul que fez o primeiro transplante de coração humano, procedimento realizado em seguida nos EUA, França e Inglaterra. Seis meses depois, no dia 25 de maio de 1968, no Hospital das Clínicas em São Paulo, uma equipe dirigida pelos doutores Euryclides de Jesus Zerbini e Luiz Venere Décourt realizou o primeiro transplante de coração da América Latina.

O Dr. Zerbini foi o quinto médico do mundo a realizar o procedimento. Em 1985, aos 73 anos de idade, foi novamente pioneiro ao realizar o primeiro transplante de coração num paciente portador do mal de Chagas, desta vez já com recursos farmacológicos para combater a rejeição.

Em 58 anos de carreira, realizou, junto com sua equipe, mais de 40 mil cirurgias. Dr. Zerbini recebeu 125 títulos honoríficos e inúmeras homenagens de governos de todo o mundo. Participou de 314 congressos médicos. Costumava dizer que morreria operando e quase cumpriu esta profecia. Faleceu de câncer, aos 81 anos, no próprio hospital que criou, inaugurou e dirigiu – o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.


1968. O Primeiro Transplante de Coração da América Latina. Na madrugada de 26 de maio, equipe liderada pelo médico Euryclides de Jesus Zerbini fez no HC/USP o primeiro procedimento da América Latina de transplante do coração. A equipe do Professor Zerbini, atuou no transplante do paciente de nome João Boiadeiro. Ele foi o pioneiro na América Latina, nos transplantes de coração. Anos antes, o primeiro transplante de coração no Mundo, fora atribuído ao médico sul-africano Christian Barnard.
Os Professores Zerbini e Décourt aparecem em segundo plano. Os que centram a foto são o Dr. Oscar Cesar Leite, então Superintendente do HC e o governador Abreu Sodré. SP e suas Histórias.


Instituto de Radiologia (InRad). Inaugurado em 1994, o Instituto de Radiologia é um centro de excelência e referência nacional e internacional em Radiologia, com pioneirismo tecnológico em diagnóstico, terapêutica por imagem e tratamento oncológico. A modernização de seu parque de equipamentos com tecnologia de ponta, aliada a um corpo de profissionais qualificados, contribuem para maior eficácia no diagnóstico por imagem e na terapia das mais diversas patologias, elevando o padrão de qualidade dos serviços prestados ao paciente. Foi a primeira instituição da América Latina a aplicar as técnicas de Medicina Nuclear. Também foi a primeira da América do Sul a dispor de equipamento de braquiterapia de alta taxa de dose e, de uma Unidade de Produção e Desenvolvimento de Radiofármacos emissores de pósitrons em Medicina Nuclear (Projeto Ciclotron), instalado em hospital público do país, para utilização em exames de diagnóstico de pequenos tumores e em projetos de pesquisa na área de imagem molecular.

Instituto de Medicina Física e Reabilitação (IMREA). Inaugurado em 13 de janeiro de 1975, atende a pessoas com deficiência física ou doenças potencialmente incapacitantes, desenvolvendo seu potencial físico, psicológico, social, profissional e educacional. Iniciou suas atividades como Divisão de Medicina de Reabilitação, antiga DMR e, se tornou IMREA em janeiro de 2009, com a publicação do decreto 53.979 de 28 de janeiro de 2009. Oferece programas de reabilitação e inclusão social nas unidades Vila Mariana, Umarizal e Lapa, além de atuar em parceria com o Centro de Reabilitação da Polícia Militar. Os atendimentos são realizados por uma equipe multiprofissional especializada em reabilitação, que conta com completa infraestrutura e os mais modernos recursos tecnológicos para diagnóstico e tratamento.

Hospital Auxiliar de Suzano (HAS). Inaugurado em 1960, o Hospital Auxiliar de Suzano, localizado no município de Suzano, atua como retaguarda dos diversos Institutos do Complexo e tem como missão prestar assistência médico-hospitalar especializada em cuidados a pacientes de longa permanência do HC. Por sua peculiaridade tem como diferencial a hospitalidade no atendimento onde todas as equipes multiprofissionais agem de maneira integrada.

No hospital são desenvolvidas diversas ações de humanização com os pacientes, familiares e funcionários, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e evitar a ruptura dos vínculos sociais e familiares dada a longa permanência de internação.

Hospital Auxiliar de Cotoxó (HAC)
Inaugurado em 1971, o Hospital Auxiliar de Cotoxó, localizado no bairro da Pompeia, atua como hospital de retaguarda, prestando assistência médico-hospitalar especializada em cuidados intermediários a pacientes transferidos do Instituto do Coração, Instituto da Criança e Instituto Central. O Hospital funciona como Escola de Administração em Saúde e serve de campo de ensino e pesquisa em administração hospitalar, formando gestores por meio do seu Programa de Estudos Avançados em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde – PROAHSA.

Casa da Aids. Inaugurada em 1994, a Casa da Aids é uma unidade especializada no cuidado integral e multidisciplinar a pacientes vivendo com HIV/AIDS, por meio da assistência ambulatorial e de hospital-dia.

Centro de Convenções Rebouças (CCR). Vinculado a Superintendência do Hospital das Clínicas da FMUSP é especializado na locação de espaços para eventos.

Iniciou suas atividades em 1982, atualmente conta com 8 ambientes diferenciados, com capacidade para até 1.200 participantes e 50 empresas expositoras. São 5.450 metros quadrados de área construída preparados para atender qualquer tipo de evento (científicos, culturais, sociais, comerciais, institucionais, como congressos, conferências, palestras, exposições, cursos, de diversas tipologias), oferecendo serviços adequados às necessidades do cliente.

Laboratórios de Investigação Médica (LIM): Inaugurados em 1975, os Laboratórios de Investigação Médica (LIM) respondem pelas pesquisas científicas realizadas pelo Hospital das Clínicas. Hoje os LIM contam com 66 unidades laboratoriais, referências em padrão de qualidade científica no país e no mundo.

Obras de pavimentação da rua Alves Guimarães , Pinheiros, em 1959.  Trecho próximo da rua Cardeal Arcoverde. PMSP

Avenida Rebouças em 1930 responsável pela ligação da Avenida Paulista com a Marginal Pinheiros e desta com o Centro, por meio da Rua da Consolação. A Avenida Rebouças caracteriza-se como um dos principais eixos rodoviários e de transporte público da cidade e é classificada como via arterial. Devido à grande importância de centro financeiro e comercial, a avenida apresenta tráfego intenso de veículos durante quase todo o dia. A avenida é atendida pela Linha 4-Amarela do Metrô de São Paulo por meio da Estação Oscar Freire, localizada no cruzamento com a Rua Oscar Freire. Originalmente chamada Rua Doutor Rebouças, a via homenageia Antônio Rebouças. Contratado em 1873 pela Companhia Paulista de Estrada de Ferro Jundiahy a Campinas para ser o Engenheiro em Chefe do prolongamento da Estrada de Ferro até São João do Río Claro, porém vitimado por febre tifóide veio a óbito na Cidade de São Paulo em 1874. Ela foi aberta em 1916, e seu traçado remonta a trecho do antigo Caminho do Peabiru. Nos anos 1930, passou a ser uma das principais ligações listadas no "Plano de Avenidas" do então prefeito Francisco Prestes Maia. A avenida tem seu início na Rua da Consolação, na altura do número 2 608, no Complexo Viário Rebouças, e estende-se até a Marginal Pinheiros. Seu trecho principal é duplicado e tem extensão de 3,3 quilômetros, terminando na Avenida Brigadeiro Faria Lima, no cruzamento onde se localiza o Túnel Jornalista Fernando Vieira de Mello, inaugurado em 2004. O outro trecho, menos conhecido, é uma rua de mão dupla, paralela à Avenida Eusébio Matoso, que termina na Avenida Nações Unidas (Marginal Pinheiros), em frente ao Shopping Eldorado.[Textos e imagens da Wikipedia]



Avenida Rebouças na direção dos cruzamentos com as avenidas Brasil, Henrique Schauman
e Faria Lima. Anos 1950.
Confluência das avenidas Rebouças e Dr. Arnaldo. Ao fundo o complexo Clínicas. Anos 1940.



Alto de Pinheiros é um bairro nobre localizado na Zona Oeste do município de São Paulo, capital do estado brasileiro homônimo. Faz parte do distrito do Alto de Pinheiros, pertencente à subprefeitura de Pinheiros, e ao qual dá nome, é considerado desde 1880 um distrito paulistano, que dentro dele se insere os bairros Vila Madalena, Vila Ida, e Vila Beatriz, estes três nomes foram dados em homenagem as três filhas do primeiro loteador da região. Em 1913 essas terras foram adquiridas pela Companhia City of São Paulo Improvements and Freehold Land Companhy Ltd., ou Cia. City, companhia que introduziu o planejamento e loteamento de bairros segundo modelo inglês, quando em virtude de enchentes no rio Pinheiros já estavam desocupadas. Caracterizado por apresentar os traços arquitetônicos do inglês Barry Parker, arquiteto que deixou o Brasil em 1919, deixando para a Companhia City estudos de como preservar e dar continuidade aos aspectos da região, deixando assim suas características no Alto de Pinheiros, Pacaembu, entre outras regiões, o bairro possui uma praça central com rotatória, esta por sua vez distribui largas avenidas em suas diagonais. O Alto de Pinheiros possui muitas áreas verdes desde suas calçadas até as praças, sendo um bairro-jardim. Ocupado predominantemente pelas classes média-alta e alta da sociedade paulistana, abriga o consulado ganês. Um de seus bairros mais conhecidos é a Vila Madalena. Localizam-se no Alto de Pinheiros, o parque Vila Lobos, o Beco do Batman, e a Praça do Pôr do Sol, além de diversos museus, bares e restaurantes.

Vila Beatriz.O bairro de Vila Beatriz, localizado no distrito, expandido e urbanizado no ano de 1954, quando Alto de Pinheiros já estava praticamente com seu arruamento completo, a esquina da Vila Beatriz com a Leão Coroado-Vila Madalena era inexistente pois ainda não havia sido arruada. Há uma canalização no Córrego das Corujas que faz com que haja uma divisão entre os bairros Vila Beatriz e Vila Madalena. O bairro, antes nomeado de Sitio do Rio Verde, está localizado no lado oeste do córrego.

VILA MADALENA

Rua Fradique Coutinho na Vila Madalena em Pinheiros ,em foto do ano de 1953. / F. / Folhapress.


A Vila Madalena é um bairro nobre da zona oeste de São Paulo, localizado no distrito de Alto de Pinheiros. Nasceu em 1910 como Vila dos Farrapos, ano em que a empresa Light começou a construir uma linha e uma estação de bondes no local. Com isso vários trabalhadores começaram a se instalar na região e isso levou ao crescimento do bairro, que logo foi loteado. Entre 1920 e 1930, o bairro se desenvolveu, e em 1928, a energia elétrica foi inaugurada, trazendo melhores condições de moradia e em meio a isso um grande número de imigrantes portugueses. O bairro é conhecido por sua boemia, desde o ano de 1970, em que os estudantes optavam por residirem nesta região. E no ano de 1980 o bairro passou a ser constituído por diversos bares e casas noturnas, como é conhecido atualmente.
Além da atmosfera boêmia, o bairro também tem muitas opções culturais como a Livraria da Vila e o Beco do Batman, uma via estreita de paralelepípedos, onde os muros dos dois lados da rua são repletos de coloridos grafites, sendo considerado um ponto turístico do município. Uma das características mais pitorescas do bairro é o nome de suas ruas. São nomes líricos como: Paulistânia, Harmonia, Girassol, Purpurina, Wisard e Original. Segundo historiadores, as ruas foram batizadas por sugestão de estudantes, participantes do movimento anarquista. A adoção de nomes poéticos tinha a intenção de quebrar a tradição urbana de homenagear autoridades públicas.

Rua Fradique Coutinho na Vila Madalena,  anos 1980. Foto. Eduardo José Afonso.


Hoje, o bairro abriga uma concentração ímpar de ateliês e centros de exposições artísticas. Lojas de vanguarda e escolas de música e teatro também compõem as características do lugar. A associação de moradores organiza feiras para mostrar os talentos artísticos do bairro e um festival anual - a famosa "Feira da Vila" - que atrai gente de toda a cidade, com shows e barracas de artesanato. Uma vez por mês, as lojas e ateliês fazem um fim de semana com todos os produtos na calçada e uma van leva gratuitamente os visitantes para conhecer os pontos mais interessantes do bairro.

Voluntários do posto CVV Pinheiros ofertando amizade e apoio emocional na Feira de Arte da Vila Madalena. O número atual do CVV é 188. 

Este bairro é bastante conhecido por ser um reduto boêmio da cidade de São Paulo, desde o início dos anos 70, quando estudantes com pouco dinheiro passaram a morar por lá, por causa da proximidade à Universidade de São Paulo e a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Lá há grande concentração de bares e casas noturnas, além da escola de samba Pérola Negra. O nome do bairro também serviu de título a uma novela da Rede Globo, na década de 1990. Por causa de sua fama de bairro jovem e boêmio e por estar próximo ao metrô, diversos albergues (hostels) se instalaram na região. Devido ao grande número de galerias e estúdios de arte, mistura eclética de restaurantes(Nutty Bavarian é uma marca presente em grande quantidade na Vila Madalena por causa dos viajantes que passam por lá.) e bares e uma série de ruas e becos grafitados, como as ruas do Beco do Batman, que atraem jovens profissionais e inúmeras pessoas de diversas localidades, foi eleito o 13.º bairro mais legal do mundo de 2022 na publicação da revista Time Out.



Cena da novela 'Vila Madalena' — Foto: Márcio Sillane/ Divulgação

O bairro paulistano de Vila Madalena se tornou protagonista dessa trama, que tinha Maitê Proença e Edson Celulari como protagonistas. A produção mostrou a localidade com seu comércio alternativo e vida noturna bem animada. As sequências externas foram gravadas na capital paulista. Walther Negrão escreveu 'Vila Madalena' atendendo a uma encomenda da direção da TV Globo: uma novela capaz de cativar a audiência paulista. Nascido no interior do estado, o autor morava no bairro e o considera um pedaço especial da cidade de São Paulo.

Além da Vila Madalena, na trama também tinha uma vila da Zona Oeste de São Paulo, e um beco onde funcionava uma empresa de motoboys. Para essa parte da obra, a Globo reproduziu as referências paulistanas na cidade cenográfica no antigo Projac, hoje Estúdios Globo.



Beco do Batman - uma das principais atrações da Vila Madalena. — Foto: Amanda Perobelli/Estadão Conteúdo. A revista inglesa "Time Out" publicou a edição 2022 da lista dos 51 bairros mais legais do mundo – e tem presença paulistana na seleção: a Vila Madalena ocupa a 13ª posição do ranking liderado por Colonia Americana, bairro de Guadalajara, no México. O bairro boêmio de São Paulo é a única presença brasileira entre os locais escolhidos. G1




O Parque Estadual Villa-Lobos, em Pinheiros,  projeto do arquiteto Decio Tozzi, foi originalmente concebido para ser um oásis musical – uma homenagem ao compositor Heitor Villa-Lobos, mas hoje é muito procurado para caminhadas e passeios de bicicletas.  Antes de 1989, em sua porção mais a oeste havia um depósito de lixo do CEAGESP, onde cerca de oitenta famílias recolhiam alimentos e embalagens, na parte leste ao lado do Shopping Villa-Lobos, era um depósito de material dragado do Rio Pinheiros e na porção central o antigo proprietário permitia o depósito de entulho de construções.
Boa parte dos seus 750.000 metros quadrados são de área verde. A história do parque Villa Lobos é um pouco diferente da de outros parques. Antes de 1989, a área onde está hoje destoava muito dos arredores da região de Alto de Pinheiros. Na sua porção mais a oeste havia um depósito de lixo da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo (CEAGESP), onde cerca de oitenta famílias recolhiam alimentos e embalagens. Na parte leste, vizinha ao atual Shopping Villa-Lobos, era depositado material dragado do Rio Pinheiros e na porção central o antigo proprietário permitia o depósito de entulho da construção civil.Em 1987, ano de comemoração do centenário de nascimento de Heitor Villa-Lobos, foram apresentados os primeiros estudos visando à implantação de um parque temático contemporâneo na área. Os Decretos Estaduais 28.335 e 28.336/88 destinavam os 732 mil m² à implantação de um “parque de lazer, cultura e esporte”. Os moradores da região receberam bem a proposta, principalmente por eliminar os problemas causados pelos usos que na época a área apresentava. Em 1989, o parque Villa-Lobos começou a ser implantado pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica – DAEE. Foram removidas as famílias que viviam no local, retirados 500 mil m³ de entulho com mais de 1 metro de diâmetro, e movimentados 2 milhões de m³ de entulho e terra para acerto das elevações existentes. O córrego Boaçava, que passava pela área, foi canalizado.No período de 2004 a 2008, foram plantadas 12 mil mudas em uma área de 120 mil m2, entre as quais 1.200 ipês de oito espécies, 110 roxos e 550 amarelos, árvore-símbolo de São Paulo. O projeto paisagístico do parque é do Engenheiro Agrônomo e paisagista Rodolfo Geiser, mas foi posteriormente adequado para o plantio realizado entre 2004 e 2006 de maneira a atender às Resoluções da SMA sobre a diversidade de espécies. Esta adequação foi possível principalmente devido a maior oferta de mudas de espécies nativas, com alta diversidade e com porte adequado para as situações de um parque em pleno uso. Sendo assim, o parque foi entregue concluído em 2006 com aproximadamente 24 mil árvores plantadas em covas de mil litros de substrato, após a remoção de entulho e troca de solo. Em 2008 foram plantadas mais 800 mudas referentes ao Termo de Compromisso de Recuperação Ambiental TCRA da Autoban, para enriquecimento dos bosques.[Textos e imagens da Wikipedia]






XII

MOEMA E IBIRAPUERA


Vista dos bairro de Moema e Paraíso a partir do Parque Ibirapuera

Moema é um bairro  situado na zona centro sul . Limita-se com os bairros de Vila Olímpia, Vila Nova Conceição, Vila Clementino, Jardim Lusitânia, Planalto Paulista, Campo Belo e Brooklin..É delimitado pela Avenida República do Líbano, Avenida Indianópolis, Avenida Moreira Guimarães (Corredor Norte-Sul), Avenida dos Bandeirantes, Avenida Santo Amaro, Avenida Hélio Pellegrino e Rua Inhambú. O bairro é subdividido em "Moema Pássaros" e "Moema Índios". Moema Pássaros fica entre a Avenida Santo Amaro e a Avenida Ibirapuera e possui ruas com nomes de pássaros, como: Canário, Jacutinga, Inhambu, Gaivota, Pavão, Rouxinol, entre outras. É a parte mais próxima do Parque do Ibirapuera. Já Moema Índios fica entre a Avenida Ibirapuera e a Avenida Moreira Guimarães, e é onde está localizado o Shopping Ibirapuera. Possui ruas com nomes indígenas, como: Maracatins, Nhambiquaras, Jandira, Jurema, entre outros. É a parte mais próxima do Aeroporto de Congonhas. O topônimo "Moema" é uma referência à personagem homônima do poema Caramuru, de Santa Rita Durão, clássico da literatura árcade brasileira escrito em 1781. O nome da personagem, por sua vez, corresponde ao termo do tupi antigo mo'ema, que significa "mentira" (no poema, Moema era a amante do personagem principal, Diogo Álvares, representando, assim, o amor falso, em contraposição ao amor verdadeiro representado pela esposa de Diogo, Catarina Paraguaçu). No século XIX, a região ocupada por Moema era uma propriedade rural que pertencia a Joaquim Pedro Celestino. Na época, a mesma era cortada pelos trilhos de bonde a vapor que unia a cidade de São Paulo ao extinto município de Santo Amaro. Alguns documentos retratam que, desde 1880, havia um grande número de chácaras ocupadas por imigrantes ingleses e alemães. Após o loteamento do Sítio da Traição em 1913, ocorreu a urbanização do bairro de Indianópolis. Da década de 1930 até 1965, era um bairro industrial, que atraía imigrantes russos e lituanos à região. Na década de 1970, recebeu investimentos privados em virtude de seu terreno plano, baixo custo e área útil. Em 1976, houve a inauguração do primeiro shopping center da região. Com esses avanços, o bairro sofreu um crescimento vertiginoso. No ano de 1987, recebeu o nome atual devido a uma mobilização popular. Por meio de um abaixo-assinado, houve a emancipação de uma parte do bairro de Indianópolis, tornando-se o atual bairro de Moema. Em 2018 foram inauguradas as estações Moema e Eucaliptos da Linha 5-Lilás do Metrô de São Paulo.

Atendentes do balcão de informações do Shopping Ibirapuera - Moema. 1977. SP Velhos Tempos. 


O Ibirapuera é um bairro nobre localizado na região centro-sul da capital paulista, no distrito de Moema, e cortado pela Avenida Indianópolis. Limita-se com os bairros de: Paraíso, Vila Nova Conceição e Jardim Lusitânia e a região dos Jardins. Era uma região alagadiça, que fora parte de uma aldeia indígena na época da colonização. No século XIX predominavam chácaras e pastagens na área, assim como nos futuros bairros vizinhos. A primeira edificação da região foi construída em 1822, sendo uma sede de fazenda. Essas propriedades rurais perduraram até o ano de 1922, quando houve um loteamento da região, tornando-a urbana. O desenvolvimento do bairro ocorreu na década de 1940, quando houve a construção da Avenida Santo Amaro, em substituição à antiga estrada de rodagem que ligava o então município Santo Amaro à cidade de São Paulo. O nome Ibirapuera é usado pelo subdistrito formado em 1935, quando o município de Santo Amaro foi incorporado. Compreendia o distrito policial do Brooklin. Originalmente se estendia do Morumbi ao Jabaquara. Em 1964 foi criado o subdistrito do Jabaquara, que se formou com parte do subdistrito da Saúde e parte do subdistrito do Ibirapuera. Em 1991, houve a nova divisão da cidade em distritos. Permaneceu a divisão anterior nos cartórios de registro civil. O subdistrito do Ibirapuera se estende desde o Real Parque e a Fazenda Morumbi no Morumbi, incluindo o Brooklin e o Campo Belo, até parte da Vila Guarani e do Parque Jabaquara, no Jabaquara. A partir da inauguração do Parque Ibirapuera no ano de 1954, durante o IV Centenário da cidade, houve a edificação de importantes pontos do município no bairro, tais como: o Comando Militar do Sudeste, o Ginásio do Ibirapuera e a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, além de marcos históricos, a exemplo do Obelisco dos Revolucionários de 1932 e do Monumento às Bandeiras. Sua área é ocupada majoritariamente por grandes equipamentos públicos, como: o Parque do Ibirapuera, o Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese, a Assembleia Legislativa de São Paulo e o Complexo Esportivo Constâncio Vaz Guimarães, além de grandes áreas institucionais, como: o Círculo Militar, o Instituto de Engenharia, o Comando Militar do Sudeste, o Forte do Ibirapuera, dentre outros.

Parque do Ibirapuera nos anos 1960 ainda pouco arborizado. 

Parque do Ibirapuera, na zona Sul.  É um parque urbano localizado na cidade de São Paulo, Brasil. Em 2017, foi o parque mais visitado da América Latina, com aproximadamente 14 milhões de visitas, além de ser um dos locais mais fotografados do mundo. Inaugurado em 1954 com uma área de 158 hectares (390 acres), entre as avenidas Pedro Álvares Cabral, República do Líbano e IV Centenário, o Parque Ibirapuera é um parque tombado e patrimônio histórico de São Paulo. Tem como atrações e equipamentos culturais o Museu de Arte Moderna, Jardim de Esculturas, Auditório Ibirapuera, Planetário Professor Aristóteles Orsin, Escola de Astrofísica,Viveiro Manequinho Lopes, Escola de Jardinagem, Herbário Municipal, Fonte do Ibirapuera, Marquise. Parquinho, Pavilhão Japonês, OCA, Bienal de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea, Museu Afro Brasil e o Pavilhão Engenheiro Armando de Arruda Pereira.[Textos e imagens da Wikipedia]

Vista panorâmica do Parque Ibirapuera e sue entorno residencial.



Monumento das Bandeiras é uma obra em homenagem aos Bandeirantes, que exploraram os sertões durante os séculos XVII e XVIII. Foi inaugurada no ano de 1953, fazendo parte das comemorações do IV Centenário da cidade de São Paulo. O Monumento está localizado no Parque do Ibirapuera, na área que compreende a Praça Armando de Salles Oliveira. O Monumento às Bandeiras, do escultor Victor Brecheret, começou a ser desenhado ainda em 1920, quando o artista tinha apenas 26 anos de idade. Por conta de uma série de questões políticas do país, a obra só foi concretizada 33 anos depois, às vésperas do IV Centenário da capital paulista de 1954. Já com 58 anos, Victor Brecheret não quis esperar o ano seguinte e finalizou a obra no ano de 1953.[Textos e imagens da Wikipedia]

Ibirapuera - Anos 70. Ao fundo, o Ginásio Geraldo José de Almeida, mais conhecido como Ginásio do Ibirapuera, concluído em 1957. Cartão-postal da Mercator, brinde da Varig aos passageiros: Acervo: Josebias Bandeira de Oliveira. SP Antiga em Imagens. 

O MAM- MUSEU DE ARTE MODERNA  E A BIENAL




O Museu de Arte Moderna de São Paulo é uma sociedade civil de interesse público, sem fins lucrativos, fundada em 1948. Seu acervo possui mais de 5 mil obras produzidas pelos nomes mais representativos da arte moderna e contemporânea, principalmente brasileira. Tanto a coleção como as exposições privilegiam o experimentalismo, abrindo-se para a pluralidade da produção artística mundial e a diversidade de interesses das sociedades contemporâneas. As exposições principais são realizadas em duas salas, além da sala de vidro. Outras mostras são exibidas regularmente nos espaços da biblioteca e do corredor de ligação, onde é desenvolvido o programa de instalações Projeto Parede.
A cada dois anos, o MAM realiza o Panorama da Arte Brasileira, exposição que resulta do mapeamento da produção contemporânea em todas as regiões do país. O crescimento do interesse pela arte brasileira no mundo consolidou o Panorama como uma mostra relevante no circuito artístico internacional.
O museu mantém ainda uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos, por meio de audioguias, videoguias e tradução para a língua brasileira de sinais. A missão do MAM São Paulo é colecionar, estudar, incentivar e difundir a arte moderna e contemporânea brasileira, tornando-as acessíveis ao maior número de pessoas possível.

Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi construído por Oscar Niemeyer na década de 1950 e adaptado por Lina Bo Bardi em 1982. Além das salas de exposição, o museu possui ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e loja. Os espaços do museu se integram visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx em 1993 para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a pessoas com deficiência. As obras da coleção são exibidas em exposições temporárias realizadas no MAM e em outras instituições, tanto brasileiras como estrangeiras. O museu tem uma política de atualização, conservação e ampliação permanente da coleção. A formação de público é o alvo principal das ações do Educativo. O atendimento escolar é gratuito e específico para cada faixa etária, da educação infantil à universidade.
Visitas às exposições, práticas artísticas, oficinas e cursos especiais são concebidos para atender às necessidades do público diverso. As atividades são acessíveis a todos, não havendo barreiras físicas, sensoriais, mentais, intelectuais ou sociais. Uma extensa grade de cursos é oferecida semestralmente nas áreas de história e crítica da arte, fotografia e artes plásticas. Os cursos são ministrados por profissionais renomados e têm por objetivo atender interesses específicos do público pelas linguagens contemporâneas. Catálogos de exposições e projetos especiais distribuídos gratuitamente são editados no MAM. As publicações permitem ao museu perpetuar e difundir conteúdos por meio da distribuição em bibliotecas públicas e aos visitantes. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.

O MAM possui um clube dedicado à difusão do colecionismo de gravura e fotografia. Periodicamente, o clube convida artistas a desenvolver uma obra com tiragem de 70 exemplares para serem distribuídos entre os assinantes e passam a integrar a coleção do museu. A loja comercializa produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM.


BIENAL DE SP



A Bienal de São Paulo  é uma exposição de artes que ocorre a cada dois anos na cidade de São Paulo, desde 1951. É considerada um dos três principais eventos do circuito artístico internacional, junto à Bienal de Veneza e Documenta de Kassel. Maior exposição do hemisfério sul, a Bienal é pautada por questões inovadoras do cenário contemporâneo e reúne mais de 500 mil pessoas por edição. Desde sua criação, 32 Bienais foram produzidas com a participação de mais de 170 países, 16 mil artistas e 10 milhões de visitantes. O evento acontece no Pavilhão Ciccillo Matarazzo do Parque do Ibirapuera, que foi construído junto com todos os seus outros edifícios em 1954. O prédio também é conhecido como Pavilhão da Bienal e foi concebido por Oscar Niemeyer com projeto estrutural de Joaquim Cardozo como forma de comemorar o 4º Centenário da cidade de São Paulo. Em 1962 surge a Fundação Bienal de São Paulo, instituição que idealiza e coloca em prática iniciativas artísticas, educativas e sociais.

A primeira Bienal de São Paulo ocorreu em 1951 devido aos esforços do empresário e mecenas Francisco Matarazzo Sobrinho (1892 - 1977) (conhecido como Ciccillo Matarazzo) e de sua esposa Yolanda Penteado. A segunda edição (1953) ficou famosa por trazer ao Brasil a até então inédita no país Guernica, de Pablo Picasso.

Uma das edições mais simbólicas, contudo, foi a 10ª Bienal de São Paulo, no ano de 1969. Com o recém-lançado Ato Institucional nº5 (AI-5), dezenas de artistas se recusaram a participar da exposição, dentre eles Burle Marx e Hélio Oiticica, e alguns países e regiões recusaram-se a apoiar a exposição, como a União Soviética. Paralelamente, na França, cerca de 321 artistas assinaram o manifesto "Não à Bienal", ou, em francês, "Non à la Biennale", no Museu de Arte Moderna de Paris, uma maneira de repudiar a ditadura brasileira. O intenso movimento pode ser compreendido pela censura à arte imposta pelo governo durante o período militar.

A Bienal é a primeira exposição de arte moderna de grande porte realizada fora dos centros culturais europeus e norte-americanos. Sua origem articula-se a uma série de outras realizações culturais em São Paulo - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp (1947), Teatro Brasileiro de Comédia - TBC (1948), Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP (1949) e Companhia Cinematográfica Vera Cruz (1949) - que aponta para o forte impulso institucional que as artes recebem na época, beneficiado por mecenas como Ciccillo Matarazzo e Assis Chateaubriand (1892 - 1968). Concebida no âmbito do MAM/SP, a 1ª Bienal é realizada em 20 de outubro de 1951 na esplanada do Trianon, local hoje ocupado pelo Masp. O espaço, projetado pelos arquitetos Luís Saia e Eduardo Kneese de Mello, dá lugar a 1,8 mil obras de 23 países, além da representação nacional.


1ª Bienal de São Paulo. No ano de 1951 entre os dias 20 de outubro e 23 de dezembro foi sediada em São Paulo a primeira edição da Bienal Internacional de Arte de São Paulo, realizada pelo Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP) em um pavilhão provisório localizado na Esplanada do Trianon, na região da Avenida Paulista. Na edição, o primeiro Aparelho cinecromático (1949) de Abraham Palatnik (1928-2020) foi recusado por não se encaixar nas categorias previstas. Posteriormente, a obra seria aceita e receberia uma menção especial do júri internacional.



Na época, o presidente do MAM era Ciccillo Matarazzo (1898-1977), importante industrial da capital paulista e figura muito relevante no cenário de arte do Brasil. Ao seu lado encontrava-se o diretor artístico da exposição, Lourival Gomes Machado (1917-1967), importante crítico de arte no período. Dentre os nomes de maior destaque entre os artistas participantes encontravam-se o escultor suíço Max Bill (1908-1994), os brasileiros Cândido Portinari (1903-1962) e Di Cavalcanti (1897-1976), Pablo Picasso (1881-1973), artista espanhol, René Magritte (1898-1967), belga, e o italiano Danilo di Prete (1911-1985), que foi consagrado com o prêmio de melhor pintura da exposição com sua obra Limões. Participaram, também, Lasar Segall (1891-1957), Alberto Giacometti (1901-1966), George Gros (1893-1959), Victor Brecheret (1894-1955), Oswaldo Goeldi (1895-1961), Jorge Mori (1932), e diversas outras personalidades da cena internacional da arte. Os prêmios concedidos à escultura Unidade Tripartida de Max Bill (1908-1994) e à tela Formas de Ivan Serpa (1923-1973) são sintomas da atenção despertada pelas novas tendências construtivas na arte. Fundador da Hochschule für Gestaltung Ulm [Escola Superior da Forma], em Ulm (1951), Max Bill foi o principal responsável pela entrada do ideário concreto na América Latina, sobretudo na Argentina e no Brasil, no período após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A exposição do artista em 1951 no Masp e a presença da delegação suíça na 1ª Bienal, no mesmo ano, abriram as portas do país para as novas linguagens plásticas, que passaram a ser amplamente exploradas.





35ª Bienal de São Paulo (2023)

A 35ª Bienal de São Paulo teve o título “Coreografia do Impossível”, o qual foi inspirado no trabalho da poeta e ensaísta Leda Maria Martins, que trabalha com a ideia de um tempo em espiral, o que levou à curadoria de trabalhos que incitavam não apenas o movimento, mas também novas relações de passado, presente e futuro. A mostra trouxe uma reflexão sobre os espaços geográficos e políticos que habitamos junto a uma crítica sobre como a estrutura neoliberal da nossa sociedade é desenhada para excluir. A 35ª Bienal de São Paulo realizou um feito histórico, com 93% dos artistas participantes são não-brancos, ou seja, pardos ou negros. Foi a primeira vez que a curadoria não teve um curador-chefe, sendo assinada pelo coletivo. Foi fechado o guarda-corpo do segundo andar do prédio projetado por Oscar Niemeyer com grandes paredes que circundam o vão, enfatizando o movimento das serpentinas do desenho do arquiteto. Com essa escolha, o objetivo era fazer com que o visitante acostumado a frequentar o prédio perdesse a sua referência do espaço, propondo uma nova vivência da área.

Istalação "Parlamento de Fantasmas" de Ibrahin Mahama. 


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AVENIDA IBIRAPUERA

Avenida Ibirapuera em 1960. Acervo: Eliezer Poubel Magliano. 


Avenida Ibirapuera é uma avenida localizada na cidade de São Paulo. Tem início na Avenida Conselheiro Rodrigues Alves (antigo nome da via), no distrito de Vila Mariana e termina no acesso à Avenida dos Bandeirantes e no viaduto homônimo, na divisa dos distritos de Moema e Campo Belo.
O nome da via é originado da junção dos termos indígenas "ibira" (madeira) e "uera" (velho), que significa "aquilo que foi e não é mais". A avenida teve seu nome atual oficializado por meio do Ato nº 505, de 18 de agosto de 1933. Ela foi constituída a partir da união de dois antigos logradouros, um considerado como parte integrante da Av. Conselheiro Rodrigues Alves, e o outro chamado de "Av Araponga" ou mesmo com a denominação do primeiro trecho. Ao longo de sua extensão, estão localizadas diversas empresas, além de duas estações (Moema e Eucaliptos) da Linha 5-Lilás do Metrô, e o Shopping Ibirapuera, um dos maiores e mais antigos de São Paulo, inaugurado em 1976. Nas proximidades da avenida também está localizado o Parque Ibirapuera, um dos maiores da cidade. A avenida faz parte do Corredor Vereador José Diniz-Ibirapuera-Centro, inaugurado em 2008 e que liga a Zona Sul ao metrô Santa Cruz e ao centro pelo Corredor Norte-Sul, no trecho conhecido como Avenida 23 de Maio.


Avenida Ibirapuera, Moema, anos 1970. Paulista Paulistano.



XIII

PARAISO E VILA MARIANA


Paraíso é um bairro nobre da cidade de São Paulo, pertencente à subprefeitura e ao distrito da Vila Mariana, situado entre a Avenida Paulista e o Parque do Ibirapuera. Está localizado em uma das regiões mais elevadas da cidade, chamada de Espigão da Paulista. Há bastante controvérsia quanto aos seus limites, pois antigamente se considerava como Paraíso áreas pertencentes atualmente aos distritos da Liberdade e Bela Vista.

É delimitado pela Avenida Brigadeiro Luís Antônio, Avenida Paulista, Rua do Paraíso, Rua Vergueiro, Rua José Antônio Coelho, Avenida 23 de Maio e Avenida Pedro Álvares Cabral. Limita se com os bairros de Aclimação, Jardim Paulista, Mariana e Bela Vista (distrito de São Paulo).

O bairro do Paraíso é uma região rica em história e desenvolvimento, refletindo a evolução urbana da cidade ao longo dos anos. Já era assim denominado em 1900, tendo como ponto central o Largo da Guanabara, atual Praça Rodrigues de Abreu.

A origem do bairro remonta ao século XIX, por volta de 1860, a partir de uma grande área rural chamada Chácara do Sertório, situada nas imediações da atual Praça Oswaldo Cruz, antigo Largo do Paraíso. Esta chácara foi inicialmente propriedade de João Sertório, que a vendeu para a Senhora Alexandrina Maria de Moraes a propriedade rural ligava as ruas da Liberdade ao extinto município de Santo Amaro (1832-1935). Após o falecimento de Alexandrina em 1886, seus herdeiros lotearam a propriedade, criando os trechos que deram origem ao bairro do Paraíso que conhecemos hoje. Entre as ruas formadas estão a Humaitá, Abílio Soares, Pedroso, Maestro Cardim, Martiniano de Carvalho, Paraíso, e Artur Prado.

Nome. O nome do bairro vem do nome do "Largo do Paraíso", atual Praça Osvaldo Cruz.
Como extensão da Vila Mariana, o Paraíso se beneficiou do progresso trazido pela Estação da Companhia Carris de Ferro de São Paulo a Santo Amaro e pela marcante presença de imigrantes alemães, que inicialmente se estabeleceram na Rua José Antônio Coelho. Em 1885, foi aberta a Cervejaria Germânia pela Cia. Faust & Schmidt no Paraíso. Esta cervejaria, uma das pioneiras no Brasil, ocupava um grande terreno entre as Ruas Vergueiro e Apeninos, em frente ao Largo Guanabara. Durante a Primeira Guerra Mundial, mudou seu nome para Cervejaria Guanabara e, em 1921, foi comprada pela Companhia Cervejaria Brahma. A fábrica encerrou suas atividades na década de 1980 e o edifício foi demolido em 1994, dando lugar a um grande empreendimento imobiliário.

No mesmo Largo da Guanabara, a primeira paróquia da região, dedicada a Santa Generosa, começou a ser erguida em 1915. Inaugurada parcialmente em 1924, a paróquia enfrentou anos de tensão devido ao anúncio da Prefeitura, em 1943, de que seria demolida para obras de urbanização. A demolição ocorreu em 1967 para a construção da Avenida Vinte e Três de Maio e do viaduto que levou o nome da santa padroeira. A nova Paróquia de Santa Generosa foi inaugurada em 1970 na Avenida Bernardino de Campos, onde se encontra até hoje.

Hospital de Campanha no Ginásio do Ibirapuera durante a Pandemia de COVID-19, ao fundo o bairro.
Por volta de 1916, o bairro já tinha uma quantidade razoável de moradores em ruas como a Rua do Paraíso, Rua Tomás Carvalhal, Rua Cubatão e trecho da Rua Abílio Soares. Algumas casas de famílias ricas já haviam sido construídas nas Avenidas Bernardino de Campos e Paulista, mas a ocupação próxima ao atual Parque do Ibirapuera ainda era escassa. Os limites do bairro sempre foram controversos.

Do começo do século XX até seus meados, destacam-se algumas construções na Avenida Paulista, no trecho do bairro do Paraíso, que permanecem até hoje. O Instituto Pasteur, fundado em 1903, foi inaugurado em 1904 no atual número 393. A Escola Estadual Rodrigues Alves, projetada pelo escritório do arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo, foi concluída em 1919 e está tombada nas esferas estadual e municipal. A Casa das Rosas, projetada por Felisberto Ranzini, foi construída na década de 1930 e se tornou um espaço cultural público em 1991.

Outro destaque de suas adjacências é a Catedral Metropolitana Ortodoxa, na Rua Vergueiro, o maior templo em estilo bizantino da América do Sul, cuja construção começou em 1942 e terminou em 1954.

Em 1975, a inauguração da estação Paraíso do metrô trouxe definitivamente um caráter multifacetado para o bairro. Do Instituto Pasteur à Catedral Ortodoxa Metropolitana, passando pelo edifício sede da IBM e o Ginásio do Ibirapuera, o bairro oferece tanto uma face dinâmica residencial e comercial/financeira.

Moradores e ex-moradores: Zélia Gattai (1916-2008), escritora, fotógrafa e memorialista
Fernando Haddad, professor da Universidade de São Paulo, ex Ministro da Educação e prefeito de São Paulo


Eparquia Greco-Melquita Nossa Senhora do Paraíso


A Catedral Nossa Senhora do Paraíso é a sede episcopal da eparquia melquita de São Paulo da Igreja Greco-Católica Melquita no Brasil. O templo está localizado no bairro do Paraíso na cidade de São Paulo. Construída no ano de 1952, com projeto arquitetônico de autoria de Benedito Calixto de Jesus Neto, 




CASA DAS ROSAS



Casa das Rosas, evoca a época do loteamento da Avenida Paulista

A Casa das Rosas é um casarão no estilo clássico francês, localizado na Avenida Paulista. É dedicado a diversas manifestações culturais, com enfoque em literatura e poesia,na cidade de São Paulo. É um dos edifícios remanescentes da época característica da ocupação inicial de uma das principais vias da cidade. Tem sua importância por ser um dos poucos restantes desse período relevante para o desenvolvimento do próprio Brasil. Em 1985, o bem foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arquitetônico e Turístico (CONDEPHAAT) e foi restaurada em diversas oportunidades, sendo atualmente conhecida como Centro Cultural Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura. 
História

A Casa das Rosas foi construída em 1935 a partir do projeto pelo escritório sucessor de Francisco de Paula Ramos de Azevedo, o Severo Villares. É considerada parte integrante do rol de diversas obras de renome assinadas pelo “Escritório Técnico Ramos de Azevedo”, tais como a Pinacoteca do Estado, Teatro Municipal de São Paulo, o Mercado Municipal de São Paulo e o Colégio Sion, por exemplo. A Casa das Rosas em específico, foi de autoria do arquiteto Felisberto Ranzini. A casa foi habitada durante os primeiros 51 anos de sua existência. Os primeiros a ter como residência o casarão foram uma das filhas de Ramos de Azevedo, Lúcia Ramos de Azevedo e seu marido, Ernesto Dias de Castro. A residência foi passada ao filho do casal Ernesto Dias de Castro e Anna Rosa, sua esposa.

A construção em 1935. A desapropriação do imóvel se deu em 1986 e foi realizado pelo Governo do Estado de São Paulo, cuja compromisso fora a preservação do terreno sem alterar sua originalidade. O imóvel, tombado em 1985 pelo CONDEPHAAT, possui um dos mais belos jardins de rosas da cidade de São Paulo. Passou por reformas entre 1986 e 1991, quando mais precisamente em 11 de março de 1991, a Secretaria da Cultura implantou a Casa das Rosas – Galeria Estadual de Arte, um espaço cujo principal função era acolher exposições temporárias e circulantes do acervo de obras que o próprio Governo do Estado de São Paulo detinha, privilegiando a difusão de poesias e da arte em geral.

Em 2003, o bem tombado foi novamente fechado para reformas e manutenção, sendo reinaugurado em 9 de dezembro de 2004 e renomeado para homenagear o poeta Haroldo de Campos, falecido em 2003.[O nome do espaço passou a ser Espaço Haroldo de Campos,[ com a missão de ser um local destinado não só às artes em geral, mas também um lugar público especificamente voltado à poesia, proporcionando a toda São Paulo oficinas de criação, crítica literária, cursos de formação, ciclos de debate entre outros. Transformou-se num museu onde se destaca por promover a difusão e divulgação da literatura dos escritores menos favorecidos, desconhecidos e até dos esquecidos pelo mercado. Sua proposta atual visa manter o ambiente como um local cujas atividades estão no âmbito de pesquisas e leituras, com uma programação diferenciada.

Após a morte de Haroldo de Campos aos 73 anos de idade, todo seu acervo pessoal foi doado à Secretaria da Cultura do Estado em 2004. Como proposta destinada à nova função exercida pela Casa das Rosas, esta foi designada para receber o tão respeitável acervo. A partir desta decisão, foi criado o Centro Cultural Casa das Rosas – Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura. A Casa das Rosas possui desde seu início as características originais de seu vasto jardim de roseiras. A essência do local é reforçada também devido ao nome concebido posteriormente, retomando assim, a ideia de um espaço considerado um refúgio para qualquer tipo de manifestação artística e poética, abrigando também a primeira biblioteca do país especializada em poesias.
Arquitetura

Sobre a arquitetura do casarão e seus arredores há discordâncias em suas definições. Há aqueles que caracterizam a construção como pertencente ao estilo da Renascença Francesa. Por outro lado existe a corrente que defende a assinatura do movimento eclético na concepção da mansão histórica. Essa concepção se dá exatamente pela presença de elementos neoclássicos, da Art Noveau, Art Déco e Neocolonial.

Em relação a sua concepção física, o imóvel conta com quatro pavimentos: sótão, porão, andar térreo e andar superior. Ao longo do terreno de 5.500 metros quadrados podemos encontrar oito quartos, escritório, salas, cozinha, copa, mansarda e lavanderia. A construção traz varanda em seu andar térreo e com terraços descobertos, com proteção e decoração de elementos vazados, no superior. Quase todos os materiais utilizados são importados como por exemplo, os mármores das escadarias, tanto da parte externa, que dão saída para os jardins, quanto da parte interna, que conduzem aos quatro dormitórios, são de origem italiana; os vidros e os cristais vieram da Bélgica, os canos condutores de água, de cobre, e as louças do banheiro e da cozinha foram trazidos também da Europa, pela firma de importação de Ernesto Dias de Castro, genro de Francisco de Paula Ramos de Azevedo.

O telhado da casa é constituído de ardósia, com suas águas inclinadas em relevante proporção. Na parte traseira do terreno, considerando a frente a da Avenida Paulista, foi construído um edifício comercial. O projeto só pôde ser concebido de maneira a respeitar as características visuais da Casa das Rosas.

Significado histórico e cultural. A importância da Casa das Rosas se dá por ser um bem cultural de interesse tanto histórico quanto arquitetônico. Segundo Nádia Somehk, presidente do Conpresp, em declaração à Folha de S.Paulo em 2013, a Casa das Rosas representa o período dos palacetes ecléticos, construídos no início do século passado até a década de 1930. Os construídos a partir de 1940 marcam a verticalização da Avenida Paulista.

Portanto, a Casa das Rosas tem sua importância calcada em ser uma construção tardia do período de auge da produção cafeeira em São Paulo, sendo uma das últimas que contam com essa importância. Sendo assim, confere tipos caracterizados como predominantes na primeira fase de ocupação da Avenida. Sua importância foi reconhecida com a publicação do Diário Oficial do dia 24 de outubro de 1985, na Seção I, página 14, na qual foi divulgado o processo de tombamento que fora inscrito no Livro do Tombo Histórico, sob a inscrição de número 241, na página 65, de 21 de janeiro de 1987.

Casa das Rosas. Delma Paz. Postada no Flikr. 



FÁBRICA DA BRAHMA

Considerada a primeira fábrica da Brahma no estado de São Paulo, a sede da cervejaria ficava entre as ruas Apeninos, Vergueiro, Tupinambás e Paraíso. Funcionou até 1980 e acabou demolida em 1994. Ficava bem ao lado da Igreja Ortodoxa de São Paulo. Hoje, o local é ocupado por prédios comerciais e residenciais.


BRAHMA PÕE Á VENDA TERRENO NO PARAÍSO

ROBERTA JOVCHELEVICH-  FOLHA DE SP




São Paulo, domingo, 21 de agosto de 1994. Caderno Imóveis

A Companhia Cervejaria Brahma pôs à venda na semana passada um dos terrenos mais bem localizados de São Paulo: o de sua antiga fábrica, no bairro do Paraíso (zona sul). O lote custa, no mímino, R$ 15 milhões –quantia suficiente para comprar 300 apartamentos de dois quartos no bairro Jardim Marajoara (zona sul).

A diretoria da empresa não quis se manifestar sobre o assunto. O assessor de imprensa da companhia, Ingo Ostrovsky, não revela o valor do lote, mas confirma que o imóvel está à venda.

Com cerca de 12,7 mil m2, o terreno tem vários projetos arquitetônicos (leia texto ao lado), alguns solicitados pela própria Brahma.

Segundo estudos do Datafolha, o preço médio do m2 na região é de R$ 1.199. "O m2 do terreno consegue atingir até R$ 1.500", estima José D'Ávila Pompéia, 43, diretor da Bolsa de Imóvel do Rio de Janeiro, empresa que tem escritório em São Paulo. O lote, portanto, não vale menos de R$ 15 milhões e, dependendo da negociação, pode alcançar R$ 19 milhões.

Situado próximo da avenida 23 de Maio (ligação entre Centro, zona norte e zona sul), uma das características que fazem do terreno um dos ponto mais cobiçados da cidade é o foco de perspectiva para a avenida Paulista.Isso significa que construções verticalizadas erguidas no local serão avistadas diariamente por milhões de pessoas.

Na opinião de Pompéia, a localização –região que concentra serviços como hospitais– e o tamanho do terreno comportam um projeto misto, como, por exemplo, um condomínio residencial e um prédio de consultórios médicos.

A Brahma desativou a fábrica que funcionava no local em abril de 1993, depois de um acordo com a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental). A Cetesb apontava a Brahma como poluidora do rio Tietê e exigia a construção de uma estação de tratamento de água na fábrica.

Alegando não ter condições de atender a exigência por falta de espaço, a Brahma cumpriu o acordo com a Cetesb, que previa a desativação da unidade em 1993.




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VILA MARIANA

Linha de bonde em 1909 na Estação de Vila Mariana. 



Vila Mariana. Anos 1970.  Rua Loefgreen, antiga travessia - hoje ligada pelo Viaduto Miguel Colello. 


Obras do Metrô na Vila Mariana no início dos ano 1970. Jornal Zonal Sul. 

Vila Mariana é um distrito localizado na zona centro-sul do município de São Paulo. Tem como característica marcante ser uma região nobre predominantemente de classe alta com um perfil ora comercial, ora residencial, possuindo um dos metros quadrados mais caros de São Paulo.[carece de fontes] Além disso, o bairro bem arborizado tem como importante ponto turístico, o Parque Ibirapuera. A subprefeitura da Vila Mariana, abrange os distritos de Moema e Saúde. O distrito sedia a Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), o Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, a Escola Superior de Propaganda e Marketing, o Centro Universitário Assunção- UNIFAI e o Museu Lasar Segall, bem como alguns dos mais tradicionais colégios da cidade como o Colégio Bandeirantes, Colégio Benjamin Constant, Liceu Pasteur, Colégio Marista Arquidiocesano, Colégio Madre Cabrini e a Faculdade e Escola técnica SENAI - Anchieta. Abrange também cerca de 550 metros do lado ímpar da Avenida Paulista em seu trecho inicial, entre a Praça Osvaldo Cruz e a Avenida Brigadeiro Luís Antônio.

Rua Borges Lagoa na Vila Mariana, com a igreja Nossa senhora da Saúde ao fundo ainda sem a torre , em foto do final dos anos 40. / F. / PMSP.


História. O governador da Capitania Real de São Paulo, Francisco da Cunha Menezes concedeu em 1782 uma sesmaria a Lázaro Rodrigues Piques, situando-se essas terras entre o ribeirão Ipiranga e a Estrada do Cursino, abrangendo o futuro bairro de Vila Mariana, outrora da Saúde; em torno de tal sesmaria surgiram muitas questões de terra. Originalmente foi chamado de Cruz das Almas - em virtude das cruzes colocadas no local por causa da morte de tropeiros por ladrões, na metade do século XIX, na continuação da "Estrada do Vergueiro" (atual Rua Vergueiro) aberta em 1864 por José Vergueiro e que era a nova estrada para Santos. Posteriormente passa a ser denominado de Colônia e finalmente de Vila Mariana, nome atribuído pelo coronel da guarda nacional Carlos Eduardo de Paula Petit, a partir da fusão dos nomes de sua esposa Maria e da mãe de sua esposa, Anna. Carlos Eduardo de Paula Petit, foi um dos homens mais importantes na Vila Mariana, foi eleito vereador e também atuou como juiz de paz. Entre 1883 e 1886 foi construída a estrada de ferro até Santo Amaro, partindo da rua São Joaquim, na Liberdade; seu construtor foi o engenheiro Alberto Kuhlmann e sua empresa se chamava Cia. Carris de Ferro de São Paulo a Santo Amaro. Essa linha férrea, cuja inauguração total até Santo Amaro deu-se em 1886, foi locada sobre o antigo Caminho do Carro para Santo Amaro, no trecho então conhecido como "Estrada do Fagundes", no espigão; seguia, acompanhando ou sobreposta, o referido caminho do Carro. Com isso deu-se o fracionamento das chácaras existentes na região. 

Há uma versão aparentemente verdadeira de que a uma das estações, Kuhlmann deu o nome de sua esposa, Mariana, e tal denominação passou para o local e depois para todo o bairro, que antes se chamava "Mato Grosso". Havia em 1856 a chácara do Sertório, cujas terras vieram mais tarde a formar o bairro do Paraíso. A chácara de João Sertório, situada entre as duas estradas para Santo Amaro, foi vendida para dona Alexandrina Maria de Moraes, que faleceu em 1886; seus herdeiros arruaram a propriedade e a Câmara Municipal aceitou esse arruamento, que veio ligar as ruas da Liberdade (antigo Caminho do Carro) e Santo Amaro (antigamente estrada para Santo Amaro). Aí surgiu um trecho do bairro do Paraíso, desde a rua Humaitá até a Abílio Soares, nascendo as ruas Pedroso, Maestro Cardim, Martiniano de Carvalho, Paraíso, Artur Prado e outras demais. No ano de 1887 começou a funcionar no bairro o Matadouro Municipal, fator que ajudou muito no povoamento de toda a região. Isso ajudou para a instalação das oficinas de Ferro Carril, na rua Domingos de Morais, e da fábrica de fósforos. Também foi criada a Escola Pública de Dona Maria Petit, na Rua Vergueiro. O local onde funcionou o Matadouro é atualmente a Cinemateca Brasileira.


Por volta de 1891, José Antônio Coelho comprou a chamada "Chácara da Boa Vista", na Vila Mariana, e a loteou, abrindo ruas que tiveram nomes como "Central", "Garibaldi", "dos Italianos" (hoje denominadas, respectivamente, Humberto I, Rio Grande e Álvaro Alvim) e deu o nome oficial de Vila Clementino, em homenagem ao Dr. Clementino de Souza e Castro. Em 1928 iniciou-se a construção do Instituto Biológico, concluída em 1945. Um de seus principais objetivos à época em que foi construída foi o controle de uma praga que infestava os cafezais. Mais tarde tal objetivo foi, segundo a organização do local, criar um instituto para a biologia "a exemplo do que foi o Instituto Oswaldo Cruz (no Rio de Janeiro) para a saúde do homem”. Em 1929, iniciou-se no bairro a construção de uma série de residências em estilo modernista, desenhadas pelo arquiteto Gregori Warchavchik; a mais notável é a Casa Modernista da Rua Santa Cruz, tombada pelo CONDEPHAAT em 1986.


Características. A Vila Mariana pode ser considerada uma das regiões mais desenvolvidas da capital paulista. No distrito encontram-se a Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), a Escola Superior de Propaganda e Marketing (mais conhecida como ESPM), a Escola de Belas Artes e a Faculdades Paulus de Tecnologia e Comunicação (FAPCOM), as maiores referências em ensino superior na região, que também conta com universidades não-específicas (UNIP, FMU, entre outras). Em relação à área da saúde, existem o Hospital São Paulo e o Hospital do Servidor Público Estadual, um complexo hospitalar que responde por quase 40% dos atendimentos dos servidores públicos estaduais. Há também instituições para o tratamento de jovens e idosos, fator que contribui para a alta qualidade de vida do distrito. Na área de cardiologia há o hospital Dante Pazzanese. A região também sedia a Casa Hope, uma ONG dedicada a crianças com câncer.


Rua Domingos de Moraes com Borges Lagoa em 1954. Registro à core original do fotógrafo japonês Takashi Hiratsuka em suas viagens de férias ao Brasil, entre os anos 1950 e 1960. 



O MUSEU LASAR SEGALL



O Museu Lasar Segall é uma instituição localizada em São Paulo, inaugurado em 21 de setembro de 1967, tem por objetivo reunir, divulgar e preservar a obra do pintor, escritor e gravurista, Lasar Segall. O local foi idealizado pela viúva do artista, Jenny Klabin Segall, e criada pelos filhos do casal, Mauricio Klabin Segall e Oscar Klabin Segall. Localizado à Rua Berta, 111, na Vila Mariana, Zona Sul de São Paulo, está instalado na antiga residência e ateliê de Lasar Segall, projetada em 1932 por seu concunhado, o arquiteto de origem russa, Gregori Warchavchik.

Em 1985 foi incorporado à Fundação Nacional Pró-Memória, integrando hoje o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), do Ministério da Cultura, como unidade museológica. O principal objetivo do museu é conservar, pesquisar, divulgar, documentar e estudar as obras de Lasar Segall, o acervo possui cerca de três mill (3.000) trabalhos do artista doados pelos seus filhos, além do próprio arquivo pessoal e fotográfico que somados chegam a mais de seis mil itens catalogados.

O Museu também possui diversas atividades culturais, oferecendo cursos relacionados, programas de visitas monitoradas, projeção de cinema, e ainda possui uma biblioteca.

Auto retrato do pintor





Segall e Jenny no ateliê em 1940, foto de Hildegard Rosenthal


Uma mulher idealizou o Museu Lasar Segall: a escritora e tradutora Jenny Klabin Segall, viúva do artista. Com a morte de Segall, em 2 de agosto de 1957, Jenny assumiu a missão de organizar e expor a obra do marido. Para isso, abriu mão momentaneamente de sua atividade literária, iniciada em meados da década de 1930. Jenny traduziu obras fundamentais como o Fausto, de Goethe, e peças de Molière, Racine e Corneille, demonstrando grande talento e versatilidade poética em seu ofício. Suas traduções de clássicos do teatro alemão e francês receberam numerosas edições, elogiadas por intelectuais brasileiros e europeus.

“Não há quase página em que as margens e entrelinhas não tenham ficado marcadas por sua impaciência de alcançar aquele ideal de exatidão”, observou Sérgio Buarque de Holanda (1949). “As letras brasileiras e portuguesas ficam devedoras e gratas por esse diuturno amor e labor”, escreveu Antônio Houaiss (1970).

A partir de 1963, consolidadas as atividades de documentação e organização da obra de Segall, Jenny iniciou reformas em uma das três casas contíguas que formavam sua residência na Vila Mariana para possibilitar pequenas mostras públicas do acervo. As instalações iniciais foram abertas ao público em agosto de 1963, por ocasião da VII Bienal de São Paulo.

Em 1966, ela retomou suas atividades literárias, completando a tradução do Fausto II — a primeira em língua portuguesa em versos respeitando rigorosamente a forma original da totalidade do poema.
Em 2 de agosto de 1967, no décimo aniversário de morte do marido, sofreu o ataque cardíaco que a mataria três dias depois, aos 68 anos, menos de dois meses antes da inauguração do Museu Lasar Segall. Em sua homenagem, nossa biblioteca especializada nas Artes do Espetáculo (Cinema, Teatro, Rádio e Televisão, Dança, Ópera e Circo) leva seu nome — Biblioteca Jenny Klabin Segall.



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O COMPLEXO ESPORTIVO DO IBIRAPUERA 



O Ginásio Geraldo José de Almeida, mais conhecido como Ginásio do Ibirapuera, é uma construção feita por Ícaro de Castro Mello. A construção arquitetônica se deu início na década de 50 do século XX, por iniciativa da administração pública e o processo de modernização Prestes Maia. Sua inauguração se deu em 1957, quando foi inaugurada a construção do Parque do Ibirapuera. Concluído em 25 de janeiro de 1957, o Ginásio faz parte do Complexo Desportivo do Ibirapuera Constâncio Vaz Guimarães,[8] que também engloba estruturas como o estádio de atletismo Ícaro de Castro Melo, o conjunto aquático Caio Pompeu de Toledo e o Ginásio Poliesportivo Mauro Pinheiro. Sua construção faz parte do projeto de idealização do Complexo do Ibirapuera, que também engloba o parque, em homenagem ao aniversário de 400 anos da cidade. Idealizado pelo arquiteto Ícaro de Castro Melo, seu nome é uma homenagem ao narrador Geraldo José de Almeida, famoso radialista e narrador esportivo que acompanhou, principalmente, a seleção brasileira de futebol entre os anos de 1954 e 1974.

Composição. o Gymnasium de Esportes do Ibirapuera começou a ser criado em 1954, como consolidação do processo de modernização da cidade de São Paulo promovida por Prestes Maia. Seu fim se deu em 25 de janeiro de 1957. Em sua criação, o ginásio conta com uma cúpula, alçada à 38 (trinta e oito) metros do solo, branca, com uma quadra em sua base. O diâmetro desta cúpula ocupa 40 (quarenta) metros de diâmetro e conta com uma quadra poliesportiva, podendo abarcar um grande número de atividades, sendo algumas delas o handebol, futsal, voleibol, luta livre, esgrima, hockey, patinação no gelo. Com capacidade para 20 mil espectadores ao redor do espaço para jogos, acima das arquibancadas estão as tribunas de imprensa, os vestiários, sanitários públicos, almoxarifados, secretarias, gabinetes médicos, pronto-socorro e um salão nobre, que contem bares e dependências próprias. Hoje em dia, após as reformas, o número de espectadores caiu para quase 11 mil pessoas.
A arquibancada possui 34 (trinta e quatro) degraus que, somadas, dão uma extensão de 15 (quinze) quilômetros. O piso da quadra e todos os equipamentos necessários para práticas são desmontáveis, visando a prática do maior número possível de esportes. Desde seu início, o ginásio teve esta capacidade e propósito de se tornar um ambiente versátil para a prática esportiva. A arena de imprensa conta com uma capacidade para 144 (cento e quarenta e quatro) lugares. Imprensa, rádio e televisão são divididos em áreas correspondentes a instalação e infraestrutura. Sendo assim, dos 144 lugares, há 24 cabines para transmissão de emissoras radiofônicas e televisivas.

Plano de Avenidas de São Paulo. Sua criação se deu pelo processo de modernização protagonizado pelo então chefe da Secretaria de Viação e Obras Públicas da Prefeitura de São Paulo em 1930, Francisco Prestes Maia. O Plano de Avenidas de São Paulo relata de modo claro que há a necessidade de criar um parque na região que pudesse contribuir com o lazer do paulistano. Sem propriamente apresentar um plano estruturado, o então secretário apresenta a ideia para a Dierberger & CIA na ideia de construir 2.000.000 m² de parque dentro da cidade de São Paulo. O projeto definia duas áreas projetadas para a formação do Parque do Ibirapuera. Um margeado pela Avenida Brasil e outro próximo ao viveiro de mudas, perto do lago. Nesta divisão, Prestes Maia busca tratar com diferenciamento as duas áreas: a primeira buscava uma "arte e delicadeza" que seria traduzido em um estilo de vida próximo das classes altas presentes na região; enquanto a segunda seria a parte mais da natureza. Não houve aceitação inicial do projeto. Mesmo com outros planos propostos e com Prestes Maia se tornando prefeito da cidade de São Paulo, não houve viabilização para a construção do parque. Em 1929 surge o primeiro projeto materializado do parque após a ideia de Maia, organizada por Reinald Dierberger. O projeto contava com extensas áreas de jardins e perspectiva de ocupação pública por meio dos esportes, com ginásio e edifícios destinados a ginástica e outras atividades. Em 1930 o plano de avenidas é barrado na gestão de Pires do Rio. Com a Revolução de 1932 e a consequente mudança do governo paulista, Dierberger consegue a aprovação do primeiro projeto futuro pelo Ato n° 378, de 29 de julho de 1932. Este ato determinava a retirada do Hipódromo da Mooca para os terrenos do Ibirapuera. De acordo com essa mesma lei, os recursos a serem gastos na construção do parque seriam promovidos pelos cofres da Prefeitura. Portanto, não havendo a necessidade de ser aberto em hipótese alguma nenhum crédito particular. O novo plano de Dierberger não implicava mais num memorial descritivo.
O plano sofreu diferenças mudanças de 1933 até 1948. Os planejamentos eram então estudados e constantemente colocados em segundo plano pelos governantes da cidade. No decorrer do tempo, até 1948, o projeto volta a tomar proporções primárias com o plano de urbanização da Prefeitura Municipal (1948). O plano tinha como principal movimento reconstruir áreas próximo da Avenida Brasil até o monumento de 9 de julho. Em 1951, com uma influência de Cristiano Stockler Neves, as coisas se modificam e o plano de construção do Ginásio passa a ser feito. Com o convite de Matarazzo Sobrinho, mesmo criador do Museu de Arte Moderna de São Paulo, o empresário, indo de encontro com o planejamento de Stockler Neves, prepara uma equipe formada pelos arquitetos Oscar Niemeyer, Zenon Lotufo, Eduardo Kneese de Mello e Hélio Cavalcanti, com colaboração de Gauss Estelita e Carlos Lemos, para a produção do parque. Desta maneira começam seus estudos na área do parque do Ibirapuera. Ícaro de Castro Mello, Milton Ghiraldini e Otávio Augusto Teixeira Mendes também participaram de certos elementos do parque, como, respectivamente, o ginásio, paisagismo e urbanização. Este projeto saiu do papel devido a comemoração do IV Centenário da Fundação de São Paulo. Após sua apresentação em 1952, o plano passa por uma fase de maturação, desenvolvimento e acordos com o governo paulista. A dificuldade se consistia no assentamento do terreno na região, implantação de planos para formulação dos projetos e outros feitos. Em 1954 o parque é inaugurado e, junto a ele, o Ginásio do Ibirapuera, criação de Ícaro de Castro Mello. O projeto de arte e cultura como dito por Maia propôs uma possibilidade de novos meios de ocupação da cidade de São Paulo que não pelos interesses industriais, como ocorria na época. As releituras do espaço e a reflexão do que é moderno e nacional se traduziram na construção do Ginásio e do propósito do parque.

Ícaro de \Castro Mello, arquiteto, engenheiro e atleta nas Olimpíadas de Berlim em 1936. 


A composição de Ícaro de Castro Mello possui traços técnicos dominantes quanto a utilização da cúpula. Em função do tamanho do prédio e a necessidade de ventilação, Ícaro reforça este traço ao construir o Ginásio do Ibirapuera. Além disso, para a quadra retangular, segundo Fontana, permite que haja uma maior percepção do espaço. Os arcos de metal colocados no Ginásio funcionaram pelo tamanho da construção. As estruturas densas procuravam retirar o máximo do espaço construído pelo arquiteto-engenheiro. Além disso, utiliza de cruzamentos entre as peças verticais das estruturas com os quebra-sóis horizontais que circundam e dão unidade ao edifício. Em sua composição inicial, para a parte de esportes, o Ibirapuera contaria com o Ginásio Geraldo José de Almeida e o estádio de atletismo ao redor de sua composição inicial. Os primeiros projetos não previam a construção de um conjunto desportivo. Contudo, no decorrer da construção iniciada em 1954, outros tipos de construções se deram pela presença do Ginásio naquele espaço. O Conjunto foi inaugurado em 1957, três anos após a criação do inicial prometido. Ainda hoje é um dos maiores da América Latina. Portanto, além do Ginásio, o conjunto conta com o Conjunto Aquático do Ibirapuera (Caio Pompeu de Toledo), o Estádio Ícaro de Castro Melo (inaugurado para fins de atletismo até 1998), o Ginásio Poliesportivo Mauro Pinheiro e o Palácio do Judô. Todos estes fazem parte dos 95 mil m² presentes no Parque do Ibirapuera. Além disso, o conjunto possui ainda um alojamento de 340 atletas e auditório para 300 pessoas, três salas de condicionamento físico, quadras de tênis e outra pista de corrida menor. O conjunto recebe este nome pelo advogado, procurador fiscal, decatleta, e presidente da delegação Olímpica nos jogos de Berlim, em 1936.




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XIV

LIBERDADE E ACLIMAÇÃO



Avenida da Liberdade em 1930: com trilhos de trem e bonde.

Avenida da Liberdade é uma via situada no Centro de São Paulo (Brasil), capital do Estado de São Paulo e maior cidade brasileira. A avenida é de extrema importância econômica e cultural para a cidade, sendo ela parte da maior comunidade japonesa fora do Brasil (Bairro da Liberdade). No comércio, nos restaurantes e na arquitetura da Avenida e do Bairro, é notável a enorme influência da cultura não só japonesa, mas chinesa e coreana também, pela colonização de todos esses grupos no século XX. Inicia-se na Praça Doutor João Mendes, próximo a Catedral Metropolitana de São Paulo e termina na Estação São Joaquim, da Linha 1 do Metrô de São Paulo. É uma avenida bastante movimentada, por causa do Fórum da Sé, que fica próximo dela, e da Linha 1-Azul do metrô, que passa embaixo da avenida. São duas estações subterrâneas: São Joaquim, e Japão-Liberdade, que juntas têm uma demanda média de 64 mil passageiros por dia, sendo 39.000 na São Joaquim, e 25.000 na Liberdade.[Textos e imagens da Wikipedia]



Rua Galvão Bueno


. Caminhão escolar transportando estudantes do Colégio Marista no bairro da Liberdade nos 1930. 


BAIRRO DA LIBERDADE

No século XIX, o bairro era conhecido como Bairro da Pólvora, em referência à Casa da Pólvora, construída em 1754 no largo da Pólvora. Era uma região periférica da cidade, e ficava no caminho entre o Centro da cidade de São Paulo e o então município de Santo Amaro. No bairro, se localizava o largo da Forca, assim nomeado em função da presença de uma forca que era utilizada para a execução da pena de morte. A forca havia sido transferida da rua Tabatinguera em 1604 a pedido dos religiosos do Convento do Carmo e funcionou até 1870. A partir de então, o largo passou a se chamar Largo da Liberdade, e o nome se estendeu a todo o bairro. Existem duas versões para a adoção do nome "Liberdade"ː uma diz que é uma referência a um levante de soldados que reivindicavam o aumento de seus salários à coroa portuguesa em 1821, e que teria resultado no enforcamento dos soldados Chaguinhas e Cotindiba. O público que acompanhava a execução, ao ver que as cordas que prendiam Chaguinhas arrebentaram várias vezes, teria começado a gritar "liberdade, liberdade". Outra versão diz que o nome Liberdade é uma referência à abolição da escravidão.[Textos e imagens da Wikipedia]

Capela dos Aflitos, hoje rodeada de prédios

Em 1779, próximo ao então largo da Forca, foi instalado o primeiro cemitério público aberto da cidade, destinado a enterrar indigentes e condenados à forca. O cemitério funcionou até 1858, quando foi inaugurado o cemitério da Consolação em terras doadas pela Marquesa de Santos. Conhecido atualmente por ser um bairro de asiáticos, a Liberdade era, originalmente, um bairro de negros. Abrigou organizações de ex-escravizados e seus descendentes, como a Frente Negra Brasileira e, mais tarde, o Paulistano da Glória, que foi um sindicato de domésticas que virou escola de samba e era liderado pelo sambista Geraldo Filme. Durante o século XIX, imigrantes portugueses e italianos construíram sobrados que, com o tempo, viraram pensões e repúblicas que seriam habitadas, nas primeiras décadas do século XX, por imigrantes japoneses.

Bairro da Liberdade em 1962.


INÍCIO DA OCUPAÇÃO JAPONESA

A presença japonesa no bairro começa quando, em 1912, os imigrantes japoneses começaram a residir na rua Conde de Sarzedas, ladeira íngreme, onde, na parte baixa, havia um riacho e uma área de várzea.
Um dos motivos de procurarem essa rua é que quase todos os imóveis tinham porões, e os aluguéis dos quartos no subsolo eram incrivelmente baratos. Nesses quartos, moravam apenas grupos de pessoas. Para aqueles imigrantes, aquele cantinho da cidade de São Paulo significava esperança por dias melhores. Por ser um bairro central, de lá poderiam se locomover facilmente para os locais de trabalho.
Já nessa época, começaram a surgir as atividades comerciais: uma hospedaria, um empório, uma casa que fabricava tofu (queijo de soja), outra que fabricava manju (doce japonês) e também firmas agenciadoras de empregos, formando, assim, a "rua dos japoneses". Até o ano de 2006, o bairro era conhecido por seus letreiros de neon em estilo oriental. Com a aprovação da Lei Cidade Limpa em 2007, muitos letreiros tiveram que ser removidos. Em 1915, foi fundada a Taisho Shogakko (Escola Primária Taisho), que ajudou na educação dos filhos de japoneses, então em número aproximado de 300 pessoas. Em 1932, eram cerca de 2 mil os japoneses na cidade de São Paulo. Eles vinham diretamente do Japão e também do interior de São Paulo, após encerrarem o contrato de trabalho na lavoura. Todos vinham em busca de uma oportunidade na cidade. Cerca de 600 japoneses moravam na rua Conde de Sarzedas. Outros moravam nas ruas Irmã Simpliciana, Tabatinguera, Conde do Pinhal, Conselheiro Furtado, dos Estudantes e Tomás de Lima (hoje Mituto Mizumoto), onde, em 1914, foi fundado o Hotel Ueji, pioneiro dos hotéis japoneses em São Paulo. Os japoneses trabalhavam em mais de 60 atividades, mas quase todos os estabelecimentos funcionavam para atender a coletividade nipo-brasileira.

 Rua da Glória nos anos 1970. SP de Antigamente. 


Em 12 de outubro de 1946, foi fundado o jornal São Paulo Shimbun, o primeiro no pós-guerra entre os nikkeis. Em 1º de janeiro de 1947, foi a vez do Jornal Paulista. No mesmo ano, foi inaugurada a Livraria Sol (Taiyodo), ainda hoje presente no bairro da Liberdade, que passa a importar livros japoneses através dos Estados Unidos. A agência de viagens Tunibra inicia as atividades no mesmo ano. Uma orquestra formada pelo professor Masahiko Maruyama faz o primeiro concerto do pós-guerra em março de 1947, no auditório do Centro do Professorado Paulista, na Avenida Liberdade. Em 23 de julho de 1953, Yoshikazu Tanaka inaugurou, na rua Galvão Bueno, um prédio de 5 andares, com salão, restaurante, hotel e uma grande sala de projeção no andar térreo, para 1 500 espectadores, batizado de Cine Niterói. Eram exibidos, semanalmente, filmes diferentes produzidos no Japão, para o entretenimento dos japoneses de São Paulo. A rua Galvão Bueno passa a ser o centro do bairro japonês, crescendo ao redor do Cine Niterói, tendo recebido parte dos comerciantes expulsos da rua Conde de Sarzedas. Era ali que os japoneses podiam encontrar um cantinho do Japão e matar saudades da terra natal. Na sua época áurea, funcionavam, na região, os cines Niterói, Nippon (na rua Santa Luzia – atual sede da Associação Aichi Kenjin kai), Joia (na praça Carlos Gomes – hoje casa de shows3) e Tokyo (rua São Joaquim – também igreja).[Textos e imagens da Wikipedia]


Em abril de 1964, foi inaugurado o prédio da Associação Cultural Japonesa de São Paulo (Bunkyô) na esquina das ruas São Joaquim e Galvão Bueno.


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ACLIMAÇÃO 



Aclimação é um dos bairros mais jovens de sua região, a central. Nasceu no século XX, depois que outros de perfil mais aristocrático, como Higienópolis, Pacaembu, Campos Elísios, ou mesmo industriais, como o Brás, haviam surgido. Todos desenvolveram-se a partir do loteamento das antigas chácaras e fazendas que tomavam as terras da capital, circundando os vários "caminhos de tropeiros", que faziam a ligação entre o centro da cidade, o sertão e o litoral. Havia o Caminho do Carro para Santo Amaro, que seguia por onde hoje estão as avenidas da Liberdade, Vergueiro e Domingos de Morais em direção ao distante povoado de Santo Amaro. Havia também o Caminho de Pinheiros, que partia da Sé, atravessava o Vale do Anhangabaú e descia pela atual rua da Consolação em direção ao que na época era um povoado indígena. Havia ainda um caminho para Minas Gerais, um para Goiás e também o Caminho do Mar ou Estrada de Santos, que descia a Rua da Glória, atravessava o rio Lavapés (hoje canalizado e oculto sob o nível da rua), seguia pelo Ipiranga e acabava em Santos.O local que deu origem ao bairro da Aclimação é uma área sinuosa, cheia de morros e baixadas, um triângulo conhecido como Sítio Tapanhoin, demarcado pelo Caminho do Mar e pelos córregos Lavapés e Cambuci. Foi essa área que Carlos Botelho, médico nascido em Piracicaba e formado em Paris, adquiriu em 1892, em busca da realização de um desejo nascido na capital francesa: a criação de uma versão brasileira para o Jardin d’Acclimatation, que, entre outras atrações, possuía um zôo e servia de base para a aclimatação de espécies exóticas, além de experiências envolvendo reprodução e hibridação de animais. Assim, o nome indígena deu lugar à inspiração francesa no que passou a se chamar Jardim da Aclimação, origem do atual Parque da Aclimação e de todo o bairro.


Pavimentação da rua Urano em 1958. 


Ocupação e verticalização. Enquanto o Jardim da Aclimação ainda vivia seus dias de glória, o que viria a ser um bairro começava a tomar forma. Se em 1900 existiam apenas as ruas e avenidas que hoje o delimitam em relação a seus vizinhos, como Vergueiro, Lins de Vasconcelos ou Tamandaré, em 1905 estavam abertas as ruas Pires da Mota, Cururipe, Espírito Santo, José Getúlio, Baturité e o trecho inicial da atual Avenida da Aclimação. Em 1914, já constavam do mapa as ruas Machado de Assis, além de parte da Paula Ney e José do Patrocínio. Entre essas vias - localizadas na área mais íngreme das terras chamadas de Morro da Aclimação e pertencentes originalmente à família de Francisco Justino da Silva, e outras, como a Lins de Vasconcelos, a Avenida da Aclimação e o próprio Jardim da Aclimação - tudo o que existia ainda era um longo trecho com características rurais, dominado por mato, córregos, plantações e estábulos. Em 1916, sempre respeitando a sinuosidade da região, começou a ser aberta uma série de ruas que formam um semicírculo a partir da avenida da Aclimação, convergindo para o Largo Rodrigues Alves, atual Praça General Polidoro, todas com nomes de pedras preciosas: Turmalina, Topázio, Diamante, Ágata, Safira, Esmeralda, Rubi, etc. Mais acima, em direção à rua Nilo, a inspiração para o nome dos logradouros foram os planetas do sistema solar: Júpiter, Urano, Saturno. Só após 1928 os mapas mostram uma relativa ocupação do Morro da Aclimação entre a rua Jurubatuba (atual Avenida Armando Ferrentini) e o cemitério de Vila Mariana. Nascia ali um bairro residencial de classe média, no qual predominavam as casas térreas e os sobrados, que receberam italianos, japoneses, portugueses e paulistanos. A partir da década de 1970, no entanto, a expansão imobiliária fez surgir mais e mais edifícios, marcando a verticalização crescente do bairro, o aumento da população e a consequente instalação de bancos, escolas, casas de comércio, imobiliárias e prestadoras de serviços para atender às demandas dos moradores. Em vias importantes como a Avenida da Aclimação, são poucos os endereços residenciais que ainda resistem ao assédio do mercado imobiliário.



Parque nos anos 1920, quando ali funcionava um zoológico. 

Parque da Aclimação. Durante 30 anos, até a década de 1920, este jardim, muito maior do que é hoje, foi uma das grandes atrações da capital. No local Botelho conseguiu criar um complexo de lazer e de pesquisa. Ali, o médico, pesquisador e político realizava a quarentena, ou "aclimatação" de gado trazido da Holanda. Na "cremérie", os frequentadores do parque podiam beber leite tirado na hora ou adquirir derivados como creme ou queijo. Lá também funcionava a sede da Sociedade Hípica Paulista, que depois transferiu-se para o Brooklin Novo, um posto zootécnico e um laboratório de pesquisas científicas. Para o lazer, havia o bosque, o lago formado a partir do represamento de córregos da região, no qual havia canoas para passeios, um zoológico (o primeiro da cidade) com ursos, leões, macacos, elefantes, onças e outros animais, além de salão de baile, rink de patinação, barracas de jogos, aquário, parque de diversões. Para entrar, os visitantes pagavam 300 réis. Por se tratar de uma região semideserta, o acesso ao Jardim da Aclimação através de transporte público só era possível aos domingos e feriados, quando o bonde nº 28 partia da Sé. Anexa ao jardim, havia uma extensa área privada pertencente à família Botelho. Na década de 1930, ela começou a ser loteada pelos filhos do médico, que há anos enveredara para a atividade política e passara a propriedade das terras aos seus herdeiros. Em 1938, ao ser informado de que estes, com dificuldades para arcar com a manutenção e despesas do Jardim da Aclimação, iriam loteá-lo também, o prefeito Prestes Maia propôs a compra do local. Em 16 de janeiro de 1939, os herdeiros Antônio Carlos de Arruda Botelho, Constança Botelho de Macedo Costa e Carlos José Botelho Júnior oficializaram a venda da área de 182 mil metros quadrados à prefeitura de São Paulo, por um valor de 2.850 contos de réis. Paradoxalmente, a aquisição marcaria não o renascimento do Jardim da Aclimação, mas o fim, em definitivo, da maior parte de suas atrações, e o início de longos períodos de alternância entre abandono e revitalização da área verde.

Acima o Parque da Aclimação em 1914 e embaixo uma foto recente (Guia de Destinos).


Criado no início do século XX , o Parque da Aclimação possui uma área de mais de 112 mil m2 com as mais diversas atividades. O Parque conta com um lago natural e uma área com muitos eucaliptos, concha acústica, jardim japonês com espelho d’água, aparelhos de ginástica para a população, pista de cooper e caminhada, playgrounds infantis com espaço para piquenique, campo de futebol, quadras de vôlei e basquete e toda a infraestrutura para visitantes. O local conta ainda com a Biblioteca Temática de Meio Ambiente – Raull Bopp (SMC)


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SEGUNDA PARTE



XV

BRÁS, PARI, GASÔMETRO


1900 - Panorama do Gasômetro e Brás. Anônimo. Instituto Moreira Salles.





O Museu da Imigração do Estado de São Paulo é uma instituição pública vinculada à Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Está localizada na sede da extinta Hospedaria dos Imigrantes, na Rua Visconde de Parnaíba, 1316, no tradicional bairro da Mooca, na cidade de São Paulo. O museu possui forte tendência a ser um ponto turístico altamente frequentado por pessoas de dentro e de fora da cidade de São Paulo. O edifício é um patrimônio histórico tombado devido à sua importância para compreender os fluxos de imigração no país e no Estado de São Paulo. Por sua vez, o museu vem aprimorando seu trabalho, criando oportunidades para que seu público entre em contato cada vez maior com as diferentes influências que compõem o cenário cultural da cidade e do Estado de São Paulo.[Textos e imagens da Wikipedia]


A famosa "porteira do Brás" que por décadas foi conhecida por atrasar o progresso desta região do bairro e da Avenida Rangel Pestana, foi substituída por um viaduto. 

Brás é um distrito situado na região central do município brasileiro de São Paulo, a leste do chamado Centro Histórico da São Paulo.  É uma região muito conhecida no Brasil pelo comércio de roupas, especialmente nas imediações do Largo da Concórdia e da rua Oriente. Em sua área, possui também um grande número de galpões e plantas industriais desativadas. O nome Brás vem do proprietário das terras onde se formou o distrito, que se chamava José Brás, que se tornou um benemérito. Nas terras de José Brás foi erguida na segunda metade do século XVIII a Igreja do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em torno da qual formou-se a povoação. Tornou-se no início do século XX uma referência de bairro da comunidade italiana (comemoração das festas de Nossa Senhora de Casaluce e São Vito), e da comunidade grega (com a Igreja Ortodoxa Grega), comunidade armênia, com forte presença de indústrias (especialmente próximo às ferrovias) e madeireiras (região da rua do Gasômetro). Com o tempo essas características foram-se modificando, com o aumento do contingente de nordestinos na região próxima ao Largo da Concórdia, ponto em que operava a estação terminal da Estrada de Ferro Central do Brasil. Atualmente é um distrito essencialmente voltado à indústria e ao comércio de confecções com forte destaque ao comércio de jeans no atacado e também de moda infanto juvenil, destacando-se ainda a grande concentração de lojas especializadas na venda de enxovais e produtos para gestantes e bebês. Possui forte presença das comunidades coreana e boliviana. A presença de um comércio de características populares também é grande, especialmente nas avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia, por serem tradicionais vias de passagem de moradores da Zona Leste que trabalham no Centro da cidade.[Textos e imagens da Wikipedia]

Saída de turno de uma fábrica do Brás nos anos 1960.


 Estação do Brás. Anos 1950. 



Cena cotidiana do Brás nos anos 1970: gentileza entre vizinhos numa época em o telefone era raro e de alto custo. 


Cortiços no Brás em 1947. Peter Scheier:. Acervo Instituto Moreira Salles


Rua Caetano Pinto esquina com a rua Sobral  em foto de Outubro de 1957. A esquerda a antiga fábrica do Biotônico Fontoura. / F. / Folha / Uol . Publicado por Roberto Iorio.


GASÔMETRO




O Complexo do antigo Gasômetro de São Paulo foi inaugurado em 1890 pela empresa londrina The São Paulo Gás Company.

O Gasômetro foi aberto em 1890 e desativado em 1972, período em que foi responsável por produzir gás hidrogênio carbonado para ser utilizado na iluminação pública e doméstica da cidade. Hoje, o edifício é tombado pelo Condephaat e pertence à Companhia de Gás de São Paulo (COMGÁS), que o utiliza como Centro Operacional da Região Metropolitana. O conjunto está localizado entre as ruas da Figueira e Maria Domitila e está na área delimitada como subprefeitura da Mooca, na zona leste da capital paulista. Um ponto que se destaca do Complexo da Comgás é a utilização da cogeração de energia, que serve mais para gerar eletricidade ao complexo do que para resfriar a água do sistema de ar-condicionado. Consequentemente, 20% dos recursos energéticos imprescindíveis para o complexo vem da rede pública. Além do mais, é utilizada nos edifícios a tecnologia de reuso de água da chuva e de efluentes examinados biologicamente para descarga sanitária.

História. As primeiras tentativas de instalar iluminação pública na cidade de São Paulo tinham como base lampiões feitos com azeite de peixe ou de mamona. Gás hidrogênio líquido e azeite resinoso fotogênico também foram algumas das matérias-primas testadas até que, em 1842, a iluminação pública a gás fosse regulamentada na cidade. A história do Gasômetro começa em 1870 quando o engenheiro inglês William Ramsay desembarcou no Brasil em busca do local perfeito para as instalações da empresa conterrânea São Paolo Gás Company. O imóvel escolhido foi a Chácara do Ferrão, que estava situado entre as ruas da Figueira e Maria Domitila, no bairro do Brás, e que já havia sido propriedade da Marquesa de Santos. A localização demonstrou-se estratégica, e isso deu-se por causa da futura construção da linha férrea da São Paulo Railway e da Central do Brasil, que ficaram encarregadas do transporte das matérias primas indispensáveis para o funcionamento da futura usina de gás.

O gasômetro, também conhecido como Casa da Figueira, abriu as portas de forma experimental em janeiro de 1872 e, de forma definitiva, dois meses mais tarde. A inauguração aconteceu para celebrar a volta de uma das viagens de Dom Pedro II e iluminou, à gás, arcos construídos em frente à antiga Catedral do antigo Palácio do Governo. Durante o século XIX, então, o gasômetro armazenava e distribuía o gás hidrogênio carbonado produzido a partir da queima da hulha (que vinha do Reino Unido por navio), na Casa das Retortas, próxima do gasômetro. Na ocasião, São Paulo e suas freguesias contavam com apenas 31 mil habitantes e o gasômetro abastecia apenas 700 lampiões da iluminação pública da época e 174 residências (alimentando fogões e aquecedores). Com a chegada do século XX, uma série de fatores contribuíram para uma grande expansão na cidade de São Paulo, dentre eles contingente populacional, situação geográfica estratégica e um sistema eficiente de transportes. Com isso, os serviços de iluminação disponíveis de tornaram insuficientes. O surto de urbanização e a ampliação dos horários para a realização de atividades fez com que surgisse a necessidade de novas formas de iluminação pública. Por isso, em 1901, a São Paolo Gás Company passou a ser responsável apenas pela iluminação residencial, já prevendo a substituição do gás pela eletricidade no serviço de iluminação pública.

Hospital de Caridade do Brás em 1919. 



A partir da virada do século XIX para os anos 20, os combustores a gás já haviam substituído as antigas lamparinas a azeite nos postes da cidade e 20 anos depois, seriam mais de 1.950 postes públicos, diversos com mais de um lampião. O crescimento dinâmico da cidade a partir dos anos 30 fez com que em 1935 o lampião a gás fosse definitivamente substituído pela iluminação elétrica e em 1937 já não havia mais nenhum lampião a gás funcionando na cidade. Foi nesse ano que a São Paolo Gás Company encerrou suas atividades no Brasil, depois que o imóvel foi desapropriado e incorporado aos domínios da prefeitura de São Paulo. Já no ano seguinte, 1968, instituiu-se uma empresa pública de fornecimento de gás, a Companhia Municipal de Gás (COMGÁS), que funcionou na usina da Rua da Figueira até 1972, quando se mudou para uma nova usina de gás nafta, no bairro da Mooca, encerrando as atividades no Complexo do Gasômetro. Atualmente, o Edifício segue sendo propriedade da COMGÁS, que utiliza o espaço como um centro operacional até que se concretize a restauração e os planos de transformar o edifício na sede do Museu de História do Estado de São Paulo, com previsão de inauguração para 2017.


Rua do Gasômetro em 1958. 

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Templo da Igreja universal construído  na avenida Celso Garcia. 
 
Templo de Salomão da IURD é uma réplica do Templo de Salomão, citado na Bíblia e a sede mundial da Igreja Universal do Reino de Deus, construída no bairro do Brás, distrito do Belém, São Paulo, Brasil. É um dos mais visitados pontos turísticos do Brasil, ultrapassando o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar, ambos do Rio de Janeiro. Em seu primeiro ano de funcionamento, o templo obteve mais de 2 milhões de visitas. Em 2017, ganhou um certificado de excelência pelo site TripAdvisor. Chega a receber cerca de 400 mil fiéis por mês. A edificação foi inspirada em características da construção do Segundo Templo de Jerusalém. Esse localizava-se em Jerusalém, Israel, e fora destruído pelo general romano Tito, em 70 d.C. É um dos maiores espaços religiosos do país e teve o custo de construção de 680 milhões de reais. Em 8 de agosto de 2010, o bispo Edir Macedo reuniu milhares de pessoas no terreno do templo, onde foi feita uma reunião com o objetivo de lançar a pedra fundamental do projeto do templo. Na mesma semana, o Bispo lançou duas contas bancárias para os que quisessem fazer suas doações em prol da construção. Em 2013 foram iniciadas as colocações das pedras vindas de Israel. Vários tipos de modelos foram colocados a Taltishe, que mede cerca de 25x50x3cm, para revestir aproximadamente 19 mil metros quadrados. No piso interno, foi usado a pedra Brushed Stone, no tamanho 80x80cm. As colunas receberam a rocha chamada de Matabeh, que mede 50x100x3cm, para intercalar partes com cortes rústicos com polidas. Sua capacidade é de mais de dez mil pessoas na nave principal ou santuário, bem com uma área de 70 mil m2, o equivalente a 16 campos de futebol. O altar e a fachada do templo foram feitos com pedras nativas de Israel. A construção consumiu mais de 28 mil m³ de concreto e duas mil toneladas de aço, o bastante para construir duas vezes o Palácio do Planalto que é a sede do gabinete presidencial localizado na cidade de Brasília. As medidas e arquitetura do templo são com base nas orientações bíblicas. O Templo de Salomão conta com 126 metros de comprimento, 104 metros de largura, 55 metros de altura com dois subsolos, que corresponde a de um prédio de 18 andares, quase duas vezes a altura da estátua do Cristo Redentor. E o templo tem 36 salas de Escola Bíblica Infantil (EBI) com capacidade para receber aproximadamente 1 300 crianças, estúdios de televisão e rádio, auditório para 500 pessoas e estacionamento para dois mil carros. Além de 59 apartamentos do tipo quitinetes, 12 apartamentos com uma suíte e 13 de duas suítes para abrigar pastores e bispos da instituição. A igreja ocupa quase um quarteirão inteiro da Avenida Celso Garcia, onde para a construção foram comprados 24 imóveis nesse mesmo local e nas Ruas João Boemer e Júlio César da Silva. 


PARI




Pari é um distrito situado na região central do município brasileiro de São Paulo, a Nordeste do chamado Centro Histórico da São Paulo. Apesar de sua posição geográfica, pertence à região administrativa do Sudeste, visto que o Distrito integra a subprefeitura da Mooca. Trata-se de um dos menores distritos da Capital, abrangendo o bairro do Canindé, onde se situa o estádio da Associação Portuguesa de Desportos e o Shopping D. O distrito possui também a sede da IFSP. Tradicionalmente a comunidade do distrito participa dos desfiles de Carnaval com a sua Escola de Samba Colorado do Brás. Apesar de ser um distrito relativamente pequeno (possui 2,75 km²), suas ruas são largas e asfaltadas, sendo que algumas possuem canteiro central com vegetação. Por ocupar a várzea do Rio Tietê, é um distrito quase inteiro plano, sendo também considerado "baixo", pois em sua área existem muito poucos prédios acima de quatro andares, sendo predominantes as casas, prédios de dois ou três andares, além de vários galpões e garagens de ônibus no Largo do Pari (Feirinha da Madrugada) e Galpão da Associohorti na rua Sta Rosa.

Etimologia. No início, para apanhar os peixes, os colonizadores europeus haviam aprendido uma técnica indígena de envenenar a água com timbós ou tinguis. Porém, o veneno causava danos ao rio e, em 1591, o governo local proibia a técnica, com pena de quintos réis, no Tamanduateí. Com a proibição, os pescadores passaram a colocar em certos pontos do rio uma armadilha chamada "pari": Era uma cerca de taquara ou cipó, estendida de lado a lado para pescar peixes. No caso, eles eram pescados principalmente nos rios Tietê e Tamanduateí, que ficavam próximos e eram rios piscosos, próprios para a instalação de "paris". Daí nasceu o nome do bairro: Pari.

Formação. O Pari é um bairro antigo cravado entre os rios Tamanduateí e Tietê. Formou-se em fins do século XVI, constituído essencialmente por pescadores, seus habitantes eram formados por índios, portugueses e mamelucos. Situado em uma região de alagamentos, Pari foi uma parte importante para a sobrevivência e o crescimento da cidade durante seus primeiros séculos, enquanto a alimentação dos moradores era resultado da pesca. Em 1867, foi inaugurado, pela São Paulo Railway, um pátio ferroviário denominado Pari, hoje erradicado, que auxiliava nas manobras e na estocagem dos materiais que não podiam permanecer na Estação da Luz, possuindo também uma pequena estação de embarque e desembarque de mercadorias. Porém, apesar do nome, o pátio situava-se fora do atual distrito, entre as atuais ruas São Caetano, Monsenhor Andrade, Mendes Caldeira e a Avenida do Estado, no Distrito do Brás. Neste distrito, também também se situa o denominado Largo do Pari, logradouro da confluência da Avenida do Estado com a Rua Santa Rosa e, por aí, se percebe que a delimitação do distrito não respeitou a antiga compreensão que se tinha do Bairro do Pari.

Século XX

No início do século XX, a cidade de São Paulo, passa por um intenso processo de urbanização e a vinda de um grande fluxo de imigrantes europeus. O Pari por ser um bairro operário, recebe grandes contingentes de italianos, espanhóis, portugueses e gregos, nesse período os imigrantes italianos, nos fins de semana, ocupavam a praça Padre Bento, para cantar e dançar a "tarantela". Para tentar acabar com os constantes transbordamentos nos arredores do rio Tamanduateí, a prefeitura mandou, em 1908, solevar uma grande extensão da várzea do rio. Foram cobertos com dois metros de terra as planícies do Brás, passando por Pari, até a Mooca. Na década de 1940, sírios e libaneses passam a integrar o bairro multi-étnico.


Rua das Olarias.  Denominada pelo Ato nº 972 de 24 de agosto de 1916 Denominação de origem popular que lembra a existência de olarias no local, para a fabricação de tijolos e telhas, muito comuns em São Paulo e principalmente próximos aos rios Tietê e Tamanduateí. Nos anos 60, assim como toda a região central de São Paulo, o Pari passou por um processo de degradação e esvaziamento populacional, na década de 1980 o bairro passou a abrigar um grande contingente da colônia coreana e, a partir da década de 1990 o bairro começa a receber um grande número de imigrantes bolivianos, que se reúnem aos domingos na praça Kantuta. Nos últimos anos do século o bairro mudou seu perfil urbano, e suas antigas fábricas passaram a ser substituídas por novos empreendimentos residenciais. Histórias do Pari. 

Atualmente o bairro do Pari é conhecido como um dos maiores polos da indústria de confecções do país, sendo visitado diariamente por consumidores vindos de diversas regiões do Brasil e até do exterior, para adquirir confecções e produtos de vestuário nas centenas de lojas que comercializam tanto no atacado como no varejo, localizadas principalmente nas ruas Silva Teles, Maria Marcolina, Oriente entre outras, se estendendo até o bairro do Brás, formando com o comércio deste bairro vizinho um único centro comercial.

PILLON, UM TÍPICA FAMÍLIA D PARI


Festa na Carrocerrias João Pillon, em 1944.

Na 1ª Fila da esquerda para a direita, no fundo empé, o 8º é meu avô Vitório Pillon, ao lado sua filha Eurydice Pillon (a que cantava na Páscoa, ela fazia o papel da Verônica), ao lado sua filha Doly Pillon,
ao lado não sei, mas a seguir vem a filha mais velha Ester Pillon. 2ª Fila, do meio, da esquerda para a direita a 3ª é a esposa do Álvaro Pillon, Judith Mantovani Pillon e atrás dela, a esposa do meu avô, minha avó Cecília Carlet Pillon. 3ª fila, ao lado do sanfoneiro, Vladir Pillon, meu pai aos 9 anos. Meu tio Wilken Pillon não está na foto, pois estava no Rio de Janeiro se preparando para partir para a Europa lutar na 2ª Guerra. Chegou até a embarcar em 1945, mas graças a Deus a guerra terminou.V. Meu tio Álvaro devia estar  batendo a foto, porque assim como eu ele era o fotografo da família.

Thereza Pillon

O BAIRRO MAIS DOCE DE SÃO PAULO



O “bairro doce” de São Paulo é um dos mais antigos da cidade, separado da Vila Guilherme pelo Rio Tietê e vizinho do Brás, do Belém e da Luz, o Pari tem como principais pontos de referência a igreja de Santo Antônio do Pari e o Estádio do Canindé, sede da Portuguesa de Desportos. Fundado por pescadores, que escolheram seu nome baseados no uso, muito comum no local na época, de uma armadilha indígena, o “pari”, para fisgar os peixes dos rios Tamanduateí e Tietê; o bairro teve sua história marcada pelo cheiro doce que saía das chaminés das fábricas de biscoitos e guloseimas instaladas décadas atrás.  Hoje indústrias como Tostines, Neuza e Bela Vista, já se mudaram, abrindo espaço para o comércio de utilidades domésticas que tem crescido diariamente no Pari. São centenas de lojas que agora se atrevem a esconder os restaurantes e estabelecimentos tradicionais, especializados em diferentes culinárias, maravilhosos que o distrito possuí. Marjoritariamente simples, chegando às vezes a possuir decoração antiquada, os ambientes são familiares, tendo a presença dos donos diariamente e preços acessíveis. Toda a variedade encontrada deve-se ao encontro das diversas gerações de imigrantes que passaram a viver a partir do final do século XVI. Portugueses, italianos, libaneses, coreanos e, mais recentemente, bolivianos, habitam o Pari e ali reproduzem as receitas tradicionais que suas famílias costumavam fazer em suas próprias casas. Todo esse mix de culturas transformou o distrito em um incipiente pólo gastronômico na capital paulistana.

É comum ver três gerações de uma mesma família dividindo algumas das enormes porções de bacalhau da Casa Santos. Qualquer que seja a receita e o modo de preparo do os preços são os mesmos: 59 reais (para uma ou duas pessoas), 129 reais (para três) e 195 reais (para cinco). Nessa casa a procura pelo bacalhau é tão grande que os fornecedores entregam de 300 a 350 quilos por semana. “Num sábado dos bons, chegamos a vender entre 600 e 700 bolinhos de bacalhau”, conta Sônia Osório, uma das donas. 

 Localizado na rua Barão de Ladário o Restaurante do Líbano, da família Mohamad e Hanie Moussa entrou no mundo gastronômico reproduzindo pratos típicos libaneses que eram costumeiramente produzidos na cozinha do casal. “Passamos a servir as mesmas receitas que minha mãe fazia em nossa casa”, conta o filho Hassan Moussa, que administra o salão. “Ficávamos felizes nos dias em que atendíamos a três ou quatro mesas.”Em 2005, o restaurante mudou do número 907 para o 831 da mesma via, em instalações maiores e mais modernas, e trocou o nome para Casa Líbano. Nas paredes há belas fotos de cidades libanesas, em preto-e-branco. Logo na entrada fica o café e, no fundo, está instalada a mercearia da qual se pode levar produtos importados do Oriente Médio, como frutas secas e narguilés, além do açougue islâmico,(onde estão à venda cortes obtidos segundo preceitos muçulmanos. Essa carne com corte especial é a matéria-prima de itens como o quibe, a esfiha e a cafta servidos no restaurante que não vende bebidas alcoólicas.      

Os 15 centímetros de diâmetro da massa são a medida que faz a fama das esfihas preparadas no Rei das Esfihas. Conhecidíssimo pelos apreciadores do quitute, o restaurante tem a 30 anos um único garçon, Tadeu Dantas, que atende sozinho aos 36 lugares do salão. Na cozinha, doze pessoas encarregadas de dar conta dos pedidos espremem-se na cozinha, à vista do cliente, para preparar a massa, enrolá-la, recheá-la  e mandá-la ao forno. Podendo ser de carne, mussarela, calabresa, provolone, escarola, presunto, palmito ou calabresa com catupiry No início deste ano, as esfihas gigantes passaram a fazer parte do cardápio da Barakiah, lanchonete com ambiente mais amplo e fachada envidraçada que os mesmos donos do Rei das Esfihas inauguraram numa esquina a cerca de 200 metros da casa original.   

A relação  do fundador do Recanto do Líbano, Manuel Ferreira, e os doces árabes, vem de 1970. Quando o mineiro desembarcou em São Paulo para trabalhar como faxineiro em uma confeitaria e passou a observar os cozinheiros preparando doces.
Em 1989, deixou de ser empregado e abriu a própria fábrica, que hoje tem cinco funcionários que preparam 2.000 doces por dia, sob o atento olhar do dono do empreendimento. Vendidos no pequeno e simplório salão ou despachados para clientes (como o Empório Tio Ali, os restaurantes Congonhas Grill, do Aeroporto de Congonhas e Esfiha Imigrantes, na Saúde) os deliciosos doces são um sucesso. 

Além dos estabelecimentos há das 11h às 19h aos domingo, na Rua das Olarias, uma Feira Livre Andina. Ponto de encontro de milhares de bolivianos que vivem em São Paulo, os vendedores circulam por um trecho de cerca de 200 metros da rua, até a praça Kantuta. Em cerca de oitenta barracas, é possível comprar artesanato, vestimentas, alimentos, como pães, diversos tipos de batata e de milho, caixinhas de chá de folha de coca e quinoa e comer receitas típicas, como frango churrasqueado, saltenhas apimentadas, anticucho, tendo como bebidas, suco de amendoim batido, refresco de pêssego e o refrigerante peruano Inca-Cola, de cor amarelada.  Heloísa Gonçalves Pinto


1960: corredor e ponto de ônibus na Avenida Celso Garcia.



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ZONA LESTE


XVI

JARDIM ANÁLIA FRANCO, TATUAPÉ, SÃO MATEUS, PENHA, CANGAÍBA ,

BELÉM, BELENZIHO, VILA MARIA ZÉLIA, 

PARQUE NOVO MUNDO, JARDIM JAPÃO, COHAB E SINGAPURA


A Zona Leste de São Paulo é genericamente a área do município brasileiro de São Paulo situada a leste do rio Tamanduateí. Embora não exista uma lei definindo claramente os limites da Zona Leste, a maioria dos órgãos públicos e privados concordam em incluir na região as subprefeituras da Penha, Ermelino Matarazzo, São Miguel Paulista, Itaim Paulista, Guaianases, Itaquera, Cidade Tiradentes, São Mateus e Subprefeitura de Aricanduva/Formosa/Carrão. Na maioria das vezes também é incluída a Subprefeitura da Mooca (parte também do Centro Expandido) e as subprefeituras de Vila Prudente e Sapopemba e a Subprefeitura do Ipiranga. Oficialmente porém, definem-se as seguintes zonas: Zona Leste 1 de São Paulo; Zona Leste 2 de São Paulo; e Zona Sudeste de São Paulo


Antigos galpões da Mooca.

Os colonizadores portugueses que buscavam rumos para o oeste sofriam constantes e violentos ataques indígenas pelo caminho por terra. Então os rios Tietê, Tamanduateí, Aricanduva e seus afluentes tiveram um importante papel nas bandeiras. Estas utilizavam as vias fluviais para garantir segurança e maior rapidez. Pouco a pouco, as localidades banhadas por esses rios, áreas distantes do Centro Histórico de São Paulo, foram povoadas, exemplo de: Mooca, Tatuapé e São Miguel Paulista. Na última, o primeiro núcleo populacional da zona, houve a fundação da primeira igreja por meio dos jesuítas no ano de 1622, sendo estabelecida a Capela de São Miguel Arcanjo. Com o passar dos anos, a região ganhou importância, pois fazia a ligação de São Paulo e Rio de Janeiro. O município de São Paulo expandia-se, e seus territórios mais distantes tornavam-se propriedades rurais. Vilas eram criadas ao redor de igrejas, sendo assim criados novos bairros, como a Penha. No final do século XIX, o município industrializa-se e as antigas propriedades rurais são substituídas por indústrias e bairros proletários, caso de Vila Matilde e Vila Formosa. Houve, também, uma extensão da malha ferroviária paulistana, que escoava as mercadorias. Através da imigração, a população multiplicou-se descontroladamente e os bairros operários passaram a sofrer marginalização, por serem desprovidos de infraestrutura. Os imigrantes vindos predominantemente da Itália, Espanha, Japão, Síria e Líbano estabeleceram tradições de suas culturas em seus bairros, forte exemplo da Festa de San Gennaro e Clube Atlético Juventus na Mooca. Na Vila Zelina, Vila Alpina e Vila Bela, região da Vila Prudente, há forte influência de povos eslavos. As fábricas existentes, primeiramente produtoras de tecidos e alimentos, são gradativamente substituídas pela indústria pesada e construção civil. As mesmas passam a exigir grande quantidade de mão de obra. A imigração diminuía a cada ano, e começou a haver a atração de milhões de migrantes oriundos da Região Nordeste do Brasil. As regiões periféricas recebiam novos moradores, que, por falta de fiscalização do Governo, construíam suas moradias em áreas sem infraestrutura, saneamento básico, eletricidade, dentre outros aspectos. Surgiram, então, os bolsões de pobreza vistos na maioria dos distritos das regiões Leste 1 e 2. Aliado à decadência da indústria paulistana, a zona enfrenta inúmeros problemas, fazendo com que registre a pior renda média familiar e a menor concentração de atividade econômica, sendo uma das mais pobres do município.


Na cultura popular


Arena Corinthians e seu entorno imediato.


Na Zona Leste, a presença da sede oficial do clube de futebol Corinthians no bairro do Tatuapé e a Arena Corinthians em Itaquera, ambos bairros da Zona Leste, é um dos principais motivos da forte identificação de grande parte dos moradores da região com a instituição e fazem com que haja uma forte ligação, entre os moradores da Zona Leste os torcedores da equipe paulista. Outro clube conhecido do futebol paulista, que tem a sua sede social e o seu estádio situado na Zona Leste, é o Juventus da Mooca. Na linguagem coloquial, a Zona Leste é frequentemente designada pela sigla ZL.

Regiões


Zona Leste 1. A Região Leste Um de São Paulo é uma região administrativa estabelecida pela prefeitura de São Paulo englobando as subprefeituras da Penha, de Ermelino Matarazzo, de Itaquera e de São Mateus. De acordo com o censo de 2000, tem uma população de 1 552 070 habitantes e renda média por habitante de 875,90 reais. É uma região diversificada, tanto comercial, quanto residencial, que está em desenvolvimento, a qual está passando por processos de urbanização e regularização de áreas risco (favelas), canalização de córregos e do rio Aricanduva, além da verticalização.

Zona Leste 2. A Região Leste Dois de São Paulo é uma região administrativa estabelecida pela prefeitura de São Paulo englobando as subprefeituras do Itaim Paulista, de Guaianases, de São Miguel Paulista e da Cidade Tiradentes. De acordo com o censo de 2000, tem uma população de 1 169 815 habitantes e renda média por habitante de 625,26 reais. É a região com renda per capita mais baixa do município, com pior infraestrutura, com a maior incidência de pobreza (63,9% da população) e com o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

Zona Sudeste. Região dos distritos de Vila Prudente e Mooca, na Zona Sudeste. A Região Sudeste de São Paulo é uma região administrativa estabelecida pela prefeitura de São Paulo englobando as subprefeituras da Mooca, de Aricanduva, de Sapopemba, de Vila Prudente e do Ipiranga. Forma, com as Zonas Leste Um e Dois, a macro-zona conhecida simplesmente como Zona Leste, à exceção da subprefeitura do Ipiranga. De acordo com o censo de 2000, tem uma população de 1 522 997 habitantes e renda média por habitante de 2 441,40 reais. É a região mais desenvolvida da Zona Leste do município, com melhor urbanização, verticalização, infraestrutura, e bairros nobres, como o Jardim Avelino.

Perfil social, econômico e de infraestrutura. Popularmente, a Zona Leste é vista como a "periferia de São Paulo" algo que não faz mais sentido com a região, que nos últimos anos, tem tido uma mudança de perfil econômico em vários distritos, principalmente os mais próximos do centro, como exemplo os distritos de: Água Rasa, Belém, Carrão, Mooca, Tatuapé, Vila Formosa, Vila Prudente e parcialmente os distritos de Aricanduva, Penha, São Lucas e Vila Matilde. Esses distritos, formam uma "fronteira social" fazendo a Zona Leste se dividir entre os distritos com maior infra-estrutura, e com os menos desenvolvidos. Já os distritos da Zona Leste mais distantes do centro, é comum serem chamados de "Periferia da Zona Leste" algo que já faz mais sentido, mas apesar disso, ainda não é possível saber a real desigualdade da Zona Leste, já que mesmo nos distritos que são realmente periféricos, é possível encontrar bairros de classe média. De acordo com ArchDaily, 10 dos 20 distritos com pior IDH de São Paulo estão na região, enquanto somente o distrito do Tatuapé está entre os 20 melhores. Quatro dos cinco distritos com média salarial mais baixa também estão na região (Lajeado, Guaianases, Jardim Helena, e Artur Alvim).

A Zona Leste também é a região menos arborizada da cidade, com uma cobertura vegetal de apenas 11% enquanto detém um terço da população paulistana. Apesar disso também é a região onde se localiza o Parque do Carmo, o maior do município de São Paulo, além do Parque Ecológico do Tietê.
Em termos de infraestrutura, a região é atendida pelas linhas 3 e 15 do Metrô de São Paulo e pelas linhas 11, 12 e 13 da CPTM. Dois dos mais importantes eixos de desenvolvimento da região são o Jardim Anália Franco, localizado no distrito de Vila Formosa, e o recente Eixo Platina, no Tatuapé, onde está localizado o edifício mais alto de São Paulo (Platina 220). A região sedia a Escola de Artes Ciências e Humanidades da USP (EACH/USP) e o Instituto das Cidades da Universidade Federal de São Paulo (IC/UNIFESP).


AVENIDA RADIAL LESTE


Avenida Radial Leste, uma importante via arterial da cidade de São Paulo, cruzando todo o eixo leste da capital paulista em direção à região central, servindo às subprefeituras da Mooca, Penha, Itaquera, Guaianases, além de ser a principal via de ligação da cidade de São Paulo com o município de Ferraz de Vasconcelos.

No sentido Centro-Bairro, a Radial Leste tem seu início na região do Parque Dom Pedro II, na altura da rua da Figueira, embora seu fluxo de veículos mais importante provenha do elevado do Glicério, que a conecta com a Ligação Leste-Oeste e com a Avenida do Estado. Tendo sua criação anunciada em 1945, a via surgiu como opção para diminuir o trânsito das avenidas Rangel Pestana e Celso Garcia. 

O nome Radial faz referência à maneira com a obra foi pensada para ser um raio dentro de uma circunferência, ou seja, uma reta que parte do centro paulistano dentro de um círculo formado pelo conjunto de avenidas e ruas da região central. O projeto para a construção da Radial Leste foi apresentado em 1945 pelo então prefeito da cidade de São Paulo, Prestes Maia. 

No entanto, suas obras só foram iniciadas doze anos depois, em 1957. Na época, a avenida Rangel Pestana e a Avenida Celso Garcia encontravam-se congestionadas devido ao grande fluxo de automóveis, linhas de bonde e ônibus na região, sendo assim a Radial Leste surgia como via necessária para aliviar o trânsito nas mesmas e opção de caminho para o motorista. Boa parte das áreas utilizadas para a construção da avenida faziam parte da faixa patrimonial da Estrada de Ferro Central do Brasil, o que facilitou sua construção. 

A implantação da nova via estimulou a especulação imobiliária na região e serviu como estímulo para a ocupação da região leste de São Paulo, que se tornaria a mais populosa da cidade algumas décadas depois. Após mais de uma década paralisado, o prolongamento da Radial Leste da região do Tatuapé à Vila Matilde foi retomado em 1966 na gestão do prefeito José Vicente Faria Lima, quando foi inaugurado em 17 de maio de 1967 mais um trecho de 800 metros de extensão, entre a praça Presidente Kennedy (na altura da rua dos Trilhos) e a rua Bresser e o viaduto Alcântara Machado, de 1 150 metros de extensão.[Textos e imagens da Wikipedia]

Inaugurção da radial Leste. Formação dos bairros da Zona Leste







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JARDIM ANÁLIA FRANCO, TATUAPÉ E SÃO MATEUS





Jardim Anália Franco é um bairro nobre paulistano pertencente ao distrito de Vila Formosa, localizado na Zona Leste da cidade de São Paulo que surgiu no final da década de 1960. O Jardim foi assim nomeado em homenagem a educadora Anália Franco que conservava no país, escolas e instituições de apoio a mulheres e crianças desabitadas. Após a morte da Anália Franco, o terreno que havia comprado para habitar essas crianças e mulheres, passou por diversas transformações, e após os anos 80 passou por uma valorização e foram construídos prédios de alto-padrão. Chegaram o conhecido shopping Anália Franco (avenida Regente Feijó, 1739 e a Universidade Cruzeiro Sul onde era a escola.

História. No início do século vinte, mais precisamente em 1901, a, na época educadora, Anália Franco adquiriu uma chácara na região Sudeste e nesse terreno fundou a Associação Feminina Beneficente Instrutiva, essa associação tinha a função de empregar ex-prostitutas com o propósito de trabalhar nas lavouras e também investia na educação de órfãos. Esse lar funcionou até 1993, nesse terreno havia uma casa de taipa-de-pilão, a qual existe até hoje e na qual morou por mais de dez anos Diogo Antônio Feijó (1784-1843). O bairro surgiu em 1968, resultado do loteamento do terreno da Associação Feminina Beneficente Instrutiva - Lar Anália Franco, fundada pela filantropa fluminense Anália Franco Bastos. Antes disso, no início, o jardim tinha o nome de Sítio do Capão Grande, as terras do Jardim já pertenceram ao Regente Feijó.

Foi construído como um loteamento de alto padrão nas proximidades do então Lar Anália Franco, que funcionou como um asilo para crianças orfãs de 1911 á 1993; e desde então vem se transformando.

O local do loteamento era um aterro sanitário, muito conhecido da população local da época (chamavam-no simplesmente de matão). A área de loteamento incluia o Ceret - Centro Recreativo do Trabalhador, que mais tarde se tornaria um clube privativo; a área compreendia parte dos atuais distritos de Vila Formosa e Tatuapé.

Curiosamente, o antigo aterro sanitário retardou o processo de urbanização de um bairro de alto padrão aos moldes do Jardim América, que seria planejado por uma instituição privada. Este bairro é o atual vizinho Vila Formosa.

Seis anos mais tarde surge o Ceret, com intuído de ser um clube privado, destinado a trabalhadores sindicalizados e moradores do local que estariam dispostos a pagar para usufruir do empreendimento; Futuramente o mesmo seria convertido para parque público e batizado como Parque Anália Franco, no início com jurisdição do Governo do Estado e logo depois cedido para a prefeitura paulistana; o então empreendimento clube privado valorizou o Anália trazendo condomínios horizontais para a região, essas casas eram de 10 x 20 metros quadrados ou até 10 x 30 metros quadrados. Nos anos 1980 inicia-se a verticalização da região, o primeiro condomínio foi o Mansão Anália Franco, um edifício de alto-padrão.


Na divisão geográfica do município, chama-se "região leste" à área 4, compreendida entre a Av. Sapopemba, a Radial Leste, a Av. Salim Farah Maluf e o limite do município. Esta região é representada pelas cores vermelha (Zona Leste), amarela (Zona Nordeste) e verde (Zona Sudeste) nas placas de rua e nos ônibus e microônibus urbanos que circulam na região

Chácara Anália Franco, antiga obra social que deu origem à grande parte do bairro. 



CERET. Com 286.000 metros quadrados de área o CERET (Centro Esportivo, Recreativo e Educativo do Trabalhador) antes do início das construções do parque em meados dos anos 1970, era uma reserva da Mata Atlântica, conhecida por Mata Paula Souza, formada por árvores das mais diversas espécies. Em 1970 através do decreto, o Governador Abreu Sodré desapropriou a área, dando início à construção de centro destinado ao trabalhador, que ocupa menos da metade da mata original. As obras tiveram início em 1973, e em 1974, a estátua de Davi (réplica da obra de Michelangelo, doada pelo governo Italiano) foi retirada do estádio do Pacaembu, para ocupar a entrada do Ceret.

Inaugurado em 1975, o local conta com três campos de futebol oficiais, um campo de futebol society, quatro quadras de basquete, quatro quadras de vôlei, quatro quadras poliesportivas, seis quadras de saibro, pista de atletismo, pista de atletismo com seis raias, dois locais para arremessos de peso e disco, um ginásio poliesportivo, duas canchas de bocha, galpão e sala de ginástica. Vale destacar a piscina de 100 metros de cumprimento por 50 metros de largura que comporta em média 5,5 milhões de litros de água e está entre as maiores da América Latina.

Vale ressaltar que para usar qualquer dependência do parque CERET não é necessário o pagamento de mensalidade e apresentação de algum tipo de carteirinha.

Em Setembro de 2012, foi instalado no parque um programa que visa estimular a implantação de horas comunitárias e escolares, com a intenção de conscientizar a comunidade sobre os cuidados com o meio ambiente através do ensino das técnicas de cultivo de hortaliças e de outras plantas.

O bairro está localizado muito próximo ao distrito de Tatuapé e Água Rasa. Faz divisa entre os respectivos distritos, limitando a área do seu distrito, Vila Formosa. É também uma região muito conhecida informalmente como Altos do Tatuapé.[

Tradicionalmente o bairro era pertencente ao distrito do Tatuapé, mas através da lei 11.220 de 20 de maio de 1992, onde se estabeleceu a nova divisão de distritos de São Paulo, a então prefeita Luiza Erundina desmembrou parte do Tatuapé; com isso o Jardim Anália Franco e o bairro vizinho Chácara Paraíso foram transferidos para a Vila Formosa e Água Rasa, respectivamente. Entretanto, boa parte da população local ainda se engana com relação à sua localização e de seus bairros vizinhos; devido à continuidade da verticalização da região que engloba além do Jardim Anália Franco, partes dos distritos de Água Rasa, Tatuapé e do próprio distrito de Vila Formosa; fazendo com que se perca os limites precisos entre os distritos e consequentemente de seus respectivos bairros.

Roberto Dubeau, descendente de imigrantes franceses, nasceu na cidade praiana de Santos-SP em 16 de setembro de 1926 e logo viria morar no Tatuapé, onde foi fotografado em sua bicicleta 


Tatuapé é um distrito na Zona Sudeste de São Paulo (ou mais conhecido apenas como Zona Leste de São Paulo) no Município de São Paulo, Brasil. Possui a forma aproximada de um hexágono côncavo.
Foi uma região brasileira pioneira na prática da viticultura, tendo sua primeira vinícola instalada por Brás Cubas em 1551. Esta atividade foi a principal fonte de economia do bairro e atingiu seu apogeu em fins do século XIX, com a instalação das vinícolas de famílias de imigrantes italianos, como as famílias Marengo e Camardo, cujos membros, hoje, emprestam seus nomes a algumas ruas do bairro. A área do distrito, originalmente, abrangia também os atuais distritos do Carrão, Aricanduva e Vila Formosa, que foram se emancipando gradualmente por decretos da prefeitura. Os atuais limites do distrito foram estabelecidos em 1990 pela prefeita Luíza Erundina. Isto fez que o distrito de Carrão perdesse a Estação Carrão do Metrô de São Paulo, já que com essa nova divisão, a estação ficou a poucos metros da divisa com o distrito de Carrão, em território do Tatuapé. De acordo com os mapas oficiais da Prefeitura de São Paulo. Também fez com que o Jardim Anália Franco, considerado tradicionalmente parte do Tatuapé, fosse transferido para o distrito vizinho da Vila Formosa. O distrito com todas as vilas é delimitado pelo quadrilátero formado pelas vias: Rua Antônio de Barros, Avenida Salim Farah Maluf, Rua Emília Marengo e Marginal Tietê.

Casario no Parque São Jorge, 1952.

O desenvolvimento do distrito aconteceu de maneira desigual. Dividido ao meio pela ferrovia, que hoje serve ao metrô e à Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, durante a segunda metade do século XIX, o lado norte se tornou uma região altamente industrializada, sediando fábricas de empresas como o Grupo Vicunha, a Bosch do Brasil, a Itautec/Philco e a Souza Cruz, enquanto a parte sul era predominantemente rural, ocupada principalmente por fazendas e chácaras. Típica vila operária da primeira metade do século XX que sobreviveu a descaracterizações e demolições de construções antigas, um grave problema de preservação do patrimônio histórico que ainda ocorre com bastante força no Século XXI. Na segunda metade do século XX, as antigas chácaras da parte sul do distrito começaram a ser loteadas para a construção de condomínios residenciais de médio e alto padrão, o que atraiu para o distrito famílias com maior poder aquisitivo, motivando o surgimento de estabelecimentos comerciais e de lazer destinados a atender o novo público da região. Enquanto isso, o norte do distrito se notorizou como uma região de comércio popular e estritamente residencial, de casario baixo, que sofreu com o esvaziamento industrial, deixando galpões abandonados que só começaram a ser desapropriados para o uso residencial em meados do final da década de 1990 e finais da década de 2010, especialmente nas proximidades do Parque do Piqueri.

Praça Silvio Romero nos anos 1960


Estação do Metrô Tatuapé nos anos 1980. 


Sport Club Corinthians Paulista. O distrito também abriga o Sport Club Corinthians Paulista, um dos clubes de futebol mais bem sucedidos e populares do Brasil. O clube chegou ao Tatuapé em 1926, onde montou a sua sede social, localizada dentro do Parque São Jorge.


O Memorial do Corinthians, também conhecido como Memorial do Parque São Jorge, é uma homenagem ao time brasileiro de futebol Sport Club Corinthians Paulista, onde são representados os 113 anos de história do time. O memorial fica localizado na Sede do clube, no Parque São Jorge, na zona Leste de São Paulo e é aberto para visitação pública.É considerado uma atração turística da cidade, foi inaugurado no dia 27 de Janeiro de 2006. O Memorial ocupa uma área de aproximadamente 1.500 metros quadrados dentro do Parque São Jorge, que tem 158.170 metros quadrados. Inaugurado em 27 de janeiro de 2006, o Memorial com nome do padroeiro do time, tem sua sede social do time localizada no Parque São Jorge desde 1928. Em sua abertura, foi notada a presença de várias personalidades como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi convidado para inaugurar o Memorial, além de fazer um discurso, o deputado Nivaldo Santana, o presidente do Corinthians Alberto Dualib, o Governandor do Estado de São Paulo Geraldo Alckmin, o prefeito de São Paulo José Serra, entre outros.


São Mateus é um bairro localizado no distrito homônimo do município de São Paulo. Sua área é de 13,2 km² e em 2010 tinha uma população 155.140 habitantes. A maior parte população possui renda média. Existe, ainda, uma grande concentração de comércio, concentrada na principal via do bairro, a avenida Mateo Bei. Por São Mateus também passa a maior avenida do Brasil, em extensão, a Sapopemba, além de estar localizado ao lado da região do ABC Santo André, e distritos como o Aricanduva e Tatuapé. O bairro teve origem em 1948, quando Mateo Bei, resolveu lotear o terreno comprado pela sua família (família Bei) dois anos antes. Em 1949 surgiu o primeiro estabelecimento comercial, o Empório do Eustáquio. Três anos depois a empresa de ônibus Cometa ligou o bairro com a Avenida Sapopemba.




O patriarca Matteo Bei com sua família nos 1930. Seus filhos, sobretudo Armando Vitório Bei, deram continuidade aos negócios imobiliários na Capital e também no litoral. Em São Vicente, na divisa Leste com Santos, lotearam a Vila Jockey Clube (local do antigo hipódromo),Vila Matteo Bei e Sambaiatuba. 


São Mateus é um distrito localizado na zona leste do município brasileiro de São Paulo, a aproximadamente 20 km da região central do município. Foi criado pela Lei Estadual nº 4.954, de 27/12/1985,[1] após pedido apresentado a Assembleia Legislativa de São Paulo no ano de 1984.Tem uma população de aproximadamente 220 mil habitantes. Recentemente tentou uma emancipação, sem êxito.  Loteado a partir de 1948, somente a partir de 1956 teve seu desenvolvimento mais acelerado, devido ao grande desenvolvimento econômico do ABC Paulista e a forte migração para São Paulo (principalmente de mineiros, portugueses, japoneses, pessoas oriundas do interior de São Paulo e nordestinos). Seu comércio concentra-se sobretudo em uma das principais vias da região, a Avenida Matteo Bei. Bairros de São Mateus: Jardim São Cristóvão; Jardim São José; Cidade IV Centenário; Conj. INOCOP Barreira Grande; Jardim Itamarati; Jardim Nove de Julho; Jardim Imperador; Jardim Egle; Jardim Itápolis; Vila Santo Antônio; Jardim Cinco de Julho; Jardim Tietê; Cidade São Mateus; Parque do Jardim Sapopemba; Jardim Colonial; Jardim Santa Adélia; Jardim Vera Cruz; Jardim Três Marias; Cidade Satélite Santa Bárbara; Jardim Vila Carrão; Parque São Lourenço; Jardim Ricardo Jardim da Conquista.

Avenida Ragueb Schoff em 2022, altura do número 2700, futura Estação Boa Esperança do Metrô. 


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PENHA, CANGAÍBA, BELÉM, BELENZINHO



Basílica Nossa Senhora da Penha em meio as edificações do bairro Penha de França

Penha é um distrito na Zona Leste de São Paulo, conhecido pelos vários templos de diversas religiões, sobretudo católicos. A arquitetura da região chama a atenção de quem passa pelos bairros próximos à porção central do distrito pois é possível ver de construções típicas do século XIX a construções modernas. A constante procura por residências na região fez com que ela se tornasse cada vez mais valorizada e, junto aos bairros do Tatuapé, Jardim Anália Franco, Vila Carrão, Mooca e Vila Prudente, compõe um conjunto de bairros da Zona Leste com IDH muito elevado e uma razoável infraestrutura.

História. A Penha é um dos distritos mais antigos do município de São Paulo. A primeira referência oficial a localidade é uma petição em que o licenciado Mateus Nunes de Siqueira obteve uma sesmaria do capitão-mor Agostinho de Figueiredo, a 5 de setembro de 1668. No ano de 1682, o o padre Jacinto Nunes, filho ou irmão do licenciado, aparece como proprietário e protetor da Nossa Senhora da Penha de França. Seu testamento diz que a dotou com bens e raízes, conforme consta em seu testamento aberto de fevereiro de 1684.

A origem da localidade está ligada intrinsecamente à religiosidade, pois seu nascimento se confunde com uma lenda que faz parte da história da fundação do local. Conta-se que um francês, católico devoto, seguia viagem de São Paulo ao Rio de Janeiro carregando consigo uma imagem de Nossa Senhora. Durante a caminhada ele pernoitou no alto de uma colina ainda sem nome ("Penha" significa penhasco, rocha, rochedo), e no dia seguinte retomou seu trajeto até dar por falta da imagem. Assustado, tratou de retornar pelo mesmo caminho e encontrou a estátua no alto da colina. No dia seguinte a estátua sumiu novamente durante o sono do viajante, que entristecido, retornou e encontrou novamente a estátua no alto da colina, o que foi interpretado pelo francês como vontade da santa, que havia escolhido o local para se estabelecer. A Igreja de Nossa Senhora da Penha foi finalizada em 1667; foi em torno dela que cresceu o povoamento do distrito. Um século depois, em 26 de março de 1796, a região foi promovida a Paróquia de Nossa Senhora da Penha de França; junto com a Paróquia de Nossa Senhora do Ó, foram as duas primeiras paróquias desmembradas da Sé. Mais tarde, a paróquia tornou-se freguesia.

No século XVII, a região era passagem obrigatória para os viajantes que se deslocavam entre São Paulo, Vale do Paraíba e Rio de Janeiro.Em 9 de julho de 1924 o distrito da Penha foi sede do governo estadual paulista quando Carlos de Campos, presidente do estado, foi forçado a abandonar o Palácio dos Campos Elísios após ser atacado pelas forças revolucionárias durante a Revolução de 1924. Campos ficou instalado em um vagão de trem adaptado, na estação Guaiaúna, até 28 de julho de 1924.

Avenida Penha de França nos anos 1940


Migrantes e imigrantes. Assim como em outros distritos da Zona Leste de São Paulo, na Penha fixaram-se muitas das pessoas que vieram a São Paulo em busca de melhores condições de vida, como italianos, portugueses, sírios-libaneses, japoneses, judeus e nordestinos. De 1920 aos anos 1940 a população saltaria de 6.080 para 56.709 habitantes. Embora fosse no início do século XX um bairro ocupado por uma maioria de pessoas pobres, também desfilavam no bairro famílias articuladas aos modismos da elite paulistana, como os Rodovalho, os Vergueiro, os Paiva Azevedo, os Gomes Jardim e os Augusto Camargo. É nessa época que algumas atividades de lazer se popularizam no bairro e se tornam mecanismos de integração social, como a ida ao cinema e as partidas de bocha e de futebol.

Bar no bairro da Penha, 1961. SP Antigamente.


Com o crescimento de São Paulo, a Penha foi testemunha de grandes mudanças no perfil da cidade, no seu ritmo e na sua paisagem. Vizinha de bairros como o Tatuapé, que também tem históricos registros arquitetônicos, mas vive um intenso processo de verticalização, a Penha encontra-se numa região sob forte pressão imobiliária. Muitas das construções históricas resistem à pressão imobiliária, mas nem todas. Construções de grande impacto na paisagem e de relevância na memória do bairro foram desmanchadas para dar espaço a outras, como o Palacete do Coronel Antônio Proost Rodovalho, foram Colégio Ateneu Ruy Barbosa, e em 2019, o casarão da Rua Antônio Lamanna. O aniversário do distrito é celebrado em 8 de setembro, dia de Nossa Senhora da Penha, padroeira do Distrito e do Município de São Paulo. Neste dia há muitas festas e comemorações no distrito, como missa, procissão, quermesse e queima de fogos. Os festejos começam no final de agosto, com uma novena, e terminam no final de setembro com o já tradicional encontro dos corais da região. Com a histórica vocação católica da Penha, que é repleta de igrejas, pensou-se no final da década de 1940 em erguer um edifício para servir de convento. Com sua conclusão no início da década de 1950, as autoridades religiosas responsáveis pela construção acabaram achando que o imóvel ficou grande demais. Concluiu-se que deveria ser transformada a edificação em um seminário para padres redentorista que ficou conhecido como Seminário da Penha. Já abrigou funções administrativas da prefeitura e também o Hospital Nossa Senhora da Penha.

CANGAÍBA



Foto tirada da Av. Cangaiba, altura curva do S, década de 1970, por José Pereira com uma Rolleyflex 6X6. Grupo Pùblico Cangaíba. 


Cangaíba é um distrito está situado na zona leste do município brasileiro de São Paulo, com 151.538 habitantes, de acordo com o Censo de 2010, é habitado em geral por pessoas de classes média e baixa.
Ao norte, faz divisa com o município de Guarulhos, através do Parque Ecológico do Tietê — região muito movimentada devido ao turismo ocasionado pelo parque e por abranger parte da rodovia Ayrton Senna, principal ligação da capital paulista com o Vale do Paraíba. Ao leste e ao sul, faz divisa com o distrito da Penha e também ao sul com a Ponte Rasa, mais a leste faz divisa com Ermelino Matarazzo, encerrando seu trajeto.

Bairros do Cangaíba: Jardim Jaú (Parte); Vila Londrina; Vila Mesquita; Vila Santo Henrique; Jardim Otília; Vila Paz; Jardim Gôndolo; Vila Dom Duarte Leopoldo; Jardim de Lorenzo; Chácara Cruz do Sul; Vila Pierina; Vila Vidal; Vila Rui Barbosa; Vila Araguaia; Vila Penteado; Chácara Santo Antônio; Jardim Arizona; Jardim Cangaíba; Jardim Piratininga; Vila Fernando; Vila Rufino; Jardim Paulistânia; Vila Hilda; Vila Antenor; Vila Rica; Jardim São Francisco; Vila Arruda; Vila Sartori; Jardim Janiópolis; Engenheiro Goulart; Vila Brasil; Vila Buenos Aires; Jardim do Castelo; Vila Franci; Vila Belo Horizonte; Vila Libanesa; Parque Líbano; Vila Sílvia; Jardim Danfer; Vila Amália; Jardim Gonzaga; Vila São Jorge; Jardim Penha; Jardim Aidar; Vila Guaraciaba (Parte).

Etimologia e História. O termo Cangaíba vem do tupi-guarani Cangaíva, da junção de caa + nga + iva, onde caa é mata, nga é lugar e iva é fruta, do que se traduz que as terras do Cangaíba eram um "lugar na mata com frutas" ou um "lugar frutífero na mata". 

Fundação. A teoria aponta que a data mais antiga localizada informando as antigas paragens do Cangaíba, se deu em torno da Carta de Sesmaria doada pelo Rei de Portugal, D. Fernando, ao Aldeamento Ururaí, que tinha 6.000 léguas, indo do antigo Vale do Ticoatira, próximo à desembocadura do Rio Tietê, até São Miguel de Ururaí (São Miguel Paulista), datada de 12 de outubro de 1580. A data de fundação do bairro Cangaíba, no entanto, a partir do colonizador é datada de 1667, quando bandeirantes solicitaram sesmarias na Penha de França e seu entorno, à época da descoberta do ouro, sendo invadidas, pouco a pouco, as terras indígenas da região. O treslado de uma Carta de Datas de 25 de novembro de 1667 aos oficiais da Câmara, informa que o bandeirante Pantalião Pedroso, morador na Vila de São Paulo, suplica uns "alagadiços" no "Cangá", uma corruptela de Cangaíva, para pastos de suas criações, gado e cavalgaduras, em terras indígenas. A súplica foi atendida, dando o título de fundador do bairro à Pantalião Pedroso que transformou a mata nativa em plantio para a subsistência e pastos. Nos séculos seguintes a região cairá em abandono, sendo recrutados os índios escravizados para desbravar outros sertões e surge um novo ciclo do ouro em Minas Gerais, alterando o foco da migração dos colonizadores.

Foto tirada da Av. Cangaiba, altura curva do S, década de 1970, por José Pereira com uma Rolleyflex 6X6. Grupo Pùblico Cangaíba. 


As vilas do Cangaíba. O Cangaíba do século XIX era uma longínqua vila da Freguesia da Penha de França que de tudo carecia, mas que se desenvolveu tão rapidamente que, atualmente, é um distrito que possui dezenas de vilas e uma extensa rede de comércio e serviços em toda a região. Cabe-nos recordar que toda a cidade se desenvolveu a partir dos mesmos fenômenos históricos- sociais, os antigos sítios e chácaras dos séculos XVIII e XIX passaram a ser loteados, a partir da industrialização do centro da cidade, que fez com que as vilas ao redor se tornassem dormitórios do imenso fluxo de moradores que buscaram a região para morarem próximas da área do trabalho ou para iniciarem um pequeno comércio, como padarias, açougues, bares, mercearias e casas de materiais de construção, que com o tempo, diversificaram em magazines, salões de cabeleireiros, calçados, móveis, roupas, restaurantes, docerias, escolas particulares, bancos e outros serviços.

Neste contexto, desenvolveram-se as vilas que se formaram ao longo das principais avenidas, as que se formaram às margens do Tiquatira, no sentido Penha de França a Ermelino Matarazzo com quem faz divisa são: Jardim Jaú, Vila Londrina, Chácara Cruzeiro do Sul, Vila Rui Barbosa, Vila Pierina, Vila Antenor, Jardim Arizona, Vila Araguaia, Vila Buenos Aires, Jardim Penha, Vila Libanesa e Parque Boturussu. 

As que se formaram a partir do topo do Cerro do Cangaíba, sentido Avenida Doutor Assis Ribeiro ou ao contrário, fixaram-se às margens da várzea do Tietê e demarcaram suas divisas no topo do cerro são: Vila Mesquita, Jardim Piratininga, Jardim Paulistânia, Engenheiro Goulart, Vila Sílvia, Jardim Danfer e Vila Cisper.

 As vilas que surgiram entre as antigas várzeas do Rio Tietê e a linha férrea do Trem Metropolitano, são: Jardim Flávio, Jardim Piratininga (citado acima) na parte abaixo da linha férrea, Jardim São Francisco e Jardim Keralux. Algumas vilas não tem seu perímetro delimitado, são elas: Vila Paz, Jardim do Castelo, Jardim Janiópolis, Vila Franci, Vila Amália (próxima ao Jardim Danfer), Vila Arruda, Vila Belo Horizonte, Vila Ilda, Vila Rica, Vila Rufino, Vila São Pedro, Vila São Jorge, Vila do Sapo, Jardim Flavio, Jardim São Francisco e Vila Sampaio. 

Algumas regiões do bairro sofreram invasões, formando extensas favelas, como é o caso das mais conhecidas: Caixa d'Água (chamada anteriormente de Santa Rita), em Engenheiro Goulart; Arizona, no Jardim Arizona; Danfer, no Jardim Danfer; atrás da linha do trem, a Vila do Sapo e a do Pira, no Jardim Piratininga, e Bato e Morro da Fé.

Emancipação Política. O Cangaíba esteve vinculado à histórica Freguesia da Penha de França, tanto por ser caminho obrigatório do vai e vem dos habitantes da região, como por sua formação política e administrativa que esteve subordinada à Penha, até que, em 28.02.1964, a Assembleia Legislativa promulgou a Lei 8.092 que criou centenas de  municípios no Estado e novos subdistritos, declarando em seu Anexo I do Quadro Geral da Divisão Territorial do Estado de São Paulo em Comarcas, Municípios e Distritos, a criação do 41º Subdistrito- Cangaíba- com território desmembrado do 3º Subdistrito- Penha de França do Distrito de São Paulo. Em 11 de março de 1997, é aprovado o Projeto de Lei que institui o Dia do Aniversário do Cangaíba, a ser comemorado, anualmente, no dia 28 de fevereiro, integrando-o no calendário oficial da cidade de São Paulo. A data escolhida é em alusão à Lei 8.092 de 28 de fevereiro de 1964, data do desmembramento do novo bairro da Penha de França. À época do povoamento dos bairros da Penha de França e de São Miguel Paulista, é importante entender que os bairros eram povoações contíguas, isto é, sem divisas, o que dificulta a compreensão do desenvolvimento do bairro do Cangaíba, a partir de documentos que registram os fatos históricos a partir da Penha, assim, há que haver um esforço para inferir que os mesmos acontecimentos se davam também, no Cangaíba:

A passagem de viajantes e personalidades importantes como D. Pedro I e D. Pedro II, registrados como visitantes da Penha de França, em momentos decisivos para o país, também passaram pelas estradas do Cangaíba para seguirem para o Rio de Janeiro; O maior conflito bélico da cidade de São Paulo, motivado pelo descontentamento dos militares com a crise econômica e a concentração de poder nas mãos de políticos de São Paulo e Minas Gerais, a Revolução de 1924, fez com que o Presidente Carlos de Campos se refugiasse na Penha, em 9 de julho, instalando-se em um vagão adaptado na estação de trem Guaiaúna, à época, um presídio foi instalado no Cangaíba para prenderem os revoltosos.

As mesmas atividades agrícolas, cujo excedente abastecia a incipiente cidade paulista; As primeiras indústrias da região, as olarias, que se espalhavam pelo Rio Tietê, graças à matéria-prima que jazia nas várzeas do rio, foram usadas na construção da cidade; A rápida urbanização com a chegada do trem na região; A onda imigratória que jamais cessou na região, mudando apenas a composição dos grupos nacionais ou estrangeiros que buscam novas oportunidades no entorno da Penha de França: primeiro chegaram os portugueses em diferentes períodos e maior número, depois os espanhóis, seguidos dos italianos e japoneses, em menor número; atualmente há a presença de bolivianos na região e refugiados africanos.

Desfile de 7 de Setembro em 1975 pelas escolas da região do Cangaiba, Caetano Miele, e outras. Provavelmente todas essas alunas do ensino fundamental e médio na época, hoje são vovós. José Pereira. Grupo Público Cangaíba. 



BELÉM E BELENZINHO


Avenida Celso Garcia em 1940, ligando os bairros Brás e Belém. A avenida Celso Garcia é uma importante via arterial da Zona Leste de São Paulo, localizada entre os distritos de Brás e Penha. Constitui-se num corredor de ligação de bairros da Zona Leste com a região central da cidade, sendo passagem de diversas linhas de ônibus. Desde a década de 1970, a avenida vive um acelerado processo de degradação na maior parte de sua extensão. Até 1909, a avenida era denominada "rua da Intendência", quando o nome foi modificado para homenagear Afonso Celso Garcia da Luz, jornalista e advogado formado em Direito pela Faculdade de São Paulo.
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Belém é um distrito situado na região central do município de São Paulo, a leste do chamado centro histórico da capital. Apesar de sua posição geográfica, pertence à região administrativa do Sudeste do município, visto que o distrito integra a Subprefeitura da Mooca. Tem uma superfície de 6 km², parte dele é localizado sobre um morro. A região é banhada pelo rio Tietê, o maior rio de São Paulo, que está sob processo de despoluição. Havia muitas fazendas e chácaras na região antes da urbanização do distrito. Trata-se de uma localidade marcante para a história do município, pois no último quarto do século XIX, juntamente com os distritos limítrofes do Brás e da Mooca, experimentou o início da industrialização paulista (fábricas de tecido e vidro foram características do distrito). O Belém abriga um marco importante de São Paulo e do próprio país: a Vila Maria Zélia, a primeira vila de operários do Brasil. Idealizada pelo industrial Jorge Luis Street, a vila era uma continuação da sua indústria, oferecendo condições dignas de moradia aos operários que lá trabalhavam.

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O Belém era uma região bem conhecida dos paulistanos lá pelos idos de 1880 devido à sua altitude, ao ar puro, aos vastos pomares e às grandes árvores. Sua fama de estação climática se espalhou graças às enormes chácaras, mansões e solares dos poucos ricos paulistanos. Mesmo assim o bairro não se desenvolveu por muito tempo. Ficou na calma do repouso, enquanto seus vizinhos já viviam a febre do desenvolvimento. O nome do lugar vem da fé católica dos moradores: uma homenagem a são José de Belém. A paróquia de São José do Belém foi criada em 14 de julho de 1897, desmembrada da do Bom Jesus do Brás. Em 26 de junho de 1899, foi criado o distrito da paz do Belenzinho, desmembrado também do Brás. Interessante foi como o Belenzinho se transformou em Belém: o bonde 24, que servia toda a região, trazia estampado somente “Belém” e não Belenzinho. Esse uso acabou caindo no agrado do povo: vimos mais um distrito da capital e o Belenzinho tornou-se um pequeno bairro.

Vila operária Maria Zélia com fábrica ao fundo, no bairro paulistano do Belenzinho, em 1918.
Fonte: periódico A Vida Moderna/ antonio m. rudolf.


Indústrias. Por volta de 1910, chegaram ao Belém as primeiras indústrias, as fábricas de vidro. Em seguida algumas tecelagens começaram a se instalar nas imediações. Foi o suficiente para que o progresso chegasse atrasado , mas a passos largos, tanto que o numero de operários e moradores triplicou de um ano para o outro. Em 1911 a história do bairro mudaria para sempre. Nesse ano iniciou-se a construção da Vila Maria Zélia, um projeto idealista e revolucionário para os padrões brasileiros. O industrial Jorge Street Construiu a vila , que levou o nome de sua esposa, para abrigar 2100 operários especializados da Companhia Nacional de Tecidos de Juta. Após a desativação da fabrica, a vila tornou-se um presídio político na ditadura do Esta Novo, entre 1936 e 1937. Em 1938 foi vendido a uma empresa. O bairro foi crescendo, mudando com a capital e, assim como ela, se ampliando. Com todas as mudanças o Belém continua com aquele jeitão de bairro eminentemente paulistano.
Uma Curiosidade : O escritor paulista Monteiro Lobato morava no Belém no começo do Século XX. Sua casa – na rua Vinte e Um de Abril – era conhecida como o minarete, e costumava receber um grande numero de escritores, poetas e intelectuais da capital. As madrugadas da grande casa amarela eram famosas na capital pela grande quantidade de boêmios e geniais artistas que nela transitavam: a nata da intelectualidade paulistana. Fonte: 450 Bairros São Paulo 450 Anos. Editora: Senac São Paulo
Autor: Levino Ponciano

VILA MARIA ZÉLIA



A Vila Maria Zélia foi fundada dentro de um contexto histórico específico iniciado na segunda metade do Século XIX, em que o Estado fazia investimentos na área de higiene. Os cortiços eram o tipo de habitação coletiva mais comum na época. Entretanto, além de custar metade do salário do trabalhador, eram marcados pela condição insalubre de sobrevivência - sendo a construção de vilas uma parte das políticas públicas para melhorar o setor. Existia ainda a questão moral: se os operários estivessem próximos às fábricas em que trabalhavam, a fiscalização seria mais fácil contra hábitos tidos como bohêmios. Nos planos político, social e econômico o Brasil estava se transformando pela inserção dentro do capitalismo internacional, permitindo que a Cidade de São Paulo passasse por uma modernização no setor urbano. Este momento foi possibilitado, sobretudo, pela lavoura cafeeira. Assim, a capital paulista foi adquirindo uma nova composição. Belém, Belenzinho, Bom Retiro (distrito de São Paulo), Brás (bairro de São Paulo) e Mooca são exemplos de bairros operários - onde surgiram as vilas operárias - localizados próximos às linhas ferroviárias. Essas vilas foram elemento chave para aliviar os problemas de habitação – visto que a população aumentava consideravelmente - e de mão de obra.

A história da Vila Maria Zélia começou com o médico carioca Jorge Street, nascido em 22 de setembro de 1863. Ele adquiriu por herança as ações da Tecelagem de Juta São João, em 1896, e desde então sua atividade industrial foi crescendo. Fundou a Companhia Nacional de Tecidos de Juta mais tarde, em 1904 – sendo a fábrica matriz localizada nas imediações da Rua Gabriel Piza, em Santana (bairro de São Paulo). O trabalho acontecia em tempo integral e a fábrica chegava e atingir sua capacidade máxima de produção. Por isso, Street decidiu aumentar as instalações e construir uma filial, escolhendo o bairro do Belenzinho como sede – região que já contava com muitas indústrias na época. O empresário, então, adquiriu as terras que pertenciam ao Coronel Fortunato Goulart, um proprietário de grandes terras naquela região. O terreno ia da atual Avenida Celso Garcia (próximo ao Marco da Meia Légua) até as margens do Rio Tietê. Atualmente o local é retificado, mas entre o Século XIX e o Século XX era bastante sinuoso. A Vila começou a ser construída em 1912 e foi inaugurada cinco anos mais tarde, em 1917 – quando a fábrica já contava com aproximadamente 1000 funcionários – enquanto na unidade de Santana haviam 3500. Apesar de menos funcionários, a filial da Maria Zélia também era bastante grande. Contava com instalações para tecelagem, estamparia de algodão, fiação e possuía 2 mil teares, 84 mil fusos e 3 mil motores elétricos – o que tornou a empresa uma das maiores consumidoras de energia na capital. A inauguração oficial da Vila Maria Zélia foi um acontecimento marcante para São Paulo. A cerimônia contou com a participação de moradores, políticos, industriais e também do Cardeal Arcebispo de São Paulo Dom Duarte Leopoldo e Silva, que ficou no responsável pela missa inaugural. Ele visitou e abençoou todas as localidades da Vila enquanto era seguido por uma multidão. Outro aspecto importante é o motivo da Vila ter o nome de Maria Zélia. Em 1915 – portanto um ano antes da inauguração – a filha de Jorge Street contraiu tuberculose e acabou falecendo aos 16 anos de idade. O empresário, então, prestou homenagem a ela e batizou o local com seu nome. Ela está sepultada no túmulo da família localizado no Cemitério da Consolação, quadra 48, terreno 38. Ao todo, Jorge Street teve seis filhos. Wikipédia. 


PRESÍDIO DA MARIA ZÉLIA


Inaugurada em 1917, a Vila Operária Maria Zélia foi construída para os funcionários da Companhia Nacional de Tecidos de Juta. Em 1936, após o fechamento da fábrica, uma parte do edifício foi convertida em cárcere de presos políticos. O Presídio Maria Zélia recebia condenados por crimes contra a Segurança Nacional, entre comunistas, anarquistas, sindicalistas e intelectuais, chegando a abrigar 700 pessoas. A convivência entre militantes deu lugar a experiências únicas, como a Universidade Maria Zélia, uma proposta de educação coletiva organizada pelos próprios presos. Em 1937, após uma frustrada tentativa de fuga, alguns presos foram fuzilados no episódio conhecido como “Massacre do Maria Zélia”. Em 1939, o local volta a ser fábrica, ficando também marcado na história da resistência à ditadura. Foi no estádio Maria Zélia que, em 1970, foi preso o operário Olavo Hanssen, assassinado em seguida no Deops/SP. Em 1992, a vila foi tombada, mas continua, nos dias atuais, com função residencial.  Memorial da Resistência. Acervo: Iconographia. 


JARDIM JAPÃO

O Jardim Japão é um bairro da cidade de São Paulo, localizado no distrito de Vila Maria, próximo à Vila Maria Alta e ao Parque Novo Mundo. Neste bairro está a sede da escola de samba Unidos de Vila Maria.

O nome do bairro é devido aos nomes de diversas de suas ruas, que fazem referência a cidades japonesas como Kobe, Hiroshima, Nagasaki, Tóquio (nome de praça), Cerejeiras (árvore típica japonesa), Yokohama, Niigata, Osaka e etc.

A escola mais antiga construída no Jardim Japão foi a Escola Estadual Imperatriz Leopoldina em 1952.





MOOCA: BAIRRO E CENTRO INDUSTRIAL



 O nome do bairro é de origem indígena. Uma versão aventada é a de que ele teria surgido no século XVI, quando os primeiros habitantes brancos começaram a construir suas casas na região, sob o olhar curioso dos índios, que teriam exclamado Moo-oca! Numa tradução livre, algo como "Eles estão fazendo casas!", de moo, fazer e oca, casa. Além dessa etimologia, no entanto, o tupinólogo Eduardo de Almeida Navarro acrescenta outra possibilidadeː a de que o nome do distrito tenha se originado 

Durante a Revolta Paulista de 1924 o bairro foi bombardeado por aviões do Governo Federal. O exército legalista ao governo de Artur Bernardes se utilizou do chamado "bombardeio terrificante", atingindo vários pontos da cidade, em especial bairros operários como Mooca, Ipiranga, Brás, Belenzinho e Centro, que foram seriamente afetados pelos bombardeios.

Formação e desenvolvimento. A Mooca se caracteriza por uma intensa ocupação de italianos, cujos descendentes não abandonaram o distrito. Outras imigrações importantes foram de lituanos e croatas. Um nome intimamente ligado ao distrito é o do italiano Rodolfo Crespi, dono da que chegou a ser a maior tecelagem de São Paulo, o Cotonifício Crespi, fundado em 1896. Sucessivas ampliações da fábrica foram acompanhadas por construção de moradias para seus funcionários. Assim como a família Crespi, boa parte dos operários era de origem italiana. Desde 2006, o complexo fabril do antigo cotonifício é ocupado pelo hipermercado Extra, que promoveu um projeto polêmico e agressivo de reabilitação e ampliação dos edifícios, alterando sua integridade arquitetônica e construtiva.

Símbolo da imigração italiana, o Clube Atlético Juventus foi fundado no dia 20 de abril de 1924 por funcionários do Cotonifício Rodolfo Crespi. Os grandes patronos do clube eram Rodolfo e o seu filho Adriano Crespi, italianos da cidade de Busto Arsizio, na província italiana de Varese, próximo ao Piemonte. Rodolfo era simpatizante da Juventus, time de futebol da cidade italiana de Turim, enquanto o seu filho Adriano gostava da Fiorentina, de Florença. O nome Clube Atlético Juventus nasceu numa homenagem à Juventus da Itália, porém utilizando a cor lilás, da camisa da Fiorentina. Com o tempo, aquela cor arroxeada foi passando para o grená (vinho) utilizada até os dias de hoje. Existe uma outra versão que diz que a camisa é grená em homenagem ao Torino, o outro grande clube de Turim. Assim, teriam sido homenageados os dois clubes dessa cidade.

Ativismo político. O distrito foi um dos principais cenários da atividade política e revolucionária no Brasil, decorrente de sua natureza industrial. Seus habitantes, no início do século XX, eram trabalhadores imigrantes, oriundos de países com um emergente pensamento socialista. Na época, o ativismo comunista e anarquista era intenso. A confluência da avenida Paes de Barros, rua da Mooca, rua Taquari e rua do Oratório era conhecida como Praça Vermelha. Seus moradores também cruzaram o Rio Tamanduateí e puderam participar da "Queda da Bastilha" no distrito do Cambuci, ocorrida em 30 de outubro de 1930, com a finalidade de pôr fim ao tratamento desumano da delegacia da Rua Barão de Jaguara, local onde eram confinados sindicalistas e agitadores.  A Mooca, juntamente com o Largo de São Francisco e o Largo de São Bento, constituía ponto de passagem de carros puxados por animais. Na época, esse meio de transporte era uma inovação e, logo, São Paulo começaria a se transformar com a chegada da estrada de ferro inglesa, com um ramal se estendendo pela Rua dos Trilhos até o bairro do Hipódromo.


O Cotonifício Rodolfo Crespi foi uma indústria têxtil inaugurada localizada no município de São Paulo, no bairro da Mooca. Foi inaugurado em 1897 pelos sócios Rodolfo Crespi e Pietro Regoli sob o nome de Regoli, Crespi & Cia., e desativado em 1963. 

Mooca Prédios do IAP 1950. Saudosa Mooca.


O distrito foi, aos poucos, se formando. O local, que era cheio de chácaras e de sítios, logo passou a ser ocupado por fábricas e usinas, além de casas de operários. Assim é que, entre 1883 e 1890, instalaram-se, no distrito, algumas fábricas de massas, como a Carolina Gallo, a Rosália Médio, a Romanelli e outras. Em 1891, o casal Antônio e Helena Zerrenner fundou a Companhia Antarctica Paulista. Não só de trabalho viviam os moradores do distrito. Em 1923, foram inaugurados o Cine Teatro Moderno e o Cine Santo Antônio. Em seguida, o Cine Aliança, o Imperial, o Icaraí (mais tarde Ouro Verde) e o Patriarca. Outro lazer, aliás, prazer dos mooquenses, era o footing realizado aos sábados e domingos, entre a Rua João Antônio de Oliveira e a Avenida Paes de Barros, onde as moças desfilavam aos grupos, enquanto os rapazes sem namoradas ficavam apreciando e esperando por algum olhar convidativo. Com essa farta oferta de lazer e com um significativo número de boas lojas, o mooquense dificilmente saía do distrito.

Antiga fábrica da Alpargatas na rua Dr. Almeida Lima nº9

Alpargatas S/A é uma indústria brasileira do ramo de calçados e lonas. Foi fundada em 1907, com o nome original de Fábrica Brasileira de Alpargatas e Calçados, pelo escocês Robert Fraser, oriundo da Argentina, em associação com uma indústria inglesa. Robert havia criado fábricas de alpargatas na Argentina e no Uruguai. Iniciou suas produções no distrito da Mooca, em São Paulo. Já em 1909, a empresa - com o nome de São Paulo Alpargatas Company S/A - encontrou o sucesso na venda de seus produtos graças à utilização das sandálias e lonas na produção cafeeira. Na década de 1930, o controle acionário da São Paulo Alpargatas foi transferido para a empresa argentina.

Principais produtos e marcas. Além das lonas e sandálias, muitas das marcas lançadas ou adquiridas pela Alpargatas tornaram-se bastante populares no Brasil e até mesmo fora dele. As principais são: Havaianas, uma das maiores marcas brasileiras de chinelos de borracha, desde 1962;
Dupé, chinelos de borracha.


1946: Propaganda antiga dos Sapatos Roda, produzidos pela São Paulo Alpargatas.


No entanto, em 1982, após um gradativo processo de nacionalização do capital iniciado em 1948, a São Paulo Alpargatas deixou de ter participação argentina e passou para ao controle do Grupo Camargo Corrêa (atual Mover Participações), seu maior acionista. Superando inúmeras dificuldades ao longo dos cem anos, a companhia tornou-se uma das maiores indústrias calçadistas do Brasil.


1935: Propaganda dos calçados e tecidos fabricados pela São Paulo Alpargatas Company


Enfermeiras da fábrica em 1944. Publicado na página  São Paulo de Antigamente.


Em 2012, a Alpargatas mudou sua logomarca. A modernização do logotipo atendeu à estratégia de crescimento da companhia. Em 2015, a Alpargatas vendeu as marcas Topper e Rainha por 48,7 milhões de reais. No mês de novembro do mesmo ano, o grupo Camargo Correa (atual Mover Participações) a vendeu ao conglomerado J&F Investimentos, dona da companhia de alimentos JBS por 2,67 bilhões de reais. Em 12 de julho de 2017, as empresas Cambuhy Investimentos e Brasil Warrant (ambas de propriedade da família Moreira Salles) e a holding Itaúsa fecharam a compra da Alpargatas por 3,5 bilhões de reais. A aquisição foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica ainda em 2017.



Anúncio da marca Topeka nos anos 1970 invocando a imagem do casal John Lennon e Yoko Ono. 

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"Cia União de Refinadores, uma das grandes indústrias que tem a história da Mooca". Saudosa Mooca.



Linha de montagem do LTD na extinta fábrica da Ford, em 1960.

Também conhecida como a “Ford do Ipiranga”, esta unidade inaugurada em 1953 fica, de fato, localizada entre a Mooca e a Vila Prudente, numa região atualmente conhecida como Parque da Mooca e foi a substituta da antiga fábrica localizada no Bom Retiro.Nesta unidade foram inicialmente montados caminhões com peças importadas e, em 1957 saiu de suas linhas de produção o primeiro caminhão efetivamente fabricado no Brasil, o modelo F-600 que foi o pioneiro de uma linha importante de caminhões Ford brasileiros a partir de então. Lá estavam a fábrica de motores, a estamparia, o centro de engenharia, os diversos laboratórios e a área administrativa da empresa. Mas este lugar também é testemunha de outros fatos importantes na história da nossa industrialização, afinal foi de lá que saiu o primeiro trator fabricado no Brasil, o “8 BR” que tinha sua linha de produção dentro daquela unidade. Estávamos em dezembro de 1960 e a fábrica, por esta época, tinha mais de 2.200 funcionários. Podemos imaginar o impacto econômico desta massa de trabalhadores no desenvolvimento da região.


Outro ícone lá produzido foi o automóvel de luxo Galaxie lançado em 16 de fevereiro de 1967 e que exigiu da Ford um grande investimento para adequar as instalações para produzir o seu primeiro automóvel no Brasil. Neste mesmo ano a Ford absorveria a Willlys-Overland e outros automóveis de passeio passariam ser fabricados pela empresa, porém na fábrica da Willys em São Bernardo do Campo onde era produzido, por exemplo, o Corcel, na verdade um produto de origem Willys.


Em grave crise por qual passava o país na década de 1980, foi criada a Autolatina que geria a Volkswagen e a Ford e foi nesta administração que a ferramentaria que lá funcionava foi fechada, em agosto de 1987. Com a nova fábrica da Ford aberta em Camaçari, na Bahia, o destino da unidade “do Ipiranga” estava traçado e no final de 1999 a fábrica, ainda com 1.500 funcionários, foi definitivamente fechada. A confusão sobre o que efetivamente restou se dá por conta do estilo dos prédios que seguem um mesmo padrão, mas comparando-se as fotografias de época com os prédios que ainda existem, podemos perceber nitidamente que todo o prédio principal foi demolido para dar espaço ao Mooca Plaza Shopping inaugurado em 2011. Neste local, das instalações originais, restou um pedaço de uma pista que rodeava um pátio de guarda dos veículos produzidos. Se bem notarmos, o complexo era dividido pela avenida Henry Ford e a parte que efetivamente restou fica justamente entre esta via e a linha férrea que passa ao lado.A entrada da avenida Henry Ford, número 1380, ainda existe e neste endereço funciona uma igreja evangélica. Nos demais espaços laterais, estão instaladas diversas empresas. No outro prédio, bem menor, que fica na confluência da avenida Henry Ford com a rua Capitão Pacheco e Chaves, está funcionando a empresa Sustentare Saneamento que trabalha com limpeza urbana e coleta de lixo para a prefeitura paulistana.

É utópico querer que todos os prédios industriais sejam preservados, mas poder-se-ia tomar um cuidado maior na preservação da memória, ao menos indicando e informando de alguma maneira, no local, a importância que algumas construções tiveram no desenvolvimento da cidade e do país. Outro ponto é que, ao que parece, nunca se imagina preservar parte dos edifícios e integrá-los num novo projeto arquitetônico. O fato é que, diante da utilização atual do que ainda restou, só nos resta rezar para tudo não ir parar no lixo.José Vignoli 06/02/2024. São Paulo Antiga. 

OS PADEIROS DA SÃO GUSTAVO


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“OS ENTREGADORES DE PÃO”. “O imigrante alemão Otto Breneizer (1909-1960) costumava acordar de madrugada para preparar pães. Dono da padaria e confeitaria São Gustavo que ficava na Rua Marques de Valença, na Mooca, ele colocava todos os funcionários para trabalhar às 2h30 da manhã. Antes das 5 horas, as fornadas eram embarcadas em catorze carroças cobertas puxadas por cavalos. Breneizer (a primeira pessoa que aparece na foto por detrás de todas as carroças nesta foto de 1949) fiscalizava a produção de perto. Logo depois do almoço, voltava para a cozinha a fim de preparar a fornada da tarde, que saía por volta das 16 horas. “A padaria funcionou até o fim dos anos 50, quando ele ficou doente e decidiu vender o negócio”, lembra o professor Renato Breneizer, neto do imigrante.”  Revista Veja SP

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VILA MATILDE


A estação ferroviária da Vila Matilde em 1962


Escola Bernardo Rodrigues Nogueira Dom. Acervo: Bairro Vila Matilde.



Vila Matilde é um distrito do município de São Paulo, situado na zona leste do município e pertencente à Subprefeitura da Penha.É famoso pelos seus antigos carnavais e pela escola de samba Nenê de Vila Matilde. Também destaca-se o "comércio de bairro", principalmente na região do bairro Vila Dalila, sendo que a Avenida Waldemar Carlos Pereira tem boa parte de seu comércio.

Bairros de Vila Matilde: Vila Aricanduva; Chácara 6 de Outubro; Vila Euthália; Vila Dalila; Jardim Maringá; Vila Talarico; Vila Nova Savoia; Vila Guilhermina; Jardim Triana; Jardim Assunção; Jardim Samara; Jardim São João; Jardim Hercília; Vila Palmeirinha; Cidade Patriarca.

História. O distrito nasceu na segunda década do século XX, da mesma maneira de seus vizinhos e vários outros distritos paulistanos. Havia uma grande gleba de terra e pessoas dispostas a comprar, Nos primeiro anos da década de 20, essa gleba pertencia a Dona Escolástica Melchert da Fonseca e ia da Guaiaúna (hoje o distrito da Penha) à Fazenda do Carmo, (hoje o Parque do Carmo, no distrito de mesmo nome Parque do Carmo). Dona Escolástica tinha uma filha de nome Matilde, que havia sido casada com o ex ministro e embaixador José Carlos de Macedo Soares - figura importante da política paulistana. A área (gleba) era muito extensa e por isso foi por etapas. para dar início ao grande loteamento, Dona Escolástica começou pela parte principal, homenageando à sua filha Matilde, com o nome de Vila Matilde. Atualmente, o distrito de Vila Matilde possui um perfil residencial de classe média, com casas térreas e sobrados residenciais. Mas nos últimos anos, a Vila Matilde vem passando por um "boom" imobiliário,e casas são demolidas para dar lugar a edifícios residenciais de várias tipologias, desde aqueles com espaço de lazer, para pessoas com maior poder aquisitivo, até "microapartamentos" ou "Studios", em condomínios sem garagem.

Bar do Alemão (do Capeta). Acervo: Bairro Vila Matilde




O primeiro prédio comercial na Vila Matilde. Avenida Waldemar Carlos Pereira esquina com a Rua Elisa de Carvalho. Acervo: Bairro da Vila Matilde. 





CIDADE TIRADENTES, ITAQUERA E COHABs


Cidade Tiradentes no início dos anos 1980


Cidade Tiradentes é um distrito localizado na Zona Leste de São Paulo, a 35 quilômetros do Centro de São Paulo, marco zero da cidade. O distrito faz divisa com os distritos de Iguatemi, José Bonifácio, Guaianases e com os municípios de Mauá e Ferraz de Vasconcelos.

A Cidade Tiradentes concentra mais de 40 mil unidades habitacionais, a maioria delas construída na década de 1980 pela Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo (Cohab), Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo e por grandes empreiteiras, que inclusive aproveitaram o último financiamento importante do Banco Nacional da Habitação, antes de seu fechamento. O bairro foi planejado como um grande conjunto periférico e monofuncional do tipo localidade dormitório, para deslocamento de populações atingidas pelas obras públicas.

Histórico. Fazenda Santa Etelvina. A historia de Cidade Tiradentes está intimamente ligada à história de Coronel Antônio Prost Rodovalho, proprietário da Fazenda Santa Etelvina. Segundo o livro Evolução Industrial, de Edgard Carone, o Coronel Rodovalho, em 1875, foi nomeado gerente tesoureiro da filial do Banco do Brasil, onde ficou por 12 anos. Ajudou na fundação do Banco Comercial e também dirigiu a Companhia Estrada de Ferro Ituana e a São Paulo-Rio de Janeiro (Central do Brasil) Entre outros negócios, teve da Serraria e Fábrica de Cerâmica, localizadas na Fazenda Santa Etelvina. (Fazenda Santa Etelvina era a grande gleba que deu lugar a Cidade Tiradentes).



Por volta de 1890, Rodovalho adquiriu a Fazenda Santa Etelvina. Por muito tempo, a fazenda operou como uma verdadeira indústria e, por influência de seu proprietário, chegou a ter um ramal de trem/bonde para escoar as produções. No entorno viviam colônias de espanhóis e italianos. Segundo o Historiador Márcio Reis “No  total  da  fazenda  existia  60  casas  divididas  em  21  aglomerações,  no  máximo de  5  casas  por  aglomeração,  todas  aglomerações  eram  divididas  por  toda  a  fazenda  e numeradas  todas  as  casas,  algumas  casas  eram  de  pau  a  pique  e  outras  de  tijolos  e reboco,  na  média  todas  com  2  quartos  e  algumas  com  3  quartos,  e  nem  todas  com energia  elétrica,  nas  aglomerações  maiores  com  cinco  casas  eram  compostas  de  grandes galinheiros  e  chiqueiros,  e  cada  aglomeração  tinha  uma  cozinha  separada  e  galinheiros  e pequenas  hortas. Uma padaria e um armazém foram relacionados  também,  a  fazenda principal  era  composta  de  8  cômodos,  no  jornal  é  mencionado  uma  fazenda  velha,  mais sem muito detalhes. A serraria e a olaria eram  a  vapor  com  dois  fornos  grandes  e  consta  uma fábrica  de  mandioca  e  uma  grande  casa  de  administração  de  empregados  com  uma  linha telefônica.”

Uma disputa entre Rodovalho e o proprietário de terras de Guaianases fez com que depois da morte do proprietário, os trilhos do bonde fossem arrancados. Depois disso parte da Fazenda Santa Etelvina foi vendida e, o que restou, chegou a ser doado. Uma parte se tornou o terreno para uma Colônia Agrícola para menores abandonados. Uma pequena parte da Fazenda Santa Etelvina se manteve ativa até 1978, quando foi comprada pela COHAB.

No final da década de 1970, o poder público iniciou o processo de aquisição gleba de terras situada na região, abrangendo uma área de 15km². A partir disso, a área começou a ser ocupada por prédios e casas (embriões) residenciais, modificando a paisagem. Se hoje o distrito ainda tem muito oque progredir, na época tinha muitos mais problemas, por exemplo: por estar em uma área que teria que ser de proteção ambiental, na época da construção, havia muitos deslizamentos, que acabavam "engolindo" as construções, além disso, mesmo depois de ser entregue as chaves aos moradores, muitas ruas não tinham nem asfalto, iluminação, e encanamento de esgoto pela metade, faltavam escolas, mercados, hospitais, e poucas linhas de ônibus, o que fez que muitos dos futuros moradores de Cidade Tiradentes, que viam nesse local, a oportunidade da casa própria, vinham para lá a contragosto, por falta de opção.


Vista aérea do distrito. Autor: Bonacin


No início do século XXI, o distrito foi beneficiado com a construção de um grande hospital (o Hospital Municipal Cidade Tiradentes), duas unidades do CEU - Centro Educacional Unificado, construção e revitalização de praças, inauguração de unidades do Programa de Saúde da Família e construção da Escola Técnica de Saúde Pública da Cidade Tiradentes. Além de pavimentação de várias ruas na região, ocorreram a regularização e revitalização das calçadas, mais iluminação nas ruas.

Além da vastidão de conjuntos habitacionais, que passaram a predominar na região, cerca de 160 mil pessoas compõem a chamada "Cidade Formal"; existe também a "Cidade Informal", formada por favelas e pelos loteamentos clandestinos e irregulares, instalados em áreas privadas e que são habitados por cerca de 60 mil pessoas.

A Cidade Tiradentes, de certa forma, é separada por dois níveis de pobreza: há 71 equipamentos na cidade formal e 3 na informal; a renda média do chefe de família varia de 500 a 1.200 reais na Cidade Formal e de 200 a 500 na Informal; o analfabetismo vai de 0 a 10% na Cidade Formal, ao passo que na Informal o índice fica entre 10 e 20%.

As áreas ocupadas pela população da Cidade Informal são lacunas deixadas na construção dos prédios da Cohab; ocupações nas bordas dos conjuntos, e também de expansão da mancha urbana.

A identidade dos moradores de Cidade Tiradentes está diretamente ligada ao processo de constituição do bairro, feito sem um planejamento que levasse, em conta, as necessidades básicas da população. Muitas pessoas vieram para a Cidade Tiradentes em busca da realização do sonho da casa própria, embora boa parte tenha se deslocado a contragosto, na ausência de uma outra opção de moradia. O fato de não terem encontrado, no local, uma infraestrutura adequada às suas necessidades, e de a região oferecer escassas oportunidades de trabalho, fez com que passassem a ter Cidade Tiradentes como bairro dormitório e de passagem, e não de destino. Em razão disso, o distrito possui a menor proporção população/emprego da capital paulista.


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ITAQUERA



Itaquera é um distrito dentro da Subprefeitura de Itaquera, na Zona Leste de São Paulo. Dentro de seus limites passa a Avenida Jacu Pêssego, que possui extensões até o Grande ABC, na porção meridional, e até o município de Guarulhos, na porção setentrional.

Colonização. Por volta de 1620, apareceram as primeiras referências à "Roça Itaquera", localizada nas proximidades do Aldeamento de São Miguel. No final do século XVII, a região passou a ser citada como povoamento de São Miguel, no fim do século XVIII, como território da freguesia da Penha e por último como bairro do distrito de São Miguel Paulista. Em 1920, passou a ser um distrito autônomo.

Estação Itaquera de Trem (1926), construída em 1875, desativada em 2000, e demolida em 2004 para o prolongamento da Avenida Radial Leste. Grupo Sâo Paulo de Antigamente.



Desenvolvimento. O desenvolvimento do distrito se deu, em grande parte, sob a forma clássica de loteamentos e vilas. Em 1837 existiam apenas três grandes extensões de terras:

Fazenda Caguaçu, também conhecida como Fazenda do Carmo, que pertencia a uma ordem religiosa chamada Província Carmelitana Fluminense (daí a origem dos nomes - Carmosina, Fazenda do Carmo, Parque do Carmo e Jardim Nossa Senhora do Carmo e da própria igreja matriz no centro do bairro), Sítio Caguaçu, que pertencia ao doutor Rodrigo Pereira Barreto, onde foi feito o primeiro "loteamento" ocorrido na região, com lotes de 10.000 metros quadrados cada um, vendidos como áreas de veraneio e chácaras (área compreendida entre o Hospital Planalto e o Rio Jacu).Sítio da Casa Pintada - cuja casa sede foi retratada por Debret, teve um cunho mais popular. Os compradores fizeram casas no local e ergueram uma capela em louvor a Santa Ana, surgindo assim a Vila Santana.A Fazenda Caguaçu teve uma parte vendida para o engenheiro Oscar Americano, parte esta que compreendia a área do Jardim e do Parque do Carmo. Na área remanescente a Companhia Pastorial e Agrícola. Este fez um loteamento de cunho popular e urbano plenamente planejado (um dos primeiros da Zona Leste de São Paulo) no que hoje conhecemos como Vila Carmosina e fez loteamentos de cunho rural, na área hoje conhecida como Colônia Japonesa.

Em 1875, um acontecimento moldou o desenvolvimento econômico da região: a inauguração da Estação de Trem de Itaquera pelo ramal da Estrada de Ferro Central do Brasil. O impacto da chegada da estrada de ferro foi enorme, propiciando o transporte de seus moradores a outras regiões e das mercadorias produzidas em Itaquera ao centro de São Paulo. Ao redor da estação se consolidou um pujante centro comercial.

A partir da década de 1920, imigrantes japoneses passaram a residir nas glebas rurais existentes na região. A principal atividade econômica dessas famílias era a produção de pêssegos em uma extensa área circundante à Mata do Carmo. No transcorrer do século XX, processos econômicos foram aos poucos substituindo as áreas de roçado por vilas e loteamentos. Grandes levas populacionais, sobretudo do Nordeste assentaram-se na região, atraídas pelos terrenos baratos e pela estação de trem, que permitia o deslocamento rápido até o centro do município.


Memórias da Cohab Itaquera I. "Praça do Morcegão. COHAB 1". Fonte: Denilson Vendrame.


Bairro de Itaquera e as Cohabs. Até o início da década de 1980, Itaquera era um distrito com pouca infraestrutura urbana, e sua população era composta de operários e trabalhadores assalariados no comércio e no ramo de serviços. Foi nessa época que surgiram as primeiras favelas da região. A partir de 1980, no entanto, a construção dos conjuntos habitacionais (conhecidos como Cohabs) potencializou a explosão demográfica de Itaquera. O primeiro deles, o Cohab José Bonifácio, foi inaugurado em 1980 pelo então presidente João Batista Figueiredo e se localiza em um enorme terreno ao lado das plantações de pêssegos. Após a inauguração do primeiro conjunto habitacional, vários outros foram construídos, sendo rapidamente povoados. A população pressionou o poder público por serviços essenciais de saúde e educação, sendo em parte atendida, uma vez que até hoje a prestação de serviços públicos é deficitária. Nesse momento, o distrito contava com 1.247.239 habitantes e por meio do processo migratório, sem precedentes, por conta do programa de habitação popular da COHAB atingiu 2.380.783 de habitantes em 2010.

Em fevereiro de 1987, uma batida entre dois trens próximo à estação de Itaquera causou mais de 70 mortes, sendo este o maior acidente ferroviário da história de São Paulo. No mesmo ano, se estabeleceu no distrito o Parque Marisa, o maior e mais antigo parque de diversões em funcionamento na capital paulista, após ter funcionado como um parque itinerante por 14 anos. Em setembro de 1988, a chegada do metrô referendou Itaquera enquanto centralidade da zona leste. Em 1996, o então prefeito Paulo Maluf inaugurou a Avenida Jacu-Pêssego, que atravessa o distrito de ponta a ponta. Em 2000, a inauguração da linha de trem Itaquera-Guaianases serviu para desativar o trajeto da antiga estrada de ferro, tirando a linha férrea do centro do distrito e do local da batida dos trens.

Atualmente. Em 2004, sobre o traçado da antiga linha de trem foi inaugurada a Nova Radial Leste.[9] Enquanto tramitava o processo de tombamento da antiga estação, memória histórica do distrito, uma ação silenciosa da prefeitura a demoliu, em 2004. Em 2007, influenciado pelo aquecimento do comércio na região, foi inaugurado o Shopping Metrô Itaquera, ao lado da estação de metrô Corinthians-Itaquera. No mesmo período, começou a ser inaugurada uma série de edifícios de padrão médio, voltados às demandas da classe média.

Em 2010, é anunciada a construção da Arena Corinthians, que foi construída em um terreno de 197 095,14 metros quadrados na Zona Leste, ao lado da Estação Corinthians-Itaquera do Metrô e da CPTM, onde situava-se, desde a década de 1980, o centro de treinamento para as categorias de base do Corinthians.

Na área no entorno da arena, foi estabelecido pelo governo o "Polo Institucional de Itaquera", onde foram implantadas unidades da Escola Técnica Estadual (ETEC) e da Faculdade de Tecnologia do Estado de São Paulo (FATEC). Após o torneio mundial de futebol, seriam criados ainda um fórum; uma unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI); um quartel da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros; um centro de convenções; um parque ecológico e uma nova rodoviária.O terminal urbano de ônibus da região também foi ampliado em 40%.

Entre as obras viárias construídas para a região consistem na abertura de uma nova avenida de ligação norte-sul, no trecho entre as avenidas Itaquera e José Pinheiro Borges (Radial Leste), incluindo as transposições em desnível sobre as linhas do Metrô e da CPTM; uma nova avenida, articulando a ligação norte-sul com a avenida Miguel Inácio Curi, junto à adutora da SABESP existente; adequação viária no cruzamento da avenida Miguel Inácio Curi com a avenida Engenheiro Adervan machado; além de novas alças de ligação no cruzamento do Complexo Viário Jacu Pêssego com a Radial Leste.
O valor total investido no empreendimento foi de 548,5 milhões de reais, sendo 397,9 milhões do governo do estado e 150,6 milhões de reais da prefeitura para desapropriações e compensações ambientais. A estimativa é de que a abertura da Copa do Mundo FIFA de 2014 traria cerca de 30 bilhões de reais ao longo de 10 anos para o município de São Paulo.


Estação Corinthians-Itaquera do Metrô de São Paulo. A Neo Química Arena está localizada a 19 quilômetros a leste do centro da cidade e a 21 km de distância do Aeroporto Internacional de São Paulo-Guarulhos. A estação de metrô mais próxima é a Corinthians-Itaquera, a 500 metros do estádio. Ela se conecta a uma estação de trem com o mesmo nome. A estação de metrô Artur Alvim está a 800 metros de distância. Se todos os usuários embarcaram em trens para deixar o estádio, ele estaria vazio em 30 minutos. Em jogos do Mundial um trem expresso ligou a Luz e a Estação Corinthians-Itaquera da CPTM, fazendo a viagem em 17 minutos. Após a Copa do Mundo, estudos[quais?] iriam determinar se o serviço seria mantido.

As estações de metrô e de trem podem lidar com 100 mil passageiros por hora. Cada trem do metrô pode transportar 1 600 passageiros e tem um intervalo de 85 segundos.

O local tem 1 620 vagas de estacionamento cobertas e 929 vagas de estacionamento ao ar livre, com mais 2 214 espaços fornecidos pelo Shopping Metrô Itaquera. Há 61 linhas de ônibus que param perto da Neo Química Arena.

Verticalização. Segundo Dados do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP) confirmam a expansão do mercado imobiliário na região do estádio. Em 2022, o distrito ficou em sexto lugar na lista de distritos com o maior número de lançamentos residenciais, que registrou a criação de 2.065 apartamentos até setembro do ano de 2022. É classificado pelo CRECI como "Zona de Valor E", assim como outros distritos da capital: Campo Limpo, Brasilândia e Itaim Paulista.

Transporte.O distrito é atendido pela Estação Corinthians-Itaquera, das linhas 3-Vermelha e 11-Coral do Metrô de São Paulo e da CPTM, respectivamente, e pela Estação Dom Bosco, da Linha 11-Coral, além de dois terminais de ônibus.

Principais Vias. Avenida Jacu Pêssego/Nova Trabalhadores, Avenida Maria Luiza Americano que hoje vem se transformando em ponto de alimentação e gastronomia, pizzarias, restaurantes, Rua Sabbado D'Ângelo, onde é possível encontrar escolas, delegacias, restaurantes, supermercados e outros serviços, além de um casarão de mesmo nome tombado pelo CONDEPHAAT e pelo CONPRESP. Outras vias são: Rua Augusto Carlos Baumann, Avenida dos Campanellas que leva até o bairro de Artur Alvim, e a Rua Virgínia Ferni que liga a Cohab até a Radial Leste, além das avenidas Radial Leste e Avenida Itaquera.

Geografia. O distrito de Itaquera localiza-se na porção oriental do Estado de São Paulo. A estrutura geológica da área é constituída de rochas muito antigas do tipo cristalino. A região é constituída por morros com altitudes que variam entre 700 e 800 metros de altitude.

Hidrografia. O principal rio que banha a área de Itaquera é o Rio Jacu. A área é servida por uma densa rede de rios todos afluentes e sub-afluentes do Rio Tietê. São rios pouco expressivos, sendo os principais eixos: Jacu, Itaquera e Aricanduva.


A  Colônia Japonesa . A colônia japonesa em Itaquera também se destacou com a eletrificação desta comunidade, iniciada em novembro de 1943, também um marco histórico do bairro:

 "Em comemoração à eletrificação desta Colônia, iniciada em novembro de 1943,"celebra a chegada da modernidade, foi o elemento catalisador de inovações e melhorias na qualidade de vida, impulsionou a colônia japonesa. O memorial em pedra rememora essa época".



FEIRA POPULAR EM ITAQUERA
ANOS 1980

Acervo: Arquivo Pùblico dos Estado. 















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PARQUE NOVO MUNDO


O Parque Novo Mundo, situado no Distrito da Vila Maria, zona norte da cidade, é marcado pela carência de espaços públicos e áreas verdes. O local também apresenta sistema viário desorganizado, marcado pela intensa circulação de veículos de carga e pelo contraste entre pequenos lotes ocupados por moradias precárias e grandes terrenos pertencentes a empresas, principalmente do setor logístico e de transportes.  Para ajudar a mudar este cenário, o projeto urbanístico para o Parque Novo prevê a requalificação da área que abrange o próprio Centro Educacional Unificado (CEU) Parque Novo Mundo, o entorno da Unidade Básica de Saúde (UBS) Parque Novo Mundo e outras escolas públicas. Eles estão localizados entre a Rodovia Presidente Dutra e a Marginal Tietê.  Em 2022, a Prefeitura de São Paulo, o escritório de arquitetura que desenvolveu o projeto e representantes do Pacto Pelas Cidades Justas realizaram oficina pública com a população para aprimorar o projeto.  


  OCUPAÇÃO  SE REGULARIZA E VIRA MINI-BOLÌVIA EM SP

VITOR SERRANO/BBC. Legenda da foto,Rose Mari Mammani vive da renda de um mercadinho de produtos bolivianos

Leandro Machado Role, Da BBC News Brasil em São Paulo.11 novembro 2023

“Uma amiga chegou e falou: ‘Cosme, quer sair do aluguel? Vamos invadir um terreno ali no Parque Novo Mundo?’. Eu tinha cinco filhos em casa, 20 anos pagando aluguel, a mulher desempregada, com bolso apertado. Aceitei na hora… Foi um rebuliço danado, tinha gente demais.”

Quem conta é o comerciante Cosme Correa, de 59 anos, que, com a esperança de melhorar as condições difíceis da família, nos primeiros dias da invasão, escolheu um lote e rapidamente construiu seu sobrado na ocupação sem-teto Douglas Rodrigues, na Zona Norte de São Paulo. Cosme e a família fazem parte da primeira leva de moradores do aglomerado com 2 mil sobrados de tijolos vermelhos, sem reboco ou pintura, que muda a paisagem da Marginal Tietê, importante via da cidade, formada principalmente por edifícios residenciais de classe média, lojas de decoração e garagens de transportadoras de carga. O assentamento, um dos maiores de São Paulo, com 12 mil pessoas - centenas delas imigrantes   -, completou dez anos de existência em 2023.E conseguiu algo raro para movimentos de moradia na maior cidade do Brasil: a desapropriação e o direito de uso da propriedade particular que ocupou de maneira irregular.

Abandonado por 22 anos pela empresa proprietária, o terreno foi ocupado em 2013 por membros do Movimento Independente de Luta por Habitação da Vila Maria (MIVM) e famílias pobres da zona norte. A ocupação Douglas Rodrigues tem esse nome em homenagem a um jovem morto por um policial militar na região. Ela cresceu e se transformou em um pequeno bairro popular com milhares de casas e comércio efervescente, embora serviços públicos ainda sejam precários: ruas de terra alagam com chuva forte, falta saneamento básico e as ligações de energia elétrica são clandestinas. Com a pandemia, esse tipo de assentamento se tornou ainda mais comum em um município cuja fila da moradia social tem 219 mil pessoas cadastradas, segundo a Secretaria de Habitação. Em fevereiro de 2020, por exemplo, havia 218 ocupações irregulares na cidade. Hoje, são 529 pontos monitorados pela Prefeitura - uma alta de 142% em pouco mais de três anos. Foi na ocupação que a família de Cosme finalmente conseguiu estabilidade financeira depois de sair de Pernambuco para tentar a vida em São Paulo. Depois de anos de dificuldades, sair do aluguel significou melhorar de renda para investir em outras demandas da família.



Vitor Serrano. /BBC. Legenda da foto,Terreno de 50 mil m² pertencia a empresa com dívidas tributárias

“Nada como ter um teto só seu, sem ninguém batendo na porta cobrando o aluguel. Mas vou te dizer: sofremos muito", diz Maria Aparecida Nogueira, de 56 anos, mulher de Cosme, na sala recheada de plantas e com TV de 75 polegadas na parede.

"Aqui, teve enchente, incêndio, bala de borracha da polícia, ameaça de reintegração. Não tinha água ou luz. Fizemos das tripas coração.”

O casal, que prosperou economicamente na comunidade, hoje é famoso na ocupação por ser dono de um bar feito de madeira, ponto de encontro dos imigrantes bolivianos que vivem no bairro.
“Quem movimenta o comércio aqui são os bolivianos. Com o dinheiro deles é que construí minha casa, comprei a geladeira que eu sonhava, minha TV…”, brinca Cosme.

“Quando eles querem festejar, juntam uns 15 caras aqui no bar, e eles só saem pela manhã.”
A presença de imigrantes é constante nas vielas e no comércio da comunidade. Das 2 mil famílias, pelo menos 80 são formadas por bolivianos, mas há também dezenas de colombianos, peruanos e haitianos. Há sempre representantes estrangeiros na direção do assentamento. Neste ano, um dos escolhidos é Andres Cuarite, de 47 anos, natural de La Paz e que vive há oito anos no bairro colado à Marginal Tietê.
“Se para o brasileiro pobre já é difícil conseguir uma moradia, imagina para um boliviano que chega ao Brasil com as mãos abanando em busca de uma oportunidade de vida, às vezes até passando fome”, explica ele, que saiu de seu país para fugir da pobreza. Antes da casa atual, Andres levou um golpe: juntou todo o dinheiro da família, R$ 20 mil, e comprou um terreno em Itaquera, periferia da Zona Leste. Mas o terreno não existia, e o vendedor golpista sumiu do mapa. Com sete filhos - alguns deles nascidos no Brasil -, a família de Andres vive da renda de uma pequena oficina de costura montada em casa. O som de máquinas de costura, aliás, é constante nas vielas de Douglas Rodrigues. Em um sábado no final de setembro, outro ruído produzido pelos bolivianos agitou a comunidade: o som da Banda Murilo, especializada em músicas típicas do país vizinho.

Para comemorar os dez anos da ocupação, foi realizada uma festa boliviana na rua principal. Além da suingue de metais e percussão, os imigrantes apresentaram danças tradicionais, como a El Morenada, que representa o sofrimento dos africanos traficados para a Bolívia durante a colonização espanhola. Uma das participantes da Morenada era Rose Mari Mammani, de 46 anos, há seis no bairro. Ela conta que foi parar ali porque não conseguia bancar o aluguel de R$ 600 com três filhos para criar. Se preparando para entrar em cena, ela contou a dificuldade que foi se estabelecer em São Paulo.
“Tem muito preconceito com boliviano, ainda mais porque somos pobres da classe trabalhadora. Mas aqui, na ocupação, me sinto à vontade”, diz Rose, hoje dona de um mercadinho de produtos bolivianos.
“Só não te levo lá, porque agora vou dançar”, brinca.

Na última década, os moradores de Douglas Rodrigues também enfrentaram uma batalha judicial contra a proprietária do terreno, uma empresa chamada Ideal Empreendimentos Imobiliários SA. Em maio, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MBD), assinou um decreto de desapropriação da área de 50 mil metros quadrados, abrindo caminho para a regularização fundiária e urbanização do pequeno bairro popular. A reportagem apurou que a propriedade, declarada de "interesse social" no ano passado, foi avaliada em R$ 7,5 milhões por técnicos da Prefeitura - e o valor deverá ser abatido da dívida de IPTU que a empresa tem com o município. A Ideal Empreendimentos era uma subsidiária ao grupo Tenório, de Pernambuco, um conglomerado empresarial com uma dívida de cerca de R$ 1 bilhão em impostos com a União, segundo a Receita Federal.

O grupo conseguiu manter a posse do terreno em decisões judiciais de várias instâncias, até que a 33ª Vara Federal de Pernambuco decidiu colocar o movimento de moradia como fiel depositário da área - essa ação correu em para lelo à desapropriação da Prefeitura de São Paulo. A BBC News Brasil procurou o escritório RPF Advogados, que representa a empresa no processo em São Paulo.
“Agradecemos seu contato, mas, infelizmente, estamos impedidos de fornecer informações sobre esse caso, por força do estatuto da advocacia", respondeu o escritório.A reportagem não conseguiu contato com a família que comanda o grupo empresarial.
“Foi a resistência e organização de 2 mil famílias engajadas em um movimento político que fez a ocupação conseguir com que a área fosse desapropriada", explica Henrique Ollitta, secretário-geral do MIVM.
"Quando tinha pedido de reintegração, a gente levava milhares de pessoas para a frente do fórum para pressionar o juiz.”
Ao longo dos anos, houve alguns mandados judiciais de reintegração, mas eles nunca foram cumpridos, porque a própria Justiça, em acordos com a Defensoria Pública, Prefeitura e Polícia Militar, adiou as ações por temer o impacto social de ter 2 mil famílias pobres desalojadas em plena Marginal Tietê.
“Nosso movimento foi estratégico ao conversar com todo mundo que pudesse ajudar, sempre com a pauta principal que era a moradia", diz Ollitta, que faz parte dos quadros do PT paulistano.
"Tivemos apoio de igrejas evangélicas e de padres, falamos com políticos de esquerda e direita, com os ex-prefeitos Fernando Haddad e Bruno Covas, e, agora, com Ricardo Nunes.”

Ainda não se sabe se a comunidade passará por obras de urbanização, como calçamento das ruas, instalação de esgoto e rede elétrica, ou se os moradores terão de desocupar toda a área para a construção de moradias sociais. A Prefeitura afirma que “existe um estudo urbano a ser desenvolvido na região que inclui a construção de unidades habitacionais para as famílias que lá estão”, mas não detalhou os planos. Enquanto esperam o que será feito do bairro, os moradores comemoraram a desapropriação.
“Hoje, estou embaixo do meu teto. É o paraíso”, diz Cosme Correa, saindo de seu sobrado para ir à festa boliviana.


CONJUNTOS HABITACIONAIS DA ZONA LESTE



Construção da COHAB I na zona leste


A Cohab-SP nasceu oficialmente no dia 16 de novembro de 1965, esta é a data que consta na Lei Municipal Nº 6738. Essa legislação constituiu oficialmente a Companhia e foi promulgada pelo então prefeito José Vicente de Faria Lima. Quando a Cohab-SP foi criada, o Brasil era governado pelo presidente Castelo Branco, integrante do regime militar instituído um ano antes (1964). Antes de se tornar Cohab-SP, existia a SUMHAB – Superintendência Municipal de Habitação. Porém, essa autarquia durou apenas nove meses e logo foi substituída pela Companhia. Em 55 anos, a Cohab-SP teve a sede em três endereços; inaugurou na Rua Maria Antônia, em 1965; na década de 1970, passou a ser na Rua Luis Coelho. Da década de 80 até hoje, a sede fica no prédio Martinelli, na Rua São Bento.

A Companhia foi a primeira empresa estatal criada em uma cidade brasileira, voltada exclusivamente para políticas públicas de habitação. Na época, já existia a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) do estado de São Paulo. Desde então, mais de 30 administrações municipais e estaduais do país implementaram o mesmo modelo de empresa para lidar com os desafios de moradia.
Durante mais de 40 anos, a própria Cohab era a responsável por construir os conjuntos habitacionais na cidade. Até por isso, existia na Companhia uma Diretoria de Obras, encarregada de gerir esses projetos. Com a regulamentação do Minha Casa Minha Vida, em 2009, a forma de atuação foi alterada e a empresa passou a ser facilitadora do Programa. Hoje, realizamos a compra e a desapropriação de terrenos, além de fazer o chamamento das construtoras responsáveis pelos empreendimentos.

O primeiro empreendimento da Cohab foi o Capitão Alberto Mendes Junior, em São Miguel Paulista, na Zona Leste de São Paulo. Em junho de 1967, ou seja, menos de dois anos após a criação da Companhia, começaram a ser entregues as 349 casas na região.Os primeiros mutirões da Cohab-SP aconteceram em 1976 nas regiões de Pirituba/Perus, Freguesia do Ó, São Miguel, Santana, Itaquera e Guainases. Atenderam 600 famílias com renda de 1 a 5 salários mínimos da época.



Em 1979, e por mais alguns anos, o pagamento do mês era entregue junto ao holerite em um envelope da Companhia; os trâmites bancários não eram feitos com tanta agilidade como hoje, em 2020, onde todos recebem o pagamento creditado em conta-corrente.

Entre as décadas de 70 e 80 existiu um time de futebol entre os funcionários da Companhia. Ele era chamado “Futeboys” e foi pauta na página de esportes do Jornal Popular no dia 7 de janeiro de 1978, quando foi vice-campeão no campeonato esportivo da Prefeitura. Alguns empregados recordam sobre o Jornal da Cohab, que trazia fotos de inauguração de empreendimentos na década de 70 e 80. Quando a Central de Habitação funcionava na Galeria Prestes Maia, na década de 80, a Companhia organizava projetos culturais em troca do uso do espaço.

Cidade Tiradentes foi construído na década de 1980 pela Cohab-SP, CDHU e algumas empreiteiras por meio do extinto Banco Nacional da Habitação. Hoje, vivem nesse complexo mais de 200 mil pessoas; uma população maior do que a de 97% das cidades brasileiras.  A construção de prédios residenciais na região mudou radicalmente a paisagem local, até então dominada por eucaliptos e trechos da Mata Atlântica. Este é o maior complexo habitacional da América Latina. O complexo de Cidade Tiradentes foi criado em um movimento semelhante ao que ocorreu no Rio de Janeiro, com a construção dos Conjuntos Habitacionais da Cidade de Deus, pelo então governo da Guanabara. O intuito, para um primeiro momento, foi abrigar famílias retiradas de invasões e outras áreas de risco. Entretanto, atualmente, a área é destina a levar moradia digna a famílias paulistanas; uma proporção maior do que estimada pelas administrações públicas. Sabe-se também que o empreendimento foi construído em uma área que, antigamente, abrigava curandeiros e, possivelmente, escravos. De acordo com o historiador Marcio Reis, morador e estudioso da região, antes de se tornar a Fazenda Santa Etelvina, em 1895, o local foi uma Fazenda Escravista.

Feira livre na Cohab 1 em Itaquera nos anos 1980.

Na década de 80 existiu o Programa de Organização Condominial, na área social da Cohab. Como as pessoas de baixa renda ainda não eram acostumadas a viver em condomínios, esse programa ensinava sobres os conceitos desse estilo de vida. Desde como respeitar os espaços compartilhados até o que faz um síndico, foi o que aprenderam os moradores do Conjunto Itaquera 1, na época. Na década de 80, a Cohab perdeu o convênio com os Correios e as parcelas do financiamento não chegavam nas casas dos mutuários. Então uma equipe da Companhia ia de porta em porta entregar essas correspondências. Esse é o compromisso que nossos funcionários têm com os moradores de conjuntos habitacionais.

O primeiro computador instalado na Cohab, em 1983, foi na área de informática; o modelo Edisa, que tinha a mesma quantidade de memória de uma calculadora, era tão grande que precisava de um ar condicionado só para ele. Um pouco depois, o jurídico e a técnica também receberam os equipamentos. Apesar de já existirem algumas máquinas instaladas, a primeira rede de computadores só foi criada na Cohab  em 1988. Nesse momento, a interligação da rede funcionava de forma limitada dentro de cada departamento. A Cohab é o órgão operador do Fundo Municipal de Habitação - FMH. A Companhia é a principal responsável por firmar, gerir e fiscalizar os mais de 15 mil contratos com os recursos do FMH.

Cohab e meio ambiente? Nessa mesma década de 80 a 90 eram feitas plantações de árvores pela Cohab juntamente a população, a fim de repor as áreas desmatadas nos conjuntos, todos (moradores e empregados) participavam da criação das áreas verdes nos empreendimentos.

Na década de 90 foi criado o SinCohab, sindicato que cuida dos direitos dos funcionários; com isso, trabalhadores de empresas públicas na área de habitação puderam se organizar no estado e, principalmente, na capital. Na última década, uma das conquistas pelo SinCohab foi a participação nos lucros e resultados (PLR) aos empregados.

Até meados da década de 1990, era preciso pagar uma taxa administrativa para fazer parte do Cadastro da Cohab. Após feita inscrição, o benefício era concedido por data de inscrição. Hoje, muitas pessoas utilizam o termo “fila” de forma equivocada para se referir a demanda habitacional do município. Nos anos 2000, tanto a forma de se cadastrar como os critérios de seleção mudaram. Se inscrever na Cohab se tornou gratuito, por meio da internet, e os critérios de seleção passaram a ser socioeconômicos, de acordo com as determinações municipais, estaduais e federais. O cadastro da Cohab continua sendo uma das principais ferramentas de auxílio da política habitacional no município, disponível a todos pelo site da Companhia.

Em 2004, a Cohab realizou a desapropriação e desocupação do local onde hoje funciona o empreendimento São Vito, que foi o primeiro passo para a transformação urbanística do entorno da região do Mercadão de São Paulo.Ainda em 2004, a Cohab deu início a implantação do Programa Locação Social, que beneficia principalmente idosos que não se enquadram nas regras de financiamento da Caixa Econômica federal. 

VILA DOS IDOSOS
Inaugurada em 2007, o Conjunto Vila dos Idosos, possui 145 unidades destinadas a pessoas da 3ª idade. Em 2017, recebeu um prêmio da Associação Brasileira de Cohabs pela relevância social e urbana.




A Vila dos Idosos é empreendimento do programa de Locação Social e que foi reconhecido, em 2017, como modelo para demais cidades brasileiras



Até o ano de 2017, o atendimento aos mutuários ficou restrito à Central de Habitação, no centro de São Paulo. Desde então, os cidadãos também passaram a ser atendidos nos postos da Cohab criados nas Subprefeituras. Como uma alternativa para a descentralização do atendimento municipal, em 2017 foi criado o “Cohab na Área”. Tratava-se de uma Van que rodou todas as regiões de São Paulo para levar atendimento rápido e personalizado aos munícipes e mutuários da Companhia. Como outra maneira de levar o atendimento aos mutuários, a Cohab-SP possui 2 postos de atendimentos dentro do Descomplica, em São Miguel Paulista e no Campo Limpo. Ao todo foram realizados mais de 10 mil atendimentos realizados nas duas unidades.

Mais de mil síndicos dos empreendimentos da Cohab já passaram pelo Congresso dos Síndicos. O evento é organizado há quatro anos pela Companhia. No site da Cohab, foi criado em 2017 o Espaço do Síndico, onde os representantes dos moradores podem se cadastrar e ter um canal direto e mais rápido de relacionamento com a Companhia.

Você sabe quantos atendimentos a Central de Habitação da Cohab realiza por dia? A média registrada entre 2018 e 2019 é de 152 atendimentos por dia útil, sendo 38 mil pessoas por ano. Devido à pandemia causada pelo novo Coronavírus, o atendimento passou a ser agendado e caiu para menos da metade: até outubro de 2020, foram recebidas em torno de 14 mil pessoas.

Visando um maior ambiente sustentável no espaço de trabalho, a Cohab adotou diversas medidas para a diminuição de utensílios descartáveis, como os copos plásticos. A campanha Traga Sua Caneca mobilizou os funcionários da Companhia, que encaminharam as fotos de suas canecas para compartilhar a ideia entre os companheiros de trabalho.

Para auxiliar os conjuntos habitacionais a economizar nas contas de água e esgoto, a Cohab-SP auxiliou os síndicos a participarem no programa Tarifa Social, da SABESP. Hoje o programa está em mais de 349 conjuntos habitacionais, e gerou a economias de até 66% nas despesas de água.

Com o objetivo de levar entretenimento e os serviços da Cohab para os conjuntos habitacionais aos finais de semana, foi criado o Agita Cohab. Ao todo o evento percorreu todas as regiões da cidade em 18 edições entre 2017 e 2018.

A Cohab-SP produz materiais informativos elaborados para o público, seja virtualmente (site, redes sociais) ou enviados aos conjuntos. Alguns destes projetos de incentivo: "Desplugando", alerta sobre os riscos de aparelhos eletrônicos ligados na tomada; "Conviva bem", focado em dicas de convivência para moradores; "Não seja enganado", que atua no combate da venda irregular de imóveis da Cohab por terceiros.

Desde 2017, a Cohab-SP reforçou a iniciativa de regularizar contratos dos mutuários. Dessa forma, em parceria com os CEJUSCs, foram realizados uma série de eventos para a negociação de parcelas em atraso. Cerca de 7.000 famílias já foram beneficiadas com os eventos promovidos. Ao todo, as ações em conjunto com os CEJUSCs, totalizam aproximadamente 98% de acordos efetuados, resultando em cerca de R$ 50 milhões que voltarão aos caixas do município. 

Você sabia que a Cohab já eliminou 9,5 toneladas de papéis e pastas com o programa “5s”? Em 2017, a Companhia realizou pela primeira vez o programa, que tem como foco a melhoria do ambiente de trabalho. Com a ação foram removidas 5 toneladas de papéis e 250 móveis foram doados ou removidos. Em 2021, a empresa passou novamente pelo processo e foram removidas cerca de 4,5 toneladas de papéis e pastas. No mesmo período, em 2017, foi realizada a maior reforma com impacto estético e de melhorias do ambiente de trabalho. Todos os pisos foram trocados, além da reestruturação da parte elétrica e a instalação de novos computadores, mesas e cadeiras.

Em janeiro de 2018, em parceria com a SEHAB, foram entregues 21 apartamentos do empreendimento Casarão do Carmo. O prédio de uma torre, possui unidades que vão de 41m² a 52m², conta com uma unidade acessível para cadeirantes e área de lazer externa. Em 2018 a cidade de São Paulo fez história, com o lançamento da primeira Parceria Publico-Privada Municipal do Brasil para habitação popular. Inclusive, em agosto de 2019, a PPP recebeu a condecoração do Selo de Mérito da Associação Brasileira de Cohabs e Agentes Públicos de Habitação (ABC) e pelo Fórum Nacional de Secretários de Habitação e Desenvolvimento Urbano (FNSHDU), na Categoria: Projetos, Ações, Planos e Programas Voltados para a Produção e/ou gestão de HIS. A Companhia também tem atuação na PPP do Centro, do Governo do Estado. A Cohab é responsável pela desapropriação das Quadras 37 e 38 na região do Campos Elíseos.

Em 2019, a Cohab-SP decidiu modernizar seu regramento interno. No ano, foi realizada a reformulação do estatuto da Companhia, que estava em vigência desde 2004. A alteração potencializou a atuação da primeira Parceria Público-Privada da Habitação Municipal.

A Cohab possui 3 empreendimentos que tem a sua edificação tombada. São eles o Palacete dos Artistas, Riachuelo e Senador Feijó. Nossa cidade possui uma história muito rica e a arquitetura desses prédios fazem parte dela.

A Cohab-SP tem um mascote, o Cohabinho. Ele foi criado em 2019, em um momento de aproximação dos munícipes com os serviços públicos, a fim de levar entretenimento e conscientização para a população durante os eventos e ações.

O terreno onde é o estádio do Corinthians um dia foi da Cohab. Em 1970 a Companhia adquiriu o espaço com as áreas que hoje são os conjuntos habitacionais Itaquera A, B e C.

Um dos empregados mais antigos da Companhia, Toninho, tem 46 anos na casa e começou a escrever um livro com fatos aleatórios da Cohab-SP. Juntamente a outros empregados, unem histórias que fazem parte da trajetória da Companhia.

A Cohab é uma das grandes responsáveis pela regularização da situação de milhares de famílias que vivem de forma irregular na capital. Com a atuação na desapropriação e regularização fundiária de terrenos, a Cohab auxilia que o direito básico de moradia seja atendido. Uma das mais relevantes ações dessa característica foi realizada em 2019. A Cohab concluiu a regularização das áreas do Jardim Celeste I e II e IV Centenário, beneficiando 794 famílias que moram nos locais.

O conjunto Mario de Andrade, inaugurado em 2019, é o primeiro destinado a atender exclusivamente famílias que estavam em situação de rua e idosos. O empreendimento completa o atual parque de Locação Social, composto por: Parque do Gato, Olarias, Vila dos Idosos, Asdrúbal do Nascimento, Senador Feijó, Palacete dos Artistas e Mário de Andrade.

O empreendimento conjunto Asdrúbal do Nascimento é modelo de sustentabilidade. A Cohab investiu em energia renovável e instalou painéis de placa solar, que abastecem as áreas comuns do prédio e ajudam a diminuir a conta de luz mensal.

A Cohab também atuou e participou da entrega de um empreendimento pensado 100% na acessibilidade. O Conjunto Academia, no Itaim Paulista, todas as unidades podem ser adaptadas para Pessoas com Necessidades Especiais. Atualmente, 50% dos moradores se encaixam nessa demanda.

Nos anos de 2018 a 2019, numa ação de descentralizar o atendimento, a prefeitura de São Paulo levou a prestação de serviços das secretarias municipais para todas as regiões da cidade, e a Cohab-SP esteve presente em todas as edições.De 2017 a 2021, a Cohab e a Sehab atuaram e participaram da entrega de 30.194 unidades habitacionais em todas as regiões da cidade.Em 2021, a Cohab-SP criou um espaço voltado à conscientização e prevenção da Covid-19. O grupo “Cohab-SP Contra o Coronavírus” é destinado aos síndicos e oferece conteúdos sobre o combate a pandemia aos moradores de conjuntos habitacionais, com informações relevantes e verificadas.

A Cohab já abrigou grandes nomes artísticos. O Conjunto Habitacional Presidente Castelo Branco, em Carapicuíba, foi cenário de vida do vocalista do grupo musical Negritude Júnior e dos irmãos. Com isso, a banda criou o sucesso “Cohab City”, que emplacou o cenário musical por anos.


Inauguração da COHAB I na zona leste. Em baixo em fase de contrução e expansão: 1977-78






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XVII

JABAQUARA


Jabaquara é um distrito do município de São Paulo, no Brasil, fundado em 1964. Localiza-se na zona centro-sul do município. Conta com duas estações de Metrô (Jabaquara e Conceição) e uma rodoviária. Conta atualmente com aproximadamente 215 000 habitantes. Até o início do século XVII, a região era ocupada apenas pelos viajantes que se dirigiam a Santo Amaro e à Borda do Campo. A partir dessa época, a região começou a ser procurada por fazendeiros e sitiantes que passaram a abrir estabelecimentos agrícolas e comerciais. Contudo, começou a popularizar-se apenas a partir do final do século XIX, quando a prefeitura decidiu instalar o parque do Jabaquara, utilizado para passeios e piqueniques. Entre os anos de 1886 e 1913, circularam, pela região, os trens a vapor de uma pequena ferrovia que ligava a Vila Mariana a Santo Amaro e cujos trilhos foram implantados sobre uma via do antigo caminho do Carro (via de ligação entre São Paulo e Santo Amaro após atravessar os atuais distritos do Campo Belo e do Brooklin). Em 1906, a São Paulo Tramway, Light and Power Company implantou uma linha de bondes que passava ao largo da região, pois seguia em um trajeto que ia desde a rua Tutoia, na Vila Mariana, até o centro de Santo Amaro.

O primeiro loteamento do Jabaquara aconteceu na vila Santa Catarina entre 1920 e 1921. Até o final da década de 1920, boa parte da região era escassamente povoada, com chácaras esparsas em meio a extensas superfícies não ocupadas. Uma região sem grande urbanização e com grandes características rurais até então. O desenvolvimento e a urbanização vieram apenas no final da década de 1920, com a criação da Avenida Washington Luís, ligando a mais desenvolvida vila Mariana aos loteamentos suburbanos às margens das represas e, principalmente, com a inauguração do Aeroporto de Congonhas em 1936.

A construção da Paróquia São Judas Tadeu em 1940, a pedido do arcebispo metropolitano dom José Gaspar Afonso e Silva, auxiliou na valorização das terras da região, que se beneficiaram com o desenvolvimento. Isso incentivou a abertura de loteamentos (Jardim Aeroporto, Vila Mascote, Vila Santa Catarina, Vila Parque Jabaquara), que, no entanto, permaneceram praticamente desocupados ou com apenas alguns núcleos isolados até a década de 1950.

Terminal Rodoviário do Jabaquara, uma das três rodoviárias localizadas na cidade de São Paulo


Avenida Jabaquara em 1962 passado pelas primeiras mudanças de urbanização.

 Avenida Jabaquara é uma via situada na cidade de São Paulo, no distrito da Saúde, sendo uma das vias mais importantes para a região sudeste da cidade. Ela conecta a região da Vila Mariana até o distrito do Jabaquara e o bairro do Planalto Paulista, sendo uma alternativa de acesso para o Aeroporto de Congonhas e demais pontos turísticos e de interesse na zona sul da cidade. Entre o fim dos anos 60 e começo da década de 70, durante as obras da Linha 1 do Metrô de São Paulo, a avenida foi palco de um marco na engenharia brasileira, pois foi cavada uma vala aberta em quase toda a sua extensão para a instalação da rede de túneis e trilhos do sistema.

Histórico. Na virada do século XIX para o século XX, a região onde atualmente fica a Vila Clementino passou a ser conhecida como "Saúde", em homenagem a Nossa Senhora da Saúde. Por volta de 1840, a região onde atualmente fica a avenida teve seus primeiros registros de população, também era uma região muito utilizada como passagem por romeiros e viajantes em seu caminho para Santo Amaro ou para a Villa Conceição, em Diadema. Neste caminho havia uma estrada que começava na continuação da Rua Domingos de Moraes. Em 1917, com a oficialização da Igreja de Nossa Senhora da Saúde na região, esta estrada passou a ser conhecida informalmente como "Avenida da Saúde". Em 1913, havia uma rua no bairro da Vila Mariana com o nome de Rua Jabaquara (atual Avenida Conselheiro Rodrigues Alves). A fim de evitar que as pessoas se confundissem com a então existente Avenida Jabaquara (atual Avenida Bosque da Saúde), em 1915, o então prefeito de São Paulo, Washington Luís, instaura uma lei que transformava a Rua Jabaquara em Avenida Conselheiro Rodrigues Alves, e assim, deixava a então Avenida Jabaquara como a única via com este nome em São Paulo.


Avenida Jabaquara a partir da estação São Judas do Metrô, sentido Vila Mariana

A antiga Avenida Jabaquara ligava o Bosque da Saúde até o Parque Jabaquara, a sua extensão era composta pelos trajetos da atual Avenida Bosque da Saúde, continuando no trecho da atual Avenida Jabaquara que partia da altura do numero 700 até o seu final. Em 1923, com a publicação do ato nº 1.966, a prefeitura de São Paulo legaliza a criação de uma avenida entre a Rua Domingos de Moraes e o Parque Jabaquara, alterando o trajeto da Avenida Jabaquara para o atual. Com isso, o trecho da atual Avenida Bosque da Saúde foi separado e recebeu à época o nome oficial de Avenida da Saúde.

Em 1928, iniciam-se as obras de pavimentação da avenida e anos mais tarde, em 1940, surge a Paróquia de São Judas Tadeu, que na década de 60, viria a se tornar o Santuário de São Judas Tadeu. Nesta mesma época, começa a aumentar a população e a densidade de comércios, residências e prédios nos arredores da avenida devido ao recém inaugurado Aeroporto de Congonhas, aberto em 1936.

Em 1955, na altura do número 100 foi inaugurado o Cine Nilo, um dos maiores cinemas de rua da região em um antigo prédio, posteriormente demolido em 2023 e que ficava entre a avenida e a Rua Caramuru. Na mesma época, o trecho da avenida na região da Praça da Árvore começava a se tornar uma área de comércio popular para moradores dos bairros cortados por ela e arredores. Já nos anos 60, iniciam-se as obras do Metrô de São Paulo, tendo as obras iniciadas no entroncamento da Avenida Jabaquara com a Rua Pereira Estéfano, no bairro da Saúde. Em 1974, com o término das obras e a inauguração do primeiro trecho, a avenida ganharia 3 estações de metrô em sua extensão (Praça da Árvore, Saúde e São Judas).

Obras do Metrô de São Paulo

Obras do metrô na avenida em 1970, na altura da estação Praça da Árvore


Em 24 de abril de 1968, iniciavam-se as obras do Metrô de São Paulo no entroncamento da Avenida Jabaquara com a Rua Pereira Estéfano, em frente a Central Telefônica da Saúde, na altura do numero 1500 da Avenida Jabaquara. O método utilizado pela construtora na época foi o "cut and cover" que consiste em cavar uma espécie de trincheira ou vala, fazer as obras dos trilhos e de suas estruturas de concreto armado, para depois cobri-la e formar o túnel. A partir de 1969, praticamente toda a avenida se tornou uma grande vala a céu aberto para possibilitar as obras do primeiro trecho do Metrô. As obras levaram aproximadamente quatro anos, tendo interditado boa parte da avenida por três anos até serem concluídas em 1972. Neste ano, o Metrô iniciou seus testes com trens entre as futuras estações Jabaquara e Saúde. A obra se tornou um marco na engenharia do Brasil, pois além de ser parte das obras do primeiro sistema de transporte metroferroviário do país, pela primeira vez esta técnica era implantada em larga escala.

Pontos de interesse. Mosteiro Santa Tereza, no trecho inicial da Avenida Jabaquara, no bairro de Mirandópolis. A Avenida Jabaquara se conecta com diversas avenidas importantes da zona sul da cidade de São Paulo, como a Avenida dos Bandeirantes, Avenida Engenheiro Armando de Arruda Pereira, Avenida Miguel Estéfano, Avenida Bosque da Saúde, Alameda dos Guatás, Avenida Indianópolis, Avenida Fagundes Filho (a qual fornece acesso à Rodovia dos Imigrantes), dentre outras, além de fazer parte da principal rede de ciclovias da cidade que se conecta a outras ciclorrotas e ciclofaixas que vão para os bairros de Moema, Jabaquara, Bosque da Saúde e Vila Mariana. Também há 3 estações de metrô situadas na avenida, além de dezenas de pontos de ônibus municipais e intermunicipais.

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XVIII

VÁRZEA DO CARMO E CENTRO


Várzea do Carmo e Rio Tamanduateí, de José Wasth Rodrigues (1858), retrata lavadeiras ao Tamanduateí, casas e o Convento do Carmo



Várzea do Carmo era a denominação de uma das zonas centrais da cidade de São Paulo, adjacente ao Convento do Carmo e freqüentemente atingida pelas cheias do rio Tamanduateí, inicialmente conhecido como Piratininga. Em 1821, o Major de Engenheiros Pedro Arbues Moreira apresentou ao governo uma proposta de desaguamento da Várzea do Carmo, com a abertura de um canal de 40 palmos de largura. Por ser uma obra muito cara não foi executada. Durante a presidência do Padre Dr. Vicente Pires da Mota foram feitas muitas melhoras no local, entre elas a mudança no curso do rio Tamanduateí. Na administração dos presidentes João Teodoro Xavier e João Alfredo Correia de Oliveira, foram realizadas várias obras com o objetivo de preservar o local das inundações.

O saneamento integral e a recuperação da Várzea do Carmo foi um processo lento. Após a canalização do rio, que só foi concluída na segunda década do século XX, o topônimo caiu em desuso e, hoje a zona é - grosso modo - equivalente ao Parque Dom Pedro II.

Na Várzea do Carmo, em São Paulo, em 14 de abril de 1895, foi realizada uma partida de futebol entre ingleses e anglo-brasileiros, formados pelos funcionários da Companhia de Gás e da Estrada de Ferro São Paulo Railway. Essa é considerada a primeira partida de futebol do país. O amistoso terminou em 4 a 2, com vitória do São Paulo Railway.

A Companhia da Várzea do Carmo. A Companhia Mêcanica, que havia efetuado grande parte da canalização do rio Tamanduateí, recebeu a proposta da Prefeitura para realizar a urbanização da Várzea. Tratava-se de executar o projeto então elaborado para o parque. Como o Tesouro Municipal não dispunha de recursos, o prefeito Washington Luís Pereira de Sousa propôs que o serviço fosse pago com os terrenos remanescentes, que pertenciam ao Município. A Companhia Mecânica, por ser uma poderosa organização empreiteira, não achou vantajosa essa troca de terras por serviços e desistiu.

O prefeito tinha como secretário o Sr. Antônio Almeida Braga, que se propôs a conseguir os recursos necessários para a urbanização por meio de uma companhia a ser construída. Assim surgiu a Companhia da Várzea do Carmo, que tinha como presidente o Visconde de Moraes. Para o Conselho Fiscal foi nomeado o engenheiro Ricardo Severo da Fonseca e Costa, sócio do escritório de Engenharia e Construções Ramos de Azevedo. Os escritórios dessa nova Companhia ficavam no prédio do Banco Português do Brasil, na rua XV de Novembro.

Em 1921 o canal do Tamanduateí foi concluído, junto com o ajardinamento da área, atraindo multidões à procura de trabalho. Dois anos depois o serviço estava completamente terminado e teve início a venda de lotes, que eram em média de duzentos metros quadrados com sete metros de frente. Os dois maiores lotes foram adquiridos pela Prefeitura para a construção do Mercado Central (atual Mercado Municipal de São Paulo).

Com os trabalhos de urbanização do parque e canalização do rio, mudava-se o leito antigo para transformar-se na rua 25 de Março. Ali existia um movimentado porto, com grandes e rústicos armazéns. Dessa extinta atividade restou a denominação Ladeira Porto Geral. Também desapareceram os portos do Tamaduateí, denominados Beco das Barbas, na atual Ladeira Porto Geral, da Figueira, na foz do Anhangabaú; da Tabatinguera, diante da rua de mesmo nome. Já o rio estava difícil de navegar devido aos bancos de areia, entulhos e aguapés.

História. Antes de se tornar o Parque Dom. Pedro II, toda região era denominada Várzea do Carmo, várzea por ser uma área que se inunda pelas cheias do rio Tamanduateí e rio do Carmo , este que se encontrava próximo a igreja do Carmo, que também nomeava a ladeira e ponte ao final dela ( região hoje conhecida como Avenida Rangel Pestana). O rio Tamanduateí teve por anos suas margens utilizadas para banhos, pelas lavadeiras e também para o despejo de lixos. As recorrentes enchentes se tonaram um problema para a população, pois foi responsável por trazer doenças às pessoas, por conta da insalubridade da Várzea. Com a intenção de resolver este problema, em 1810, uma vala foi construída no centro da Várzea para barrar os alagamentos.

Em 1822, ao visitar a cidade de São Paulo o botânico francês Auguste Saint-Hilaire, caracterizou a Várzea de Carmo como uma “planície sem acidentes que apresenta uma encantadora alternativa de pastagens rasteiras e de capões de mato pouco elevados […] nas partes em que há mais água, o solo é entremeado de montículos cobertos de espessos tufos de relva.” e o rio Tamanduateí como quem ia serpenteando a região com suas sete voltas[5]. Beco das sete voltas era denominada essa pequena parte que margeava o rio. em uma das setes voltas ficava o Porto Geral, que recebeu esse nome por ser o mais movimentado dos portos do rio. Eles duraram até 1849, quando se iniciaram obras para a retificação do rio. O Beco virou uma rua, que hoje é conhecida por 25 de março.

No fim do século XIX, a obra ganhou força para ser terminada. João Theodoro, em sua gestão, com o objetivo de transformar o rio em uma reta, especialmente na região do Brás e Luz, realizou a canalização da primeira parte do rio. Ainda, Theodoro foi responsável por colocar jardins e projetar a Ilha dos Amores, o que o transformou como um dos primeiros urbanistas do país. Em 1890, além de tentar encontrar novas soluções para as enchentes que ainda atingiam a população, o poder público discutia um plano de "embelezamento" da Várzea do Carmo.

Para que uma decisão fosse tomada, pelo executivo paulistano, sobre a situação das enchentes, foram 30 anos de discussões e debates. Em 1910, então, foi decido erguer um parque, onde participariam a iniciativa privada, o poder público municipal e estadual. Ideia que foi aprovada em 1914 e entregue a população em 1922. Assim, deixa de existir a Várzea do Carmo e surge o Parque Dom. Pedro II que se torna um dos mais importantes espaços públicos de São Paulo, por conter grande variedade de árvores. Em 1924, considerando a ideia do poder paulistano e a importância de transformar a região, foi contemplado o Palácio das Industrias.

Com o crescimento demográfico e econômico da cidade, na década de 30, a maioria das construções dos tempos coloniais e do império foram destruídas e a cidade foi deixando de possuir característica "europeia". Além disso, nesse período surge o Plano das Avenidas que mudaria totalmente a estrutura do parque.

A primeira proposta voltada para à cidade de São Paulo foi feita pelo engenheiro Prestes Maia que, ao se tornar prefeito em 1938, começou a executar seu plano. A principal característica de sua ideia era a tentativa de fazer uma "cópia" das metrópoles americanas, e ter uma política voltada para o transporte rodoviário.

O parque sofreu intervenções e teve sua estrutura alterado, no final dos anos 50, como a pavimentação da Avenida do Estado no trajeto do Tamanduateí, a criação de cinco viadutos e diversas outras obras. A propósito, a concepção da Avenida do Estado, foi o marco para o início da degradação do parque. A estação do metrô Pedro II, o terminal de ônibus, surgido em 1971, e outras ideias do poder público, foram de gradando e destruindo o espaço do parque, que resultou no que temos hoje: apenas um espaço de transição e não mais de interação com a cidade.

O processo de urbanização na região central da cidade de São Paulo no século XIX perpassou o rio Tamanduateí que inicialmente era chamado de Rio Piratininga, daí o nome da cidade de São Paulo, quando ainda era uma Vila (São Paulo de Piratininga). O curso natural do rio compreendia uma série de voltas até encontrar o seu afluente Anhangabaú, de forma que os bairros do centro da cidade surgiram adaptados ao seu contorno. O rio tem papel chave nesse momento de desenvolvimento da cidade de São Paulo, sendo via de transporte para mercadorias, local de pesca e ponto de encontro de lavadeiras.

A várzea do Tamanduateí, assim como a Várzea do Carmo, eram utilizadas para banhos e faziam parte da vida social de São Paulo durante o período de urbanização da cidade. Artistas como Antonio Ferrigno, Arnaud Julien Palliè e Benedito Calixto retrataram entre o final do século XIX e início do século XX o rio Tamanduateí como integrado à paisagem de São Paulo, servindo à sua comunidade, embora ainda fosse um marco do limite geográfico de São Paulo, de onde podia se partir em direção ao Rio de Janeiro. Autores também descreveram a várzea do rio e o baixo da Ladeira do Carmo por seu teor operário, fabril e pobre, em oposição à região do Anhangabaú que com suas palmeiras imperiais e construções planejadas ostentava a rica economia do café paulista.Em 1848, houve os primeiros esforços na eliminação das curvas sinuosas do rio Tamanduateí a fim de conter suas enchentes na região central de São Paulo, durante a gestão de João Theodoro.

Entre as décadas de 1870 e 1880, o rio Tamanduateí foi um dos pontos de lazer do paulistano, quando a "Ilha dos Amores", que era uma pequena ilhota ajardinada existente nas proximidades da atual Rua 25 de Março, mantinha quiosques com bebidas e comidas, além de uma casa de banho e espaço para o descanso, permitindo, assim, um local de entretenimento e lazer para a população, estimada nesta época em 31 mil habitantes conforme o censo de 1872. Após vários alagamentos, a ilha foi abandonada e deixou de existir no início do século XX, quando ocorreu a segunda retificação do rio. O Tamanduateí, até o início do século XX, foi um via de transporte fluvial, atendendo o Mercado Grande (ou Mercado Velho) e o Mercado dos Caipiras que existiam na antiga Rua de Baixo, atual rua 25 de Março, quando barcos transportavam mercadorias e escravos até o porto denominado de Ladeira Porto Geral. Frequentemente alagado por estar na área da várzea do Tamanduateí, o local ficou conhecido também como "beco das sete voltas".[Textos e imagens da Wikipedia]


Lavadeira à margem do Tamanduateí na década de 1910.



Rio Tamanduateí nos anos 1920.

CENTRO

Avenida  Ipiranga com São Luiz. Anos 1950


Chama-se comumente Zona Central de São Paulo (ou simplesmente Centro de São Paulo) a região administrada pela Subprefeitura da Sé, que engloba os distritos da Bela Vista, Bom Retiro, Cambuci, Consolação, Liberdade, República, Sé e Santa Cecília. Não deve ser confundida com a região conhecida como centro expandido, utilizada eventualmente pela prefeitura do município em ações de planejamento urbano, a qual engloba também partes das subprefeituras da Mooca, Lapa, Pinheiros, Vila Mariana e Ipiranga, ou com o Centro Histórico de São Paulo, que engloba apenas a parte mais antiga da região central.

Definição. Zona Central de São Paulo, com destaque aos edifícios Altino Arantes, Martinelli e Banco do Brasil. Oficialmente, a zona central é delimitada pelos distritos da Subprefeitura da Sé. No entanto, a percepção social daquilo que se chama "centro de São Paulo" varia e eventualmente inclui outras áreas do município. Até a criação da subprefeitura da Sé, a noção de "centro" equivalia à região da antiga Administração Regional da Sé, que também incluía os distritos do Brás e do Pari - atualmente englobados pela Subprefeitura da Mooca -, interpretação que também é encontrada atualmente. A noção de "área central de São Paulo", porém, é mais ampla a depender do estudo que é feito a respeito da região e pode incluir pontos como os centros financeiros da Avenida Paulista e da Avenida Berrini. Para Villaça, chama-se de "área de concentração das camadas de alta renda" a região do município que engloba todas as centralidades que são historicamente chamadas de "centro" e cujas imagens são de tempos em tempos ideologicamente associadas à própria imagem do município. Esta região, que poderia ser entendida como o centro metropolitano de São Paulo, também é chamada de "vetor sudoeste" e concentra a maior parte da renda, dos empregos e da atuação do Estado no município.

O centro de São Paulo foi também o principal distrito financeiro do município até aproximadamente a segunda metade do século XX. A partir da década de 1970, por vários erros de sucessivos governos municipais e pelo desenvolvimento de outras áreas da município, muitas empresas começaram a se mudar para outros distritos do município. Novos centros financeiros começaram a surgir pelo município e a sede de órgãos do governo do estado de São Paulo deixaram a região, como a transferência sua sede para o Palácio dos Bandeirantes no distrito do Morumbi (Zona Oeste de São Paulo). Com o forte processo de degradação urbana e de queda na qualidade de vida da região, a maioria das pessoas de alta e média renda, além de artistas e intelectuais que viviam na região, também começaram a mudar-se para outras áreas do município, resultando no agravamento da decadência da região central da cidade. O intenso processo de esvaziamento e degradação urbana na região trouxe várias consequências como o aumento das taxas de delinquência, economia informal, atos de vandalismo, falta de investimento privado em novos imóveis, depredação do patrimônio histórico, especulação imobiliária, prostituição, aumento no número de mendigos e consumo de drogas.

No início da década de 1990 começaram a surgir as primeiras intenções e movimentos por parte da sociedade (como a associação "Viva o Centro") e do governo (municipal e estadual) que tratavam da recuperação social, econômica, turística e cultural da região, iniciando um lento, porém constante, processo de revitalização. Vários centros culturais foram criados ou recuperados, como a Pinacoteca do Estado de São Paulo, a Estação da Luz, o Museu da Língua Portuguesa, a Estação Júlio Prestes, a Sala São Paulo, o Teatro Municipal de São Paulo, o Mercado Municipal de São Paulo, o Palácio das Indústrias, o Museu Catavento, entre outros.

Em 2009 foi criada uma nova forma de vigilância dos espaços públicos para esta zona do município, denominada "Aliança pelo Centro Histórico de São Paulo" que inclui esforços da prefeitura do município, da associação "Viva o Centro" e das empresas privadas da região. O projeto "Aliança pelo centro histórico" tem o objetivo de proporcionar a qualidade total dos serviços públicos como: a segurança, a iluminação e a limpeza das ruas e praças e outros mais. Outra importante iniciativa de recuperação da região central de São Paulo é o Projeto Nova Luz, criado pela prefeitura em 2004 e iniciado em 2005, tem por objetivo reformular por completo a área da atual "Cracolândia", local bastante degradado no centro da cidade, conhecido por ser ponto de tráfico e uso de drogas.



Avenida São João, esquina com Rua Formosa, Centro-SP. Ano 1900


Avenida São João em 1936. Foto:  Oskar Schmieder.

A Avenida São João é uma importante via arterial do Centro de São Paulo. Conecta-se a ela o Elevado Presidente João Goulart e em sua perspectiva encontra-se o Edifício Altino Arantes (Banespa), importante ponto focal urbano. Em sua área mais central, a avenida é inteiramente pedonal (situação caracterizada como "calçadão"), sendo restrito o tráfego de automóveis. A história da Avenida São João remonta a 1651. Naquele ano, os paulistanos Henrique da Cunha Gago e Cristóvão da Cunha solicitaram à Câmara Municipal a doação de terrenos na área delimitada pelos Ribeirões Anhangabaú e Yacuba. Com o passar do tempo, esse rústico caminho passou a ser conhecido como “Ladeira do Acú”, numa abreviação de Yacuba, o riacho fronteiriço. A ladeira iniciava-se no antigo Largo do Rosário – atual Praça Antonio Prado – e terminava nas proximidades do Largo do Paissandú. Desse ponto em diante, ela transformava-se na “Estrada de Jundiaí”, caminho muito utilizado por tropeiros que seguiam em direção ao interior do Estado. E como Ladeira do Acú, a São João permaneceu durante todo o século XVIII. A designação atual é uma homenagem a São João Batista, considerado o “protetor das águas” na tradição católica. Buscando as raízes dessa homenagem, verificamos que os cursos d’água que cruzavam a antiga “Ladeira” eram considerados perigosos para os antigos paulistanos: Yacuba ou Acú, significa em Tupi “Água Envenenada”; esse córrego margeava o atual edifício dos Correios e desaguava no Anhangabaú que, também no Tupi, significa “Águas Assombradas” ou Águas do Diabo”. Referida homenagem, inicialmente, consolidou-se informalmente passando a constar nos registros a partir de 28 de novembro de 1865, quando o vereador Malaquias Rogério de Salles Guerra sugeriu a denominação “Ladeira de São João”. Mais tarde, o logradouro se transformou em Rua e, a partir de 1916, Avenida São João.Entre 1910 e 1937, sucessivas reformas, alargamentos e prolongamentos foram realizados. Alguns dos alargamentos ocorreram nas administrações de Raimundo Duprat (1911-1913) da Rua Libero Badaró ao Largo de Paissandu, Washington Luís (1914-1919) do Largo do Paissandu à Praça Júlio de Mesquita e de Firmiano Pinto (1920-1925) da Rua Libero Badaró até a Praça dos Pirineus (atual Praça Marechal Deodoro). No começo de 1970, sobre trecho relativo da Avenida São João foi levantado o Elevado Presidente João Goulart. A obra lançada pelo prefeito da época, Paulo Maluf, visava o desafogo das vias centrais e foi inaugurada no 417° (quadragésimo décimo sétimo) aniversário da cidade de São Paulo. O fluxo pesado e contínuo de automóveis, o ruído, a sujeira e a poluição aumentaram drasticamente nas vias sobre as quais o elevado foi construído, cenário que desvalorizou o mercado imobiliário da região.


Vista área da avenida Ipiranga  e sua principais confluências. Foto Labor, 1953



O Largo do Arouche em 1951.

Largo do Arouche é uma praça tradicional da região central, considerada patrimônio cultural da cidade de São Paulo. O local também é conhecido como Praça das Flores ou Mercado de Flores e abriga diversos floristas que se instalaram após a retirada das bancas existentes na Praça da República pelo prefeito Armando de Arruda Pereira por volta de 1914. Durante os anos 1900 a praça abrigou a "Feira Livre do Arouche", a segunda da cidade, criada no contexto da crise do abastecimento de produtos hortifrutigranjeiros e encerrada em 1954. O nome atual remete ao tenente-general José Arouche de Toledo Rendon, reconhecido por ser o primeiro diretor da Faculdade de Direito de São Paulo e do Jardim Botânico. Durante a história, foi renomeada diversas vezes e já foi chamado de Largo do Ouvidor, Largo da Artilharia e Praça Alexandre Herculano.

O Largo é composto pelas ruas Jaguaribe, Amaral Gurgel, a avenida Duque de Caxias e o término da rua do Arouche. Em seu lado oposto passa a avenida Vieira de Carvalho, dados que constam na planta genérica da cidade de São Paulo. O nome da praça é uma homenagem ao tenente-general José Arouche de Toledo Rendon, dono do terreno desde a demarcação da Cidade Nova, marcos formados a partir da transposição do vale do rio Anhangabaú, regiões hoje conhecidas como Santa Cecília, Praça da República e Vale do Anhangabaú. Arouche era proprietário de boa parte da zona central da cidade de São Paulo, hoje conhecida como Vila Buarque, uma área que abrangia o atual Largo do Arouche e a Praça da República. Em 1881, a pedido do tenente, a Câmara de São Paulo cedeu à sua vontade de desterrar e aplainar a Praça então chamada de Legião para "disciplinar os milicianos por brigadas" e mudar seu nome para Praça dos Milicianos. Desde então o espaço quadrangular entre as ruas Jaguaribe e do Arouche, considerado a parte baixa, recebeu muitos nomes (Tanque do Arouche, Praça da Alegria, Praça da Legião), até finalmente em 1865 receber o nome de Campo do Arouche, que perdurou até 1910, quando pela Lei nº 1.312 mudou para "Praça Alexandre Herculano". Três anos depois, o art. 2° da Lei Municipal nº 1.741 reverteu "Largo do Arouche" como o nome definitivo de toda praça.

Em 1953 foi chamada "Mercado de Flores do Arouche" a partir de ato normativo exarado pela prefeitura municipal. A parte alta, antiga praça da Artilharia, logo mudou seu nome para Largo do Arouche, como até hoje é conhecida.

Praça da Sé em foto de 1880 de Marc Ferrez. A velha catedral de São Paulo está à direita.



CATEDRAL E PRAÇA DA SÉ. 

MARCO ZERO DA CIDADE

Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção e São Paulo, informalmente conhecida como Catedral da Sé, é a principal templo católico da cidade de São Paulo, Brasil. Localiza-se na Praça da Sé, na Zona Central do município. Apesar de ter uma cúpula de estilo renascentista, a Catedral Metropolitana de São Paulo é considerada como o quarto maior templo neogótico do mundo. A catedral é o templo principal da paróquia de Nossa Senhora da Assunção de São Paulo, criada em 10 de agosto de 1591. É uma das sete maravilhas brasileiras. A história da catedral de São Paulo começa em 1589, quando se decidiu que uma igreja principal (Matriz) seria construída na pequena vila de São Paulo de Piratininga. Esta igreja, situada onde está hoje o Monumento a Anchieta, escultura de Heitor Usai na Praça da Sé, foi terminada em torno de 1616. São Paulo transformou-se em sede de diocese em 1745, e a partir dessa data, a antiga igreja foi demolida e substituída por uma nova, construída em estilo barroco, terminada em torno de 1764. Esta modesta igreja seria a catedral de São Paulo até 1911, quando foi demolida.. Após um longo período de deterioração, a catedral foi completamente renovada entre 2000 e 2002. Com o fim de reparar o edifício, muitos pináculos sobre o nave e as torres foram terminados. As plantas originais, datadas de 1912, foram encontradas dentro do próprio edifício, permitindo uma restauração fiel ao projeto original. A catedral é a mais alta igreja de São Paulo, com 111 metros de comprimento, 46 de largura, duas torres com 92 metros de altura e uma enorme cúpula. Tem capacidade para abrigar 8 000 pessoas. No acabamento foram usadas 800 toneladas de mármore. Suas medidas a tornam uma das maiores igrejas do Brasil e do mundo. A cripta localiza-se debaixo do altar principal e é um vasto salão suportado por várias colunas e arcos de perfil gótico. Nela estão sepultados bispos e arcebispos de São Paulo e vários personagens importantes da história do Brasil. Entre estes, encontram-se: o grã-cacique Tibiriçá dos Guaianás, que teve importante papel na fundação de São Paulo. Outro personagem ilustre sepultado na cripta é o Regente Feijó, governante do Brasil durante o Período regencial. Encontra-se, ainda, parte dos restos mortais do sacerdote Bartolomeu Lourenço de Gusmão, brasileiro a quem foi dada a primeira patente de invenção em 1707. Dom Paulo foi sepultado no dia 16 de dezembro de 2016.[Textos e imagens da Wikipedia]


A Praça da Sé é um espaço público localizado no bairro da Sé, no distrito homônimo, no Centro do município de São Paulo, no Brasil. É considerado o centro geográfico da cidade. Nela, localiza-se o monumento marco zero do município. A partir dele, contam-se as distâncias de todas as rodovias que partem de São Paulo, bem como a numeração das vias públicas da cidade. Considerada quase um sinônimo para o Centro Velho, a praça é um dos espaços mais conhecidos da cidade e foi palco de muitos eventos importantes para a história do país, como o comício das Diretas Já. O nome deve-se ao fato de a praça ter se desenvolvido em frente à Sé da capital paulista. Originalmente conhecida como o "Largo da Sé", a praça desenvolveu-se a partir da construção, durante o período colonial, da Igreja Matriz do município (substituída pela atual Catedral Metropolitana de São Paulo no século XX) e de uma série de edifícios ao seu redor. No início do século XX, porém, com a demolição de vários dos edifícios originais e as obras de embelezamento urbano e alterações no sistema viário, a praça transformou-se e assim permaneceu até a segunda metade do século XX.  A praça abriga diversos monumentos e esculturas, entre eles o célebre Marco Zero no centro da praça e que indica o "coração" da cidade de São Paulo. À frente do Marco Zero, encontra-se o monumento a José de Anchieta, fundador de São Paulo e "Apóstolo do Brasil", inaugurado em 1954 por ocasião do quarto centenário da cidade. Com a reforma de 2006, a praça recebeu diversas novas intervenções artísticas, de maioria abstrata; entre elas as esculturas "Condor" e "Diálogo", entre outras. As esculturas foram espalhadas pela praça, e interagem com o espaço reformado. Apenas em 2009 foi instalada na praça um monumento em homenagem a São Paulo, apóstolo de Jesus e santo que dá nome da cidade.[Textos e imagens da Wikipedia]

Praça da Sé nos anos 1960 com destaque do Edifício Mendes Caldeira, demolido na década seguinte  por causa da construção da Linha Azul do Metrô e da  Estação Sé.



PRAÇA DA FÉ E DA POLÍTICA



Protesto em 1979  contra morte do operário Santos Dias durante um piquete em frente a fábrica Sylvania. Acervo Cedem-Unesp.



Em 1954, a Catedral da Sé, ou Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção de São Paulo, foi inaugurada tornando-se, rapidamente, o principal espaço religioso da cidade. Durante a ditadura, desempenhou importante papel de apoio à resistência, principalmente a partir de 1970, com a nomeação de Dom Paulo Evaristo Arns como Arcebispo (e Cardeal em 1973). Com ele, a Catedral atuou na proteção de opositores políticos e de movimentos sociais, assim como na articulação e sustentação política às ações solidárias de bispos e párocos da cidade. Entre as inúmeras atividades em que a Catedral esteve envolvida, podemos citar: a celebração de missas em memória de vítimas - como o estudante Alexandre Vannuchi, o jornalista Vladimir Herzog, o operário Santo Dias, e o dominicano Frei Tito de Alencar -, o apoio às primeiras reuniões e buscas de familiares de desaparecidos políticos, a criação da Comissão de Justiça e Paz, e a participação no projeto Brasil Nunca Mais, primeira iniciativa de apuração sistemática das violações de direitos humanos cometidas no período.

Presença policial durante o protesto contra o custo de vida em 1978. Nair Benedicto. Cedem-Unesp. 


Implosão do edifício, realizada em 16 de novembro de 1975. Acervo da Companhia do Metropolitano de São Paulo.


O Viaduto do Chá foi o primeiro viaduto a ser construído na cidade de São Paulo, localizado no Vale do Anhangabaú, no centro da cidade. Foi idealizado pelo francês Jules Martin em 1877, mas inaugurado apenas em 6 de novembro de 1892. Na época, foi construído com estrutura metálica, que com o passar do tempo se tornou inadequada, inclusive com riscos de queda. Por este motivo, ao lado da antiga estrutura foi construído um novo viaduto, com a estrutura de concreto armado presente até os dias de hoje. Após a inauguração deste novo viaduto, em 1939, o antigo foi desmontado. Por ser uma região de intenso trânsito de pessoas, o Viaduto do Chá costuma servir de plano de fundo para muitas entrevistas e enquetes de programas de televisão. A construção também é um local muito usado para locações externas de novelas e filmes que se passam no centro de São Paulo, como, por exemplo, a telenovela da Rede Globo Tempos Modernos, que teve grande parte de suas cenas gravadas no Vale do Anhangabaú e no chamado "Centro Velho" da capital paulista. O Viaduto do Chá tinha início na Rua Direita e terminava na Rua Barão de Itapetininga, na região conhecida como Morro do Chá (que ganhou esse nome por causa de inúmeras plantações de chá preto que havia na área; como originalmente era plantada na Índia, uma possessão inglesa, também era conhecida como chá-da-índia),onde hoje se encontram os distritos da República e da Consolação. Foto: Viaduto do Chá nos anos 1920. Ao fundo o Teatro Municipal. [Textos e imagens da Wikipedia]

A Rua de São Bento em 1905, fotografia de Guilherme Gaensly. Festejo pelo fim da Segunda Guerra Mundial em 1945.


Rua São Bento é um logradouro histórico localizado no distrito da Sé, Centro da cidade de São Paulo, capital do Estado de São Paulo. Começa no Largo São Francisco junto a Rua José Bonifácio, passando ainda: pela Praça do Patriarca, Rua Direita, Rua da Quitanda, Largo do Café, Rua Miguel Couto, Praça Antonio Prado e finaliza sua extensão junto à Rua Boa Vista, já no Largo de São Bento. A rua tem atividades eminentemente comerciais nos dias atuais, onde podem ser encontradas diversas lojas que vão desde grandes redes, passando por perfumarias, livrarias, lanchonetes, restaurantes, bancos, redes de "Fast Food" até pontos históricos e turísticos da cidade de São Paulo como é o caso do Edifício Martinelli, cuja portaria principal é acessada pela Rua São Bento. Já foi denominada de "Rua de Martim Afonso Tibiriçá" e "Rua de São Bento para São Francisco". O nome "São Bento" é referência ao Mosteiro de São Bento, localizado no Largo de São Bento, ao final da rua. Em conjunto com as ruas Direita e 15 de Novembro, a Rua São Bento formou o célebre "Triângulo" paulistano, centro da vida comercial, intelectual e elegante da São Paulo de finais do século XIX e início do século XX.

Estabelecimentos históricos e conhecidos dos paulistanos, abrigados na rua em diversas épocas: Leiteria Campo Belo, Casa Fortes, Casa Fretin (esquina com Rua da Quitanda), Casa Genin, Botica Ao Veado d'Ouro, Joalheria Adamo, Casa Paiva, Electrolandia, Casas Pernambucanas, Au Bon Marché, A Triumphal, Casa Sotero, Lapidação de Diamantes Antuérpia, Loja do Japão, Loja da China, Cine São Bento. O Grande Hotel, na Rua São Bento esquina do Beco da Lapa (atual Rua Miguel Couto), inaugurado em 1878, era considerado o melhor hotel do Brasil, ocupando todo um quarteirão: Beco da Lapa, Rua São Bento até a Rua São José (atual rua Líbero Badaró). Edifício de três andares projetado por Von Puttkamer, recebeu hóspedes famosos como o príncipe Henrique da Prússia (1885) e a artista Sarah Bernhardt (1886), sendo demolido em 1964, dando lugar a edifício comercial. Havia ainda o Cursinho do Professor Castelões, preparatório aos vestibulandos das Faculdades de Direito.


Rua São Bento anos 1930


O Copan é um dos mais importantes e emblemáticos edifícios da cidade de São Paulo, localizado no número 200 da Avenida Ipiranga, no centro da cidade, e foi inaugurado em 1966. É um dos símbolos da arquitetura moderna brasileira, concebido pelo arquiteto Oscar Niemeyer com projeto estrutural do engenheiro Joaquim Cardozo, visando às comemorações do Quarto Centenário da cidade de São Paulo. A obra, contudo, foi iniciada apenas em 1957, com algumas alterações e executada com a ajuda de Carlos Lemos. Como um símbolo da cidade de São Paulo, é um marco da arquitetura modernista no Brasil. É a maior estrutura de concreto armado do país, com 115 metros de altura e 120 mil metros de área construída. Com a utilização da liberdade formal, leveza, materiais curvilíneos, o modernismo deixa de seguir padrões europeus e norte americanos e passa a expressar sua própria cultura. Sem ornamentos típicos da arquitetura antes vista no Brasil e no mundo, o edifício inova na época em que se constrói (1951-1967), com a leveza de sua fachada e organicidade das formas, quebrando ângulos retos do centro da capital paulista. A projeção de lotes de geometria irregular funciona como uma extensão da rua. Com a arquitetura livre, Oscar Niemeyer pretendeu transformar a realidade, fazendo a sugestão de dissolução do lote, no centro da cidade. Buscando o racionalismo e o funcionalismo, o arquiteto buscava integrar o projeto com o entorno e a paisagem.[Textos e imagens da Wikipedia]

Acim o Edifício Copan em construção e embaixo já concluído em 1967.






Ladeira Porto Geral. Começa na Rua Boa Vista e termina na Rua 25 de Março. Por estar em um terreno inclinado, leva a denominação de ladeira. Possui característica comercial, com uma enorme quantidade de barracas de camelôs, apesar de proibidas. Seu nome original era Ladeira do Porto Geral, pois na região o rio Tamanduateí formava um meandro ou curva, uma das sete existentes na região, e nela ficava um porto que atendia o Mercado dos Caipiras e o Mercado Grande (ou Mercado Velho) com mercadorias transportadas por barcos que navegavam pelo rio. Essa área era inundável, considerada várzea e navegável na época. Posteriormente a região foi aterrada e retificada da forma original para a atual.
Ladeira Porto Geralcom Rua 25 de Março, no início do século XX. São Paulo Velhos Tempos

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Ladeira Porto Geral . Ao lado de outras denominações históricas como as ruas "Direita", "Boa Vista" ou "da Quitanda", sobreviveu, na colina histórica de São Paulo, o nome da "Ladeira Porto Geral". 
Principal caminho para o Rio Tamanduateí ao tempo em que este corria ao lado da Rua 25 de Março, a ladeira, por isso mesmo, foi chamada inicialmente de "caminho que vai para o Tamanduateí", e isso por volta de 1780.  Não obstante, e como era muito comum nos séculos XVII e XVIII, ela era ainda era conhecida por diversos nomes como "Beco do Barbas" (referência a um antigo barqueiro que residia nas imediações), "Beco da Barra" e "Beco do Quartim" (referência a Antonio Maria Quartim, proprietário de uma chácara na região). Posteriormente, recebeu a denominação de "Porto Geral de São Bento", e isso por dois motivos: o primeiro deles deve-se ao fato de que o "porto", além de ficar nas proximidades do Mosteiro de São Bento, era também muito utilizado como atracadouro para as canoas carregadas de mercadorias provenientes das fazendas de São Caetano e que pertenciam ao Mosteiro. 
A designação "Porto Geral", por sua vez, deve-se ao fato de que este não era o único porto no Rio Tamanduateí. Existiam ainda o da "Tabatinguera" e, mais abaixo, o da "Figueira" e o do "Coronel Paula Gomes". Porém, e em pouco tempo, o de "São Bento" passou a ser o mais importante da região, visto que nele é que atracava o maior número de canoas recheadas de mercadorias vindas dos sítios e das roças ribeirinhas e das olarias de São Bernardo.  Nesse sentido, o povo passou a chamá-lo de Porto Geral, pois ele era o principal da cidade. O "Porto Geral" se tornara, pois, um centro de grande atividade comercial, apresentando-se sempre cheio de tropas e mercadores. E tudo isso até 1848, quando então o Rio Tamanduateí começou a ser retificado. O golpe final veio em 1896 com o término daquelas obras que redundou no desaparecimento do "porto". Permaneceu, porém, o seu nome como que a chamar a nossa atenção para este fato histórico da velha São Paulo.


Ladeira do Porto Geral nos anos 1950. 



A Avenida São Luís  está localizada no bairro da Consolação - no distrito da Sé e subdistrito da República. Tem início na Avenida Ipiranga, próxima a Praça da República e a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, e término na Rua da Consolação - perto da Biblioteca Mário de Andrade - esquina com o Viaduto Nove de Julho, com extensão de apenas um quarteirão. É uma via de mão única que abriga, dentre outras coisas, o Edifício Itália, a Galeria Metrópole e, além de tudo, é uma das ruas temáticas da cidade onde há lojas do comércio especializado do ramo de agências de viagens.
 Quando aberta no início do século XVIII, não era uma das avenida mais movimentada da cidade, era apenas um beco denominado Beco Comprido. Inclusive, no mapa de 1810, o mais antigo da cidade, este logradouro aparece, porém sem denominação. Já no mapa seguinte, de 1881, encontra-se o logradouro com nome de Rua de São Luiz. Não se sabe muito sobre quem abriu a via, entretanto, sobre quem a batizou, tem-se coisas de sobra. Na origem da nomeação, está Luís Antônio de Sousa Queirós, o conhecido Brigadeiro Luís Antônio, militar luso-brasileiro que se tornaria um dos homens mais ricos de São Paulo na primeira parte do século XIX - como tropeiro, fez fortuna que lhe possibilitaria adquirir terras na capital. Uma de suas propriedades era uma chácara no bairro da Consolação - entre as ruas do mesmo nome, Rua 7 de Abril (antiga Rua da Palha) e a Praça da República (antigo Largo dos Curros). Dentro deste terreno, foi aberta uma trilha que, tempos depois, se tornaria a avenida. Com a morte do Brigadeiro em 1819, a chácara da Consolação passou para seu filho, Luís António de Sousa Queirós, o Senador Queirós. Por mais que a área fosse da família Queirós, a tal não residia nela, usando-a apenas para passar temporadas na casa sede. Foi por volta de 1960 que a rua recebeu seu nome em homenagem ao santo de devoção do Brigadeiro. Falecendo o Senador, a chácara passou a ser dividia e vendida em porções menores.[Textos e imagens da Wikipedia]


Rua Direita em dia de chuva e frio em 1957.

A Rua Direita é um dos mais antigos logradouros da cidade de São Paulo, localizada na região da Sé. Tem início na Praça da Sé e término na Praça do Patriarca. Forma em conjunto com a rua Quinze de Novembro e a rua São Bento, o histórico "triângulo" do centro da cidade. Faz esquina com a rua José Bonifácio, o Largo da Misericórdia e a rua Quintino Bocaiuva. Foi aberta no final do século XVI para ligar o centro da cidade com a antiga estrada que levava à aldeia indígena de Pinheiros. Delineou-se sem nenhum planejamento, por força da necessidade. Do Pátio do Colégio, berço de São Paulo, seguindo-se pela Igreja da Misericórdia, e após a Igreja de Santo Antônio, precipitava-se para o Vale do Anhangabaú, subia-se no que futuramente seria a Ladeira do Piques (rua Quirino de Andrade), e então o caminho de Pinheiros, atual Rua da Consolação (antiga Estrada de Sorocaba). A partir daí entrava-se no sertão.

Dar a denominação de Rua Direita a principal rua de uma cidade é um costume que veio de Portugal com os colonizadores. Não importando se a rua era reta ou não, sendo a principal rua da cidade ela tinha que se chamar Direita, e geralmente ficava à direita da principal igreja local, devido a influência religiosa na vida das pessoas. A rua inicialmente foi chamada "Direita de Santo Antônio" e também "Direita da Misericórdia", sendo os templos religiosos as referências. Entre 1700 e início de 1800 a maioria de suas casas eram assobradadas, com comércio no térreo e residência no andar superior.

Em 1828 a rua ganhou iluminação pública com lampiões funcionando à azeite ou óleo de peixe. Somente a partir de 1870, com os melhoramentos da cidade, passa a ter iluminação pública a gás, bondes tracionados por burros, água encanada e calçamento com paralelepípedos. A iluminação elétrica chega em 1890. Em conjunto com as Ruas São Bento e Quinze de Novembro formou o célebre “Triângulo Paulistano", representando o centro da vida comercial, intelectual e elegante da cidade de São Paulo dos finais do século XIX e início do século XX. Foram seus moradores ilustres o Barão de Iguape (Antônio da Silva Prado), o Barão do Tietê (José Manuel da Silva), e ainda o senador Nicolau de Campos Vergueiro.

A partir de 1950, a Direita e outras ruas do centro velho passaram a ser destinadas estritamente aos pedestres.


A Casa Lebre (1912). Desde os meados do século XIX a série de lojas da rua Direita era iniciada pela Casa Lebre, funcionando em casarão de propriedade do Barão de Tietê na esquina com a rua Quinze de Novembro, loja que sobreviveu por décadas. No início do século XX começaram a aparecer lojas bem mais sofisticadas, quando foram adotadas vitrinas e atendimento mais elaborado. Assim surgiu a Casa Alemã (depois Galeria Paulista de Modas), que construiu uma moderna sede na rua Direita e atravessou décadas. A Casa Au Bon Marché, quase na esquina da atual Praça do Patriarca, e depois, quase em frente, instalou-se a Casa Bonilha. Também foi escolhida pela Casa Bevilaqua, uma das primeiras em instrumentos musicais do Brasil. Consta no Farol Paulistano de 1828 a divulgação de cadeiras e canapés vindos da Inglaterra que poderiam ser encontrados à Rua Direita, 2 ou na casa do Sr. Joaquim Elias. E ainda se estabeleceram na rua Ao Preço Fixo, Sedanyl, Tecelagem Francesa, Casa Henrique, Casa Cosmos, Casa Sloper, Lojas Brasileiras, Lojas Americanas, Marcel Modas, e outras tantas que mantiveram longamente a sua tradição comercial.

Imóveis históricos. No antigo prédio nº 33 da rua Direita foi inaugurada em 07 de janeiro de 1884 pela Companhia Telégrafos Urbanos (Ferdinand Rodde & Co.) a primeira central telefônica da cidade de São Paulo (uma das primeiras do Brasil), fazendo parte da história das telecomunicações do país.

O Edifício Guinle é considerado o 1º arranha-céu de São Paulo, com 7 andares, sendo o precursor da verticalização na cidade. Construído entre os anos de 1913 a 1916, de autoria do arquiteto Hipólito Pujol Junior, apenas teve sua construção aprovada pela Prefeitura após laudo oficial, pois o então prefeito Barão de Duprat duvidou que um edifício de tal porte tivesse estabilidade. Para isso foi solicitado um aval ao engenheiro Antônio Francisco de Paula Souza, então diretor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. O edifício possui figuras que lembram folhas e frutos de café, que remetem à riqueza do "ouro verde" que viabilizou a sua construção no início do século X
O luxuoso Cine Alhambra foi construído em 1927 e pertencia aos senhores João Batista de Souza e Manuel Pereira Guimarães. Foi inaugurado no ano de 1928 com a exibição do filme "A Carne e o Diabo", da MGM, cuja exibição foi considerada "imprópria para senhoritas" na época.


Rua Direita. Promoção de Natal das Lojas Ducal  em foto dos anos 60. Na Marquise sobre a loja, um conjunto musical tocava para uma pequena multidão  que se aglomeravam na frente da loja . Mais a frente, a loja das casas Pernambucanas. Foto:  Veja São Paulo.

Passeata em período eleitoral no calçadão comercial do centro nos anos 1980 com a presença do governado e ex-prefeito Paulo Maluf e também o ex-prefeito Olavo Setúbal. 


BAIRRO, PARQUE E ESTAÇÃO   DA LUZ

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Luz é um dos bairros do distrito do Bom Retiro, localizado na Zona Central da cidade de São Paulo. O que há alguns séculos era apenas um pântano transformou-se em um dos bairros mais importantes da região central da capital paulista. Conhecido como Campo de Guaré, recebeu este nome devido às inundações que sofria com as cheias dos rios Tietê e Tamanduateí. Seu surgimento se deu exatamente em 1600, quando foram doados a Antonio Camacho duzentos lotes de terras. Em 1601, Domingos Luiz e sua esposa Ana se mudaram do Ipiranga para o bairro. Dois anos mais tarde Luiz ergueu uma pequena capela em homenagem à sua santa de devoção, Nossa Senhora da Luz, e assim ficou definido que aquela região se chamaria Bairro da Luz.

Neste bairro estão situados o Jardim da Luz, a Estação da Luz, a estação de Metrô Luz, a Estação Júlio Prestes (Sala São Paulo), o Museu da Língua Portuguesa, o Mosteiro da Luz, o anexo Museu de Arte Sacra de São Paulo e a Pinacoteca de São Paulo, Estação Pinacoteca (antigo DOPS) em frente à Igreja de São Cristovão. A Rua de São Caetano, famosa por abrigar roupas para casamentos, é chamada de "rua das noivas" e se situa no bairro. Abriga em seus limites parte da zona conhecida como Cracolândia, logo na divisa com o bairro dos Campos Elíseos.

 Frontaria e pátio do Mosteiro da Luz, atual Museu de Arte Sacra. Wilfredor (Wikipedia)


O Museu de Arte Sacra de São Paulo é uma das principais instituições brasileiras voltadas ao estudo, conservação e exposição de objetos relacionados à arte sacra. Localiza-se na cidade de São Paulo, na ala esquerda do Mosteiro da Luz, um convento de recolhimento de monjas enclausuradas, fundado em 1774 por iniciativa de Frei Galvão (1739-1822) onde estão seus restos mortais, foi o primeiro santo brasileiro. O mosteiro é a única edificação colonial do século XVIII em São Paulo a preservar seus elementos, materiais e estrutura originais. Encontra-se inserido em meio à última chácara conventual urbana do país. Foi tombado como monumento arquitetônico de interesse nacional em 1943, pelo então SPHAN (atual IPHAN) e, posteriormente, pelo Condephaat. Mantido por um acordo entre o Governo do Estado e a Arquidiocese de São Paulo, o museu foi fundado em 1970. Abriga um dos mais importantes acervos de arte sacra do Brasil, acumulado pela Mitra Arquidiocesana ao longo do século XX, com peças provenientes de antigas igrejas de todo o país. E também com imagens de santos feitas no Brasil e na Europa entre os séculos XVI e XX, além de pratarias e quadros. A coleção, também tombada pelo IPHAN, abarca obras brasileiras e estrangeiras produzidas a partir do século XVI, com especial ênfase na imaginária do período colonial e várias obras de artistas exponenciais como Aleijadinho, com réplicas das estátuas dos seus profetas do lado de fora do museu, Frei Agostinho da Piedade, Frei Agostinho de Jesus, Mestre Valentim, Mestre Ataíde, Almeida Júnior e Benedito Calixto.



Cracolândia é a denominação comum para uma população em situação de rua, composta, na sua maioria, por dependentes químicos  que costuma ocupar uma determinada área no centro da cidade de São Paulo. A Cracolândia se localiza nas imediações das Avenidas Duque de Caxias, Ipiranga, Rio Branco, Cásper Líbero, Rua Mauá, Estação Júlio Prestes, Alameda Dino Bueno e da Praça Princesa Isabel,  Fica mais propriamente situada na "Praça do Cachimbo" (esquina da Rua Helvetia com Alameda Cleveland) no bairro de Campos Elíseos, e coincide parcialmente com a região da Boca do Lixo e da Luz. A Cracolândia surgiu a partir da década de 1990.  A demanda veio de chacinas nas periferias de São Paulo, que forçaram os consumidores a se exilarem no Centro. Ao longos dos anos,, entre 1990 e 2023, a Cracolândia passou por diversas migrações, com movimentos de dispersão ou concentração. Foto. Área do antigo Terminal Rodoviário da Luz, ao lado da Praça Júlio Prestes, em 2010. Wikipédia. 


 Adhemar Ferreira da Silva, bicampeão olímpico do salto triplo na Avenida Rio Branco, em um ponto de ônibus para o bairro da Casa Verde. SP Antiga.

A avenida Rio Branco, no centro da cidade de São Paulo, tem início no Largo do Paiçandu e termina na Rua Dr. Elias Chaves. No século XIX (por volta de 1860), essa avenida era uma trilha conhecida como "Alameda dos Bambus". Com o tempo passou a ser chamada "Rua dos Bambus" e depois, passou a ter dois nomes em sua extensão: Alameda dos Bambus e Rua Visconde do Rio Branco (homenagem a José Maria da Silva Paranhos, estadista, diplomata, militar, pai do Barão de Rio Branco) e posteriormente, Rua Visconde de Rio Branco e Alameda Barão de Rio Branco (homenagem a José Maria da Silva Paranhos Júnior, patrono da diplomacia brasileira). A mudança de nomes e as homenagens ao pai, Visconde do Rio Branco e depois ao filho, Barão do Rio Branco, ficam evidentes a partir das leis, ato e plantas da cidade de São Paulo de períodos diversos. Na Planta da Cidade de São Paulo de 1881, aparece o nome Rua dos Bambus, com início no Largo do Paysandú e até encontrar a Alameda Glete, pois não há continuidade do traçado. Na Planta Geral da Capital de São Paulo, de 1897, a avenida aparece com dois nomes em sua extensão: como Rua Visconde do Rio Branco, do início no Largo do Paysandú até o cruzamento com a Rua Duque de Caxias, quando aparece como Alameda dos Bambus. Na Planta Geral da Cidade de São Paulo, de 1905, aparece ainda como Alameda dos Bambus e Visconde do Rio Branco. A Lei 4068, de 31 de dezembro de 1954, passa a denominar como Avenida Rio Branco toda a extensão das antigas Rua Visconde do Rio Branco e Alameda Barão do Rio Branco.[Textos e imagens da Wikipedia]


ESTAÇÃO DA LUZ


A estação no dia da visita do rei da Bélgica a São Paulo em 1920. 

A Estação da Luz é uma das mais importantes estações ferroviárias da cidade de São Paulo. Possui um grande hall de entrada, uma plataforma central e duas laterais. Atende às linhas 7 Rubi, 11 Coral e 13 Jade da CPTM. Também possui conexão com as linhas 1–Azul e 4–Amarela do Metrô de São Paulo, através de uma ligação subterrânea, integrando a rede de transportes sobre trilhos da Grande São Paulo. A estação recebe uma média de 450 mil passageiros todos os dias.

Inaugurada em 1865, a estação passou por três versões. A primeira era singela, erguida junto com a ferrovia. Ampliada na década de 1870, foi aos poucos se tornando obsoleta diante do crescente número de cargas e de passageiros, que tinham como destino a cidade de São Paulo.

A atual está localizada no Bairro da Luz e foi erguida entre os anos de 1895 e 1901, projetada pelo arquiteto britânico Charles Henry Driver para a São Paulo Railway, empresa sediada em Londres e que era responsável por erguer o primeiro trecho ferroviário do estado de São Paulo, ligando o porto de Santos à cidade de Jundiaí. O edifício abriga ainda o Museu da Língua Portuguesa e, em seus arredores, está a Pinacoteca do Estado de São Paulo, o Jardim da Luz e a Sala São Paulo, na Estação Júlio Prestes.

Primeira estação. À época da implantação da linha, a região da Luz era um bairro retirado caracterizado por ter sua localização elevada em relação aos Rios Tietê e Tamanduateí em cerca de 20 metros de desnível, indicando em média 748 metros ao nível do mar, contra 728 metros dos rios que o cercam que unia o centro da cidade à Ponte Grande, além de abrigar um jardim botânico, ampliado pelo presidente da Província, João Teodoro Xavier de Matos, e uma ermida dedicada às irmãs de São José.

O terreno para a estação fora cedido ao largo do jardim botânico, apesar de sua localização não ter sido decidida até 1865; deste modo o superintendente à época, J. J. Aubertin, solicitou a implantação da obra em terreno situado próximo à atual Estação Luz do Metrô de São Paulo, na esquina com a Rua Brigadeiro Tobias. O pedido fora realizado pelo engenheiro das obras, Daniel M. Fox, ao presidente da Província; este solicitava o retorno aos projetos originais realizados para a Estação da Luz: por determinação do engenheiro fiscal Vasco de Medeiros, uma vez que a estação seria deslocada para o outro lado do Jardim Botânico, próximo ao escritório do empreiteiro Robert Sharpe, para instalarem-se duas cancelas nas ruas Alegre e Constituição. Entretanto, o engenheiro Daniel M. Fox aconselhava a realização da estação no Largo do Jardim Público, determinando com isso a instalação de uma única cancela que serviria a ambas as ruas. Sua primeira edificação, como todas as outras da companhia, era muito simples, constituindo de um pequeno bloco de um pavimento, localizado lateralmente à linha da estrada de ferro, onde se situavam as instalações de despacho, embarque e desembarque de passageiros e residência do chefe da estação. Junto à mesma localizava-se uma série de pequenas edificações destinadas à administração da linha, à engenharia da companhia, para reparos das composições e armazenamento de mercadorias.



Segunda estação. Em 17 de março de 1888, a companhia propôs a execução de aumento da plataforma da estação de passageiros na Luz e respectiva cobertura, bem como a ampliação da edificação. Esta passou a contar com dois pavimentos, com linhas neoclássicas, cobertura em ferro na entrada da edificação e sobre as plataformas, sendo construída sobre a estação anterior. Alfredo Moreira Pinto, em 1900, forneceu uma precisa descrição sobre a segunda Estação da Luz:

Atualmente ocupa um edifício que tem um corpo central reentrante, com três janelas no segundo pavimento e duas portas, três janelas e um alpendre no primeiro e dois corpos laterais salientes com quatro janelas em cada um sendo duas em cada pavimento. No corpo central ficam um saguão e a bilheteria no primeiro pavimento e a repartição do tráfego no segundo. Aos lados do saguão ficam o correio, uma sala de senhoras e em frente a esta, um botequim. Nos fundos do edifício rasga-se uma extensa plataforma, na qual se acham a sala do chefe da estação, o telégrafo e diversos compartimentos para cargas. Tal edificação foi mantida até início do século XX, quando foi demolida para a complementação da gare da terceira Estação da Luz.


A Estação da Luz é uma das mais importantes estações ferroviárias da cidade de São Paulo. Seu projeto foi feito por Charles Henry Driver, um arquiteto britânico conhecido por projetos em estações ferroviárias. Local: São Paulo/SP Data: 09/08/2018 Foto: Governo do Estado de São Paulo


Terceira estação. As mais completas descrições sobre a terceira estação de passageiros de São Paulo foram realizadas por contemporâneos à construção, como Alfredo Moreira Pinto, em 1900, e Adolfo Augusto Pinto, em 1903. A estação, ocupando uma área de 7 520 m², é composta por dois blocos distintos: o primeiro, uma ampla edificação, construído em alvenaria de tijolos, com dois pavimentos, abrigando os escritórios da superintendência, engenharia e contadoria, encimado por uma alta torre de relógio, avistada de diversos pontos da cidade, obedecendo em suas linhas arquitetônicas o padrão adotado nas estações do Brás e de Santos, com coberturas em mansardas e torreões em suas extremidades, alvenaria aparente em tijolos; o segundo bloco constitui-se de uma ampla gare envidraçada com quarenta metros de vão, 150 metros de comprimento e altura de 25 metros, cobrindo seis linhas da estrada de ferro, rebaixadas em relação ao nível das ruas laterais à estação. O projeto da estação é atribuído ao arquiteto britânico Charles Henry Driver (1832–1900), renomado arquiteto de estações ferroviárias.

Para a Estação da Luz, foram realizados dois projetos, sendo o projeto não realizado possuidor das mesmas linhas e estilo arquitetônico existentes no outro projeto destinado à estação de passageiros de Santos, com cúpulas em estilo neoclássico no corpo central do edifício e nos torreões, em vez das mansardas construídas. A estação não foi formalmente inaugurada, pois o tráfego não fora interrompido para a construção da duplicação da linha, já que, à medida que o corpo principal da edificação ia sendo concluído, passava a abrigar os serviços de embarque e desembarque de passageiros que ocorriam na segunda estação de passageiros. Tal serviço iniciou-se antes mesmo de a gare ter sido concluída. As obras foram formalmente concluídas em fevereiro de 1901, conforme indica o ofício dirigido pela superintendência à engenharia fiscal:

Tendo sido franqueada ao público e entregue ao tráfego a nova estação da Luz, por estarem concluídas as obras e completa a instalação de todas as suas dependências, conforme V. S. verificou ontem pessoalmente, venho rogar o obséquio de declarar, em nome do Governo Federal, que ficam aceitas definitivamente desta data em diante as respectivas obras para todos os efeitos do Contrato de 17 de julho de 1895.
— William Speers, Superintendente

Era contemporânea. O Governo Federal, através do Ministro da Viação e Obras Públicas, Epitácio Pessoa, acatou o pedido através do despacho datado de 23 de fevereiro de 1901. As obras de Duplicação mesmo após o aceite das obras continuaram a ser realizadas ao longo da primeira década do século XX, concluindo-se as obras remanescentes nas estações de Jundiaí e de Santos, sendo na primeira a conclusão da cobertura das plataformas e na segunda a conclusão dos armazéns de mercadorias e a apresentação de um novo plano para uma nova estação de passageiros que não fora aceito. Menos de quinze anos após a conclusão das obras deste importante representante da arquitetura ferroviária em São Paulo, em 1915, quando o superintendente da Companhia era o brasileiro Antônio Fidélis e seu engenheiro residente Sheldon, foram realizados dois projetos pelo arquiteto Victor Dubugras para uma nova estação da Luz em São Paulo, que previa a completa demolição da existente. Estes dois projetos, além desta radical proposta, apresentavam a construção de uma ampla laje sobre as linhas existentes com o desmonte da atual gare. No lugar da atual praça da Luz, entre a atual estação e o jardim, seria construída uma nova gare com a implantação de novas linhas.

Em 1946 a estação sofreu um incêndio e, após a reforma, foi-lhe adicionado um novo pavimento no bloco administrativo. A partir das décadas seguintes, o transporte ferroviário entrou em um processo de degradação gradual no Brasil, assim como o bairro da Luz, levando a Estação a igualmente degradar-se.

Nas décadas de 1990 e 2000 passou por uma série de reformas, uma das quais encabeçada pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha e seu filho Pedro Mendes da Rocha — que teve como intenção adaptá-la a receber o Museu da Língua Portuguesa. Em dezembro de 2015, um outro incêndio de grandes proporções ocorreu na estação, destruindo as instalações deste museu, e causando grandes danos ao patrimônio arquitetônico do prédio. Contudo, o acervo não se perdeu, por ser na maior parte virtual e recuperável das suas cópias de segurança.

Legado cultural. A estação reflete o momento histórico em que foi construída, evidenciando o poder do café na trajetória de expansão da cidade. Erguida junto ao Jardim da Luz, por décadas a sua torre dominou parte da paisagem central paulistana. O seu relógio era o principal referencial para acerto dos relógios da cidade. Destruído pelo incêndio de 1946, foi substituído, cinco anos depois, por um relógio Michelini, de fabricação nacional.

Bairro da Luz em 1928, registro feito a partir da torre da estação ferroviária. São Paulo Antiga.  


No período de auge da estação (ou seja, nas primeiras décadas do século XX, quando a Luz era uma região de destaque na cidade), ela compunha um conjunto arquitetônico que não só era um referencial urbano como efetivamente fazia parte da vida cotidiana do município, constituindo aquilo que pode ser chamado de a "imagem da cidade". A estação, vizinha do Jardim da Luz, compunha com o edifício da Pinacoteca do Estado um marco na definição da região da Luz, marcando os limites dos bairros do Bom Retiro e Campos Elíseos.

Além disso, até meados dos anos 1970, um terceiro elemento configurava aquele espaço de forma bastante marcante: na perspectiva da Avenida Tiradentes localizava-se, em frente à Pinacoteca, um monumento à figura de Ramos de Azevedo (arquiteto responsável pelo projeto de diversos edifícios importantes naquele período, inclusive o prédio da Pinacoteca). Desta forma, tendo como referência aquele monumento, alguém localizado tanto no Centro Antigo quanto nas regiões mais próximas ao Rio Tietê (para o qual a Avenida Tiradentes se estende) poderia localizar o bairro da Luz e especular a que distância estava da estação. Com as obras do Metrô de São Paulo, conduzidas na década de 1970, o Monumento a Ramos de Azevedo teve de ser removido do local, levando a uma alteração radical da configuração espacial da paisagem original daquele local, assim como a sua percepção cotidiana dos transeuntes do local. Por outro lado, a Estação da Luz ganhou uma certa monumentalidade.

O Museu da Língua Portuguesa é um museu interativo sobre a língua portuguesa localizado no edifício da estação. Foi concebido pela Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo em conjunto com a Fundação Roberto Marinho. O objetivo da instituição é criar um espaço vivo sobre a língua portuguesa, considerada como base da cultura do Brasil, onde seja possível causar surpresa nos visitantes com os aspectos inusitados e, muitas vezes, desconhecidos de sua língua materna. Segundo os organizadores do museu, "deseja-se que, no museu, esse público tenha acesso a novos conhecimentos e reflexões, de maneira intensa e prazerosa".

Em 21 de dezembro de 2015, o museu foi atingido por um incêndio que destruiu dois andares de sua estrutura, vitimando um bombeiro que trabalhava no combate às chamas. Seu acervo, contudo, não se perdeu, por ser virtual, sendo recuperado das cópias de segurança. Após anos de reformas, a data da reabertura do museu foi marcada para 27 de junho de 2020. Porém, devido à pandemia do novo coronavírus, a reinauguração do mesmo acabou sendo adiada, vindo a ocorrer somente em 31 de julho de 2021.

DEGRADAÇÃO DOS CAMPOS ELÍSIOS E DA LUZ


Cúpula do antigo o terminal rodoviário da Luz


A degradação da região de Campos Elíseos e Luz, que geraria no final da década de 90 o famigerado apelido de “Cracolândia“, começou muito tempo atrás, na década de 60, com a polêmica construção da rodoviária, ou como era conhecida oficialmente, Terminal Rodoviário da Luz.

Fica difícil hoje de imaginar uma cidade como São Paulo na década de 50, já com dimensões de uma grande metrópole mundial, sem uma terminal rodoviário, mas esta era a realidade paulistana. As discussões sobre como e onde construir um grande terminal de ônibus para a cidade se estenderam por muitos anos e nunca chegavam a um consenso definitivo sobre o lugar.

Durante estas discussões foi aventada a ideia de construir a rodoviária no local do Parque da Luz. A absurda ideia afirmava que o local ideal era ali, pois estava bem ao lado da Estação da Luz. Felizmente, o absurdo não foi levado adiante e a estação acabou sendo idealizada e construída não muito distante dali, diante da outra estação ferroviária, a Júlio Prestes.

E foi assim, em 25 de janeiro de 1961 que o Terminal Rodoviário da Luz foi inaugurado. À época com muitas críticas do jornal O Estado de S. Paulo (conforme editorial publicado em 25/1/1961, página 10) pelo local escolhido, mas na época não deram muita atenção a reclamação, muitos alegando que o crítica era em virtude de um dos construtores, o empresário Octávio Frias de Oliveira, ser vinculado ao jornal concorrente, a Folha de S. Paulo (leiam o box “As pastilhas da Rodoviária” no final do artigo).

E com o tempo, seria verificado que o editorial do jornal O Estado de São Paulo estava coberto de razão. O local escolhido para a rodoviária paulistana era um dos piores possíveis.

De uma hora para outra o que se viu foi um trânsito absurdo se deslocar para uma área da região central que até então não tinha visto tamanha concentração de tráfego. Centenas de ônibus e taxis, além de milhares de pessoas passaram a frequentar a área. No mesmo ano da inauguração, moradores do bairro passaram a reclamar do grande aumento de furtos nas redondezas, já que rodoviárias são foco de pessoas que não conhecem a cidade (especialmente migrantes) e estes, por sua vez, mais suscetíveis a golpes e roubos.

Esta chegada repentina de pessoas de outras regiões afugentou os moradores mais antigos, que procuraram mudar para bairros como Higienópolis e Barra Funda. Por outro lado, inúmeras residências agora desocupadas foram transformadas em pequenos e médios hotéis, muitos deles de baixa qualidade, o que diminuiu consideravelmente o padrão de vida do entorno da nova rodoviária, iniciando um processo de deterioração da região que até hoje não foi revertido.

Outro grande problema da rodoviária era o grande número de linhas de transporte coletivo que haviam ali. Como o final da Avenida Duque de Caxias e a Rua Mauá são relativamente estreitas, causavam, já naquela época, grandes congestionamentos especialmente no horário de rush. Em 1977 boa parte das linhas foram transferidas para a Praça Princesa Isabel, causando certo alívio no trânsito.

Mas nem tudo era ruim na nova rodoviária. Concebida com desenho moderno e uma arquitetura bem diferente do que os olhos dos paulistanos estavam acostumados a ver, o Terminal Rodoviário da Luz tinha em seu hall um belo chafariz, e todo seu interior era decorado com pastilhas coloridas. Além disso também haviam grandes painéis acrílicos, também coloridos, que davam um visual bastante inusitado tanto do lado externo como no interior. Na década de 70 o terminal recebeu televisões a cores o que atraía para a estação não só passageiros como curiosos em ver aquela grande novidade.

Plataforma de acesso e embarque do antigo terminal. 


O Terminal Rodoviário da Luz teria uma vida relativamente curta na sua função: duas décadas. Saturado, seu fim começou a ser delineado em 1977, quando parte das suas linhas foram transferidas para o Terminal Jabaquara. E o fim definitivo viria em 1982, com a inauguração do Terminal Rodoviário do Tietê, na gestão do então governador Paulo Maluf.

O fim repentino do terminal rodoviário foi um golpe muito grande nos já transtornados bairros da Luz e Campos Elíseos. Sem a rodoviária, vários hotéis de pequeno e médio porte fecharam as portas, outros transformaram-se em prostíbulos.

Além disso muitas lojas, bares e lanchonetes também fecharam as portas. Em 1988, seis anos após o terminal ser desativado, a área foi vendida a um grupo de empresários que transformaram o local no Fashion Center Luz.

Foi durante o período do Fashion Center Luz que as famosas pastilhas foram removidas. O local seguiria funcionando até 2007, quando foi desapropriado pelo Governo do Estado de São Paulo para a construção de um centro cultural (ainda no papel) com teatro e escola de dança. A demolição só começou em 2010, com muita polêmica e desrespeito ao direito individual, como a triste história do Edifício Opus e, principalmente, da Drogaria Duque de Caxias que o São Paulo Antiga acompanhou de perto.

Hoje o local é um grande terreno vazio sem qualquer indício de início de obras. O que era uma grande ponto de chegadas e partidas se tornou um grande ponto de encontros de usuários de drogas e desencontros de vidas sem rumo. - Douglas Nascimento. 06/12/2013. São Paulo Antiga


Área externa do antigo terminal rodoviário da Luz


A RUA 25 DE MARÇO


Antônio Ferrigno. Rua 25 de Março. 1894




Registro de 1862 da rua 25 de Março  pelo fotógrafo Militão Augusto de Azevedo da rua 25 de Março. Já foi apelidada de  Becos da Sete Voltas, que eram os contornos do rio Tamanduateí, e oficialmente Rua de Baixo. 


A Rua 25 de Março, via pública localizada na região central da cidade,  é  considerada como o maior centro comercial da América Latina, pois consiste em um dos mais movimentados centros de compras varejistas e atacadistas da Capital. A história da rua também é marcada pela forte presença de imigrantes, especialmente sírios, libaneses e chineses. Tem forte influência nas atividades econômicas nos dias atuais, movimentando bilhões de reais por ano nos mais de 4800 estabelecimentos da região.  O comércio local é conhecido pelo alto volume de barracas de camelôs dividindo espaço com as lojas comerciais, shoppings e galerias. A via urbana ganhou o nome no ano de 1865 em homenagem à constituição brasileira de 1824, assinada em 25 de março daquele ano e tornando-se assim a primeira constituição do Brasil. Porém, antes teve os nomes: rua Várzea do Glicério, rua das Sete Voltas, rua de Baixo e rua Baixa de São Bento. Foto: anos 1970.[Textos e imagens da Wikipedia]

Rua 25 de Março nas duas primeiras décadas do século XX. 



BOM RETIRO



Linha de ônibus Centro-Bom Retiro nos anos 1940


O bairro do Bom Retiro, localizado entre os rios Tietê e Tamanduateí, é um testemunho vibrante da evolução social e cultural de São Paulo. No século XIX, a região era composta por chácaras e sítios, como a "Chácara do Bom Retiro", que deu nome ao bairro. Estas propriedades serviam como retiros de fim de semana para a elite paulistana, incluindo a família Souza Aranha do Marquês de Três Rios, cujo nome ainda é lembrado em uma das ruas centrais do bairro.

O caráter de lazer do Bom Retiro começou a mudar com a instalação das primeiras olarias, aproveitando a argila das várzeas dos rios, frequentemente inundadas. A Olaria Manfred, estabelecida em 1860, foi a primeira e mais importante dessas indústrias. O desenvolvimento significativo do bairro ocorreu com a chegada da Estrada de Ferro São Paulo Railway, conhecida como Estrada de Ferro "Inglesa", inaugurada em 1867. Esta linha ferroviária, que ligava Jundiaí a Santos, com uma parada em São Paulo na Estação da Luz, facilitou a chegada de imigrantes que desembarcavam no porto e incentivou a instalação de fábricas próximas à linha ferroviária.

A história do Bom Retiro e sua diversidade étnica estão intrinsecamente ligadas à industrialização e urbanização de São Paulo, além de refletirem guerras, revoluções e crises econômicas globais. Esses eventos impactaram profundamente os imigrantes, que foram os grandes afetados. As trajetórias do bairro, da cidade e dos estrangeiros se cruzam no final do século XIX, com o ciclo do café como ponto de partida. Em 1850, 40% da produção mundial de café vinha do Brasil, e o dinheiro gerado por essa exportação ajudou a fomentar o nascimento da indústria paulista, inicialmente nos bairros do Bom Retiro, Brás e Mooca.

Rua  Itaboca nos anos 1950

Um marco importante na história do bairro é a fundação do Sport Club Corinthians Paulista. Fundado em 1º de setembro de 1910 por um grupo de operários paulistas do Bom Retiro, o Corinthians rapidamente se tornou um dos clubes mais populares do Brasil. O clube foi fundado após uma partida inspiradora entre o Corinthians Team, de Londres, e a Associação Atlética das Palmeiras, que motivou os fundadores a criar um time com o nome de "Corinthians" em homenagem à equipe inglesa. Com o tempo, o Corinthians se tornou um dos clubes de futebol mais bem-sucedidos do país, começando sua trajetória em um terreno baldio na Rua José Paulino.

Rua Solon: montadora dos primeiros automóveis da Ford vendido no Brasil


Em 1940, uma pesquisa sobre a concentração de estrangeiros – sírios, japoneses e judeus – realizada por Olavo Egidio de Araujo, técnico de estatística do Departamento de Cultura da PMSP, revelou a concentração de judeus no Bom Retiro. Publicada sob o título “Enquistamentos Étnicos” na Revista do Arquivo Municipal, o estudo destacou que roupas feitas e artefatos de tecidos correspondiam a 39% das indústrias do bairro, e malharias a 15%. Além da atividade econômica, a presença de sinagogas, peixarias e filmes israelitas exibidos no cinema local, bem como a alta porcentagem de crianças israelitas frequentando escolas no bairro, foram apontados por Araújo como elementos distintivos da comunidade judaica.

O trabalho de Araújo marcou um divisor de águas, conferindo ao Bom Retiro uma identidade étnica associada à presença judaica. Nos estudos subsequentes, como “A Cidade de São Paulo” de Aroldo de Azevedo e “O bairro do Bom Retiro” por Dertônio, a década de 1940 é destacada como o período em que os judeus começaram a influenciar fortemente a cultura local, inclusive através do uso da língua ídiche.
A partir dos anos 1960, os sul-coreanos começaram a chegar ao Bom Retiro, adquirindo as principais lojas do bairro, especialmente nos anos 1980, após a anistia de imigrantes ilegais em 1982. Durante esse período, muitos judeus migraram para bairros mais residenciais, como Higienópolis, à medida que as novas gerações buscavam outras profissões.

A chegada dos bolivianos ao Bom Retiro começou a se intensificar na década de 1980. A princípio, muitos vieram em busca de melhores oportunidades econômicas, fugindo de condições difíceis em seu país de origem. No Brasil, encontraram trabalho principalmente nas oficinas de costura, um setor que estava em expansão no bairro devido à já estabelecida indústria têxtil. Infelizmente, muitos desses imigrantes trabalharam em condições precárias, enfrentando longas jornadas de trabalho e baixos
 salários.

Rua José Paulino no Bom Retiro, anos 1960. O mais importante mercado de confecções na época e ainda hoje bastante influente.  



Com o passar dos anos, no entanto, a comunidade boliviana no Bom Retiro começou a se estabelecer de forma mais sólida. Muitos imigrantes que inicialmente trabalhavam como empregados em oficinas de costura conseguiram abrir seus próprios negócios, contribuindo para o dinamismo econômico do bairro. Hoje, alguns bolivianos são proprietários de suas próprias confecções, e a comunidade é uma parte vital do setor de moda do Bom Retiro. A presença boliviana no bairro não se limita apenas ao aspecto econômico. Eles também trouxeram suas tradições culturais, que são visíveis em eventos comunitários e festas tradicionais que ocorrem no Bom Retiro. A comida boliviana, por exemplo, é uma parte importante da oferta culinária local, com restaurantes que servem pratos típicos como salteñas e api.

O Bom Retiro é relativamente extenso e limita-se com os bairros de Santana, Ponte Pequena, Canindé, Pari, Luz e Campos Elísios. Possui três estações de metrô: Luz, Tiradentes e Armênia. Passam pelo bairro vias largas e movimentadas como: Avenida Tiradentes, Avenida do Estado e Avenida Santos Dumont. Outros importantes logradouros são: Rua João Teodoro, Rua Ribeiro de Lima, Rua Três Rios e Rua José Paulino - esta última, importante reduto de comércio de roupas. Nele localiza-se a Defesa Civil do Município de São Paulo. Trata-se de um bairro multicultural, com pessoas de diversas origens, principalmente italianas, judaicas, gregas, coreanas e também bolivianas.

Na área de várzea próximo ao rio Tietê se situam o Parque do Gato, uma área que passou por transformações significativas, com projetos de urbanização e melhorias para os moradores. É um exemplo de como a cidade de São Paulo tem trabalhado para integrar áreas menos favorecidas ao tecido urbano. O Centro Esportivo Tietê, situando no antigo Clube de Regatas Tietê, é um grande complexo esportivo que oferece uma variedade de atividades para a comunidade, incluindo piscinas, quadras esportivas e áreas de lazer.

Clube de Regatas Tietê na altura do Bom Retiro em 1907.


Mostrando a influência japonesa na região o Estádio Municipal de Beisebol "Mie Nishi" foi o inaugurado em 21 de junho de 1958, sendo um marco nipônico, construído em comemoração ao cinquentenário da imigração japonesa no Brasil. É o único local público no Brasil que oferece beisebol, além de outras modalidades como gatebol e sumô. O estádio também oferece aulas gratuitas de beisebol e softbol, promovendo o esporte na comunidade.

Mais recentemente ganhou o Centro de Esportes Radicais, localizado ao lado do Estádio Mie Nishi, o Centro de Esportes Radicais é um espaço de 38.500 m² dedicado a esportes como skate, BMX, e patins. O local possui ciclovia, pista de caminhada, e diversas rampas para diferentes níveis de habilidade. Conta com o Memorial da Imigração Judaica, dedicado à preservação da história da imigração judaica no Brasil e à memória do Holocausto. Ele oferece exposições e programas educativos que promovem a compreensão e a tolerância.

O Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP) possui uma unidade no Bom Retiro, oferecendo serviços relacionados a habilitação e veículos. O Centro de Operações da Polícia Militar (COPOM) é responsável por coordenar as operações de segurança e emergências na cidade, garantindo uma resposta rápida e eficiente e além do Quartel do Comando Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, centro administrativo e operacional da Polícia Militar do Estado de São Paulo, onde são tomadas decisões estratégicas para a segurança pública.




MUSEU DAS FAVELAS



O Museu das Favelas, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerido pela organização social de cultura IDG – Instituto de Desenvolvimento e Gestão, será transferido, em novembro, para a região do Pateo do Collegio, no Centro Histórico da capital paulista, reabrindo ao público com a exposição principal do Museu. A mudança estratégica para um espaço de grande circulação e oferta de equipamentos culturais e turísticos busca fortalecer a promoção e preservação do patrimônio cultural das favelas e atender ao Projeto do Centro Administrativo do Governo, com a transferência de órgãos estaduais para a região do Campos Elíseos. Em novembro de 2024, o Museu comemora seu segundo ano de operação, já tendo recebido mais de 90 mil visitantes, sendo cerca de 11 mil estudantes da rede pública e particular de ensino. E, ainda, 12 exposições de arte das favelas e periferias em âmbito nacional foram apresentadas à população de São Paulo e do país, em formatos virtuais, itinerantes e temporárias, além de mais de 110 ações como cursos, palestras, formações e lançamentos de livros de artistas pretos e periféricos. 

O equipamento segue seu trabalho envolvendo pessoas que vivenciam o cotidiano das favelas, nas atividades culturais e educativas, exposições, formações e pesquisa, voltadas para todos os públicos, sendo um ambiente de pesquisa, preservação, produção e comunicação das memórias e histórias das favelas brasileiras. Em novembro de 2024, o Museu comemora seu segundo ano de operação, já tendo recebido mais de 90 mil visitantes, sendo cerca de 11 mil estudantes da rede pública e particular de ensino. E, ainda, 12 exposições de arte das favelas e periferias em âmbito nacional foram apresentadas à população de São Paulo e do país, em formatos virtuais, itinerantes e temporárias, além de mais de 110 ações como cursos, palestras, formações e lançamentos de livros de artistas pretos e periféricos.

O equipamento segue seu trabalho envolvendo pessoas que vivenciam o cotidiano das favelas, nas atividades culturais e educativas, exposições, formações e pesquisa, voltadas para todos os públicos, sendo um ambiente de pesquisa, preservação, produção e comunicação das memórias e histórias das favelas brasileiras. Fonte: ABC do ABC


A PRAÇA DA REPÚBLICA



A Praça da República, localizada no centro da cidade, a praça é visitada diariamente por turistas e habitantes da cidade. A grande frequência é explicada pela proximidade com avenidas importantes, como a Ipiranga e a São João, ruas comerciais, como a Sete de Abril e Barão de Itapetininga, além de alguns dos principais pontos turísticos da metrópole, como o Theatro Municipal, Viaduto do Chá e o Edifício Copan. Tem como afluentes as ruas Araújo, Marquês de Itu, do Arouche, Joaquim Gustavo, Pedro Américo, Timbiras, Vinte e Quatro de Maio, Basílio da Gama e as já citadas Barão de Itapetininga e Sete de Abril, além das avenidas Vieira de Carvalho, Ipiranga e São Luís. Conhecida antigamente como Largo dos Curros, era ali que os paulistanos do século XIX assistiam a rodeios e touradas. Nessa época, como era uma área desvalorizada e afastada da região central, a cidade mantinha no local um hospício e um hospital para portadores de varíola. Posteriormente, foi chamada de Largo da Palha, Praça das Milícias e Largo 7 de Abril. Com a Proclamação da República, em 1889, a praça passou a se chamar 15 de Novembro e, finalmente, Praça da República. Em 1894, foi escolhida como o endereço da Escola Normal Caetano de Campos, edifício planejado por Antônio Francisco de Paula Sousa e Ramos Azevedo, que atualmente é a sede da Secretaria Estadual da Educação. Logo no começo do século XX, veio a primeira reforma, que, inspirada em praças europeias, trouxe as pontes e lagos, deixando o lugar mais parecido com sua forma atual. Foi palco de manifestações importantes da história nacional notadamente com a eclosão da Revolução Constitucionalista de 1932, no dia 23 de maio, ao manifestarem-se os paulistas contra a ditadura Vargas. Desde fins dos anos 1960, a praça passou a ser um ponto de encontro de hippies que constituíram no local, de forma espontânea, a conhecida feira de artesanatos. Aos poucos, a feira transformou-se em grande atração, seja para turistas, seja para paulistanos. Entre 2005 e 2006, o prefeito José Serra (PSDB) tentou encerrar a feira, porém, o evento persiste até os dias atuais como destino obrigatório para os que visitam São Paulo. Abriga o Edifício Esther, o Edifício São Tomás, com requintados apartamentos de quatrocentos metros quadrados, o Edifício Eiffel, projetado por Oscar Niemeyer, e o Edifício São Luiz, projetado no estilo neoclássico francês, pelo arquiteto francês Jacques Pilon, em 1944, com abrigo antiaéreo utilizado posteriormente como garagem. Por abrigar a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, sediada no belíssimo edifício Caetano de Campos, desde os anos 90, a Praça tornou-se ponto de manifestações, de estudantes e profissionais da educação, contra a precarização da educação pública na rede estadual de ensino.[Textos e imagens da Wikipedia]




Tourada na Praça da República, 1902


A atual Praça da República começou a ser formada ainda no século XVIII nas terras que pertenciam ao tenente José Arouche de Toledo Rendon. Como o tenente Arouche utilizava esse espaço para exercícios militares, o logradouro ficou conhecido como "Praça dos Milicianos". Anos depois, ali se realizavam festas, cavalgadas e touradas e por isso, seu segundo nome foi o de "Praça dos Curros". Foi inclusive construído um anfiteatro de madeira por determinação do Marechal Daniel Pedro Muller. Mas, em 1823 tudo estava em ruínas.

No dia 28/11/1865, por iniciativa do vereador Malaquias Rogério de Salles, seu nome foi alterado para "Praça 7 de Abril", uma referência ao dia 07/04/1831, data da abdicação de D. Pedro I. Entre 1872 e 1875, a praça passou por algumas reformas com a finalidade de transformá-la num centro pitoresco e de descanso. Posteriormente, com a Proclamação da República aos 15/11/1889, os vereadores paulistanos alteraram o nome de várias ruas e praças da cidade que lembravam o antigo regime. Assim, a "Praça 7 de Abril" passou a ser chamada definitivamente de "Praça da República".

A partir de finais do século XIX e início do XX, a Praça da República passou por grandes transformações. Foi construído um belo edifício onde funcionava a antiga "Escola Normal" e os seus jardins foram completamente remodelados com a implantação de lagos e pontes


Praça da República,1910.Crianças e alguns adultos ao redor de realejo.Vincenzo Pastore - Acervo Instituto Moreira Salles.



Feira de artes e artesanato nos anos 1970. 


Feira de artesanato na praça da República em foto dos anos 70. A Praça da República é conhecida pela feira de artesanato que abriga aos finais de semana. Todos os sábados e domingos, uma concentração de barracas oferece aos passantes desde comidas típicas nordestinas até objetos da cultura latino-americana. A tradição teve início em 11 de novembro de 1956, quando o filatelista J.L. de Barros Pimentel promoveu uma pequena exposição de seus selos antigos. Com o tempo, o lugar acabou juntando hippies e artistas, e virou uma galeria a céu aberto. / Texto / Marcelo Duarte / Foto / Arquivo Nacional / Fundo Correio da Manhã


A praça e seu entorno tendo com destaque o antigo Colégio Caetano de Campo (segunda sede) e atual sede da Secretaria Estadual da Educação. 

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo possui a maior rede de ensino do Brasil, com 5,4 mil escolas autônomas e vinculadas, aproximadamente 3,5 milhões de alunos e 234 mil servidores nos quadros do Magistério (QM), no Quadro de Apoio Escolar (QAE) e no Quadro da Secretaria da Educação (QSE). São 190 mil professores e 5 mil diretores de escolas distribuídos em 91 Diretorias Regionais de Ensino, que se agrupam em 15 Polos Regionais. A estrutura da SEDUC-SP conta com dois órgãos vinculados, sendo eles o Conselho Estadual de Educação (CEE) e a Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE) e seis Coordenadorias: Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação “Paulo Renato Costa Souza” (EFAPE); Coordenadoria Pedagógica (COPED); Coordenadoria de Informação, Tecnologia, Evidência e Matrícula (CITEM); Coordenadoria de Infraestrutura e Serviços Escolares (CISE); Coordenadoria de Gestão de Recursos Humanos (CGRH); Coordenadoria de Orçamento e Finanças (COFI). Localizada na Casa Caetano de Campos desde 19 de fevereiro de 1979, na Praça da República, região central da cidade, a SEDUC ocupa um edifício tombado como bem cultural do Estado e do Município de São Paulo, pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT), e pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (CONPRES).[Textos e imagens da Wikipedia]


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Largo do Arouche nos anos 1960. É uma praça tradicional da região central, considerada patrimônio cultural da cidade de São Paulo.  Situa-se no distrito da República, próximo à estação República do metrô. O local também é conhecido como Praça das Flores ou Mercado de Flores e abriga diversos floristas que se instalaram após a retirada das bancas existentes na Praça da República pelo prefeito Armando de Arruda Pereira por volta de 1914. Durante os anos 1900 a praça abrigou a "Feira Livre do Arouche", a segunda da cidade, criada no contexto da crise do abastecimento de produtos hortifrutigranjeiros e encerrada em 1954. O nome atual remete ao tenente-general José Arouche de Toledo Rendon, reconhecido por ser o primeiro diretor da Faculdade de Direito de São Paulo e do Jardim Botânico. Durante a história, foi renomeada diversas vezes e já foi chamado de Largo do Ouvidor, Largo da Artilharia e Praça Alexandre Herculano.  


O VALE DO ANHANGABAÚ


Vale do Anhangabaú em 1970. E uma região do centro da cidade de São Paulo, situada entre a Praça da Bandeira e a Avenida São João. É um espaço público comumente caracterizado como parque, onde tradicionalmente se organizam eventos, como manifestações públicas, comícios políticos, apresentações e espetáculos populares. É considerado o ponto que separa o Centro Velho do Centro Novo. Atualmente, os 43 mil metros quadrados do Vale do Anhangabaú são utilizados como um local de passagem para pessoas que desejam transitar entre as regiões leste e oeste do Centro, podendo ser definido como um extenso calçadão sob um entroncamento rodoviário. O espaço também interliga-se a outras praças da área central, como a Praça Ramos de Azevedo, justaposta ao Vale, ao Largo São Bento, por meio das escadarias do Metrô e a Praça da Bandeira, que atualmente abriga um terminal de ônibus.
Origem e primeiras ocupações

O vale do Anhangabaú tem suas orígens no Ribeirão Anhangabaú, que surge como Córrego Saracura, fluindo ao longo da Avenida 9 de Julho antes de adentrar o próprio vale e alcançar sua foz no Rio Tamanduateí, à beira do Mercado Municipal. Assim, o Tamanduateí constitui uma espécie de delta com o seu principal afluente, o Anhangabaú. Este econtro dos rios compõe o icônico trinagulo histórico de São Paulo, cuja acrópole outrora situava-se a aldeia do Inhapuambuçu, onde viveu o cacique Tibiriça e Potira. O nome Anhangabaú deriva de uma entidade sobrenatural denominada Anhangá, comumente retratada como um cervídeo branco, de porte atroz e olhos vermelhos de fogo, reconhecido pelos Tupi como o protetor da caça e da pesca[6] na região. Devido à sua natureza agressiva e por vezes maligna, o anhangá foi associado pelos colonizadores portugueses à figura do diabo para fins catequéticos. Outros estudiosos afrimam ainda que pelo fato de suas águas serem muito férreas e ácidas tem o significado de “água venenosa”. Atualmente, o mesmo está canalizado e escondido, exceto por suas nascentes, que se encontram ao ar livre, entre as regiões de Vila Mariana e Paraíso. O Vale, por causa de seu tamanho, foi palco de fatos históricos de grande importância nacional, como a inauguração do Viaduto do Chá, em 1892, a canalização do Ribeirão Anhangabaú, em 1906, e a substituição dos jardins do parque por avenidas, em 1940, seguindo as mudanças arquitetônicas da cidade.

Não se sabe ao certo quando a região do Vale do Anhangabaú foi ocupada, mas há registros que sinalizam que, em 1751, o governo já se preocupava com um vale aberto por Tomé de Castro na região localizada entre o Rio Anhangabaú e um lugar onde se tratava a água como "Nhagabaí". A área pertenceu ao Barão de Itapetininga, uma propriedade herdada de seu tio, Coronel Francisco Xavier dos Santos, conhecida como “Chácara do Chá”, localizada no “Morro do Chá”, cujos limites eram a Rua Líbero Badaró e todo o Vale do Anhangabaú, Largo da Memória, Rua Sete de Abril, Avenida Ipiranga e Praça da República, indo até a atual Avenida São João e daí até a Rua Líbero Badaró novamente.

Na região, para desviar da Chácara do Chá, os moradores eram obrigados a descer pela Rua Doutor Falcão Filho, atravessar a Ponte do Lorena e em seguida subir a Ladeira da Memória, para atingir o outro lado do morro, separado pelo rio. A Câmara Municipal de São Paulo pressionou o Barão de Itapetininga a ceder parte de suas terras, que foi posteriormente transformada na primeira rua do Vale, a Rua Formosa, em 1855.[7] Mais tarde, o presidente da província, João de Matos, solicitou a cessão de nova parte das terras do Barão, sendo atendido com uma condição específica, que acabaria respeitada: de que a ele fosse dado o nome de Rua Barão de Itapetininga.

Durante a década de 1870, a distribuição populacional da cidade de São Paulo era irregular em relação às outras cidades coloniais brasileiras, uma vez que carecia de pessoas em áreas urbanas, diferentemente de Rio de Janeiro, Salvador, Porto Alegre e Belém. Sua população mantinha-se predominantemente na região da Sé, ao lado de terrenos que tinham a função de desenvolver vários tipos de serviço público especialmente para a parte mais pobre da população. Além disso, a cidade não possuía um sistema de transporte público muito desenvolvido e elaborado para a sua realidade, visto que as regiões mais afastadas do centro se conectavam a ele a partir de estradas precárias. No entanto, houve um aumento da demanda para incorporar áreas novas na cidade e, a partir desse acontecimento, a ocupação nas proximidades da região da Sé foi uma alternativa a grande parte da população e dos empreendedores da época, mas que teve de contornar os desníveis do local, as várzeas pantanosas e os terrenos que se faziam inadequados para ser ocupados por pessoas.Assim, a partir da necessidade de tornar a região mais acessível a moradores, foram grandes os tratamentos originados para que houvesse a expansão da cidade para o centro. Com isso, diversos programas de melhorias urbanas foram desenvolvidos para a região do Vale do Anhangabaú. Dessa forma, muitos tratamentos foram visíveis, principalmente entre 1872 e 1875, período no governo de João Teodoro, que ficou conhecido como "segunda fundação de São Paulo". Durante sua gestão, foram definidas muitas transformações que visavam ao progresso da cidade dentro de seu programa presidencial. Ele propôs mudanças na estrutura e na simbologia de São Paulo, mas não tinha como foco alterar a economia de agro-exportação do País na época. Assim, ele prometeu uma transformação na aparência das cidades do País, realizando uma junção entre estética e estrutura e, dessa forma, pensou em mudanças que pudessem transformar São Paulo na "capital do café".

Em 1877, teve início a urbanização da área, por meio da idealização do Viaduto do Chá — que só seria inaugurado em 1892. Para a construção do viaduto, foi desapropriada apenas a faixa utilizada para a obra. Em 1884, o decreto 233 (primeiro código sanitário do Estado de São Paulo) foi feito para contribuir com o recém-criado órgão de Serviço Sanitário. O código trazia em si algumas regras que proporcionavam melhorias para a questão do solo nas cidades, como mais árvores, calçamento de ruas e drenagem de terrenos úmidos, o que indicou que a drenagem das várzeas de São Paulo passasse a ser uma norma.

Durante a gestão de João Alfredo Correia, pernambucano que presidiu São Paulo entre 1885 e 1886, diversas obras também foram iniciadas. Ele trazia a proposta de criar um bulevar circular em torno da área central, de modo que compreendesse uma gigante avenida repleta de árvores, do Brás ao Ipiranga, na várzea saneada e drenada do Rio Tamanduateí, que, por sua vez, se ligaria a outras avenidas e inclusive ao Córrego do Anhangabaú — que estava sendo retificado na época. Mesmo com tantas sugestões de melhoria urbana, apesar de suas propostas, a complexidade de elaboração das obras eram maiores do que os governos monárquicos poderiam atuar naqueles momentos, de forma que não foram realizadas

Até 1900, os responsáveis pelas questões de obras públicas na cidade eram profissionais que tomavam conta das questões sanitárias da região, os chamados médicos e engenheiros sanitários conhecidos como "higienistas". Tratava-se de profissionais cujas funções designadas se restringiam a combater alguns desafios da saúde ou contribuir com o desenvolvimento das cidades a partir do saneamento urbano.[10] No fim do século XIX, no entanto, São Paulo conheceu uma nova concepção de "transformações urbanas", que surgiram com o decorrer das transformações ao redor da própria cidade, como a urbanização crescente em estados como o Rio de Janeiro. Assim, o Estado de São Paulo passou a estabelecer critérios mais objetivos, a fim de conseguir encontrar soluções para problemas enfrentados pela população. Dessa forma, o engenheiro e o médico abriram espaço para que novos engenheiros urbanistas e também sociólogos, juntos, construíssem e elaborassem ações a favor da modernização de São Paulo.

Por cuidarem de assuntos referentes ao desenvolvimento das cidades, os tais engenheiros e arquitetos também se consideravam urbanistas, portanto eram vistos pela maior parte da população como responsáveis por funções específicas e determinadas somente por um administrador público da cidade, que se encarregava de estabelecer melhorias às obras públicas de São Paulo. Foi justamente a ascensão dos ensinamentos de técnicas de autoridades do meio público é que propostas de melhoria começaram a ser elaboradas. Com isso, os desafios de São Paulo — que, aos poucos, absorvia a modernização que chegava a outras cidades do Brasil — tornaram necessária a reconfiguração do Vale do Anhangabaú, um dos locais que mais foram afetados por essa modernidade. Como grande transformação de seu espaço, os urbanistas responsáveis pelas mudanças na região se dispunham a novos pensamentos, saberes e experiências da modernização, tanto das técnicas quanto dos pensamentos.

A partir da criação da Superintendência de Obras Públicas, após a instauração da República em 1889, e a aprovação da Constituição de 1891, durante a gestão de Antônio Prado (1898 a 1911), este elaborou um programa que pretendia criar muitas paisagens, como a canalização de quase trezentos metros do leito das margens do Rio Tamanduateí e, entre outras obras, a cobertura e canalização do Anhangabaú, eliminando, assim, uma relíquia do século XVIII, a ponte Acu. A mudança foi inaugurada em 1904. Conforme as mudanças aconteciam, o ritmo populacional crescia, fazendo com que Ipiranga e Barra Funda concentrassem a classe operária, enquanto em bairros próximos a áreas valorizadas, como Anhangabaú, Bexiga e Cambuci, a participação em formas de valorização social e econômica foi um pouco mais complicada.

Após um longo período de descaso, em 1910 foi realizada uma grande arborização do Vale do Anhangabaú, resultando na formação do Parque do Anhangabaú. Esse projeto tomou forma a partir de uma combinação de três projetos, incluindo o "Grandes Avenidas", de autoria do arquiteto Alexandre Albuquerque, que resultaram na urbanização do vale com a inserção edifícios. Entre 1910 e 1911, importantes propostas de remodelação da área do Vale do Anhangabaú surgiram, visto que nenhuma construção de edifício era vista próxima a ele, que se encontrava "abandonado" pelo centro urbano, bem como a Várzea do Tamanduateí, com projetos de canalização não finalizadas.

A fonte localizada na encosta à esquerda do Vale, logo abaixo da escadaria, é de autoria do escultor italiano Luigi Brizzolara, inspirada na Fonte dos Desejos de Roma. O conjunto de escultura, que possui o mesmo nome da fonte, foi projetado em 1922 por uma promulgação da Prefeitura que não só aprovou a obra como destinou 65 contos de réis para seus gastos. Antes ocupado por um obelisco, o local ganhou o projeto como homenagem da comunidade italiana ao centenário da Independência do Brasil.

O conjunto conta com doze esculturas feitas em mármore, bronze e granito. A figura dominante é a escultura do compositor brasileiro Carlos Gomes, capturado em uma atitude de meditação. Na parte de baixo, sustentando o globo, três cavalos alteiam a figura alegórica de Glória e as náiades, entidades mitológicas que protegem fontes e rios. A obra é uma representação da música, da poesia e de alguns dos mais famosos personagens das óperas do compositor.






No fim da década de 1930, o parque foi desfeito e deu lugar a uma via expressa. Na década seguinte, foi criada uma ligação subterrânea entre as praças Ramos de Azevedo e do Patriarca: a Galeria Prestes Maia, onde foram instaladas as primeiras escadas rolantes da cidade. O cruzamento entre as avenidas Anhangabaú e a São João ganhou uma passagem em desnível em 1951, com a construção do Buraco do Ademar, que lá permaneceu durante 37 anos, sendo posteriormente substituído por dois túneis homônimos (Papa João Paulo II).[13] O lado leste do vale foi remodelado aos poucos em meados do século XX, com a demolição dos três Palacetes Prates, entre 1935 e 1970, dando lugares a prédios mais altos.

No início da década de 1980, a Prefeitura realizou um concurso público para a remodelação da região. Os urbanistas Jorge Wilheim e Rosa Grena Kliass foram os vencedores, propondo um projeto de revitalização que criava uma laje sobre as avenidas existentes no local, em uma altura suficiente para ligar os dois lados do Vale, com o tráfego de automóveis ficando abaixo e recriando a área verde entre os viadutos do Chá e Santa Ifigênia. O principal foco era transformar o Vale em um grande bulevar, para retomar a função original de sua construção no início do século XX. Este projeto acabou arquivado e assim permaneceu até o final daquela década, quando foi resgatado, na época em que era estudado o fim do Buraco do Ademar.

GALERIA PRESTES MAIA

A Galeria Prestes Maia é um espaço artístico e cultural da cidade de São Paulo, que também tem uma ligação subterrânea entre a Praça do Patriarca e o Vale do Anhangabaú, com saída abaixo do Viaduto do Chá. Foi na passagem da galeria que foram inauguradas as primeiras escadas rolantes públicas da cidade, em 1955. É formada por três andares: subsolo, que dá acesso ao Vale do Anhangabaú sob o Viaduto do Chá, térreo e mezanino, onde fica a Sala Almeida Júnior. Inaugurada em 1940 pelo então prefeito Francisco Prestes Maia, ela tem um espaço de seis mil metros quadrados batizado de Salão Almeida Júnior, onde, logo na inauguração, deu-se o Salão Paulista de Belas Artes, com a presença de artistas como Anita Malfatti. Durante a inauguração, o então presidente Getúlio Vargas preparava-se para fazer um longo discurso, mas o locutor do evento apresentou-o com a frase "Atenção, brasileiros, para as breves palavras de sua excelência, o presidente Getúlio Vargas", e Vargas limitou-se a dizer: "Tenho a honra de declarar inaugurada esta galeria."



Galeria Prestes Maia, entre a Praça do Patriarca e a parte baixa do Viaduto do Chá, no centro de São Paulo, em- dezembro de 1948, quando ali se realizava a VII Salão Internacional de Arte Fotográfica de São Paulo.

Fonte -IMS/ a. marcos rudolf.




Depois de um processo de degradação na década de 1970, o local passou a abrigar postos administrativos de órgãos públicos, como a Cohab, que ficou até outubro de 2000, e o Centro de Orientação e Aconselhamento (COA), voltado para doentes de Aids, que funcionou na galeria entre 1989 e 1995 e era "ponto de referência para médicos e doentes de Aids em todo o país", segundo o jornal Folha de S.Paulo. Esses postos só começaram a ser desativados a partir de 1995, quando se divulgou reformas e adaptações que incluíam uma praça de alimentação e um pequeno auditório para palestras, que nunca saíram do papel, além da remoção do trânsito pesado na Praça do Patriarca, próximo à entrada da galeria, com um orçamento total de cinco milhões de dólares. "Vamos fazer um prédio de Primeiro Mundo ali", disse em maio de 1995 Júlio Neves, então diretor-presidente do Masp. Esse projeto culminaria, no ano seguinte, com a cessão da galeria ao Masp por meio de decreto do então prefeito Paulo Maluf. "A galeria foi criada para ser um espaço de arte, mas tomou outros rumos. Vamos recuperar o projeto inicial", disse em março de 1995 Sanderley Fiusa, presidente da comissão criada pela prefeitura para a revitalização do Centro. Também havia sido cogitada a transformação da galeria em um shopping center 24 horas. "Vamos fazer um prédio de Primeiro Mundo ali", disse em maio de 1995 Júlio Neves, então diretor-presidente do Masp, que ainda revelou ser o interesse pela galeria anterior à sua gestão. Não estava prevista a exposição de nenhuma das trezentas obras do acervo permanente do Masp, mas partes das outras 4 700 obras que o museu tinha e, especialmente, exposições temporárias de que a matriz não dava conta. Ainda em 1995, falou-se de um projeto mais extenso, que transformaria o Vale do Anhangabaú em um centro cultural, o que basicamente transformaria o trecho da Galeria Prestes Maia ao Teatro Municipal em um único espaço cultural.

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SANTA EFIGÊNIA


Santa Efigênia. O bairro recebe este nome por lá ter sido construída em 1809, no mesmo lugar da antiga capela, uma igreja que homenageava Ifigênia da Etiópia que difundiu o catolicismo por lá. Era uma região que tinha uma bifurcação para os Caminhos de Pinheiros e Luz e abrigava inúmeras chácaras. A escolha do nome foi feita pelo rei Dom João VI. O bairro era uma mistura de classes. Na rua Santa Ifigênia, aberta em 1810 pelo Marechal Arouche de Toledo Rendom até a rua Elesbão (atual rua Aurora), concentrava a população mais abastada. A elite ocupava o chamado Campo Redondo (atual Campo Elíseos) e a rua Florêncio do Abreu. Já a Rua dos Bambus (atual Avenida Rio Branco) era ocupada por estudantes, o que explica a existência de muitas residências acadêmicas, como “repúblicas” de estudantes, onde moraram conhecidas personalidades que passaram pela Faculdade de Direito, como Afonso Arinos, Afrânio Melo Franco, Melo Pimentel e Francisco de Andrade. Descendo para as partes mais baixas da rua dos Bambus, Aurora, Triunfo e Duque de Caxias ficavam os cortiços. Estes cortiços foram detalhados em um relatório em 1893, com informações da área mínima destas habitações, valores pagos por seus moradores, nomes dos inquilinos e proprietários. Se por um lado este relatório era resultado da preocupação com questões sanitárias e recorrência de epidemias, por outro lado os cortiços eram um investimento lucrativo onde se aproveitava o mesmo imóvel para várias alocações. Em 1872, as chácaras são substituídas por residências, fábricas, lojas de comércio de roupas e artigos de formatura. Hotéis, pensões e cortiços também são atraídos para a região devido à existência das estações ferroviárias de São Paulo Railway e Sorocabana. No início do século XX, o centro de São Paulo passa por uma reformulação, com a implantação de grandes avenidas. Deste projeto resultou a implantação do Viaduto de Santa Ifigênia e o início da edificação da igreja Santa Ifigênia. Escolas, residências da elite ao lado de cortiços, lojas de luxo e comércio miúdo conferiram um caráter de transição ao bairro até 1930, quando a elite paulistana transfere-se para os bairros de Higienópolis e Paulista. Então os terrenos e estas casas são subdivididos, aumentando o número de habitações coletivas de baixo custo.

Comércio. No início do século XX, a rua Santa Ifigênia abrigou várias das melhores lojas de tecidos, peles e chapéus femininos. A sua clientela era formada principalmente pelas ricas famílias que moravam no elegante bairro dos Campos Elíseos. Depois especializou-se primeiro em produtos de rádios e TV e a partir da década de 40 e 50, surgem as primeiras lojas especializadas em material elétrico e produtos eletrônicos, que a partir da década de 70 e 80 já eram a maioria. Atualmente o bairro é um importante centro comercial da capital paulista, especialmente no ramo de eletrônicos (aparelhos, acessórios, peças etc.). As ruas mais movimentadas são Santa Ifigênia, Aurora, Vitória, dos Andradas e a avenida Rio Branco.

Pontos de Referência. A Igreja Santa Ifigênia foi projetada pelo arquiteto Johann Lorenz Madein e construída de 1904 e 1913. Edificada em estilo gótico e romano, contém diversas obras de artevitrais confeccionados em Venezatelas dos pintores Benedito Calixto, Henri Bernard, Dario V. Barbosa e  Carlos Osvald,cúpulas do italiano Gino Catani,  altares confeccionados pela Casa Pucci, pela Casa Tomagnini, Fratello e Ciao altar da Capela-Mor foi executado pelo Instituto Bryal de Mayer de Munique, caixas de esmolas e cofre confeccionados pelo Liceu de Artes e Ofícios. Em 1830, abrigou a primeira escola de primeiras letras depois de promulgada a lei que determinava a criação de escolas de primeiras letras em cidades, vilas e lugares populosos do Brasil. A escola chamava-se "Escola de Primeiras Letras da frequesia de Santa Ifigênia". O Instituto D. Ana Rosa, fundado em 1874, instalou-se inicialmente na chácara de seu fundador, o senador Francisco Antônio de Souza Queiróz, neste bairro, entre as ruas Brigadeiro Tobias e Florêncio de Abreu. Foi a primeira iniciativa particular de assistência e formação profissional do Brasil, abrigando inicialmente 62 alunos, a partir de 12 anos, na maioria órfão de pai. Depois transferiu-se para a "Chácara Velha" onde hoje é a Biblioteca Mário de Andrade na praça Dom José Gaspar. Também abrigou o Colégio Moretzsohn.

É nesse bairro também que se localiza o Viaduto Santa Ifigênia. A seu lado, está o maior edifício de São Paulo, o Mirante do Vale, com 170 metros de altura e 51 andares. Esse edifício parece menor por estar dentro do Vale do Anhangabaú. Santa Ifigênia 

Rua Santa Efigênia esquina com a rua Aurora, com destaque para dois palacetes aristocráticos do início do século XX




O Viaduto Santa Ifigênia é um viaduto localizado no centro de São Paulo, com uso exclusivamente para pedestres. Ele começa no Largo São Bento, próximo a estação de metrô São Bento, e termina em frente à Igreja de Santa Ifigênia, interligando dois pontos históricos importantíssimos para o município de São Paulo. A estrutura, pensada pelo arquiteto Giulio Micheli e desenvolvida pelos engenheiros Giuseppe Chiapori e Mário Tibiriçá, foi totalmente fabricada na Bélgica e tinha o intuito de melhorar o trânsito e a circulação de carros, carruagens e bondes durante o período do século XIX, que atravessavam o Vale do Anhangabaú. O viaduto foi montado entre os anos 1910 e 1913 e inaugurado em 26 de julho de 1913, pelo prefeito Raymundo Duprat. Atualmente, o viaduto é uma das principais ligações dos pontos mais altos do centro de São Paulo, passando sobre o Vale do Anhangabaú e a avenida Prestes Maia e assim ligando o centro velho ao centro novo da cidade de São Paulo. O Viaduto Santa Ifigênia, de estilo Art Nouveau, é um dos principais cartões postais da cidade de São Paulo.

Entre o Viaduto Santa Ifigênia e a Rua Duque de Caxias, há diversas lojas e pequenas galerias que vendem os mais diversos tipos de produtos eletrônicos, como computadores, vídeo games, celulares, equipamentos de sons e luzes e instrumentos musicais e além da venda desses diversos produtos, também conta com lojas que disponibilizam o conserto deles por preços mais acessíveis. E além da diversidade, é possível adquirir descontos consideráveis nestes produtos pois os vendedores negociam os preços para que se tornem acessíveis para seus clientes. Assim como na famosa rua 25 de Março, a Santa Ifigênia (conhecida popularmente) é um excelente lugar para fazer compras, principalmente em datas comemorativas como Natal e Dia das Crianças. 

História. São Paulo teve sua população multiplicada e sua malha urbana expandida ao final do século XIX, por conta da economia do café, criando uma demanda por melhorias no transporte e trânsito da cidade. Em 1901 foi apresentado à Câmara Municipal um projeto de um viaduto que ligaria o Largo de São Bento ao Largo Santa Ifigênia. Seria o segundo viaduto a transpor o Vale do Anhangabaú, já que já existia o Viaduto do Chá, inaugurado em 1892. A construção do Viaduto Santa Ifigênia só começou, de fato, em 1910 e foi concluída apenas em setembro de 1913. Mesmo com os três anos que a obra durou o viaduto foi começado e teve fim ainda no mandato do então prefeito Raymundo Duprat. Para a construção do projeto 250 mil libras foram emprestadas dos ingleses, foi o primeiro endividamento externo realizado pela Prefeitura de São Paulo.

A estrutura do viaduto foi totalmente fabricada na Bélgica. Cerca de mil e cem toneladas de estrutura metálica desembarcaram no porto de Santos e chegaram na região pela estrada de ferro São Paulo Railway. A montagem foi realizada pela empresa Lidgerwood Manufacturing Company Limited, sob a direção do engenheiro Giuseppe Chiappori, sócio de Giulio Micheli e Mário Tibiriçá, enquanto a execução das fundações ficou a cargo do mestre de obras e carpinteiro alemão Johann Grundt. Um ano além do prazo previsto, devido às desapropriações e indenizações, falta de mão-de-obra qualificada e orçamento comprometido, o Viaduto Santa Ifigênia foi finalmente inaugurado no 26 de julho de 1913 pelo prefeito Raymundo Duprat, com festa e travessia de bondes e automóveis. O objetivo ao construir este viaduto era, além de ligar os Largos São Bento e Santa Ifigênia, melhorar o trânsito de carros e carruagens que enfrentavam a ladeira da Av. São João, além de melhorar o trânsito da rua XV de Novembro e da rua São Bento, por onde passavam os bondes. Assim, haveria uma maneira mais eficiente de ligar um lado do Anhangabaú ao outro. Na década de 1970, a estrutura foi protegida por Lei Municipal de Zoneamento. No final da mesma década o Viaduto passou por uma reforma que recuperou sua estrutura e passou a ser exclusivo para passagem de pedestres. Com essa reforma, as luminárias foram substituídas por luminárias antigas, conhecidas como São Paulo Antigo, o calçamento passou a ser de pastilhas coloridas, com as cores do arco-íris, e foi colocada uma escada que dá acesso ao Vale do Anhangabaú.


Viaduto Santa Ifigênia, meados do século XX.

O Viaduto Santa Ifigênia sobre a Avenida Prestes Maia une o Largo de São Bento ao Largo de Santa Ifigênia. Possui bases de concreto decorados com pilares de onde se elevam arcos metálicos que proporcionam aparente leveza ao viaduto projetado pelo arquiteto Giulio Micheli e os engenheiros Giuseppe Chiapori e Mário Tibiriçá. O piso pavimentado de pastilhas sobre lajes de concreto, forma tapetes geométricos tricolores. Junto ao piso, destaca-se também pequenas valas com grelhas metálicas para captação de água da chuva. O viaduto também pode ser acessado a partir de uma escada pavimentada por pastilhas de borracha na Praça Pedro Lessa, onde, atualmente, encontra-se o Terminal Correio, localizado ao lado do edifício Mirante do Vale. Foi construído a partir de mil e cem toneladas de ferro que vieram da Bélgica. As peças que juntas compõem o estilo art noveau. Em 1978 o viaduto Santa Ifigênia foi entregue reformado e reinaugurado com a implementação de um calçadão, com peças da mesma empresa que havia fornecido as estruturas originais. Em 1982, foi pintado com as cores do arco-íris (Vermelho, Laranja, Amarelo, Verde, Azul, Anil Violeta). O estilo Art nouveau fica nítido nas grades de proteção do viaduto, que, seguindo o conceito do estilo, destaca as linhas curvas e formas inspiradas em flores e folhagens.


Importância cultural. O Viaduto Santa Ifigênia é uma via com duzentos e vinte e cinco metros de extensão, marcada pelo avanço econômico e cultural da cidade de São Paulo durante o século XIX. As atividades cafeeiras demandaram uma nova estrutura para o trânsito de carroças, bondes e para o trânsito de uma população que só tendia ao aumento. O viaduto veio como uma proposta de melhoria na circulação por dentro da cidade e, no decorrer dos anos, transformou-se em um dos principais pontos turísticos da cidade de São Paulo. Atualmente, o viaduto é exclusivamente para a travessia de pessoas, interligando pontos importantes do centro novo e do centro velho da cidade, como por exemplo Rua Santa Ifigênia, Avenida Cásper Líbero, Rua Antônio de Godói e o Largo do Paissandú, assim como fazia o viaduto do Chá que também foi construído com o intuito de otimizar o tempo dos paulistanos e turistas. O Viaduto Santa Ifigênia foi a primeira grande obra viária paulistana amplamente documentada através da fotografia, cujas imagens são pouco conhecidas pelos paulistanos.

Estado atual. O Viaduto Santa Ifigênia, apesar de protegido pela Lei de Zoneamento e tombado como um patrimônio histórico e cultural da cidade de São Paulo, é alvo de vandalismo, que ocorre pela falta de policiamento no local. Atualmente, sua estrutura encontra-se firme, porém gasta pelo tempo e pela depredação. Em toda a sua extensão, o viaduto tem pichações contrastando com a arquitetura Art Noveau. Ainda assim, possui postes quebrados e utilizados como lixeiras, ferrugem nas partes metálicas, pastilhas soltas pelo piso e pelas escadas e também moradores de rua localizados na Praça Pedro Lessa que vivem sob a cobertura do viaduto.




Mapa turístico de São Paulo nos anos 1950. Dá uma noção dos principais bairros da cidade, sem a periferia. Fonte: São Paulo em Fotos.

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O PALÁCIO DAS INDÚSTRIAS


O palácio em 1924, ano da sua inauguração. 


O Palácio das Indústrias é uma edificação histórica localizada no parque Dom Pedro II, no centro da cidade de São Paulo, Brasil. Foi projetada por Domiziano Rossi em parceria com outros dois arquitetos, Francisco Ramos de Azevedo e Ricardo Severo. Faz parte dos patrimônios históricos tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Arqueológico, Artístico e Turístico do estado de São Paulo (CONDEPHAAT). Com estilo arquitetônico eclético (elementos de diversos estilos contidos em um só), o prédio foi construído com o intuito de abrigar exposições relacionadas à indústria paulista, sendo inaugurado em 29 de abril de 1924, como mostra a placa de inauguração afixada na entrada do local, que atualmente abriga o Museu Catavento Cultural. A escolha do local e a construção do prédio foram iniciativas da Secretaria da Agricultura, Comércio e Obras Públicas do Estado de São Paulo, órgão que estava sob a chefia de Antônio de Pádua Sales. O projeto de construção do Palácio das Indústrias fazia parte do plano de renascimento da capital paulista, esquematizado pelos arquitetos Joseph-Antoine Bouvard e Francisque Couchet, com o objetivo de revitalizar a região conhecida como Várzea do Carmo, levando a ela saneamento básico e melhorias. O Palácio teve sua primeira exposição em 1917, seguindo como centro de exposições até o ano de 1947, quando foi transformado em Assembleia Legislativa, tendo seu nome modificado, em 9 de julho daquele ano, para “Palácio Nove de Julho”, devido à promulgação da Constituição do Estado naquele dia. Entre 1947 e 1968, o edifício serviu de palco para atividades políticas. Posteriormente, na década de 70, abrigou também celas para presos comuns, configurando-se como sede da Secretaria de Segurança Pública. Passando por restauros projetados pela arquiteta Lina Bo Bardi, a partir de 1992 serviu de sede para a Prefeitura da Cidade de São Paulo, o que perdurou até o ano de 2004. Desde o dia 27 de março de 2009 o edifício abriga o Museu Catavento, museu dedicado às ciências e tecnologia.


Cartaz da Exposição Cafeeira de 1927



Fachada lateral do palácio

Domiziano Rossi tirar sua inspiração para o planejamento do Palácio das Indústrias da construção Castello Mackenzie, de Gino Coppedè e, à primeira vista, podem ser identificadas grandes semelhanças entre o Castello Mackenzie e o Palácio das Indústrias. São mais de oito mil metros quadrados distribuídos em um prédio principal com três pavimentos e um jardim interno; e um prédio anexo. Com estilo eclético, o edifício situado no Brasil possui uma fachada que faz alusão a castelos da época medieval, contendo estátuas embutidas na fachada que possuem estilo renascentista. O anexo lateral nos remete a galpão de fábrica, e seu jardim interior (onde atualmente está situado o Borboletário do Museu Catavento) possui características arquitetônicas religiosas - o claustro. Algumas figuras marcam a estrutura externa do Palácio, como as estátuas de Nicola Rollo, mencionadas no parágrafo anterior, representando o comércio, a pecuária, a agricultura e a indústria, assim como a estátua do Progresso, contendo um carro de bois no topo de uma das colunas. O relógio, no topo central da fachada principal, é um símbolo do progresso e reflexo da Revolução Industrial, similar à estrutura da Estação da Luz. Além desses elementos, frases em latim esculpidas nas paredes do lado de fora do prédio principal nos remetem ao trabalho e indústria, assim como os nomes de cidades paulistas dentro de brasões localizados ao topo de paredes internas, também compondo a estrutura do patrimônio. Internamente, os grandes lustres e vitrais aparecem como símbolo de riqueza da cidade em desenvolvimento, e que lucrava com as indústrias recém-instaladas, algo que também é visto na iluminação das cúpulas externas dos pontos mais altos do prédio principal.

Fachada do prédio principal do Palácio das Indústrias, contendo duas estátuas de Nicola Rollo.


O MUSEU CATAVENTO


O Museu Catavento é um museu interativo, inaugurado em 2009 com o propósito de se dedicar às ciências e sua divulgação e está localizado no Palácio das Indústrias, em São Paulo, Brasil. O espaço de 12.000 metros quadrados é dividido em 4 seções: "Universo", "Vida", "Engenho" e "Sociedade" e conta com mais de 250 instalações. Voltado ao público jovem, foi fundado pelas secretarias estaduais de cultura e educação, com um investimento de 20 milhões de reais após 14 meses de construção.



Embora o museu tenha iniciado seu funcionamento em 2009, a Prefeitura de São Paulo já estava discutindo sua criação desde 2005, quando enviou o projeto de lei 469/2005 à Câmara Municipal de São Paulo para que autorizasse o executivo a instituir a Fundação Catavento. O projeto só foi aprovado e transformado na lei 14.130 em 2006, depois de um ano de tramitação e alteração do texto original pelo político Chico Macena, que defendia a criação da Fundação Catavento para criar e administrar o Museu da Criança e não apenas um centro de desenvolvimento de crianças e adolescentes.

História. O Palácio das Indústrias foi erguido durante a época de 1911 a 1924, período em que a cidade de São Paulo continha menos de 1 milhão de habitantes. Foi programado como Palácio das Indústrias, porém o espaço também reunia a exposição da agricultura e da pecuária. Entre 1947 e 1968, o palácio foi sede da Assembleia Legislativa de São Paulo.

Em 1992, a então prefeita Luiza Erundina, transferiu a sede do governo municipal para lá. Em 2004, depois que Marta Suplicy mudou o gabinete para o Edifício Patriarca, no Viaduto do Chá, o Palácio ficou abandonado, e as grades que cercavam o prédio foram roubadas. A região passou a ser conhecida como “Faixa de Gaza”. A inauguração do Catavento revitalizou o local. Devido ao rápido crescimento de São Paulo, o Palácio das Indústrias criado para ser Palácio de Exposições também teve outros usos como: delegacia de polícia, Assembleia legislativa, e sede da Prefeitura de São Paulo. Em 2009, o local regressou à sua finalidade original, exposições, ao acolher o Catavento Cultural e Educacional.

Os edifícios São Vito e Mercúrio, que chegaram a abrigar 800 famílias em más condições, foram esvaziados em fevereiro de 2009. Enquanto isso, a prefeitura contratou uma empresa para demolir o Viaduto Diário Popular e definiu o projeto dos pontilhões que vão ligar o Mercado Municipal ao museu. Os prédios erguidos na década de 1950 foram demolidos entre 2010 e 2011. Em 2014 ocorreu a doação da área de 9,2 mil metros quadrados, sancionada pelo ex-prefeito Fernando Haddad (PT) e foi publicada no Diário Oficial do Município em julho do mesmo ano. O projeto de lei foi aprovado na Câmara de Vereadores em junho, três anos após ser encaminhado pela Prefeitura ao Legislativo. Originalmente, a medida fez parte de um plano de revitalização da região central da capital, incluindo a requalificação do Parque D. Pedro II. O terreno foi cedido ao SESC

Estado atual. O Museu recebeu duas novidades no dia 17 de fevereiro. A Instituição inaugurou uma nova sala, a Dinos do Brasil, além de restaurar a fachada histórica. A obra foi concluída no ano que se completa cem anos desde a primeira exposição realizada no Palácio das Indústrias.

O Museu Catavento inaugurou em fevereiro de 2017 a "Sala Dinos do Brasil", que com a ajuda de óculos de realidade virtual, conduz o visitante a uma viagem aos períodos Triássico e Cretáceo do Brasil, com os dinossauros que habitavam este território. Segundo o paleontólogo Luiz Anelli, o território já teve desertos e dinossauros que se espalharam por várias regiões como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e São Paulo. Destaque para os dinossauros que habitavam o Triângulo Mineiro, eram herbívoros e tinham aproximadamente 15 metros de altura os Uberaba titãs e o Abelissauro que era carnívoro e selvagem. Para refazer digitalmente os locais onde os dinossauros habitavam e simular alguns comportamentos que possuiam, o museu contou com a consultoria de Luiz Eduardo Anelli, professor de paleontologia do Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (IGC-USP), e com a reconstrução dos dinossauros, feita pelo paleoartista Rodolfo Nogueira. 

Iniciado em junho de 2016, o restauro da fachada do Catavento teve investimento de R$ 1,2 milhão disponibilizado pelo Fundo de Interesses Difusos (FID). Foram recuperados cerca de 70 elementos arquitetônicos, entre janelas, pilastras, esculturas e o sino da torre.[

Palácio das Indústrias. Edificado pelo Escritório de Ramos de Azevedo, encarregado também pelo Theatro Municipal, sua arquitetura exibe uma estrutura metálica importada no seu prédio principal. Faz uso de tijolo aparente como principal acabamento e tem inúmeros elementos decorativos, alguns ligados à produção, como touros, e outros não, como cachorros, e seteiras em vários cumes da murada, jardim circundante ao prédio principal e anexos e os três andares da construção que ocupa o centro do terreno: porão, térreo e andar superior. O arquiteto foi Domiziano Rossi. O complexo apresenta semelhanças com o Castello Mackenzie, um palacete localizado em Gênova, na Itália.

Área externa. Pátio externo. A parte externa do museu conta também com inúmeros objetos expostos. Há réplicas de carruagens, peças de engenhos antigos, vagões de trem, locomotivas e um avião antigo. Além disso algumas peças bélicas, como canhões de artilharia antiaérea também estão expostos Conta com uma grande fonte com peixes vivos, um borboletário e muitas árvores. Na frente entrada do museu há uma esfera de granito rolante

No pátio do museu, encontra-se um avião modelo DC-3 (prefixo PT-KUB), fabricado em 1936 pela Douglas Aircraft Company. Foi utilizado como cargueiro militar na Segunda Guerra Mundial, sendo posteriormente adquirido pela VASP e adaptado para a versão civil. Transportou passageiros e cargas na ponte área Rio-São Paulo até 1972. Em 1974, a VASP doou a aeronave ao Projeto Rondon. Em 1979, ele foi restaurado pela Aeronáutica e doado ao Museu da Tecnologia de São Paulo. Para equipá-lo foram utilizados peças e componentes de 3 outras aeronaves, que se encontravam no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro. Em 2011, após o encerramento das atividades do Museu, seu acervo foi transferido para o Museu Catavento.

Pátio interno. Em julho de 2015 o Museu inaugurou uma estrutura de ferro que abriga diferentes espécies de borboletas, como a borboleta-coruja. Mais de 20 variedades de plantas específicas para cada espécie de borboleta compõem o espaço e vão fazer com que as borboletas se sintam mais próximas da natureza. Os animais vieram do borboletário Laerte Brittes de Oliveiras, em Diadema, no ABC Paulista. No borboletério os visitantes conhecem as diferentes fases de desenvolvimento das borboletas.

O acervo exposto contém mais de 250 instalações, sendo 187 de propriedade da Fundação Museu de Tecnologia de São Paulo. As exposições são distribuídas em quatro seções, a saber: Universo, Vida, Engenho e Sociedade.

A seção "Universo" possui inúmeros painéis expositivos que representam o conhecimento do espaço tal como é conhecido atualmente pela humanidade. A interação é feita através de filmes didáticos incorporados a painéis pintados ou em relevo, outras construções artísticas que expõem o núcleo do sol e da terra e fornecem informações sobre a atuação desses astros. As obras expõem assuntos de sistema solar, geologia, viagem espacial, paisagens e relevos terrestres, contando com ferramentas audiovisuais e um meteorito real.

A seção "Engenho" é dedicada à engenhosidade humana, acumula um conjunto de obras interativas rico e diversificado, permitindo ao público uma proximidade interativa que faz despertar ainda mais a curiosidade inata dos seres humanos. Os aparatos culturais na totalidade são interativos e possuem, cada qual, uma função específica de conhecimento associada a determinado campo da física: mecânica, ótica, ondulatória, termodinâmica e eletromagnetismo.

Na seção "Sociedade" o primeiro assunto abordado é o meio ambiente e a sustentabilidade. É possível assistir o passeio virtual em 3D pelo Rio de Janeiro e conferir alguns dos animais ameaçados nos painéis espalhados pelo lugar. O espaço de Nanotecnologia, com games relacionados ao tema também é uma boa pedida. Os monitores conduzem uma verdadeira jornada pelos novos achados da robótica atual. Diferentemente da seção anterior, quem conduz a maioria das grandes atrações neste espaço são os monitores. O espaço de experimentos químicos, o game show com perguntas sobre história e a pista de escalada com intervenções de grandes pensadores merecem atenção nesta seção. E, se os visitantes forem maiores de 13 anos, o passeio pode ficar completo com uma volta pela sala Prevenção, que alerta para os perigos das drogas e também a palestra interativa que ilustra os riscos das relações sexuais sem segurança Discute aborto, mostra os males do consumo de álcool e drogas e permite avaliar decisões históricas, como o lançamento de bombas atômicas no Japão pelos EUA, na Segunda Guerra.

A seção "Vida" exibe diversos blocos:

Biomas: está localizado na entrada da Seção Vida, neste local se encontra painéis de texto, vídeos e imagens sobre os 6 biomas que compõem o Brasil : Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga,Floresta Amazonica, pantanal e Pampa.

Árvore da vida: retrata o tema da gênese comum da vida e da classificação biológica, exprime os principais grupos da sistemática.

Insetos: organizado em três grupos de animais bicho-pau (um viveiro contendo bichos-pau vivos e textos salientando o privilégio da camuflagem que a estrutura e forma do corpo deles); formiga (que conta com um modelo de formiga aumentado 100 vezes, ao lado de um painel retratando o núcleo de um formigueiro e conta também com um recurso audiovisual, um vídeo de alguns minutos que mostra o preenchimento de um formigueiro abandonado com cimento) e borboletas (um mostruário com exemplares de borboletas e mariposas reais (empalhadas), com informações de algumas espécies, contém também textos sobre mimetismo, do ciclo de vida das borboletas e mariposas e alguns dados sobre o bicho-da-seda).

Vida no Oceano: apresenta um painel pintado na parede com exemplos da diversidade de animais marinhos, com aves e mamíferos. Contamk com uma vitrine com exemplares de conchas, os nomes dos grupos de moluscos às quais pertencem, e mais algumas informações, como a indicação de uma das maiores conchas do mundo.

Aquários Marinhos: o aquário grande se encontra no centro do espaço de circulação dos visitantes, nele estão localizados espécimes vivos de peixes e invertebrados tropicais. Contém exemplares de peixe-palhaço e da anêmona, essas duas espécies mantêm uma relação de Mutualismo (biologia). Ao redor dos aquários lupas são disponibilizadas para os visitantes observarem os animais mais detalhadamente. O aquário pequeno tem menos espécies e fica ao lado do bloco " Do Veneno ao Remédio". Este aquário conta com uma moreia, há também um peixe-leão, espécime venenoso, entre outros.

Fotossíntese: mostra os anéis de crescimento das árvores e exibe algumas explicações textuais dispostas em placas ao redor dos troncos, é explicado que o número de anéis equivale a idade das árvores.
Do Veneno ao Remédio: um painel disposto na parede, mostra com textos e figuras ilustrativas, a importância do veneno para os animais e a possível produção de remédios proveniente destes venenos. A "bancada de observação" contém uma mesa com placas exibindo animais como escorpiões, aranhas e sapos, que podem ser observados em maiores detalhes com a utilização de lupas. Possui também um painel de texto sobre vertebrados. Há também um armário de madeira com portas de vidro, que conta com cobras e lagartos taxidermizados, incluindo uma serpente exibida em posição de predação de um rato.
Aves do Brasil: nas paredes é exibida uma imagem com o nome científico e comum de várias espécies de pássaros brasileiros. Na parte central da seção "Vida", há mesas com computadores e fones de ouvidos em que o público consegue ouvir diferentes cantos de aves.

Evolução e Darwin: tem modelos de crânios de espécies ancestrais de hominídeos, com textos informativos contendo nome científico, em que época viveu e da espécie humana contemporânea, seguindo uma ordem cronológica. Há também um painel de textos com dados sobre a vida e o trabalho do pesquisador Charles Darwin, que consagrou a Teoria da evolução das espécies, um modelo em tamanho real de um exemplar do extinto tigre-dente-de-sabre, um palanque com um mostruário eletrônico e interativo que possibilita realizar um exercício sobre seleção natural, uma disposição de figuras de diversos animais indicando quais são os vertebrados e uma mostra com modelos de esqueletos dos membros superiores de diversas espécies animais, mostrando a semelhança dos ossos apesar das diferentes funções que podem exercer.

Corpo humano: o acervo deste bloco foi produzido pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. São exibidos em dois locais distintos dentro da seção "Vida". Primeiramente, com os equipamentos de reprodução humana, circulação, respiração, digestão e cérebro estão inclusos em uma sala de dois andares integrada ao salão principal da exposição. Os outros equipamentos estão organizados por divisórias no salão principal e o bloco é nomeado de "Homem Virtual". Oferece informações sobre os músculos, ossos, peles, visão e audição.
Célula e DNA: conta com um modelo do interior de uma célula, com seus componentes (organelas, membrana e núcleo), além de uma estrutura de cerca de 2 metros de altura, simula a estrutura de um DNA, textos e conta com representações de vírus e um grande painel que traz dados sobre o processo de fabricação de vacinas.

BELA VISTA




Bela Vista é um distrito situado na região central do município de São Paulo, que abrange os bairros do Morro dos Ingleses e Bixiga (não oficial).Dentro de seus limites estão localizadas algumas das mais importantes atrações paulistanas – como o lendário bairro do Bixiga, com cantinas, teatros e festas populares, e o Museu de Arte de São Paulo. Abriga também a Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, referência no ensino de administração de empresas no Brasil. Mais recentemente foram instaladas no bairro a Escola de Economia e a Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas.

O distrito é atendido pela Linha 2-Verde do metrô e futuramente será também coberto pela Linha 6-Laranja. O romance Anarquistas, Graças a Deus de Zélia Gattai se passa no bairro, assim como parte do enredo de dois populares livros infanto-juvenis intitulados O Mistério do Cinco Estrelas e O Covil dos Vampiros.

A Bela Vista apresenta contrastes sociais, tendo famílias de classe média alta no Morro dos Ingleses, nas proximidades da Av. Paulista, e famílias operárias no Bixiga.

O bairro recebeu um grande número de imigrantes italianos na segunda metade do século XIX e início do século XX. Realiza um dos mais tradicionais eventos de rua de São Paulo, a Festa de Nossa Senhora de Achiropita, todos os finais de semana do mês de agosto.

BEXIGA



Bexiga, rua 13 de Maio com Santo Antônio, anos 1970.#SPFotos


O Bixiga é um estado de espírito. Você sente quando está no Bixiga, você cheira à Bixiga”. Era assim que Armandinho Puglisi, o Armandinho do Bixiga, definia os limites do bairro, um tanto controversos. Bairro que, na verdade, deixou de ser chamado oficialmente de “Bexiga” em 1910 para tornar-se Bela Vista e cujo nome ele insistia em escrever com i, da maneira como é pronunciado pela maioria das pessoas. O fato é que, quase um século após a mudança, o Bixiga permanece no coração e na memória dos paulistanos por ser o mais fiel retrato da cidade: um pólo de cultura, gastronomia e dificuldades sociais, com seus teatros, cantinas e cortiços. Bixiga ou Bexiga? Há pelo menos duas teorias para a origem do nome. Primeira: foi tomado de Antonio Bexiga, dono da hospedaria no Largo do Piques (atual Praça da Bandeira) e das terras do bairro no início do século XIX e que teria sido vítima de varíola, recebendo por isso a alcunha. Segunda: veio do matadouro público da rua Santo Amaro, construído em 1774, que comercializava bexigas de boi. Em 1878, um jornal anunciou a venda dos terrenos “das matas do Bixiga”, iniciando então o processo de loteamento e formação do bairro. Para lá se mudaram imigrantes italianos que não se adaptavam ao trabalho nas lavouras e escravos fugidos ou recém libertos. “Os italianos desenhavam a planta da casa no chão de terra com uma bengala e assim determinavam os terrenos”, conta Afonso Roperto, cujo bisavô veio para o Brasil em 1886. Em 1942 ele abriu uma cantina na rua Treze de Maio, comandada hoje por Afonso. É por este costume que as casas mais antigas do Bixiga são estreitas e compridas. Como nos fundos era mata, cada um avançava até onde quisesse. A padaria Basilicata, fundada em 1904, segue a mesma ‘arquitetura’. Nos fundos da casa havia uma cocheira já que as entregas naquela época eram feitas a cavalo. Arcos da Rua Jandaia. Mais antigos que as cantinas e armazéns são os Arcos da Rua Jandaia, construídos provavelmente no século XIX como muros de arrimo para contenção de enchentes. Os arcos foram descobertos por acaso na década de 80, quando os prédios que haviam sido construídos em frente a eles foram demolidos. Outro pedaço da história do Bixiga está na Casa de Dona Yayá, hoje sede do Centro de Preservação Cultural da USP. Yayá era uma órfã rica que teria apresentado sinais de demência muito jovem, e foi internada em um sanatório por seus tutores. A casa foi construída no final do século XIX e restaurada em 2001 pela USP. O Bixiga é rico em histórias e personagens, muitas delas preservadas no Museu Memória do Bixiga. Como a do ladrão Gino Amleto Meneghetti, um “arrombador de classe”. Meneghetti, contam os mais antigos, roubava os casarões da avenida Paulista e fugia facilmente pelos telhados. Seu primeiro roubo teria sido aos 11 anos, em Pisa, sua cidade natal. Desafiava e desacatava a polícia, mas acabou passando 19 anos preso no Carandiru. No entanto, na rua em que morava era querido e considerado um benfeitor. O samba do Bixiga. A comunidade negra, que se concentrava nas áreas mais próximas à avenida Nove de Julho, deu a contribuição que faltava ao bairro: o samba. A Vai-Vai, fundada como bloco carnavalesco em 1930, é hoje uma das escolas de samba mais tradicionais da cidade, tendo sido campeã diversas vezes. Seus ensaios atraem jovens vindos de todos os cantos da cidade. Já Adoniram Barbosa não nasceu no Bixiga mas era freqüentador assíduo e homenageou seu bairro do coração em várias canções, entre elas “Samba no Bixiga”.

Cidade de São Paulo- Comunicação

Rua 13 de maio, 1950. 




Dona Yayá, a herdeira que virou prisioneira na própria casa




Dona Yayá foi considerada incapaz e viveu quase toda a vida adulta dentro de casa, com cuidadores e empregados. Conheça sua história

Dona Yayá é o nome pelo qual ficou conhecida Sebastiana de Mello Freire, única sobrevivente de uma família rica que não pode usufruir a riqueza herdada do pai.

A história de Dona Yayá, que foi considerada incapaz e interditada na Justiça e viveu boa parte da vida dentro de casa, com cuidadores e empregados, inspira muitas versões diferentes: seria ela vítima de uma conspiração ou uma pessoa doente? Uma mulher à frente do seu tempo ou apenas louca?

Nascida em 21 de janeiro de 1887, em Mogi das Cruzes, a mais nova de cinco filhos de Manoel de Almeida de Mello Freire e Josephina Augusta de Almeida Mello. O pai, de uma família de proprietários de terras e políticos de Mogi das Cruzes, seguiu a tradição dos jovens da elite paulista, formando-se advogado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e dedicando-se à carreira política.

Dona Yayá. O pai e a mãe morreram em dezembro de 1900, com dois dias de diferença. Yayá e Nhonhô, seu irmão cinco anos mais velho, herdaram dinheiro, ações, terrenos, propriedades rurais e imóveis urbanos alugados tanto em São Paulo quanto em Mogi das Cruzes. Os outros filhos haviam morrido na infância. Cinco anos depois, Nhonhô cometeu suicídio, e Yayá ficou sozinha.

Ela nunca se casou e não teve filhos, mas teve duas afilhadas que criou como se fossem filhas. Ela vivia na companhia desses parentes e agregados em um palacete na Rua Sete de Abril, no centro de São Paulo, naquela época uma região nobre de moradias.

Em 1919, com 32 anos, Yayá apresentou recorrentes sinais de desequilíbrio emocional que levaram à sua internação em uma instituição hospitalar. Laudos médicos atestaram sua condição de paciente psiquiátrica e a necessidade de cuidados especiais para tratamento. Foi internada uma segunda vez, em 1920, e considerada incapaz de administrar sua própria vida e seus bens, recebendo interdição judicial. Nunca conseguiu recuperar a gestão sobre a própria vida.

Essa história, amplamente questionada pelo jornal sensacionalista O Parafuso, comoveu a sociedade paulistana. Um ano depois, por recomendações médicas, Yayá passaria a receber tratamento em casa, em melhores condições, em um ambiente de tranquilidade e segurança.

Mudou-se então para a casa na Rua Major Diogo, no Bixiga, uma antiga chácara onde Yayá permaneceu reclusa por 40 anos, em companhia de suas cuidadoras e empregados. Ela morreu em 4 de setembro de 1961, durante uma cirurgia para retirar um câncer de útero.

Casa da Dona Yayá. Em 1968, após um processo judicial que concluiu que ela não tinha herdeiros, a casa foi destinada à Universidade de São Paulo. Em 1990 a Usp fez as obras de recuperação e restauro do imóvel e desde 2004 o local é a sede do Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo. O imóvel foi tombado pelo Estado de São Paulo, em 1998, e pelo Município, em 2002




Um preconceito alimentado pelo estigma da doença mental. D. Yaya cuidava de si e aprendeu lidar com suas tormentas íntimas. Essa autonomia incomodava e ainda incomoda porque denuncia os abusos do tratamento químicos e as tentativas de reativação das práticas manicomiais ortodoxas.





ANHAGABAÚ



O Vale do Anhangabaú no início do século XX


Vale do Anhangabaú,  O Rio Anhangabaú é formado por três afluentes, Rio Saracura, Rio Itororó e Córrego do Bexiga, que preservam a memória da presença indígena no coração da metrópole. Por ser um obstáculo físico à expansão urbana, a primeira ponte registrada na cidade data de 1589 sobre seu leito. Outras duas pontes facilitavam sua travessia, a ponte do Lorena no Bixiga e a Ponte do Acú na Avenida São João. 

No período colonial, o Vale do Anhangabaú era um território de populares e manifestações religiosas, local de roçados e hortas onde circulavam indígenas, caipiras, roceiras, quilombolas. Em suas pontes concentrava o comércio miúdo, quituteiras, quitandeiras, vendedores de frutas. 
Nos anos de 1700 passou a acolher as irmandades negras com a construção das igrejas de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e de Santa Ifigênia e Santo Elesbão em seu entorno. No período imperial, sua paisagem foi tomada pelo plantio de agrião e chá da índia pertencente a Chácara do Barão de Itapetininga. 

Na década de 1870 recebeu as primeiras intervenções urbanas com a canalização do rio, até que em 1910 obras de ajardinamento conformaram o Parque do Anhangabaú junto a inauguração do Teatro Municipal. 

No período republicano, com a chegada das ferrovias, bondinhos e estruturas em aço, foi instalado em 1892 o Viaduto do Chá (com pedágio) e em 1910 o de Santa Ifigênia para traspor a vale profundo e impulsionar os loteamentos de Campos Elísios, República e Santa Cecília. 

No final de 1930, o Parque do Anhangabaú foi destruído para dar lugar as vias expressas do Plano de Avenidas Preste Maia. 

Em 1981 um novo projeto regatou o Parque com a retirada das vias expressas, interligando o “Centro Histórico” (Sé) ao “Centro Novo” (República) e tornando-se um local de encontro, lazer, festividades culturais e manifestações políticas. 


Em 2021, o parque novamente foi destruído, dando lugar a um grande calçadão de gestão privada que limitou seu acesso e ampliou o controle dos usuários e eventos culturais. Insituto Bexiga



O Córrego do Saracura (foto de Vicenzo Pastre, 1910)  Foi nomeado a partir da ave homônima, um símbolo tradicional do bairro do Bixiga e da escola de samba Vai-Vai, por onde passa. Suas nascentes ficam no espigão da Avenida Paulista: uma delas no encontro da Rua Doutor Seng com a Rua Garcia Fernandes, atrás do hotel Maksoud Plaza; outra na Almirante Marquês de Leão, a duas quadras. De lá desce, canalizado por galerias subterrâneas, pela Rua Rocha / Cardeal Leme, até a Praça 14 Bis e dali ao longo da Avenida Nove de Julho, até desaguar no Ribeirão Anhangabaú. Embora corra quase todo canalizado, é possível vê-lo em uma pequena abertura na Avenida Nove de Julho, na saída do Viaduto Doutor Plínio de Queiroz. Tem como afluente principal o Córrego da Mandioca, e várias outras pequenas nascentes que ficam nas proximidades da rua Barata Ribeiro, da rua Coronel Nicolau dos Santos, da rua Penaforte Mendes, entre outras. Acervo Instituto Moreira Salles. Mesbla foi uma rede de lojas de departamentos que iniciou suas atividades em 1912, como filial de uma firma francesa, e teve sua falência decretada em 1999.


Via expressa no vale do Anhangabaú, por volta dos anos 1940. Werner Haberkorn/Fotolabor/Museu Paulista da USP e mais um autor - Museu Paulista




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GRANDES LOJAS DE DEPARTAMENTOS


Imagem noturna icônica do Mappin da Praça Ramos nos ano 1970.

A origem do negócio do Mappin remete-se ao fato dos irmãos Mappin já possuírem negócios no Brasil, apesar de nunca terem vindo para a América do Sul . No Brasil, a Mappin & Webb, uma empresa fabricante de pratarias foi trazida em 1912 pelos irmãos Walter e Hebert Mappin que abriram primeiramente uma filial na Rua do Ouvidor na Capital da República - Rio de Janeiro, e em seguida, abriram uma filial em São Paulo. Os Irmãos Mappin em 1913, tiveram a iniciativa de criar uma Loja de Departamento colocando o inglês John Kitching como diretor e investiram cerca de £1000.000 e montaram uma nova loja totalmente independente de Mappin & Webb, surgindo assim uma loja-irmã , a Mappin Stores. A primeira loja criada no Brasil para vendas por departamentos, com história e administração independente da loja britânica citada.

Com objetivo de aumentar seus negócios no Brasil devido ao enorme retorno financeiro que o país emergente proporcionava, no ano de 1913 fundam o Mappin Stores com sede administrativa em Londresl. A primeira loja inaugurada na rua 15 de Novembro, região central de São Paulo em 29 de novembro de 1913, na sua primeira fase trazia o conceito dos grandes magazines franceses do "Palais de La Femme", ou seja , um grande estabelecimento voltado a satisfazer as necessidades de consumo feminino.Inicialmente foram estabelecidos onze departamentos com quarenta funcionários Em sua inauguração os departamentos eram : Roupas brancas, Layette (roupas de bebê),, Blusas femininas, Cortinas, Meia e Luvas, Rendas e Fitas, Golas e colarinhos, Artigos de Armarinho, Lenços, Leques e bolsas e, por fim, Lingeries. Em 1914 passou a oferecer moda masculina.

Pioneira com o conceito de Lojas de Departamentos reunindo produtos de diversos tipos em um único local. Em seu interior eram vendidos além de roupas femininas e masculinas, produtos de origem importada da Europa e forneciam serviços como Salão de Cabeleireiro Feminino e um concorrido Salão de Chá, que atraiam um público ainda maior para o espaço que se tornou um dos principais pontos de encontro da Capital. O interior da loja era muito luxuoso, possuía grandes lustres de cristais, móveis de madeira maciça e tapetes enormes importados da Europa. O ambiente proporcionava muito glamour para a elite paulista que frequentava constantemente as salas individuais com vendedores que traziam todas as mercadorias escolhidas no catálogo da loja, que era uma ideia extremamente inovadora na época. A loja era tão importante que, em 1914, foi palco da primeira exposição de arte de Anita Malfatti. Realizava liquidações semestrais, de inverno e verão, que tornaram-se verdadeiros acontecimentos na cidade e levavam famílias inteiras reunidas para às compras, inclusive, foi o primeiro estabelecimento a utilizar de técnicas de promoções temáticas principalmente na época de Natal em que a loja vendia decorações dos mais diversos tipos. Em 1919, já em seu novo endereço Na Praça do Patriarca, contava com 35 departamentos e cerca de 200 funcionários. O prédio, localizado na Praça do Patriarca, possuía arquitetura em estilo europeu e um relógio em sua fachada que, mais tarde, seria transferido para a próxima sede da loja.

No dia 20 de janeiro de 1922, a loja foi parcialmente destruída por um grande incêndio mas conseguiu diminuir o prejuízo ao promover em fevereiro próximo uma liquidação enorme com as mercadorias que restaram chamuscadas após a catástrofe, formando filas enormes em frente à loja. Foi a primeira vez que os mais pobres conseguiram entrar na loja.

Em 1929, com a crise econômica, o café perdeu grande valor afetando diretamente à elite paulistana da época. Na década de 30 as mercadorias ficaram paradas nas prateleiras. Foi então que John Kitching resolveu exibir os preços em etiquetas colocadas em todas as peças à venda na loja. A solução seria marcar os preços e, com isso, facilitar a compra para um público mais amplo. O Mappin inovou mais uma vez sendo o pioneiro a introduzir etiquetas de preços nas vitrines, atraindo consumidores de camadas mais populares. Com isso chegaria outra novidade na loja: o crediário. E desta forma o Mappin ganhou fôlego, retomou o crescimento. A possibilidade de popularização criou uma cisma entre cria e criador. Os Irmãos Mappin não concordavam com a alternativa apresentada pelo sócio John Kilching de fazer concessões e expandir os espectros sociais, atingindo um público mais popular, assim como acontecia com as lojas de departamento mundo afora.

A tradição do nome Mappin & Webb imperava para os Irmãos que davam nome a loja-irmã, e que também estavam acostumados a servir a elite do setor cuteleiro e de presentes finos em seu país de origem, a |Inglaterra. Apesar de terem os Irmãos Mappin e Henry Portlock como proprietários em comum, a Mappin & Webb e a Mappin Stores possuíam administração e gerências diferentes no Brasil, eram lojas com funcionamento independentes. Desta forma, em 1936, os Irmãos Mappin se retiraram da sociedade, colocando à venda suas ações no mercado londrino. Ao mesmo tempo que encerraram as atividade das Lojas Mappin & Webb no Brasil. Por anos eles reivindicaram na justiça a retirada de seu sobrenome Mappin do nome da loja brasileira.Mas não conseguiram.

Interior da loja em dia de liquidação nos anos 1980.

Segunda Fase. Em 1939 o investidor Mr. Alfred Sim compra as cotas dos Irmãos Mappin e passa a ser o principal acionista da Mappin Stores, e por Decreto do Estado Novo de Getúlio Vargas e por pressão de forte propaganda nacionalista a mudança da razão social, que a partir de então passou a ser Casa Anglo-Brasileira S/A.em 02 de julho de 1939. Sua intenção principal era alterar a estrutura de vendas do Mappin, dando características mais brasileiras à loja e ampliando definitivamente seu público consumidor. Uma de sua primeiras providências foi a mudança para um prédio maior para adaptar-se à nova realidade econômica, e poder pensar em sua expansão, A mudança para o endereço ocorreria no mesmo ano de 1939.para seu novo e enorme prédio na Praça Ramos de Azevedo.

Já restabelecida economicamente, em 1939, a marca pôde expandir para o novo prédio na Praça Ramos de Azevedo. O edifício foi reformado pelo valor de 400 contos de réis na época e criava toda uma atmosfera de requinte para a clientela que, além de serem atendidos em salas de estar particulares, era servido com chás e petits-fours.[9] As novas instalações contavam com 5357m² em cinco andares que abrigavam 50 departamentos e mais de 500 funcionários.

O Edifício João Brícola, foi construído pelo arquiteto Elisário Bahiana, mesmo que projetou o Viaduto do Chá e o Jockey Club, e havia sido construído para ser a sede do Banespa mas, por conta da localização considerada distante do centro financeiro da época, houve uma troca e o prédio tornou-se propriedade da Santa Casa. Na época, era possível realizar as compras, também, pelo telégrafo, pelo telefone - bastava discar o número 45, ou pelos correios ao encaminhar os pedidos para uma caixa postal.

Possuía um famoso jingle que fazia parte das principais campanhas publicitárias da época, se tornando viral entre a população brasileira que, até hoje, se recorda da letra e ritmo da música:

“Mappin
Venha correndo, Mappin
Chegou a hora, Mappin
É a liquidação!
Mappin
Tem tudo aqui no Mappin
Muitos descontos, Mappin
É a liquidação!
Mappin
Venha correndo, Mappin
Chegou a hora, Mappin
É a liquidação!
Liquidação no Mappin!”

— Jingle Mappin

A loja na Praça Ramos de Azevedo, se tornou referência da marca. Os departamentos eram divididos nos vários andares do prédio, interligados por elevadores. Cada andar vendia um tipo de produto, como roupas, móveis, eletrodomésticos e brinquedos, etc. Mas crescer, requer, melhoria na gestão em proporção maior do que o esperado.Em 1947, foi inaugurado uma nova seção de roupas voltada para a classe média da população, que já era alvo das principais lojas da cidade.

Alguns anos depois, na segunda metade da década de 40, o Mappin começaria a sentir o peso da aceleração da economia brasileira que atraia novos concorrentes. e passou a ter dificuldades. A empresa apresentou grande dificuldade em entender às necessidades desse novo público que, queria ter acesso a produtos de grande qualidade sem precisar pagar muito por isso. O controle acionário foi vendido em 1950.[ passando a ser controlada pela família "Alves Filho.

O novo administrador, o advogado Alberto José Alves , fazendeiro e Industrial da Fábrica de Tecidos Santa Margarida em Guaranésia e seu filho, o negociador de café, advogado Alberto Alves Filho promoveriam uma série de mudanças na operação da empresa, principalmente sua total popularização, como a substituição dos produtos importados pelos nacionais, novas políticas de crediário e de funcionamento. O empresário Alberto Alves Filho seguiu inovando a frente do Mappin, deixando a empresa cada vez mais popular e conhecida e, em 1972, abriu o capital da empresa.

Alves Filho enxergando a necessidade de adequação à nova realidade econômica de seus consumidores, substituiu os produtos importados por nacionais para que tivessem uma maior rotatividade de seus estoques e menor margem, criou novas políticas de crédito que permitiam o parcelamento do pagamento em até dez vezes e abriu o capital da empresa, além de ter criado famosas propagandas de TV que passavam na extinta Rede Tupi e aumentaram ainda mais a popularidade da loja varejista. Em 1973, a empresa já apresentava um aumento de vendas de cerca de 54,86%.

No final da década de 70, se tornou a primeira empresa da América Latina a implantar o PDV - caixa no ponto de venda, que trouxeram ganhos de produtividade extremamente significativos. Em 1982 e no ano seguinte, o Mappin foi considerado a empresa do ano e segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Gallup, 97% da população paulistana conhecia a empresa. Antonio Alves Filho comandou até seu falecimento em 1982, assume a frente da empresa sua esposa Cosette Alves. Nos os próximos anos, a marca investiu na compra de outras empresas concorrentes do setor como a Sears que, na época, possuía cinco unidades localizadas em shoppings da capital e cidades próximas.

MESBLA





O começo. No prédio de número 83 da rua da Assembleia, no centro da cidade do Rio de Janeiro, foi instalada em 1912 uma filial da firma Mestre & Blatgé, com sede em Paris e especializada no comércio de máquinas e equipamentos.

A filial brasileira tinha pouca importância dentro da organização francesa espalhada pelo mundo. Quatro anos depois de sua instalação, sua administração foi entregue ao francês Louis La Saigne, até então subgerente da filial em Buenos Aires. Em 1924 La Saigne transformou o estabelecimento carioca numa firma autônoma, com o nome de Sociedade Anônima Brasileira Estabelecimentos Mestre et Blatgé, que em 1939 passou a denominar-se Mesbla S.A.. A nova denominação era uma combinação das primeiras sílabas do nome original, que foi sugerida pela secretária de Louis La Saigne, Isaura, por meio de um concurso interno. A preocupação era que no início da Segunda Guerra Mundial a França se manifestou solidária a Adolf Hitler, o que poderia ocasionar represálias no Brasil com referência ao nome.

La Saigne teve quatro filhas, e a mais velha casou-se com Henrique de Botton. Após um dia de intenso trabalho, Louis La Saigne, morreu em sua residência na noite do dia 18 de janeiro de 1961. Com sua morte foram eleitos presidente e vice-presidente dois de seus mais antigos funcionários, respectivamente, Silvano Santos Cardoso e Henrique de Botton. No ano seguinte, em 12 de agosto de 1962, a MESBLA celebraria seu Jubileu de Ouro já como uma empresa genuinamente brasileira, com seus mais de 8.000 funcionários operando em 13 filiais, lojas de varejo e agências de venda estabelecidas em pontos estratégicos do território nacional, após a morte de Silvano Santos Cardoso em de 29 de fevereiro de 1968, Henrique assumiu a presidência, e depois da morte de Henrique, seu filho André também assumiu a presidência. Ambos comandaram a expansão e o declínio da empresa até os anos 1980. Na década de 1950 a empresa tinha lojas instaladas nas principais capitais do país e em algumas cidades do interior. Nos anos 1980 a Mesbla tinha 180 pontos de venda e empregava 28 mil pessoas. Suas lojas de grande porte, com áreas raramente inferiores a 3 mil metros quadrados, eram pontos de referência nas cidades onde a Mesbla se fazia presente.

Por quase três décadas reinou praticamente sozinha no mercado de varejo, por ser a única empresa do gênero de abrangência nacional. Orgulhavam-se seus funcionários em afirmar que a Mesbla só não vendia caixões funerários, que são para os mortos; para os vivos tinham todas as mercadorias, desde botões até automóveis, lanchas e aviões.

 SEARS ROEBUCK




Foi fundada por Richard Warren Sears (1863-1914) e Alvah Curtis Roebuck em 1893 na cidade de Chicago. Richard Sears era um agente ferroviário e iniciou a sua atividade de comerciante vendendo relógios de bolso, a associação com o relojoeiro Alvah Roebuck deu início ao negócio de vendas por catálogos tendo sido a primeira loja de departamentos a fazer este tipo de vendas. Foi também a primeira primeira varejista a suprir praticamente de quase tudo, abrindo depois lojas de departamento em todo o país.

A melhor época da empresa aconteceu na década de 1960, quando assumiu a posição de maior varejista do mundo, sendo ultrapassada pela rede Walmart em 1991.

Brasil. As lojas Sears chegaram ao Brasil em 1949 sendo inovadora no mercado varejista com uma ampla variedade de produtos, atuando em grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. O Mappin e Mesbla eram os principais concorrentes da época. Utilizou o slogan Satisfação garantida ou seu dinheiro de volta e a empresa foi líder de mercado até o início da década de 1980. 

Uma das lojas mais conhecidas estava localizada na Praça Oswaldo Cruz, no bairro Paraíso onde funcionava um salão de festas anexo conhecido como Blue Room, no local hoje funciona o Shopping Paulista. Outra loja muito procurada era a da Água Branca que em 1952 instalou a primeira escada rolante do Brasil.





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 XIX

INDIANÓPOLIS 


Cruzamento da Avenida Indianópolis com a Avenida Rubem Berta na distante década de 1960. Arquivo Nacional do Brasil. Acervo Fundo Correio da Manhã.

Avenida Indianópolis. Foi aberta em 1913 e 1915 pela Cia. Territorial Paulista, primeiramente a Avenida tinha o nome de Avenida Araci em forma de homenagem a filha de Fernando Árens, diretor da Cia. Territorial Paulista, porém no dia 18 de Agosto de 1933 por conta do Artigo nº 505 o nome foi mudado para Avenida Indianópolis. 

"Frederico Guilherme Fernando Árens, filho de alemães, nasceu em Nova Friburgo, Rio de Janeiro. Engenheiro formado na cidade alemã de Hamburgo, em 1878 estabeleceu-se em Campinas com uma fábrica de carruagens e máquinas agrícolas. Casado com Felisbina Teixeira Nogueira Garcia, em 18 de abril de 1880 torna-se pai de Fernando Árens Júnior, jovem que aos sete anos segue para Hamburgo, onde cursa o secundário e faz aprendizado em fundição e montagem de máquinas. Volta para o Brasil em 1895, ingressando na Escola Politécnica. Com lucro apurado no primeiro loteamento da Praia Grande, hoje cidade de Mongaguá, Fernando comprou, em 1913, o Sítio Traição, com cerca de quatrocentos e quarenta e dois hectares de campo entre os córregos Uberaba e Traição, a Oeste da Vila Mariana e entre a primitiva estrada para Santo Amaro e Jabaquara. Pouco mais da quarta parte dessas terras acabaram vendidas, para custear o acerto de divisas e iniciar melhoramentos necessários. Fernando fundou, então, a “Companhia Territorial Paulista” e organizou o loteamento da área, à qual deu o nome de “Indianópolis”. Em uma época em que as máquinas de terraplanagem ainda estavam para serem inventadas, passou a executar esse trabalho com ferramentas manuais – enxadão, machado e picaretas – transportando a terra em carrocinhas puxadas por burros. Traçou a avenida principal, quase uma reta, sobre o espigão do Morro do Uberaba e a batizou com o nome da filha Aracy. Um mês após a constituição da companhia, efetuou a primeira venda de terrenos já urbanizados. Ao fundar esse que hoje é um dos mais bonitos e habitáveis bairros de São Paulo, Fernando doou terreno para a construção da primeira igreja com culto à padroeira do Brasil, a Igreja de Nossa Senhora Aparecida de Indianópolis; doou o terreno do Hospital da Cruz Vermelha Brasileira e para a construção do Club Suíço, na Avenida Aracy, atual Avenida Indianópolis". (Mano Fronberg. Portal Nogueirense)

 Avenida Aracy (atual avenida Indianópolis), no bairro de Moema em obras de recapeamento em 1959.


Avenida Ruben Berta nos anos 1960. Avenida Rubem Berta é uma via que faz parte do corredor norte-sul de São Paulo. No trecho do corredor conhecido por esse nome, a via passa pelos distritos de Moema, Vila Mariana e Saúde Cruza com a Avenida Indianápolis. Ruben Martin Berta (Porto Alegre, 5 de novembro de 1907 — Rio de Janeiro, 14 de dezembro de 1966) foi um empresário brasileiro que ocupou a presidência da Varig, uma das empresas que impulsionaram o aeroporto de Congonhas, localizado nessa região.[Textos e imagens da Wikipedia]


Assentamento de trilhos na rua Vergueiro em direção a Vila Mariana em 1903. A esquerda nota-se mulas atreladas a carroção de entrega de cerveja e gelo da Cia Antarctica.



Rua Vergueiro - Distrito: Liberdade. Com mais de 9 km de extensão, entre a Rua São Joaquim na Liberdade e até às margens da Rodovia Anchieta, na Vila Vera, a Rua Vergueiro é uma das mais extensas de São Paulo. Essa característica é explicada pela sua origem, pois a princípio esta via era uma estrada que fazia a ligação da Capital com a antiga “Estrada da Maioridade”, também conhecida como estrada do Mar ou estrada de Santos.

A rua Vergueiro é uma importante rua da cidade de São Paulo. Seu nome é uma homenagem a José Vergueiro, responsável pela construção da variante da Rodovia Caminho do Mar na década de 1860, a Estrada do Vergueiro, que em seu trecho paulistano coincide com a referida rua. Possui mais de 9 km de comprimento, com duas pistas em seus 2,8 km. Começa no bairro da Liberdade (centro), corta o distrito de Vila Mariana, e alguns quilômetros adiante termina no distrito de Sacomã, na zona sul. Encontram-se com a Vergueiro vias importantes como Avenida da Liberdade, Avenida Bernardino de Campos (que faz ligação direta com a Avenida Paulista), Avenida Doutor Ricardo Jafet, Rua Santa Cruz, Avenida Dr. Gentil de Moura e Avenida Presidente Tancredo Neves. É a única via da cidade a ser servida por três linhas de metrô diferentes. Sob a rua Vergueiro passam trechos das linhas 1-Azul, 2-Verde e 5-Lilás do Metrô. As estações São Joaquim, Vergueiro, Paraíso, Ana Rosa e Chácara Klabin dão acesso à rua. Futuramente, a 6-Laranja atenderá a rua, através da Estação São Joaquim.[Textos e imagens da Wikipedia]

Até a década de 1850, a antiga estrada de Santos possuía outro trajeto, pois tinha início na Rua da Glória e depois seguia pelo Lavapés até atingir o Ipiranga e daí por diante buscava o rumo do litoral em Santos. Entretanto, no ano de 1862, e em decorrência dos desmoronamentos ocorridos na Serra do Mar em 1861, o governo da Província firmou contrato com o empresário José Pereira de Campos Vergueiro, filho do senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro.

Aproveitando a oportunidade, Vergueiro decidiu estudar o trecho mais próximo da cidade e verificou que melhor seria projetar outro traçado, já que as cheias do Tamanduateí por vezes se colocavam como um obstáculo aos viajantes. Assim, e ao invés de seguir pelo Lavapés, ele resolveu tangenciar o rio e buscou outro caminho que, da cidade, seguia o rumo da atual Vila Mariana para, mais adiante, encontrar a estrada do Mar. Para isso ele aproveitou algumas vias já abertas como o antigo “Caminho do Carro” para Santo Amaro, hoje trecho inicial da Rua Vergueiro entre a Liberdade e Vila Mariana. Em 1863, e por conta dos melhoramentos realizados, a nova via passou a ser chamada de “Estrada Vergueiro”, numa referência ao mesmo empresário José Pereira de Campos Vergueiro, seu construtor.

Poucos anos depois, mais especificamente em 1868, o seu nome já estava consolidado, ocasião em que o logradouro passou a ser conhecido como “Rua Vergueiro” conforme referencia um anúncio publicado no jornal Diário de São Paulo de 09/10/1868. Entretanto, a partir de 1885 – e por razões ainda desconhecidas, alguns órgãos de imprensa começam a vincular notícias e anúncios onde o nome da rua aparece alterado para “Rua do Senador Vergueiro” (Correio Paulistano de 20/03/1885 e O Estado de São Paulo de 19/02/1886 e também de 05/05/1897). Neste caso, o homenageado era o senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro. Uma hipótese para esta alteração seria a existência, no Rio de Janeiro, da Rua Senador Vergueiro, considerada na época como uma das mais elegantes da cidade, bem como em outras cidades a exemplo de Limeira e Santos, onde havia o Largo Senador Vergueiro. Porém, no caso de São Paulo, a homenagem não era ao senador e sim ao seu filho José Vergueiro. Nos registros oficiais da Câmara Municipal e da Prefeitura, por sua vez, o logradouro foi sempre tratado como “Rua Vergueiro”, exceto por um breve momento em 1911, quando o mesmo aparece como “Rua Senador Vergueiro”, retornando depois como “Rua Vergueiro”.

Nos mapas oficiais da cidade, por seu turno, e desde 1890, a mesma foi sempre tratada como “Rua Vergueiro”. Nesse sentido, a conclusão até o presente momento é que a Rua Vergueiro foi assim denominada em referência ao construtor da antiga estrada, o empresário José Pereira de Campos Vergueiro e não ao seu pai, o senador Vergueiro.




José Pereira de Campos Vergueiro – Nasceu em São Paulo, no bairro da Sé, e foi batizado em 1812. Era filho do senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro e de d. Maria Angélica de Vasconcelos. Casou-se em 1837, na igreja de Santa Ifigênia, com Maria Umbelina Gavião Peixoto e teve apenas um filho, o dr. Nicolau José Vergueiro, batizado em 1839 em Santa Ifigênia e falecido solteiro. Com negócios na cidade de Santos, foi vereador daquela cidade entre 1839 e 1841 e depois também em 1849 e 1850. No ano de 1841 representou aquela cidade nas cerimônias de coroação de D. Pedro II.

Eleito deputado provincial, cumpriu mandato na Assembleia paulista no biênio 1858/1859. Em conjunto com seu pai e na companhia dos irmãos Nicolau e Joaquim fundou, em 1846, a empresa Vergueiro & Cia que administrava a exportação de produtos no porto de Santos e também seria a responsável pela introdução de trabalhadores europeus livres nas fazendas da família, especialmente na fazenda Ibicaba, em Limeira, cidade esta onde também foi vereador entre 1883 e 1889. Entre 1862 e 1864 assumiu o comando das obras de reconstrução da antiga estrada da maioridade, que ligava São Paulo a Santos, sendo muito elogiado por este trabalho onde utilizou trabalhadores e engenheiros europeus.

Em 1864 foi condecorado pelo imperador D. Pedro II no grau de comendador. José Pereira de Campos Vergueiro faleceu em janeiro de 1894 na fazenda Saudade, localizada no então município de Xiririca, atual Eldorado Paulista. Nessa ocasião, assim publicou o jornal O Estado de São Paulo na sua edição de 17/01/1894: “Noticia o Diário de Santos, em sua edição de ontem, a morte em Xiririca, sul do nosso Estado, do venerando paulista sr. comendador José Vergueiro.

A morte desse homem não pode deixar de encher de mágoa a todos os que conheceram e souberam dar valor ao seu gênio arrojado e empreendedor, que nenhuma provação amarga conseguiu abater. Espírito inteligente e prático, prestou sempre o concurso de sua atividade inquebrantável ao Estado em que nasceu. A lavoura paulista teve nele um propugnador incansável, dando aos dois conhecidos estabelecimentos agrícolas de que foi sócio – as fazendas Angélica e Ibicaba – o desenvolvimento e importância a que atingiram, sendo sempre procurado pelo estrangeiro que desejava conhecer a riqueza e a propriedade da nossa lavoura.

Quando a fortuna não lhe foi propícia, o velho comendador José Vergueiro, espírito tenaz e lutador, e, contando 79 anos, foi para os sertões das matas de Xiririca e lá deixou o seu sinal, fundando a fazenda que denominou Saudade. Compreendendo a insuficiência da empresa São Paulo Railway para transportar a riqueza do nosso Estado, estudou e iniciou os trabalhos da Estrada do Sul Paulista procurando novos caminhos para o escoamentos de nossos gêneros de exportação e dar força à expansão industrial do nosso descurado sul.

O seu papel político não foi destituído de brilho. O dr. José Vergueiro foi sempre partidário das ideias liberais, o que lhe custou muitos dissabores. A República encontrou-o em sua linha de combatentes. Faleceu aos 82 anos de idade.” Não obstante ser esta homenagem uma referência ao empresário José Vergueiro, apresentamos a seguir alguns dados biográficos de seu pai, o Senador Vergueiro - Nicolau Pereira de Campos Vergueiro nasceu Val da Porca, Província de Traz os Montes, Portugal no dia 20 de dezembro de 1778.

Bacharel em leis pela Universidade de Coimbra, veio para o Brasil e em 1803 tendo se estabelecido em São Paulo com banca de advogado. Foi também fazendeiro, a princípio em sociedade com o Brigadeiro Luiz Antonio, e introduziu o trabalho livre do colono europeu pelo sistema de parceria. Representou a província de São Paulo nas Cortes portuguesas em 1822, na Constituinte brasileira em 1823 e na primeira legislatura.

Em 1828 foi eleito senador por Minas Gerais. Ocupou as pastas do Império, da Justiça e Fazenda. Foi membro da regência provisória que se seguiu à abdicação de D. Pedro I, diretor do Curso de Direito de São Paulo de 1837 a 1842, foi um dos primeiros membros do governo paulista.

Lutou pela Independência, tendo sido um dos mais enérgicos nessa empreitada, pois recusara-se a assinar a constituição portuguesa. Acusado como um dos promotores da revolução de 1842, o Senado julgou a acusação improcedente. Era do Conselho do Imperador, Grã Cruz da Ordem do Cruzeiro e membro do Instituto Histórico. Escreveu: "Memória Histórica", sobre a fundação da fábrica de ferro de Ipanema, em 1822, e "Resposta" dada ao Senado sobre a pronúncia contra ele proferida pelo Chefe de Polícia de São Paulo, J.A.G. de Menezes, no processo da revolta de 17 de maio de 1842, dada a lume no ano seguinte.

Foi casado com Maria Angélica de Vasconcelos e teve os filhos: Carolina de Campos Vergueiro, Angélica Joaquina Vergueiro, Luiz Pereira de Campos Vergueiro, José Pereira de Campos Vergueiro, Antonia Eufrosina Vergueiro, Maria do Carmo Vergueiro, Francisca de Campos Vergueiro, Nicolau José Vergueiro, Joaquim Vergueiro e Ana de campos Pereira Vergueiro.

O senador Vergueiro faleceu no Rio de Janeiro em 18 de setembro de 1859 e foi sepultado no cemitério São João Batista daquela cidade.




XX

IPIRANGA, ÁGUA FUNDA E HELIÓPOLIS


Ipiranga é um bairro localizado no distrito de homônimo no município de São Paulo, Brasil. É um dos bairros localizado na zona Sul do município de São Paulo e abriga importantes pontos históricos, como o Museu do Ipiranga, um dos mais conhecidos no Brasil, e o Parque da Independência, em frente ao edifício do museu. No Parque da Independência, há um monumento que simboliza a Independência do Brasil (proclamada onde hoje está o parque) e o famoso "Grito do Ipiranga". Dentro do parque, é possível se ver a Casa do Grito, que aparece no lado direito do quadro do pintor Pedro Américo que retrata a independência do Brasil.

Topônimo. O nome do bairro é uma referência ao riacho do Ipiranga, local onde foi proclamada a independência do Brasil, em 1822. De acordo com Eduardo de Almeida Navarro, o topônimo de origem tupi é formado pelas termos "y + pirang + a" e significa "rio vermelho" ou "água vermelha".

Além de ser um bairro residencial, também é um bairro comercial, tendo a avenida Nazaré como sua principal via. Paralelo à essa avenida está localizado o chamado "miolo do Ipiranga", entre as ruas Manifesto, Tabor, Comandante Taylor e a Avenida Nazaré, que é o ponto mais famoso do bairro. O bairro é atendido por quatro estações da Linha 2 do Metrô de São Paulo. São elas: Tamanduateí, Sacomã, Alto do Ipiranga e Santos-Imigrantes, e ainda pelas estações Tamanduateí e Ipiranga da Linha 10 do Trem Metropolitano de São Paulo. Também conta com boa parte da extensão do Expresso Tiradentes.

História. Conhecido como um dos bairros mais antigos do município de São Paulo, foi fundado em 7 de Setembro de 1822, data também da Proclamação da Independência, por Dom Pedro I às margens do ribeirão Ipiranga. O bairro foi povoado por índios guaianases, porém no século XVI os homens brancos chegaram nessas terras. O português João Ramalho foi um dos primeiros a chegar no bairro e a contribuir para o surgimento de uma população mesclada do lugar. João se casou com Bartira, filha do cacique com quem teve muitos filhos. Após um tempo, os índios que residiam naquelas terras foram embora, pois não queriam mais ser escravizados pelos homens brancos. 

Com o passar do tempo, o bairro deixou de ser apenas uma passagem entre o mar e a cidade, e Ipiranga testemunhou e colaborou nas modificações urbanas provocadas pela indústria, em 1904, foi palco do primeiro bonde elétrico. Outro fator que provou a industrialização da região foi a inauguração da Rodovia Anchieta, que no ano de 1947 ocasionou na instalação de indústrias, comerciantes e novos moradores ao bairro. Durante a Revolta Paulista de 1924 o bairro foi bombardeado por aviões do Governo Federal. O exército legalista ao governo de Artur Bernardes se utilizou do chamado "bombardeio terrificante", atingindo vários pontos da cidade, em especial bairros operários como Mooca, Ipiranga, Brás, Belenzinho e Centro, que foram seriamente afetados pelos bombardeios.

A Família Jafet foi uma das primeiras de origem libanesa a chegar no Brasil. Benjamin Jafet foi o primeiro membro da família a chegar no país. Após alguns anos, os irmãos Jafet se tornariam os principais atacadistas e empreendedores da indústria têxtil brasileira. Sua Companhia Fabril de Tecelagem e Estamparia, contribuiu para o surgimento do bairro Ipiranga, auxiliando no seu desenvolvimento. A partir desse momento, a família Jafet em geral esteve presente nas principais obras da região do Ipiranga. Foram eles os responsáveis pela implantação de fábricas, obras de tratamentos as águas do rio Tamanduateí, construção de hospitais, escolas e estradas.  Outra figura importante para o surgimento e desenvolvimento do bairro foi a do Conde José Vicente de Azevedo, advogado, professor, parlamentar e precursor da ação social católica. Nos últimos anos do Império, José adquiriu terras na colina do Ipiranga. Através da expansão urbana do bairro, se desenvolve o Conde Vicente de Azevedo sua obra, fundada nos princípios de solidariedade cristã, dispondo de colaboradores notáveis da época. No dia 22 de Novembro de 1896, é inaugurado o "Asilo de Meninas Órfãs", primeira grande empreitada do Conde no bairro. O asilo proporcionou diversas obras de cunho educacional e assistencial. 
Através das mudanças, se tornou um dos bairros mais tradicionais e conhecidos do município de São Paulo. Hoje, é considerado um museu a céu aberto, pois em 8 de maio de 2007 as doze construções centenárias do bairro foram tombadas pelo Conpresp (Conselho Municipal do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental do Município de São Paulo). 

O MUSEU DO IPIRANGA


Pedra Fundamental do Museu do Ipiranga. Pintura de Henrique Manzo. Acervo do museu.


Museu na época da sua construção em 1895. 


O Museu Paulista da Universidade de São Paulo, também conhecido como Museu do Ipiranga ou Museu Paulista, é o museu público mais antigo da cidade de São Paulo, cuja sede é um monumento-edifício que faz parte do conjunto arquitetônico do Parque da Independência. É o mais importante museu da Universidade de São Paulo e um dos mais visitados da capital paulista. O museu foi inaugurado oficialmente em 7 de setembro de 1895 com o nome Museu de História Natural. O edifício, inicialmente projetado para concretizar a versão conservadora da proclamação da independência, adquiriu outros significados a partir da Proclamação da República, dentre eles o de “renascimento da nação”. Com sua apropriação pelo governo do Estado de São Paulo, que o transformou em museu público, a ressignificação do monumento passou pela ideia de que a história do progresso nacional era a história do progresso de São Paulo, colocando a colina do Ipiranga como um caminho articulador das riquezas com o Porto de Santos, então recém-inaugurado. Em 1922, época do Centenário da Independência, o caráter histórico da instituição foi reforçado, quando novos acervos foram criados, com destaque para a História de São Paulo. A decoração interna do edifício foi criada, com pinturas e esculturas apresentando a História do Brasil no Saguão, Escadaria e Salão Nobre. Também foi inaugurado o Museu Republicano "Convenção de Itu", extensão do Museu Paulista no interior paulista. Ao longo do tempo, houve uma série de transferências de acervos para diferentes instituições. A última delas foi em 1989, para o Museu de Arqueologia e Etnologia da USP. A partir daí, a instituição vem ampliando seus acervos referentes ao período de 1850 a 1950 em São Paulo. Como órgão da Universidade de São Paulo desde 1963, o museu exerce pesquisa, ensino e extensão. Até seu fechamento para reformas, o Museu Paulista possuía um acervo de mais de 125 mil unidades, entre objetos, iconografia e documentação textual, do século XVII até meados do século XX, significativo para a compreensão da sociedade brasileira, especialmente no que se refere à história paulista e conta com uma equipe especializada de curadoria. Desenvolve também um Projeto de Ampliação de seus espaços físicos.

Festa cívica no Museu do Ipiranga em 1912.



A CASA DO GRITO


A Casa do Grito em 1910.


Embora esta casa tenha sido vinculada à cena do "grito" de D. Pedro I pela independência do Brasil em 1822, data de 1884 o documento mais antigo sobre a sua origem. Desta forma, não é possível precisar o ano de sua construção e, consequentemente, comprovar a sua existência na época deste fato histórico.

Situada nas proximidades do Caminho do Mar e do Riacho do Ipiranga, foi originalmente construída em pau-a-pique, técnica que consistia no entrelaçamento de paus verticais fixados no solo, com vigas horizontais amarradas entre si por cipó, dando origem a um grande painel transfurado que, após ter os vãos preenchidos com barro, transformava-se em parede. A casa guarda, entretanto, vestígios de diversas reformas realizadas por seus sucessivos moradores, revelados nos diferentes materiais de construção a ela incorporados, como tijolos e até mesmo uma pequena intervenção em concreto.

Desapropriada em 1936, permaneceu semi-abandonada até 1955, quando foi realizada uma restauração fantasiosa que procurava aproximá-la à casa representada na tela "O Brado do Ipiranga" de autoria de Pedro Américo, que se encontra no Salão Nobre do Museu Paulista (Museu do Ipiranga), a ponto de lhe ser aplicada uma falsa janela em uma de suas paredes, a fim de torná-la o mais fiel possível à representação do pintor.

Foi nessa ocasião que o imóvel passou a ser conhecido como "Casa do Grito". Finalmente, em 1981, a casa foi submetida a pesquisas arqueológicas e a obras de restauro que procuraram corrigir os excessos das intervenções anteriormente realizadas. Tombado em 1975 pelo CONDEPHAAT, este imóvel integra o acervo de Casas Históricas sob a responsabilidade do Departamento do Patrimônio Histórico.

A Casa do Grito está situada no interior do Parque da Independência, no bairro do Ipiranga e apresenta exposições diversas com temas relacionados à cidade de São Paulo, permanecendo aberta à visitação pública de terça a domingo, das 9:00 às 17:00 horas.

(Texto: Departamento do Patrimônio Histórico/ Foto : acervo do Arquivo Histórico Municipal Washington Luís). 

PARQUE DA INDEPENDÊNCIA


Vista aérea do parque em 2019. 


O Parque da Independência, inaugurado em 1989, nas margens do córrego do bairro do Ipiranga, na cidade de São Paulo, faz parte do patrimônio histórico cultural brasileiro devido ao Grito da Independência do país, ali proclamada por D. Pedro I. Surgiu da preocupação em unir a região do Ipiranga enquanto um espaço de memória nacional e patriotismo, além de ser uma forma de preservação e demarcação do espaço e uma forma também de tornar comum uma memória coletiva.

A área, de 161.300 metros quadrados, abriga o Museu do Ipiranga, o Monumento à Independência e a Casa do Grito, além de um denso bosque e um grande trabalho de paisagismo no caminho entre o Monumento e o Museu. Também há os jardins franceses que foram recentemente criados.

Em 2018 a Prefeitura anunciou a ampliação do Parque da Independência com a incorporação de terreno adjacente de 26 mil m²,onde funcionou o Instituto Bom Pastor. Em 2022 as obras de ampliação ainda não haviam sido concluídas.

História. A região do Ipiranga, o parque e o tombamento. Na colina do Ipiranga, junto ao Riacho do Ipiranga, D. Pedro I declarou o Brasil um país independente de Portugal em 1822. Com a Constituição de 1891, a região passou para posse do governo estadual. A região do Ipiranga então passou por muitas mudanças de valor simbólico e histórico, passando a se tornar parte de um imaginário coletivo sobre a independência do país. Em 1888, o Museu do Ipiranga foi inaugurado como museu de História Natural e mais tarde foi reforçado seu caráter patriótico. No centenário da Independência, em 1922, como parte das comemorações foi inaugurado - apesar de ainda não concluído - o Monumento à Independência do Brasil, por Ettore Ximenes e Manfredo Manfredi. Já a Casa do Grito foi desapropriada em 1936 e em 1955 começou a passar por reformas para se aproximar à casa pintada por Pedro Américo na tela "Independência ou Morte". Essa sequência indica, no mínimo, a valorização do local para o país e o sentimento de necessidade de preservação da região do Ipiranga que passou a ser considerado um sítio histórico-cultural.

Somente em 1969 foi aberto um processo para integrar esses três bens culturais - Museu do Ipiranga, Monumento à Independência e a Casa do Grito - ao patrimônio histórico brasileiro com a criação do Parque da Independência. Os maiores argumentos no processo de tombamento CONDEPHAAT nº 08486/69 foram a relevância cívico-cultural do espaço, a importância dele como um ponto turístico e o feito enquanto comemoração dos 150 anos da independência. Além disso, é possível entender pelos documentos a preocupação social com a possibilidade de um espaço relevante historicamente e culturalmente para o país ser ressignificado ou então não preservado, e o tombamento, por sua vez, garante a integridade do bem em questão, no caso, a integridade da região do Ipiranga.

O parque, inaugurado em 1989, é um bem cultural tombado pelo CONDEPHAAT pela resolução de 2 de abril de 1975, Processo SET nº 8.486/79, e pelo CONPRESP – Resolução nº 05/91 tombamento "ex-officio". Em 3 de outubro de 1986, o governo estadual passou a administração das áreas que compõem o parque (exceto o Museu Paulista) à Prefeitura Municipal de São Paulo.

Em 2016, o parque fechou algumas partes de lazer, por conta da sua falta de conservação.
Público. O parque abriga o Museu do Ipiranga, que esteve fechado para reformas por quase dez anos, o Monumento à Independência e a Casa do Grito (aberta para visitação de terça à domingo, das 9h às 17h). A entrada é gratuita e o parque fica aberto todos os dias das 5h às 20h - durante o horário de verão, das 5h às 21h. A grande área verde é um diferencial do parque, que conta com um jardim projetado em estilo francês, unindo o Museu Paulista e o Monumento à Independência aos outros edifícios existentes no local, como o Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo. Além da arborização, são atrativos do parque uma pista de cooper, playground para crianças de até dez anos e uma praça contemplada pelo programa Wifi Livre SP. Estima-se uma frequência de 48.000 pessoas por mês no parque e, segundo o mesmo estudo, é o quarto melhor parque da cidade de São Paulo (dados de 2008).


Arquitetura. O Parque da Independência foi desenhado tanto aos moldes da Neorrenascença, ou seja, com um perfil estilístico revivalista, buscando uma obra imponente - tanto pela memória imperial do momento da proclamação da Independência quanto pela preservação do espírito patriótico - quanto aos moldes do paisagismo francês - mais especificamente, inspirado no jardim de Versalhes, na França. A grandiosidade da influência neorrenascentista é muito bem retratada no Museu Paulista, projetado para ser um palácio isolado, visto por todos da cidade - o que explica o jardim rebaixado cercando o museu. O Monumento à Independência, de Ettore Ximenes, alia-se a essa noção de grandiosidade com personagens greco-romanos junto com personagens da história do Brasil. A única estrutura no parque que rejeita essa postura é a Casa do Grito, que é exemplo de uma casa comum em São Paulo de 1822.

Os jardins que ligam o Monumento à Independência ao Museu Paulista, por sua vez, adotam o perfil de jardim francês, com chafarizes, lagos, fontes e estátuas, sempre com o perfil próprio da arquitetura monumental. Inclusive, devido ao processo de restauro do Parque da Independência promovido pela FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP), os chafarizes ainda preservam as características arquitetônicas do projeto de 1922. Esse restauro aconteceu em 2004, com patrocínio do Banco Real. As alterações feitas anteriormente no espaço dos chafarizes, em 1970, eram reversíveis, o que tornou possível retornar ao projeto original.

Fonte. Em frente ao museu, há uma fonte com chafarizes estabelecida em 1922, para o Centenário da Independência. A criação da estrutura deve-se a Prestes Maia. Com capacidade para 850 mil litros, a fonte é composta por um largo espaço de coleta de água, que transborda e com isso enche tanques piscinas menores, como uma cascata. Há ainda chafarizes com canhões de água. Para a instalação da fonte foi realizada o rebaixamento de toda a área em frente ao museu, em 14 metros. Entre 2003 e 2004, a fonte passou por uma restauração.

Flora. A partir do estudo Aspectos florísticos, históricos e ecológicos do componente arbóreo do Parque da Independência, São Paulo, SP, foram identificadas 160 espécies arbóreas, 8 espécies identificadas apenas ao nível de gênero, 7 espécies apenas ao nível de família e uma espécie não foi identificada. Desse total de 160, 81 (51%) são naturais da cidade de São Paulo, em contraposição a 63 (39%) que, por sua vez, são lidas como exóticas, não apresentando-se naturalmente na cidade de São Paulo - 16 espécies (10%) não tiveram sua identificação concluída. Da listagem de 160, destacam-se Araucaria heterophylla, Pau-ferro, Ceiba speciosa, conhecida como paineira, Árvore-da-borracha e Amendoim-acácia, que são usadas no trabalho de paisagismo do parque.

Aponta-se também que das 160 espécies arbóreas listadas no estudo, 18 estão registradas na lista vermelha de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (2010). Apesar de proporcionalmente ser um número baixo, é significativo e indica a necessidade de se pensar mais a preservação e conservação do Parque da Independência, especialmente por ser também apontado no estudo a verificação de uma interferência depredatória muito grande do homem, especialmente na área do bosque, onde foram encontradas sacolas plásticas e embalagens.

O Bosque. O denso bosque, que fica atrás do Museu do Ipiranga, conta com 71 espécies naturais da cidade de São Paulo, 40 exóticas e 13 não identificadas. Das 160 identificadas que compõem o Parque da Independência, 91 aparecem somente no bosque e 36 ocorrem em outros setores, mas não no bosque. Não coincidentemente destacam-se no bosque 11 espécies conhecidas pelo seu uso em arborização urbana e projetos paisagísticos, umas pelos seus frutos comestíveis e porte baixo e outras pelo grande porte e beleza.O bosque vem sofrendo uma grande perda de sua vegetação original. Ainda segundo o estudo de Rafael Felipe de Almeida, Simone Justamante De Sordi e Ricardo José Francischetti Garcia, "Hoehne (1925), em descrição sobre o antigo Horto do Ipiranga, relata um número de aproximadamente 350 espécies, entre árvores, arbustos, ervas, lianas, epífitas e fetos arborescentes. Por outro lado, Luderwaldt (1918), em descrição sobre os efeitos de uma forte geada sobre o antigo Horto Botânico do Ipiranga cita, aproximadamente, 140 espécies de plantas vasculares. Embora atualmente tenham sido levantadas 124 espécies no componente arbóreo, observou-se ao longo do estudo que os componentes herbáceo-arbustivo e epifítico apresentam-se pobres em espécies, com a escassez de epífitas e fetos arborescentes", o que significa uma última perda registrada de 16 espécies e um estado atual não-saudável das ainda presentes.


ÁGUA FUNDA

Água Funda, antigamente chamado Vila Parque Calabrês, é um bairro paulistano da Zona Sudeste, de classe média situado no distrito do Cursino, que por sua vez é administrado pela subprefeitura do Ipiranga. O nome do bairro tem origem em um lago com águas muito fundas que existia no local, onde atualmente é uma construção do governo.

Na região da Água Funda está situado o Zoológico de São Paulo e o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, onde se encontra a nascente do Rio Ipiranga. Além de uma extensa área verde de quase 250 mil metros quadrados, que tem capacidade para acolher cerca de 6 mil pessoas, onde está localizado o Parque de Exposições Água Funda ou Centro de Exposições Imigrantes – que passou a chamar-se São Paulo Expo Exhibition & Convention Center. 

O bairro também abriga um conjunto arquitetônico-cultural, composto pelo Jardim Botânico, o Instituto de Botânica e o Museu Botânico João Barbosa Rodrigues.

História. Depois da família Stefano lotear suas terras, no ano de 1947, se começaram os primeiros arruamentos do local. Miguel Stefano, empresário e empreendedor de origem libanesa, que carrega o nome da principal avenida do bairro, começou a comprar terrenos do bairro e construir residências para depois poder revendê-las. Chegou até a comprar quarteirões inteiros com a intenção de, posteriormente, serem revendidos. 

Informações. No bairro da Água Funda também é localizado o famoso centro de eventos São Paulo Expo Exhibition & Convention Center (antes conhecido como Parque de Exposições Água Funda ou Centro de Exposições Imigrantes), que é cercado por uma área verde de 250 mil metros quadrados de extensão, com capacidade para acolher cerca de 6 mil pessoas.

O Museu Botânico João Barbosa Rodrigues, também está situado no bairro da Água Funda. Inaugurado em 1942, o local possui inúmeras amostras de plantas da flora brasileira, uma coleção de produtos extraídos das plantas, como fibras, óleos, madeiras, sementes, além de quadros e fotos representativas dos diversos ecossistemas do estado de São Paulo. Além do Jardim Botânico e do Instituto de Botânica, onde é possível encontrar o Orquidiário de São Paulo que possui diversas espécies de orquídeas, inclusive as mais raras. 

Está no bairro da Água Funda, também, o visitado Zoológico de São Paulo, que conta com mais de três mil e duzentos animais. A área onde o bairro se localiza integra o Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, onde se encontra a nascente do Rio Ipiranga.

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PARQUE ZOOLÓGICO

Vista aérea do Zoológico de São Paulona Avenida Miguel Estéfano, 4241 

Vista aérea do Zoológico de São Paulo na Avenida Miguel Estéfano, 4241


O Parque Zoológico de São Paulo, localizado na Zona Sul da cidade, é o maior jardim zoológico do Brasil em quantidade de animais. Abriga as nascentes do histórico riacho do Ipiranga, ao sul da cidade de São Paulo, localizado em uma área de 824 529 metros quadrados de Mata Atlântica original, com quatro quilômetros de alamedas. Contando com a presença de um pouco mais do que quatrocentos animais, o Parque Zoológico de São Paulo abriu e teve sua inauguração em 1958.

São mais de três mil e duzentos animais que populam o zoológico, sendo cento e duas espécies de mamíferos, duzentos e dezesseis espécies de aves, noventa e cinco espécies de répteis, quinze espécies de anfíbios e dezesseis espécies de invertebrados que, quando em recinto, reproduzem os habitats naturais desses animais. A fazenda do Zoológico, de quinhentos e setenta e dois há, produz hortaliças usadas na fabricação de rações variadas para os animais, além de material para os recintos onde ficam os animais. Nela também residem animais que precisam de maior área para seu acasalamento.

O zoológico possui creche para filhotes rejeitados pelas mães, chocadeiras elétricas e sala de incubação para ovos de aves e répteis. A função educativa é enfatizada no Parque. Sua biblioteca de mais de quatro mil volumes é aberta ao público. Suas parcerias com outras instituições estaduais, federais e estrangeiras incluem pesquisas que facilitem a preservação de espécies ameaçadas. Atualmente, o zoológico é o quarto maior do mundo e é considerado o maior e o quinto melhor jardim zoológico da América Latina.

História. O Zoológico de São Paulo, como também é chamado, foi criado em junho de 1957, a partir de uma instrução do então governador Jânio Quadros (PDC E PSB) ao Diretor do Departamento de Caça e Pesca da Secretaria da Agricultura, Emílio Varoli. Os primeiros animais de origem exótica, como por exemplo: leões, ursos e elefantes, foram adquiridos de circos particulares e os animais da fauna silvestre brasileira, como é o caso das onças e galos da serra, foram adquiridos em Botucatu.

A inauguração do Zoológico, inicialmente planejada para janeiro de 1958, foi adiada devido às fortes chuvas daquele ano. E assim, no dia 16 de março, foi inaugurado oficialmente o Zoológico de São Paulo, apresentando 445 animais, dentre eles: 9 cervos; 2 onças pintadas e 1 preta; 3 jaguatiricas; dois gatos do mato; 1 urso; 23 papagaios; 3 ararinhas-azuis; e o rinoceronte Cacareco, que ficou famoso pelo episódio de ter sido eleito vereador nas eleições de outubro de 1958.

Consciente de sua responsabilidade no contexto nacional, o Zoológico de São Paulo tornou-se a primeira instituição brasileira a propor e participar de forma efetiva em múltiplos programas de recuperação de espécies brasileiras seriamente ameaçadas de desaparecer da natureza, exemplo do mico-leão, pequenos felídeos neotropicais e araras-de-lear.

A Fundação Parque Zoológico de São Paulo obteve, em 1959, personalidade jurídica e autonomia administrativa, financeira e científica e é responsável pela administração do parque através dos seguintes órgãos: Conselho Superior; Conselho Orientador; Conselho Fiscal e Diretoria.[8]
Neste mesmo ano, foram definidos os objetivos da Fundação Parque Zoológico de São Paulo: manter uma população de animais vivos de todas as faunas, para educação e recreação do público, bem como para pesquisas biológicas; instalar em sua área de abrangência uma Estação Biológica, para investigações de fauna da região e pesquisas correlatas; e proporcionar facilidades para o trabalho de pesquisadores nacionais e estrangeiros no domínio da Zoologia, no seu sentido mais amplo, por meio de acordos, contratos ou bolsas de estudo.


Atualidade


Entrada do Zoológico

O Zoo de São Paulo tornou-se a primeira instituição brasileira a propor e participar em diversos programas de recuperação de espécies brasileiras seriamente ameaçadas de extinção, tais como: os micos-leões, os pequenos felídeos neotropicais, arara-azul-de-lear e ararinhas-azuis, bisão europeu, cachorro do mato vinagre, condor, o único leopardo das neves do Brasil, o urso de óculos, o gavial da malásia, orangotangos e os rinocerontes brancos.

Pelo Guinness Book, desde 1994, o Zoológico de São Paulo é reconhecido como o maior zoológico do Brasil. Nesse mesmo ano, a Fundação Parque Zoológico de São Paulo foi classificada na categoria "E", a mais alta, junto ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) para entidades de manejo ambiental e preservação de espécies. Também é conhecido como o quinto melhor zoológico da América Latina pelo site especializado em turismo, TripAdvisor. Além de conhecer os animais existem palestras e oficinas possíveis para participa

Em maio de 2001, a área anexa ao zoológico que era ocupada pela empresa "Simba Safari" foi reincorporada ao Parque Zoológico de São Paulo, sendo reaberta ao público como "Zoo Safári" em 5 de junho do mesmo ano, proporcionando passeios por entre trilhas, onde pode-se ver os animais na mata, ou de carro por entre animais soltos.

Ocupando uma área de 824.529 m², em sua maior parte coberta por Mata Atlântica, o parque abriga as nascentes do histórico riacho do Ipiranga, cujas águas formam vários lagos que acolhem exemplares de aves de várias espécies exóticas, nativas, além de aves migratórias.

Possui em exibição mais de 3.200 animais, de 102 espécies de mamíferos, 216 espécies de aves, 95 espécies de répteis, 15 espécies de anfíbios e 16 espécies de invertebrados, em recintos de exposição e terrários semelhantes ao habitat natural. São encontrados também, exemplares de espécies bastante raras, como: rinoceronte-branco, ararinha-azul, arara-azul-de-lear, mico-leão e outros.
O estabelecimento também promove mensalmente passeios noturnos agendados.



HELIÓPOLIS


Heliópolis é um bairro com uma vila de mesmo nome localizado no distrito de Sacomã, na Zona Sul da São Paulo, no Brasil. Composto por catorze glebas, possui mais de 100.000 habitantes em uma área de quase um milhão de metros quadrados, é destacada por ser a maior favela da cidade. Seus limites são a Avenida Juntas Provisórias e se estende até a divisa com São Caetano do Sul (delimitada pelo rio Tamanduateí) e a Avenida Guido Aliberti. O transporte público não entra em algumas ruas da favela, pois as mesmas são estreitas, então as pessoas se deslocam até as vias principais, como a Estrada das Lágrimas, avenida Almirante Delamare, rua Coronel Silva Castro e Rua Cônego Xavier (Hospital Heliópolis), onde estão localizados os pontos de ônibus. A área do bairro Cidade Nova Heliópolis foi adquirida em 1942 pelo Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários. O instituto tinha a intenção de construir, na área, casas para residência dos seus associados. Porém a área veio a ser dividida, pois, em 1966, unificaram-se os diversos institutos no Instituto Nacional de Previdência Social. A gleba passou, então, para o Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social, que, a partir daí, vendeu e ocupou o terreno. Em 1978, foi a vez da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo, que ficou com uma parte depois da desapropriação para a construção da Estação de Tratamento de Esgotos do ABC, que, no entanto, só começaria a funcionar 20 anos depois. Em abril de 1969, o Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários construiu o Hospital Heliópolis e o Posto de Assistência Médica (hoje, Ambulatório Médico de Especialidades Heliópolis). Entre 1971 e 1972, a prefeitura, sob o comando do prefeito José Carlos de Figueiredo Ferraz, retirou 153 famílias de áreas ocupadas na região da Vila Prudente e Vergueiro - que foi a maior de São Paulo na década de 1970, antes do crescimento do bairro Heliópolis. De acordo com registros da prefeitura de São Paulo, os primeiros habitantes chegaram do município de Heliópolis (Bahia), assim o local viria a ser chamado de Heliópolis no início de 1972. Outras famílias foram construindo suas casas. Pessoas que participaram da obra do Hospital Heliópolis acabaram permanecendo por lá. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 92 por cento da população são nordestinos e estão lá desde a década de 1970. Não foram só as pessoas removidas pela prefeitura que são moradores de Heliópolis hoje. Alguns trabalhadores, entre 1970 e 1980, escolheram o Heliópolis para morar, pois trabalhavam nas metalúrgicas das cidades vizinhas do ABC. Nessa época, havia uma crise de oferta de imóveis para a população de baixa renda e os altos preços dos aluguéis desestimulavam os trabalhadores.

Urbanização. Em março de 2008, delegações internacionais visitaram as obras de urbanização de Heliópolis para conhecer o seu traçado urbanístico e modelo de utilização do espaço público. Estiveram presentes delegações de Lagos (Nigéria), La Paz (Bolívia), Cairo (Egito), Manila (Filipinas) e Ekurhuleni (África do Sul). Atualmente, algumas glebas do bairro estão em processo de urbanização. A liderança comunitária foi importante na luta pelo processo de urbanização: dentre elas, a União de Núcleos, Associações dos Moradores de Moradores e Região foi uma das principais. Com a urbanização, houve grande valorização dos imóveis da favela e os seus preços aumentaram até 90 por cento. Um imóvel de dois quartos, sala e cozinha, que em 2002 era alugado por 280 reais passou a custar, em 2012, 1000 reais. O preço de venda passou de 20 000 reais para 100 000 reais. O bairro já recebeu a tecnologia wi-fi, o que facilita o uso da internet pelos moradores. Desde 1997, funciona, no bairro, a rádio Heliópolis, uma emissora de rádio comunitária cujo funcionamento foi autorizado pelo Ministério das Comunicações em março de 2008. Entre 1992 e 1997, a programação da emissora era transmitida por cornetas penduradas em postes em pontos centrais do bairro.[Textos e imagens da Wikipedia]


XXI

 LAPA, POMPÉIA E VILA ROMANA


Estação da EFS na Lapa nos anos 1950, linha vinda de Pirituba com direção à Estação Júlio Prestes




Alto da lapa em 1956. SP in Foco


Lapa. No ano de 1561, há evidências de que os jesuítas ganharam uma sesmaria na região. O terreno era banhado pelo Rio Emboaçava, atual Rio Pinheiros. A região foi batizada de "Emboaçava" que significa "lugar por onde se passa" pelos índios Goitacases. Em meados do século XVIII, uma propriedade da região se destacava: a Fazendinha da Lapa, que recebera este nome devido ao fato de os jesuítas terem sido obrigados a realizar uma missa anual a Nossa Senhora da Lapa em troca das terras. Por volta de 1743, os religiosos abandonaram o local devido ao seu terreno acidentado e à falta de mão de obra, se mudando para a Baixada Santista. No final do século XIX, chegaram, ao bairro, famílias de diversas nacionalidades. Destacavam-se os tiroleses, vindos do norte da Itália e que eram agricultores. Anos mais tarde, vieram outros italianos, vindos da região de Veneza. Houve, também, imigração portuguesa, espanhola, francesa e sírio-libanesa. Estes eram comerciantes, profissionais liberais, artesãos, sapateiros ou alfaiates. A influência italiana no bairro é muito significativa, tanto que alguns logradouros do bairro têm designações que fazem referência à Itália, e ao Império Romano, tais como: Roma, Coriolano, Cipião, dentre outros. No século XX, o bairro se tornou industrial. Através da construção da Estrada de Ferro São Paulo Railway e de suas oficinas, houve a implantação de indústrias como a Vidraria Santa Marina e os frigoríficos Armour, Bordon, Swift e Wilson. Estes estabelecimentos trouxeram operários e técnicos ingleses, croatas, lituanos, poloneses, russos e húngaros (do então Império Austro-Húngaro e fundadores da chamada "Igreja do Galo" na Rua Domingos Rodrigues), que passaram a ser moradores do local e da Lapa de Baixo. As indústrias baseavam-se na proximidade com o Rio Tietê, multiplicando-se ao longo dos anos.


Anos 1970: Lapa de Baixo, Avenida 12 de outubro, altura da Metalúrgica Martins Ferreira. 


Viaduto da Lapa em direção à avenida 12 de Outubro nos anos 1970. 


Avenida 12 de Outubro no centro comercial da Lapa. Anos 1970.




Em 24 de agosto de 1954, foi inaugurado o Mercado Municipal da Lapa, em uma área de 4.840 m². O dia não foi dos melhores: foi a mesma data do suicídio do então presidente Getúlio Vargas. Segundo levantamento do historiador Claudinei Nascimento, as portas do mercado ficaram abertas somente até as 10h, e os previstos fogos de artifícios foram cancelados.

Hoje, com 96 boxes ocupados por 87 lojas, é o maior dos 11 mercados municipais de São Paulo (o Mercadão da Cantareira está com a iniciativa privada desde 2021) e o quarto mais antigo, atrás dos de Pinheiros (1910), Ipiranga (1949) e Tucuruvi (1949). Em julho deste ano, foi oficializado pela Prefeitura Municipal de São Paulo patrimônio cultural da cidade – e desde 2009 o prédio já é tombado como patrimônio histórico pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico (Conpresp).

O mercado originalmente tinha 40 boxes, e a maior parte deles era ocupado por comerciantes de um extinto mercado (quase uma feirinha, com três entradas) localizado na rua Clélia, que liga a Lapa aos bairros da Vila Romana e Pompeia. Era composto de imigrantes – principalmente italianos – que vendiam vinhos, uísques, bacalhau, peixes, cogumelos e azeites importados para suprir as necessidades da população também imigrante.

A criação do novo mercado, na rua Herbart, 47, havia sido instituída três anos antes de sua abertura (1954), por meio da Lei 4.162, assinada pelo então prefeito Lineu Prestes, e teve forte articulação do vereador Ermano Marchetti, hoje nome de uma tradicional avenida na Lapa de Baixo. Na época, O Estado de S.Paulo noticiou o projeto, que “custará 10 milhões de cruzeiros, sendo gastos na construção 8 mil sacos de cimento e 160 toneladas de ferro”.

Décadas depois, em 1982, o mercado passou a levar o nome de Rinaldo Rivetti, de uma família estabelecida na região desde o século 19 e que atuava em diversos segmentos, mas principalmente na construção civil. Rivetti lutou por diversas melhorias no bairro, inclusive a idealização do mercado, do qual foi proprietário de um box desde o início. Era um açougue. Morreu de acidente vascular cerebral (AVC), em 1953. Diário do Comércio. 


Vila Romana e um bairro localizado na Zona Oeste da cidade de São Paulo e faz parte do distrito da Lapa. O bairro fica ao lado dos seguintes bairros: Lapa, Pompéia, Sumaré e Água Branca. 
Originalmente, era um loteamento planejado no século XIX, de chácaras agrícolas, cada uma com cerca de dez mil metros quadrados. Suas ruas têm nomes de imperadores, oradores, juristas, deuses romanos - sempre o prenome: Tito, Espártaco, Catão, Clélia, Marco Aurélio, Guaicurus, Camilo, Aurélia, Duílio, Fábia, Marcelina, Mauricina, Coriolano, Vespasiano, Scipião, Faustolo, Crasso, Praça Cornélia, entre outras. No final da década de 1950, a Vila Romana era um bairro que começou a ser povoado pelo desenvolvimento do bairro da Lapa. Assim como o bairro vizinho, a Vila Romana teve como primeiros moradores, os imigrantes de origem italiana e seus descendentes. Sendo assim, o bairro possui muita influência dessa cultura, como por exemplo, os nomes das ruas, que levam nomes de imperadores e deuses romanos.  Ao longo do tempo, o bairro vem passando por uma forte transição, dos pequenos sobrados, oficinas e algumas fábricas para edifícios de médio e alto padrão, além de bares e restaurantes. 

Parque gráfico da Companhia Melhoramentos nos anos 1960 na rua Tito. Com a fachada tombada pela prefeitura em 2009, o prédio foi transformado recentemente em um centro cultural. 


A Cia Melhoramentos de São Paulo foi formada pelo Coronel Antônio Proost Rodovalho originalmente em 1877, mas foi constituída formalmente em 12 de setembro de 1890, como fábrica de papel. O Coronel Rodovalho construíra em sua fazenda às margens do Rio Juqueri-Guaçu, dois fornos para produção de cal e contratou Albert Graf como chefe na Construção dos fornos de Cal, um dos primeiros funcionários da Companhia Melhoramentos de São Paulo, logo o local passou a ser conhecido como Caieiras. No mesmo ano, Rodovalho funda a Companhia Cantareira e Esgotos, e obtém contratos oficiais para obras de saneamento e urbanização em São Paulo. Em 1888, a companhia constrói o reservatório da Consolação, em São Paulo. Rodovalho decide produzir papel e, em 1887, inicia-se a construção da fábrica de papel, a cargo da empresa alemã Gebrüder Hemmer.

Em 1894, Otto Weiszflog chega a São Paulo, vindo de Hamburgo, Alemanha, e passa a trabalhar para o também hamburguês M. L. Bühnaeds, no ramo de papelaria, encadernação, livros em branco e importação de papel. Seu irmão, Alfried Weiszflog, chega em 1896. Em 1900 a Companhia Melhoramentos começa a fornecer papel para a “M. L. Bühnaeds & Cia” onde trabalham os irmãos Weiszflog, e Rodovalho deixa a Melhoramentos, após desentendimento com o restante da diretoria sobre uma operação com ações. Em 1905, Otto e Alfried tornam-se donos da Bühnaeds & Cia. e, no ano seguinte, a segunda máquina de papel entra em funcionamento na Melhoramentos.

Em 1908, é inaugurada uma linha férrea ligando a fábrica de Caieiras a São Paulo, e a falta de energia leva a Melhoramentos a começar, em 1912, a plantação de eucaliptos, para fornecer lenha para os fornos de cal e cerâmica, e são construídas uma barragem e uma usina de energia elétrica para movimentar a terceira máquina de papel, que entra em funcionamento em 1913. Nesse mesmo ano, aos 75 anos, morre o Coronel Rodovalho.

A parte editorial teve inicio em 1915, como firma independente, a “Weiszflog Irmãos". Quando o diretor Alfred Weiszflog assumiu o controle da fábrica em 1920, houve a fusão das 2 empresas, com a incorporação da Weiszflog pela Melhoramentos. Weiszflog e Irmãos havia iniciado sua atividade editorial com a publicação de O Patinho Feio, de Hans Christian Andersen, ilustrado por Francisco Richter. Devido às ligações de Andersen com Portugal, o português foi a primeira língua para a qual seus livros foram traduzidos, e essa foi a primeira tradução de Andersen feita no Brasil. O primeiro gerente da Weiszflog, Arnaldo de Oliveira Barreto, deu sequência a essa linha editorial, formando a “Coleção Biblioteca Infantil”.

Em 1928, a produção editorial cresce, chegando nesse mesmo ano a um catálogo de 248 títulos, com 670.000 livros impressos. Em 1929 uma nova máquina de papel é comprada. A produção da Melhoramentos atinge 7.400 toneladas de papel para indústria, impressão, cartões, cartolinas, papel de seda e outros, em 1937. Finalmente, em 1938, é publicado o livro “O Filho do Trovão”, de Barros Ferreira, o primeiro livro a ostentar a indicação “Edições Melhoramentos”.

A máquina de papel V, feita pela alemã Voith, começa a funcionar em 1940 e no ano seguinte o nome da empresa é mudado para “Companhia Melhoramentos de São Paulo, Indústrias de Papel”. A Fazenda Levantina, em Camanducaia (MG) passa a fazer parte da Melhoramentos em 1942, e no ano seguinte inicia-se ali a produção da primeira celulose brasileira. A Melhoramentos foi pioneira no uso de madeira brasileira na fabricação do papel. Em 1946, em Caieiras, obtém-se a produção de celulose a partir de eucalipto, um feito de repercussão mundial.

Em 1960 é inaugurada a “Livraria Melhoramentos” no Largo do Arouche, em São Paulo. Quatro anos depois a empresa adquire a Fazenda Santa Marina, em Bragança Paulista.

Em 1968, quando publicou Meu pé de laranja lima, de José Mauro de Vasconcellos, a Melhoramentos vendeu 1.200.000 exemplares em menos de 10 anos, e mais 3.000.000 em traduções para o exterior o que foi considerado, na época, um fenômeno.

Em 1969 é constituída a Melbar, sociedade entre a Melhoramentos e a empresa americana Dresser Magcobar. A tecnologia de produção de celulose é inovada em 1982, com o início da produção de polpa de celulose do tipo CTMP a partir de eucalipto, inaugurando mundialmente a fabricação de papel higiênico a partir dessa madeira.

Linha literária. A linha de literatura infantil e os livros didáticos são a linha mestra da Melhoramentos. A concentração na literatura infantil vem dos primeiros tempos, quando Weiszflog e Irmãos havia iniciado sua atividade editorial com a publicação de O Patinho Feio.

Outro nome importante do período inicial para a atividade editorial da Melhoramentos foi Manuel Bergström Lourenço Filho, como diretor de ensino no Ceará desde 1922, e cuja “Introdução ao estudo da escola nova” inspirou toda uma geração de reformadores educacionais em todo o Brasil. Manoel foi consultor editorial da melhoramentos durante muitos anos, e a partir de 1926, passou a fazer a revisão de todos os livros infantis da casa.






 

SESC FÁBRICA POMPÉIA



Sesc Pompéia. Muitos não sabem, mas a arquitetura dá a dica: por aqui, funcionava uma fábrica. Construída em 1938 pela firma alemã Mauser & Cia. Ltda, a construção foi inspirada em um projeto inglês característico do início do século 20.Em 1945, a Indústria Brasileira de Embalagens - Ibesa, fabricante de tambores, comprou-a. Depois, instalou por aqui a Gelomatic, uma indústria de geladeiras a querosene. Quando se debruçaram sobre o espaço na década de 70, os profissionais responsáveis pela readequação e requalificação da antiga fábrica, liderados por Lina Bo Bardi, partiram da premissa de recuperar e manter a antiga fábrica a partir de uma perspectiva contemporânea. Ao mesmo tempo em que fizeram pulsar novos conceitos como a democratização dos espaços, preservaram antigos elementos do que aqui funcionava, como os latões de lixo com referência aos antigos tambores.


O Sesc Pompeia é um centro de cultura e lazer localizado no bairro Vila Pompéia, no distrito de Perdizes, na zona oeste da cidade de São Paulo, que reúne teatros, quadras poliesportivas, piscinas, lanchonetes, restaurantes, espaços de exposições, choperia, oficinas, área de leitura e internet livre, entre outros serviços. Seu projeto arquitetônico foi desenvolvido pela arquiteta Lina Bo Bardi, em 1977. Sua inauguração, em 1982, contou com apresentações de bandas da cena punk de São Paulo na época, como Inocentes, Ratos de Porão, Cólera e Olho Seco.


Show da cantora Tetê Espíndola no Sesc Fábrica Pompéia nos anos 1980.



Ano:1977
Lina Bo Bardi, André Vainer e Marcelo Ferraz
Imagens: Nelson Kon, Acervo Instituto Bardi - Casa de Vidro e Acervo Marcelo Ferraz

Descrição: Entrando pela primeira vez na então abandonada Fábrica de Tambores da Pompéia, em ’76, o que me despertou curiosidade, em vista de uma eventual recuperação para transformar o local num centro de lazer, foram aqueles galpões distribuídos racionalmente conforme os projetos ingleses do começo da industrialização européia, nos meados do século XIX.

Todavia, o que me encantou foi a elegante e precursora estrutura de concreto. Lembrando cordialmente o pioneiro Hennebique, pensei logo no dever de conservar a obra.

Foi assim o primeiro encontro com aquela arquitetura que me causou tantas histórias, sendo consequência natural ter sido um trabalho apaixonante.

Na segunda vez que lá estive, um sábado, o ambiente era outro: não mais a elegante e solitária estrutura Hennebiqueana mas um público alegre de crianças, mães, pais, anciãos passava de um pavilhão a outro. Crianças corriam, jovens jogavam futebol debaixo da chuva que caía dos telhados rachados, rindo com os chutes da bola na água. As mães preparavam churrasquinhos e sanduíches na entrada da rua Clélia; um teatrinho de bonecos funcionava perto da mesma, cheio de crianças. Pensei: isto tudo deve continuar assim, com toda esta alegria.

Voltei muitas vezes, aos sábados e aos domingos, até fixar claramente aquelas alegres cenas populares.

É aqui que começa a história da realização do centro Sesc Fábrica da Pompéia. Existem ‘belas almas’ e almas menos belas. Em geral as primeiras realizam pouco, as outras realizam mais. É o caso do Masp. Existem sociedades abertas e sociedades fechadas; a América é uma sociedade aberta, com prados floridos e o vento que limpa e ajuda. Assim, numa cidade entulhada e ofendida pode, de repente, surgir uma lasca de luz, um sopro de vento. E aí está hoje, a Fábrica da Pompéia, com seus milhares de frequentadores, as filas na choperia, o ‘Solarium-Índio’ do Deck, o Bloco Esportivo, a alegria da fábrica destelhada que continua: pequena alegria numa triste cidade.

Ninguém transformou nada. Encontramos uma fábrica com uma estrutura belíssima, arquitetonicamente importante, original, ninguém mexeu… O desenho de arquitetura do Centro de Lazer Fábrica da Pompéia partiu do desejo de construir uma outra realidade. Nós colocamos apenas algumas coisinhas: um pouco de água, uma lareira.

A idéia inicial de recuperação do dito Conjunto foi a de ‘Arquitetura Pobre’, isto é, não no sentido da indigência mas no sentido artesanal que exprime Comunicação e Dignidade máxima através dos menores e humildes meios.

BARDI, Lina Bo. SESC – FÁBRICA DA POMPÉIA – Anotações pessoais apud Lina Bo Bardi / Marcelo Carvalho Ferraz, org. – 4.ed. – São Paulo: Instituto Bardi: Casa de Vidro: Romano Guerra Editora, 2018, p. 220.

 




Depois de cinicamente julgar esgotados o conteúdo e as possibilidades humanas do Movimento Moderno na arquitetura, aparece na Europa um novo lançamento: o Post-Modern, que pode ser definido como a Retromania, o complexo da impotência frente à impossibilidade de sair de um dos mais estarrecedores esforços humanos do Ocidente. A vanguarda nas artes vive comendo os restos daquele grande Capital. A nova palavra de ordem é: “chupar ao máximo os princípios da documentação histórica reduzidos a consumo”. A Retromania impera, na Europa e nos Estados Unidos, absolvendo criticamente os penetras da arquitetura, que, desde o começo da industrialização gratificam as classes mais abastadas com as reciclagens espirituais do Passado. Cornijas, portais, frontões, trifórios e bífores, arcos romanos, góticos e árabes, colunas e cúpulas grandes e pequenas nunca deixaram de acompanhar num coro baixinho, discreto e sinistro, a marcha corajosa do Movimento Moderno brutalmente interrompida pela Segunda Guerra Mundial.

É história velha. Estão voltando os arcos e as colunas do nazi-facismo, a história tomada como Monumento e não como Documento. (Michel Foucault: “L’Histoire est ce qui transforme des Documents en Monuments”. É justamente o contrário: a História é aquilo que transforma os Monumentos em Documentos. Claro que Monumento não se refere somente a uma obra de arquitetura, mas também as “ações coletivas” de grandes arranques sociais).

Conclusão: estamos ainda sob o céu cinzento do pós-guerra. ” Tout est permis, Dieu n’exist pas”. Mas o que existiu de verdade foi a Guerra, que ainda continua, como continuam as grandes resistências.

Tudo isso pode ser julgado uma premissa exagerada para a apresentação de uma simples cadeira de teatro-auditorium, mas esta nota antecipada sobre os equívocos europeus do Post-Modern (o Movimento Post-Modern, nascido nos Estados Unidos, adquiriu importância internacional na última Bienal de Veneza, reacionário e anti-atual confunde o verdadeiro sentido da história, com os duvidosos retornos ao historicismo) é a esperança que o Brasil não enverede mais uma vez no mesmo caminho de sociedades culturalmente falimentares.

Por quanto se refere à dita cadeirinha, toda de madeira e sem estofado, é de observar: os Autos da Idade Média eram apresentados nas praças, o público de pé e andando. Os teatros grego-romanos não tinham estofados, eram de pedra, ao ar livre e os espectadores tomavam chuva, como hoje nos degraus dos estádios de futebol, que também não têm estofados. Os estofados aparecem nos teatros áulicos das cortes, no setecento e continuam até hoje no “confort” da Sociedade de Consumo.

A cadeirinha de madeira do Teatro da Pompéia é apenas uma tentativa para devolver ao teatro seu atributo de “distanciar e envolver”, e não apenas de sentar-se.

BARDI, Lina Bo. SESC – FÁBRICA DA POMPÉIA – Anotações pessoais apud Lina Bo Bardi / Marcelo Carvalho Ferraz, org. – 4.ed. – São Paulo: Instituto Bardi: Casa de Vidro: Romano Guerra Editora, 2018, p. 226.

 


Uma galeria subterrânea de ‘águas pluviais’ (na realidade o famoso córrego das Águas Pretas) que ocupa o fundo da área da Fábrica da Pompéia, transformou a quase totalidade do terreno destinado à zona esportiva em área “non edificandi”. Restaram dois ‘pedaços’ de terreno livre, um à esquerda, outro à direita, perto da ‘torre-chaminé-caixa d’água – tudo meio complicado.

Mas, como disse o grande arquiteto norte-americano Frank Lloyd Wright: ‘As dificuldades são nossos melhores amigos’.

Reduzida a dois pedacinhos de terra, pensei na maravilhosa arquitetura dos ‘fortes’ militares brasileiros, perdidos perto do mar, ou escondidos em todo o país, nas cidades, nas florestas, no desterro dos desertos e sertões. Surgiram, assim, os dois ‘blocos’, o das quadras e piscinas e o dos vestiários. No meio, a área “non-edificandi”. E… como juntar os dois ‘blocos’? Só havia uma solução: a solução aérea, onde os dois ‘blocos’ se abraçam através de passarelas de concreto protendido.

Tenho pelo ar-condicionado o mesmo horror que tenho pelos carpetes. Assim, surgiram os ‘buracos’ pré-históricos das cavernas, sem vidros, sem nada. Os ‘buracos’ permitem uma ventilação cruzada permanente.

Chamei o todo de ‘Cidadela”, tradução da palavra inglesa “goal”, perfeita para o conjunto esportivo.

Na área “non-edificandi” pensei num grande deck de madeira. Ele corre de um lado ao outro do ‘terreno proibido’ em todo o seu comprimento; à direita, uma ‘cachoeira’, uma espécie de chuveiro coletivo ao ar livre.

Meu grande amigo Eduardo Subirats, filósofo e poeta, diz que o conjunto da Pompéia tem um poderoso teor expressionista.

É verdade e isto vem de minha formação européia. Mas eu nunca esqueço o surrealismo do povo brasileiro, suas invenções, seu prazer em ficar todos juntos, de dançar, cantar. Assim, dediquei meu trabalho da Pompéia aos jovens, às crianças, à terceira idade: todos juntos.

BARDI, Lina Bo. SESC – FÁBRICA DA POMPÉIA – Casa Vogue nº06, São Paulo, 1986 apud Lina Bo Bardi / Marcelo Carvalho Ferraz, org. – 4.ed. – São Paulo: Instituto Bardi: Casa de Vidro: Romano Guerra Editora, 2018, p. 231.



Tudo aquilo que os países ocidentais altamente desenvolvidos – incluímos nesses países também os Estados Unidos – procuraram e procuram, o Brasil já o detém, é a mínima parte de sua cultura.

Somente que: o detentor desta total liberdade do corpo, desta desinstitucionalização, é o POVO, esse é o modo de ser do Povo Brasileiro, ao passo que, nos países ocidentais altamente desenvolvidos, é a classe média (incluindo nesta classe um certo tipo de intelectual) que procura angustiosamente uma saída de um mundo hipócrita e castrado cujas liberdades eles mesmos destruíram há séculos.

A importação para o Brasil deste sentimento de procura estéril e angustiada é um delito que pode levar à castração total.

Nas grandes civilizações do Extremo Oriente como o Japão e a China, a postura cultural do corpo (corpo como “mente”) e o exercício físico coexistem. No Brasil coexistem também, só não existem na classe média, e o verdadeiro problema é uma ação para o auto conhecimento de baixo para cima e não de cima para baixo.

A respeito do Centro da Pompéia, o Centro Esportivo é o Centro Esportivo, Físico, dedicado especialmente aos jovens das padarias., açougues, quitandas, supermercados, lojas e lojinhas que os frequentavam antigamente como eu os vi em ’76 e ’77, e que hoje sentem-se desfraudados. Para Homens e Mulheres, o domínio físico tem limites de idade. Para as crianças também, que poderão ocupar o espaço desde o começo definido como “Palestra”, no “Estudo” Espaço NOBRE, no sentido latim da palavra., espaço também dedicado a festas, reuniões e dança. Os espaços de um projeto de arquitetura condicionam o homem, não sendo verdadeiro o contrário, e um grave erro nas determinações e uso desses espaços pode levar à falência toda uma estrutura.

O enorme sucesso desta primeira experiência na Fábrica da Pompéia denuncia claramente a validade do “Projeto Arquitetônico” inicial.

BARDI, Lina Bo. SESC – FÁBRICA DA POMPÉIA – Anotações pessoais apud Lina Bo Bardi / Marcelo Carvalho Ferraz, org. – 4.ed. – São Paulo: Instituto Bardi: Casa de Vidro: Romano Guerra Editora, 2018, p. 234.



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Avenida Pompéia, anos 1960. 



Este mapa mostra uma parte da zona oeste de São Paulo, região habitada inicialmente pelos povos indígenas. A expansão da cidade no século XIX trouxe a urbanização gradual da área, inicialmente marcada por fazendas e sítios que aproveitavam as margens do rio Tietê, que oferecia acesso a terras férteis e recursos naturais.
No século XX a região viveu um boom populacional e a migração de diferentes grupos étnicos para essa parte da cidade. Bairros como Lapa e Perdizes começaram a se desenvolver, e a chegada de imigrantes italianos, por exemplo, deixaram marcas na arquitetura e cultura local.
📸Título: Vila Pompea- Propriedade da companhia urbana Predial em Água Branca.
Código de Referência: BR_APESP_IGC_IGG_CAR_I_S_0284_001_001


Anúncio do jornal O Estado de São Paulo:  loteamento da Vila Pompéia  em 1916



A Avenida Pompéia, em 1922, na esquina com a Rua Ministro Ferreira Alves. Obras de abertura e pavimentação. São Paulo Velhos Tempos. 



ESTAÇÃO CIÊNCIA


Rua Guaicurus, endereço da Estação Ciência, prédio de uma antiga fábrica da região, posteriormente tombada pelo Conpresp. 


A Estação Ciência é um centro de difusão científica, tecnológica e cultural da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária da Universidade de São Paulo. Está localizada originalmente no bairro da Lapa, na zona oeste da cidade de São Paulo, numa antiga fábrica reformada, contígua ao terminal de ônibus da Lapa, ao Shopping Center Lapa e à estação ferroviária da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos. Atualmente, o edifício está fechado e não existe um novo espaço físico para o projeto.

História. Foi fundada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico em 1987 e integrada à universidade em 1990. Em 2006, passaram, por suas instalações, mais de 400 mil visitantes. É um ponto de interesse turístico da cidade de São Paulo. Lá, os visitantes têm a oportunidade de conhecer, através de exposições e experimentos, de forma lúdica e interessante, o que a física, biologia, astronomia, matemática, meteorologia, geografia, urbanismo, geologia, entre outras ciências, têm a ver com o nosso cotidiano. Além disso, o museu promove outras atividades relacionadas à difusão da ciência, como cursos para professores, congressos, conferências, feiras, mostras etc.

O centro, chamado de Estação Ciência, abrigava inúmeros tipos de inovações que garantiam o total entretenimento das escolas que o visitavam. O local era aberto ao público e de diferentes maneiras tinha a capacidade de transmitir conhecimentos científicos e culturais para os visitantes.

O local visava construir, de maneira criativa, um tipo de aprendizado não-formal, cujo método não era relativamente o mesmo ensino utilizado em salas de aula, e dessa maneira poder aproximar um pouco da ciência com o cotidiano das crianças.

A Estação recebeu os prêmios José Reis de Divulgação Ciêntífica e o Premio Latino-Americano de Popularización de la Ciencia y la Tecnologia - RedPOP/Unesco como reconhecimento pelo seu trabalho científico, entre outros.

O prédio da Estação Ciência foi tombado no dia 12 de maio de 2009 pelo Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo).

Atualidade. Em maio de 2016, o prédio foi devolvido ao governo de São Paulo,que é seu proprietário. O prédio se encontrava fechado para visitas desde o dia 15 março de 2013, quando foi decidido que ele seria fechado temporariamente para restauração, reforma e modernização das instalações; fatores como os custos da obra e a situação financeira da Universidade, entretanto, houve a decisão de devolver o prédio para o governo paulista e ele nunca foi reaberto. Tais medidas foram impostas como forma de corte de gastos, porém antes de seu desligamento e durante o período de restauração, as únicas reformas foram: a reforma das calçadas e limpeza das paredes.

O acervo expositivo da Estação Ciência foi transferido para outros espaços da USP, como o Parque CienTec, a Escola de Engenharia de Lorena (EEL), a Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) e o Centro de Difusão Científica e Cultural (CDCC). Na mesma época, o professor Eduardo Colli, do IME-USP (Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo) foi indicado como o novo diretor da Estação.



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XXII

VILA MARIA, VILA GUILHERME, CASA VERDE E LIMÃO



Vila Maria é um distrito localizado na Zona Norte. Boa parte da economia do bairro é proveniente das atividades relacionadas com logística e transporte de cargas, devido à grande quantidade de empresas do setor localizadas na região. Foi o primeiro e principal reduto eleitoral do político e ex-presidente da República do Brasil, Jânio da Silva Quadros. 

O bairro também é famoso pela escola de samba Unidos de Vila Maria e mais recentemente a escola de samba caçula do carnaval paulistano a Acadêmicos de São Jorge Vanguarda Paulistana - Vila Maria foi também um dos epicentros do movimento de renovação musical que marcou a década de 1980 em São Paulo, denominado Vanguarda Paulistana pela jornalista e acadêmica da USP Marilia Pacheco Fiorillo. Centrado no teatro Lira Paulistana, teve Arrigo Barnabé e Itamar Assunção, dentre seus artistas de destaque. Um dos pioneiros no movimento, na Vila Maria, foi Dari Luzio com seu LP Bastardo, membro dos Pracianos, artistas da Vila Maria que se reuniam na Praça Santo Eduardo. Os bairros do distrito de Vila Maria, são: Vila Maria; Jardim Japão; Vila Maria Alta; Vila Maria Baixa; Parque Vila Maria; Parque Novo Mundo; Jardim Andaraí; Conjunto Promorar Vila Maria.

História

No inicio do século passado a região norte de São Paulo, onde hoje está situado o bairro de Vila Maria era formada por charcos de terra preta e capinzais. Era separado do bairro do Belenzinho pelo Rio Tietê.
Os habitantes do Belenzinho e bairros adjacentes, a exemplo da grande maioria dos habitantes de São Paulo, utilizavam-se para locomoção e transporte de veículos com tração animal. O alimento básico desses animais era o capim. Pelo fato da região onde hoje se situa Vila Maria ser um manancial inesgotável de capim, alguns "comerciantes" atravessavam o Rio Tietê com seus carroções e os carregavam com feixes de capim que eram depois vendidos às pessoas que possuíam animais de tração. Era o combustível da época.

Uma das poucas construções que remontam a épocas anteriores à formação do bairro é a chácara de Dom Pedro que era situada onde hoje é a Rua Dr. Edson de Melo com Rua Araritaguaba, indo até a Rua Nova Prata. Hoje, defronte onde era a chácara, está o sobrado que serviu de escritório para o piloto de Fórmula 1, Ayrton Senna da Silva.


Esta fotografia sensacional, de meados da década de 1980, mostra um Ayrton Senna bem jovem diante de uma casa bastante charmosa. SP Antiga. Foto: Divulgação / Acervo de Armando Botelho


Certa vez, num dos seus discursos em Vila Maria, Jânio Quadros, que iniciou com o indefectível "Povo de Vila Maria", acrescentou: "de Vila Maria Baixa, de Vila Maria Alta e, por que não, de Vila Maria do Meio". Foram muitas risadas e aplausos.

Vila Maria foi servida durante anos por duas linhas de bonde que tinham ponto inicial na Praça da Sé. O número 34 que ia até a Praça Santo Eduardo e o número 67 que ia até a Praça Cosmorama.

Vila Maria já teve vários cinemas. O cine Vila Maria, na Av. Guilherme Cotching com Rua Andaraí, o Cine Centenário na parte mediana da mesma avenida, o Cine Candelária, na mesma avenida com Rua da Gávea e o Cine Singapura na av. Alberto Byingthon.

Na época da inauguração da Rodovia Presidente Dutra era motivo de distração dos moradores da parte alta da Vila Maria, que tinham vista até a rodovia, ficar contando os poucos carros que trafegavam por ela. Faziam apostas de qual sentido de direção passariam mais veículos.

Jânio em campanha na Vila Maria , seu maior reduto eleitoral em São Paulo. Memorial da Democracia. 



VILA GUILHERME



Vila Guilherme é um distrito situado na zona norte do município de São Paulo e é administrado pela subprefeitura de Vila Maria. Os bairros do distrito de Vila Guilherme são: Vila Guilherme; Vila Isolina Mazzei; Vila Salvador Romeu; Vila Isolina; Vila Paiva; Vila Santa Catarina; Jardim da Coroa; Vila Pizzotti; Vila Eleonore; Vila Bariri; Vila Leonor; Chácara Cuoco; Parque Velloso; Jardim da Divisa;

História. Inicialmente, as terras da hoje Vila Guilherme, denominada à época “Tapera”, pertenciam ao Capitão-mor Jerônimo Leitão, que as repassou como sesmaria (terreno inculto ou abandonado que os reis de Portugal distribuíam a colonos ou cultivadores) para o donatário Salvador Pires de Almeida e a seus descendentes.Já no século XIX, chegaram ao Barão de Ramalho e, por herança, à sua filha, Joaquina Ramalho Pinto de Castro, que as vendeu a Guilherme Braun da Silva. Esse, por último, as loteou em sítios e chácaras, que foram vendidas principalmente a imigrantes portugueses, impulsionando o seu desenvolvimento. 

Foi em 12 de setembro de 1912 que o comerciante fluminense Guilherme Braun da Silva, adquiriu junto a Dona Joaquina Ramalho Pinto de Castro, herdeira do Dr. Joaquim Inácio Ramalho, o “Barão de Ramalho”, uma área de cerca de 115 alqueires de terra, que ia do rio Tietê até a estrada da Bela Vista, por oitenta contos de réis, oficializando-se tal data como a fundação do bairro de Vila Guilherme.

Guilherme, ao lotear o bairro, também construiu diversas melhorias, tais como: a primeira capela (dedicada a São Sebastião, a quem era devoto), a delegacia de policia, o grupo escolar de Vila Guilherme, depois renomeado para Grupo Escola Afrânio Peixoto, a primeira ponte do bairro sobre o rio Tietê (feita de madeira, ligava a av. Guilherme e a av. Carlos de Campos), iniciou a construção de um clube hípico (morreu antes de concluir as obras. Após sua morte a área do clube foi vendida e deu origem á Sociedade Paulista de Trote), dentre outros feitos. 

Algumas ruas e praças são nomes de parentes ou pessoas que tiveram alguma importância na história do bairro, como Joaquina Ramalho (antiga proprietária), Maria Cândida (2ª esposa do Sr. Guilherme), Chico Pontes (um dos primeiros moradores do bairro), Oscar da Silva (filho do Sr. Guilherme, morto num comício acontecido no bairro), Amazonas da Silva (filho do Sr. Guilherme), Alfredo da Silva (filho do Sr. Guilherme), Ida da Silva (filha do Sr. Guilherme), Coronel Jordão (sogro do Sr. Guilherme), doze de setembro (data da fundação do bairro), entre outros.

Parque do Trote. No distrito, temos a Av. Luis Dumont Villares com 70% de sua extensão pertencente ao bairro de Vila Guilherme. Tem também um dos grandes shopping centers da cidade: o Center Norte, considerado, outrora, o maior shopping da América Latina, com grandes lojas populares, grifes, cinemas e áreas de diversão. O Center Norte é um complexo que conta com um grande pavilhão de exposições (o Expo Center Norte), responsável por sediar grandes eventos nacionais e internacionais (rivalizando com o tradicional Parque Anhembi). Além do Shopping Center Norte, também existe, no distrito, o Shopping Mart Center, que fechou e hoje não existe projeto para a área, e era voltado ao comércio de produtos direcionados a moda e, ultimamente, também para grandes eventos, como o Anime Friends e, recentemente, receberam o evento de música eletrônica DGTL.

Lazer e esportes. Sede da Igreja Bíblica da Paz, este prédio sediou anteriormente os estúdios da TV Excelsior e do SBTA Vila Guilherme também hospeda a antiga Sociedade Paulista de Trote,desapropriada e transformada no Parque do Trote, na divisa com o distrito da Vila Maria (dis. trito). O Parque do Trote, reinaugurado em julho de 2006, é o primeiro parque da cidade de São Paulo totalmente adaptado para pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida. Ele conta com: a Trilha dos Sentidos, com estímulos para pessoas com deficiência visual; pista de caminhada acessível (sem desníveis e com corrimão); piso intertravado; piso tátil e um centro de convenções para a realização de eventos. As próximas etapas para a conclusão do projeto preveem instalações para atividades de reabilitação e esportivas, com implantação de equoterapia e iniciação à equitação para os frequentadores do local, preservando a temática do parque. O parque fica localizado na Rua São Quirino, nº 905.

Durante muitos anos, na Rua Dona Santa Veloso, 575, ficaram instalados os estúdios da TV Excelsior e do SBT com a extinta TVS, onde era gravada boa parte dos programas do canal até o fim dos anos 1990, quando as gravações se transferiram para a região da Rodovia Anhanguera.

Lendas. Uma das mais célebres histórias da Vila Guilherme conta que fica ali uma casa que dom Pedro I utilizava para se encontrar com a Marquesa de Santos. Ainda que se tenha comprovado que não passa de lenda, a história ganhou fama entre os moradores da região. Era casarão no final da Av. Guilherme chamado de Casa das Rosas, um enorme palacete demolido durante os anos 1958 e 1960 na época invadido por pessoas sem moradia.


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CASA VERDE


Ponte da Casa Verde em reforma nos anos 1940


Casa Verde é um bairro do distrito de Casa Verde, na Zona Norte Tradicional bairro de sambistas, é famoso por ser o bairro das escolas de samba Império de Casa Verde, Morro da Casa Verde e Unidos do Peruche. Foi fundado em 21 de maio de 1913. É um bairro residencial de classe média. A Casa Verde possui fácil acesso ao Centro e à Zona Oeste da cidade através das pontes da Casa Verde e do Limão, além de fácil acesso ao Terminal Intermodal Palmeiras-Barra Funda e ao Terminal Rodoviário Tietê.

História. O velho sítio da Casa Verde, que já fora propriedade do aclamado "rei" Amador Bueno (em 1641 pelos espanhóis residentes em São Paulo) e que posteriormente passa ser propriedade do militar José Arouche de Toledo Rendon, descendente de Amador Bueno. Foi nessa época pelo que consta em documentos do arquivo histórico do municipio que a região acaba por ser conhecida popularmente como "sítio das moças da casa verde" e sítio da casa verde. Em 1842 João Maxwell Rudge torna-se proprietário da área da margem direita do Tietê; seus herdeiros em 1913 lotearam a área onde pretendiam criar o bairro como "Vila Tietê". O empreendimento é bem-sucedido. O nome, no entanto, não resiste a força popular das histórias do sítio das moças da Casa Verde. O desenvolvimento é lento só acelerado no ritmo que os benefícios chegam no bairro (a construção da ponte de madeira, chegada do bonde, a luz elétrica, a construção da igreja, o distrito de paz...). O bairro cresce, a cidade cresce. Hoje, uma megalópole.Em 1937 chega a luz elétrica do bairro. A ponte de madeira é substituída pela atual de concreto em 1954.Por causa do Aeroporto Campo de Marte em Santana, até os anos 1980 eram poucos os prédios existentes no bairro. Após uma revisão do comando da Aeronáutica, houve uma liberação de uma parte da faixa proibida e a Casa Verde começou a se verticalizar.


Carreata festiva na antiga ponte da Casa Verde nos anos 1930. 


Córrego do Mandaqui, tendo ao seu lado uma rua de terra, que viria ser a Avenida Engenheiro Caetano Alvarez no ano de 1960.O local fica em frente à sede da Sociedade Amigos do Vale do Mandaqui próximo do terminal de ônibus Casa Verde. Foto: Gentilmente cedida ao Acervo do Martiniano pelo Dr. Marcelino Atanes Neto. Fonte: Eu Respiro Casa Verde. 



O córrego Mandaqui nasce próximo da divisa com o distrito do Tucuruvi no Barro Branco. Ele possui cerca de 7,5 km de extensão e corre sob a Avenida Engenheiro Caetano Álvares, construída posteriormente após sua canalização. Ele deságua no Rio Tietê entre as pontes do Limão e Júlio de Mesquita Neto. Do trecho onde nasce até próximo da Rua Valdemar Martins (altura do número 3000 da Avenida Engenheiro), na Casa Verde, o córrego é todo subterrâneo. Desse trecho até o Rio Tietê ele segue a céu aberto.

O córrego funciona como divisa natural de distrito em parte do Mandaqui e Santana, e Casa Verde e Limão. Da nascente até a foz, muitos outros córregos, sob ruas, avenidas ou mesmo à céu aberto, desembocam no Mandaqui, compondo a Bacia Hidrográfica do Mandaqui, que possui 19,8 km² de área. Esses afluentes, segundo a Sabesp, somam 33 km.

Em 2015, a Sabesp concluiu a despoluição desta bacia, por meio do Programa de Despoluição de Córregos, com um investimento de R$ 18 milhões. Planurb Mobilidade.




Grupo Escolar Benedito Tolosa, 1940

Em 1975, o bairro serve de cenário à novela A Viagem, escrita por Ivani Ribeiro, produzida pela Rede Tupi e exibida de 1º de outubro de 1975 a 27 de março de 1976, às 20 horas, em 141 capítulos. As principais cenas foram gravadas na Praça Centenário. Em 2013, o bairro serve de cenário à telenovela Sangue Bom, da Rede Globo. 




A avenida Brás Leme[nota é uma via de ligação da zona norte de São Paulo e foi denominada através do Decreto 5.836/64 pelo prefeito Francisco Prestes Maia. Recebeu o nome de um bandeirante paulista, Brás Esteves Leme, que realizou expedições a Minas Gerais com o propósito de encontrar esmeraldas (século XVII). Ela foi construída em 1970, inicia-se como continuação da Ponte da Casa Verde e termina na Rua Voluntários da Pátria, em Santana. Parte da avenida está no distrito de Casa Verde e parte no de Santana, sendo que nas proximidades da via estão o bairros Jardim São Bento e Vila Baruel entre outros. Há também o aeroporto Campo de Marte, o Sambódromo e o futuro Parque Campo de Marte. A avenida é larga, possui canteiro central e é bastante arborizada. 


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LIMÃO




Bairro do Limão é um bairro do distrito do Limão situado na Zona Norte do município de São Paulo, no estado de São Paulo, no Brasil. Constituído a partir de antigas chácaras, teve seu primeiro loteamento ocorrido no ano de 1921, porém, sua urbanização se iniciou principalmente na década de 1930.
Em 1990, foi inaugurada no bairro a sede da Rede Manchete em São Paulo, na Rua Prof. Ida Kolb, próximo a ponte do Limão.O prédio foi projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer e hoje é a sede da Editora Escala.Em meados do século XIX a região que compreende o bairro do Limão e adjacências era ocupado por sítio e chácaras. Nessa época, contam os antigos que foi encontrado um pé de limão bravo bem na divisa com a Freguesia do Ó, daí o nome de Bairro do Limão. Foi somente em 1921 que o bairro começou a ser loteado. Entretanto foi apenas na década de 30, entretanto, é que se intensificou a instalação das primeiras famílias no bairro. 

Logo depois o bairro do Limão começou a se desenvolver e, em 1939 era criada a Paróquia de Santo Antônio do Limão. Foi em 1935 que chegou a primeira linha de ônibus, que saia da Barra Funda e ia até a Vila Santa Maria, passando pelo Limão. Já em 1964, a ampliação de uma linha já existente, passou a ligar o bairro ao Jardim Paulista. 

Pela lei 8.092, de 28 de fevereiro de 1964, o Limão passou a ser o 44º subdistrito do município de São Paulo, mas foi instalado somente em 17 de janeiro de 1965. Outro ítem que trouxe benefícios ao bairro foi a Sociedade Amigos do Bairro do Limão, fundada em 1953. 

A área deste subdistrito é de aproximadamente 5 quilômetros quadrados e abrange várias vilas como: Vila Munhoz, Vila Barbosa, Vila Carbone, Vila Carolina, Vila Cristo Rei, Vila Diva, Vila Espanhola, Jardim das Graças, Vila Itapeva, Bairro do Limão, Sítio do Morro, Jardim Pereira Leite, Vila Prado, Jardim Primavera, Vila Santa Cândida, Vila Santa Maria, Parque São Luís, Vila Siqueira. A mais antiga do subdistrito é a Vila Santa Maria, de 1930. As demais vilas surgiram nas décadas de 50 e 60. 

Bairros. A área deste subdistrito é de aproximadamente 5 quilômetros quadrados e abrange várias vilas como: Vila Munhoz, Vila Barbosa, Vila Carbone, Vila Carolina, Vila Cristo Rei, Vila Diva, Vila Espanhola, Jardim das Graças, Vila Itapeva, Bairro do Limão, Sítio do Morro, Jardim Pereira Leite, Vila Prado, Jardim Primavera, Vila Santa Cândida, Vila Santa Maria, Parque São Luís, Vila Siqueira, Vila Santista. A mais antiga do subdistrito é a Vila Santa Maria, fundada em 1930. As demais vilas surgiram nas décadas de 50 e 60.

Infraestrutura e Serviços. O Limão conta com uma boa infraestrutura de transportes, possuindo amplas avenidas, das quais se destacam a Avenida Professor Celestino Bourrol, a Avenida Engenheiro Caetano Álvares, a Avenida Nossa Senhora do Ó e a Avenida Deputado Emílio Carlos. Há também indústrias, um grande número de residências, escolas públicas e particulares e variados serviços, tendo acesso bastante facilitado pela Via Professor Simão Faiguenboim. É vizinho de importantes bairros, como a Lapa, a Barra Funda, a Água Branca, a Freguesia do Ó, Pompéia e Casa Verde. Há um projeto de construção de uma estação de metrô na região da Freguesia do Ó, vizinha do bairro, o que beneficiará em muito toda a região. Atualmente, há um grande número de condomínios de edifícios sendo construídos na região.
Turma da Mônica. Os personagens das histórias em quadrinhos da Turma da Mônica moram no fictício "Bairro do Limoeiro", numa provável alusão ao bairro, uma vez que Maurício de Souza era um frequentador do bairro, devido a proximidade com as antigas sedes da Editora Abril e a Maurício de Souza Produções, que ficavam localizadas respectivamente nos bairros vizinhos da Freguesia do Ó e na Água Branca.


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 XXIII

FREGUESIA DO Ó E PIRITUBA 


 Vista antiga do bairro Freguesia do Ó a partir do Seminário. Ruas João Alves, Javorahú ao centro subindo até o alto na avenida Itaberaba, cemitério, ruas Diogo Domingues e Bonifácio Cubas. Portal do Ó


Freguesia do Ó é um distrito localizado na zona noroeste do município de São Paulo, que servia de caminho entre a cidade e a região de Campinas e Jundiaí, no interior do estado brasileiro de São Paulo. É conhecido pela igreja matriz, que foi a primeira igreja a ser construída, por ser distrito (freguesia) mais antigo da capital paulistana. A denominação de "freguesia" foi dada ao distrito a partir de um decreto da rainha de Portugal, Dona Maria I, em 15 de setembro de 1796, quando a Vila de São Paulo contava com apenas uma freguesia - a da Sé. No regime do "Padroado", ao dividir a Freguesia da Sé em três partes, ficou assim constituída a Vila do São Paulo: Freguesia da Sé, Freguesia da Penha e Freguesia de Nossa Senhora do Ó. O termo "Freguesia" vem da mudança aportuguesada do latim; "Filii Eclaesia" - Filhos da Igreja - que é a forma de "pertença", hoje denominada "Paróquia". A honraria foi a única que se manteve no nome oficial dentre os distritos paulistanos, e que foi concedida como uma forma de divisão do Episcopado, facilitando assim a vida dos fiéis moradores de regiões longínquas, que não mais precisariam se deslocar por horas para receberem amparo religioso. Os demais distritos, como o Brás, Penha e Santo Amaro, aos poucos deixaram de usá-lo nos nomes, e a Freguesia de Nossa Senhora do Ó passou a ser chamada simplesmente de "Freguesia do Ó".


História. A região da Freguesia do Ó foi povoada em 1580, quando o bandeirante Manuel Preto tomou posse do lugar com sua família e índios escravos. Seu primeiro nome Citeo do Jaragoá e suas terras incluíam o Pico do Jaraguá (onde se acreditava haver ouro), além das terras correspondentes aos atuais bairros de Pirituba e Limão. Em 1610, Manuel Preto solicitou à sede da paróquia autorização para erguer uma capela em honra de Nossa Senhora do Ó, que deu nome ao lugar. Manuel e sua esposa, Águeda Rodrigues, após obterem despacho favorável em 29 de Setembro de 1615, ao requerimento de provisão que fizeram, pelo motivo de não poderem cumprir suas obrigações religiosas na Vila de São Paulo, juntamente com sua gente, iniciaram a construção da capela dedicada à virgem sob a denominação de Nossa Senhora da Esperança ou da Expectação. Um século e meio depois, em 1796, foi inaugurada a nova igreja dedicada à Virgem do Ó, construída onde hoje se situa o "Largo da Matriz Velha", e se tornou Paróquia pelo alvará de constituição de 15 de Setembro de 1796, concedido pela Rainha de Portugal. A cultura da cana-de-açúcar foi muito praticada na região, principalmente para a produção de aguardente. Inúmeros alambiques asseguravam a produção de fina cachaça, conhecida como caninha do Ó. Outras culturas de subsistência foram também praticadas, como café, mandioca, algodão, milho e legumes. Durante muitos anos, o distrito foi considerado como pertencente ao chamado "Cinturão Verde" da Capital Paulista. O plantio de cana-de-açúcar foi a principal atividade rural da região até a metade do século XX, antes da expansão da urbanização da cidade. 


Da Freguesia até a Água Branca. Na foto de 1918, a Vidraçaria Santa Marina e a Estação Água Branca. Uma das indústrias mais antigas do Brasil, fundada em 1896, a Vidraçaria Santa Marina foi uma das principais responsáveis pela urbanização dos bairros da Água Branca, Lapa, Pompéia e Freguesia do Ó, dentre outros. Em 1892 iniciaram a exploração de turfa com um forno primitivo em terrenos que cobriam aproximadamente 33 mil m2 da Água Branca à Freguesia do Ó, na várzea do Tietê. Foto colorizada. São Paulo de Antigamente. 

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Na década de 1950, o distrito foi conectado à cidade, com a construção da Ponte da Freguesia do Ó. Na década de 1970, a administração do prefeito Olavo Setúbal abriu as avenidas Inajar de Sousa e General Edgard Facó, e nelas, realizou a canalização dos rios Cabuçu e Verde (respectivamente). No ano de 1996, criou-se a Associação Amigos do Ó, cujas conquistas incluem ter transformado um terreno abandonado em uma praça que leva o nome dessa associação. Em 2015, iniciou-se a construção da Estação Freguesia do Ó, parte da futura Linha 6 do metrô, na Vila Arcádia. Demografia. Atualmente, o distrito sofre um aumento do ataque especulativo de empresas construtoras. Um dos motivos se deve justamente à presença de terrenos descampados e casas velhas simples, de baixo valor comercial, em comparação a outros locais da cidade. Isto se deve em grande parte a retificação pela qual o Rio Tietê passou, durante a administração do prefeito Prestes Maia, com as obras que abriram as avenidas Inajar de Sousa e General Edgard Facó nos anos 80, e posteriormente. Além do bairro da Freguesia do Ó, o distrito é formado por pelo menos 64 outros bairros, possuindo uma população de classe média e média-alta, além de alguns bolsões de pobreza. Em 2008, cerca de 4,5% dos domicílios encontravam-se em regiões de favelas. Fotos: SP in Foco. 


A região da Freguesia do Ó foi povoada em 1580, quando o bandeirante Manuel Preto tomou posse do lugar com sua família e índios escravos. Seu primeiro nome Citeo do Jaragoá e suas terras incluíam o Pico do Jaraguá (onde se acreditava haver ouro), além das terras correspondentes aos atuais bairros de Pirituba e Limão. Em 1610, Manuel Preto solicitou à sede da paróquia autorização para erguer uma capela em honra de Nossa Senhora do Ó, que deu nome ao lugar. Manuel e sua esposa, Águeda Rodrigues, após obterem despacho favorável em 29 de Setembro de 1615, ao requerimento de provisão que fizeram, pelo motivo de não poderem cumprir suas obrigações religiosas na Vila de São Paulo, juntamente com sua gente, iniciaram a construção da capela dedicada à virgem sob a denominação de Nossa Senhora da Esperança ou da Expectação. Um século e meio depois, em 1796, foi inaugurada a nova igreja dedicada à Virgem do Ó, construída onde hoje se situa o "Largo da Matriz Velha", e se tornou Paróquia pelo alvará de constituição de 15 de Setembro de 1796, concedido pela Rainha de Portugal. A cultura da cana-de-açúcar foi muito praticada na região, principalmente para a produção de aguardente. O plantio de cana-de-açúcar foi a principal atividade rural da região até a metade do século XX, antes da expansão da urbanização da cidade. Na década de 50, o distrito foi conectado à cidade, com a construção da Ponte da Freguesia do Ó. Na década de 1970, a administração do prefeito Olavo Setúbal abriu as avenidas Inajar de Sousa e General Edgard Facó, e nelas, realizou a canalização dos rios Cabuçu e Verde (respectivamente).

Largo da Matriz da Freguesia do Ó nos anos 1960. 

Avenida Itaberaba, esquina à esquerda com a rua Javorau e Cemitério da Freguesia do Ó, sentido da igreja Matriz. Década de 1930.


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PIRITUBA 



Estação de Pirituba construída pela companhia inglesa São Paulo Railway


Pirituba é um distrito situado na Zona Noroeste do município de São Paulo, no Brasil. Seu perfil socioeconômico é diversificado, abrigando famílias de todas as classes sociais. No entanto, de acordo com informações obtidas pela Revista Exame e pela Globo (através da CBN), Pirituba é um bairro formado majoritariamente por famílias de classe média, e é intermediário entre o centro e a periferia. Sua localização se dá nas proximidades de vias como a Marginal Tietê, Rodovia dos Bandeirantes e Rodovia Anhanguera. Faz divisa com os distritos da Lapa, São Domingos, Freguesia do Ó, Brasilândia e Jaraguá. A Companhia City, empresa responsável pelo desenvolvimento de bairros nobres como o Pacaembu e o Jardim América, urbanizou uma parte de Pirituba com base nos padrões definidos pela companhia, atraindo, assim, famílias de classes média alta e alta, principalmente em locais como o City América e o City Pinheirinho. O loteamento da Fazenda Barreto e a presença de ingleses que trabalhavam na São Paulo Railroad durante a construção da Estação Pirituba, por sua vez, deram origem a lugares como a Vila Pereira Barreto e a Chácara Inglesa, conhecidos por serem bairros estruturados cujas características são calçadas arborizadas, infraestrutura de comércios, presença de instituições de ensino privadas e públicas, distribuição de praças e áreas verdes e residências de padrões médio e alto.Em contrapartida, algumas áreas foram urbanizadas sem planejamento, com base na ocupação irregular, culminando no surgimento de comunidades carentes, como as encontradas em locais como a Vila Zatt, a Vila Mirante e o Canta Galo, onde há presença de favelas.


A região que abrange os distritos de Pirituba, Jaraguá e São Domingos, tem uma população de aproximadamente 437,5 mil habitantes, em uma área de 54,7 km². Está localizado na zona norte da cidade. Sua origem no século XIX deve-se à existência de grandes fazendas de café, sendo as principais: a fazenda Barreto, de propriedade do médico resendense Luiz Pereira Barreto, a Fazenda do brigadeiro Tobias e a Fazenda Jaraguá. Com grande influência política dos fazendeiros e a grande importância do café, construíram a estação para receber os carregamentos que se destinavam ao porto de Santos. O nome de Pirituba é o resultado da palavra "piri", que significa vegetação de brejo e com o aumentativo "tuba", que na língua tupi significa "muito". Pirituba tem como referência histórica a inauguração da Estação de Trem em 1 de fevereiro de 1885. A Fazenda Barreto, com a morte do seu proprietário em 1922, foi partilhada entre seus herdeiros. Nesse mesmo ano foi loteada a primeira partilha da Fazenda e em 1926 foi loteada a segunda partilha. Essas duas vilas, somadas ao núcleo inicial que se desenvolveu ao lado da estação, vieram a se constituir no núcleo principal de desenvolvimento do bairro. Posteriormente, outras partes da Fazenda Barreto foram loteadas dando lugar a formação de novas vilas, como a Vila Bonilha, Vila Zatt, Vila Maria Trindade, Vila Mirante e Jardim São José. O Parque São Domingos tem sua origem nas fazendas do Coronel Anastácio de Freitas Trancoso, que cultivava cereais, café e chá. Com a morte do coronel em 1839, seus descendentes venderam, em 1856, a fazenda ao Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar e à sua mulher Domitila de Castro, a marquesa de Santos. Em 1917 a Companhia Armour do Brasil compra as fazendas Anastácio e Capuava. A partir de 1950, parte das terras são loteadas pela Novo Mundo Investimentos Ltda, que as adquiriu da Cia Armour, dando origem ao Parque São Domingos. O nome do bairro é em homenagem ao santo católico, São Domingos Sávio. Quando a estação de trem de Pirituba foi instalada em um pedaço de zona rural, em 1885, a história do povoado começou a tomar corpo. Durante muito tempo, a paisagem consistia basicamente de cafezais, pastos e matas. Com o progresso do café, viriam as indústrias e os novos moradores, entre eles muitos imigrantes italianos, japoneses, espanhóis, ingleses, russos, holandeses e húngaros.

SANATÓRIO PINEL


  Avenida Raimundo Pereira Magalhães nos anos 1930., 5214, sede do Sanatório Pinel

O Hospital Psiquiátrico Philippe Pinel, ou Sanatório Pinel, foi fundado em 1922 e inaugurado em 1929, em um contexto de aumento da demanda por leitos nos nosocômios, tendo como principal idealizador e fundador o Dr. Antonio Carlos Pacheco e Silva (que já havia sido diretor do Hospital do Juquery). O médico baseou-se na observação de instituições para o tratamento de alienados em outros países, principalmente o Institute of Living de Hartford (Connecticut, EUA).  De forma geral, o sanatório é um exemplar da alteração do enfoque da doença para o paciente durante a consolidação psiquiátrica de cunho eugenista, ocorrida no Brasil a partir da década de 1920. Fundado pela iniciativa privada, era voltado a pacientes de um extrato abastado da sociedade, funcionando por meio de cobrança de mensalidades. Foi pioneiro na adoção de práticas psiquiátricas desenvolvidas nas primeiras décadas do século XX, tais como a laborterapia, ludoterapia ao ar livre e o conceito “open-door”, no qual a maioria dos pacientes podia circular livremente pela área do hospital.

Prédio central Sanatório Pinel de Pirituba, São Paulo.  Fundo Pacheco e Silva do Museu Histórico "Carlos da Silva Lacaz" da FMUSP).


Mina de ouro no Pico do Jaraguá. Nem mesmo um sinalzinho desse povoado existia no século XVI, provavelmente, quando no Pico do Jaraguá os exploradores descobriram a primeira mina de ouro do Brasil (antes mesmo de Minas Gerais). No início do século XIX, porém, a área em que se desenvolveu o distrito e o bairro de Pirituba já era ocupada pela Fazenda Anastácio, onde havia plantações de café e de chá. Moravam na região cerca de 250 pessoas. Mais adiante, essa mesma fazenda seria comprada pelo brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar e sua mulher, Domitila de Castro – a Marquesa de Santos. Eles provavelmente mudaram o nome para Fazenda Tobias. A influência dos fazendeiros fez com que, em 1885, fosse inaugurada a estação de Pirituba da São Paulo Railway, pela qual eram transportados imigrantes e carregamentos de café. Ela existe até hoje (Linha 7–Rubi do Trem Metropolitano) e marcou a origem da vila, que parou de crescer em sua decadência. No começo do século XX, as terras da Fazenda Anastácio foram divididas. A Cia. Armour do Brasil ficou com o pedaço da plantação de chá e café. Depois ela as venderia para a investidora Novo Mundo, que daria origem aos bairros de São Domingos até hoje confundidos com os de Pirituba. O desenvolvimento de Pirituba propriamente dito surgiria pelas mãos da Cia. City de Desenvolvimento, que ficou com a área destinada à criação de gado e a loteou, atraindo moradores e fábricas para a região. 

A partir de 1898, instalaram-se no bairro inúmeras fábricas, que foram vitais para o desenvolvimento socioeconômico do bairro. Entre elas, podem ser citadas a Fábrica de Colla Paulista, a Cia. Armour do Brasil, a Fiat-Lux, o Lanifício Pirituba, a fábrica de pianos da Fritz Dobbert (antiga Pianofatura Paulista), a Cia. Anglo Brasileira de Indústria de Borracha, a Gessy-Lever e a Refinações de Milho Brasil (da marca Maizena). Boa parte dos moradores têm suas histórias de vida até hoje diretamente ligadas à industrialização do bairro.

XXIV

BRASILÂNDIA E PERUS



Brasilândia, também chamado de Vila Brasilândia é um bairro pertencente ao distrito de Brasilândia na zona norte do município de São Paulo. Está rodeado pelos bairros da Vila Penteado, Jardim Guarani, Sítio Morro Grande e Jardim Maracanã. Com o intenso processo de urbanização na cidade a partir dos anos 40, a região Brasilândia também sofre grandes modificações. Os sítios foram desmembrados em pequenas vilas e grande parte foi adquirida por diversas companhias loteadoras, entre elas a Cia. Líder, que era ligada ao Banco F. Munhoz.

As principais vias que cruzam o distrito de Pirituba são:

Rodovia Anhanguera (SP-330): Uma das mais importantes rodovias do Brasil e uma das mais movimentadas, a Rodovia Anhanguera passa pelos distritos de Pirituba, São Domingos, Vila Jaguara, Jaraguá, Perus e Anhanguera. Ela serve como importante via de ligação ao Centro, Lapa, Marginal Tietê e cidades da região metropolitana, como Osasco, Caieiras, Cajamar, e outras.
Rodovia dos Bandeirantes (SP-348): Outra importante rodovia do estado, a Rodovia dos Bandeirantes cruza, paralelamente à Rodovia Anhanguera, os distritos de Pirituba, Jaraguá, Perus e Anhanguera.
Avenida Raimundo Pereira de Magalhães (SP-332): Esta avenida compõe o primeiro trecho da Estrada Velha de Campinas. Ela inicia-se no distrito da Lapa, e avança até a divisa de São Paulo com o município de Caieiras, passando por locais importantes como a Marginal Tietê, Piqueri, Jaraguá, Perus, e Anhanguera. Nela, encontram-se o Terminal Pirituba, a Estação Pirituba e o Hospital Psiquiátrico Pinel. É uma das maiores avenidas de São Paulo, com mais de vinte quilômetros de extensão.
Avenida General Edgar Facó: inicia-se no bairro do Piqueri (pertencente ao distrito de Pirituba) e é limite com o distrito de Freguesia do Ó. Tem cerca de 2,6 km e faz parte do corredor Pirituba-Lapa-Centro. Importante via de ligação ao centro, ponte do Piqueri e à Marginal Tietê. O bairro é rico em praças, parques e tem um comércio com grande diversidade, prova disso são os portais eletrônicos de empresas da região.
Avenida Paula Ferreira: inicia-se no distrito da Freguesia do Ó e termina no distrito de Pirituba, quando liga-se à Avenida Raimundo Pereira de Magalhães. Tem cerca de 3,6 km a partir do distrito de Freguesia do Ó e é via de importante acesso para os bairros do Piqueri, Vila Bonilha e Vila Pereira Barreto. Localizam-se, nela, a Estação Pirituba, o Shopping Pirituba e o Largo da Matriz de Nossa Senhora do Ó.
Avenida Mutinga: inicia-se em Pirituba e termina no município de Osasco. Tem cerca de 5,5 km e passa pelos distritos de Pirituba, São Domingos e Vila Jaguara, terminando no subdistrito de Remédios.
Avenida Elísio Cordeiro de Siqueira: antiga Avenida Um, liga os distritos de Pirituba, São Domigos e Vila Jaguara.
Avenida Doutor Felipe Pinel: liga Pirituba aos distrito de Jaraguá.
Avenida Elísio Teixeira Leite: tem cerca de 7,2 km e abrange os distritos de Freguesia do Ó, Pirituba, Jaraguá e Brasilândia. Outras vias importantes são: Avenida Alexios Jafet, Estrada São Paulo-Jundiaí, Avenida Chica Luisa, Estrada de Taipas, Avenida Miguel de Castro, Avenida Cabo Adão Pereira, Avenida Benedito de Andrade, Avenida Fuad Lutfalla, Rua Manoel Barbosa e Rua Guerino Giovani Leardini.


 Ponte do Piqueri nos anos 1950


A Ponte do Piqueri - Joelmir Beting é uma ponte que cruza o rio Tietê, na cidade de São Paulo, no Brasil. Constitui parte do sistema viário da Marginal Tietê. Ela interliga a avenida General Edgar Facó, na Freguesia do Ó/Pirituba, à avenida Ermano Marchetti, na Lapa.Por força da Lei Ordinária 16.556/16, acresceu-se à denominação da ponte o nome de Joelmir Beting, jornalista brasileiro falecido em 2012. O nome é uma referência ao bairro do Piqueri, em Pirituba, que se conecta à ponte. Esse nome é originado de uma tribo indígena que habitava o trecho situado na confluência do Ribeirão Tatuapé e o Rio Grande, atualmente o Rio Tietê. 

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O PICO DO JARAGUÁ 



Pico do Jaraguá
 na década de 40, foto tirada por Gerhard Henske. #SPFotos. É um dos pontos mais altos do município de São Paulo, no Brasil, elevando-se a uma altitude de 1 135 metros. Situa-se no bairro do Jaraguá, a oeste da serra da Cantareira. Nos seus arredores, foi criado o Parque Estadual do Jaraguá, para conservação da área. Pode-se ascender ao seu cume por uma via asfaltada (Estrada Turística do Jaraguá) ou por meio da Trilha do Pai Zé (1800 metros de extensão).Ao  se atingir o topo, tem-se uma visão principalmente da parte oeste da Grande São Paulo. Também pode ser avistado o Rodoanel Mário Covas, na parte posterior. Junto à antena de televisão, existe uma grande escadaria que permite subir ainda mais, ladeada por um bondinho que se destina ao transporte de pessoas e materiais para manutenção das antenas ali instaladas. Em 1946, a Prefeitura de São Paulo transformou o pico do Jaraguá em ponto turístico da cidade. 

Em 1961, foi criado o Parque Estadual do Jaraguá, onde os visitantes podem conhecer as pias de lavagem manual do ouro ao lado das ruínas do grande casarão do próprio Afonso Sardinha. Esse parque foi tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico) em 1983. Em 1994, o Parque Estadual do Jaraguá foi tombado como Patrimônio da Humanidade pela Unesco, passando a integrar a Zona Núcleo do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, Reserva da Biosfera. Existe, na entrada do Parque do Pico do Jaraguá, uma aldeia indígena, porém em total estado de penúria.[Textos e imagens da Wikipedia]

Grupo de amigos em domingo de pic-pic nos anos 1950. 



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PERUS



Perus é um distrito situado na zona noroeste do município de São Paulo. A data de aniversário do distrito é comemorada em 21 de setembro. Faz parte do antigo caminho para a região de Campinas e Jundiaí e é servido pela Linha 7–Rubi (antiga São Paulo Railway), pela Rodovia dos Bandeirantes, pela Rodovia Anhanguera, pela Estrada Velha de Campinas, e pelo Rodoanel Mário Covas. Faz divisa com os distritos de Jaraguá ao sul, Anhanguera a oeste e com o município de Caieiras ao norte e leste. A história mais conhecida sobre o nome de Perus é a de uma mulher chamada Maria que servia refeição de qualidade para os tropeiros que passavam na região, tornando-se famosa entre eles. Por criar perus ela passou a ser chamada Maria dos Perus. Servia de referência na região "Vou lá aonde há a Dona Maria dos perus"..."vou aonde há perus"..."vou à fazenda dos perus".."vou lá em perus". Outra história, essa por sua vez, focada no nome "perus", segundo a língua tupi-guarani, o nome "Perus" foi uma justaposição e modificação do real nome "PI-RU", que traduzido, significa pôr-se apertado, à força Tornou-se, de fato um distrito do município de São Paulo em 1934, desmembrado do então subdistrito de Nossa Senhora do Ó, o qual, desde 1867, o distrito ficou dependente da jurisdição do distrito Nossa Senhora do Ó. Em 1948, parte de seu território serviu para a formação do novo distrito do Jaraguá. Atualmente fazem parte do distrito de Perus mais de 45 bairros, chamados também de "Vilas".


Fábrica de Cimento Perus. Humberto do Lago Müller. Wikipédia.  


Perus também abrigou em seu território, a primeira fábrica de cimento do país, a Companhia Brasileira de Cimento Portland Perus, que produzia o mais denso e original cimento, com sua cor bem escura. Porém, depois de muitos protestos, a fábrica de cimento fora desativada, por pressão popular. A área teve o seu perímetro tombado em 1992. Desde então, coletivos e moradores reivindicam a transformação do local em um centro de cultura e lazer devotado à memória das lutas operárias da região.
A expansão demográfica da região aconteceu graças à Estrada de Ferro Santos - Jundiaí, da antiga São Paulo Railway, de importância excepcional para o crescimento do estado de São Paulo. Após a via, foi inaugurada a estação, no ano de 1867. No bairro ainda pouco povoado, a maior utilidade da estação era o abastecimento de trens. Em 1877, o primeiro grande empreendimento da região é a fábrica de papéis Melhoramentos, na cidade vizinha ao bairro - Caieiras - que atraiu moradores para Perus. Em 1924, o bairro entra para a história da indústria do Brasil por sediar a primeira fábrica de cimento do país: a Brazilian Portland Cement. Durante a Segunda Guerra Mundial, a fábrica parou de importar, o que significou maior investimento no mercado nacional. A década de 30 foi um período de grande expansão imobiliária na cidade, com incentivo fiscal do governo Vargas, que representou para Perus um período de muita prosperidade. Na década de 40, a fábrica foi adquirida pelo grupo nacional JJ Abdalla. De 1962 a 1969, os operários da Companhia de Cimento Portland Perus paralisaram os fornos da fábrica utilizando a filosofia da não-violência-ativa. O movimento ficou denominado como "Greve dos Sete Anos", e teve o intuito de reivindicar melhores condições de trabalho e o pagamento dos salários atrasados. O exponencial crescimento da população na década de 70 culminou em reivindicações populares pela construção de um cemitério na região, uma vez que, à época, São Paulo enfrentava um surto de meningite e os trabalhadores das fábricas da região eram expostos a condições de trabalho insalubres. Os sepultamentos dos moradores costumavam ocorrer, até então, na cidade de Caieiras. Atendendo ao clamor da população, o Cemitério Dom Bosco foi inaugurado no dia 02 de Março de 1971 pelo então prefeito Paulo Maluf. O Cemitério de Perus ganhou notoriedade nacional na década de 1990, quando o jornalista Caco Barcellos revelou em seu livro-reportagem "Rota 66 - A História da Polícia Que Mata" a suspeita de que o local fora utilizado para ocultar cadáveres desaparecidos durante o período da Ditadura Militar. Constatou-se que 1049 ossadas estavam enterradas em uma vala comum, apartada da área de sepultamentos. As investigações que visam identificar as ossadas perduram até os dias atuais, e testes genéticos já identificaram os restos mortais de militantes como Sônia Maria Angel Jones, Luiz Eurico Tejera Lisbôa e os irmãos Dimas Antônio Casemiro e Dênis Casemiro.
A Estrada de Ferro Perus-Pirapora foi primeira ferrovia integralmente tombada como patrimônio histórico e cultural no Brasil. Foi a última ferrovia de bitola reduzida do pais, de apenas 60 cm. Preserva todo o seu parque de material rodante, com 20 locomotivas a vapor e mais de 130 carros e vagões, assim como a sua linha-tronco, em meio a uma paisagem natural surpreendente, que hoje abriga um eco-museu. Os bairros vizinhos de Perus têm grandes pontos turísticos para a população, como o Parque Anhanguera e o Pico do Jaraguá. 

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XXV

BROOKLIN PAULISTA E  CAMPO BELO 


Foto: Primeira construção do bairro Brooklin Paulista. Na porta, o proprietário João Klein e família.
Acervo DIM/DPH/SMC/PMSP – Texto: João Bosco Petroni



1922 - NASCIMENTO DO BAIRRO BROOKLIN PAULISTA


O Brooklin Paulista passou a ser conhecido como bairro, em 1922, com a junção natural e quase simultânea de três grandes loteamentos, que acabaram por consolidar o seu território:

Um deles, projetado por Júlio Klaunig e Álvaro Rodrigues, abrangia a área de 174 alqueires, da antiga Fazenda Casa Grande, localizada entre a Avenida Santo Amaro e Marginal do Pinheiros, limitando-se de um lado com Avenida Morumbi e de outro, com as Águas Espraiadas.

Um outro, lançado por Afonso de Oliveira Santos, situava-se entre a Avenida Morumbi e a Avenida Roque Petroni Júnior. Chamava-se Jardim das Acácias.

O terceiro, lançado pela Sociedade Anônima Fábrica Votorantim, confrontava com as Avenidas Santo Amaro, Washington Luís, Vicente Ráo e Águas Espraiadas.

Em 1880, o engenheiro Alberto Kuhlmann, havia criado a "Companhia Carris de Ferro São Paulo-Santo Amaro", para ligar o centro de São Paulo a Santo Amaro, com vagões puxados por burros.
O projeto, no entanto, não saiu do papel. Seis anos depois, a linha foi inaugurada com carros movidos a vapor. Deficitária desde o início, a empresa de Kuhlmann faliu em 1900, quando a Light arrematou todo o seu acervo.

Por fim, em 1913, a empresa canadense introduziu na linha, os bondes elétricos. O bairro foi descoberto, atraindo a curiosidade de centenas de forasteiros e o interesse econômico de grandes investidores imobiliários.

A linha foi extinta em 27 de março de 1968, quando já se achava sob o controle da CMTC desde 1947. O bairro, até fevereiro de 1935, pertencia ao município de Santo Amaro mas, o interventor em São Paulo, Armando de Salles Oliveira, decretou fim de Santo Amaro como município e, ambos passaram a integrar o município de São Paulo.

Santamarenses históricos e inconformados foram às ruas lutar pela emancipação de Santo Amaro. Nada conseguiram, apesar de inúmeros abaixo-assinados e plebiscitos, sendo o último deles, realizado em maio de 1985.


Casa no Brooklin em 1922  com placa de ofertas de terrenos


Quem deu o nome de Brooklin Paulista, foi a Light, em alusão ao lendário distrito do Brooklyn, de 
Nova York. Quem lhe deu o nome atual foi a Light, em alusão ao distrito do Brooklyn, de Nova York que vem do nome original Breukelen dado pelos holandeses e significava "ponte pequena" Diversas de suas vias possuem nomes de locais dos Estados Unidos da América, tais como: Michigan, Florida, Texas, Miami, Kansas, Nebrasca, Nova York e Hollywood.

Até o mês de fevereiro de 1935, o bairro pertencia ao município de Santo Amaro, extinto no mesmo ano. Após a segunda metade do século XX o bairro perde suas características industriais, um exemplo desta transição foi a mudança da fábrica da Bombril para outra localidade da cidade Na década de 1960 houve uma ampliação da Estação Campo Belo de energia, havendo a criação da Estação Berrini, atendendo todo o bairro.

Devido ao crescimento e desenvolvimento e empresarial da cidade de São Paulo houve a necessidade de criação de novas centralidades para a ocupação de novas empresas comerciais e prestadoras de serviços. A Avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini foi um destes polos recentes. Criada no final da década de 1970, a via foi um meio em diversas empresas nacionais e multinacionais encontraram para fugir do elevado custo dos terrenos na avenidas Paulista e Faria Lima. Os arquitetos Carlos Bratke, Roberto Bratke e Francisco Collet fundaram ali a Construtora Bratke & Collet, que em dez anos construiu vinte edifícios na região.

Nos anos 1980 em diante o Brooklin atrai investimentos públicos, como a Operação Urbana Água Espraiada, que consistia na construção da Avenida Água Espraiada, a canalização do córrego de mesmo nome e a remoção das favelas às margens do córrego. O último destes foi o Complexo viário Real Parque, inaugurado em maio de 2008, que por meio da Ponte Octávio Frias de Oliveira, um marco arquitetônico da cidade, consagrou o bairro como um dos principais centros econômicos paulistanos. Devido a construção da obra houve a demolição da favela do Jardim Edith.


Bonde da Light na parada Volta Redonda, em frente à antiga Padaria Estoril, na Vereador José Diniz esquina com rua Joaquim Nabuco. Note-se que o trânsito na Joaquim Nabuco dava mão para baixo, e seguia assim pela avenida Morumbi. Foto: Mário Bock. 

Avenida Morumbi ainda sem o Peg Pag (Pão de Açúcar) na esquina à direita, mas já com a atual igreja do Sagrado Coração de Jesus, e o Colégio Meninópolis ainda em obras. Principado do Brooklin. 



TOM JOBIM E O BROOKLIN 


UMA CIDADE COSMOPOLITA

  Mastro da bandeira paulista no alto do Edifício Altino Arantes (Banespa) ÍNDICE Para avançar para outras páginas, no final clique no link ...